Penas – Anatomia e principais penas utilizadas no atado Por: Alejandro Antúnez (Índio) Baseado em vários artigos e fontes bibliográficas mencionadas neste artigo. Introdução As penas são o mais nobre e antigo dos materiais de atado tradicionais. Sua utilização se remonta a várias centenas de anos atrás e ainda continuam sendo importantes na construção de iscas artificiais. Podemos afirmar que praticamente qualquer pena pode e já foi utilizada no atado de moscas, e que não existe material sintético que substitua uma pena natural. Existe uma enorme variedade de aves domésticas e silvestres que habitam os mais diversos lugares do planeta, dependendo da sua localização, alguns atadores têm maior ou menor acesso a este tipo de material ou acabam dependendo do comércio mundial para obter penas que precisam. Recentemente, e devido a algumas epidemias como as da febre aviária, este comércio tem sido afetado, e a disponibilidade de penas tem se reduzido drasticamente. No Brasil e na América Latina em Geral, podemos nos considerar privilegiados por ter uma alta disponibilidade e variedade deste material. O desenvolvimento da genética também melhorou muito a disponibilidade de penas de alta qualidade adaptadas a todos os tamanhos de anzóis e nas cores naturais desejadas. Um bom atador deve saber escolher e avaliar corretamente a qualidade das penas, ou as partes dela, que irá usar na construção da suas iscas. Este artigo tem como objetivo dar informação que lhe permita, primeiro; entender a estrutura de uma pena e depois; com base nesta informação básica, poder identificar e entender as principais características das penas mais utilizadas no atado de moscas. Origem e anatomia de uma pena As penas evoluíram de escamas encontradas em répteis e dinossauros. O conjunto de todas as penas de uma ave é chamado de “plumagem” e o processo de substituição das penas é conhecido como “muda”. As penas são estruturas mortas de queratina originadas a partir de papilas vivas da derme (origem mesodérmica). As penas ou plumas das aves são formadas por: Cálamo (quill) - É a ponta oca que fica enterrada na pele da ave; Raque (shaft) - É a parte central, o "eixo da pena"; Barbas (barbs) - São os "raminhos" das penas, que estão presos à raque; Bárbulas (barbules) - São as pequenas ramificações das barbas; No caso das aves aquáticas, as penas são impermeabilizadas com um óleo lubrificante produzido por uma glândula especial chamada uropigiana, localizada próxima à região da cauda. Estas aves usam seus bicos para espalhar este óleo, impermeabilizando as penas e aumentando assim sua flutuação. Cada pena cresce num tecido dérmico chamado folículo (nos mamíferos, os pêlos crescem no mesmo tecido). Alguns destes folículos têm músculos que permitem movimentar as penas, por exemplo, no caso das penas da cauda e das asas, estas podem ser ajustadas para servir de ajuda no vôo. Já as penas do corpo podem ser movimentadas individual ou grupalmente para regulara temperatura ou para exibição. Durante seu desenvolvimento, as penas são uma estrutura viva e alimentada por sangue. Quando ela atinge seu máximo crescimento, ela se converte numa estrutura morta sem células vivas e não recebe nada do corpo além do suporte físico. Finalmente quando ela fica muito deteriorada pelo uso, acaba caindo e é substituída por outra pena que nasce no mesmo folículo. Uma pena típica de contorno1 é formada por um eixo central ou “raque” e a “vela” (vane). A extremidade descoberta é chamada de “cálamo” (quill ou calamus). A extremidade pontuda do cálamo chama-se de “umbigo inferior”, é através de este umbigo que a pena recebe a alimentação durante a fase de crescimento. A “vela” é formada por várias “barbas” (ou rami). As “barbas” são os filamentos localizados a ambos os lados da raque, levemente inclinados para acima mas paralelos entre si, que chegam até a ponta da pena. Normalmente existem varias centenas de “barbas” numa pena. Elas mantidas juntas por pequenas “bárbulas” ou barbelas (ou ramii). Existem ganchos microscópicos chamados de “barbicelas” (ou hamuli) que mantêm as “barbas” juntas no seu lugar. Você poderá observar que as aves usam freqüentemente seus bicos para mexer nas penas, ativando estes ganchos microscópicos para manter a estrutura das mesmas. 1 As penas de contorno são um dos tipos de penas que veremos no seguinte tópico “Tipos de Penas” Tipos de penas Considerando sua estrutura, existem basicamente dois tipos de penas a partir dos quais se derivam todo o resto: Penáceas e as plúmulas. As penáceas incluem todas aquelas penas que tem uma estrutura bem definida e barbas que se estendem a ambos os lados da raque. As penas de “contorno” e de “vôo” são geralmente tipificadas como penáceas. Penácea Plúmulas As plúmulas são basicamente um tufo de plumas, também chamado de “penugem”. As bárbulas não possuem barbicelas ou ganchos que possam manter a estrutura. Os filhotes de muitas aves estão inicialmente recobertos deste tipo de plumas, quando jovens eles começam a desenvolver algumas penas com raques. A maioria das penas pertence a um dos tipos de penas descritos anteriormente. Mas existem alguns tipos de penas que são únicas: filoplumas, cerdas (bristles) e semiplumas. Filopluma: Penas pequenas similares a cabelos com algumas barbas no extremo superior. Elas têm uma função sensorial ou táctil e estão distribuídas entre as penas de contorno. Cerda (Bristle): São penas de contorno modificadas. A raque e afiada, não possuem uma vela e têm algumas barbas na base. Elas estão presentes ao redor dos olhos, narinas e boca. Semipluma: Estas penas fornecem formato ao corpo da ave, aerodinâmica e isolamento térmico. Elas também têm um papel importante durante o cortejo. Elas possuem longas raques, mas as barbas são soltas, similares as plúmulas. Desde perspectiva do atador, é mais relevante classificar e simplificar os tipos de penas segundo sua posição no corpo da ave. Penas de contorno (tetrizes): Elas cobrem o corpo da ave. Elas ficam encaixadas umas nas outras, e formam uma camada isolante e impermeável ao redor do corpo. Elas podem ficar eretas graças aos músculos dos folículos ajudando a regular a profundidade d camada protetora. Elas são tipicamente largas, finas e com uma curvatura em direção da pele. Elas são geralmente uma combinação de penáceas/plúmulas. Elas ajudam a formatação aerodinâmica do corpo e em algumas espécies elas podem ter sido modificadas para cumprir um papel de exibição com a finalidade de intimidar ou de atrair um parceiro(a) para acasalar. Penas de vôo: Incluem as penas da cauda (rectrizes) e a das asas (rêmiges), assim como as penas adjacentes que cobrem parte da superfície superior e inferior da ave. Penas da cauda (rectizes): Elas funcionam como leme e estabilizador durante o vôo, assim como freio de ar quando a ave aterrissa. As penas d cauda são geralmente largas, pontudas e assimétricas. São em grande parte penáceas e ao possuem uma camada inferior. Em geral a cauda está composta por 10 a 12 penas (alguns faisões tem até 24) acomodadas num formato de leque. Elas ficam ligeiramente sobrepostas por uma das bordas. As penas mais externas são mais pontudas, convexas e estreitas do que Fonte: “Como são e para que servem as penas as penas do meio, que são mais simétricas. das aves?” http://www.ibb.unesp.br Existem algumas exceções, como no caso do pavão que utiliza estas penas com a finalidade de se exibir para a fêmea. Revisão das principais penas utilizadas no atado de moscas A continuação faremos uma rápida revisão das penas mais relevantes utilizadas no atado de moscas. Dada a amplia variedade de aves e penas existentes, esta não pretende ser uma lista exaustiva e sim uma breve referência, a lista está organizada por ave e a cada uma delas as principais penas e sua utilização. 1.- Penas de galos (rooster) e galinhas (hen) As principais penas fornecem estas aves são as que denominamos de colar (hackle). Elas vêm do pescoço de galos ou galinhas e são geralmente “enroladas” ao redor do anzol para que as barbas fiquem numa espiral, com um ângulo de 90º em relação à haste. Algumas vezes ela é atada ao longo de toda a haste (palmered), ou formando um “colar” próximo das asas e também é atada embaixo da haste, justo atrás da cabeça, formando uma “barba” ou “garganta”. Os colares representam normalmente as pernas e asas dos insetos naturais. No caso das moscas secas elas ajudam a dar flutuação à isca. Penas de galo (Rooster hackle): São penas muito utilizadas no atado de moscas. Elas podem ser tiradas do pescoço do galo (Neck hackle) ou das costas do galo (Saddle hackle2). Esta pena não tem microfibras (web em inglês), o que permite montar colares com as barbas perfeitamente entendidas e separadas entre si. Existem muitas diferentes qualidades, que podemos dividir em duas grandes categorias: – – As de origem doméstico, originárias da criação de galos nas fazendas. Estas penas têm geralmente microfibras (web), e são ideais para o atado de moscas molhadas. As geneticamente modificadas, as aves são criadas com o único objetivo de fornecer penas para moscas secas. São penas longas, com fibras rígidas, a menor quantidade possível de microfibras, nas cores ideais. As cores mais freqüentemente utilizadas são a marrom (brown), preto (black), crema (cream), listrado (grizzly), branco (white) e uma combinação de marrom e crema (chamada de badger em inglês). a) Penas do pescoço de galo (Rooster Neck hackle): São penas côncavas e convexas. A face externa (convexa) é brilhante enquanto a face interna (côncava) é opaca. As fibras em geral são bastante uniformes no comprimento o que as torna ideais para atar moscas secas. Os usos das penas de um pescoço de galo podem ser divididos em três setores: Da parte inferior da pele que corresponde à parte superior do pescoço da ave viva, podem-se tirar as penas para atar os colares das moscas secas No setor central da capa, podemos obter as penas para atar colares ou para as asas dos streamers Nas laterais, as penas chamadas de espadas (spades) que são ideais para as caudas das moscas secas. As penas maiores, que podem ser utilizadas nas asas dos streamers. Os pescoços de galos genéticos se classificam em grados (grades) de acordo com a quantidade de moscas que podem ser atadas com cada pele. Sendo que o grau #1 é o que oferece a maior quantidade de penas. 2 Você observará que o termo inglês “hackle” pode ser utilizado em duas situações. A primeira é para se referir à pena de galo e a segunda para se referir ao “colar” típico na construção das moscas secas. b) Penas das costas do galo (Saddle hackle): São penas alongadas e achatadas. Ao contrário das penas do pescoço elas não têm um tamanho uniforme, sendo que as fibras das penas são maiores na base e mais curtas na extremidade. Na base, (que corresponde à parte mais próxima do pescoço do galo) estão as penas menos desenvolvidas. São utilizadas para colares de streamers e se elas estão livres de microfibras, também podem ser utilizadas nas caudas das moscas secas. No setor médio e superior, as penas são mais alongadas (elas ficam penduradas nas laterais do galo vivo) e são utilizadas para atar os colares montados em formato “palmer” nas moscas Woolly Worm e/ou Woolly Bugger. Elas também podem ser utilizadas nas asas de streamers, especialmente nas moscas para Traíras e Dourados. Nestes casos elas não são utilizadas no colar, são atadas desde a base deixando livre o resto da pena. Os Saddle hackles genéticos são muito procurados para atar moscas secas porque eles têm a raque muito fina e praticamente não criam protuberâncias na base do colar. Penas de galinha (Hen hackle): As penas de galinha são superiores a dos galos para o atado de moscas molhadas, ninfas e streamers. As penas são mais macias (dão maior sensação de movimento na água) têm mais microfibras (webbing), portanto absorve água mais facilidade o que ajuda à mosca a afundar rapidamente. Finalmente, elas são bem mais baratas do que as penas de galo. Quando compre colares de galinha procure por penas longas e brilhantes com fibras uniformes e do mesmo comprimento ao longo da raque. O numero e qualidade das penas utilizáveis definirá o grau (grade) do pescoço e conseqüentemente o preço. Penas de galinha Índia (Indian Hen hackle): Estas penas são extremamente macias, motejadas, e com cores variadas: Creme, diferentes tons de marrons, cinza e pretos. É uma excelente opção para o atado de moscas com colares macios (soft-hackle). Também são excelentes para ser usadas no atado de caudas, gargantas e pernas de ninfas. No caso dos Sculpins (imitações de peixes pequenos e alevinos) elas são utilizadas para imitar nadadeiras. Utiliza-se também para imitaras as garras dos crustáceos. 2.- Faisão (pheasant) O Faisão é outra ave fantástica em termos de plumagem e fornece uma grande variedade de penas do corpo, pescoço, cresta e cauda, com intrincados desenhos e coloração. As espécies de faisão mais importantes em termos de plumagem são: Faisão dourado (Golden Pheasant), Faisão coleira (Ringneck) e o Lady Amherst. Cauda de faisão (Pheasant tail): As penas centrais da cauda do faisão são as mais úteis para o atador de ninfas. As longas barbas das penas da cauda são utilizadas na construção de caudas, pernas e corpos. A ninfa mais conhecida no mundo da pesca com mosca leva o mesmo nome desta pena; Pheasant Tail. Cabeça do Faisão dourado (Pheasant tail): As crestas com uma cor amarela intensa, são muito utilizadas no atado de moscas clássicas para salmão e outros streamers. As penas do colar, são muito utilizadas para atar as caudas de algumas moscas como as Truders e as Coachmans. Plumagem inteira ou “capa” (Ringneck Pheasant Patch): Muitas vezes, você tem a opção de comprar a plumagem inteira destas e outras aves (em inglês são chamados de patch ou skin). Esta é uma boa opção, pois poderá ter acesso a toda a variedade de penas e plumas, isto é particularmente válido no caso dos faisões, a qualidade da plumagem desta ave é simplesmente fantástica! 3.- Peru (turkey) Penas da cauda e asas (quil e tails): O par de penas de peru chamadas às vezes de oak turkey ou motled turkey são utilizadas no atado das iscas Muddler Minnow,gafanhotos e caddis secas. Marabu (marabou): O nome vem do parecido destas plumas com as penas do pescoço da ave Africana: Cegonha Marabu. As utilizadas atualmente vêm geralmente do peru doméstico. Têm formato triangular, algumas delas não tem uma raque e são suaves e leves. No contato com a água elas conseguem dar uma impressão de movimento imitando o nado de alevinos ou as guelras de ninfas, dando em geral um toque de vida na isca. É muito utilizada no atado de streamers (Marabou Streamer, Woolly Bugger, etc.) y de muddlers (Marabou Muddler). Biots: Os corpos feitos com biots são relativamente novos no atado. Os biots são fibras (barbas) das penas das asas primarias do ganso ou peru. O uso original destas fibras era na construção de caudas, antenas e pernas das stoneflies. Mas logo depois se descobriu que é um excelente material para a construção de corpos. A diferença do quill, estas fibras têm um formato cônico que, quando enroladas no anzol, criam corpos com uma excelente segmentação e realismo dado que os tamanhos dos segmentos crescem na medida em que o biot é enrolado. Elas também têm uma maior durabilidade do que o quill. Os biots de peru são mais cumpridos do que os de ganso. Turkey flats: Estas penas vêm das costas do peru. A principal característica desta pena é que as pontas superiores são planas. “Ideais para atar o “poste” de moscas secas no padrão pára-quedas (parachute) e também para atar as asas das moscas do padrão “thorax”. Elas vêm tingidas uma grade variedade de cores. 4.- Pavão (Peacock): O Pavão é também uma ave fantástica em relação à plumagem, pois fornece uma enorme variedade de penas em cores metalizadas. Falando exclusivamente da cauda do pavão, existem três tipos de penas que devemos conhecer: Herl (strung): São longas fibras que correspondem as “barbas” das penas da cauda. As bárbulas são verde escura com destelho metálico e torna-solados. Normalmente ela é atada na forma de um cordão onde varias fibras transadas entre são enroscadas no anzol para formar o corpo do inseto. Ela também pode ser atada solta, para imitar as laterais dos alevinos em streamers e bucktails. Olho (eye): Vem da cauda do pavão macho. As fibras (“barbas”) próximas ao “olho” são de uma cor verde iridescente com um tom de bronze. A porção do “Olho” está formada por uma série de círculos com cores que vão do verde, bronze, azul e púrpura. Espada (sword): São as penas laterais da cauda do pavão, com fibras (barbas) separadas, localizadas num único lado da raque. A cor das fibras vá do verde ao azul metálico. 5.- Pato (duck): Os diversos tipos de patos brindam uma enorme opção de penas para o atado. Aqui revisaremos rapidamente algumas delas Duck Quills: Este é um dos matériais mais clássicos no atado de moscas e já formou parte da receita de moscas famosas como a Leadwing Coachman. Também é utilizada no atado das asas de algumas moscas secas (Royal Coachman). Geralmente são utilizadas pequenas seções transversais para imitar asas. Também fornecem pequenos biots para atar pernas e caudas. Elas são sempre comercializadas aos “pares” (simétricos) e podem ser tingidas num grande variedade de cores. Mallard flank: Estas penas vem dos flancos laterais do corpo do pato Mallard. São naturalmente listradas em preto e branco, mas podem ser tingidas em diversas cores (Quando tingidas na cor amarelo-limão ela imita a pena do pato Wooduck que são bastante raras e caras) . As barbas são utilizadas para imitar pernas de ninfas, caudas, caixas e sãs de moscas secas. Woodduck flank: Muitas das mais famosas moscas secas e molhadas utilizam as penas deste pato. Elas têm um tom amarelado que imita as cores de muitos insetos naturais como os Pale Morning Duns, Pale Evening Duns e Sulfurs. São essenciais no atado das moscas secas no padrão Catskill. Cul ou Croupion de Canard (CDC): O Uso das penas CDC no atado é relativamente recente no continente Americano, mas ele já é utilizado ha décadas na Europa. São penas de patos que provêm de uma área próxima a uma glândula que produz um óleo que estas aves utilizam para impermeabilizar a plumagem. Na sua forma natural, esta pena fornece uma excelente flutuabilidade o que a torna ideal para o atado de moscas secas e emergentes. Ela também fornece uma ação e movimento similar ao marabou. Sua estrutura natural permite reter pequenas bolhas de ar entre a intrincada estrutura de “barbas” e “bárbulas”. Funciona muito bem no atado das asas de Compara Duns (utiliza-se tipicamente pêlos de cervo) dado que requer uma menor quantidade de material. Também pode ser utilizada para imitar is exoesqueletos (shucks) das caddis, colares, asas de spinners e corpos de moscas secas e emergentes. 6.- Perdiz (Partridge): Perdiz Húngara (Hungrian Partridge): A perdiz é um velho parente dos faisões. Estas aves fornecem as melhores penas para atado de soft-hackles e ninfas. Devido a seu padrão de cores e desenhos elas dão um aspecto mais natural às iscas. As penas de perdizes são também materiais clássicos o atado de iscas artificiais, devido a sua qualidade ela tem passado o teste do tempo e ainda é muito utilizada por atadores. Evite comprar os pacotes com penas avulsas e compre uma “capa” ou ”pele” inteira. Para poder aproveitar a variedade de tamanho, cores e desenhos destas penas. As peles podem vir já tingidas em diversas cores: Verde oliva, marrom, gengibre e amarelo. 7.- Outras penas Existe uma infinidade de outras penas que por motivos de espaço não temos descrito neste artigo. Podemos afirmar que praticamente toda pena terá uma utilidade no atado de moscas. A prática constante e o contato com diferentes tipos de matérias nos permitem identificar substitutos, materiais que possam desempenhar uma melhor função similar ou superior à original. Galinha de Angola (Guinea): Estas penas são pretas com pontos brancos, é muito utilizada no atado de soft hackles. Como a maioria das penas, elas também podem ser tingidas para substituir penas de outras aves raras (por exemplo, o blue jay da Europa) que eram utilizadas na confecção de moscas para a pesca de salmão. Elas também são muito utilizadas nas gargantas e nos colares de moscas para steelhead. Penas de avestruz (Ostrich): Correspondem as penas da cauda da avestruz. As cores naturais são: Preto, cinza e branco. As penas brancas são tingidas fornecendo uma enorme variedade de outras cores. As penas mais curtas do corpo fornecem bárbulas muito pequenas e são chamadas de miniavestruz (mini ostrich). Colares macios (Soft hackle): Muitas penas do corpo e asas dos pássaros como a perdiz, tetraz, estorninho e a narceja produzem penas perfeitas de colares para moscas molhadas com colares macios. É sempre recomendável comprar a pele completa de estas aves no lugar dos pacotes com penas individuais, pois as peles fornecem penas de diferentes tamanhos, cores e desenhos. É bom ter pelo menos uma pele de perdiz, e se possível uma de estorninho, elas fornecerão todas as penas que você precisa para atar colares de moscas molhadas. a) Tetraz (Grouse): O tetraz tem penas motejadas combinando as cores laranja, pele (tan) e preto. A maioria das penas são grandes. O pato woodduck tem penas similares e menores. O pato woodduck também fornece as penas dos flancos (flank) na com gengibre (ginger). b) O pescoço da galinha da índia (Indian neck): As penas do pescoço e do lombo são usadas no atado de moscas de colares macios, assim como as pernas de ninfas e asas de Matukas. Elas são motejadas em tons de cinza e/ou marrom. c) Estorninho (starling): Estas aves têm penas iridescentes em cores verdes e pretas com as pontas em cor creme. Elas são indicadas para moscas pequenas. d) Perdiz francesa (chukar): Estas perdizes têm as penas dos flancos bastante grandes com barras em diferentes cores. As penas do corpo são todas marrons e algumas na cor cinza (dun). Estas penas são utilizadas no atado de moscas para salmão. Conclusões e recomendações Quanto mais o atador conheça os materiais que tem a disposição, maior será sua habilidade de obter os resultados desejados. Nunca aceite como verdade o que está escrito ou que lhe é dito sem pesquisar e experimentar pessoalmente. Tome seu tempo para olhar para os materiais, observe o com cuidado, sinta-os na sua mão e veja como eles se comportam quando atados. As penas em particular, é um dos materiais mais tradicionais no atado das moscas. Tome este artigo como simplesmente um ponto de partida para iniciar sua própria jornada de descobrimento da infinidade de penas existentes e da sua utilidade no atado de iscas artificiais. Lembre que a mosca que está atada no extremo do seu tippet é o resultado de um acúmulo de experiência, é o ponto de contato entre você e o peixe, e é ela em ultima instância que irá capturar a atenção dele e provocar uma fisgada. Bibliografia e Fontes de Consulta: “The nature of feather construction” http://www.globalflyfisher.com “Bird Feather Type, Anatomy, Growth, Color and Molting”, Vetenerary Services Department, Drs Foster & Simth Inc http://www.peteducation.com “Como são e para que servem as penas das aves?” http://www.ibb.unesp.br Artigo “Choosing the rigth thread” Por: Scott Sanchez, publicada na revista e no site da “Flyfisherman” http://www.flyfisherman.com “Fly Tying Methods”, Darrel Martin's São Paulo, Novembro de 2011