Unidade I OG: Introdução à Filosofia Aula 3 - 1ª parte: OE: Os primeiros filósofos Professor: Flany Toledo 2ª Parte: O que é filosofia? Nome do(a) aluno(a): Nº Turma: Objetivos: Esta aula tem como objetivo, levar o aluno a entender as rupturas e as continuidades entre o discurso mítico e a filosofia nascente. Para tanto, faremos uma análise de alguns fragmentos dos pré-socráticos, em comparação a Teogonia já analisada. Os primeiros filósofos A grande aventura intelectual não começa propriamente na Grécia continental, mas sim nas colônias gregas: na Jônia (metade sul da costa ocidental da Ásia Menor) e na Magna Grega (sul da península itálica). Assim, a filosofia surgiu no século VI a.C. nas colônias gregas da Magna Grega e da Jônia. Só no século seguinte desloca-se para Atenas, centro da fermentação cultural do período clássico. Os Pré-socráticos, nome dado aos primeiros filósofos que viveram, portanto, por volta do século VI a.C. e, mais tarde, foram classificados como pré-socráticos - devido à divisão da filosofia grega ser centralizada na figura de Sócrates - e agrupados em diversas "escolas". Por exemplo, escola jônica (Tales, Anaximandro, Anaxímenes, Heráclito, Empédocles); escola itálica (Pitágoras); escola eleática (Xenófanes, Parmênides, Zenão); escola atomista (Leucipo e Demócrito). Os escritos desses filósofos desapareceram com o tempo, e só nos restam alguns fragmentos ou referências feitas por outros filósofos posteriores. Sabemos que geralmente escreviam em prosa, abandonando a forma poética característica das epopéias, dos relatos míticos. As preocupações destes primeiros pensadores os levaram à elaboração de uma cosmologia, A palavra Cosmologia é composta de duas outras: cosmos, que significa mundo ordenado e organizado, e logia, que deriva da palavra logos, que significa pensamento racional, discurso racional, conhecimento. Isto quer dizer que, a Filosofia nasce como conhecimento racional da ordem do mundo ou da natureza, donde cosmologia, na medida em que procura a racionalidade do universo, e não mais de uma cosmogonia, como nos relatos míticos. Questão 1 Podemos dizer que a filosofia não nasce propriamente na Grécia, mas muito antes, com os pré-socráticos. O que caracteriza tais textos como filosóficos é justamente a elaboração de uma cosmologia, isto é, do conhecimento racional da ordem do mundo e da natureza. 1 Resposta (sim) São assim, classificados pré-socráticos - devido à divisão da filosofia grega ser centralizada na figura de Sócrates. Inclusive estes filósofos são agrupados em diversas "escolas". Por exemplo, escola jônica (Tales, Anaximandro, Anaxímenes, Heráclito, Empédocles); escola itálica (Pitágoras); escola eleática (Xenófanes, Parmênides, Zenão); escola atomista (Leucipo e Demócrito). Você acertou, siga em frente! Os pré-socráticos versus Hesíodo Cada um dos primeiros filósofos descobriu um fundamento, uma unidade pela qual poderiam explicar a multiplicidade: para Tales é a água; para Anaxímenes é o ar; para Demócrito é o átomo; para Empédocles, os famosos quatro elementos: terra, água, ar e fogo, aceitos até o século XVIII, quando todos foram "destronados" pela química. Já podemos observar aqui algumas diferenças cruciais entre o pensamento mítico e a filosofia nascente. Enquanto que no mito as explicações são unívocas, com os présocráticos nem todo mundo pensa igual, não há unidade de pensamento, mas divergências entre os pensadores e pluralidade de explicações a respeito do princípio de todas as coisas. As respostas são as mais variadas, pois variada é a inventividade e a criatividade humana, que são possíveis a partir da realidade de cada pessoa, do modo como cada qual observa o mundo, pois cada qual observa o mundo a partir do espaço, de um lugar, de um contexto, ou seja, de um determinado período histórico-cultural, de um ambiente. Outra diferença que merece destaque é que, enquanto na Teogonia, Hesíodo procura a arché como gênese, como origem, genealogia do mundo e dos deuses, já os pré-socráticos procuram o princípio, não como início, o que antecede no tempo, mas como fundamento do ser. Quando perguntam "Qual é a arché?", estão procurando o elemento constitutivo de todas as coisas e não simplesmente o que vem antes, primeiro. Esta foi uma postura que revolucionou o pensamento humano, tratava-se de fato da expressão de um pensamento filosófico racional e abstrato, por ser justificado por argumentos, sem recorrer a explicações sobrenaturais. Agora, que vimos às diferenças, responda sim ou não: Questão Dado o exposto, podemos concluir que enquanto Hesíodo, em sua Teogonia, procura a arché como gênese (genealogia dos deuses), como origem, como início; os pré-socráticos procuram o princípio, não como início, o que antecede no tempo, mas como fundamento do ser. Quando perguntam "Qual é a arché?", estão procurando o elemento constitutivo de todas as coisas e não simplesmente o que vem antes, primeiro. 2 Resposta (sim) Esta foi uma postura que revolucionou o pensamento humano, tratava-se de fato da expressão de um pensamento filosófico racional e abstrato, por ser justificado por argumentos, sem recorrer a explicações sobrenaturais. Siga em frente. Hesíodo estrutura dos pré-socráticos. Por outro lado, os mesmos estudos que distinguiram os pré-socráticos de Hesíodo, também concluíram que, o conteúdo da filosofia permanece semelhante ao do mito. Para melhor entendimento do que estamos falando, vejamos o exemplo, do já estudado trecho da Teogonia. Lá Hesíodo narra que, a partir do Caos, a divindade Terra gera Céu e Mar, não por união, mas sozinha, por cissiparidade; depois se une ao Céu, que, cobrindo-a, dá início às gerações divinas. O que preside e assegura essa união é Eros, princípio de coesão do universo. Quando olhamos rigorosamente e estudamos atentamente notamos que existe a mesma estrutura de pensamento nos textos dos primeiros filósofos quando afirmam que, de um estado inicial de indistinção, separam-se pares opostos quente e frio, seco e úmido que vão gerar os seres naturais: o céu de fogo, o ar frio, a terra seca, o mar úmido. As (coisas) frias esquentam, quente esfria, úmido seca, seco umedece. 1. Para eles, a ordem do mundo deriva das forças opostas que se equilibram reciprocamente, e a união desses opostos explica os fenômenos metereológicos, as estações do ano, o nascimento e morte de tudo que vive. Questão Antes de pensar o mundo o homem o sente (tato, olfato, audição, paladar e visão), por isso, o primeiro falar sobre o mundo está ligado ao universo préreflexivo, dos instintos, da intuição, da percepção, das emoções, das fantasias e da imaginação. Entretanto, este narrativa mitológica será o chão de onde nascerá às primeiras explicações racionais acerca da realidade. Sim ou Não? Resposta (Sim) Parabéns! Siga para a última parte da aula! Mito e Razão Dado o exposto, podemos concluir que na passagem do mito à razão, há uma continuidade no uso comum de certas estruturas de explicação, uma continuidade discursiva comum entre mito e a filosofia nascente ao mesmo tempo em que há uma ruptura quanto à atitude das pessoas diante do mundo, de suas posições perante as coisas e de seus próprios pensamentos. Assim do Caos emergiu um "cosmos", da confusão inicial surgiu um mundo ordenado. 1 Heráclito, in: Escólios para a Exegese da Ilíada, de Tzetzes 3 Para um entendimento mais claro, vejamos o seguinte fragmento de um destes primeiros filósofos: Heráclito de Éfeso Deste logos sendo sempre os homens se tornam descompassados quer antes de ouvir quer tão logo tenham ouvido; pois, tornando-se todas (as coisas) segundo esse logos, a inexperientes se assemelham embora experimentando-se em palavras e ações tais quais eu discorro segundo (a) natureza distinguindo cada (coisa) e explicando como se comporta. Aos outros homens escapa quanto fazem despertos, tal como esquecem quanto fazem dormindo 2 Heráclito neste fragmento resume, de modo perfeito, o que dissemos nesta aula, a saber: Quando o homem conhece a explicação racional do mundo fica estupefato com a diferença entre esta (nova) e a antiga (mítica). Mesmo que os poetas discorram valendose da mesma estrutura discursiva, da mesma língua, os pré-socráticos explicam a natureza de cada coisa, os fenômenos do mundo, segunda a razão (logos), os outros homens (poetas) recorrem, portanto, ao mito diante das mesmas inquietudes, diante dos mesmos fenômenos. Ao fazerem deste modo, agem como uma criança dormindo, mesmo que se trate de um adulto desperto. Questão Observe rigorosamente os dois textos seguintes: Xenófanes de Colofão3 O sol lançando-se por sobre a terra e aquecendo-a O mar é fonte da água, é fonte do vento: pois, nas nuvens, não haveria a força do vento que sopra para fora, sem o grande mar, nem as correntes dos rios, nem a água chuvosa do éter. É o grande mar que engendra as nuvens, ventos e rios As Danaides de Ésquilo4: O Amor (Eros) de acasalar-se domina a Terra. Ama o sagrado Céu penetrar a Terra. A chuva ao cair de seu leito celeste Fecunda a Terra, e esta para os mortais gera As pastagens dos rebanhos e os víveres de Deméter . 2 Heráclito 1º Fragmento da Coleção Os Pensadores Trad. De José Cavalcante de Souza. Editor Victor Civita (Abril Cultural), São Paulo, 1978, pg 79. 3 Fragmentos, 30 e 31 da Coleção Os Pensadores Trad. De Anna L. A. de A. Prado. Editor Victor Civita (Abril Cultural) São Paulo, 1978, pg 66. 4 Esquilo o primeiro grande representante do espírito Atico, o poeta mais importante da jovem república. 4 Da análise atenta decorre a seguinte afirmação: a) Trata-se da mesma atitude para explicar as origens das coisas. b) Existe, claramente, uma continuidade de atitude formatada em outra estrutura discursiva. c) Há uma noção de processo no texto b enquanto que no texto a esta noção inexiste. d) Há uma continuidade discursiva ao mesmo tempo em que há uma ruptura de atitude diante das coisas do mundo. e) Existe uma continuidade discursiva ao mesmo tempo em que há uma continuidade de atitude diante dos fenômenos do mundo. Resposta (d) Parabéns você acertou, está apto a passar para a próxima aula! Filosofando (Tarefa Complementar) 1) De acordo com o que foi dito, podemos falar em ruptura total da filosofia com o mito? Por que? 2) Qual era a preocupação fundamental dos pré-socráticos? 3) Como os pré-socráticos explicavam a pluralidade das coisas do mundo? Obs.: A tarefa complementar visa aprofundar o entendimento do aluno acerca da aula. Não é obrigatória e nem vale nota. O aluno que quiser resolvê-la fará por vontade própria e poderá discutir suas respostas com o professor pessoalmente nos plantões de dúvidas de sua unidade. Portanto, as respostas não devem ser enviadas virtualmente, mas, sim discutidas presencialmente. Logo, o aluno que se propor a fazê-la deverá ter disponibilidade para freqüentar os plantões. Unidade I OG: Introdução à Filosofia Professor: Flany Toledo Aula 3 (OE) - 2ª Parte: O que é filosofia? Nome do(a) aluno(a): Nº Turma: Introdução: - Nesta aula já temos como responder, com a ajuda da leitura de Aristóteles, o que é Filosofia? Trabalharemos de modo rigoroso, sistemático, metódico, portanto, técnico, com uma pequena passagem da Metafísica aristotélica. O 5 objetivo é fornecer ao aluno, uma explicação mais abrangente de como funciona um texto filosófico. Conteúdos (OE): O que é filosofia? - Diferenças entre mito e filosofia Boa Aula! I) O que é filosofia? A palavra filosofia é grega. Trata-se de uma composição de duas outras palavras: Philo + Sophia = philosophia Philo deriva-se de philia, que significa amizade, respeito entre amigos, amor fraternal. Sophia quer dizer sabedoria, dela se deriva à palavra sophos, sábio. Portanto, filosofia significa amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber. Por conseqüência filósofo é aquele que ama a sabedoria, tem amizade pelo saber, deseja saber. Assim, filosofia indica um estado de espírito, o da pessoa que ama, isto é, deseja o conhecimento, o estima, o procura e o respeita. Atribui-se a Pitágoras, filósofo grego que viveu no século V a.C., a invenção da palavra filosofia. Pitágoras teria afirmado que a sabedoria plena e completa pertence aos deuses, mas que os mortais (homens), podem desejá-la ou amá-la, tornando-se filósofos.5. Nietzsche, filósofo alemão que viveu entre os anos de 1844 e 1900 estudioso da filosofia antiga e de Pitágoras, afirma: E, se não podeis ser santos do conhecimento, sede ao menos, seus guerreiros. São estes os companheiros e precursores de tal santidade .6 Portanto, o filósofo é movido pelo desejo de observar, contemplar, julgar, e avaliar as coisas, as ações, a vida; resumindo, pelo desejo de saber. Vejamos o que nos diz, um dos maiores filósofos de todos os tempos, Aristóteles a respeito do filosofar: Leia com atenção: Metafísica7 5 Chaui, Marilena, Convite à filosofia, São Paulo, Ática, 2002, págs.19 e 20. Nietzsche, F., Assim falou Zaratustra, São Paulo, Circulo do Livro, 1998, p. 63. 7 Aristóteles, Metafísica, Porto Alegre, Globo, 1969, Livro I 980a 982b25. 6 6 Todos os homens, por natureza, desejam conhecer. Sinal disso é o prazer que nos proporcionam os nossos sentidos; pois, ainda que não levemos em conta a sua utilidade, são estimados por si mesmos, (...) Por outro lado, não identificamos nenhum dos sentidos com a Sabedoria, se bem que eles nos proporcionem o conhecimento mais fidedigno do particular. Não nos dizem, contudo, o porquê de coisa alguma p.ex., por que o fogo é quente: só nos dizem que o fogo é quente. (...)Com efeito, foi pela admiração que os homens, assim hoje como no começo, foram levados a filosofar; perplexos, de início, ante as dificuldades mais óbvias, avançaram pouco a pouco até resolverem problemas maiores, como as mudanças da Lua, as do sol e das estrelas, assim como a gênese do universo. E o homem que é tomado de perplexidade e admiração julga-se ignorante (...); portanto, como filosofam para fugir da ignorância, é evidente que buscavam a ciência a fim de saber, (...);mas, assim como declaramos livre o homem que existe para si mesmo e não para um outro, assim também cultivamos esta ciência como a única livre, pois só ela tem em si mesma o seu próprio fim . Exercício de leitura filosófica Obs.: A tarefa complementar visa aprofundar o entendimento do aluno acerca da aula. Não é obrigatória e nem vale nota. O aluno que quiser resolvê-la fará por vontade própria e poderá discutir suas respostas com o professor pessoalmente nos plantões de dúvidas de sua unidade. Portanto, as respostas não devem ser enviadas virtualmente, mas, sim discutidas presencialmente. Logo, o aluno que se propor a fazê-la deverá ter disponibilidade para freqüentar os plantões. 1) O texto foi dividido em cinco partes; Explique cada um dos trechos, identificando o tema (aquilo de que trata o trecho analisado) e a tese (aquilo que o filósofo afirma em cada um dos trechos); Depois, reescreva cada um dos trechos analisados de modo significativo para você, respeitando o sentido do texto original. a) Todos os homens, por natureza, desejam conhecer. Sinal disso é o prazer que nos proporcionam os nossos sentidos; pois, ainda que não levemos em conta a sua utilidade, são estimados por si mesmos . a¹)Tema:________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ a²)Tese:_________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ a³)Reescrever:___________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 7 b) Por outro lado, não identificamos nenhum dos sentidos com a Sabedoria, se bem que eles nos proporcionem o conhecimento mais fidedigno do particular. Não nos dizem, contudo, o porquê de coisa alguma p.ex., por que o fogo é quente: só nos dizem que o fogo é quente . b¹)Tema:________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ b²)Tese:_________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ b³)Reescrever:___________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ c) Com efeito, foi pela admiração que os homens, assim hoje como no começo, foram levados a filosofar; perplexos, de início, ante as dificuldades mais óbvias, avançaram pouco a pouco até resolverem problemas maiores, como as mudanças da Lua, as do sol e das estrelas, assim como a gênese do universo . c¹)Tema:________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ c²)Tese:_________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ c³)Reescrever:___________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ d) E o homem que é tomado de perplexidade e admiração julga-se ignorante (...); portanto, como filosofam para fugir da ignorância, é evidente que buscavam a ciência a fim de saber . d¹)Tema:________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ d²)Tese:_________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ d³)Reescrever:___________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ e) mas, assim como declaramos livre o homem que existe para si mesmo e não para um outro, assim também cultivamos esta ciência como a única livre, pois só ela tem em si mesma o seu próprio fim . e¹)Tema:________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ e²)Tese:_________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ e³)Reescrever:___________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 2) Agora, reunindo os trechos que você reescreveu, transcreva todo o texto, apontando seu tema (geral) e sua tese (geral) (utilize o verso): Metafísica Tema:Tese: 3) De acordo com nosso curso e com o texto aristotélico acima trabalhado, por que os homens são levados a filosofar? (Disserte no mínimo 10 linhas - utilize o verso) 8 Unidade I OG: Introdução à Filosofia Professor: Flany Toledo Aula 3 (OE) - 3ª Parte: Desenvolvimento mental do ser humano segundo Jean Piaget Nome do(a) aluno(a): Nº Turma: Desenvolvimento mental do ser humano segundo Jean Piaget Introdução: Nesta aula, vamos reforçar as semelhanças e diferenças, entre um discurso mitológico e um discurso filosófico ou científico, suas respectivas estruturas e seus modos de abordar o mundo. Em seguida faremos uma comparação, entre a explicação evolucionista apresentada na primeira unidade letiva, e a teoria de Jean Piaget acerca do desenvolvimento da inteligência no homem. O objetivo, é que o aluno conclua: que as fases por quais passou a evolução do pensamento especulativo, longe de ser um passado histórico, continuam a ocorrer no desenvolvimento da inteligência humana - desde o nascimento até a idade adulta. Mais, além de serem estágios do desenvolvimento histórico e mental do homem, o mito e a razão constituem toda a natureza humana sendo - ambos em equilíbrio, necessários a plenitude da vida. Conteúdos: - Diferenças entre mito e filosofia (revisão) - Desenvolvimento mental do ser humano segundo Jean Piaget Boa Aula! Parte I Diferenças entre mito e filosofia (revisão) 9 Ao contrário da perspectiva comumente aceita de ruptura total entre mythos e logos, observamos que há uma ruptura somente parcial, uma mudança de atitude. Ou seja, vimos que é possível encontrar elementos que mostrem, que o pensamento filosófico teve vinculações com o mito, apesar das diferenças. Entretanto, são justamente essas diferenças, fundamentais para que ficasse caracterizado o marco especulativo que alteraria toda a história posterior do pensamento humano, a saber, o surgimento da filosofia. Vejamos, além das já trabalhadas até aqui, algumas das principais diferenças: O mito é uma narrativa cujo conteúdo não se questiona, a filosofia problematiza e, portanto, convida à discussão; No mito a inteligibilidade é dada, na filosofia ela é procurada; Na filosofia a natureza deixa de ser sagrada, ou seja, rejeita o sobrenatural e a interferência de agentes divinos na explicação dos fenômenos, no mito tudo é sagrado e nada é natural; E ainda mais: a filosofia busca a coerência interna, a definição rigorosa dos conceitos, o debate e a discussão; organiza-se em doutrina e surge, portanto, como pensamento abstrato. Parte II Desenvolvimento mental do ser humano segundo Jean Piaget Características da Pré-adolescência: Num primeiro estágio a percepção do mundo se dá através dos sentidos, ou seja, sentimos o mundo, não o pensamos, ainda. Não distinguimos o subjetivo do objetivo, ou seja, há uma indiferenciação, não percebemos com clareza a separação entre o Eu e o Mundo, temos a experiência de uma totalidade. Num segundo estágio se dá a fase do pensamento simbólico, aprendemos a representar a realidade, no sentido de que o símbolo torna presente o que está ausente. É a fase em que nos percebemos separados dos demais, descobrimos o outro e, por conseqüência, as regras de convivência. Tudo ainda no terreno da intuição. A terceira é a última fase deste período pré-adolescente, aqui, já estamos quase no terreno da reflexão, quase, pois, apesar de interiorizarmos a ação, fazemos esta operacionalização de modo concreto, ou seja, muito preso ainda a experiência imediatamente vivida. Há um confronto com a realidade e com outros modos de ver o mundo, no entanto tudo ainda é muito material, ligado a experiência imediata, vivida no dia a dia. Características da adolescência e da pós-adolescência É a fase em que atingimos o nível das operações abstratas, ou seja, além de sermos capazes de interiorizarmos a ação vivida, somos capazes de tomar distância da 10 experiência, de tal forma que podemos pensar por hipótese. É o amadurecimento do pensamento hipotético-dedutivo. É a fase da teorização, da reflexão, ou seja, da crítica da própria vivência, o que pode levar a elaboração de um projeto de vida. A capacidade de reflexão leva à organização autônoma das regras e à deliberação. Reflexão, discussão, reciprocidade, autonomia são termos que aqui aparecem entrelaçados. Se refletir é desdobrar o pensamento, é pensar duas vezes, é tematizar; é como se trouxéssemos o outro para dentro de nós, então refletir é discutir interiormente. Da mesma forma, a discussão é a exteriorização da reflexão. Ora, toda discussão exige o outro, portanto reciprocidade. Numa discussão é preciso expor os argumentos de modo coerente, com lógica, ou seja, de forma metódica se o que se pretende é mudar a opinião, ou ao menos, conquistar o respeito dos envolvidos, pois a condição do amadurecimento é a conquista da autonomia no pensar e no agir. E é esta autonomia, na teoria e na prática, que deve marcar a fase adulta de nossas vidas. Tudo isso não se faz automaticamente, mas é necessário aprendizagem. Se o adolescente não for estimulado a desenvolver a reflexão crítica, mas, ao contrário, continuar submetido ao pensamento dogmático nunca se tornará um adulto independente, continuará a achar que é o ponto de referência do mundo e que o mundo gira em torno dele, feito uma eterna criança. Parte III Posfácio Assim, encerramos nossa introdução à filosofia, cabe ressaltar que essa fundamentação filosófica é base, pré-requisito para os demais eixos investigativos. Na próxima UL nosso OG será a Filosofia do Conhecimento. Por hora, ficaremos com a apresentação de cada área. Áreas da Filosofia FILOSOFIA DO CONHECIMENTO Cada escola filosófica, ao longo da história, apresentou uma posição quanto à possibilidade de se chegar a conhecimentos verdadeiros e confiáveis. Para o dogmatismo, é possível chegar a certezas absolutas; para o ceticismo, ao contrário, não há nenhum conhecimento absolutamente certo. O relativismo, como o nome indica, afirma que o conhecimento é relativo à época e ao contexto histórico. Cada sociedade tem diferentes visões de mundo. De onde vêm os conhecimentos? Para o empirismo, por exemplo, a fonte de todo conhecimento são as sensações é por elas que se tem acesso ao mundo. Já para o racionalismo, as sensações são confusas - para conhecer a realidade, é preciso usar a razão e não os sentidos. FILOSOFIA DA CIÊNCIA Indaga sobre o conhecimento científico, seu alcance e suas peculiaridades, mostrando que a Ciência é um conhecimento que obedece à verificação e à correção 11 permanentes. Focaliza inter-relações entre as diversas ciências (físico-químicas, biológicas, lógico-matemáticas, cibernética, humanas), bem como métodos e procedimentos científicos. Atualmente, há enorme preocupação ética com relação à Ciência (clonagem, modificação genética, etc). ÉTICA E MORAL A ética aborda a consciência moral, a liberdade de escolha, a responsabilidade. Discute valores, como o bem e as virtudes, e verifica se são universais ou se variam de acordo com a época e as culturas. Exemplos: valorização da cidadania; importância da liberdade nas democracias. A moral preocupa-se com normas e regras, com códigos realmente praticados pelos indivíduos e pelos grupos que convivem em sociedade. FILOSOFIA POLÍTICA Aborda o tema do poder: por quem ele é exercido (governos, tipos de governo, distribuição dos poderes), em nome de que é exercido, se é legítimo, como se distribui pela sociedade. Põe em foco questões de cidadania, lutas e conflitos nas relações de poder, bem como o papel do estado, a evolução desse papel, o valor da democracia. ESTÉTICA Aborda a natureza da arte, o modo como se dão as expressões artísticas, o valor do belo, da harmonia e das formas. Discute se a arte deve ter como função apenas o prazer estético, ou se deve ter alguma função política. Exercícios de fixação (tarefa complementar) Obs.: A tarefa complementar visa aprofundar o entendimento do aluno acerca da aula. Não é obrigatória e nem vale nota. O aluno que quiser resolvê-la fará por vontade própria e poderá discutir suas respostas com o professor pessoalmente nos plantões de dúvidas de sua unidade. Portanto, as respostas não devem ser enviadas virtualmente, mas, sim discutidas presencialmente. Logo, o aluno que se propor a fazê-la deverá ter disponibilidade para freqüentar os plantões. 1) Quais as diferenças entre mito e filosofia? 2) Explique a oposição reflexão-imaginação . 3) De acordo com Jean Piaget, a capacidade de reflexão crítica inicia-se na adolescência, antes deste período, na fase que chamamos de pré-adolescência, nossa maneira de conhecer o mundo é, sobretudo, sensório-motora e simbólica. Com base no que vimos até aqui, faça um paralelo entre o desenvolvimento mental de uma pessoa em geral e a evolução do pensamento humano até o advento da filosofia. 12 4) Comente a seguinte afirmação: O paradoxo da situação humana reside no fato de que o homem, para poder entrar realmente no mundo, precisa sair dele . (Gerard Bornheim) 5) Você acha que todas as pessoas desenvolvem plenamente, as três fases da inteligência? Justifique sua resposta. 6) Leia e interprete de acordo com o rigor filosófico o seguinte texto: Com efeito, não se pode negar que o fetichismo, que marca nossos primeiros passos no mundo, seja eminentemente apto a desenvolver a afeição, pela crença espontânea, própria a este estado, que todos os objetos que nos cercam são suscetíveis de sentimentos e têm vontades como nós. É a crença da infância, é a crença do poeta, é a crença de todo amante apaixonado. Foi este admirável estado que a Europa, de há quatro séculos, não soube compreender, assassinando a sangue frio as pacíficas populações americanas 8 Tema:__________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ Tese:___________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ Reescrever:_____________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ 8 Barreto, L.P. Teoria das Gastralgias e das Nevroses em Geral. in: Obras Filosóficas, vol I. Editorial Grijalbo Ltda. São Paulo, 1967. p.37 13 This document was created with Win2PDF available at http://www.daneprairie.com. The unregistered version of Win2PDF is for evaluation or non-commercial use only.