ATUALIDADES logísticas Miguel Félix António – diretor-geral «S-LOG é das poucas empresas do setor que possui tripla certificação em Qualidade, Ambiente e Segurança» Pedro Costa Pereira [email protected] Fotos: Augusto C. Silva Transportes em Revista - A S-LOG está ligada ao Grupo Entreposto, empresa de referência a nível nacional, principalmente na área de distribuição e retalho automóvel. Como é que surgiu a empresa? Miguel Félix António – A S-LOG começou por ter a designação de Entreposto Industrial, tendo sido criada em 1972. Foi uma fábrica de montagem de veículos, depois dedicou-se a outras atividades e foi evoluindo para uma empresa que prestava apenas serviços ao grupo Entreposto naquilo que é o seu negócio central: o negócio automóvel. Basicamente, a empresa fazia toda a logística automóvel do Grupo Entreposto. Em 2005, a empresa passou a designar-se por S-LOG – Serviços de Logística SA, mantendo-se no universo do Grupo Entreposto, mas com o objetivo de posicionar-se como um operador logístico, não só para prestação de serviços intra-grupo, como também para fora. TR – Quais foram as razões que levaram a SLOG a abrir-se ao mercado da logística? MFA – Resultou de uma evolução normal e o grupo entendeu que fazia sentido aproveitar as capacidades técnicas e as instalações que tinha para colocar a empresa como operador no mercado. Foi também por isso que decidimos alterar o nome da empresa para S-LOG. A partir daí, a empresa organizou-se em duas áreas de atividade. Uma é a divisão de logística de viaturas, que compreende todas as atividades logísticas que as viaturas necessitam antes de serem colocadas nos stands de venda. As viaturas são rececionadas, parqueadas, e consoante os clientes fazemos uma série de operações de inspeção antes da distribuição. Estas operações podem incluir a colocação de tapetes, verificação de níveis, colocação de chapas de matrícula, limpeza de interiores e exteriores, entre outras. 42 TR – Quem são os principais clientes no sector automóvel? MFA – A Hyundai e Subaru, que são marcas distribuídas exclusivamente por empresas do Grupo Entreposto para Portugal e também duas marcas, que representamos no retalho mas que não fazemos a importação, que são a Nissan e a Seat . Também temos outros clientes, que não são fabricantes nem concessionários, mas que estão relacionados com a atividade, como empresas de rent-a-car. TR – E onde são realizadas todas estas operações logísticas? MFA – Nas nossas instalações do Vale da Rosa, em Setúbal. Mas, nestas instalações, realizamos não só a logística automóvel como também as atividades de logística integrada, que é a outra área de atividade da S-LOG. E esta é uma área que estamos a querer desenvolver. TR – A experiência adquirida ao longo dos anos na área da logística automóvel contribuiu para a decisão de apostar na área de logística integrada? MFA – De certa forma ajudou, até porque já fazíamos logística de peças. Por outro lado, a logística automóvel tem um grau de exigência muito grande e essa exigência reflete-se nas operações de logística integrada e de armazém. E hoje temos diversos clientes de áreas que não estão ligados ao setor automóvel nem ao Grupo Entreposto. Temos clientes nas áreas de equipamentos e material clínico e farmacêutico, produtos alimentares, saúde e bem-estar, óculos e sapatos para crianças, entre outros. TR – E que operações realizam ao nível da logística integrada? MFA – Rececionamos, armazenamos a mercadoria e realizamos todas as operações necessárias até à entrega ao cliente final, desde picking, embalagem, etiquetagem…tudo isso é feito pelos nossos colabowww.transportesemrevista.com radores, recorrendo a um sistema informático que é fundamental nestas operações e que introduziu diversas melhorias na gestão de toda a atividade. TR – Qual foi o volume de negócios obtido pela S-LOG em 2010? E já têm previsão para o próximo ano? MFA – Em 2010 o valor de facturação foi de dois milhões de euros. Em termos de rentabilidade e volume de faturação, as duas áreas de atividade estão equiparadas. Prevemos para 2011 uma quebra na ordem do meio milhão de euros, uma vez que o nosso volume de faturação está muito dependente daquilo que são as transações dos nossos clientes e neste período de crise é normal que o mercado se retraia. Mas estamos a procurar diversificar a clientela. Porque é em alturas como esta, de dificuldades, que as empresas começam a olhar para o seu modelo de negócio. Existem muitas pequenas e médias empresas que devem ponderar apostar no “outsourcing” como forma de diminuir custos e aumentar a eficiência da sua função logística. TR – E isso está a acontecer na área da logística? MFA – A tendência tem sido essa noutros países, como por exemplo em Espanha. A perspetiva que temos é que Portugal tem ainda um grande potencial de crescimento nesta área. Há ainda alguma retração por parte das empresas em recorrer ao outsourcing… TR – E, na sua opinião, porque é que existe essa retração? MFA – Julgo que são tradições arreigadas do empresariado português e que passa muito pela ideia, que tentamos combater, que se o stock de mercadorias estiver debaixo de olho do próprio empresário, está tudo sob controlo. Hoje, isso já não faz sentido. Aliás, está provado que se a operação logística for realizada por operadores especializados existem condições para que seja mais bemTR 99 MAIO 2011 ATUALIDADES logísticas A S-LOG pretende diversificar a sua carteira de clientes e apostar mais na área da logística integrada. Muito ligada à logística automóvel, derivado da sua ligação ao Grupo Entreposto, a S-LOG conta com a mais-valia de ser uma das poucas empresas do setor que possui a tripla certificação em Qualidade, Ambiente e Segurança e Saúde no Trabalho. MAIO 2011 TR 99 www.transportesemrevista.com 43 ATUALIDADES logísticas TR – E os resultados são visíveis? MFA – Sim, porque a exigência aumenta e os clientes reparam nisso. Os próprios colaboradores também se empenharam muito neste processo. TR – Mas, na sua opinião, na hora de escolher, os clientes têm em conta o facto de as empresas serem certificadas? MFA – O facto de sermos certificados faz com que o resultado final do nosso trabalho seja melhor e isso é suscetível de influenciar os clientes na hora da decisão. O que nos interessa é que todo o processo nos obrigou a melhorar. Como disse, e sublinho, não são muitos os operadores logísticos que possuem uma tripla certificação. E julgo que os clientes percecionam isso. feita e com menos custos para quem a ela recorre. Não necessitam de ter armazéns, pessoal especializado e beneficiam da escala que o operador logístico tem. E essa informação tem de ser bem passada, de que existem ganhos em subcontratar a operação logística. Mas, para que tal aconteça, é necessário haver confiança no operador logístico. E, nesse aspeto, é importante o trabalho que a Associação Portuguesa de Operadores Logísticos (APOL) tem vindo a realizar. Recentemente, a APOL lançou o Código de Boas Práticas, que obrigará os operadores logísticos que queiram estar no mercado com créditos firmados a certificarem-se por essa via, uma situação que considero importante, até porque a S-LOG é das poucas empresas do setor que possui a tripla certificação em Qualidade, Ambiente, Segurança e Saúde no Trabalho. TR – Nos últimos anos, pode-se dizer que passou a ser “moda” as empresas serem certificadas. Quais são realmente as mais-valias e vantagens de obterem as certificações? MFA – Todo o processo dá algum trabalho e exige uma reformulação dos processos internos de gestão e de funcionamento da empresa. A tripla certificação que alcançámos rege-se por normas diferentes, consoante falemos de Qualidade, Ambiente ou de Segurança. Em relação à Qualidade, a focalização está muito centrada no cliente e no modo de desenvolvimento da actividade. Para tal é necessário aplicar uma série de procedimentos e normas que obrigam a melhorar substancialmente a prestação do serviço, uma vez que passam a existir outros requisitos e exigências, que anteriormente não existiam. Além disso, todos os anos existe uma auditoria para renovação da certificação que vai analisar se está tudo a ser cumprido ou não. Em relação ao Ambiente, esta é uma área muito importante, dado que permite-nos cumprir determinadas regras ambientais, algo de fundamental para uma activi- 44 TR – Nos últimos anos, a S-LOG tem apostado na introdução de sistemas e soluções informáticas de ajuda à gestão. Uma das últimas apostas foi a reformulação do seu sítio institucional, permitindo uma maior interatividade com os seus clientes. Para uma empresa que trabalha na área da logística, esta questão das novas tecnologias é importante? MFA – Eu diria que é fundamental. Nos dias de hoje as empresas que trabalham nesta área têm de ter um potente sistema informático. Se não tivéssemos estes sistemas que nos ajudam na nossa atividade, era quase impossível ter o número de colaboradores que hoje temos, que são 15. Mas o nosso quadro de pessoal é extremamente competente e “enxuto”, que está muito preparado para enfrentar todo o tipo de situações. dade empresarial, em particular a logística. Com esta certificação conseguimos que o impacto ambiental que a nossa atividade produz seja mais reduzido e cause menos danos ao ambiente. A Segurança e Saúde no Trabalho é uma certificação que está mais focalizada nos interesses e preocupações dos colaboradores, minimizando o impacto do risco associado ao desenvolvimento da sua atividade. A certificação é também uma forma de melhorar continuamente. Queremos que esta tripla certificação nos estimule a conseguir melhores resultados e a fazer sempre melhor do que temos feito. www.transportesemrevista.com TR – Quais são as mais-valias da S-LOG em relação à sua concorrência? MFA – Em primeiro lugar não posso deixar de referir a tripla certificação, porque esta é uma garantia diferenciadora em relação à concorrência, uma vez que são muito poucos os que a possuem. Por outro lado, a flexibilidade e adaptabilidade às necessidades dos nossos clientes, que só é possível porque somos um operador vocacionado para operações de pequena e média dimensão e que tem uma política de portas abertas, não apenas uma vez no ano, mas durante todo o tempo. As nossas propostas de serviços são para serem discutidas e apreciadas em conjunto com os potenciais clientes, com eles desenhando as soluções mais adequadas às suas reais e efectivas necessidades. Também não é de descurar a localização das nossas instalações, a 2 minutos do porto de Setúbal e da entrada na A2, que liga à A1 e à A10. Last but not the least: o conjunto de colaboradores muito experientes e motivados. TR 99 MAIO 2011