14‐Sep‐12 Curso de Atualização em Curso de Atualização em Boas Boas Práticas de Práticas de Farmácia Hospitalar ERROS DE MEDICAÇÃO Marinei Ricieri Farmacêutica Clínica Erros de Medicação POR QUE FALAR DE ERROS DE MEDICAÇÃO? A “insegurança nos serviços de saúde” 1 14‐Sep‐12 Por que falar de erros de medicação? Reação adversa a medicamento Desvio de qualidade de medicamento com dano Inefetividade terapêutica Interação medicamentosa de interesse clínico Erro de medicação d d ERRO DE MEDICAÇÃO é o tipo mais comum e à o mais subnotificado. Por quê? Dano por uso off label Intoxicação Repercussão do erro 2 14‐Sep‐12 Total de vida as perdidas por a ano Serviços de Saúde são seguros? Perigosos (>1/1000) 100.000 Controlados Serviço de saúde 10.000 Dirigir Automóveis Ultra‐seguros (<1/1000) Aviação comercial 1.000 100 Mountain Climbing 10 Bungee Jumping 1 1 10 Ferrovia Européia Indústria dú Química Aviação Fretamento 100 1000 10000 Modificado de Leape Energia nuclear 100000 1000000 10000000 5 A magnitude do erro de medicação Evento adverso com Probabilidade de morte decorrente de vários eventos medicamento em pacientes Chance de Chance de Acidentes Acidentes morrer em um automobilísticos acidente aéreo = 125/dia = 0,27/1 milhão de decolagens h i li d hospitalizados = 390/dia 390/di Carvalho; Vieira. Medical errors in hospitalized patients. Jornal de Pediatria, 2002. 3 14‐Sep‐12 “QUEM” é o hospital? O hospital é formado por pessoas. As pessoas erram! Fatores predisponentes ao EM Da prescrição até a administração do medicamento em um hospital ocorrem de 20 a 30 etapas. etapas (Rosa; Perini. Erros de Medicação: quem foi? Rev Assoc Med Bras, 2003) Paciente em UTI recebe em média 178 intervenções/dia. A ocorrência de 1,7 erros por paciente/dia = eficiência dos PS de 99%. 99% (Carvalho; Vieira. Medical errors in hospitalized patients. Jornal de Pediatria, 2002) 1% é aceitável ou não? 4 14‐Sep‐12 Epidemiologia do EM BMJ, vol. 320, March 2000 Fármacos mais relacionados: antibióticos, sedativos, QT, drogas de ação cardiovascular e anticoagulantes. i l ERROS mais frequentes: prescrição (56%) e administração (24%) Erros de Medicação – Indicadores Os 10 mais, segundo estudo sobre Os 10 mais, segundo a USP para pacientes que necessitaram de atendimento atendimento hospitalar (2007) de emergência (2006) Insulina (8%) Insulina (4%) Anticoagulantes (6,2%) Morfina (2,3%) Amoxicilina (4,5%) Cloreto de potássio (2,2%) Aspirina (2,3%) Albuterol (1,8%) Sulfametoxazol-Trimetoprima (2,2%) Heparina (1,7%) Hidrocodona (2,2%) Vancomicina (1,6%) Ibuprofeno (2,1%) Cefazolina (1,6%) Paracetamol (1,8%) Paracetamol (1,6%) Cefalexina (1,6%) Varfarina (1,4%) Penicilina (1,3%) Furosemida (1,4%) Fonte: Kathryn L. Hahn . The "Top 10" Drug Errors and How to Prevent Them. American Pharmacists Association 2007 Annual Meeting. http://www.medscape.com/viewarticle/556487?src=mp em 24/05/2007 . Extraído de DIAS, M.F. Identificar e Prevenir Erros de Medicação: estratégia para redução de danos à saúde. Apresentado no 5º Congresso de Ciências Farmacêuticas, Rio de Janeiro, 2007. 5 14‐Sep‐12 Epidemiologia do EM PRINCIPAIS FATORES RELACIONADOS AO ERRO A) tempo de internação (risco ↑ 6% a cada dia ç UTI)) internação – B) idade do paciente (pediatria) BMJ, vol. 320, March 2000 Erro de Medicação em Erro de Medicação em Neonatologia Neonatologia CATEGORIAS DE ERROS Categoria Plantão diurno Plantão noturno Total 157 117 274 Falhas mecânicas 4 4 8 Outros eventos 15 9 24 Erro humano Erro humano Desconhecido Total 2 5 7 178 135 313 Vincer, MJ. et al. AJDC, 1989 6 14‐Sep‐12 Erro de Medicação em Erro de Medicação em Neonatologia Neonatologia Vincer, MJ. et al. AJDC, 1989 EM em um período de 24h Vincer, MJ. et al. AJDC, 1989 24h às 7h 7h às 13h 13h às 19h 19h às 12h 7 14‐Sep‐12 Erros de medicação x RAM REAÇÃO ADVERSA A MEDICAMENTO Qualquer efeito prejudicial ou indesejado que se apresente após a administração de doses normalmente utilizadas para profilaxia, diagnóstico ou tratamento de uma enfermidade. OMS, 1972 ERROS DE MEDICAÇÃO Qualquer evento evitável relacionado ao uso de medicamentos, que pode causar ou não dano ou levar ao uso inadequado dos medicamentos. National Coordinating Council for Medication Error Reporting and Orevention (NCCMERP), 1998. DIFERENÇA PRINCIPAL = POSSIBILIDADE DE PREVENÇÃO RAM = evento INEVITÁVEL EM = eventos que são PREVENÍVEIS Erros de medicação x RAM Inevitável Evitável = Prevenível 16 8 14‐Sep‐12 Tipos de erros de medicação Prescrição ç Transcrição ç Ilegibilidade Sub ou sobredose Duplicidade terapêutica Omissão Posologia inadequada FF inadequada Duração do tratamento Preparo/ Dispensação Erro de preparo Acondicionamento Troca de medicamento Administração Via errada Paciente errado Técnica de administração Horário de administração Velocidade de infusão Onde o EM ocorre? PRESCRIÇÃO (39 49%) (39 a 49%) ADMINISTRAÇÃO (26 a 38%) TRANSCRIÇÃO (11 a 12%) Benjamin DM. Reducing medication errors and increasing patient safety: case studies in clinical pharmacology. 2003. DISPENSAÇÃO (11 a 14%) 18 9 14‐Sep‐12 Erro de Medicação no Brasil Bittencourt, MO et al. Assessment of medication error reports sent to Brazilian Medicine Monitoring Centre (CNMM), 2008. Por que o erro ocorre? FATORES PROFISSIONAIS Conhecimento e habilidade insuficientes FATORES FISIOLÓGICOS FATORES AMBIENTAIS Barulho Agitação Calor E í l Estímulos visuais i i ERRO FATORES PATOLÓGICOS FATORES PATOLÓGICOS Tédio Frustração Ansiedade Estresse Fadiga Sono Uso de drogas/álcool Sobrecarga de trabalho D Doenças Carvalho; Vieira. Medical errors in hospitalized patients. Jornal de Pediatria, 2002. 10 14‐Sep‐12 Erro de Medicação - Brasil Fonte: Bittencourt, MO et al. Assessment of medication error reports sent to Brazilian Medicine Monitoring Centre (CNMM), 2008. Por que o erro ocorre? Profissionais de saúde que TRABALHAM 60h ou mais (plantões de 24h) = • FADIGA • PERDA DA CONCENTRAÇÃO • SINAIS DE DEPRESSÃO. (Smith‐Coggins et al. Acad Emerg Med, 1997) 11 14‐Sep‐12 Por que o erro ocorre? Plantão de 24h SEM DORMIR, , a performance psicomotora do profissional de saúde = INDIVÍDUO LEGALMENTE BÊBADO (nível sanguíneo ( g alcoólico ≥ 0,08%). Weinger; Ancoli‐Israel. Sleep deprivation and clinical perfomance. JAMA 2002; 955‐7. PSICOLOGIA DO ERRO DESLIZES e LAPSOS ENGANOS VIOLAÇÕES Falha na atenção e memória (atividade rotineira) Falta de conhecimento (situações novas) Atos intencionais (desvios das recomendações) 12 14‐Sep‐12 “QUEM” é o hospital? “Sei que é uma desculpa esfarrapada, mas sou um ser humano” (Holbrook, 2003) Defesas do sistema Falhas latentes As defesas são os meios pelos quais os sistemas se asseguram de que haverá segurança. Defesas DANO Condições predisponentes ou gatilhos ACIDENTE 13 14‐Sep‐12 Erros de Medicação O SEU HOSPITAL É SEGURO? COMO GERENCIAR O RISCO DE ERRO DE MEDICAÇÃO ? DE MEDICAÇÃO ? Ciclo Assistência Farmacêutica Seleção Utilização:prescrição, dispensação e uso Programação USO RACIONAL DO MEDICAMENTO Aquisição Distribuição Armazenamento 14 14‐Sep‐12 Como gerenciar o risco de erro Seleção O que induz ao erro? Medicamentos c/ mais de uma apresentação Lista de padronização de medicamentos Captopril 25 mg e 50 mg Ácido acetilsalícilico 50 mg e 100 mg Prednisona 5 mg e 20 mg Micofenolato de sódio 180 mg e 360 mg Como gerenciar o risco de erro? 15 14‐Sep‐12 Como gerenciar o risco de erro Seleção O que induz ao erro? Medicamento que muda Programação de fornecedor e condições de uso Medicamentos com apresentações/concentrações padronizadas padronizadas Cefalotina 1 g/5 ml (padronizada) = 200 mg/ml Cefalotina 1 g/10 ml (novo fornecedor) = 100 mg/ml Meropenem 500 mg/10 ml (padronizada) = 50 mg/ml Meropenem 1 g/10 ml (novo fornecedor) = 100 mg/ml Como gerenciar o risco de erro Seleção O que induz ao erro? Medicamentos com di Programação rótulos/ bula em língua estrangeira Medicamentos i importados d Imunobiológicos Vacinas Hormônios Aquisição 16 14‐Sep‐12 Como gerenciar o risco de erro Seleção O que induz ao erro? Embalagens/nomes Embalagens/nomes Programação semelhantes acondicionados próximos Medicamentos “semelhantes” Aquisição Armazenamento Nomes semelhantes NOME COMERCIAL OU DO PRINCÍPIO ATIVO LOSEC (omeprazol) LASIX (furosemida) ADRENALINA DIFENIDRAMINA MIDAZOLAN 5mg/5ml (1mg/ml) MIDAZOLAN 15mg/3ml (5mg/ml) RETEMIC (oxibutinina) RENITEC (enalapril) AMINOFILINA AMOXICILINA CEFAZOLINA CEFALOTINA DOPAMINA DOBUTAMINA 17 14‐Sep‐12 Ampolas semelhantes Acondicionamento ‐ risco 18 14‐Sep‐12 Como gerenciar o risco de erro O que induz ao erro?? Seleção NOMES e CORES parecidos F i ái Funcionários novos Programação S/ capacitação/treinamento Sistema de distribuição de medicamentos como fator minimizador de erros de erros Aquisição Distribuição Armazenamento Como gerenciar o risco de erro Medicamentos com cores semelhantes 19 14‐Sep‐12 Como gerenciar o risco de erro AAS 500 mg AAS 100 mg Medicamentos com cores diferentes Como gerenciar o risco de erro Medicamentos com nomes semelhantes 20 14‐Sep‐12 Como gerenciar o risco de erro Seleção Utilização:prescrição, dispensação e uso Programação Dose errada Troca de medicamento Via administração errada Via administração errada Aquisição Distribuição Ilegilidade prescrição O que induz ao Informações conflitantes Armazenamento erro? Conhecimento técnico insuf Erro de dispensação Paciente de 11a, portador de síndrome genética c/ comprometimento da fala, interna semanalmente para infusão de medicamento. Foi prescrito DIFENIDRAMINA 50mg/ml IV. A farmácia dispensou erroneamente o medicamento FENILEFRINA 10mg/ml. A enfermagem administrou e em seguida o paciente apresentou agitação, sudorese, taquicardia e ↑da PA. 21 14‐Sep‐12 Erro de prescrição Prescrição manuscrita ‐ ç ilegível g Erro de prescrição Via e frequência q 22 14‐Sep‐12 Estrutura física e condições de trabalho da FH Fluxos e rotinas bem estabelecidos Ambiente físico c/ dimensões adequadas Dimensionamento de RH Equipe técnica (farmacêutico e auxiliar) apta tecnicamente t t i t Equipe motivada Sistema informatizado Gestão hospitalar e atividades especializadas da FH Prescrição eletrônica (↓ EAM em até 80% ‐ Bates DW, 2000) Atividade clínica do farmacêutico Reconciliação medicamentosa Cultura educativa do erro – Cultura educativa do erro – não punitiva não punitiva Entendimento do erro como uma falha do sistema e não individual 23 14‐Sep‐12 Visão Individualizada A falha é do profissional Visão Sistêmica O profissional é parte de um todo Medidas punitivas Censura, humilhação Erro= evidência de falha no processo MUDANÇA DE PARADIGMA Negação de futuros erros Negação de futuros erros (omissão do fato) Oportunidade de revisão Oportunidade de revisão do processo Ausência de mecanismos de prevenção Mecanismo de prevenção Glauber, H.T. et al. Reducing medical error through systems improvement. Pediatrics 2000 Desafios de mensurar erro e segurança No hospital XYZ, o coordenador da FH estava preocupado com a frequencia dos erros de prescrição de medicamentos. Um paciente recebeu 10 vezes a dose de insulina regular prescrita quando a orientação era 10U. Outro p paciente recebeu ATB cefalosporina p para p PNM, apesar de ser alérgico a este tipo de medicamento. Um 3º sofreu um sangramento gsatrointestinal quando uma overdose de varfarina o levou a um excesso de anticoagulação. 24 14‐Sep‐12 Desafios de mensurar erro e segurança Em resposta a esses eventos, o hospital está considerando em investir em um sistema informatizado de prescrição a um custo de R$ 5 milhões. O diretor financeiro, sabendo que este investimento significará que este hospital terá de adiar a aquisição de um aparelho de tomografia computadorizada de 64 canais e a construção de duas novas salas cirúrgicas (investimento quase que garantido), pergunta ao coordenador da farmácia? Desafios de mensurar erro e segurança “Como vamos saber que fizemos a diferença?” 25 14‐Sep‐12 Existe ambiente seguro? O preço da segurança é o d desconforto constante. f Considerar que tudo está bem é por si mesmo perigoso. Atividades rotineiramente sem Ati id d ti i t problemas gera uma falsa sensação de segurança. (Reason, J. 2001) Grata pela atenção! p ç Contato: cfh@crf‐ Contato: cfh@crf‐pr.org.br 26