CONVÊNIOS CNPq/UFU & FAPEMIG/UFU Universidade Federal de Uberlândia Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação DIRETORIA DE PESQUISA COMISSÃO INSTITUCIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 2008 – UFU 30 anos EFEITOS DO FOGO SOBRE A COMUNIDADE DE ARTRÓPODOS DA SERAPILHEIRA EM ÁREA DE CERRADO DO BRASIL CENTRAL Raphael de Carvalho Silva1 Instituto de Biologia, Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Avenida Pará, 1720 - Bloco 2D - sala 30 - Campus Umuarama 38405-382 - Uberlândia - MG [email protected] Pedro Braunger de Vasconcelos1; Renata Pacheco1 ; Cauê Thomé Lopes1 ; Daniela Alves Rezende1 ; Alan Nilo da Costa1; Heraldo Luis de Vasconcelos2 Resumo: Este estudo teve por objetivo determinar os efeitos do fogo sobre a comunidade de artrópodos de serapilheira em áreas de cerrado “sentido restrito”, uma vez que o fogo causa mudanças nas condições ambientais e conseqüentemente na diversidade de espécies. Assim sendo, coletas foram realizadas na Estação Ecológica do Panga (EEP) em Uberlândia,MG. A EEP sofreu um incêndio em Setembro de 2006 que queimou cerca de 40% da área da reserva. Para determinar o efeito desta queimada sobre a fauna de artrópodos da serapilheira foi feito um experimento em duas áreas adjacentes, tendo sido uma delas afetada pelo incêndio e a outra não. Em cada uma das duas áreas foram estabelecidos oito transectos com oito parcelas de 1m2 cada. De cada parcela foi removida toda a serapilheira existente e em seguida adicionados 750g de serapilheira seca previamente (600g de folha e 150g de galhos com diâmetro máximo de 2cm).Foram retiradas também amostras de serapilheira não manipuladas (parcelas controle) para efeito de comparação com as amostras manipuladas. Para extração dos artrópodos da serapilheira foi utilizado o extrator de Winkler. Foram encontrados 15330 artrópodos pertencentes a 17 táxons, além de 641 indivíduos imaturos ou danificados que não foram identificados. Os mais representativos foram Formicidae (38,22% do total de indivíduos), Acari (15,72%), Collembola (10,55%), Isoptera (5,31%), Coleptera (3,76%) e Thysanoptera (5,32%). A densidade de artrópodos (indivíduos por m2) foi significativamente maior na área não queimada do que na área queimada em até quinze meses após a queimada, indicando que o fogo reduz as populações de artrópodos de serapilheira durante este período e os diferentes grupos de artrópodos apresentam respostas similares a este efeito. Palavras-chave: Fogo, Artrópodes, Cerrado, Serapilheira 1. INTRODUÇÃO Os ecossistemas terrestres são afetados por diferentes tipos de distúrbios, incluindo as queimadas. O fogo geralmente causa mudanças nas condições ambientais, na quantidade de biomassa, na diversidade de espécies e no funcionamento destes ecossistemas (PETERSON et al., 1998; BENGTSSON et al., 2000). Alterações locais nas condições ambientais após um distúrbio tendem a mudar o balanço competitivo entre as espécies, permitindo uma redistribuição na dominância entre as espécies (BEGON et al., 1999) e consequentemente na estrutura das comunidades.. A comunidade de artrópodos que vivem na serapilheira, contribui de maneira fundamental para a decomposição da matéria orgânica e para a reorganização e transporte dos elementos químicos do solo (PETERSON; LUXTON, 1982). Esta comunidade, depende de vários elementos estruturais que podem ser impactadas pelo fogo, incluindo a quantidade de detritos arbóreos (OKLAND et al., 1996; SCHIEGG, 2000), abundância e composição da serapilheira (KOIVULA et al., 1999) e umidade do solo (SANDERSON et al., 1995). A resposta dos invertebrados aos distúrbios causados pelo fogo resulta da mortalidade direta e sucessão pós-fogo. A mortalidade direta depende do regime do fogo, mas também das condições bióticas durante o fogo, como o habitat particular ocupado pelas espécies, seu estágio de desenvolvimento, e a sua mobilidade durante o fogo (NIWA; PECK, 2002; HOFFMANN, 2003). A sucessão pós-fogo depende das novas condições ambientais (HUSTON, 1979; 1994) e do potencial de imigração, isto é, na composição e estrutura dos habitats circunvizinhos. As espécies sobreviventes e de rápida imigração são aquelas que terão uma grande vantagem nos estágios iniciais da sucessão (MORETTI et al., 2006). O Cerrado é um bioma constantemente afetado pelo fogo, seja ele de origem natural ou antrópica, entretanto, relativamente pouco se sabe sobre os efeitos do fogo sobre a fauna do Cerrado. A teoria ecológica prediz que ecossistemas com um distúrbio repetido e moderado são altamente resilientes à perturbações e que provavelmente possuem uma maior riqueza de espécies comparativamente aos ecossistemas com baixa ou elevada taxas de distúrbio (CONNELL, 1978; WALKER, 1995; BENGTSSON, 1998). Este estudo teve por objetivo geral determinar os efeitos do fogo sobre a comunidade de artrópodos de serapilheira em áreas de cerrado “sentido restrito”. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1 Área de Estudo Os trabalhos de campo foram realizados na Estação Ecológica do Panga localizada a oeste do perímetro urbano no município de Uberlândia, MG (18°57’S e 48°12’ O). A maioria das fisionomias do Cerrado está contemplada nesta reserva, sendo o cerrado (sentido restrito) a vegetação dominante. O clima da região possui periodicidade muito acentuada, tendo duas estações bem definidas: uma estação seca que dura de três a quatro meses, sendo pouco mais fria do que o restante dos meses, e uma estação chuvosa com metade da precipitação anual (ca. 1600 mm/ano) ocorrendo durante os meses de novembro, dezembro e janeiro. Os meses de junho, julho, agosto e boa parte de maio e setembro compreendem a estação seca. De acordo com o sistema de Köppen o clima é classificado como Aw megatérmico, com estações seca e chuvosas bem definidas, podendo ocorrer altas temperaturas no verão (acima de 35°C) e geadas no inverno. 2.2 Delineamento Amostral A reserva do Panga sofreu um incêndio em setembro de 2006 que queimou cerca de 40% da área da reserva. Para determinar o efeito desta queimada sobre a fauna de artrópodos da serapilheira foi estabelecido o seguinte experimento em duas áreas adjacentes de cerrado “sentido restrito”, tendo sido uma delas afetada pelo incêndio e a outra não. Coletamos serapilheira tanto da área queimada como da área não queimada, sendo que na primeira a serapilheira é composta primariamente de folhas verdes que caíram da copa das árvores após a passagem do fogo. Toda esta serapilheira foi seca em estufa para eliminação dos artrópodos existentes. Em cada uma das duas áreas (separadas entre si por uma distância de 100m), foram estabelecidos oito transectos separados por 20m, sendo cada transecto composto por oito parcelas de 1m² com espaçamento de cinco metros entre si (Figura 1). De cada parcela foram removidas toda a serapilheira existente e em seguida adicionados, 750 g de serapilheira seca previamente (600 g de folha e 150 g de galhos com diâmetro máximo de 2 cm),. Em metade das parcelas foi adicionada a “serapilheira verde” (originada da área queimada) enquanto na outra metade das parcelas metade foi adicionada a “serapilheira normal” (isto é, originada da área controle, não queimada). A quantidade adicionada em cada parcela foi determinada através de uma medida anterior da quantidade média de serapilheira depositada sobre o solo do cerrado. Utilizamos então a quantidade típica encontrada 2 sobre 1 m2 de solo do cerrado. O intuito deste experimento foi determinar o efeito do fogo e do tipo de serapilheira sobre a colonização de artrópodos. Foram retiradas oito amostras de cada tratamento no dia 22 de Novembro de 2006, e a partir de então com intervalos de 30-45 dias até março de 2007. Foram retiradas também amostras de serapilheira não manipuladas (parcelas controle) para efeito de comparação com as amostras manipuladas. Este procedimento está sendo repetido de novembro de 2007 e março de 2008. Para a extração dos artrópodos foi utilizado o extrator de Winkler (BESTELMEYER et al., 2000). Para isto a serapilheira existente em cada amostra foi rapidamente inserida em uma peneira com malha de oito milímetros acoplada a um saco de pano com a extremidade final amarrada. O que ficou retido na peneira será descartado e o que restou no fundo do saco guardado em um outro saco de pano menor. O material peneirado foi então transferido para um saco com perfurações (possibilitando apenas a passagem dos artrópodos) e então posicionado verticalmente no extrator de Winkler, que possui na extremidade inferior um copo com álcool 70% e a extremidade superior fechada. Os extratores de Winkler foram mantidos em um local com ausência de vento e não muito úmido durante 72 horas. Os artrópodos coletados foram triados e identificados, inicialmente, até o nível taxonômico de ordem. Determinamos o número de indivíduos de cada ordem em cada amostra. As formigas foram subsequentemente triadas ao nível de espécie ou morfoespécie. Estão sendo comparadas, a diferentes intervalos de tempo desde a queimada, a diversidade, composição e abundância de artrópodos entre as vegetações queimada e não queimada. Figura 1. Diagrama da área de estudo, mostrando as parcelas experimentais. 3. RESULTADOS Foram obtidos cerca de 15330 indivíduos distribuídos dentre as amostras coletadas. Os valores mais significativos de abundância encontrados foram para Formicidae (38,22%), Acari (15,72%), Colembola (10,55%), larvas de insetos (5,45%) Isoptera (5,31%), Coleóptera (3,76%) e Thysanoptera (5,32%) conforme a Figura 2. 3 Figura 2. Gráfico da abundância total de indivíduos coletados. Assim sendo, foram coletados os artrópodos em coletas distribuídas em intervalos regulares conforme dito anteriormente. A abundância total de artrópodos (indivíduos por m²) assim como o número de ordens por amostra foi significativamente maior na área não queimada do que na área queimada. Porém essa diferença entre as duas áreas, 145 dias após a queimada, caiu bastante devido ao início de uma estação seca, já que os artrópodos são sensíveis a maiores índices de temperatura uma vez que o fogo destrói o dossel e abre clareiras, variando o microclima natural de superfície antes do incêndio (Figura 3). Figura 3. Gráfico do número de indivíduos e táxons encontrados por amostra de serapilheira em função do tempo. Não obstante, progredindo para cumprir os objetivos do trabalho foram identificados até o nível de morfoespécie as formigas (Tabela 1). 4 Tabela1. Número de morfoespécies de formigas de diferentes gêneros nos diferentes tratamentos. TRATAMENTOS Morfoespécies Pheidole Solenopsis Paratrechina Brachymyrmex Strumigenys Apterostigma Mycocepurus Camponotus Anochetus Ectatomma Trachymyrmex Cyphomyrmex Wasmannia Linepithema Pyramica Pseudomyrmex termitarius Pachycondyla Gnamptogneys Odontomachus Hypoponera Cephalotes Cardiocondyla Serycomyrmex Acanthognathus rudis Tapinoma melanocephalum Camponotus sericeiventris Hylomyrma Dorymyrmex Controle Controle Queimado não queimado 63 26 17 46 4 4 2 13 3 5 2 3 0 7 2 1 2 0 0 0 7 0 0 0 1 0 2 1 44 52 24 39 6 13 6 13 4 6 2 6 2 13 0 3 3 3 2 4 5 0 0 2 1 0 3 0 Queimado Não queimado Total 41 31 42 38 17 13 9 7 7 9 10 8 5 12 4 3 10 0 1 3 7 1 3 0 0 2 2 0 56 33 41 21 14 9 14 6 9 4 4 8 4 9 5 3 11 3 2 6 8 3 0 0 0 0 2 0 204 142 124 144 41 39 31 39 23 24 18 25 11 41 11 10 26 6 5 13 27 4 3 2 2 2 9 1 4. CONCLUSÃO Estes resultados sugerem que o fogo reduz as populações de artrópodos de serapilheira e que este efeito pode ser detectado até quinze meses após a queimada, com diferentes grupos de artrópodos apresentando respostas similares ao efeito do fogo na vegetação de cerrado. Embora o fogo cause mudanças na qualidade da serapilheira, estas aparentemente tiveram pouca influência sobre a recuperação da fauna de artrópodos após a passagem do fogo, pois não houve um efeito significativo do tipo de serapilheira, ou seja, a colonização da serapilheira oriunda da área não queimada ocorreu na mesma taxa do que aquela oriunda da área queimada e este padrão foi independente do local para onde a serapilheira foi transportada. Entretanto o efeito do tempo sobre a colonização da serapilheira, bem como a abundância dos artrópodos foi significativo, demonstrando que o fator tempo influencia de sobremaneira a dinâmica das comunidades de artrópodos. 5 5. AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer a Renata Pacheco pela paciência, ao Laboratório de Ecologia de Insetos Sociais pela elaboração execução do projeto, ao Heraldo Luis de Vasconcelos pela confiança depositada em mim e ao CNPQ pela viabilização financeira e incentivo ao projeto. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEGON, M.; HARPER, J.L.; TOWNSEND, C.R. Ecology. Blackwell: Berlin, 1999. 945 p. BENGTSSON, J. Which species? What kind of diversity? Which ecosystem function? Some problems in studies of relations between biodiversity and ecosystem function. Applied Soil Ecology, v. 10, p. 191–199, 1998. BENGTSSON, J.; NILSSON, S.G.; FRANC, A.; MENOZZI, P. Biodiversity, disturbance, ecosystem function and management of European forests. Forest Ecology and Management, v.132, p. 39–50, 2000. BESTELMEYER, B.T.; AGOSTI, D.; ALONSO, L.E.; et al. Field techniques for the study of ground-dwelling ants: An overview, description, and evaluation. 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WWF Brasil, Brasília, 2000. EFFECTS OF FIRE ON LITTER-DWELLING ANTS IN A CERRADO AREA OF CENTRAL BRAZIL Raphael de Carvalho Silva1 Instituto de Biologia, Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Avenida Pará, 1720 - Bloco 2D - sala 30 - Campus Umuarama 38405-382 - Uberlândia - MG [email protected] Pedro Braunger de Vasconcelos1; Renata Pacheco1 ; Cauê Thomé Lopes1 ; Daniela Alves Rezende1 ; Alan Nilo da Costa1; Heraldo Luis de Vasconcelos2 Abstract: This study aimed to determine the effects of fire on the community of arthropods of litter in areas of cerrado "narrow sense" because the fire cause changes in environmental conditions and consequently the diversity of species. Therefore, collections were made in the Ecological Station of Panga (EEP) in Uberlandia, Brazil. The EEP suffered a fire in September 2006 that burned about 40% of the area of the reservation. To determine the effect of burning on the arthropod fauna of the litter was made an experiment in two adjacent areas, was one of them affected by the fire and the 7 other not. In each of the two areas were established eight transects with eight plots of 1m2 each. From each plot was removed all the existing litter and then add 750g of dry litter previously (600g to 150g of leaf and twig with maximum diameter of 2cm). Withdrawals were also not handled samples of litter (control plots) for purposes of comparison with manipulated the samples. For extraction of arthropods of the litter was used for extracting Winkler. 15,330 arthropods were found belonging to 17 taxa, and 641 damaged or immature individuals who were not identified. The most representative were Formicidae (38.22% of individuals), Haughton (15.72%), Collembola (10.55%), Isoptera (5.31%), Coleptera (3.76%) and Thrips (5.32%). The density of arthropods (individuals per m2) was significantly larger in area than in the unburned area burned in up to fifteen months after the burning, indicating that the fire reduced the population of arthropods of litter during this period and the different groups of arthropods has answers similar to this effect. Keywords: Fire, Arthropods, Cerrado, Litter-dwelling 8