Motivação II Hoje estou muito motivado para falar de motivação! Na verdade, um assunto que anda meio encostado, mas muito importante em nossas vidas. Daí, a minha motivação para falar dela. Não sei por que é que não se fala disso, porque é fundamental. Prestar atenção e conhecer nossas motivações é saber onde estão nossas energias. O que nos move e para onde nos levam. Uma coisa é verdade universal: as idéias são coisas muito bonitas, mas ninguém move um dedo por causa delas. O que nos move o que nos tira da cadeira, é ENERGIA. E, essa sim, é o que conta. Exemplo? Vou dar alguns e vocês pensam outros: os nazistas matavam tudo o que não era perfeito – quer dizer, que não fosse igual a eles – porque eles realmente acreditavam que aquilo faziam era para o bem da Humanidade? Ninguém é tão ingênuo a ponto de acreditar nisso. É óbvio que, no mínimo, eles se sentiam MUITO MELHORES que todo mundo e, no máximo, havia gente que adora matar. Quer dizer, a fonte de energia era bem outra que a idéia de raça pura. O que sustentava a idéia de raça pura era o narcisismo e a crueldade. É isso: o que sustenta energeticamente nossas ações? É essa fonte de energia que devemos estar sempre atentos. Hoje, vendo um programa da História do Rock’n’Roll na TV, vi o guitarrista Slash dizer que depois que ele começou realmente a tocar bem, conseguia todas as garotas que queria e riu bastante satisfeito. Já Carlos Santana, no mesmo documentário, dizia para as garotas que o procuravam no camarim que ele não poderia fazer por elas o que a sua música fazia às suas almas. Quer dizer, a mesma guitarra, mas fontes de energia totalmente diferentes! A grande pergunta é: onde está o nosso centro energético!? É isso que não podemos perder de vista. Não preste atenção ao blá-blá-blá; isso só serve para vender geladeira e carro 1000. É claro que a gente deve caprichar no blá-blá-blá porque vende geladeira e carro 1000. Mas, nós mesmos devemos prestar muita atenção no nosso centro energético, o que nos motiva de verdade. Comece a fazer esse exercício e vai ver que dificilmente o que as pessoas afirmam é o que realmente as movimenta. Um outro exemplo: veja o Lula. O que realmente levou o Lula onde ele está. É claro que vamos supor, porque mesmo perguntando a ele dificilmente obteríamos uma resposta sincera, porque é da natureza humana e do seu ofício, depois, mesmo que ele tentasse, é possível que nem mesmo ele saiba. Mas, vamos imaginar: um homem que veio de um lugar tão pobre, que passou experiências de privação tão intensas... será que se tornou um líder sindical pela idéia de lutar pela classe, assim, pura e simplesmente? Será que ele nunca se sentiu pessoalmente lesado ou maltratado por ser um homem simples e empregado? Porque será que ele chorou quando lhe conferiram o diploma de Presidente da República e disse que nunca tinha ganhado um diploma antes? Não será essa a fonte de energia que o moveu a tantas caminhadas, muito mais do que a beleza ou justiça das idéias? Quero dizer, será que o que deu mais forças para o Lula foi a idéia de justiça ou as injustiças que sofreu? Isso nos leva para as experiências marcantes em nossa vida. Essas têm grande chance de nos conduzir a um eixo central que nos move. Que nos fornece a energia secreta que nos faz efetivamente fazer coisas. Idéias não dão energia, o que nos dá energia são as emoções. As idéias que nos dão energia são as que nos emocionam. E o que nos emociona, de algum modo está ligado à nossa vitalidade, aos nossos interesses, à nossa história. E é isso realmente o que nos move e o que devemos prestar atenção. E, se possível, ajustar o nosso blá-blá-blá ao que realmente sentimos. Se isso acontecer, seremos íntegros. Isso é uma coisa que só se consegue com muita prática, muita atenção: procure no seu dia a dia, reparar o que realmente está atrás das suas ações e das ações dos outros. Isso você pode fazer reparando qual é o sentido ou objetivo real das pessoas e de você mesmo e não o que se diz que se está pretendendo. E vá aprendendo a ajustar seu bláblá-blá... João Paulo Correia Lima Psicólogo clínico – Diretor Científico da Associação Brasileira de Medicina Psicossomática E-mail [email protected]