“Relação médico-paciente na
adolescência e os novos rumos para a
formação profissional em saúde”
XI CONGRESSO BRASILEIRO DE ADOLESCÊNCIA
Salvador/Bahia, setembro de 2010
Lígia de Fátima Nóbrega Reato
Adolescência x Educação x Atualidade
Características comuns
desenvolvimento
transformação
velocidade
transitoriedade
Justificativa
• Adolescência:
fase
dinâmica
do
processo de desenvolvimento do ser
humano
• Educação médica:
orientação
em
fase
de
• Contexto: atual (pós-modernidade)
re-
NOVOS RUMOS
Segundo a Organização Mundial da Saúde,
saúde não é apenas ausência de doenças;
consiste no completo bem estar físico, mental e
social do indivíduo. Nesse contexto, diretrizes
compostas
por
eminentes
intelectuais
estabeleceram
novos
paradigmas
de
abordagem nas áreas da formação profissional
em saúde.
DIRETRIZES CURRICULARES
... Devem:
“ Incentivar uma sólida formação geral, necessária
para que o futuro graduado possa vir a superar os
desafios de renovadas condições de exercício
profissional e de produção do conhecimento,
permitindo variados tipos de formação e habilitações
diferenciadas em um mesmo programa.”
Fonte: Conselho Nacional de Educação
Especialista X Generalista
Especialista com visão
generalista e humanística
Generalista com Formação
Especializada e Humanizada
Diretrizes Curriculares MEC
“Profissional de Saúde com formação
generalista, humanista, crítica e reflexiva.
Capacitado a atuar, pautado em princípios
éticos, ... em seus diferentes níveis de
atenção, com ações de promoção, prevenção,
recuperação e reabilitação à saúde, na
perspectiva da integralidade da assistência,
com senso de responsabilidade social, como
promotor da saúde integral do ser humano”
PRÓ-SAÚDE
Programa Nacional de Reorientação
Profissional em Saúde
Ministério da Saúde (MS)
Ministério da Educação (MEC)
Organização Panamericana da Saúde(OPAS)
Organização Mundial da Saúde (OMS)
PRÓ-SAÚDE
• Visa a aproximação entre a formação e as
necessidades de saúde
• Experiência internacional: profissionais
gerais são capazes de resolver 80% dos
casos
• IES integrada ao serviço público
• Base: LDB/DCN
Objetivos
Geral – incentivar transformações no processo de
formação, geração de conhecimentos e prestação de
serviços
Específicos
1.
2.
3.
4.
Reorientar o processo de formação
Estabelecer mecanismos de cooperação entre
gestores (SUS) e IES – melhoria da atenção
prestada à população
Incorporar a abordagem integral do processo saúdedoença e promoção de saúde
Ampliar a duração da prática educacional na rede
pública de serviços básicos de saúde
Pró-Saúde
Projeto
Programa
PROCESSO
FMABC – um dos cursos de MEDICINA selecionados
Preceitos PRÓ-SAÚDE
Visão Global
Inserção na Rede de Saúde
Prevenção e Promoção
Trabalho em Equipe Multiprofissional
Integração
Humanização
Seminário sobre Incentivos às
Mudanças na Graduação em Saúde
“A desumanizarão não é um problema só de ética, é
uma questão de eficácia. É necessário que se
resgate entre os alunos de Medicina o encanto
pela clínica, pela escuta, pela relação humana...
...Trazer o social é muito mais do que trazer o pobre...”
Gastão Wagner
Integração
Normas
Inclusão
Ética
Coordenação
Reconhecimento
Adaptação
Solidariedade
Respeito ao outro
“A proposta do trabalho em equipe tem sido veiculada como
estratégia para enfrentar o intenso processo de especialização na
área da saúde. Esse processo tende a aprofundar verticalmente o
conhecimento e a intervenção em aspectos individualizados das
necessidades de saúde, sem contemplar simultaneamente a
articulação das ações e dos saberes.”
Fonte: Peduzzi M. Equipe multiprofissional de saúde: conceito e tipologia
Novos Rumos para a Formação
Profissional em Saúde
Século XX
O início do século XX foi fortemente afetado pelos
novos descobrimentos dos agentes etiológicos de
uma série de doenças
Avanço Tecnológico
Multiplicação acelerada do conhecimento
X
Fragmentação do Saber
“ A visão cartesiana do ser humano, que divide o
organismo em partes estudadas separadamente,
supervaloriza o especialista, com declínio dos
profissionais generalistas. Como decorrência dessa
especialização e dos avanços do arsenal diagnóstico, o
paciente deixa de ser visto de forma integral...”
Registila Beltrame, Mestrado PUC SP 2007
SÉCULO XXI
Educação e Pós-modernidade
• Ao
se
perseguir
o
conhecimento fragmentado
em disciplinas, fragmentouse também o ser humano...
• Ao se buscar “saber cada
vez mais de cada vez
menos,
passou-se
a
conhecer tudo de nada” e,
assim, o ser humano foi se
tornando cada vez mais
desconhecido e inalcançável
Fonte: Japiassu H. Interdisciplinaridade e Patologia do Saber
Educação e Pós-modernidade
“A
divisão
do
indivíduo
impede
a
contemplação do todo e conduz também à
fragmentação do profissional que se vê
privado da empatia...”
“A empatia se realiza no reconhecimento
mútuo, na identificação interpessoal e
integral”
Fonte: Japiassu H. Interdisciplinaridade e Patologia do Saber
Biológico
Psicológico
Solução: Visão Integral
Social
Vulnerabilidade x Atenção Integral
“ Atenção integral é a resposta que os
grupos de referência e a sociedade dão
às necessidades biopsicossociais
dos
indivíduos,
sua
idade,
ciclo
na
dependência
vital
e
de
inserção
sócio-
cultural ”
Maria Ignês Saito
DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS
CURSOS DE MEDICINA – CNE/MEC, 2001
Art 3º. formação geral, ética, humanística
Art 4º. enfoque por ciclo de vida
Art 7º. construção do conhecimento
Art 8º. integração e interdisciplinaridade
Art 9º. aprendizagem baseada na prática
Art 14º. características regionais
http: www.abem-edumed.org.br/diretrizes.htm
MODELO BIOPSICOSSOCIAL
Princípios do Atendimento ao Adolescente
Integralidade
Interdisciplinaridade
Humanização
Ética
Características do profissional
Disponibilidade
Atenção
Capacidade de escuta
Não julgar
Buscar continuamente atualização
Conflitos Éticos no Atendimento à
Saúde dos Adolescentes
Sigilo e confidencialidade
Violência
Negligência e abandono
Práticas ilícitas
Exercício da sexualidade
Competência para o auto-cuidado
Informações em prontuários
Fonte: Taquete SR, Vilhena MM, Silva MM, Vale MP. Cad Saúde Pública, 2005
NESA/UERJ, 74 profissionais
ASPECTOS ÉTICOS DO ATENDIMENTO
MÉDICO AO ADOLESCENTE
Recomendações Departamentos de
Adolescência/Bioética da SPSP
1. O médico deve reconhecer o adolescente
como indivíduo progressivamente capaz
2. Deve ser respeitada a individualidade de cada
adolescente
3. O adolescente tem
confidencialidade
direito à privacidade e à
4. Envolvimento da família / limites
ASPECTOS ÉTICOS DO ATENDIMENTO
MÉDICO AO ADOLESCENTE
Recomendações Departamentos de
Adolescência/Bioética da SPSP
5. A ausência dos pais ou responsáveis não
deve ser empecilho para a consulta
6. Em situações de risco: participação e/ou
consentimento dos pais ou responsáveis
7. Quando da necessidade da quebra de sigilo,
informar ao adolescente
Fórum Adolescência, Contracepção e Ética
2002
Diretrizes - SBP + FEBRASGO
 Direito à PRIVACIDADE
 Direito à CONFIDENCIALIDADE
 Direito ao SIGILO
 Autonomia
FONTE: SAITO MI
Base: Conferência da ONU (Cairo+5, 1999), ECA (1990)
Código de Ética Médica, Recomendações DC SPSP (1999)
Características da
Consulta do Adolescente
Relação Médico-Paciente
“Tempos” da Consulta
Anamnese
Exame físico
O Acolhimento
“A Medicina do Adolescente se desenvolveu numa atmosfera
de cooperação entre médicos e demais profissionais de saúde.
Sem essa cooperação, os médicos perderiam muitas
oportunidades de melhorar a qualidade da assistência aos
pacientes, de ensino e de pesquisa”
COATES V. Evolução Histórica da Medicina do Adolescente
Medicina do Adolescente. Sarvier, 2003
A adequação do espaço físico
Relação profissional de saúde - adolescente
“A entrevista é um exercício de comunicação interpessoal”
FONTE: Grossman E, Ruzany MH, Taquete SR
A consulta do adolescente. Adolescência e Saúde, 1(1), 2004
Relação Médico-paciente na Adolescência
“Todo ato médico deve ser um ato ético positivo”
Fonte: CRESPIN J. Ética no Atendimento ao adolescente
Crespin J, Reato LFN. Hebiatria: Medicina da Adolescência, 2007
“A maioria dos
adolescentes
responde
favoravelmente a
médicos que os
respeitem e que
estejam dispostos
a escutá-los”
Roswell Gallagher
Anamnese com o/a adolescente
Motivo da Consulta
Queixas vagas, inespecíficas
Anamnese com o adolescente
Escolaridade
Trabalho
Religião
Lazer
Esportes
Hábitos
Aspectos psicossociais
Sexualidade
Anamnese com a mãe
“...Porque
os
jovens
podem
ver
com
clareza o que nós já não vemos; e nós,
adultos, podemos ver com clareza o que
eles ainda não vêem...”
Fonte: Cadernos Juventude, Saúde e Desenvolvimento, MS, Brasil
“A maioria dos
adolescentes
responde
favoravelmente a
médicos que os
respeitem e que
estejam dispostos
a escutá-los”
Roswell Gallagher
EXAME FÍSICO
EXAME FÍSICO
Orientações após o atendimento
A consulta médica do adolescente
ESPECIFIDADES
Processo de maturação
Papel social
Características comportamentais
MUDANÇA DO PERFIL DE MORBIMORTALIDADE
OBJETIVOS DA ASSISTÊNCIA
Diagnóstico e tratamento
Monitorização e reabilitação
Prevenção de agravos
Promoção da saúde
Mudança corporal, social e
comportamental
“Tudo começa a mudar: corpo, cabeça, valores;
até parece que a partir desse momento não
precisamos de mais nada nem de ninguém,
somos só nós e o mundo...”
SNR, 13 anos
Mudança no padrão de
morbi/mortalidade
Prevenção de Agravos e Promoção da Saúde
Humanização
Relação Profissional de Saúde/Paciente
Eficácia do atendimento – Relação paciente
Investigar a satisfação é uma tentativa de melhorar a
adesão do paciente ao tratamento e a compreensão de
sua doença
Avaliação do atendimento
Fonte: Reato L, Hirata A, Poit M.
O ATENDIMENTO AO ADOLESCENTE EM SERVIÇO DIDÁTICO-ASSISTENCIAL: A VISÃO DOS PACIENTES
HUMANIZAÇÃO
Um dos fatores mais importantes da
satisfação é a comunicação entre
profissionais de saúde e pacientes
A satisfação relacionou-se principalmente a
aspectos afetivos e à comunicação entre
estagiários e adolescentes
Fonte: Reato L, Hirata A, Poit M. O ATENDIMENTO AO ADOLESCENTE EM SERVIÇO DIDÁTICO-ASSISTENCIAL:
A VISÃO DOS PACIENTES
Aspectos positivos do atendimento
GOSTARAM
“muito bom”
“legal”
“foi educado”
“foi divertido”
“foi simpático”
“esclareceu dúvidas”
“foi dedicado”
“saiu-se bem como médico”
“passou pela mesma coisa”
“conversou bastante”
“fez perguntas importantes sobre nós”
“ têve paciência”
“ sentiu-se seguro”
“perguntou se eu queria perguntar alguma coisa”
INDIFERENTE
NÃO RESPONDERAM
TOTAL
73
4
12
100
Processo de Ensino
Aprendizagem significativa
Adolescente x Estudante X Preceptor
Que profissional de saúde nós
queremos formar?
Um profissional competente e carinhoso que, em
caso de necessidade, queremos para a nossa
família, para os nossos amigos...
Que não menospreza queixas triviais e que não se
considera humilhado quando solicitado para
realizar procedimentos considerados banais...
Um profissional com paciência para ouvir e
disposição para explicar; que examina antes de
receitar e PENSA antes de prescrever...
Kurt Kloezel
Download

Relação médico-paciente na adolescência: uma estratégia