Credor poderá liquidar garantia da dívida já na 1ª instância Projeto de lei prevê execução definitiva mesmo enquanto se discute o débito O NOTA A comissão de corretagem só deve ser paga se a venda do imóvel for concretizada. Com base nesse entendimento consolidado, o Superior Tribunal de Justiça determinou que um corretor do Rio de Janeiro devolva a comissão recebida em um negócio que não foi fechado por desistência de uma das partes. Isso ocorreu depois que o comprador teve dificuldade para obter o financiamento de que precisava para cumprir o contrato. Conselheiro Legal 2 faz uma carta dizendo ao juiz que, se o débito Congresso Nacional aprovou e, em for executado (no caso de o contribuinte perder breve, deve ir à sanção presidencial um a ação em que discute o débito tributário e projeto de lei que vai tornar definitiva a for condenado a pagar), fará a quitação em 48 execução de dívidas. A idéia é a de que horas. O contribuinte fica, então, com uma o credor que obteve sentença favorável dívida com o banco. Se o credor consegue pôr em primeira instância possa liquidar as mãos no dinheiro logo na primeira sentença imediatamente a garantia dada pelo dada no processo, que poderá ser integralmente devedor, mesmo que o processo aberto modificada pelas instâncias superiores, como para discutir o débito demore mais dez assegurar que o devedor terá o montante de anos para chegar à decisão final. volta se a decisão final for a seu favor? Por que o De fato, isso já vem ocorrendo projeto autoriza uma situação em que o devedor esporadicamente, em decorrência de fica por anos sem uma quantia que poderá ser sentenças esparsas dadas por alguns declarada sua ao final, montante que pode ser juízes do Superior Tribunal de Justiça fundamental para honrar compromissos e até (STJ). Desde 2005, o STJ adotou o para a própria sobrevivência de uma empresa, entendimento (Súmula nº 317) de que com risco de nunca mais recuperá-lo? os embargos à execução, defesa que o Tudo isso é novidade. Até a Súmula 317, devedor faz em um processo autônomo, de 2005, não havia discussão: os embargos não paralisam a execução. Ou seja, mesmo que paralisavam a execução. Enquanto o se continue a discutir a dívida por muito tempo, o credor liquida a “Regra parte do processo não chegasse ao fim, sem mais possibilidade de recurso, o garantia prestada pelo devedor - seja pressuposto de que bem ou o dinheiro dado em garantia uma máquina, um caminhão ou o próprio prédio sede da empresa -, que todo devedor é ficava intocado. A mudança vai causar um prejuízo enorme, diz o irá a leilão. um grande gerente da Unilever. Mas a exceção deve virar regra picareta” “A regra parte do pressuposto em breve, explica o gerente do de que todo devedor é um grande Departamento Jurídico-Tributário da picareta e de que é preciso resguardar os direitos Unilever, Anderson Crystiano de Araújo Rocha. do credor, mas todos esqueceram de pensar que O texto aprovado pelos parlamentares faz uma o credor também deve garantir que devolve o que reforma no Código de Processo Civil. A nova pegou antecipadamente se vier a perder a ação”, lei muda a redação do art. 739, que entende a liquidação da garantia como resultado do trâmite afirma Rocha. O cenário pode ser ainda mais dramático se o final do processo de execução. O novo texto credor for o Fisco. Isso porque a execução corre prevê que os embargos paralisem o processo rapidinho quando é o governo quem vai receber, somente em casos excepcionais. Assim, só por mas se, no fim do processo, o “devedor” sair uma decisão exclusiva do juiz é que o embargo vitorioso terá de entrar na fila de precatórios – e poderá ter efeito suspensivo. “Isso é ruim, se esperar anos - para reaver seu crédito. o devedor perder logo de cara ficará em má Para quem tem uma dívida a receber, por situação”, afirma Rocha. exemplo, de um comprador, a mudança pode Geralmente, num processo de cobrança, soar interessante. “Mas o fato é que todas as quando o devedor é acionado, há a execução. empresas têm muito mais contas a pagar do que Nesse momento, o devedor é obrigado a dar a receber. Você pode estar usando em sua linha uma garantia. Para não deixar seu patrimônio de produção uma máquina que penhorou e o sujeito a restrições, como ocorre quando se Fisco vir e vendê-la”, explica Rocha. “É a isso penhora um bem, muitas empresas optam que pessoas físicas e jurídicas estão sujeitas. Só por dar uma carta de fiança como garantia do resta aos cidadãos e entidades fazer campanha pagamento. Isso significa que o banco fica contra a aprovação do projeto de lei pelo sendo fiador – a instituição financeira não presidente”, explica. disponibiliza o dinheiro imediatamente, mas Empresa pode evitar prejuízo decorrente de assédio Cristina Peduzzi: dever de manter ambiente saudável Entre os possíveis efeitos estão a rescisão indireta e o pagamento de indenização Os empresários podem atuar para evitar o ção ulga Div Organização Internacional do Trabalho. Para assédio no ambiente de trabalho. E, neste caso, o definir o valor da indenização, o juiz leva em conta melhor caminho é mesmo a prevenção, porque critérios como tempo de serviço, o tamanho do as conseqüências não atingem apenas o autor do constrangimento e os recursos econômicos do assédio, mas também a empresa. Ela pode ser empregador. condenada a indenizar a vítima do assédio, porque é A orientação à equipe é mais difícil no sua a responsabilidade de escolher seus funcionários que se refere ao assédio sexual, já que, e de manter um ambiente de trabalho saudável. Pode em geral, ele é feito de forma discreta. ter de enfrentar ainda problemas trabalhistas: se o Prová-lo também é mais complicado assediado pedir rescisão indireta, um direito que gera e costuma ser feito por bilhetes, eos mesmos efeitos de uma demissão sem justa causa, mails, testemunhas. Basta apenas uma a empresa tem de pagar todos os direitos trabalhistas. conduta para configurá-lo e ele tem de Já aquele que assedia pode ser demitido por ser feito por um superior hierárquico. justa causa. Tudo isso traz não só o aborrecimento Ele é pouco denunciado porque o que se tem quando é preciso enfrentar a Justiça, assediado tem medo de ser mal-visto. mas a perda de funcionários que eventualmente “Brincadeiras com possível conotação já teriam sido treinados, que já estivessem sexual, como dizer que uma funcionária tem pernas contribuindo para o crescimento da empresa, que bonitas e deveria usar saia sempre, devem ser tem de começar de novo a selecionar candidatos evitadas, por precaução. Por outro lado, a Justiça do para as funções. No caso do assédio Trabalho está atenta para o fato de que sexual, o autor ainda tem de responder Assédio moral existe uma ‛indústria do dano moral criminalmente, porque ele já é crime e tem afastado o assédio em caso de também deverá bilhetes anônimos e brincadeiras sem (Lei nº 10.224/2001), previsto no art. 216, a, do Código Penal, que prevê pena ser considerado cunho sexual,”, diz a advogada Luciana de detenção de um a dois anos. Menos crime, como é de Alencar Paschoalino, do escritório conhecido mas cada vez mais freqüente, Braga Nascimento e Zilio Antunes. hoje o sexual o assédio moral ainda não é crime, mas No que se refere ao assédio moral, já há projetos de lei neste sentido. é fundamental orientar sobre a forma Segundo a ministra Cristina Peduzzi, do Tribunal de agir, de exigir sem ofender, sem humilhar, cobrar Superior do Trabalho, a tipificação do assédio sexual resultados sem desrespeitar os direitos à liberdade e à no Código Penal e as condenações por danos morais dignidade, garantidos pela Constituição Federal. “A “têm o efeito pedagógico de evitar a proliferação empresa deve organizar seminários para esclarecer de práticas dessa o departamento jurídico, o pessoal, organizar uma natureza”. Grandes política de recursos humanos, estar atenta à questão empresas têm humana e criar um ambiente saudável física e demonstrado psicologicamente”, recomenda a ministra. preocupação Ela define o assédio moral como “abuso emocional com a questão e no local de trabalho, de forma maliciosa, não-sexual orientado seus e não-racial, com o fim de afastar o empregado das funcionários sobre relações profissionais, através de boatos, intimidações, as conseqüências. A humilhações, descrédito e isolamento”. Ele pode ser medida é mais do que configurado por uma série de atos, que devem ser necessária, tendo em reiterados. Os mais comuns no TST, de acordo com vista que 52% das a ministra, são constranger o funcionário para pedir mulheres brasileiras demissão ou aderir a programa de demissão voluntária, economicamente fazer exigências de trabalho impossíveis, deixá-lo sem ativas já foram trabalho ou não chamá-lo para reuniões, tirar sua assediadas comodidade com atitudes como mudá-lo de sala, tirar sexualmente, de sua mesa, seu computador. Diferente do assédio sexual, pode ser exercido por qualquer colega de trabalho. Luciana: olho nas indenizações acordo com a NOTA O STJ decidiu que idosos podem escolher de qual filho querem receber alimentos. A discussão chegou ao tribunal em decorrência de um casal que moveu ação de alimentos contra um dos filhos, deixando de fora a filha em dificuldades. O Código Civil diz que todos os filhos respondem na medida de suas possibilidades, mas isso mudou com o Estatuto do Idoso. Agora, a pessoa que pedir alimentos pode optar de quem quer receber. Conselheiro Legal 3 Calixto dos Reis: escolha do sistema mais vantajoso Faça agora planejamento para reduzir custos com tributos Especialistas recomendam medidas como reestruturação societária O NOTA Se a empresa fornece protetores auriculares, dá palestras, faz exames periódicos, enfim, observa as normas de segurança e de medicina do trabalho, não pode ser responsabilizada por lesão em trabalhador. Essa foi a decisão do Superior Tribunal de Justiça contra a pretensão de um empregado de imputar ao empregador, uma indústria, a culpa por sua perda auditiva. Conselheiro Legal 4 sentido devem ser tomadas com muito cuidado fim de ano é a época ideal para já que, desde 2001, a legislação ficou mais rígida analisar o que se passou nessa questão. A Lei Complementar nº 104, de 10 e fazer planos para o futuro de janeiro daquele ano, mudou a redação do art. próximo. Na área tributária, 116 do Código Tributário Nacional, que explicava tomar determinadas decisões a ocorrência do fato gerador, e se tornou uma antecipadamente pode resultar em trava para o planejamento tributário. Isso porque economia e mais dinheiro no caixa. a nova lei determinou que o agente fiscal pode Segundo o advogado Celecino descaracterizar qualquer ato de planejamento para Calixto dos Reis, do escritório evitar o recolhimento regular do tributo. Quando Braga Nascimento e Zílio Antunes, o Fisco faz isso, o contribuinte fica sujeito a uma o contribuinte, com o auxílio de multa de 75% sobre o valor que deixou de recolher. uma consultoria competente, pode E não é só isso: o empresário ainda pode ter de descobrir como evitar a ocorrência responder por crime contra a ordem tributária, nos do fato gerador (que leva à cobrança termos da Lei nº 8.132/98. do tributo) e fazer uma cuidadosa Os juristas, maciçamente, consideram verificação dos caminhos possíveis, inconstitucional essa restrição imposta pela dentro do que a lei permite. “É legislação, porque a norma que impede fundamental que essa a elisão fiscal (adoção de medidas legais análise seja feita por Escrituração para reduzir ou adiar o pagamento de quem tem bastante experiência, porque uma contábil completa tributos) contraria o princípio da livre escolha errada pode sujeitar a empresa a indica o melhor iniciativa, estabelecido no art. 170 da Constituição Federal. Para eles, o Fisco uma multa de 75% do valor que deveria regime não pode direcionar o contribuinte, ser recolhido, além da responsabilização de faturamento que é quem vai escolher o caminho a penal”, alerta o advogado. ser trilhado, a forma como irá recolher Para começar o planejamento, o seus tributos, desde que dentro da lei. Ela não primeiro passo é pensar na escolha do regime de proíbe totalmente o planejamento, mas o torna faturamento. O regime do lucro real é obrigatório mais restrito, obrigando o contribuinte a fazê-lo para companhias com faturamento anual superior de forma mais segura, o que significa, segundo a R$ 48 milhões, mas outras podem optar entre Calixto, pensar em meios de economizar tributos este e o lucro presumido. “Para saber qual o mais que recaem sobre o lucro, o Imposto de Renda e a vantajoso, é preciso simular, fazer as contas de Contribuição Social. quanto se paga em cada sistema”, diz. É bom Para o especialista em Imposto de Renda do lembrar que a opção pelo regime deve ser feita em Centro de Orientação Fiscal (Cenofisco), Lázaro janeiro, salvo para as empresas que abrirem durante Rosa da Silva, a melhor opção é a mais barata, o ano, que farão a escolha no mês de abertura. mas isso não se aplica ao IR. Isso porque há Outra medida capaz de gerar grande economia muitas variáveis a se considerar. “Se fizermos é fazer uma reestruturação societária de forma uma simulação apenas jogando o lucro, o regime a alocar as despesas dentro da pessoa jurídica do lucro presumido será mais barato, além de ser com maior faturamento. Isso pode ser aplicado, mais simples, porque isenta o contribuinte de fazer por exemplo, quando uma empresa A é dona escrituração contábil, só tem de fazer o livro-caixa”, de outra B, que tem resultado positivo mas não diz. “Mas, se a empresa adotar esse regime e tiver tem despesas em seu nome. “Se a empresa B é prejuízo, terá de pagar imposto mesmo assim”, lucrativa, o melhor é transferir despesas para ela, explica. O lucro real implica mais formalidades. como os gastos com funcionários, e não mantê“A dica é ter a escrituração contábil completa las todas concentradas em A”, recomenda. “A (mesmo que depois se escolha o lucro presumido), criação de novas empresas, configurando uma rigorosamente em dia e de acordo com a legislação, holding, também é uma forma de reduzir a carga para optar com o pé no chão, sem medo de fazer a tributária”, orienta Calixto. escolha errada”, recomenda o especialista. Mas é importante mostrar que medidas nesse Lei isenta de IR negociação com imóveis residenciais Quem vende imóvel Divulgação Benefício só é concedido se a transação for concluída em um prazo de 180 dias negociar por R$ 200 mil imóveis comprados por residencial para adquirir R$ 100 mil, e aplicar todo um ou mais bens, também o dinheiro na compra de residenciais, pode ter outro, em até 180 dias, isenção do Imposto de ficará livre de pagar à Renda. A novidade surgiu Receita os R$ 15 mil de com a Lei nº 11.196/05 imposto (15% sobre o (art. 39 e seguintes), mas ganho de capital de R$ 100 pouca gente aproveita mil, que é o valor de venda esse benefício, criado para menos o valor de compra). dinamizar o mercado Otávio: instrução normativa extrapola os limites da lei Se apenas parte do produto imobiliário e fomentar da venda for aplicada na aquisição, o contribuinte terá a casa própria. Pela lei, o contribuinte que vende um de pagar imposto proporcionalmente sobre o valor não imóvel e usa o dinheiro para comprar outro (ou mais utilizado para essa finalidade. de um), desde que isso seja feito dentro do período de Apesar dos avanços, uma norma posterior, a 180 dias, fica isento de pagar o Imposto de Renda de Instrução Normativa nº 599, de 28 de dezembro de 15% sobre o ganho de capital, que é a diferença entre 2005, criou dois pontos polêmicos. O parágrafo 11 do o valor de compra e o da venda do bem. Segundo o art. 2º exclui alguns casos de isenção. O inciso I diz advogado Otávio Loureiro da Luz, do escritório Braga que o benefício não pode ser aplicado na hipótese de Nascimento e Zílio Antunes, a regra promove uma venda do imóvel para quitar dívida de bem comprado enorme economia e um grande estímulo à troca de à prestação. “Entendo que isso está correto, porque a imóveis, além de evitar operações mascaradas. Antes intenção de criar a isenção não foi a de beneficiar quem da lei, era comum verificar casos em que o comprador tinha dívida”, diz o advogado. O problema surge na declarava um valor mais baixo do que o real no imóvel discussão do inciso II, que veda a isenção na compra adquirido, justamente para não ter de pagar ou para e venda de terreno. “É uma grande limitação, porque pagar menos imposto, já que ele é calculado sobre o retira o benefício de alguém que vende um terreno para ganho de capital. comprar um apartamento, por exemplo”, afirma. “Se Mas há condições para a isenção ser usada, explica a idéia era movimentar o mercado imobiliário, qual a o advogado. Além do prazo de 180 dias para concluir razão da restrição?”, questiona Otávio. Outro ponto a transação, o benefício só pode ser aproveitado uma polêmico é o inciso III, que diz não haver isenção vez a cada cinco anos. Ele vale só para operações feitas na aquisição de vaga de garagem, mesmo que seja por pessoas físicas e os imóveis envolvidos têm de ser no imóvel residencial. “A instrução fere a lei, exclusivamente residenciais. A nova lei é vantajosa, por extrapola os limites da lei que ela deveria regular, e, exemplo, para quem tem mais de um imóvel e pretende por isso, pode ser contestada judicialmente.” vendê-los para comprar outro. O contribuinte que NOTA Os quóruns para deliberação em condomínios podem ser definidos na convenção. Quando isso não ocorre, valem as regras do Código Civil. Salvo quóruns especiais, as decisões na assembléia devem ser tomadas por maioria dos votos que representem metade das frações ideais do condomínio, em primeira convocação e, se houver segunda, pela maioria dos votos dos presentes. Só para citar alguns quóruns diferenciados, é preciso 2/3 dos condôminos para alteração da convenção e para obras de melhoria, e unanimidade para mudança de destinação do edifício ou de suas unidades. Este informativo é publicado com o apoio da ABIHPEC (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos) Av. Paulista, 1313, cjto 1080 – Bela Vista – São Paulo – SP – CEP 01311-923 - Tel.: 55-11- 3372-9899 - Fax – 55-11-3266-5387 Assessoria de imprensa – 55-11-3083-5055 - www.abihpec.org.br - E-mail para contato: [email protected] 5 Saiba como administrar sem risco de processo trabalhista Leila De Luccia: cuidados na contratação Pagamento de horas extras, lesões e acidentes estão entre as principais questões Há muitas formas de o empregador ANUNCIE Anuncie no Conselheiro Legal Quer visibilidade frente a milhares de indústrias? Anuncie aqui. Contato com Gabriela, pelo telefone (11) 3077-2766 ou pelo e-mail gabriela.sanchez @tpt.com.br. Conselheiro Legal 6 a fiscalização do horário por cartão de ponto, evitar a ocorrência de reclamações normalmente só se bate cartão na entrada e trabalhistas. Algumas exigem um certo na saída, mas não no horário de intervalo para investimento, como a capacitação do almoço. Aí é que surgem os problemas, porque departamento de recursos humanos. esse intervalo tem de ser de uma hora para quem Outras, porém, dependem apenas de trabalha mais de seis horas e, sem controle, fica fácil uma mudança de postura dentro da de ser reclamado depois. Isso gera a possibilidade empresa, de dirigentes e funcionários. de um trabalhador de má-fé sair por duas horas Decisões recentes do Tribunal Superior para fazer compras, tomar um lanche na própria do Trabalho corroboram essa tese. Uma mesa em quinze minutos e depois pedir na Justiça quantidade enorme de condenações indenização. “As empresas normalmente perdem poderia ser evitada se os empregadores essas ações, porque é responsabilidade delas provar se preocupassem – e orientassem a concessão do intervalo”, diz Leila. A orientação da seus colaboradores de como se advogada é a de que as empresas fiscalizem também posicionar – diante de questões como esse período de almoço e descanso, garantindo que discriminação e segurança do trabalho. ele seja de, no mínimo, uma hora - se tiver apenas O Conselheiro Legal conversou alguns minutos a menos, se considera que não com a advogada Leila De Luccia, do existiu o intervalo e a companhia tem de pagar ao escritório Braga Nascimento e Zílio empregado uma hora extra. Alguns juízes entendem Antunes, que dá orientações muito úteis que esse intervalo não pode ser mais curto nem nessa área. mesmo quando acordado pelas partes Contratação - Um Empresa deve em convenção coletiva. campo que pode dar margem a muitas Refeição e repouso no local de zelar pelo reclamações trabalhistas é a contratação trabalho – O mais recomendável é de terceirizados. A co-responsabilidade que o trabalhador bata cartão e saia da horário de da empresa com a companhia empresa para usufruir seu tempo livre. refeição dos terceirizada em relação aos direitos do Mas, se ele fizer a refeição no próprio trabalhadores trabalhador é um dos maiores temores local de trabalho, seja por opção de quem contrata. Por isso, é necessário dele ou pelo fato de a companhia ter tomar certos cuidados, como não permitir que refeitório, é fundamental que a empresa respeite funcionários da empresa tenham muito contato esse horário e não o requisite para atividades, como ou ascendência em relação aos terceirizados, que se ele não estivesse lá. De qualquer forma, é preciso só devem ser controlados por um representante garantir que ele tenha total liberdade para sair e da própria terceirizada. Além disso, é preciso escolher o que fazer com esse período, como ir ao direcioná-los para funções que não sejam atividadebanco, ao supermercado. O tempo usado na troca fim da empresa. Um banco que contrate uma firma de uniforme e banho tem de ser computado como para executar manutenção hidráulica, elétrica, horas trabalhadas, se os procedimentos forem do ar-condicionado e outros serviços do gênero, exigidos pelo empregador. por exemplo, dificilmente terá problemas. Outra Descontos de benefícios – “Não desconte precaução necessária é não exigir pessoalidade benefício do salário do empregado sem autorização – quem contrata um terceirizado deve se preocupar dele por escrito”, adverte a advogada. Essa é a regra apenas que o trabalho seja feito, sem se importar do art. 462 da Consolidação das Leis do Trabalho, se ele for realizado cada dia por uma pessoa e a afronta a ela gera um grande número de ações diferente. O desrespeito a essas condições pode judiciais. Uma hipótese freqüente é a da empresa levar à obrigação de registrar esses trabalhadores, que dá o plano básico de assistência médica, com todos os direitos que isso implica. O mesmo que não inclui medicamentos e exames, e faz o risco corre aquele que contrata estagiário e não dá pagamento para agilizar o tratamento para posterior orientação para o exercício da futura profissão. desconto no salário. Na Justiça, o empregador Intervalo intra-jornada – Nas empresas com perde e tem de ressarcir tudo, até o remédio. A mais de dez funcionários, em que é obrigatória proibição do desconto sem anuência expressa vale Empresas que são ilhas de excelência Para os associados do Ciesp, a terceirização dos equipamentos de proteção individual. Para figura como a melhor opção em setores como combater os problemas de segurança no trabalho, alimentação e segurança. Mas é vista com restrições a empresa intensificou a atuação da Comissão por alguns empresários. Na HVM do Brasil, que Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), que se fabrica componentes para a área de iluminação, tornou mais forte e bastante exigente, envolvendo as duas áreas foram mantidas terceirizadas, mas o grupo com atividades relacionadas com o risco. as de limpeza e de conservação predial voltaram Isso é feito por meio de palestras e dinâmicas. a ser tocadas pela empresa. “Em um primeiro “Os funcionários fizeram também um espetáculo momento, a terceirização desses setores nos teatral buscando reproduzir os riscos de acidentes pareceu financeiramente atrativa, mas, colocando e lesões decorrentes do trabalho em seu ambiente, os números no papel, entendemos que uma equipe como perda auditiva, lesão por esforço repetitivo própria seria melhor”, afirma o diretor-presidente, (LER)”, relata Reiski. Mauritius Reisky. “Sentimos que, apesar de nossos Outras atitudes adotadas foram o maior esforços para incluir os terceirizados na equipe, envolvimento do pessoal do departamento de parece que há uma auto-exclusão, eles sabem recursos humanos, de chão de fábrica e do médico que não fazem parte do quadro de funcionários e do trabalho e o crescente incentivo ao diálogo, acabam deixando a desejar na administração das desde o primeira manifestação de insatisfação. tarefas, o que pode ser traduzido em problemas O esforço preventivo da HVM deu resultados. como um enorme desperdício de material e baixa A situação atual é diferente de dez anos atrás, qualidade do serviço”, diz. O diretor-presidente quando a empresa era acionada de uma a duas aponta também aborrecimentos com a figura do vezes por ano. gestor. “Tivemos a experiência de um gestor que Essas medidas praticamente eliminaram atendia a várias empresas, e, por isso, o retorno às as ações trabalhistas. O diálogo também é nossas exigências era muito demorado”, diz. muito valorizado na Cerâmica Jacareí. Apesar Utilizar menos a terceirização também serviu de surgirem esporadicamente dúvidas sobre para dar oportunidade de carreira para funcionários questões como horas extras e dissídios, o canal na HVM. A empresa detectou que determinados aberto entre a empresa e os funcionários fez com trabalhadores, que atuavam em áreas que poderiam que houvesse apenas uma ação trabalhista em 30 ser terceirizadas mas não eram, gostariam de anos. Outro ponto de honra para a companhia trabalhar em outros setores. E isso ocorreu com é o uso dos aparelhos auriculares e a atenção às pessoas que antes atuavam na limpeza e passaram normas técnicas. “Trazemos técnicos para falar para a linha de produção. sobre os equipamentos, organizamos bate-papos A empresa não enfrenta uma ação trabalhista em que falamos sobre como usar e a importância desde fevereiro de 2004. Com 80 funcionários do uso, sentamos todos juntos, sem diferença contratados, teve apenas três ações nos últimos de hierarquia, trazemos um contador para tirar seis anos. Elas versaram sobre dois temas: dúvidas de funcionários”, explica o sócio-diretor, equiparação salarial e a ergonometria e uso José Carlos Peloia. para qualquer benefício, como plano de assistência de saúde e odontológico, de previdência privada, seguros, clubes recreativos etc. Proteção à saúde – Para evitar ações nessa área, a recomendação é dar condições adequadas de trabalho. A companhia deve dar palestras, fornecer todos os equipamentos de segurança possíveis, orientar e fiscalizar o uso. Um exemplo é a exigência de que um vigilante use colete à prova de balas. Além disso, é preciso verificar periodicamente se os equipamentos de proteção individual (EPI) estão em boas condições. No caso de readaptação profissional do trabalhador que ficou afastado por ter sofrido acidente, o empregador tem de tomar uma série de cuidados. Deve realocá-lo de forma adequada, sem decréscimo salarial, mesmo que ele passe a exercer uma função mais simples. O funcionário tem direito a receber o mesmo que antes do acidente, e seu salário não poderá ser usado como parâmetro por outros trabalhadores que estejam na mesma função para pedir equiparação. É fundamental instruir toda a equipe para não humilhá-lo ou excluí-lo. Deixar de dar serviço também não pode: é causa de rescisão indireta, ou seja, o empregado pode deixar a empresa e receber todos os direitos trabalhistas como se estivesse sendo demitido sem justa causa, por não ter condições adequadas para desempenhar seu trabalho. Esse tipo de orientação pode ser obtido com seu advogado trabalhista. A prevenção é mais rápida e barata do que a defesa judicial. E ainda contribui para manter no mercado o principal bem de uma empresa, a sua imagem. NOTA O Código de Defesa do Consumidor não protege a empresa que adquire produtos ou serviços para dinamizar seus negócios, como a contratação de financiamento de capital de giro. Isso porque esse tipo de consumidor é visto como intermediário, e a lei rege apenas as relações entre o fornecedor e aquele que compra um produto ou serviço como destinatário final. Esse foi o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, que definiu o consumo intermediário como aquele “decorrente de uso por empresas de bens ou de serviços na cadeia produtiva, compreendendo os chamados bens indiretos ou de produção”. Conselheiro Legal 7 Número de consultas ao Jurídico feitas pela internet cresce 81% Departamento inova e amplia contato com associado da Capital e do interior NOTA O trabalhador tem direito às férias para descansar e preservar sua saúde física e mental. Elas são remuneradas e possibilitam a ele condições financeiras para aproveitar esse período. Se o empregador quita as férias com atraso, deve fazer o pagamento em dobro. Esse foi o entendimento do TST na ação movida por uma exzeladora. Pela lei, a remuneração deve ser paga até dois dias antes do início do período de férias. 8 Os associados do Ciesp O departamento realizou eventos abertos a todos os defi nitivamente adotaram o associados sobre os temas que Departamento Jurídico como despertaram maior polêmica nos consultor para todas as questões últimos meses, como o Parcelamento que afetam seu dia-a-dia. Excepcional (Paex, mais conhecido Até meados de novembro, o como Refis III) e a nota fiscal número de consultas por e-mail eletrônica. foi de 1.482, um aumento de Foi um ano bastante 81,17% em relação ao número movimentado. O Ciesp apoiou verificado em 2005 (818). Até o campanhas relevantes para o fi m de dezembro, a expectativa cidadão, como a discriminação de é de que esse porcentual quanto imposto se paga ao adquirir ultrapasse os 90%. um produto e a simplificação do Se grande parte preferiu a processo de obtenção das certidões internet, outra, ainda maior, optou negativas de débitos. pelo telefone para se comunicar Denise Lima: Dejur mais próximo As liminares obtidas pelo com a entidade. O Dejur atendeu Dejur, em face da paralisação dos fiscais da Agência de cinco a oito telefonemas por dia, atingindo cerca Nacional de Vigilância Sanitária, dos funcionários do de 2.500 atendimentos no ano. “Não há estimativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento número de telefonemas em 2005, mas a quantidade e dos procuradores da União permitiram que os é impressionante porque partimos praticamente do associados continuassem a conduzir seus negócios, zero no começo do ano passado”, afirma a advogada ainda que de forma mais lenta, a despeito do caos que do Dejur, Denise Lima. Algumas pessoas quiseram recaiu sobre as demais empresas de todo o País. tirar suas dúvidas pessoalmente (foram cerca de Em novembro, o Dejur ingressou com uma 120 consultas), e, de todas as formas, os associados representação na Secretaria de Direito Econômico conseguiram obter um atendimento ágil e útil para o (SDE) para denunciar a ocorrência de cartel melhor desenvolvimento de suas atividades. no frete marítimo. Em meados do segundo A prioridade do departamento em 2006 foi semestre, os associados foram surpreendidos chegar mais perto do associado. Pela primeira vez, por uma elevação de preço praticada em bloco a equipe do Dejur esteve nas delegacias regionais pelas maiores companhias de navegação. O Ciesp de Jundiaí, São José dos Campos e São Bernardo, foi procurado por uma delas, a Hamburg Süd, discutindo e esclarecendo dúvidas sobre Simples, mas, como não houve acordo, prosseguiu com a PIS, Cofi ns, entre outras questões. O departamento denúncia. Atualmente, a questão encontra-se sob também foi à distrital sul, para levar informações investigação. sobre a participação nos lucros ou resultados. CONSELHEIRO LEGAL PUBLICAÇÃO DO DEPARTAMENTO JURÍDICO DO CENTRO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO Ano 2 - NÀ 15 Dezembro de 2006 Governo investiga possível cartel no setor de transportes Ciesp aguarda resultado de representação na SDE focada no frete marítimo melhora na qualidade governo está atento às do portfólio, o conjunto denúncias de cartel no setor de casos que tem para de transportes. A afirmação apreciar. Isso significa é do secretário de Direito que o governo passou a Econômico, Daniel Goldberg, investir os recursos de e trata de um dos pontos mais olho no binômio chance sensíveis à indústria, o frete. de êxito x impacto “Estamos olhando muito para na economia, ou seja, o setor de transportes, pelo prioritariamente onde impacto que representa na há maior chance de economia”, disse o secretário. encontrar cartéis, com Ele afirmou que o segmento efeitos relevantes para a está sob investigação. Embora sociedade. Isso pode ser não possa falar sobre a verificado na comparação representação movida pelo com 2003, quando apenas Ciesp contra as maiores cinco dos quinze casos Daniel Goldberg: atenção total aos cartéis companhias de navegação, prioritários eram de já que a questão está em exame, Goldberg citou outras cartéis clássicos, ante 100% neste ano. investigações da secretaria nessa área, como as realizadas Os armadores também estão se mexendo. nos portos de Santos e de Salvador, e uma que conduz Segundo o diretor-titular do Departamento de atualmente, com acordo de leniência, uma espécie de Comércio Exterior do Ciesp, Humberto Barbato, delação premiada que beneficia aquele que coopera 21 associados receberam comunicados verbais das com informações. Este instrumento tem facilitado a companhias de navegação de que voltaram atrás no coleta de um amplo conjunto de provas, utilizado para aumento do frete, mas vão repassar as chamadas fundamentar os pedidos de condenação formulados ao “despesas de bunker”, relativas à variação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). combustível. “A investigação deve continuar, porque Segundo o secretário, ainda há muito o que as atitudes mostram que os armadores se organizam fazer, mas a SDE conseguiu uma significativa para que não haja competição”, diz Barbato. O CONSELHEIRO LEGAL Publicação do Departamento Jurídico do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) Av. Paulista, 1.313, 13º andar, São Paulo, SP Tel.: (11) 3549-3255 e-mail: [email protected] www.ciesp.org.br TPT Comunicações Rua Tabapuã, 422, 5º andar, São Paulo, SP CEP: 04533-001 Tel: 3077-2790 Fax: 3077-2762 [email protected] Colaboração: Braga Nascimento e Zilio Antunes Advogados Associados Tel: 3086-3900 [email protected] Jornalista responsável: Antonio Gaspar Reportagem: Adriana Gordon Edição de arte: Marcos Magno Fotos: Juan Guerra Tiragem: 8.200 exemplares Planeje agora para pagar menos tributo no ano que vem Saiba como evitar reclamações trabalhistas Consultoria ajuda a evitar processos por assédio “O que conduz o mundo é o espírito e não a inteligência.” Antoine de Saint-Exupéry Conselheiro Legal