UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PARA A DIVERSIDADE TALLINE SILVA MOREIRA A SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL DA CRIANÇA E ADOLESCENTE DE BAIXA RENDA EM ARAÇUAI - MG E AS POLÍTICAS AFIRMATIVAS Pólo Araçuaí – MG Julho -2012 TALLINE SILVA MOREIRA A SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL DA CRIANÇA E ADOLESCENTE DE BAIXA RENDA EM ARAÇUAI - MG E AS POLÍTICAS AFIRMATIVAS Monografia apresentada ao Programa de Educação para a Diversidade, do Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal de Ouro Preto, como requisito parcial à obtenção do grau de Especialista em Gestão de Políticas Públicas com ênfase em Gênero e Raça. Orientadora: Monalisa Pavonne Oliveira Pólo Araçuaí – MG Julho -2012 Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pois sem ele, nada seria possível. A toda minha família; e em especial a Ivani Moreira, minha mãe, pelo esforço em me ajudar nas orientações e a orientadora Monalisa. Agradecimento Agradeço a Deus por ter me dado tanta força para passar este período, que foi o mais difícil desde que entre no curso porque me ensinou o valor da vida, me revitalizando em todos os momentos difíceis. Aos meus pais e ao meu marido Tiago por sempre estarem ao meu lado, por terem me apoiado incondicionalmente. A orientadora Monalisa Pavonne Oliveira. Aos colegas do curso pela amizade. Aos tutores do curso de Especialização em Gestão de Políticas Publicas em Gênero e Raça , que me ajudaram muito.Obrigada! MOREIRA, Talline Silva. A Situação de Vulnerabilidade Social da Criança e Adolescente de Baixa Renda em Araçuaí - MG e as Políticas Afirmativas. Araçuaí: UFOP, 2012. (Trabalho de Conclusão de Curso) Resumo O objetivo deste trabalho foi mostrar a situação de vulnerabilidade social da criança e do adolescente no Brasil e as políticas publicas afirmativas implantadas no município de Araçuaí em prol da criança e do adolescente. Para tanto, o presente estudo foi estruturado em três partes. A primeira parte refere-se a um breve relato da situação da Criança e do Adolescente no Brasil. Embora existam leis que defendam os direitos da Criança e do Adolescente, a todo o momento percebemos que em inúmeros locais encontram-se crianças empobrecidas pedindo ajuda para sua sobrevivência e de sua família. Elas são obrigadas a exercer uma função que não condiz com suas idades, e, tampouco, conduz a uma superação desta dura e triste realidade. A segunda parte retrata os fatores que levam a criança e o adolescente à situação de vulnerabilidade social, que pode ser iniciada com perdas afetivas, perdas cognitivas, vícios e prostituição de menores. A terceira parte trata se das Políticas Públicas afirmativas implantadas em nosso município com o objetivo de diminuir a vulnerabilidade social desses atores sociais. Palavras-Chaves: Criança e Adolescente. Vulnerabilidade Social. Políticas Afirmativas. Abstract The objective of this work was to show the situation of social vulnerability of the child and of the adolescent in Brazil and the politics you publish affirmations implanted in the city of Araçuaí in favor of the child and the adolescent. For in such a way, the present study it was structuralized in three parts. The first part mentions a brief story to it of the situation of the Child and the Adolescent in Brazil. Although laws exist that defend the rights of the Child and the Adolescent, all the moment we perceive that in innumerable places empobrecidas children meet asking for aid for its survival and of its family. They are obliged to exert a function that not condiz with its ages, and, neither, lead to an overcoming of this last and sad reality. The second part portraies the factors that take the child and the adolescent to the situation of social vulnerability, that can be initiated with affective losses, cognitivas losses, vices and prostitution of minors. The third part deals with if the affirmative Public Politics implanted in our city with the objective to diminish the social vulnerability of these social actors. Key Words: Child and Adolescent. Social Vulnerability. Affirmative policies. LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS CREAS Centro de Referência Especializada de Assistência Social. ECA Estatuto da Criança e Adolescente. GPP-GeR Gestão Políticas Publicas e Gênero e Raça. UAB Universidade Aberta no Brasil. IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e. Estatística. SUMÁRIO Introdução..................................................................................................09 Capitulo- I- Breve Relato da Situação da Criança e do Adolescente no Brasil..........................................................................................................15 Capitulo –II– Fatores que Levam a Criança e o Adolescente a Vulnerabilidade Social...............................................................................18 Capitulo – III – As Políticas Públicas Afirmativas que diminuem a vulnerabilidade social da criança e do adolescente em Araçuaí– MG ...24 Conclusão................................................................................................33 Referências Bibliográficas.......................................................................36 1. Introdução O presente trabalho nos mostra o quadro de carência econômica e afetiva historicamente construída que tem conduzido centenas de crianças e adolescentes do nosso Brasil para uma situação de risco social de dimensões incalculáveis. Tendo conhecimento dos fatores que levam a criança e o adolescente a vulnerabilidade no nosso município, AraçuaíMG, foram implementadas algumas políticas públicas na tentativa de solucionar ou amenizar a situação de vulnerabilidade social vivenciadas por essa camada da sociedade. Cabe nos ressaltar que esse problema não está presente somente em nosso município, mas em todo o país. E isso tem se tornado uma preocupação dos órgãos públicos que vem elaborando políticas públicas universais e focalizadas para reparar as mazelas que têm contribuído com a vulnerabilidade social vivenciada por esse público. O Município de Araçuaí está localizado no Nordeste do Estado de Minas Gerais, na microrregião do Médio Jequitinhonha, bem no centro do Vale do Jequitinhonha, a uma distância de 678 km da capital Belo Horizonte. “A área do município corresponde a 2.236 km2, abrigando uma população de 35.713 habitantes resultando em uma densidade demográfica de 15,9 hab/km²” (IBGE 2000). A cidade de Araçuaí oferece uma série de serviços e, por isso, polariza vários municípios do Médio Jequitinhonha. Por ser um município sem muitas perspectivas de trabalho e possuir poucos meios de sobrevivência e emprego, a exclusão social ainda é muito presente em nosso meio, principalmente, com as famílias de baixa renda e, sobretudo, as famílias e crianças negras. A escolha do tema se deu após perceber que na cidade de Araçuaí – MG tem um grande número de crianças e adolescentes, principalmente negras, que vivem em situação de vulnerabilidade social, e que após a implantação do ECA em 1990, muitos direitos que antes não eram discutidos pelos responsáveis diretos por esse segmento, hoje já está sendo discutido e elaboradas propostas para atender essas crianças e adolescentes. A vulnerabilidade social nada mais do que é formada por pessoas e lugares, que estão expostos à exclusão social, são famílias, indivíduos sozinhos, e é um termo geralmente ligado à pobreza. As pessoas que estão incluídas na vulnerabilidade social são aquelas que não têm voz onde vivem geralmente moram na rua, e dependem de favores de outros. As pessoas que se encontram em situação de vulnerabilidade social, geralmente, apresentam sinais, como: de desnutrição, condições precárias de moradia e saneamento, não possuem família ou emprego digno, e esses fatores compõem o risco social, ou seja, é um cidadão, mas na prática sem os mesmos direitos e deveres dos outros. O indivíduo que está nessa situação torna-se um excluído, que por serem impossibilitados de partilhar dos bens e recursos oferecidos pela sociedade, fazendo com que expulsão seu acesso aos espaços de sociabilidade sejam restritos. O Estado e a sociedade brasileira demoraram a perceber que o princípio da igualdade de todos perante a lei não é suficiente para defender uma ordem social justa e democrática, pois as desigualdades foram acumuladas no processo histórico. Em termos normativos a Constituição Federal de 1988, veda a discriminação racial, porém não criou condições específicas de combate a essa forma de discriminação. É dever da família da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito a vida, a saúde, a alimentação, a educação, ao lazer, a profissionalização à cultura, a dignidade, ao respeito, a liberdade a convivência familiar comunitária, além de colocá-la a salvo de toda forma de negligência discriminação, exploração, violência crueldade e opressão. (BRASIL ,1999 p.227). A população de Araçuaí apresenta vulnerabilidade social, que se acentuam ao atingirem crianças e adolescentes. Seja porque são vitimas da discriminação racial, seja porque ingressam precocemente no mercado de trabalho para ajudar a família ou simplesmente sobreviver – em qualquer desses casos, encontramos um denominador comum: a retenção ou a evasão escolar, o que acrescenta, aos problemas sociais, o 10 analfabetismo e, por conseqüência, a carência do preparo adequado para o ingresso na sociedade. Diante da realidade apresentada, procuraremos buscar junto aos órgãos responsáveis pelo atendimento à criança e o adolescente como: Ministério Público, Conselho Municipal de Direitos da Criança e Adolescente, Conselho Tutelar e CREAS – Centro de Referência Especializada de Assistência Social, leis e informações sobre esse segmento e quais as políticas que estão sendo desenvolvidas no município para atender essas crianças e adolescentes vitimadas pela exclusão social e racial. Em 2011, o índice de desenvolvimento Humano Municipal de Araçuaí era de 0,687. Segundo a classificação do PNUD, o município está entre as regiões consideradas de médio desenvolvimento humano (IDH entre 0,5 e 0,8). No período 1991-2000, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH –M) de Araçuaí cresceu 15,08%, passando de 0,597 em 1991 para 0,687 em 2011. A dimensão que mais contribuiu para este crescimento foi a educação, com 51,7% seguida pela renda, com 26,4% e pela longevidade, com 21,9%. As principais atividades econômicas do município são: o comércio, a agricultura, a mineração e o artesanato. A população municipal, estimada em julho de 2011 é de 36,895 pessoas residentes. Em relação ao ano de 1970, cresceu quase 22%. Entre os anos 1970 e 2011, percebe a diminuição da participação relativa da população rural na população total, em favor da população urbana. Proporção de moradores abaixo da linha da pobreza e indigência – 2010 11 Fonte: Censo Demográfico 2010. Neste município, de 1991 a 2010, a proporção de pessoas com renda domiciliar per capita de até meio salário mínimo reduziu em 27,7%; para alcançar a meta de redução de 50%,deve ter, em 2015,no máximo 35,3%. Para estimar a proporção de pessoas que estão abaixo da linhada pobreza foi somada a renda de todas as pessoas do domicílio, e o total dividido pelo número de moradores, sendo considerado abaixo da linha da pobreza os que possuem rendimento per capita menor que 1/2 salário mínimo. No caso da indigência, este valor será inferior a 1/4 de salário mínimo. Percentual da renda apropriada pelos 20% mais pobres e 20% mais ricos da população – 2000 12 Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2000 A participação dos 20% mais pobres da população na renda passou de 3,4%, em 1991, para 1,4%, em 2000, aumentando ainda mais os níveis de desigualdade. Em 2000, a participação dos 20% mais ricos era de 66,7%, ou 49 vezes superior à dos 20% mais pobres. Proporção de crianças menores de 2 anos desnutridas – 19992011 13 Fonte: SIAB DATASUS Em 2010, o número de crianças pesadas pelo Programa Saúde Família era de 4.187; destas, 0,9% estavam desnutridas. Taxa de mortalidade de menores de 5 anos de idade a cada mil nascidos vivos – 1995-2010 Fonte: SIAB - DATASUS 14 O número de óbitos de criança menores de um ano município, de 1995 a 2010, foi 146. A taxa de mortalidade de menores de um ano para o município, estimada a parti dos dados do Censo 2010, é de 6,2 a cada 1.000 crianças menores de um ano. Das crianças de até 1 ano de idade, em 2010, 9,9% não tinham registro de nascimento em cartório. Este percentual cai para 3,0% entre as crianças até 10 anos. Percentual de crianças nascidas de mães adolescentes – 2009 22,0% Fonte: Ministério da Saúde – DATASUS O percentual de mães com idades inferiores a 20 anos é preocupante. Na maioria dos casos, as meninas passam a enfrentar problemas e a assumir responsabilidades para as quais não estão preparadas, com graves conseqüências para elas mesmas e para a sociedade. 2 Objetivos: 2.1 Objetivo Geral: · Conhecer e verificar as políticas afirmativas desenvolvidas por diferentes órgãos de amparo à criança e o adolescente de Araçuaí /MG. 15 2.2 Objetivos Específicos: · Realizar estudo bibliográfico das legislações referente à criança e adolescente. · Fazer um apanhado cronológico das conquistas alcançadas em prol das políticas públicas afirmativas para as crianças e os adolescentes. 3. Breve Relato da situação da Criança e do Adolescente no Brasil. A desigualdade social aumenta a vulnerabilidade de quem o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) há 19 anos deve proteger. Cerca de 55% das crianças com até 6 anos de idade estão abaixo da linha da pobreza. Entre crianças e adolescentes de 7 a 14 anos, o percentual de pobreza é de 50% e entre os jovens com idade de 15 a 17 anos, de 40%. Os percentuais de criança e adolescentes pobres estão acima do que se verifica entre os adultos, 25% desses estão abaixo da linha de pobreza (meio salário mínimo per capita de renda familiar). As desigualdades sociais não são mais suficientes para explicar as situações de risco e abandono em que vivem crianças e adolescentes em nosso país, e que propiciam marginalização, exclusão e perda dos direitos fundamentais. Estas situações repousam principalmente sobre os fenômenos de vulnerabilidade social, ruptura e crise indenitária pelos quais passa a sociedade, ou seja, estão relacionadas ao enfraquecimento dos laços familiares e, portando, a um forte sentimento de solidão e vazio de existência. 16 As crianças e adolescentes que se encontram em situação de vulnerabilidade social são aquelas que vivem negativamente as conseqüências das desigualdades sociais; da pobreza e da exclusão social; da falta de vínculos afetivos na família e nos demais espaços de socialização; da passagem abrupta da infância à vida adulta; da falta de acesso à educação, trabalho, saúde, lazer, alimentação e cultura; da falta de recursos materiais mínimos para sobrevivência; da inserção precoce no mundo do trabalho; da falta de perspectivas de entrada no mercado formal de trabalho; da entrada em trabalhos desqualificados; da exploração do trabalho infantil; da falta de perspectivas profissionais e projetos para o futuro; do alto índice de reprovação e/ou evasão escolar; da oferta de integração ao consumo de drogas e de bens, ao uso de armas, ao tráfico de drogas (ABRAMOVAY, CASTRO, PINHEIRO, LIMA, MARTINELLI, 2002). Por isso, em conformidade com o Estatuto da Criança e do adolescente (ECA - Lei no. 8.069/90), a falta de recursos materiais por si só não constitui motivo suficiente para afastar crianças e adolescentes do seu convívio familiar, encaminhá-los para serviços de acolhimento ou inviabilizar sua reintegração (Art.23). O afastamento apenas é justificado quando o dever de sustento guarda educação dos filhos menores é descumprido (Art.22). Portando, para se trabalhar com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, marcadas pelo abandono ou afastamento do convívio familiar, deve se compreender antes de tudo que esta “vulnerabilidade” aborda diversas modalidades de desvantagem social, mas principalmente a fragilização dos vínculos afetivos, relacionais de pertencimento social ou vinculados à violência. As relações em contexto de vulnerabilidade social geram criança, adolescentes e famílias passivas e dependentes, com a auto-estima consideravelmente comprometida. Estes jovens e suas famílias enfrentam como atributos negativos pessoais as falhas próprias de sua condição histórico-social. De forma circular e quase inevitável este ciclo se instala 17 reforçando-se a condição de miséria, não só no nível material, como no nível afetivo. As pessoas, desde muito jovens, percebem-se como inferiores, incapazes, desvalorizadas, sem o reconhecimento social mínimo que as faça crer em seu próprio potencial como ser humano. Todas estas questões sociais devem ser consideradas no trabalho com pessoas que vivem em contexto de vulnerabilidade, pois exercem forte influência sobre o comportamento das famílias e da comunidade em geral. 18 4 Fatores que levam a Criança e o Adolescente a Vulnerabilidade Social. Os tipos de criança e adolescentes podem ser identificados segundo suas aparências. A idéia tão divulgada de que a primeira impressão é a que fica remete à importância que tem a aparência dos sujeitos para a sociedade. A aparência de bem-estar é um índice de cidadania, por isso tão difícil perceber as crianças trabalhando nos cruzamentos como sujeitos de direitos. Aliás, a idéia que se tem de que essas crianças estão fora do lugar, pois elas deveriam estar na escola, em casa com seus pais ou em algum lugar apropriado à infância. Na verdade, se as crianças e os adolescentes são desprovidos das condições de bem-estar, raramente poderão ser percebidos como sujeitos de direitos. Assim, se eles não têm seus direitos garantidos, são ainda vulneráveis, pois seus relacionamentos se darão com base na percepção de que não os possuem é neste sentido que se reforça a baixo autoestima; ele não é simplesmente resultado da mentalidade dos indivíduos, não se trata de tentar mudar o olhar dos outros, mas de intervir para modificar tal situação. A relação entre a vulnerabilidade e o direito da criança e do adolescente expressa não a idéia de sujeitos incapazes, mas a intenção de bloquear as ações que os impedem de experimentar o bem-estar na infância. Deste modo, é preciso rever as formas de realização da proteção social, utilizando-se da segurança jurídica para viabilizar a produção de bem-estar tanto no espaço público bem como no doméstico. Trata-se de direcionar a política social para a redução dos fatores de vulnerabilidade que ameaçam o bem-estar da população infanto-juvenil. Entre os fatores de vulnerabilidade das crianças e adolescentes pode-se destacar: 19 1. os riscos inerentes à dinâmica familiar: são os problemas relacionados ao alcoolismo, aos conflitos entre casais que fazem da criança a testemunha de ofensas e agressões; enfim, todo forma de violência doméstica, traumas, abusos sexuais, carências afetivas, etc. 2. os riscos relacionados ao lugar de moradia: a precariedade da oferta de instituições e serviços públicos, a disponibilidade dos espaços destinados ao lazer, as relações de vizinhança, a proximidade a localização dos pontos de venda controlados pelo tráfico de drogas; 3. os riscos relacionados à forma de repressão policial à atividade do tráfico de drogas e a violência urbana; 4. o risco do trabalho realizado pelas instituições que os recebem: constituem os abusos praticados por profissionais, que são encobertos por uma estratégia de funcionamento que exclui a participação social; 5. os riscos à saúde: compreende a ausência de um trabalho de prevenção e o acesso ao atendimento médico e hospitalar; 6. os riscos do trabalho infantil; muitas são as crianças exploradas até pela própria família, trabalhando na informalidade; As situações sócio-econômica das famílias é o fator que mais tem contribuído para a desestruturação da família, repercutindo diretamente de forma vil nos mais vulneráveis desse grupo. O filho vítima de injustiça social se vêem ameaçados e violados em seus direitos fundamentais. A pobreza, a miséria, a falta de perspectiva de um projeto existencial que vislumbre a melhoria da qualidade de vida, impõe a toda família uma luta desigual e desumana pela sobrevivência. Neste sentido, a política social para criança e adolescentes deve seguir o intuito de promover as condições mais adequadas ao seu bemestar, fundamente-se na idéia de vulnerabilidade, ao deixar de ter referência apenas a renda familiar e passando a considerar as formas de relacionamento entre seus integrantes. Tomando assim várias medidas para sanar este problema: criar novas unidades de atendimento para criança e adolescente. Investir mais em atividades esportivas, artísticas e 20 músicas. Acompanhar as famílias das regiões vulneráveis. Promover projetos em áreas de vulnerabilidade. Ainda que pelo cotidiano das ruas ambos os grupos, adolescentes de rua e na rua, estejam sujeitos ao mesmo quadro de violência urbana vícios, tráfico de drogas, roubo, e prostituição – parece sensato considerá-los diferentes. Os adolescentes que perderam os vínculos familiares, e que não têm um adulto de referência, não dispõem de moradia fixa, e afirmam ser as ruas seu local de moradia. Não desenvolvem atividades laborais sistemáticas e roubam, pedem ou fazem pequenos trabalhos esporádicos para sobreviver. Aqueles que, apesar de passarem o dia todo pelas ruas, ou até mesmo dormirem nelas por alguns poucos dias, sempre voltam para casa, têm pelo menos um familiar adulto como referência e trabalham como engraxates, “pastoradores” de carros, vendedores de picolé etc. Os adolescentes de rua se definem em dois grupos. Há aqueles que mantêm um vínculo com a família e estão nas ruas, pedindo esmola, e aqueles que apenas utilizam as ruas para lazer. São os que não possuem nenhum vínculo com a família, dormem nas ruas e fazem dela seu lar. Segundo Huts, Koller (1997, s/p) Os adolescentes em situação de rua são seres humanos em desenvolvimento, que podem apresentar algumas características psicológicas sadias, apesar das dificuldades impostas por um ambiente hostil. Para manterem-se na rua, desenvolvem estratégias para lidar com circunstância que podem expo-los a riscos e podem torná-los vulneráveis. As crianças e adolescentes que habitam lares conturbados, disfuncionais, são amiúde vítimas de dupla violência- direta e indireta – cometida por parte dos pais biológicos ou por afinidade (a mãe, com extrema freqüência, visto que passa mais tempo com os filhos, notadamente os bebês), responsáveis (padrinhos e tutores) ou parentes 21 (irmãos, primos, tios, avós), muitos sob o efeito do álcool ou drogados e/ou com distúrbios de comportamento, esses responsáveis pelos menores encontram-se predominante na faixa etária entre de 26 a 34 anos. Desse modo, podemos perceber que o uso de álcool e drogas ilícitas por parte dos responsáveis pelos menores, é um fator que contribui sobremaneira para a condição de vulnerabiblidade social por parte de crianças e adolescentes, em virtude do descaso ou, até mesmo, pelos atos de violência física e emocional sofridos por crianças e adolescentes em seus próprios lares. Nesse sentido, como o lar não é um espaço acolhedor e de afeto, mas sim de sofrimento físico e psicológico, muitos menores buscam em outros espaços um meio de sobrevivência que os distancie da dura realidade de seus lares, porém, este lugar geralmente é a rua junto de outros menores que, em certa medida, compartilham das mesmas mazelas. Portanto, pensamos que essas crianças e adolescentes que vivem em situação de vulnerabilidade social, ao se tornarem adultos reproduzirão futuramente a realidade vivida em seus lares, por não terem tido uma orientação familiar adequada. Assim sendo, de mesmo modo como os seus responsáveis eles experimentarão as dificuldades da vida solitária. Uma dura realidade amenizada muitas das vezes com o uso de álcool e drogas. Nessa perspectiva, tendo como base os estudos de FISHMAN (1988) e VIEIRA et al.(2007),podem-se listar seis fatores que influenciam o comportamento de beber: 1. Contexto Familiar e social: A crença de uma reunião social possa não ser agradável sem que inclua consumo de álcool é comum na nossa sociedade. Os adolescentes são inclinados a imitar os pais, outros parente e heróis da televisão, dos livros, do rádio ou do cinema, é comum um adolescente dizer que começou a beber por que viu que isso era um hábito de alguém que ele admira. Uma pesquisa realizada por VIEIRA et al.(2007) com estudantes 22 de Paulínia (SP).releva que 40,4% dos alunos relataram que familiares foram os primeiros a lhes oferecer bebida alcoólica e,que quase (47,9%)afirmou que há alguém na família que bebe demais; 2. Curiosidade e experimentação: Muitos adolescentes sentem curiosidade de experimentar o sabor da bebida que eles veem os outros ingerir. Além disso, querem explorar os efeitos da bebida, por meio do abuso. Querem saber com é estar embriagado e intoxicado; 3 - Pressão dos amigos: Para muitos garotos e garotas seguir a moda pode ser uma necessidade, assim como gostar de certos tipos de música. Nesse estágio eles se encontram psicologicamente imaturos para exercer o senso critico e a capacidade de julgamento, absorvendo influencias se refletir sobre elas. Se beber esta na moda entre determinado grupo de adolescentes, poucos são dotados de segurança e senso critico suficientes para criticar a bebida ou simplesmente recusar-se a beber. No estudo de VIEIRA et al.(2007),35,5% dos alunos disseram que amigos foram os primeiros a lhes oferecer bebida alcoólica e 62,4% relatam beber mais frequentemente na companhia de amigos. 4 .Prazer: Muitos adolescentes usam o álcool com estimulante para a diversão e o namoro, isto é, para os prazeres. Incluem bebidas em festas, idas ao cinema ou ao jogo de futebol como elementos favoráveis ao prazer. Trata-se de um mecanismo cultural que identifica o álcool com prazer e que deve ser desmascarado. Problemas emocionais: Um dos efeitos imediatos do álcool é o de tranquilizante ou de causador de euforia e bem-estar. Um indivíduo que esteja enfrentando momentos de tensão, nervosismo, conflitos com a família, com amigos ou dificuldades no relacionamento pode entrega-se ao álcool para suprir temporariamente a depressão, a ansiedade e os sentimentos de medo. Acabaram ai agravando os problemas em vez de resolvê-los. 6. Facilidade de acesso: Além de tudo que já foi citado, outro fator que contribui fundamentalmente para o uso do álcool entre adolescente é a disponibilidade comercial e o preço. As bebidas alcoólicas são 23 encontradas facilmente, em qualquer lugar e com preços acessíveis aos jovens. Apesar de existirem leis que proíbem a venda de bebidas à menores de 18 anos, essa é uma pratica comum e que devem ser combatida. A partir dos itens listados, podemos perceber que o que induz o jovem a beber é o exemplo de alguém próximo que tem alguma relação estreita com a bebida, ou o extremo oposto falta de qualquer tipo de amparo ou exemplo do que deve ou não ser feito, por parte de um adulto. Outro item que nos parece importante ressaltar, é que este adulto que possa ter algum tipo de problema como uso de álcool ou drogas e que tem uma relação de abandono com relação ao menor ao qual é responsável, também foi via de regra um menor que se encontrava em situação de vulnerabilidade social. Observamos, então, a reprodução de um modelo, pois um adulto que faz com que um menor sofra, neste caso, também foi uma criança que sofreu. Isso de maneira nenhuma o eximi da responsabilidade de seus atos, mas é um fator que temos que ter em mente ao trabalharmos estas situações. 24 5. As Políticas Públicas Afirmativas que Diminuem a Vulnerabilidade Social da Criança e do Adolescente em Araçuaí-MG. Para diminuir a vulnerabilidade social em Araçuaí, foram criadas algumas políticas públicas no sentido de combater as causas da pobreza e os fatores da marginalização, promovendo a integração social das classes desfavorecidas. Promotor Randal Bianchini Marins em Araçuaí estabelece lei de horário para os adolescentes. Tendo inicio no mês de janeiro de 2011, ficou colocado que todos aqueles menores de 18 anos não poderiam estar freqüentando clubes e festas após as dez da noite, somente seria permitida a entrada de maiores de 16 anos com a carteira de identidade acompanhada pelos pais ou responsáveis. Muitos aderiram à nova lei da cidade, abaixando e muito o fluxo de pessoas nas festas, pois a grande maioria das pessoas que freqüentavam esses ambientes eram adolescentes menores de 18 anos que acabavam fazendo o uso de drogas, álcool, e muitos se envolviam em brigas com armas. A Cooperativa Dedo de Gente é resultado do aprendizado e do trabalho, artesanalmente concebidos e pacientemente aprimorados, desde 1996, pelas diversas unidades de produção solidária - as “fabriquetas” – formadas e dirigidas por moças e rapazes do Vale do Jequitinhonha e norte de Minas Gerais. O projeto nasceu como conseqüência de um processo educativo iniciado há 26 anos pelo (CPCD) Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento. Quando a idéia surgiu, o artesanato, habilidades artísticas dos jovens foram uma “desculpa” para promover a educação da convivência. Com o tempo a produção se ampliou, em diversidade e qualidade, e hoje somos 10 fabriquetas: serralheria, marcenaria, bordada 25 e arranjos florais, cartonagem, tinta de terra, doces e licores, e casinhas de passarinho - nossa imobiliária para quem sabe voar. Recentemente, incorporamos as fabriquetas de cultura e tecnologia, com serviços na área de audiovisual e softwares. Os instrumentos são outros, mas o propósito, o mesmo: gerar possibilidades inovadoras de desenvolvimento humano e profissional, comprometido com os valores de nossa cultura e o ambiente em que vivemos. Mais de dois mil produtos já foram criados e 200 estão no portifólio permanente. São peças que contam a história e as estórias do sertão de Minas Gerais, da cultura do nosso povo, das cores da nossa terra. Somos 85 cooperados e cerca de 70% do orçamento provém das vendas. Muitos de nós já fomos recrutados por empresas da região e dois já montaram negócios próprios. Os bons resultados nos dão fôlego para buscar nossa plena sustentação econômica a inclusão de mais jovens que esperam por essa oportunidade. O objetivo central do projeto fabriquetas é implantar as bases para a criação de um pólo de desenvolvimento de sistemas informatizados de baixa complexidade no vale do Jequitinhonha, tendo como ponto de partida à cidade de Araçuaí. A proposta é desenvolver um modelo de negócio inovador no campo da produção de softwares e implantar sua primeira etapa, referente à criação de uma “fabriqueta” de softwares de baixa complexidade. O grupo é formado por 20 jovens entre 16 e 22 anos. Todos são de Araçuaí, estudam e alguns fazem trabalhos esporádicos. O grupo é também integrado por um educador do (CPCD) Centro Popular de Cultura e desenvolvimento e futuramente terá um técnico em informática. São jovens cheios de energia, que apresentam, no geral, uma postura proativa. Há alguns que são desanimados, mas o grupo consegue envolve-los. Uma das características mais fortes que o grupo apresentava no início das atividades e que está mudando é a falta de concentração e 26 atenção. O horário de funcionamento da Fabriqueta é de 14h às 17h e de 17h30 às 20h30. As atividades desenvolvidas: MDI- Maneiras Diferentes e Inovadoras. Em um MDI é feita a seguinte pergunta: de quantas maneiras diferentes e inovadoras eu posso..? Essa pergunta é respondida com sugestões de atividades que ao longo do tempo são desenvolvidas e avaliadas. De quantas maneiras diferentes e inovadoras pode ser feito o nivelamento técnico dos jovens? - Estimular a troca de experiência. - Trabalhos em grupos. - Pesquisar, confecção de jogos para estimulo do raciocínio, concentração e criatividade. - Confecção de cartões, folder, calendários usando os dados do comercio local. - Pesquisa sobre os projetos do CPCD e confecção de materiais de divulgação. - Construção do site da Fabriqueta de Software. Todos os jovens que fazem parte da Fabriquetas já tinham algum conhecimento de informática. Todas as atividades são desenvolvidas em grupo, com o intuito de fortalecer a troca de conhecimento e o trabalho em equipe.São passadas para os grupos pequenas simulações de pedidos(cartões, folder,sites, planilhas etc.), para que eles comecem a construir uma rotina de trabalho. Foi feito uma pesquisa sobre três projetos do CPCD - Sitio Maravilha, Cinema e Fabriqueta de Software. O grupo agora esta criando o material de divulgação desses projetos. Com essas atividades, os jovens idealizam como será o dia-a-dia da Fabriqueta de Softwares. Nesse período, alguns jovens demonstraram desinteresses, falta de motivação, de responsabilidade e de compromisso. Na medida em que eram feitas as rodas de avaliação, entretanto, esses sentimentos foram diminuindo. Nesse período, 27 trabalhamos não somente com o nivelamento técnico, mas houve também um fortalecimento do trabalho em equipe e do protagonismo dos jovens. Um tema que não pode faltar nas rodas é a inclusão digital e como essa inclusão pode trazer melhorias para a comunidade. O grupo da fabriqueta de Software fez uma visita à Cooperativa Dedo de Gente para conhecer os jovens e a forma de funcionamento da Cooperativa e de suas fabriquetas. Essa visita foi feita para que os jovens tomassem conhecimento da Cooperativa, já que futuramente esse grupo poderá fazer parte dela. Nas rodas de conversas, avaliação e planejamento, os jovens estão tendo uma participação razoável, ainda têm “vergonha” de opinar sobre os assuntos abordados, mas essa vergonha está desaparecendo na medida em que os jovens vão compreendendo o que é a Fabriqueta de software. Tem sido trabalhado com o grupo o conceito de inclusão digital. Para discutir esse assunto, estamos usando a revista “A Rede” como fonte de informação. São retiradas das revistas reportagens (hackers, meta-reciclagem etc.). Começamos a discutir sobre como utilizar melhor o computador e a internet, já que com ela estamos conectados ao mundo, e como podemos utilizar essas ferramentas para trazer desenvolvimento, melhorias para nós, para as pessoas e a comunidade. Avanços Obtidos - 20 jovens envolvidos. - 30 horas de atividades por semana com cada jovem. - 4 produtos confeccionados (site Cinema Meninos de Araçuaí, folder Sitio Maravilha, folder Cooperativa Dedo de Gente e cinema e folder Fabriqueta de Software). - Reprodução e utilização de 20 jogos e problemas. - Frequência de 93% - Media de aprendizagem do grupo: 89%. 28 - Os cinco jovens que tiram as notas mais baixas na prova pela PC Line já dominam os conhecimentos básicos - 01 filme assistido Indicadores Qualitativos - Maior compreensão do que é uma fabriqueta de software. - Maior domínio de conhecimentos sobre Windows, Word e Excel. - Ampliação da visão dos jovens em relação ao uso da informática. - Melhora na concentração e no raciocínio. Dificuldades Encontradas - a atenção e o raciocínio dos jovens, apesar de maiores, ainda não são idéias para o grupo. Resistência dos jovens em relação ao uso de musica e de jogos durante as atividades. Nesses “encontros” há uma intensa troca de saberes, transformando os indivíduos e promovendo a valorização humana e cultural. È muito bom acreditar, buscar e realizar! A cada dia, juntamente com criança, priorizamos o potencial de nossa cultura, pois preservando nossa riqueza, garantimos um maior aprendizado para as gerações futuras. Na realização das atividades voltadas à socialização, afetividade e mudanças comportamentais. A música também é uma grande aliada; misturando um pouco de dança, poesia, ritmos e conseguindo incentivar as crianças a resgatar valores muitas vezes esquecidos. A equipe educadora busca a coerência em suas ações, desenvolve as atividades com criatividade e encontra, entre seus integrantes, muita cooperação e cumplicidade. Todos trabalham com alegria e motivação; aprendem junto com as crianças e trocam experiências singulares. Projeto PAIR, Programa de Ações Integradas e referenciais de Enfrentamento à Violência Sexual Infanto-Juvenil no Território Brasileiro, 29 é um programa da Subsecretaria de Promoção dos Direitos da Criança e adolescente (SPDCA da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da república (SEDH/PR),expandido em Minas Gerais pó meio do projeto”Enfrentamento à Violência Sexual Infanto-Juvenil nos vales do Jequitinhonha, do Mucuri e Região Metropolitana de belo Horizonte”. No Segundo semestre de 2006, foi estabelecido um convênio entre Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidente da República, Universidade Federal de Minas Gerais - através da PróReitoria de Extensão, do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública e do Programa Pólos de Cidadania – e Universidade federal do Triângulo Mineiro para a expansão do Programa de Ações Integradas e Referenciais de Enfrentamento à Violência Sexual InfantoJuvenil(PAIR) em Minas Gerais. Foi definida no convênio a realização de um Diagnóstico das redes de enfretamento da violência e exploração sexual contra criança e adolescentes nos municípios de Itaobim, Teófilo Otoni e Uberaba. A indicação dos municípios foi realizada pela Secretaria Especial dos Direitos da Presidência da república. Com o Diagnóstico propõe-se a identificação das agências governamentais e não governamentais dos municípios de Uberaba, Teófilo Otoni e Itaobim que atuam no âmbito do fenômeno e análise dos dispositivos facilitadores e daquele que entravam os fluxos de defesa direitos, de atendimento e de responsabilização das situações de violência exploração sexual contra criança e adolescentes. Esta análise pretende subsidiar a implementação de um circuito de ações entre as agências governamentais e não governamentais envolvidas com a problemática em questão nos municípios selecionados. O modelo sugerido pelo CRISP, em parceria com a Universidade Federal do Triangulo Mineiro e o Programa Pólos de Cidadania, é decorrente da perspectiva segundo a qual os eventos que caracterizam o fenômeno da violência e exploração sexual contra crianças e adolescentes são gerados por um conjunto de fatores que os antecedem, 30 ou seja, problemas nas comunidades como desorganização social ou física, vulnerabilidade sócio-econômica, escassez na oferta de serviços públicos, baixos níveis de mobilização, baixa efetividade das redes de defesa, responsabilização e atendimento, dentro outros. Nesse sentido, a intervenção deve-se dar sobre os problemas que antecedem os eventos e não sobre esses últimos, de modo isolado. Foram realizados vários diagnósticos especificamente para Itaobim, merece destaque o estudo do Programa Pólos de Cidadania, um dos parceiros neste trabalho, sob a coordenação da professora Miracy Barbosa de Souza Gustin. O “Projeto 18 de Maio” teve por objetivo construir alternativas de geração de renda para criar condições de prevenção à exploração sexual contra criança e adolescentes. O projeto contemplou, além de Itaobim, as cidades de Araçuaí, Comercinho, Medina, Padre Paraíso, Ponto dos Volante e Virgem da lapa. O projeto Ser criança, foi criado em 1985 pelo Grupo Teatral Ponto de Partida, parceiro do (CPCD) Centro Popular de Cultura e desenvolvimento - é o responsável pelo gerenciamento do projeto. O grupo ponto de partida, fundado em 1980, teve sua origem como movimento cultural, comprometido com os projetos de mobilização e cidadania. O projeto transforma o quotidiano de criança de 7 a 14 anos. O Ser criança propõe uma intervenção positiva na vida de meninos e meninas, por meio de ações afirmativas integradas que envolvem o projeto, a escola a família e a comunidade. Em Araçuaí, busca estudar brincando, plantar e comer, conversar e aprender, jogar e cantar, criar e ensinar, pintar e limpar, fazer e reciclar dança e sonhar, ser e ousar, respeitar e crer, rir e cuidar-se, são alguns dos muitos verbos praticados no dia-a-dia deste projeto por centenas de meninos e meninas, em horários complementares à escola formal e em espaço comunitários de alegria, prazer e generosidade. As premissas do ser criança estão fundadas, sobretudo no diálogo, que inclui pais, alunos e comunidade. O foco principal e o que faz o seu diferencial é sua filosofia de inserção integral na vida da criança. A 31 regra geral na aplicação dessa filosofia é o respeito ás diferenças e singularidades individuais: cada ritmo, cada fazer, cada saber. O projeto, mais do que uma iniciativa social, tornou-se uma tecnologia educacional ao ser implantado através da lei Municipal de Educação em Município como São Francisco e Araçuaí/MG, multiplicando seu alcance. O Projeto ser criança é uma parceria entre CPCD (Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento) com o Colégio Nazareth, busca complementar ações educativas e de formação humana na vida das crianças e adolescentes. Um projeto ação complementar a escola, que tem como foco educação pelo brinquedo. Atende crianças de 06 a 14 anos. Principal foco é a educação pelo brinquedo, para que isso aconteça procuramos desenvolver atividades de forma lúdica, dinâmica e prazerosa, com um olhar atento voltado para o saber de cada um. Para iniciar o trabalho esse ano de 2012, nossa primeira ação, foi participar da formação de educadores coordenada por Eliane Almeida coordenadora pedagógica, que apresentou o jogo Carta da terra com a intenção de elaborar e discutir os ecossistemas do Arassuai – Araçuaí sustentável, resultando na construção de MDIS. Com boas perspectivas para trabalho, enquanto finalizava a reformado projeto, os educadores priorizaram as atividades na construção de jogos de afetividade e aprendizagem, além de atender as crianças nos bairros: Nova Esperança, Esplanada e São Jorge, tendo como referência casa das crianças, praça e campos. Na oportunidade divulgamos o trabalho e conhecemos de perto a realidade de vida de algumas crianças. Atualmente o projeto atende uma média de 180 crianças e adolescentes participantes sendo quatro grupos pela manhã e quatro grupos á tarde. Desempenhos de Educadores: O trabalho em equipe é importante para o crescimento da mesma. Desenvolvemos nossas atividades com coerência, sintonia e responsabilidade, pois nos preocupamos com os desafios e procuramos 32 maneiras diferentes e inovadoras para obtermos os avanços. A equipe fortemente unificada passou momentos de aprendizagem e descontração na elaboração do nosso plano de trabalho (PTA- Plano de Trabalho e Avaliação), durante a formação de educador coordenada por Eliane, que sempre conduz a mesma, com eficácia e sabedoria. Discutimos, planejamos e refletimos ações enriquecedoras para o decorrer do ano, que farão diferenças a partir das trocas de experiências adquiridas com os MDIs produzidos durante a formação. O entrosamento, a coerência e a sintonia da equipe, têm nos permitido superar as dificuldades surgidas no trabalho e compreender a importância do planejamento diário, visando nossa perspectiva e anseios dentro do trabalho, nos tornando vencedores. È desafiador desenvolver um trabalho lúdico e criativo, aproveitamos tudo que esta ao nosso redor e transformamos em instrumentos de educação e aprendizagem. Com muita persistência e entusiasmo a equipe busca embasar na metodologia e conquistar novos resultados que geram mais apropriação e coerência. Temos como aliados à escola, família e juntos desenvolvemos nossa dinâmica de trabalho que envolve muita responsabilidade cooperação e criatividade. Nesses meses de trabalho tivemos uma experiência positiva com a formação de educadores, ornamentação do projeto, o trabalho nos bairros, a construção de mais jogos, construção de mdis, planejamento e o reencontro com alguns mestres de saberes populares, que resultou numa mistura muito grande de aprendizado e conhecimento. Cada indicador mencionando contribuiu para enriquecer nosso Plano de Trabalho e agregar maneirais bem simples e praticas de desenvolvermos as ações com mais dinamicidades e criatividade. Sabemos que o envolvimento com as crianças é sempre um desafio, publico misto com comportamentos diferenciados que exige de nós educadores um olhar minucioso e atividades dinâmicas e significativas. È com essa preocupação que estamos buscando esse 33 envolvimento comunitário para que juntos possamos fazer uma educação no plural com intervenção positiva e transformadora. Conclusão As classes subalternas ao invés de unirem-se para lutar por uma qualidade de vida melhor, acabam, de certo modo, liquidando-se a si mesma, preocupadas com a mera sobrevivência, associada a isso aparece à dimensão da vulnerabilidade expressa de forma genérica, por pouca longevidade, escassez de aceso ao recurso privados e públicos e carência de educação básica. O Brasil não é um país pobre e sim desigual. È imprescindível ter em mente que esse sistema de desigualdade e má distribuição de renda, destroem não só as famílias, mas toda a sociedade. Percebe-se, na verdade, que a questão fundamental é a necessidade de promoção e apoio às famílias vulneráveis através de Políticas sócias bem articuladas e focadas. O reconhecimento das mesmas, como objetivos de políticas públicas, constrói fatores decisivos para atingir objetivos prioritários do desenvolvimento humano, tais como a minimização da pobreza, o acesso à educação, saúde, alimentação, moradia e proteção integral as crianças e ao adolescente. Deste modo, vulneráveis são todos os que perderam esses direitos ou que os tem ameaçados das condições de sua realização. Por sua vez, o desenvolvimento das competências fundamentais para o exercício da cidadania, depende basicamente das condições de vida que as cidades oferecem as crianças e adolescentes. Se as crianças e adolescentes por um lado, vulneráveis pela situação social que representa uma ameaça ao seu destino, por outro lado, existem também conflitos provenientes do convívio social que ameaça seu bem-estar. Para 34 superar essa situação é necessário que haja poeticidade, ou seja, a população necessita pensar e intervir, no sentido de alcançar níveis crescentes de autonomia individual e coletiva, construindo em sujeito, negando-se a ser objeto de pressões externas. Sendo assim, políticas públicas sociais, estão direcionadas a responder a demandas, principalmente, das classes desfavorecidas, já que estas apresentam maior vulnerabilidade. Estas necessidades são interpretadas pelo Estado, porém, recebem influência da sociedade civil por meio de pressão e mobilização social. Também tem por finalidade ampliar e tornar efetivos os direitos de cidadania e promover o desenvolvimento, criando alternativas de geração de emprego e renda. Observamos que os objetivos dos programas sociais, tem se limitado ao atendimento de suas necessidades essenciais, produzindo algumas mudanças no que diz respeito ás relações e auto-estima, o que não é desprezível, mas ainda é pouco para produzir impactos mais significativos na vida da nossa família, das crianças e adolescentes no sistema educacional, e na operação de trabalho e renda. Projetos foram realizados no município, levando os jovens e adolescentes priorizar o potencial de nossa cultura, preservando nossa riqueza, garantindo maior aprendizado. Desenvolveram a socialização e mudanças comportamentais, aliadas a música, misturando dança, poesia, resgatando valores esquecidos. Através de sua experiência profissional, deixaram a contribuição para o mundo em sustentabilidade, pois transformou ferros velhos e madeira em objetos, como geração de trabalho e renda. Percebemos que o nosso vale, não é somente da pobreza e do descaso como dizem os políticos, existem pessoas com um potencial enorme, capaz de transformar esta realidade, basta oferecer oportunidades. 35 Referências Bibliográficas: ABRAMOVAY,M; CASTRO, G.M; PINHEIRO, L. C.; LIMA,F.S .;MARTINELLI, C.C. Juventude, violência e vulnerabilidade social na América Latina: desafios para políticas públicas .Brasília: UNESCO/ BID, 2002. Disponível em http://www.scielo. br/scielo.php ?pid=S010015742002000200007&script=sci_arttext .Acessado em: 13/06/ 2012. ADORNO,Rubens de Camargo Ferreira. Capitão Solidária: um olhar sobre o jovem e sua vulnerabilidade social. São Paulo. AAPCS.2001. AZEVEDO, Maria Amélia; GUERRA, Viviane Nogueira de Azevedo (Orgs). Infância e violência doméstica: fronteiras do conhecimento. São Paulo: Cortez, 1997, p. 242. BALBACH, Alfons. O Álcool e a Saúde 17 ª ed. São Paulo: A Edificação do Lar, [ s.d. }. BRASIL. Constituição [da] República Federativa do Brasil. 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