ANÁLISE DAS DIMENSÕES DE CORPO NAS DISCIPLINAS DOS
CURRÍCULOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DE PEDAGOGIA (ÍNDICES
E ABORDAGENS DE ENSINO DA CORPOREIDADE NA FORMAÇÃO
DOS PROFESSORES)1
FONSACA, Josiane - PUCPR
[email protected]
CARVALHO, Daisy da Silva - PUCPR
[email protected]
Eixo Temático: Cultura, Currículo e Saberes.
Agência Financiadora: Não contou com financiamento.
Resumo
Este artigo traz uma breve análise sobre o currículo dos cursos de Educação Física e de
Pedagogia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, no que tange a abrangência das
disciplinas desses cursos na abordagem do corpo, qual a carga horária trabalhada e qual o
enfoque dado a esse conteúdo, tema considerado essencial para a formação do professor que
será o principal ator na construção da cultura corporal nas escolas de Educação Básica,
considerando que essa expressão cultural do corpo deve ser trabalhada de forma crítica e em
diferentes linguagens do ambiente escolar. As abordagens ao qual foi dada ênfase foram:
motoras, biológicas, sociais, históricas e culturais. A partir da análise por categorias, foi
identificado que os currículos desses cursos trabalham na mesma porcentagem o aspecto
social, histórico e cultural, e se diferem apenas no que tange o tratamento dado aos aspectos
biológicos e motores, e na carga horária destinada a cada curso. Considera-se que os dois
cursos deveriam tratar por igual à questão dos ensinamentos da cultural do corpo, já que
ambos formam profissionais que irão atuar com as crianças e ou adolescentes na principal
fase de desenvolvimento dos movimentos corporais, que farão parte de toda a sua vida, ou
seja, tornando-se um ser humano capaz de agir, criar e modificar seu meio social, através do
conhecimento e domínio do seu corpo como tal.
Palavras chave: Currículo. Corpo. Abordagens Corporais. Formação Do Professor.
1
Artigo do Trabalho de Conclusão de Curso do Curso de Licenciatura em Educação Física da PUCPR
apresentado para o PA de Seminário do Trabalho de Conclusão de Curso sob supervisão do Prof. Dr. Rodrigo
Siqueira Reis
6465
Introdução
Analisar o Currículo dos Cursos de Educação Física e de Pedagogia da Pontifícia
Universidade Católica do Paraná, na tentativa de identificar quais e quantas são as disciplinas
que abordam o corpo no seu contexto. Comparar e analisar a carga horária, sua abordagem
corporal, nos aspectos motor, biológico, histórico, cultural e social. A partir dessa análise,
estabelecer uma discussão acerca do lugar do corpo no espaço escolar e como se dá a
formação do educador responsável por trabalhar e desenvolver na criança esse conhecimento
tão necessário para todo o seu desenvolvimento sócio-humano.
Para Vargas (1998), o corpo como fonte de significações, possui atitudes e
sentimentos próprios que proporcionam a expressão corporal, a realização dos gestos e
movimentos. Adota os gestos como forma de comunicação não verbal.
Este artigo apresenta uma análise da importância de se oferecer um currículo
estruturado de forma a favorecer a formação de professores tanto no curso de Educação Física
como no curso de Pedagogia, com capacidade e consciência da sua atuação perante a
formação cultural do educando como um todo. Considerando que são esses os cursos que
formam os profissionais que irão atuar diretamente com crianças e adolescentes na fase
principal da construção da cultura corporal, para tanto se faz necessário que tais profissionais
tenham um amplo conhecimento sobre o corpo, suas diversidades, características e
necessidades, conseguindo assim formar no educando a consciência do autoconhecimento e
capacidade de fazer de seu corpo seu principal aliado para o desenvolvimento como um todo
no cognitivo, afetivo, social e motor.
Segundo Sborquia e Gallardo (2002, p.277), a competência do professor consiste no
fato deste ser capaz de levar a criança a vivenciar a cultura corporal, sem que ela apenas
reproduza movimentos codificados e padronizados.
Este estudo vem de encontro com a necessidade de se identificar como é abordado o
corpo dentro dos currículos de Educação Física e de Pedagogia, e assim conhecer de que
forma este tema é ou pelo menos deveria ser trabalhado no ambiente escolar.
O Corpo E Seus Aspectos Motor, Biológico, Social, Histórico E Cultural.
6466
O ser humano utiliza-se do movimento para se comunicar e interagir no seu meio
social. Esses movimentos variam conforme a disposição física e mental da pessoa naquele
determinado momento e / ou situação.
Segundo Gallahue e Donnely (2008), as crianças se tornam habilidosas e ávidas
conhecedoras quando suas experiências de educação física têm como base o desenvolvimento
da habilidade motora através do aprendizado do conceito de movimento. Sendo que essa
aquisição dessas habilidades depende não somente da disposição do próprio indivíduo, mas
principalmente do que e de que forma é lhe transmitido esse conhecimento de suas
capacidades físico-motoras.
É de conhecimento de todos que o desenvolvimento motor é um processo contínuo e
moroso, que acontece não somente na primeira infância, mas é claro que é nesse período que
o conhecimento se torna mais crucial e efetivo, mas para que o organismo atinja sua
maturidade demora um pouco mais perdura pela adolescência atingindo até o início a idade
adulta. Para Pellegrini et al (1992), o desenvolvimento motor consiste em uma série de
mudanças que ocorrem ao longo do ciclo vital em termos do movimento de partes do corpo
ou de todo o corpo no espaço.
Conforme o indivíduo vai adquirindo experiência no decorrer da sua vivência, vai
sofrendo influências ambientais e sociais, seu desenvolvimento motor vai adquirindo novos e
mais elaborados movimentos que varia de individuo para individuo, e de acordo com essa
vivência da cultura corporal é que se definirá como será este ou aquele ser humano, com suas
características, capacidades e limitações no aspecto motor do seu corpo. A maneira como for
trabalhado a motricidade com a criança, isso influenciará no seu desenvolvimento como um
todo.Essas habilidades motoras são fundamentais para o seu ciclo vital. Haywood; Getchell
(2004) afirmam que o desenvolvimento motor é um componente do desenvolvimento geral do
ser humano, e é comumente definido como as alterações do comportamento motor através do
ciclo da vida, que tem como resultado a integração entre os componentes genéticos e
ambientais.
O desenvolvimento motor acontece com a qualidade na execução das atividades
motoras pelas quais a criança vivenciou. As oportunidades motoras devem ser proporcionadas
indiscriminadamente para que as crianças explorem as habilidades motoras que são de
fundamental importância para o ciclo vital. Isso pode ser atingido uma vez que se ofereçam
6467
para elas situações para a prática com possibilidades de vivências variadas de movimentos
corporais (MANOEL et al 1988).
Atualmente a sociedade impõe no individuo valores consumistas, a mídia expõe a
valorização do corpo como fator indispensável para o sucesso pessoal, profissional e social do
ser humano. O ambiente social como um todo interfere direta e indiretamente no
comportamento do homem moderno, suas ações e pensamentos são pautados em modismo,
senso comum, novidades, enfim, o que está na mídia é o ponto alto do momento. Com isso o
ser humano perde sua essência e vivi conforme regras criadas pela maioria. Stransburguer
(1999) afirma que, a televisão influência as percepções do comportamento social e a realidade
social do espectador, contribuem para as normas culturais e transmite mensagens envolvendo
comportamentos vulgares.
Verderi (1998) afirma que,
a educação
que buscamos deve possibilitar
autoconhecimento, compreensão de si mesmo e de seu mundo, prazer, contato com o lúdico e
desenvolvimento de uma consciência crítica, favorecendo e incentivando o aluno a manifestar
suas idéias através de um agir pedagógico coerente.
O culto pelo corpo leva as pessoas à não se preocupar com as conseqüências e
possíveis riscos, tendo em mente apenas o resultado final desejado, seja qual for o sacrifício
necessário a ser feito. Tudo isso é conseqüência da falta de conhecimento que as pessoas tem
de seu próprio corpo, cada pessoa é diferente, nunca um corpo reage igualmente a outro
quando se faz um determinado exercício, cada um tem seu tempo, suas limitações e reage de
forma diferente a ações realizadas.
Para Soares (2004), reconstruir o corpo com a ajuda dos avanços tecnológicos e
científicos – cosméticos, cirurgias, uso de próteses, ginástica, regimes, etc. – para ganhar mais
saúde e juventude não deixa de ser uma promessa fascinante a diversas épocas da civilização,
mas foi na atual que ela conseguiu conquistar um espaço inédito na mídia e uma banalização
importante no cotidiano, tanto das grandes quanto das pequenas cidades.
O currículo dos cursos de Educação Física e de Pedagogia, que são os cursos
responsáveis pela formação de professores que irão atuar com crianças e adolescentes na
principal fase formadora de habilidades e conhecimentos, deve oportunizar a esse profissional
conteúdo suficiente e adequado para que ele torne-se um mediador do conhecimento
pedagógico da cultura corporal inserida na prática escolar, fazendo com que o aluno conheça
e desenvolva seus movimentos corporais de forma a beneficiar-se no seu convívio social,
6468
tornando – o um individuo capaz de pensar, agir e tomar decisões na sua vida prática, sabendo
diferenciar o que é bom e adaptável ao seu corpo e o que não serve para ele.
O corpo humano é infinitamente mutável, ou seja, com o passar dos tempos vai
sofrendo transformações, que ocorrem por vontade própria do homem e /ou quase sempre
involuntariamente, é um processo que transcorre devido à passagem do tempo. Atualmente
existem inúmeros processos que buscam retardar esse envelhecimento do corpo, e é ai que as
pessoas por falta de conhecimento e utilização errada do seu próprio corpo buscam por saídas
milagrosas que muitas vezes não trazem o resultado esperado.
A Educação Física inserida no ambiente escolar de forma concreta, prática e correta,
trabalhando a cultura do corpo de forma a levar o aluno a se auto conhecer, respeitar seu
corpo tal como ele é, certamente o tornará uma pessoa muito mais capaz de agir e fazer
escolhas para sua vida de forma a não atropelar suas capacidades e limitações, e assim
conseguir viver com mais saúde e capacidade para transcorrer toda a sua história de vida sem
maiores traumas.
Para Pereira (1988) “o exercício físico, a atividade corporal, é o meio de interação do
ser humano com a natureza, com as outras pessoas, enfim, com a vida”.
A cultura em si varia de região para região, onde é repassada de geração para geração.
E aí é que entra a importância de ser ter uma formação da cultural corporal de forma
consistente e inserida na prática escolar, pois a criança de hoje será o adulto de amanhã o qual
será o responsável pela transmissão dessa cultura e se estiver consciente da importância de
conhecer seu corpo e explorá-lo de forma correta, certamente terá a preocupação em
transmitir tal conhecimento aos demais.
As Necessidades Corporais Da Criança Na Fase Escolar
É quando criança que o ser humano está mais receptivo a adquirir conhecimentos
novos, desenvolver habilidades e conhecer a si próprio e o mundo que a rodeia. Dessa forma o
desenvolvimento motor torna-se mais natural e espontâneo. Suas reações, postura, gestos,
expressões e idéias estão se formando, e conforme for suas experiência com os movimentos
corporais, seus conhecimentos e conscientização do seu próprio corpo, capacidade,
habilidades, limitações e necessidades, certamente se tornará um adulto mais seguro.
6469
Segundo Borges (1987), os movimentos fundamentais são um aperfeiçoamento da fase
dos movimentos rudimentares, representam o tempo (período) no qual, as crianças estão
envolvidas, ativamente, experimentação e exploração das suas capacidades motoras.
As habilidades motoras que farão parte da formação da criança ao longo de sua vida
devem ser bem desenvolvidas na fase escolar, com atividades motoras inseridas em diferentes
ambientes do espaço escolar. Se essas habilidades não forem trabalhadas de forma correta,
poderá nunca mais ser atingida de forma plena, ficando assim a criança prejudicada no seu
desenvolvimento motor.
Conforme Fabri (2008), uma boa forma educacional contribuirá para o
desenvolvimento moral, em que se assumem responsabilidades perante a sociedade (trabalho)
e perante si mesmo (amizade, amor, vida familiar).
O professor deve ter consciência de que a sua aula não pode se reduzir a mera
teorização, repetição, usando um modelo pronto de atividades pré estabelecidas, mas sim
partir da realidade do educando, elaborar atividades que tragam melhoria dos movimentos
desse aluno, sem deixar de considerar seu cotidiano necessidades.
Segundo Soares et. al, (1992. p. 42) a reflexão da cultura corporal, a expressão
corporal é uma linguagem, um conhecimento universal, patrimônio da humanidade que
igualmente precisa ser transmitido e assimilado pelos alunos na escola.
É durante a fase escolar que a criança aprende a conhecer seu corpo e estabelece uma
relação de convivência e utilização de corpo, com suas características, habilidades,
deficiências e necessidades, e ao longo de toda a sua vida vai evoluindo conforme vai se
descobrindo e se adaptando ao seu meio. Dessa forma tudo o que a criança aprendeu ou
deixou de aprender sobre sua cultura corporal vai certamente interferir direta ou indiretamente
na sua convivência social.
Deve se oportunizar ao educando, uma cultural corporal inserida na sua vida diária, ou
seja, levá - lo a entender que esse conhecimento será útil para muitos momentos de sua vida,
conhecer seu corpo, suas características, necessidades e limitações, para assim saber como,
quando, de que forma agir em determinadas situações.
Formação Do Docente: Educadores Em Geral E O Professor De Educação Física.
Segundo Zabala (1998 apud DARIDO 2001), ao longo deste século podemos
encontrar propostas e experiências que rompem com a organização dos conteúdos centrados
6470
exclusivamente nas disciplinas escolares. Estas novas formas de organização buscam
estabelecer relações entre os conteúdos de diversas maneiras, de tal modo que os alunos
passem a compreender a realidade, que sempre se manifesta globalmente.
Discute-se muito sobre o que se contemplar nos currículos de formação de professores
de Educação Física, de forma que sejam abordadas as diversas áreas que venham agregar
conhecimento e propiciar para o educando o seu desenvolvimento como um todo.
Educação não se remete apenas à transmissão de conhecimentos formais, previamente
elaborados, que vem de mão única, de cima para baixo, mas sim uma troca de experiências,
de histórias de vida, de sentimentos, sensações, que leva a construção do conhecimento
desejado. Pois como já sabemos, todas as crianças têm uma experiência de vida, uma história,
um convívio social que faz com que ela seja um ser detentor de algum conhecimento que deve
ser respeitado e usado como ponto de partida para a construção do conhecimento formal. O
corpo que brinca e aprende: manifestações lúdicas; potencial expressivo do corpo;
desenvolvimento corporal e construção da saúde; relação do corpo com o mundo do trabalho
(DCN’s, 2006, p.11).
Darido (2001) afirma que, atualmente entende-se a educação física escolar como uma
disciplina que introduz e integra o aluno na cultura corporal, formando o cidadão que vai
produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir dos jogos, dos
esportes, das danças, das lutas e das ginásticas em benefício do exercício crítico da cidadania
e da melhoria da qualidade de vida.
É na fase escolar que se estrutura a capacidade do ser humano de agir, tomar decisões
e ter ciência do seu papel na sociedade. Sendo assim o papel do professor é fundamental nessa
etapa da vida da criança. Esse professor deve estar preparado para trabalhar com esses seres
tão frágeis, inocentes, sedentos por novidades, ágeis, criativos, ávidos e capazes. Por isso a
formação do profissional da educação é um fator de extrema importância, e deve estar focado
no principal interessado – o aluno, pois será ele quem sentirá na pele como foi a formação de
seu professor.
Segundo Volpi (2006), a formação do professor é um processo continuo complexo e
em construção, no qual a identidade pessoal e profissional se constrói com o um processo
permanente que ocorre de forma ininterrupta.
O professor deve estar em constante busca do conhecimento, renovando seu saber,
atualizando-se, pois as informações mudam diariamente, os meios de comunicação (TV,
6471
jornal, revistas, internet, etc.) produzem informações muito rapidamente e o acesso a elas hoje
em dia é muito maior, a facilidade e rapidez com que essas informações são processadas é
inacreditável. Para tanto, o professor deve estar atento para não perder espaço e conseguir
transmitir não somente conhecimentos, mas principalmente confiança aos seus educando.
Machado (2002), afirma que: ser professor é mais do que ensinar, é preciso gostar de
aprender, o que implica compreender que a formação científica, cultural e política não param,
mas continuam. É necessário que o professor esteja atento não só aos estudos de sua área
específica, mas que esteja aberto aos conhecimentos propostos por novos campos.
O professor deve ser capaz de relacionar seus conteúdos didáticos com a vida
cotidiana dos alunos, pois essa ponte faz com que os alunos assimilem com muito mais
facilidade os conteúdos. Buscando sempre estabelecer uma relação com as experiências de
vida com os saberes formais, curriculares. Não parece fácil para o professor ser o mediador
entre a vida cotidiana e o que o currículo estabelece, mas se ele (o professor) buscar essa
articulação através da formação continua e estabelecer um relacionamento de construtor do
saber e não apenas de transmissor, certamente ficará muito mais fácil e produtivo o seu
trabalho de educador. De acordo com Mello (2001), o professor como todos os profissionais
precisa fazer ajustes permanentes nas suas ações.
A rapidez com que as coisas mudam, as necessidades, as habilidades, os desejos,
enfim, a sociedade está em constante mudança, e como em todas as áreas a educação
principalmente deve estar atualizada, e assim o docente deve ser bem informado, atualizado,
ser capaz de lidar com situações que podem ser fundamentais para seu dia-a-dia. E assim
conseguir com que seus alunos utilizem desse cotidiano mutável para construir seu
conhecimento, o qual será usado ao longo de sua vida. O professor que irá atuar com a
Educação Física na escola, deve estar ciente de sua participação fundamental na formação
dessas crianças que passarão pelas suas mãos.
Ter uma formação adequada e compatível com as suas funções como educador da área
de educação física é de extrema importância, pois somente tendo a oportunidade durante sua
formação acadêmica de apreender conteúdos curriculares que o conduzam a esse
conhecimento é que o tornará um educador capaz de conduzir seus alunos as verdadeiras
culturas corporais, a que se destina a educação física escolar. Gonçalves (1997) afirma que, a
educação física com o ato educativo relaciona - se diretamente a corporalidade e ao
movimento do ser humano.
6472
A Educação Física deve estar inserida de forma interdisciplinar nos diversos
ambientes escolares, ou seja, ser trabalhada levando o aluno a conhecer ampla e
irrestritamente a cultura corporal, de forma que esse conhecimento seja relacionado com a sua
realidade social, facilitando assim seu autoconhecimento do corpo e suas necessidades para
melhor desempenho pessoal, profissional e social.
A disciplina de educação física será um instrumento de grande valia para que o aluno
cresça e se utilize dela, dos conhecimentos corporais que ela a proporcionou para transformar
sua vida, sendo um ser humano participativo, ativo, criativo, crítico e capaz de modificar sua
vida, tendo em vista uma melhoria na qualidade de vida. Com isso, faz se necessário formar
profissionais que conduzam seus alunos a tais condições que venham a facilitar o alcance dos
verdadeiros objetivos da educação física na escola.
Segundo Garanhani (2006), o professor de educação física deve proporcionar aos
alunos
a vivência de aprendizagem
de
movimentos
corporais
pela descoberta,
experimentação, compreensão e conscientização e não simplesmente pela imitação e
repetição.
Trabalhar a disciplina de Educação Física, é um exercício de interação, de
interdisciplinaridade, o professor deve utilizar-se de diferentes recursos didáticos para facilitar
assim o entendimento dos alunos da importância de se conhecer a cultura corporal. O
professor deverá ter uma formação continua e renovadora para atender as necessidades de
aprendizagem dos seus alunos, que dependem muito desses ensinamentos para saber que seu
corpo é um instrumento de comunicação, e que desse conhecimento do próprio corpo
dependerá muito o seu desenvolvimento como pessoa e ser social. Nesta perspectiva, ainda
segundo Garanhani (2006), ser um professor de educação física é ter sempre uma atitude
investigativa da própria prática e, constantemente, fazer a sua elaboração por meio do
processo contínuo de formação. É ter compromisso com a profissão escolhida (a docência) e
consciência de que suas intenções e ações contribuem na formação humana de crianças e
jovens do nosso país.
A partir da análise dos currículos dos cursos de Educação Física e de Pedagogia
da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, podemos identificar que no curso de
Educação Física a carga horária das disciplinas que tratam do corpo é muito maior que no
curso de Pedagogia, que apesar de ser muito mais teórico, o que sem dúvida também é
importante, deixa a desejar no que se refere ao conteúdos práticos relacionados a cultura do
6473
corpo. Nesse sentido, verificamos que quando se trata dos aspectos histórico, social e cultural
ambos os cursos tem a mesma abordagem, mas quando se refere aos aspectos biológicos e
motor, a diferença é bastante evidente. O professor de Educação Física tem sem dúvida uma
formação mais específica, sai com um pouco mais de conhecimentos sobre a cultura do corpo
e sua importância para o desenvolvimento das crianças com as quais irá trabalhar.
O curso de Pedagogia dá maior ênfase aos aspectos biológicos e o de Educação Física
aos aspectos motores. Conforme se averigua no gráfico que se apresenta.
30%
25%
20%
Pedagogia
15%
Educ aç ão Fís ic a
10%
5%
0%
B iológic o C ultural S oc ial His tóric o Motor
Gráfico: Comparativo entre o Curso de Educação Física e Pedagogia.
Fonte: Ementas do Curso de Educação Física e Pedagogia de 2008.
Considerações Finais:
Os movimentos fazem parte da vida do ser humano desde que ele nasce. Conhecer,
aperfeiçoar, desenvolver e usar esse movimento em prol de si próprio é o que faz com que o
homem consiga conviver em sociedade de forma harmônica e consciente do seu papel social.
Nesse sentido é que se faz necessário entender o corpo, conhecer suas característica e
necessidades. Sendo na fase escolar, onde a criança passa pelos principais momentos de
autoconhecimento, descobertas interiores e exteriores que o conduzirão ao longo de sua vida,
6474
surge então a necessidade de se analisar a formação do profissional que será o responsável
pelo desenvolvimento da cultura do corpo dessa criança de forma adequada e construtiva.
Tomando como base o currículo dos cursos de Educação Física e de Pedagogia da
Pontifícia Universidade Católica do Paraná, realizamos uma análise desses currículos no
sentido de identificar a abordagem que é dada às disciplinas que tratam do corpo; qual a carga
horária dispensada na formação dos Pedagogos e dos professores de Educação Física com
esse conteúdo tão importante na formação do ser humano.
A partir dessa análise foi possível conhecer como se dá a formação dos educadores
que atuam nas escolas, principalmente na disciplina de Educação Física. Constatamos que o
curso de Educação Física abrange muito mais disciplinas que abordam os ensinamentos da
cultura corporal, sua carga horária é mais extensa do que o curso de Pedagogia. Este tem
poucas horas aulas sobre esse tema, infelizmente. Pois sendo o Curso de Pedagogia que forma
os professores que irão atuar com as crianças na fase escolar onde mais se necessita
desenvolver as capacidades motoras, as séries iniciais do ensino fundamental.
Este professor com formação de Pedagogo deveria ter as mesmas oportunidades de
adquirir conhecimentos que o ajudassem no desenvolvimento de suas aulas, com essas
crianças que estão na fase inicial de seu desenvolvimento biológico, motor, histórico, cultural
e social, do qual o seu corpo será um fator decisivo e sem dúvida fará diferença para esta
criança quando adulto, ter tido a oportunidade de conhecer, desenvolver, melhorar e modificar
seus movimentos de forma que venha ajudá-lo no seu convívio em sociedade.
Na atual sociedade em que vivemos o corpo é cultuado, e se esse individuo não tiver
um bom conhecimento do seu corpo, das suas características, habilidades e necessidades,
ficará a mercê do que rege as mídias consumistas, que muitas vezes conduzem as pessoas a
atitudes e ações errôneas.
Entendemos que o professor deve ter uma formação contínua e capaz de atender as
mudanças de necessidades do educando, mas principalmente de uma formação que o
conscientize da importância de propiciar ao aluno na sua fase escolar (infância e/ou
adolescência) o conhecimento do seu corpo como parte integrante de um todo que é o seu ser,
e que durante toda a sua vida utilizará dele para comunicar, conviver e buscar sempre uma
melhoria na qualidade de vida.
É considerando todas essas variáveis que analisamos aqui a importância da formação
adequada do professor, principal agente formador do desenvolvimento humano, em todas as
6475
áreas existentes, tenha certeza um professor passou por ali, foi responsável pela formação
deste ou daquele profissional que hoje atua brilhantemente na sua área, e por que não
consideramos a formação do professor no desenvolvimento da cultura corporal das crianças,
futuros adultos responsáveis pela construção da história humana.
Por se tratar de dois cursos de formação de professores, pensa-se que ambos deveriam
tratar da cultura do corpo da mesma forma, considerando que eles serão os maiores
responsáveis pela formação dessas crianças que terão na utilização correta dos movimentos
seu maior aliado para uma melhoria na sua qualidade de vida e comunicação em sociedade.
Deixamos como sugestão para estudos futuros, uma análise de como está sendo a
prática nas escolas, como a disciplina de Educação Física vem sendo trabalhada, quais os
recursos que os professores utilizam para trabalhar a cultura do corpo com os alunos.
Também poderá ser objeto de estudo a possibilidade se rever o currículo dos cursos de
Pedagogia, com o intuito de se abranger de forma mais efetiva os ensinamentos dos conteúdos
que tratam do corpo. Além do que estudos dessa natureza oportunizam novos olhares da
sociedade em relação à abrangência dos saberes da formação docente o que indica a atuação
interdisciplinar como mais rica e oportuna.
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