MUITAS PRÁTICAS DA CAFEICULTURA NA COLÔMBIA E COSTA RICA SÃO
VÁLIDAS PARA NOSSA CAFEICULTURA DE MONTANHA
J.B. Matiello- Eng Agr Mapa-Procafé
Temos tido oportunidade de, com certa frequência, visitar a cafeicultura em outros países
cafeeiros, em nosso continente, onde, alem do Brasil, é claro, se destacam 2 outros, mais
desenvolvidos em suas tecnologias, tanto no manejo da lavoura, como no preparo dos cafés póscolheita. São eles a Colômbia e a Costa Rica. Apesar deles estarem às voltas com alguns
problemas, como o excesso de chuvas e ataque forte de praga-doenças na Colômbia e
encarecimento das terras e destinação de áreas cafeeiras, na Costa Rica, para o turismo, o ponto
comum na cafeicultura em regiões declivosas, deles e da nossa, é a dificuldade com o trabalho
braçal, mais caro, de baixo rendimento, e, cada vez mais, escasso, como no caso da Costa Rica,
onde eles buscam colhedores na vizinha Nicarágua.
Mas, problemas à parte, temos visto que muito do que se pratica lá pode, com certeza, ser
adaptado para uso no Brasil.
O primeiro destaque é para o uso de variedades resistentes à ferrugem, em grande escala,
representando, por exemplo, na Colombia, cerca de 40% do total. Nesse pais a doença tem sido
muito grave no Caturra, enquanto nas variedades resistentes (Colômbia e Castillo) não é
necessário o controle químico, como se sabe muito difícil nas montanhas.
O segundo é a adoção do plantio adensado como regra geral, compreendendo
espaçamentos na faixa de 1,4-1,8m x 0,8-1,0 m, com stand entre 6000 até 10000 plantas por
hectare. Alem disso, o adensamento é combinado com podas sistemáticas, em ciclos curtos. Na
Colômbia se adota mais a recepa por talhões, a cada 5 anos. Na Costa Rica também se usa este
sistema, porem o mai tradicional lá é a recepa por linhas, podando-se uma de cada 3-5 linhas a
cada ano, de forma a se ter, sempre, na lavoura, plantas bem produtivas e renovadas. Com isso a
colheita é feita em hastes novas, mais baixas. Aqui no Brasil, as experiências com adensamento e
recepa em ciclos curtos, tem dado bons resultados, porem existe resistência na sua adoção pelos
produtores, os quais não tem tradição de podar seus cafezais.
A terceira coisa boa lá é o preparo cuidadoso do café pós-colheita, o que rende a eles
preços com significativos diferenciais sobre os cafés brasileiros. Lá o despolpamento é quase
total. Aqui ele deveria ser prioritário na cafeicultura de montanha, pois, alem de melhorar e
agregar valor pela qualidade, facilita todo o processo de secagem. Também deve ser fomentado o
preparo concentrado, com a entrega dos cafés colhidos, pelos pequenos produtores, para preparo
através de usinas, como ocorre nas Cooperativas na Costa Rica. Isto facilita a padronização na
qualidade dos cafés e reduz o custo do preparo.
O quarto ponto, é o uso da arborização nas lavouras, a qual era tradicional, passou por uma
fase de redução e agora é retomada. Aqui, especialmente nas regiões montanhosas de altitude
mais elevada, a prática favorece a conservação ambiental, melhora a sustentabilidade das lavouras
nas pequenas propriedades, pois reduz o stress pela carga, permite a redução do uso de
fertilizantes e facilita a certificação.
Por último, porem não menos importante, é o exemplo que vem, dos 2 paises, dos seus
bons sistemas de apoio técnico á lavoura cafeeira e aos cafeicultores. Eles possuem Centros de
Pesquisa especializados (Cenicafé e Icafé) e sistemas próprios de Assistência técnica, integrando
essas atividade no mesmo sistema. Já tivemos isso aqui no passado. Agora vamos lá e ficamos
com inveja deles. Vemos que eles tratam dos problemas e suas soluções por uma equipe forte,
bem especializada. Aqui temos, agora, uma verdadeira colcha de retalhos, Cada um de uma cor e
de tecidos diferentes, e sem uma boa costura, através de uma coordenação apenas virtual e
financeira, quando se deveria ter, como nossos países competidores, aqui citados, uma
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coordenação e, mesmo, um centro, como os existentes para outras culturas, para poder agregar os
conhecimentos, através da formação de uma equipe permanentemente voltada para o café.
Vemos que, aqui no Brasil, a pesquisa é este emaranhado de Instituições e de diferentes
objetivos, e na assistência observa-se que o produtor pequeno é pouco ou nada assistido, pelos
órgãos oficiais, estaduais, devido à carência de verbas. O médio e o grande produtor, quando eles
precisam, tem que pagar pela assistência, isto mesmo depois de arcar com pesados impostos.
Aspecto de lavoura adensada da variedade Castillo, perto de Manizales, na Colombia
Pode-se ver parte da lavoura acima ainda nova, e a parte mais abaixo, já recepada no ciclo de 5 anos,
Manizales, Colombia
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Na fazenda Miramontes, em Naranjo-CR, cafezal jovem, renovado, em área arborizada com Eritrina (Porro).
Detalhe de poda por linha, ciclo de 3 linhas, com perdão, vendo-se cada linha com uma idade, na Costa Rica
Colheita, em pequenos cestos plásticos, do café na fda. Miramontes, Costa Rica,por colhedor Nicaragüense.
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