dossiê
A eficiência energética na saúde
Paulo Neto
No contexto económico atual, em que a escassez dos recursos existentes se confronta com a necessidade de um aumento
da eficiência operacional, as organizações procuram reorganizar-se no sentido de reduzir sistematicamente os custos e de
otimizar os processos.
O seguimento de medidas de quantificação de custos e a sua
correta implementação torna-se essencial a uma gestão eficiente. A criação de uma consciência geral de otimização de procedimentos junto dos recursos humanos de uma organização,
utilizando dados concretos e prevendo objetivamente resultados práticos, gera o sentido de responsabilidade comum, necessário ao sucesso dos processos de promoção da eficiência.
A implementação da eficiência energética a
nível hospitalar
Numa primeira fase será crucial a identificação de ineficiências
existentes, sendo as mais comuns: fugas de água e/ou de gases
que comummente se detetam apenas no momento da conferência das faturas ou por sinais exteriores e não instantaneamente;
falha generalizada no isolamento de circuitos térmicos, equipamentos e mesmo do edifício; falta de controlo em diversos
circuitos de climatização e AQS (água quente sanitária) provocando o seu funcionamento ininterrupto. Existem também análises mais complexas, de valor acrescido para a organização, que
habitualmente não são consideradas, como por exemplo: a au-
sência da quantificação da influência da manutenção preventiva
no consumo energético de equipamentos; a desvalorização do
efeito da qualidade de ar interior na produtividade, satisfação e
saúde dos ocupantes, no índice de absentismo e na taxa de infeções nosocomiais; ou muitas outras mais ou menos relevantes,
mas todas elas com efeitos impactantes para os resultados de
qualidade e de gestão.
No processo de quantificação de custos associados ao consumo
energético, a metodologia utilizada na avaliação da eficiência e
da sustentabilidade dos serviços é muitas vezes questionada. A
monitorização contínua surge aqui como uma base imprescindível à gestão hospitalar, evidenciando os problemas existentes
e originando decisões credíveis com base em dados medidos
em tempo real.
Cada vez mais, as organizações procuram aumentar o seu contributo no campo da responsabilidade social e ambiental, o que
leva à racionalização dos consumos energéticos existentes e
consequente redução da pegada ambiental.
A redução do desperdício energético é possível através da
aplicação de medidas corretivas, que são facilmente deduzidas
através da monitorização, fornecendo uma linha base que defi-
“A criação de uma consciência geral de
otimização de procedimentos junto dos
recursos humanos de uma organização,
utilizando dados concretos e prevendo
objetivamente resultados práticos, gera
o sentido de responsabilidade comum,
necessário ao sucesso dos processos de
promoção da eficiência”.
30
tecno hospital 68 MAR/ABR 2015
eficiência energética em estabelecimentos de saúde
Os dados são transmitidos em tempo real para um servidor, estando disponíveis de imediato numa plataforma online, à distância de um clique, reduzindo também assim os custos implicados
na aquisição e utilização desta solução. Deste modo, torna-se
mais fácil quantificar os custos energéticos associados ao consumo de energia elétrica, água, gases ou energia térmica (AQS/
AFS) por serviço/ departamento, estando a informação disponível a todo o momento.
Em relação à monitorização de energia elétrica, é ainda possível
detalhar um pouco mais, efetuando a análise contínua da distribuição de cargas por fase, bem como os respetivos parâmetros
elétricos associados, complementando assim a informação dos
consumos de energia ativa e reativa já integrados com o respetivo plano tarifário. Assim, a implementação de medidas correne uma figura de funcionamento de projeção temporal, gerando
simultaneamente poupanças imediatas, ou a curto-médio prazo.
É importante que, através da geração de indicadores, seja identificada a necessidade de implementação dessas medidas,
bem como a avaliação dos
resultados após a sua implementação, permitindo, deste
modo, fundamentar as ações
tomadas, bem como medir o
retorno das mesmas. Quantificar os resultados da aplicação
de medidas que têm por base
uma amostragem discreta, como ainda hoje é comum no nosso
país, é uma abordagem com um erro associado bastante considerável, além de que os resultados diretos das implementações
não são também eles medidos.
tivas fica mais facilitada, através da identificação inequívoca da
proveniência do problema, o que se consegue com uma análise
detalhada de todos os parâmetros e respetiva correlação.
“Na resolução dos problemas inerentes à correta imputação
de custos, em conjunto com todos os outros processos que
implicam uma gestão eficiente, é possível agora aos responsáveis
promoverem a eficiência energética nas suas instalações,
fundamentando as suas decisões em análises reais e concretas”.
Uma solução integrada para gestão de
instalações e equipamentos
A utilização de uma ferramenta de apoio à gestão hospitalar
como a monitorização contínua, permite a deteção imediata de
melhorias a implementar de uma forma objetiva, através da visualização em tempo real dos consumos energéticos por serviço
ou departamento. A correlação dos referidos consumos com diversas variáveis e/ou eventos que os influenciam é uma das mais
importantes valias que conferem ao módulo de benchmarking
uma importância singular enquanto solução de apoio à decisão
para uma gestão eficiente.
Existem soluções, como o ViGIE 2.0, que efetuam a monitorização dos consumos energéticos através de analisadores de energia com a certificação MID (Measuring Instruments Directive),
contadores de água, gás e entalpia, que utilizam transmissores
wireless de alta tecnologia com capacidade de comunicar a altas distâncias.
Uma gestão sólida e preventiva é suportada pela geração de relatórios automáticos configuráveis, com tratamento estatístico e
indicadores de tendência, ajustados ao ponto monitorizado. De
um modo complementar, a utilização de um sistema de alarmes
inteligente faz com que sejam enviados alertas personalizados
sempre que algum parâmetro se desviar do especificado, permitindo-lhe agir antes que seja tarde demais.
Em muitas situações, um simples aviso por e-mail e/ou SMS evita que uma ocorrência como uma “simples” fuga - que pode ser
detetada de imediato - passe a ser um problema com custos
avultados para a organização.
Na resolução dos problemas inerentes à correta imputação de
custos, em conjunto com todos os outros processos que implicam uma gestão eficiente, é possível agora aos responsáveis
promoverem a eficiência energética nas suas instalações, fundamentando as suas decisões em análises reais e concretas.
Paulo Neto
Sales Manager na ViGIE Solutions
MAR/ABR 2015
tecno hospital 68
31
Download

A eficiência energética na saúde