CLASSIFICAÇÃO E ANÁLISE DE FALHAS OCORRIDAS NO PROCESSO DE PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS NO AMBIENTE HOSPITALAR Ana Flávia Redolfi Oliota (PIC/Fundação Araucária/Ações AfirmativasUNIOESTE), Monique Karine da Silva Picolotto1, Laís Fernanda Magnani Pastrelo1, Daniela Ferreira Miyata de Oliveira2, Fabíola Giordani Cano2, Luciane de Fátima Cladeira (Orientador), e-mail: [email protected] 1Discente do Curso de Farmácia 2Docente do Curso de Farmácia Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Médicas e Farmacêuticas/Cascavel, PR. Ciências da Saúde / Farmácia Palavras-chave: Erros de monitoramento de medicamentos medicação, pacientes hospitalizados, Resumo: Define-se como erro de prescrição a escolha incorreta da droga, erro de cálculo na dose, via de administração, concentração, velocidade de infusão ou prescrições ilegível. O objetivo deste trabalho foi classificar os erros de prescrição no ambiente hospitalar. O estudo, transversal e retrospectivo, foi realizado no Hospital Universitário do Oeste do Paraná, no período de outubro a julho de 2010. Foram utilizadas as cópias carbonadas das prescrições para a coleta de dados, utilizando-se um formulário padronizado e os dados foram analisados com o auxílio do programa Epi Info 6.04. Foram avaliadas 675 prescrições, sendo 73,6% escritas à mão. Em relação aos erros de redação, observou na identificação do paciente que 82,2% das prescrições continham o nome completo do paciente, 16,9% estavam incompletos e 0,9% ilegíveis. Na identificação do prescritor observou-se a assinatura em 97,8% e CRM em 86,8% do médico nas prescrições analisadas. Pudemos observar no estudo que a forma farmacêutica dos medicamentos foi prescrita em 89% das prescrições bem como a via de administração dos medicamentos foram de 99%. Porém a velocidade de infusão não foi prescrita em 69,6% das prescrições analisadas. Outro dado analisado foi quanto ao uso de abreviaturas, na qual observou-se que 99,7% das prescrições continham abreviaturas. Uma boa prescrição deve conter informações suficientes para permitir que o farmacêutico ou o enfermeiro detectem possíveis erros antes de o fármaco ser fornecido ou administrado ao paciente. Introdução O estudo dos erros na área de saúde tem crescido nos últimos anos, porém ainda há uma grande diversidade nos conceitos, o que, muitas vezes, impossibilita uma homogeneização das informações coletadas. Dentre os termos utilizados encontramos os erros de prescrição, incluindo a: escolha incorreta da droga, erro de cálculo na dose, via de administração, concentração, velocidade de infusão ou prescrições ilegíveis (Carvalho e Vieira, 2002). A prescrição medicamentosa é uma ordem escrita por profissionais habilitados dirigida ao farmacêutico, definindo como o fármaco deve ser dispensado ao paciente, e a este determinando as condições em que o medicamento deve ser utilizado (AGUIAR e COLS, 2006). As prescrições hospitalares devem ser legíveis, não apresentar nenhum equivoco, datadas e assinadas com clareza para comunicação entre o prescritor, o farmacêutico e o enfermeiro. Além disso, uma boa prescrição deve conter informações suficientes para permitir que o farmacêutico ou o enfermeiro detectem possíveis erros antes de o fármaco ser fornecido ou administrado ao paciente (LUIZA e GONÇALVES, 2004). Os erros de prescrição podem ser classificados, conforme Dean et al. (2000) em erros de redação que se relacionam ao processo de elaboração da prescrição, tais como ilegibilidade, uso de abreviaturas confusas, omissão de forma farmacêutica, concentração, via de administração, intervalo, taxa de infusão, erro na unidade do medicamento e outros. São classificados como erro de redação, nome do paciente (pouco legível ou duvidoso, incompleto, ilegível, alterado), data (pouco legível ou duvidosa, omissão, ilegível, incompleta), caligrafia (pouco legível e ilegível); identificação do prescritor (todas aquelas que não estiverem incompletas), nome do medicamento (pouco legível), forma farmacêutica, concentração, via de administração, intervalo (incompleta, pouco legível, duvidosa e omissão) e abreviaturas (somente as pouco legíveis ). Materiais e métodos O estudo, transversal e retrospectivo, foi realizado no Hospital Universitário do Oeste do Paraná. Foram analisadas as cópias carbonadas das prescrições de pacientes adultos e pediátricos internados na Clínica Médica, Pediatria, Clínica Cirúrgica, Clínica de Ortopedia/Neurologia e Unidade de Terapia Intensiva (Adulto, Pediatria e Neonatal). A cópia carbonada das prescrições é a segunda via utilizada pelo setor de farmácia para a dispensação dos medicamentos. Foram analisadas as cópias carbonadas das prescrições de uma amostra, aleatoriamente selecionada, dos pacientes que estavam hospitalizados no mês de janeiro a março de 2010, utilizando-se um formulário semi-estruturado modificado a partir de Aguiar e cols. (2006). Os erros foram classificados conforme Dean et al. (2000) em erros de redação que relacionam-se ao processo de elaboração da prescrição, tais como ilegibilidade, uso de abreviaturas confusas, omissão de forma farmacêutica, concentração, via de administração, intervalo, taxa de infusão, erro na unidade do medicamento e outros. São classificados como erro de redação, nome do paciente (pouco legível ou duvidoso, incompleto, ilegível, alterado), data (pouco legível ou duvidosa, omissão, ilegível, incompleta), caligrafia (pouco legível e ilegível); identificação do prescritor (todas aquelas que não estiverem incompletas), nome do medicamento (pouco legível), forma farmacêutica, concentração, via de administração, intervalo (incompleta, pouco legível, duvidosa e omissão) e abreviaturas (somente as pouco legíveis). Os dados foram tabulados utilizando o EpiData 6.04. Resultados e Discussão Foram avaliadas 675 prescrições, sendo 73,6% escritas à mão. Quanto à legibilidade, 84% das prescrições foram consideradas legíveis, 13% pouco legíveis e 3% ilegíveis. Em relação aos erros de redação, observou na identificação do paciente que 82,2% das prescrições continham o nome completo do paciente, 16,9% estavam incompletos e 0,9% ilegíveis. Na identificação do prescritor observou-se a assinatura em 97,8% e CRM do médico em 86,8% nas prescrições analisadas. No que diz respeito aos medicamentos, observou-se que o número de medicamentos por prescrição variou de 1 a 22, com uma média de 6,73 itens por prescrição. No estudo de Acúrcio et al. (2004), a maioria das prescrições (72%) apresentavam até 3 fármacos por prescrição. Quanto maior o número de medicamentos por prescrição, maior a ocorrência de possíveis interações medicamentosas e/ou reações adversas aos medicamentos, principalmente nos idosos. Pudemos observar no estudo que a forma farmacêutica dos medicamentos foi prescrita em 89% das prescrições bem como a via de administração dos medicamentos foram de 99%. Porém a velocidade de infusão não foi prescrita em 69,6% das prescrições analisadas. Outro dado analisado foi quanto ao uso de abreviaturas, na qual observou-se que 99,7% das prescrições continham abreviaturas. Em relação abreviatura, o nome do medicamento foi abreviado em 53,9%, a posologia em 98,7%, a via de administração em 98,7%, e a forma farmacêutica em 85,3% das prescrições analisadas. A classificação dos erros de prescrição pode ser uma forma de alertar o profissional responsável pela prescrição sobre a ocorrência dos mesmos para que possa minimizar este problema As prescrições hospitalares devem ser legíveis, não apresentar nenhum equívoco, datadas e assinadas com clareza para comunicação entre o prescritor, o farmacêutico e o enfermeiro. Além disto, uma boa prescrição deve conter informações suficientes para permitir que o farmacêutico ou o enfermeiro detectem possíveis erros antes de o fármaco ser fornecido ou administrado ao paciente (LUIZA e GONÇALVES, 2004). Conclusões O ato de dispensação dos medicamentos é uma prerrogativa inalienável do farmacêutico. Para fazer isso, com qualidade e respaldo técnico que o ato impõe, é preciso que ele analise a prescrição. Esta análise possibilita que se identifiquem erros. Este ato do farmacêutico é confundido, principalmente pelo médico, com uma invasão ou uma interferência na prescrição, quando, na verdade, é apenas um desdobramento de suas ações (BRANDÃO, 2005). Agradecimentos À Fundação Araucária Referências AGUIAR, G; SILVA JÚNIOR, L.A.; FERREIRA, M.A.M. Ilegibilidade e ausência de informação das prescrições medicas: fatores de risco relacionados a erros de medicação. Revista Brasileira em Promoção da Saúde; 2006. 19(2): 84-91. BRANDÃO, A. Farmacêutico precisa conferir a prescrição. Revista Pharmacia Brasileira no 49, p 5-6, agosto, setembro, 2005. CARVALHO, M.; VIEIRA, A. Erro medico em pacientes hospitalizados. Jornal de Pediatria – Vol. 78, no 4, 2002. DEAN, B ; BARBER, N.; SCHACHTER, V. What is proscribing error? Health Care 2000; 9(4): 232-7. Disponível em URL http//elegis.bvs.br/leisref/pubric/serch.php. LUIZA, V.L.; GONÇALVES, C.B.C. Prescrição medicamentosa. In: FUCHS, F.D.; WANNAMACHER, L.; FERREIRA, M.B.C. Farmacologia clínica: fundamentos da terapêutica racional. 3ªed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2004. p. 86-95.