Bohr O Arquiteto do átomo Um homem que teve coragem para imaginar que a realidade e o mundo eram completamente diferentes do que os sentidos nos mostram. Esse é o Niels Bohr - o grande físico do início do século XX - que surge no livro "O Arquiteto do Átomo", da Coleção "Imortais da Ciência" da Odysseus Editora. Sua autora, a cientista brasileira Maria Cristina Batoni Abdala, do Instituto de Física Teórica da UNESP, mostra que para os físicos subatômicos, depois de Bohr, objetos podem se comportar como fantasmas e atravessar obstáculos, coisas podem aparecer do nada e voltar a desaparecer, e nada é o que parece. Mas o mais surpreendente é que tudo isso está de acordo com as mais avançadas concepções científicas. De fato, assim é o mundo da física quântica, dos elétrons e dos prótons, das moléculas e dos átomos. Sua descoberta foi uma conseqüência direta da crise da Física entre o fim do século XIX e o início do século XX. Nessa época, as novas descobertas nos laboratórios, como os Raios X, a radioatividade, ou a luz de cor característica emitida por elementos químicos como sódio ou hidrogênio, colocavam problemas aparentemente insolúveis. Tudo apontava para a necessidade de repensar as chamadas propriedades da matéria. Os átomos, investigados de perto, não se comportavam como previa a cartilha da velha Física. A única resposta possível é que no mundo subatômico as regras deviam ser outras. Alguns cientistas já trilhavam esse caminho de investigação. O alemão Max Planck tinha proposto, em 1900, que átomos só recebem e emitem energia em pequenas porções que ele chamou de quanta, palavra latina que significa "pedaço de algo". Cinco anos depois Albert Einstein sugeriu que a luz e outras formas de radiação como Raios X, ondas de rádio e microondas vinham em porções, como se fossem compostas de pequenas "balas" de radiação eletromagnética. Bohr juntou Planck e Einstein e deu "o pulo do gato". Ele apresentou um modelo do átomo que contrariava todas as regras da Física da época. Nesse átomo o elétron não "decaia" como supunha a maioria dos colegas de Bohr, até se chocar com o núcleo. Para Bohr o elétron só se movia no átomo em certas órbitas fixas, como as camadas de uma cebola. E seria impossível para esse elétron espiralar numa queda continua até o núcleo. Uma comparação possível seria o processo de subir ou descer uma escada: pode-se pular de degrau em degrau, até mais de um degrau para cima ou para baixo, mas não se consegue parar entre dois degraus. Para Bohr, as órbitas subatômicas são como os degraus da escada. Em 1913 Bohr pôde enfim afirmar que o átomo tinha propriedades particulares que nada tinham a ver com os modelos cotidianos. Levou mais doze anos para compreender melhor essas propriedades. Mas o modelo de Bohr, entre outras vantagens, explicou muito bem os mistérios de sua época, como o por que dos elementos químicos emitirem radiação em freqüências específicas. Com sua imaginação e criatividade científica Niels Bohr tornou-se assim uma das principais referências da nova física do átomo, a quântica. Mas além de pensador brilhante, o livro mostra que Bohr deixou sua marca como pacifista, líder ético e mentor de várias gerações de cientistas. Por sua coragem teórica, humildade intelectual e ativa cidadania, além de profundo senso de justiça social, Niels Bohr, que figura hoje entre os grandes nomes da Ciência contemporânea, merece sem dúvida o estudo e a atenção do leitor brasileiro, que esse livro proporciona. SERVIÇOS: Autor: Maria Cristina Abdala ISBN: 85-88023-76-8 - 2ª edição 200 páginas.