QUESTÕES DE LITERATURA Professora Veronica Trindade Licenciada em Letras com hab. em língua espanhola - UEFS Mestre em Literatura - UEFS 1) (UFV) Leia a estrofe abaixo e faça o que se pede: Dos vícios já desligados nos pajés não crendo mais, nem suas danças rituais, nem seus mágicos cuidados (Anchieta , José de. O Auto de São Lourenço [Tradução e adaptação de Walmir Ayala] Rio de Janeiro: Ediouro[s.d.] pg 110). a) Os meninos índios representam o processo de aculturação em sua concretude mais visível, como produto final de todo um empreendimento do qual participam com igual empenho a Coroa Portuguesa e a Companhia de Jesus. b) A presença dos meninos índios representa uma síntese perfeita e acabada daquilo que se convencionou chamar de literatura informativa. c) Os meninos índios estão afirmados os valores de sua própria cultura, ao mencionar as danças rituais e as magias praticadas pelos pajés. d) Os meninos índios são figuras alegóricas cuja construção como personagens atende a todos os requintes da dramaturgia renascentista. e) Os meninos índios representam a revolta dos nativos contra a catequese trazida pelos jesuítas, de quem querem liberta-se tão logo seja possível. 2) (MACKENZIE 96) Assinale a alternativa INCORRETA. a) Na obra de José de Anchieta, encontram-se poesias seguindo a tradição medieval e textos para teatro com clara intenção catequista. b) A literatura informativa do Quinhentismo brasileiro empenha-se em fazer um levantamento da terra, daí ser predominantemente descritiva. c) A literatura seiscentista reflete um dualismo: o ser humano dividido entre a matéria e o espírito, o pecado e o perdão. d) O Barroco apresenta estados de alma expressos através de antíteses, paradoxos, interrogações. e) O Conceptismo caracteriza-se pela linguagem rebuscada, culta, extravagante, enquanto o Cultismo é marcado pelo jogo de idéias, seguindo um raciocínio lógico, racionalista. 3) (UFV99) Leia o soneto a seguir, de autoria de Gregório de Mattos: Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado, Da vossa piedade me despido, Porque quanto mais tenho delinqüido, Vos tenho a perdoar mais empenhado. Se basta a vos irar tanto pecado, A abrandar-vos sobeja um só gemido, Que a mesma culpa, que vos há ofendido, Vos tem para o perdão lisonjeado. Se uma ovelha perdida, e já cobrada Glória tal e prazer tão repentino vos deu, como afirmais na Sacra História: Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada, Cobrai-a, e não queiras, Pastor divino, Perder na vossa ovelha a vossa glória. (Cf. DIMAS, Antônio. "Seleção de textos, notas, estudos biográficos, histórico e crítico." 2• ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988. p. 141s). Assinale a alternativa INCORRETA: a) No jogo de antíteses, o poeta vê-se como culpado, mas também ovelha indispensável ao Pastor Divino. b) O argumento do poeta, arrependido, constrói-se pelo jogo de idéias, ou seja, o cultismo. c) O poeta recorre ao texto bíblico para justificar, perante Deus, a necessidade de ser perdoado. d) Segundo o poeta, o perdão de sua culpa favorecia a ambos: tanto ao culpado, quanto ao Pastor Divino. e) O poeta busca, em sua linguagem dualista, conciliar, poeticamente, fé e razão. 4) (UF - PR) – "Eu, Marília, não sou algum vaqueiro, Que vive de guardar alheio gado; De tosco trato, de expressões grosseiro, Dos frios gelado e dos sóis queimado. Tenho próprio casal e nele assisto Dá-me vinho, legume, fruta, azeite; Das brancas ovelhinhas tiro o leite, E mais as finas lãs, de que me visto. Graças, Marília bela, Graças à minha Estrela!" A presente estrofe reflete a temática predominante no período: a) romântico b) parnasiano c) arcádico d) simbolista e) modernista 5) (PUC) Considere os dois fragmentos extraídos de Iracema, de José de Alencar. I. Onde vai a afouta jangada, que deixa rápida a costa cearense, aberta ao fresco terral a grande vela? Onde vai como branca alcíone buscando o rochedo pátrio nas solidões do oceano? Três entes respiram sobre o frágil lenho que vai singrando veloce, mar em fora. Um jovem guerreiro cuja tez branca não cora o sangue americano; uma criança e um rafeiro que viram a luz no berço das florestas, e brincam irmãos, filhos ambos da mesma terra selvagem. II. O cajueiro floresceu quatro vezes depois que Martim partiu das praias do Ceará, levando no frágil barco o filho e o cão fiel. A jandaia não quis deixar a terra onde repousava sua amiga e senhora. O primeiro cearense, ainda no berço, emigrava da terra da pátria. Havia aí a predestinação de uma raça? Ambos apresentam índices do que poderia ter acontecido no enredo do romance, já que constituem o começo e o fim da narrativa de Alencar. Desse modo, é possível presumir que o enredo apresenta: A) o relacionamento amoroso de Iracema e Martim, a índia e o branco, de cuja união nasceu Moacir, e que alegoriza o processo de conquista e colonização do Brasil. B) as guerras entre as tribos tabajara e pitiguara pela conquista e preservação do território brasileiro contra o invasor estrangeiro. C) o rapto de Iracema pelo branco português Martim como forma de enfraquecer os adversários e levar a um pacto entre o branco colonizador e o selvagem dono da terra. D) a vingança de Martim, desbaratando o povo de Iracema, por ter sido flechado pela índia dos lábios de mel em plena floresta e ter-se tornado prisioneiro de sua tribo. E) a morte de Iracema, após o nascimento de Moacir, e seu sepultamento junto a uma carnaúba, na fronde da qual canta ainda a jandaia. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: ADORMECIDA Uma noite, eu me lembro... Ela dormia Numa rede encostada molemente... Quase aberto o roupão... solto o cabelo E o pé descalço do tapete rente. ‗Stava aberta a janela. Um cheiro agreste Exalavam as silvas da campina... E ao longe, num pedaço do horizonte, Via-se a noite plácida e divina. De um jasmineiro os galhos encurvados, Indiscretos entravam pela sala, E de leve oscilando ao tom das auras, Iam na face trêmulos — beijá-la. Era um quadro celeste!... A cada afago Mesmo em sonhos a moça estremecia... Quando ela serenava... a flor beijava-a... Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia... Dir-se-ia que naquele doce instante Brincavam duas cândidas crianças... A brisa, que agitava as folhas verdes. Fazia-lhe ondear as negras tranças! E o ramo ora chegava ora afastava-se... Mas quando a via despeitada a meio. P‘ra não zangá-la... sacudia alegre Uma chuva de pétalas no seio... Eu, fitando a cena, repetia Naquela noite lânguida e sentida: ―Ó flor! – tu és a virgem das campinas! ―Virgem! — tu és a flor da minha vida!...‖ CASTRO ALVES. Espumas flutuantes. In Obra compIeta Rio de Janeiro: Nova Aguar, 1986. p. 124-125. 6) (Uff 2012) Assinale a alternativa INCORRETA em relação à análise do poema de Castro Alves (Texto VI). a) A valorização de elementos da natureza confere sentidos particulares ao poema e indicia sua identificação com propostas estéticas do Romantismo. b) O poema se organiza a partir de um episódio registrado pela memória do sujeito lírico, o que amplia a subjetividade romântica presente em seu discurso. c) O poema se constitui, principalmente, como descrição de uma cena, repleta de elementos românticos, configurando-se de forma plástica e visual. d) O poema é percorrido por um tom melancólico, próprio do Romantismo, empregado pelo poeta para expressar a frustração amorosa do eu lírico. e) O ambiente noturno, privilegiado pelos poetas românticos, contribui, no poema, para o estabelecimento de uma atmosfera de sonho, de calma e de desejo. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Tudo o que aqui escrevo é forjado no meu silêncio e na penumbra. Vejo pouco, ouço quase nada. Mergulho enfim em mim até o nascedouro do espírito que me habita. Minha nascente é obscura. Estou escrevendo porque não sei o que fazer de mim. Quer dizer: não sei o que fazer com meu espírito. O corpo informa muito. Mas eu desconheço as leis do espírito: ele vagueia. Meu pensamento, com a enunciação das palavras mentalmente brotando, sem depois eu falar ou escrever – esse meu pensamento de palavras é precedido por uma instantânea visão sem palavras, do pensamento – palavra que se seguirá, quase imediatamente – diferença espacial de menos de um milímetro. Antes de pensar, pois, eu já pensei. Clarice Lispector. Um sopro de vida. 7) (Uff 2010) O modo de Clarice Lispector ver a criação literária guarda relação com o momento histórico em que ela escreve. Em outros momentos históricos, outras relações ocorreram. Assinale a opção correta. a) O Modernismo relaciona-se com um modo de escrever que pretende discutir a criação literária e produzir a simplicidade e a métrica do pastoralismo. b) O Neoclassicismo relaciona-se com um modo de escrever que reproduz a arte barroca tal como ela era. c) O Realismo relaciona-se com um modo de escrever que se caracteriza pela musicalidade, pela sinestesia e pelas aliterações. d) O Simbolismo relaciona-se com um modo de escrever que apresenta a realidade tal como ela é. e) O Romantismo relaciona-se com um modo de escrever que adota a estética da expressão do eu autoral. 8) (Enem cancelado 2009) Texto 1 O Morcego Meia-noite. Ao meu quarto me recolho. Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede: Na bruta ardência orgânica da sede, Morde-me a goela ígneo e escaldante molho. ―Vou mandar levantar outra parede...‖ Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho, Circularmente sobre a minha rede! Pego de um pau. Esforços faço. Chego A tocá-lo. Minh‘alma se concentra. Que ventre produziu tão feio parto?! A Consciência Humana é este morcego! Por mais que a gente faça, à noite, ele entra Imperceptivelmente em nosso quarto! ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1994. Texto 2 O lugar-comum em que se converteu a imagem de um poeta doentio, com o gosto do macabro e do horroroso, dificulta que se veja, na obra de Augusto dos Anjos, o olhar clínico, o comportamento analítico, até mesmo certa frieza, certa impessoalidade científica. CUNHA, F. Romantismo e modernidade na poesia. Rio de Janeiro: Cátedra, 1988 (adaptado). Em consonância com os comentários do texto 2 acerca da poética de Augusto dos Anjos, o poema O morcego apresenta-se, enquanto percepção do mundo, como forma estética capaz de: a) reencantar a vida pelo mistério com que os fatos banais são revestidos na poesia. b) expressar o caráter doentio da sociedade moderna por meio do gosto pelo macabro. c) representar realisticamente as dificuldades do cotidiano sem associá-lo a reflexões de cunho existencial. d) abordar dilemas humanos universais a partir de um ponto de vista distanciado e analítico acerca do cotidiano. e) conseguir a atenção do leitor pela inclusão de elementos das histórias de horror e suspense na estrutura lírica da poesia. 9) (Enem cancelado 2009) O sertão e o sertanejo Ali começa o sertão chamado bruto. Nesses campos, tão diversos pelo matiz das cores, o capim crescido e ressecado pelo ardor do sol transforma-se em vicejante tapete de relva, quando lavra o incêndio que algum tropeiro, por acaso ou mero desenfado, ateia com uma faúlha do seu isqueiro. Minando à surda na touceira, queda a vívida centelha. Corra daí a instantes qualquer aragem, por débil que seja, e levanta-se a língua de fogo esguia e trêmula, como que a contemplar medrosa e vacilante os espaços imensos que se alongam diante dela. O fogo, detido em pontos, aqui, ali, a consumir com mais lentidão algum estorvo, vai aos poucos morrendo até se extinguir de todo, deixando como sinal da avassaladora passagem o alvacento lençol, que lhe foi seguindo os velozes passos. Por toda a parte melancolia; de todos os lados tétricas perspectivas. É cair, porém, daí a dias copiosa chuva, e parece que uma varinha de fada andou por aqueles sombrios recantos a traçar às pressas jardins encantados e nunca vistos. Entra tudo num trabalho íntimo de espantosa atividade. Transborda a vida. TAUNAY, A. Inocência. São Paulo: Ática, 1993 (adaptado). O romance romântico teve fundamental importância na formação da ideia de nação. Considerando o trecho acima, é possível reconhecer que uma das principais e permanentes contribuições do Romantismo para construção da identidade da nação é a: a) possibilidade de apresentar uma dimensão desconhecida da natureza nacional, marcada pelo subdesenvolvimento e pela falta de perspectiva de renovação. b) consciência da exploração da terra pelos colonizadores e pela classe dominante local, o que coibiu a exploração desenfreada das riquezas naturais do país. c) construção, em linguagem simples, realista e documental, sem fantasia ou exaltação, de uma imagem da terra que revelou o quanto é grandiosa a natureza brasileira. d) expansão dos limites geográficos da terra, que promoveu o sentimento de unidade do território nacional e deu a conhecer os lugares mais distantes do Brasil aos brasileiros. e) valorização da vida urbana e do progresso, em detrimento do interior do Brasil, formulando um conceito de nação centrado nos modelos da nascente burguesia brasileira. 10) Podemos verificar que o Realismo revela: I - senso do contemporâneo. Encara o presente do mesmo modo que o romântico se volta para o passado ou para o futuro. II - o retrato da vida pelo método da documentação, em que a seleção e a síntese operam buscando um sentido para o encadeamento dos fatos. III - técnica minuciosa, dando a impressão de lentidão, de marcha quieta e gradativa pelos meandros dos conflitos, dos êxitos e dos fracassos. Assinale: a) b) c) d) e) se as afirmativas II e III forem corretas; se as três afirmativas forem corretas; se apenas a afirmativa III for correta; se as afirmativas I e II forem corretas; se as três afirmativas forem incorretas. 11) Assim como a obra D. Casmurro, são também obras pertencentes ao Realismo a) Grande Sertão: Veredas e Os Sertões b) Luzia-Homem e Iracema c) Aves de Arribação e Iaiá Garcia d) O Mulato e Memórias Póstumas de Brás Cubas 12) (FGV-SP) Assinale a alternativa correta a respeito do Parnasianismo. a) A inspiração é mais importante que a técnica. b) Culto da forma: rigor quanto às regras de versificação, ao ritmo, às rimas ricas ou raras. c) O nome do movimento vem de um poema de Raimundo Correia. d) Sua poesia é marcada pelo sentimentalismo. e) No Brasil, o Parnasianismo conviveu com o Barroco. 13) (Mackenzie) – "Ah! plangentes violões dormentes, mornos, Soluços ao luar, choros ao vento... Tristes perfis, os mais vagos contornos, Bocas murmurejantes de lamento. Sutis palpitações à luz da lua. Anseio dos momentos mais saudosos, Quando lá choram na deserta rua As cordas vivas dos violões chorosos. Quando os sons dos violões vão soluçando, Quando os sons dos violões nas cordas gemem, E vão dilacerando e deliciando, Rasgando as almas que nas sombras tremem. Vozes veladas, veludosas vozes, Volúpias dos violões, vozes veladas, Vagam nos velhos vórtices velozes Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas." As estrofes anteriores, claramente representativas do_____ , não apresentam _____ . Assinale a alternativa que completa corretamente AS DUAS lacunas anteriores. a) Romantismo - sinestesia b) Simbolismo - aliterações e assonâncias c) Romantismo - musicalidade d) Parnasianismo - metáforas e metonímias e) Simbolismo - versos brancos e livres 14) (Uelondrina) - Identifique os versos tipicamente simbolistas de Cruz e Sousa. a) Adeus! ó choça do monte!... Adeus! palmeiras da fonte!... Adeus! amores... adeus!... b) Rei é Oxalá que nasceu sem se criar. Rainha é Iemanjá que pariu Oxalá sem se manchar. c) Minhas idéias abstratas De tanto as tocar, tornaram-se concretas. São rosas familiares Que o tempo traz ao alcance da mão. d) Eu não devia te dizer mas essa lua mas esse conhaque botam a gente comovido como o diabo. e) Nessa Amplidão das Amplidões austeras chora o Sonho profundo das Esferas que nas azuis Melancolias morre... 15) ) (UFRRJ) Fragmento de Triste fim de Policarpo Quaresma: "Policarpo era patriota. Desde moço, aí pelos vinte anos, o amor da Pátria tomou-o todo inteiro. Não fora o amor comum, palrador e vazio; fora um sentimento sério, grave e absorvente. ( ... ) o que o patriotismo o fez pensar, foi num conhecimento inteiro de Brasil. ( ... ) Não se sabia bem onde nascera, mas não fora decerto em São Paulo, nem no Rio Grande do Sul, nem no Pará. Errava quem quisesse encontrar nele qualquer regionalismo: Quaresma era antes de tudo brasileiro." BARRETO, Lima. "Triste fim de Policarpo Quaresma". São Paulo: Scipione, 1997. Este fragmento de "Triste Fim de Policarpo Quaresma" ilustra uma das características mais marcantes do Pré- Modernismo que é o: a) Desejo de compreender a complexa realidade nacional. b) nacionalismo ufanista e exagerado, herdado do Romantismo. c) resgate de padrões estéticos e metafísicos do Simbolismo. d) nacionalismo utópico e exagerado, herdado do Parnasianismo. e) subjetivismo poético, tão bem representado pelo protagonista. GABARITO QUESTÃO ALTERNATIVA 1 A 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 E B C A D E D D B D B E E A