CÉLIO IVO VENTORIN FILHO RAFAEL SILVA BALESTREIRO CISTICERCOSE: UMA QUESTÃO SÓCIO-ECONÔMICA CULTURAL VITÓRIA 2008 CÉLIO IVO VENTORIN FILHO RAFAEL SILVA BALESTREIRO CISTICERCOSE: UMA QUESTÃO SÓCIO-ECONÔMICA CULTURAL Trabalho apresentado para o cumprimento de atividades referentes à disciplina de Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal do curso de Especialização Lato sensu em Higiene e Inspeção da Universidade Castelo Branco - UCB VITÓRIA 2008 ii CÉLIO IVO VENTORIN FILHO RAFAEL SILVA BALESTREIRO Trabalho apresentado para o cumprimento de atividades referentes à disciplina de Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal do curso de Especialização Lato sensu em Higiene e Inspeção da Universidade Castelo Branco - UCB Aprovado em: ......... de ........................... de 2008. Banca Examinadora: __________________________________________ Membro __________________________________________ Membro __________________________________________ Presidente iii Dedicamos aos nossos familiares pelo apoio e incentivo. Ao IDAF pela contribuição prestada através do fornecimento de dados para o enriquecimento do nosso trabalho. À Universidade Castelo Branco pelo conhecimento transmitido. iv Agradecemos a Deus pela força e energia que sempre nos deu para buscarmos alcançar nossos objetivos. Aos nossos familiares por toda compreensão e carinho. Ao IDAF, por toda disponibilidade em nos fornecer os dados necessários para a nossa pesquisa. A Universidade Castelo Branco por ampliar nossos conhecimentos no campo da veterinária v RESUMO Este estudo trata-se da cisticercose em animais e humanos, bem como seus efeitos no organismo de seus hospedeiros. A cisticercose é uma zoonose de grande importância, causa sérios prejuízos à pecuária, além de ser um grave problema em Saúde Pública, principalmente em países em desenvolvimento, pelo fato de estar relacionado a aspectos sócio-econômicos e culturais. Faz-se necessário rever as condições de saneamento básico, regras de higiene, cuidados com os alimentos, água, solo, tratamento de indivíduos acometidos com a doença e principalmente orientação à população. O objetivo do estudo é investigar a cisticercose com relação aos aspectos etiológicos, clínicos e epidemiológicos, bem como sugerir formas de prevenção e combate da doença. Para tanto, trata-se de um estudo bibliográfico abordado pelo método qualitativo. O estudo revelou que a cisticercose ataca diversos órgãos e músculos do organismo humano e animal. A prevenção está relacionada principalmente, a adoção de hábitos de higiene pessoal e ambiental. vi LISTA DE FIGURAS FIG. 1- OVOS DA TÊNIA......................................................................................................11 FIG. 2-TAENIA SOLIUM,VERME QUE PROVOCA A CISTICERCOSE.............................................12 FIG. 3-PROGLÓTIDE DE T.SOLIUM.......................................................................................12 FIG. 4-CICLO DE VIDA DA TAENIA SOLIUM............................................................................13 FIG.5-TAENIA SAGINATA....................................................................................................13 FIG. 6- ENCÉFALO. PROCESSO: NEUROCISTICERCOSE. CORTE SAGITAL DE ORGÃO FIXADO EM FORMOL....................................................................................................................17 FIG. 7- CÉREBRO. PROCESSO: CISTICERCOSE E CALCIFICAÇÃO............................................18 FIG. 8- CORAÇÃO. PROCESSO: CISTICERCOSE. CALCIFICAÇÃO............................................19 FIG. 9- ESCÓLEX COM SINAIS DE DEGENERAÇÃO HIALINA......................................................20 vii LISTA DE TABELAS TAB. 1- DIFERENÇAS ENTRE A TAENIA SOLIUM E TAENIA SAGINATA ......................................15 TABELA 2– DISTRIBUIÇÃO DE CISTOS SUBMETIDOS À TEMPERATURA DE CONGELAMENTO (30ºC), SEGUNDO O NÚMERO DE CISTOS TESTADOS, TEMPO DE EXPOSIÇÃO E VIABILIDADE ...............................................................................................................................28 viii SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS.......................................................................................................vi LISTA DE TABELAS.....................................................................................................vii 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................9 2 REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................................10 2.1 A TAENIA E A CISTICERCOSE: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................90 2.1.1 ETIOLOGIA ....................................................................................................100 2.1.2 A TAENIA .....................................................................................................100 2.1.2.1 TAENIA SOLIUM ..........................................................................................112 2.1.2.2 TAENIA SAGINATA ......................................................................................133 2.1.2.3 AS PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE A TAENIA SOLIUM E A TAENIA SAGINATA...155 2.2 CISTICERCOSE ................................................................................................155 2.2.1 SINAIS CLÍNICOS ..........................................................................................166 2.3 CISTICERCOSE EM HUMANOS ......................................................................166 2.3.1 CISTICERCOSE EM HOSPEDEIROS NÃO HUMANOS ............................................211 2.4 EPIDEMIOLOGIA..............................................................................................233 2.4.1 CONTAMINAÇÃO............................................................................................244 2.5 EXAMES LABORATORIAIS QUE PERMITEM DIAGNOSTICAR A CISTICERCOSE NO HOMEM .................................................................................255 2.5.1 IDENTIFICAÇÃO DA CISTICERCOSE NAS CARCAÇAS DE BOVINOS E SUÍNOS ........266 2.6 TRATAMENTO DA CISTICERCOSE EM HUMANOS .......................................266 2.7 TRATAMENTO DA CISTICERCOSE EM ANIMAIS...........................................277 2.8 MEDIDAS DE CONTROLE ................................................................................277 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS .....................................................................................290 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................311 9 1 INTRODUÇÃO Embora a sociedade esteja vivendo a era da informação, o cultivo de alguns hábitos ou a ausência deles tem contribuído para a proliferação da cisticercose – forma larvária da Taenia Solium – nos tecidos musculares de animais e em diversos órgãos do corpo humano. Indivíduos acometidos da cisticercose possuem vesículas (cisticercos) em diversos órgãos e tecidos do organismo. Mesmo com todo o processo de evolução do homem e todo conhecimento a ele disponibilizado, é possível observar um certo temor quanto ao consumo de carnes vermelhas, especialmente a carne suína, sem no entanto, conhecer qual a origem do problema que pode haver quanto ao seu consumo, bem como sua origem. Essa constatação indica claramente, uma incrível falta de conhecimento sobre a cisticercose, já que essa parasitose está intimamente relacionada com problemas de higiene e saúde pública, além de ser transmitida exclusivamente de homem para homem. A Taenia saginata é um cestódio que acomete os bovinos, enquanto que a Taenia solium pode acometer suínos e humanos. A segunda, em seu estágio larval é responsável pela cisticercose – enfermidade resultante da infecção provocada pela ingestão de seus ovos. Na maioria das vezes, a cisticercose está relacionada tão somente às precárias condições sanitárias e ao baixo nível socioeconômico, que induzem e permitem o acesso da população ao consumo de carne de má procedência, verduras e águas contaminadas. Na busca por esclarecer o ciclo complexo da cisticercose e estabelecer parâmetros epidemiológicos, este estudo tem por objetivo sugerir formas de prevenção e controle da doença. A temática é relevante, pois sua exploração resultará na ampliação do conhecimento a cerca do assunto, bem como servirá como fonte de pesquisas para estudantes e profissionais da saúde que buscam conhecer de forma aprofundada, os fatores que contribuem para a existência da doença, os sinais clínicos que permitem identificá-la, bem como as ações que contribuem para a sua prevenção. Partindo desse pressuposto, o estudo em questão trata-se de uma pesquisa bibliográfica de caráter qualitativo, embasada nos estudos de Rey, Lemes de Campos e Terra. Além destes, serão considerados os estudos de outros autores que também se dedicaram a explorar todos os aspectos que envolvem a prevalência de Cisticercose em animais e humanos. 10 2 REVISAO DE LITERATURA 2.1 A TAENIA E A CISTICERCOSE 2.1.1 Etiologia A etiologia da cisticercose envolve o estágio larvar de parasitas do gênero Taenias, representados pelas Taenia solium e Taenia saginata (CÔRTES, 2000). 2.1.2 A Taenia Classificação Cientifica (FORTES 1997; URQUHART et al.,1998; NEVES et al.,1998; REY, 2001). Reino: Animalia (FORTES 1997; URQUHART et al., 1998; NEVES et al., 1998; REY, 2001). Filo: Platyhelminthes (FORTES 1997; URQUHART et al., 1998; NEVES et al., 1998; REY, 2001). Classe: Cestoda (FORTES 1997; URQUHART et al., 1998; NEVES et al., 1998; REY, 2001). Ordem: Cyclophyllidea (FORTES 1997; URQUHART et al., 1998; NEVES et al., 1998; REY, 2001). Família: Taeniidae (FORTES 1997; URQUHART et al., 1998; NEVES et al., 1998; REY, 2001). Gênero: Taenia (FORTES 1997; URQUHART et al., 1998; NEVES et al., 1998; REY, 2001). As Taenias são chamadas de solitárias porque antigamente acreditava-se que este verme habitava sozinho o intestino do homem, em razão do seu grande comprimento, podendo atingir até dez metros. Atualmente sabe-se que é comum a presença de mais de uma tênia parasitando o mesmo hospedeiro. A infecção humana pela fase adulta da tênia (o verme propriamente dito) é conhecida por teníase, causada pela Taenia solium, cujo ciclo completa-se em animais da espécie suína ou pela Taenia saginata, cujo ciclo se completa na espécie bovina (FORTES, 1997; URQUHART et al.,1998). As tênias possuem o corpo segmentado e composto por anéis, chamados proglótides ou proglotes. Habitualmente, para efeitos de esquematização, divide-se o corpo da tênia em três zonas: o escólex ou 11 cabeça, o pescoço e o estróbilo. O escólice é a parte do corpo onde se encontram os órgãos de fixação do verme à mucosa intestinal do hospedeiro, quais sejam as ventosas, o rostro ou rostelo e a coroa de ganchos. O pescoço é uma região de intensa multiplicação celular, responsável pela formação das proglótides. O conjunto de proglótides é chamado de estróbilo. As proglótides, ao se afastarem da extremidade anterior vão sofrendo um processo de maturação, passando pelos estágios de proglótides imaturos ainda sem aparelhos sexuais, maduros com aparelhos sexuais desenvolvidos e grávidas que já possuem ovos fecundados (FORTES, 1997; URQUHART et al.,1998). As Tênias são platelmintos que têm reprodução sexuada. São hermafroditas e cada estróbilo maduro possui aparelho sexual masculino e feminino. Não há machos ou fêmeas, e cada proglótide colabora com óvulos e com espermatozóides, ocorrendo então a fecundação no interior de cada um. Ocorre um fenômeno interessante nessa parte do verme: o aparelho reprodutor masculino se forma antes do feminino. Após a fecundação o aparelho masculino involui, desaparecendo por completo. As proglótides grávidas estão na extremidade final do estróbilo e se soltam do corpo do verme, sendo então eliminadas junto com as fezes. Esse processo de desprendimento é chamado de apólise (FORTES, 1997; URQUHART et al.,1998). São cestóideos cujo hospedeiro definitivo é o homem (verme adulto no intestino) e o hospedeiro intermediário é o boi (Taenia saginata) e o porco (Taenia solium) , que são parasitados pela forma larvar (cisticerco) (CÔRTES, 2000). O verme adulto possui o nome popular de “solitária” e pode medir dois a três metros, até dez metros (CÔRTES, 2000). Os ovos da tênia possuem um tamanho que varia de 30 a 35 micrômetros e sua forma é redonda. Cada proglote grávida contém de 30.000 a 50.000 ovos, sendo estes, expulsos no meio externo (CÔRTES, 2000). Fig. 1 – Ovos da tênia Fonte: www.cvm.okstate.edu.htm (02 set de 2008). 12 2.1.2.1 Taenia solium Fig 2- Taenia solium, verme que provoca a cisticercose Fonte: http://www.dpd.cdc.gov/dpdx/HTML/Taeniasis.html (06 out 2008). A Taenia solium, é um verme de corpo alongado, delgado e chato que normalmente mede entre 1,5 a 5 metros de comprimento. Está constituída por uma cabeça ou escolex, um pescoço e pelo estróbilo. O escolex possui quatro ventosas e um rostro coroado por duas fileiras de ganchos; estas estruturas são as que fixam na mucosa do jejuno. Na região dos estróbilos ocorre a produção das proglotes (partes do verme), que são divididas em três formas: as imaturas, que não possuem órgãos sexuais diferenciados; as maduras, que possuem órgãos genitais femininos e masculinos; e as grávidas, que possuem um útero ramificado tubular repleto de ovos. Os ovos da taenia contêm as oncosferas e possuem vários envoltórios. O cisticerco é formado por uma vesícula ovalada e translúcida cheia de líquido, no interior identifica-se um pequeno escólex invaginado. O cisticerco é composto por três camadas a mais externa ou camada cuticular, a média ou camada celular e a mais interna ou camada reticular. (REY, 2001) Fig. 3- Proglótide de Taenia solium Fonte: http://www.mieliestronk.com/lintwurm.html (06 out 2008). O porco, hospedeiro intermediário, ingere os ovos que, ao chegarem ao intestino, libertam a oncosfera, que entra na corrente sangüínea e se aloja em alguns tecidos do animal. Nesses locais, evolui um estágio larval, chamado cisticerco (NEVES et al., 1998; REY, 2001). 13 A Taenia solium se instala no intestino delgado do homem após três meses de infecção, onde começa a soltar anéis com ovos. Cada anel tem de 40 a 80 mil ovos. Os anéis são eliminados com as fezes ou rompidos no intestino, onde podem permanecer vivos por até 300 dias, dependendo do organismo (NEVES et al., 1998; REY, 2001). Fig. 4- Ciclo de vida da Taenia solium Fonte: (Silva, 2007). 2.1.2.2 Taenia saginata Fig. 5- Taenia saginata Fonte: http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/cisticercose/cisticercose-1.php (07 out de 2008). A morfologia da Taenia saginata é simples. O verme adulto mede de quatro a doze metros, possui o corpo achatado, em fita e segmentado (URQUHART et al., 1998; REY, 2001). Possui coloração branca de aspecto leitoso, levemente amarelado ou rosado dependendo das substancias que são absorvidas pelo parasita. (REY, 2001) 14 A taenia que é a forma adulta, fixa-se na mucosa do intestino do hospedeiro definitivo por meio do escólex. Essa estrutura possui quatro ventosas que exercem efeito de sucção na mucosa intestinal. O helminto adere à mucosa e faz movimento em ondas alternadas de contração e expansão com o objetivo de resistir aos movimentos peristálticos do intestino e ainda possibilitar um maior contato de sua superfície corporal com os nutrientes. Vivem de 25 a 30 anos (REY, 2001). O escólex da Taenia saginata é desprovido de ganchos denominados acúleos e diferenciado da Taenia solium por essa característica, sendo também diferenciados pelas ramificações uterinas de seus proglotes, pois, a Taenia saginata possui de 15 a 30 ramificações de cada lado (FORTES, 1997; NEVES et al, 1998; URQUHART et al, 1998; REY, 2001). O colo é delgado e longo e origina os proglotes jovens. O estróbilo é o corpo da Taenia saginata, possuindo superfície enrugada marcada por sulcos longitudinais e goteiras transversais que marcam o limite entre os proglotes (REY, 2001). Possui de 1200 a 2000 proglotes com 300 a 400 massas testiculares em cada um. O ovário é bilobulado. (FORTES, 1997; REY, 2001). A forma larvar é Cysticercus bovis que é visto como uma vesícula translúcida, ovóide ou alongada, dependendo do local onde se encontre. Tem coloração branca acinzentada e é repleta de liquido claro, onde se encontra o Receptaculum capitis que contém o escólex da futura taenia (URQUHART et al, 1998; REY, 2001). As proglótides são eliminadas individualmente e fora das evacuações – cada uma possuindo vinte a setenta mil ovos – forçando o esfíncter anal do portador. Esta espécie está disseminada mundialmente e o número de portadores humanos está estimado entre 40 e 60 milhões (URQUHART et al., 1998; REY, 2001). O hospedeiro intermediário desse verme é o bovino que ingere os ovos e desenvolve o cisticerco nos músculos (URQUHART et al., 1998; REY, 2001). 15 2.1.2.3 As principais diferenças entre a Taenia solium e a Taenia saginata Tab. 1- Diferenças entre Taenia solium e Taenia saginata Taenia solium Globoso Escólex Com rostro Com dupla fileira de acúleos Proglotes Taenia saginata Quadrangular Sem rostro Sem acúleos Ramificações uterinas Ramificações uterinas pouco numerosas, de muito numerosas, de tipo tipo dendrítico dicotômico Saem passivamente com Saem ativamente no as fezes intervalo das defecações C. cellulosae C. bovis Apresenta acúleos Não apresenta acúleos Cisticercose humana Possível Não comprovada Ovos Indistinguíveis Indistinguíveis Número de ovos/anéis 30000 60000 Cysticercus Fonte: Neves et al, 1998 2.2 CISTICERCOSE A cisticercose foi descrita em humanos no século XVI. Entretanto a natureza dessa helmintíase ficou desconhecida até a segunda metade do século XIX, quando pesquisadores alemães demonstraram que a forma larvária da Taenia solium era responsável por desenvolver a cisticercose em animais e humanos (LINO et al, 2006). A cisticercose ocorre quando humanos, bovinos ou porcos ingerem os ovos, que contém os embrióforos, presentes em alimentos contaminados. Esses são lançados no segmento intestinal e sofrem ação das enzimas gástricas e pancreática, que digerem a cápsula liberando o embrião hexacanto. Ao penetrar na mucosa, entra na circulação sangüínea e linfática alojando-se em diferentes tecidos. O homem é considerado como o hospedeiro intermediário anômalo, sendo infectado somente pela forma larvária (Cysticercus cellulosae) da Taenia solium (FORTES, 1997; CÔRTES, 2000). 16 2.2.1 SINAIS CLÍNICOS Segundo CICCO (2008), o quadro sintomatológico da cisticercose é, de um modo geral, inaparente; entretanto, quando os cisticercos se localizam em pontos diferentes dos usuais, interferindo na atividade fisio1ógica de algum órgão ou no caso de infecções intensas, observar-se algumas manifestações clínicas. Durante a fase de disseminação, os sintomas, quando presentes, estão relacionados com a distribuição dos embriões nos diferentes tecidos e, nesses casos, podem-se observar (CICCO 2008): - dificuldade na apreensão de alimentos, na mastigação e até mesmo uma pseudo-paralisia do maxilar inferior, no caso de infecção maciça dos músculos mastigadores e da língua; - tosse seca e quitinosa nos ataques dos músculos ou da submucosa da laringe; - transtornos cerebrais em casos de infecções intensas. Ainda de acordo com a autora, no homem, a cisticercose é grave, causando dor de cabeça, dificuldade para andar, alteração do comportamento, convulsão, cegueira e outras complicações que podem levar à morte. 2.3 CISTICERCOSE EM HUMANOS No meio rural, a parasitose por solitária é uma doença que assume grande importância devido à sua alta freqüência e aos malefícios que causa à saúde. Nesse meio, as pessoas contraem e desenvolvem as tênias mais facilmente, pois estão em contato mais próximo com as formas de transmissão e têm difícil acesso à rede de esgoto e à infra-estrutura básica (LEMES DE CAMPO & TERRA, 2000). Ao comer a carne crua ou mal passada dos suínos ou bovinos que contenham as larvas da taenia (cisticercos), o homem passa a desenvolver a teníase. Por sua vez, a cisticercose acomete o homem quando este come diretamente os ovos das solitárias. Portanto, a cisticercose é uma doença causada pela ingestão direta dos ovos ou proglotes liberados pelas tênias. Três meses após a ingestão do cisticerco, a taenia já localizada no intestino delgado do homem, começa a soltar proglotes de seu corpo, com ovos. Geralmente elimina de quatro a oito proglotes por dia, sendo que cada proglote contém de 50 a 80 mil ovos. Nesta fase do ciclo, o homem é hospedeiro definitivo. (LEMES DE CAMPO & TERRA, 2000). 17 Após a ingestão dos ovos ou proglotes, esses vão para o intestino do homem e, logo em seguida, ganham a circulação sangüínea, migrando para tecidos especializados do corpo com altas taxas de oxigenação, como músculos, coração e sistema nervoso. (LEMES DE CAMPO & TERRA, 2000). Os ovos, ao atingirem sua localização final (músculos, nervos e coração), crescem por até seis meses, quando então tornam-se maduros (cisticercos) e apresentam o tamanho de aproximadamente 1,2 cm. Após esse período, os cisticercos tornam-se inviáveis. Entretanto, permanecem no interior dos músculos e nervos comprimindo os tecidos e, ou órgãos adjacentes, causando o mau funcionamento dos mesmos (ACHA & SZYFRES, 1986). As manifestações clínicas dependem da localização e do número de larvas que infectaram o indivíduo, da fase de desenvolvimento dos cisticercos e da resposta imunológica do hospedeiro. Cefaléia, epilepsia, edemas e vômitos surgem quando o parasita começa a ser desintegrado pelo próprio organismo humano, inflamando os tecidos ao redor – depois, resta uma cicatriz calcificada. As formas graves estão localizadas no sistema nervoso central e apresentam sintomas neuropsíquicos (convulsões, distúrbio de comportamento, hipertensão intracraniana) e oculares (LEMES DE CAMPO & TERRA, 2000). Uma vez no interior do organismo, os ovos liberam os embriões que, através da circulação sangüínea, se distribuem pelo corpo todo, onde se fixam e encistam-se, formando as vesículas com as larvas no seu interior, denominadas cisticercos (LEMES DE CAMPO & TERRA, 2000). O cisticerco desenvolve-se em aproximadamente dois meses principalmente no sistema nervoso central, músculo esquelético, ocular, na mucosa oral, hepático, cardíaco, mama entre outras sedes (FORTES, 1997; CÔRTES, 2000). Fig. 6- Encéfalo. Processo: Neurocisticercose. Corte sagital de órgão fixado em formol. Fonte: http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/cisticercose/cisticercose-1.php (07 out 2008). 18 Um cisticerco pode ser observado no interior do ventrículo lateral e outro no lobo frontal, em localização meningo cortical. Este processo ocorre quando o ser humano faz o papel de hospedeiro intermediário da Taenia solium. Em torno do cisticerco pode ocorrer inflamação, fibrose e calcificação patológica (LEMES DE CAMPO & TERRA, 2000). Os ovos e os embriões são microscópicos. Enquanto o cisticerco no músculo de porco pode medir entre 0,5 a 2 cm, em humanos a medida do cisticerco pode variar entre 0,5cm a 1,3cm (LEMES DE CAMPO & TERRA, 2000). Fig. 7- Cérebro. Processo: Cisticercose e calcificação. Fonte: http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/cisticercose/cisticercose-1.php (07 out 2008). Fatia de cérebro fixada em formol, mostrando dois cisticercos (setas) incrustados no espaço subaracnóide dos sulcos corticais, determinando o alargamento destes e adelgaçamento (hipotrofia por compressão) da substância cinzenta. O cisticerco à direita, está cortado, deixando ver sua cavidade sem a larva que foi retirada ao se fazer o corte. O da esquerda é visto através da superfície de sua membrana. Em ambos, esta membrana é delgada, semi-transparente, lisa e bem delimitada dos tecidos vizinhos, o que indica reação escassa ou ausente do hospedeiro. Parte das características destes cisticercos decorrem do depósito discreto de sais de cálcio (calcificação distrófica). Os cisticercos aparecem como uma vesícula com um escólex. Esses parasitas são do tipo Cysticercus cellulose que representa a forma larvária da Taenia solium no porco (FORTES, 1997; CÔRTES, 2000). A identificação do parasita pode ser feita de forma correta com a utilização de um microscópio observando-se as membranas que consistem em uma estrutura sincicial que corresponde a uma membrana externa ou cuticular, a qual se está bem conservada aparece festonada. Imediatamente abaixo, vê-se um conjunto de células semelhantes a linfócitos que constituem a membrana média ou celular de espessura variável e finalmente a parte profunda da membrana que corresponde a uma 19 camada interna ou reticular de maior espessura de aspecto trabeculado com formação de canalículos múltiplos e abundantes espaços claros vesiculares que podem entremear-se com a segunda membrana. Para identificar o escólex, em cortes histológicos, é necessário fazer cortes seriados (ACHA & SZYFRES, 1986). Assim pode-se ver o canal espiral que vai até o interior do escólex. Nesse último é possível ver as ventosas com estrutura similar a membrana vesicular. Porém com estruturas mais homogêneas que contém os corpúsculos calcáreos. O cisticerco é considerado viável quando está na etapa vesicular, isto é, com a presença de uma membrana transparente contendo líquido e a larva invaginada em seu interior. Na primeira etapa a resposta imune pode variar de tolerância até intensa resposta inflamatória. A próxima etapa é a coloidal, na qual a vesícula aparece mais espessa e com líquido turvo ou fracamente gelatinoso esbranquiçado e a larva fragilizada (GEMMELL & LAWSON, 1982). Fig. 8- Coração. Processo: Cisticercose. Calcificação. Fonte: http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/cisticercose/cisticercose-1.php (07 out 2008) Lesão exsudativa esquerda. Órgão fixado em formol e aberto por corte sagital, mostrando no terço superior do septo interventricular corte de formação cística (seta) de aproximadamente três mm de diâmetro, elíptica, cuja parede brancacenta, relativamente espessa, não mostra limites precisos com o miocárdio adjacente. Na metade cardíaca, vista à direita da figura, o corte da formação cística mostra uma superfície interna irregular e granulosa. Os aspectos apontados (falta de limites precisos com o miocárdio, parede espessa, superfície interna granulosa) indicam que está em curso um processo de cicatrização e de depósito de sais de cálcio (calcificação distrófica). Estas ocorrem à partir de reação inflamatória que geralmente acontece após a morte da larva, a qual não pode mais ser identificada. Embora as cavidades ventriculares estejam aparentemente normais, na ponta do ventrículo esquerdo observa-se a formação de uma cavidade cônica de base voltada para a parede apical que se mostra 20 adelgaçada e ligeiramente protusa. Esta lesão pequena, de limites precisos geralmente representa o afastamento de feixes musculares (cornos anterior e posterior) que formam o vortéx, observada com freqüência na cardiopatia chagásica crônica, sendo chamada de lesão vorticilar esquerda (GEMMELL & LAWSON, 1982). Fig. 9- Escólex com sinais de degeneração hialina Fonte: http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/cisticercose/cisticercose-1.php (07 out 2008). O escólex apresenta sinais de degeneração hialina. A terceira etapa é a granular, na qual, a vesícula tende a reduzir seu tamanho, seu conteúdo torna-se semisólido e o cisticerco não está mais viável (GEMMELL & LAWSON, 1982). O escólex é transformado em um granulo mineralizado. A etapa final ou calcificada, consiste em um nódulo sólido, mineralizado, rodeado totalmente por cápsula de tecido conjuntivo denso, formando um granuloma. Na reação inflamatória, observa-se acúmulos de linfócitos, plasmócitos e eosinófilos. No tecido adjacente observa-se infiltrados (linfocitários perivasculares, juntamente com fibro-gliose moderada e sinais de edema tissular (ACHA & SZYFRES, 1986). A medida que a membrana vascular mostra segmentos hialinizados e depósitos de sais de cálcio, a cápsula secundária tende a aumentar junto com o infiltrado inflamatório que se estende ao interior do parasita penetrando pela zona da abertura onde inicia-se o canal espiral. A hialinização da membrana vesicular aparece como fenômeno inicial que progressivamente estende-se a larva (ACHA & SZYFRES, 1986). O infiltrado inflamatório, penetra ao interior do parasita formando acúmulos entre a cápsula conectiva e a membrana vesicular. Com a desintegração do parasito, a reação inflamatória tende a reduzir persistindo somente as células gigantes, constituindo na formação de um nódulo semicalcificado. A intensidade da 21 reação inflamatória é muito variável, pois em muitos casos não existe reação inflamatória ao redor do cisticerco, mostrando uma tolerância ao parasita desenvolvida pelo hospedeiro. No cérebro humano, podem ser da forma cellulose, racemosa ou intermediaria. O tipo cellulose, é similar ao encontrado no porco, enquanto o racemoso é muito grande com uma membrana multilobulada e um escólex degenerado, sendo encontrado somente em algumas áreas no cérebro. Admite-se que uma vez calcificado, o parasita pode ser detectado no homem (ACHA & SZYFRES, 1986). A cisticercose pode causar diferentes quadros clínicos em alguns indivíduos dependendo da localização anatômica e da reação imunológica do hospedeiro. Os cisticercos podem ser encontrados na forma ativa provocando aracnoidite, hidrocefalia por obstrução na comunicação dos ventrículos encefálicos, inflamação meningea, cistos parenquimatosos, enfarte cerebral; ou na forma inativa provocando calcificações parênquimatosas ou hidrocefalia secundaria a fibrose subaracnoidea. Os sinais/sintomas mais comuns da cisticercose na forma encefálica são epilepsia, cefaleia, papiledema, vômitos, sinais piramidais (GEMMELL & LAWSON, 1982). Com relação à neurocisticercose, o diagnóstico clínico é difícil dado ao grande polimorfismo sintomatológico. Testes imunológicos podem facilitar o diagnóstico de pacientes sintomáticos. Existem vários métodos imunológicos que são utilizados para a detecção de anticorpos específicos. O diagnóstico por imagem, tais como, tomografia computadorizada e ressonância magnética nuclear foram melhorando a precisão do diagnóstico. Entretanto, áreas hipodensas e hiperdensas na tomografia computadorizada não são exclusivas de cisticercos e essas tecnologias são mais caras do que os métodos imunológicos (ACHA & SZYFRES, 1986). 2.3.1 Cisticercose em hospedeiros não Humanos Quando ocorre a ingestão dos ovos da taenia pelos animais, estes também desenvolvem a cisticercose. A presença dos cisticercos na musculatura dos animais recebe o nome popular de canjiquinha, canjica, pipoca, sagu e outros. Nos animais, a cisticercose é importante na transmissão da teníase para os seres humanos (ACHA & SZYFRES, 1986). Quando os bovinos ou os suínos ingerem os ovos das tênias junto com o pasto ou a água, desenvolvem cisticercos em seus tecidos. O hábito pouco higiênico das pessoas defecarem diretamente no ambiente, ou em sanitários sem as devidas fossas, muitas delas instaladas sobre córregos e rios, contribui para o problema (ACHA & SZYFRES, 1986). Para GEMMELL & LAWSON (1982), a ingestão de ovos pelos animais se dá na maior parte das vezes, por ingestão de fezes. Os bovinos normalmente evitam pastar ao redor de fezes, mas podem, sob condições adversas, por falta de alimentos ingerirem fezes. Já os suínos, por possuírem hábitos coprofágicos, teriam mais facilidade de adquirir a doença. Entretanto, a 22 viabilidade dos ovos no meio ambiente poderia facilitar a infecção sem que, necessariamente, o animal ingira fezes. As informações sobre cisticercose suína e bovina provêm dos registros da inspeção veterinária de carnes. A inspeção consta de exames de visualização, palpação e cortes dos músculos da cabeça, língua, coração, diafragma, músculos do pescoço e intercostais (BRASIL, 1980). Convém assinalar que a inspeção rotineira dos animais nos frigoríficos tem sérios limites para a identificação de carcaças infectadas, particularmente com infecções leves (GEMMELL et al., 1983; RODRIGUES, 1993; SARTIGUTIERREZ et al., 1988). A liberação da carcaça ocorre quando da ausência de cisticercos. Quando há presença de cisticercos, ocorre o aproveitamento condicional e até condenação total (BRITO, 1987; GEMMELL et al., 1983; BRASIL, 1980; SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICULTURA E ABASTECIMENTO DE FLORIANÓPOLIS, 1993). Nas áreas rurais, freqüentemente, os pequenos produtores criam suínos em pequena quantidade, sem controle sanitário e, muitas vezes, com acesso a fezes humanas, o que facilitaria a ingestão de ovos e aquisição da enfermidade (ACEVEDO-HERNÁNDEZ, 1982). Contudo, SARTI et al, (1992) não verificaram correlação entre a forma de criação de suínos e a prevalência de cisticercose nestes animais, porque, aparentemente, nem todos os animais criados fechados permanecem durante a vida toda assim, tendo oportunidades de ter contato com fezes humanas. SARTÍ GUTIÉRREZ & GUTIÉRREZ OSPINA (1986) advertem que os animais criados sem boas condições de higiene, nas pequenas propriedades, em geral são sacrificados pelos próprios donos, sem inspeção veterinária, para o consumo da família ou são vendidos livremente nos mercados. As perdas econômicas pela cisticercose bovina e suína são consideráveis pela condenação das carcaças contendo cisticercos. Estima-se a prevalência da cisticercose bovina no Brasil está entre 0,7 e 5,3% (UNGAR & GERMANO; 1992). Nos bovinos, o cisticerco se desenvolve em 60 a 75 dias. Em algumas semanas, ou até nove meses, os cistos começam a degenerar, morrem e calcificam (ACHA & SZIFRES, 1986). Nos suínos, o desenvolvimento completo dos cisticercos se dá em 60 dias após a infecção (SALAZAR-SCHETTINO & HARO-ARTEAGA, 1990), permanecendo a larva infectante para o homem durante vários anos (REY, 1992). GEMMELL (1987), utilizando Taenia hydatigena e Taenia ovis dos ovinos como modelo para o estudo da biologia de Taenia solium e Taenia saginata, concluiu que a resposta imune nos animais depende do tempo entre exposições (ingestão de ovos) e não do número de ovos ingeridos. O conhecimento da 23 imunidade dos animais para a cisticercose não está totalmente desenvolvido, havendo muitos pontos a serem esclarecidos. Há fatores que auxiliam a dispersão dos ovos tais como: a contaminação fecal do solo, o transporte através do vento, aves, anelídeos e artrópodes (moscas, besouros, traças, formigas, pulgas e ácaros oribatídeos) (LAWSON, 1982; GEMMELL & LAWSON, 1982; GEMMELL et al., 1983). Os ovos de todas as tênias são sensíveis à dessecação e à temperatura elevada (GEMMELL & LAWSON, 1982; GEMMELL, 1987), podendo permanecer viáveis na pastagem por períodos de, aproximadamente, quatro até doze meses (HUGGINS, 1989). Os ovos são resistentes ao tratamento convencional de esgotos (REIFF, 1994; GEMMELL et al., 1983), porém o tratamento convencional da água como floculação, sedimentação e filtração é suficiente para eliminar os ovos (REIFF, 1994). Na utilização de fezes como fertilizantes, a maneira mais prática de inviabilizar os ovos de tênia seria pela elevação da temperatura através da compostação aeróbica, que pode atingir temperaturas de pelo menos 65º C por mais de sete dias (REIFF, 1994). O calor mata os cisticercos, sendo que o C. cellulosae morre a temperaturas de 55ºC, enquanto que o C. bovis morre a 50ºC. Porém, é muito difícil atingir temperaturas muito elevadas no interior de pedaços grossos de carne (REY, 20011). A carne submetida a temperaturas um pouco acima de 0ºC não afeta a sobrevivência dos cistos de C. cellulosae. Mas, o congelamento por quatro dias a -5ºC ou três dias a -15ºC, ou ainda um dia a -24ºC mata os cisticercos de suínos (SOTELO et al., 1986). O congelamento da carne de suíno ou bovino por mais de quatro dias a temperaturas de -5ºC destrói eficazmente os cisticercos (BENENSON, 1992). Porém, REY (2001) admite que os cisticercos morrem em seis dias quando mantidos a temperatura de -15°C, ou inferiores a esta. A salga também torna os cisticercos inviáveis. No destino de carcaças de bovinos abatidos com cisticercose com número pequeno de cistos, recomenda-se que a carne seja tratada por 21 dias com salmoura, que pode ser reduzida para dez dias quando for mantida temperatura igual ou inferior a 1ºC (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 1980; SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICULTURA E ABASTECIMENTO, 1993). A salga destrói os cisticercos contidos na carne de porco em 14 dias quando a mesma é cortada e submersa em salmoura a 25% (BARTELS, 1971). Entretanto, THORNTON (1969) cita um tempo mais prolongado de três a quatro semanas e os pedaços de carne não devem pesar mais que 2,5kg. PESSOA & MARTINS (1982) admitem que o uso de salmoura (50g de sal por kg de carne) durante duas a três semanas inviabiliza os cisticercos. 2.4 EPIDEMIOLOGIA Segundo DINIZ (1995), um fato de grande importância epidemiológica é a resistência ao meio ambiente dos ovos dessas tênias. Essa resistência é muito elevada quando o substrato está coberto com uma película de água. Para que se tenha uma idéia a respeito desse fato, basta citar que pesquisadores 24 observaram ovos de tênia que sobreviveram em pastagens, em condições naturais, por 159 dias. Há também relato a respeito da permanência de ovos de Taenia saginata, viáveis nas pastagens, por 56 dias e, em alguns casos, até por 98 dias. À temperatura de 60º são necessários dez minutos, e à ebulição, cinco segundos para inativação dos ovos. Estes resistem bem ao merthiolate e ao formol comercial. Os processos biológicos de fermentação e putrefação não destroem facilmente e admite-se que nos digestores empregados para depuração de esgotos, os ovos sejam destruídos em 20 dias, a 35º. 2.4.1 Contaminação A cisticercose é um problema de saúde pública que prevalece em locais onde existem más condições sanitárias e outras condições ambientais e sócio-econômicas que favorecem a infecção. A transmissão geralmente ocorre tanto em áreas urbanas como rurais. Nos países onde o consumo de carne de porco com elevada percentagem de parasitismo, a ocorrência de cisticercose é alta. Esta parasitose pode ser encontrada na África, Ásia, Europa e América, sendo que o México e Brasil são os países que apresentam as maiores freqüências do continente Americano. Nos países desenvolvidos, a ocorrência é maior nos imigrantes provenientes de áreas endêmicas (PESSOA & MARTINS, 1982). A incidência de indivíduos portadores desta doença vem aumentando em todo o mundo. Há 15 anos, era rara nos Estados Unidos. Hoje é a parasitose do sistema nervoso mais freqüente, tanto em crianças como em adultos, não só nos Estados Unidos, como também no mundo todo (DINIZ, 1995). No Brasil, a maioria dos casos é registrada nos estados de Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina (DINIZ, 1995). O ponto crucial da transmissão está nas fezes humanas contaminadas com os ovos da Taenia solium. Um indivíduo com teníase pode evacuar em local impróprio (campo, mato, perto de riachos, em instalações sanitárias inadequadas, etc.) e, deste modo, espalhar os ovos microscópicos da tênia que, fatalmente, irão contaminar fontes de água, lavouras, etc. (DINIZ, 1995). A infecção é freqüentemente sub-estimada pela dificuldade no diagnóstico clínico, porém tanto a Organização Panamericana de Saúde como a Organização Mundial de Saúde consideram os índices de 1% para teníase humana, 0,1% para cisticercose humana e 5% para cisticercose animal como endêmicos, confirmando o importante problema de saúde pública da Teníase/Cisticercose na América Latina. A neurocisticercose, embora sendo uma doença tratável em muitos casos, é geralmente uma infecção aguda ou com um passado longo, afetando a qualidade de vida do paciente e com um 25 envolvimento social. A doença é socio-economicamente importante pois 75% dos pacientes com neurocisticercose estão em idade produtiva, e estão freqüentemente inaptos para trabalhar (PESSOA & MARTINS, 1982).Os mesmos autores relatam que a alta freqüência desta parasitose está relacionada com os seguintes fatores: más condições higiênicas, como a ausência de banheiros e falta de água potável; conhecimento inadequado da população sobre essa doença; contaminação do meio ambiente com os agentes causadores dessa enfermidade pela defecação ao ar livre, irrigação de hortaliças com água contaminada, e venda da carne com cisticercos. A prevalência da neurocisticercose no Brasil, em necropsias varia de 0,12 a 19%. A freqüência clínica, de 0,03 a 7,5% e nos estudos soroepidemiológicos, de 0,68 a 5,2%. As áreas endêmicas estão compreendidas nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Espírito Santo e Distrito Federal. A faixa etária predominante é entre 21 a 40 anos; o sexo masculino é o mais atingido e a procedência é na maioria da zona rural. O quadro clínico mais preponderante é a epilepsia seguido de hipertensão intra-craniana (PESSOA & MARTINS, 1982). A Taenia solium, o verme do porco causa infecção intestinal com a forma adulta e somática com a larva (cisticercos). O homem adquire teníase quando ingere carne suína, crua ou parcialmente cozida, contendo cisticercos. Os suínos, por outro lado, adquirem cisticercose quando ingerem ovos de T. solium, presentes no ambiente contaminado por matéria fecal de seres humanos contaminados. Do mesmo modo que o suíno, o homem pode adquirir cisticercose a partir da ingestão de ovos de T. solium, presentes em alimentos contaminados com matéria fecal de origem humana, sobretudo verduras cruas, ou por auto-infecção, através das mãos e roupas contaminadas com as próprias fezes (PESSOA & MARTINS, 1982). 2.5 EXAMES LABORATORIAIS QUE PERMITEM DIAGNOSTICAR A CISTICERCOSE NO HOMEM Segundo ALVAREZ (2000), a cisticercose no homem pode ser diagnosticada através dos seguintes exames laboratoriais: - Exame do líquido cefalorraquidiano, o qual fornece elementos consistentes para o diagnóstico, pois o parasita determina alterações compatíveis com o processo inflamatório crônico; - Provas sorológicas, com resultados limitados, pois não permitem localizar os parasitas ou estimar a carga parasitária, além de que, a simples presença de anticorpos não significa que a infecção seja atual. As provas mais utilizadas são: - ELISA, com sensibilidade aproximada de 80%; - Imunoeletroforese, que embora não forneça resultados falso-positivos, revela apenas 54% a 87% dos pacientes com cisticercose; 26 - Imunofluorescência indireta, altamente específica, mas pouco sensível; - Exame radiológico, realizado mediante imagens dos cistos calcificados, cujo aspecto é relativamente característico- a calcificação só ocorre após a morte do parasita; - Tomografia computadorizada, que auxilia na localização das lesões, notadamente ao nível do sistema nervoso central, tanto para os cistos viáveis, como para os calcificados; - Exame anatomopatológico, realizado ante-mortem, quando eventuais nódulos subcutâneos, permitem biópsia e a análise histopatológica, ou post-mortem, quando da realização de autópsia ou de necropsia. 2.5.1 Identificação da Cisticercose nas carcaças de Bovinos e Suínos Os músculos pesquisados na inspeção de rotina para identificação da cisticercose são os músculos da língua, do esôfago, da mandíbula (masséter) e do coração (miocárdio). Em casos de confirmação do diagnóstico, os músculos dos membros anteriores, peito, pescoço e diafragma também são inspecionados para avaliar a extensão da cisticercose na carcaça do animal (TAKAYANAGUI - 1987; 1990-b). 2.6 TRATAMENTO DA CISTICERCOSE EM HUMANOS Pode ser feito com vermicidas ou outros fármacos que atuam sobre a inflamação que o cisticerco provoca. Nos casos de obstrução das vias interna que causam hidrocefalia ou quando o cisticerco se comporta como um tumor, a indicação de tratamento é cirúrgica. Com relação à cisticercose, até há pouco mais de uma década e meia, a terapêutica medicamentosa da neurocisticercose era restrita ao tratamento sintomático. Atualmente, praziquantel e albendazol têm sido considerados eficazes na terapêutica etiológica da neurocisticercose. Há questionamentos sobre a eficácia das drogas parasiticidas na localização cisternal ou intraventricular e na forma racemosa, recomendando-se, como melhor opção, a extirpação cirúrgica, quando exeqüível (COLLI - 1996; COLLI et al - 1994-b; TAKAYANAGUI - 1990-b; 1994). Levando-se em consideração as incertezas quanto ao benefício, a falibilidade e os riscos da terapêutica farmacológica, a verdadeira solução da neurocisticercose está colocada primordialmente nas medidas de prevenção da infestação (OPS - 1994). FONTE: dtr2001.saude.gov.br (02 set de 2008). 27 2.7 TRATAMENTO DA CISTICERCOSE EM ANIMAIS Uma das enfermidades de maior incidência em estabelecimentos fiscalizados pelo o Serviço de Inspeção Federal é a cisticercose. Nesses casos, as carcaças apreendidas pela inspeção são destinadas a diversos tratamentos, conforme a extensão da infestação (COLLI - 1996; COLLI et al - 1994-b; TAKAYANAGUI - 1990-b; 1994): a) se a carcaça é totalmente condenada, vai para a graxaria, onde o material será esterilizado e vai servir de adubo ou componente de ração animal, na forma de farinha (COLLI - 1996; COLLI et al - 1994-b; TAKAYANAGUI - 1990-b; 1994); b) quando as carcaças são parcialmente aproveitáveis, essas são tratadas pelo (COLLI - 1996; COLLI et al - 1994-b; TAKAYANAGUI - 1990-b; 1994): - calor: aquecimento acima de 60º C, no interior da massa muscular, é eficiente na inativação do cisticerco (COLLI - 1996; COLLI et al - 1994-b; TAKAYANAGUI - 1990-b; 1994); - frio: o congelamento a -10º C por dez dias, inativa o cisticerco (COLLI - 1996; COLLI et al 1994-b; TAKAYANAGUI - 1990-b; 1994); - sal: a salga em salmoura saturada por 21 dias, ou dez dias, caso a salga seja feita em temperatura de no máximo 1ºC, sem oscilação, permite o aproveitamento da carne (COLLI - 1996; COLLI et al - 1994-b; TAKAYANAGUI - 1990-b; 1994); Essas providências, sem dúvida, resultam em um controle efetivo da cisticercose e, por conseqüência, das teníases. Entretanto, é válido reforçar que hábitos de higiene devem ser constantemente difundidos, permitindo que haja uma melhora nas unidades de habitação dos animais (COLLI - 1996; COLLI et al - 1994-b; TAKAYANAGUI - 1990-b; 1994). 2.8 MEDIDAS DE CONTROLE SANTOS et al. (2003), relatam que a ocorrência da cisticercose suína e/ou bovina, é um forte indicador das más condições sanitárias dos locais onde os animais se abrigam ou caminham. Com base nos conhecimentos atuais, a erradicação das tênias, Taenia solium e Taenia saginata, é perfeitamente possível pelas seguintes razões: os ciclos de vida necessitam do homem como hospedeiro definitivo; a única fonte de infecção para os hospedeiros intermediários, pode ser controlada; não existe nenhum reservatório selvagem significativo; e, existem drogas seguras e eficazes para combater a teníase. ÉDe acordo com os autores é importante: 1. Informar as pessoas para: evitar a contaminação fecal do solo, da água e dos alimentos destinados ao consumo humano e animal; não utilizar águas servidas para a irrigação das pastagens ;e, cozer totalmente as carnes de suínos e bovinos; 28 2. Identificar e tratar, imediatamente, os indivíduos infectados com a Taenia solium para evitar a cisticercose, tomando precaução para proteger os pacientes da auto-contaminação, bem como seus contatos; 3. Congelar a carne suína e bovina, a fim de que os cisticercos sejam destruídos eficazmente; Tabela 2– Distribuição de cistos submetidos à temperatura de Congelamento (- 30ºC), segundo o número de cistos testados, tempo de exposição e viabilidade. Tempo de Temperatura Número Viabilidade dos congelamento da Câmara de cistos cisticercos Frigorífica testados 24 horas - 30 °C 79 Todos mortos 16 horas - 30 °C 56 Todos mortos 8 horas - 30 °C 28 Todos mortos 2 horas - 30 °C 22 Todos vivos (Fonte: Almeida et. al., 2003) 4. submeter à inspeção as carcaças, nos abatedouros de suínos e bovinos, destinando-se conforme os níveis de contaminação: condenação total, parcial, congelamento, irradiação ou envio para as indústrias de reprocessamento; 5. Impedir o acesso de suínos às fezes humanas, latrinas e esgotos; 6. Trabalho Educativo da População: como uma das medidas mais eficazes no controle da teníase/cisticercose deve ser promovido extenso e permanente trabalho educativo da população nas escolas e nas comunidades. A aplicação prática dos princípios básicos de higiene pessoal e o conhecimento dos principais meios de contaminação constituem medidas importantes de profilaxia. O trabalho educativo da população deve visar à conscientização, ou seja, ao corte dos hábitos e costumes inadequados e à adoção de novos, mais saudáveis, por opção pessoal; 7. Bloqueio de Foco do Complexo Teníase/Cisticercose: o foco do complexo teníase/cisticercose pode ser definido como sendo a unidade habitacional com pelo menos: um indivíduo com teníase; um indivíduo eliminando proglótides; um indivíduo com sintomas neurológicos suspeitos de cisticercose. Cita-se ainda, a unidade habitacional dos indivíduos com sorologia positiva para cisticercose e dos animais com cisticercose (suína/bovina). Serão incluídos no mesmo foco outros núcleos familiares que tenham tido contato de risco de contaminação. Uma vez identificado o foco, os indivíduos deverão receber tratamento com medicamento específico; 8- Fiscalização da Carne: essa medida visa reduzir ao menor nível possível a comercialização ou o consumo de carne contaminada por cisticercos e orientar o produtor sobre medidas 29 de aproveitamento da carcaça (salga, congelamento, graxaria, conforme a intensidade da infecção) reduzindo a perda financeira, com segurança para o consumidor; 9- Fiscalização de Produtos de Origem Vegetal: a irrigação de hortas e pomares com água de rios e córregos que recebem esgoto deve ser coibida através de rigorosa fiscalização, evitando a comercialização ou o uso de vegetais contaminados por ovos de taenia; 10- Cuidados na Suinocultura: o acesso do suíno às fezes humanas e à água e alimentos contaminados com material fecal deve ser coibido: esta é a forma de evitar a cisticercose suína; 11- Isolamento: para os indivíduos com cisticercose ou portadores de teníase, não há necessidade de isolamento. Para os portadores de teníase, entretanto, recomenda-se medidas para evitar a sua propagação: tratamento específico, higiene adequada das mãos, deposição dos dejetos garantindo a não contaminação do meio ambiente; 12- Desinfecção Concorrente: é desnecessária, porém é importante, o controle ambiental através da deposição correta dos dejetos (saneamento básico), e rigoroso hábito de higiene (lavagem das mãos após evacuações, principalmente). 30 3 CONSIDERAÇOÊS FINAIS Cisticercose é uma doença ocasionada pelas larvas da Taenia Solium, popularmente conhecida como solitária. É adquirida através da ingestão de alimentos e água contaminados com os ovos do verme. O hospedeiro intermediário do verme é principalmente, o suíno e o bovino, sendo que o hospedeiro definitivo da taenia é o ser humano. No intestino os ovos do verme são transformados em larvas, podendo se deslocar para várias partes do corpo como músculos, cérebro, pulmões, olhos e coração. Pode ocasionar convulsões, distúrbios mentais, cegueira. O que fica patente, depois de tudo o que foi visto, é que a cisticercose humana é uma questão fundamental de saúde pública, intimamente relacionada com questões sociais, culturais e sanitárias, tendo no homem a sua única fonte de contaminação. No ciclo desse parasita, os suínos se apresentam como hospedeiros intermediários, apenas quando infectados por dejetos humanos contaminados com ovos de T. solium. Além disso, é importante relembrar que o ciclo Teníase/Cisticercose se constitui por duas doenças distintas, sendo a cisticercose humana transmitida de homem para homem. Normalmente se observa também núcleos de contaminação ao redor de um indivíduo com teníase, fazendo com que uma das formas mais efetivas de prevenção seja a identificação e o tratamento desses portadores de tênias adultas. Além disso, programas de prevenção que se centralizem apenas no controle do parasita em bovinos e suínos (como transmissores da doença) não obterão sucesso. Como medida de prevenção para o controle da doença em bovinos e suínos, constatou-se que a eficácia da fiscalização da carne: essa medida visa reduzir ao menor nível possível a comercialização ou o consumo de carne contaminada por cisticercos e orientar o produtor sobre medidas de aproveitamento da carcaça (salga, congelamento, graxaria, conforme a intensidade da infecção) reduzindo a perda financeira, com segurança para o consumidor. Com relação ao ser humano, é de suma importância o controle ambiental através da deposição correta dos dejetos (saneamento básico), e rigoroso hábito de higiene (lavagem das mãos após evacuações, principalmente). Ao final conclui-se que a quebra efetiva do ciclo Teníase/Cisticercose se dá quando as campanhas se centralizam no homem como transmissor, com ações simples de higiene, educação, saúde e treinamento específico dos profissionais da saúde. 31 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACEVEDO-HERNÁNDEZ, A. Economic impact of porcine cysticercosis. In : FLISSER, A., et al. (Eds.). Cysticercosis: present stat of knowledge and perspectives. New York : Academic, 1982. p.6367. ACHA, P.N., SZYFRES, B. Zoonosis y enfermedades transmissibles comunes al hombre y a los animales. p.501-08, 1977. ALMEIDA, Gustavo José Von Glehn et. Al. O Parasita Solitária ou Tênia é adquirido pelo homem através do consumo de carnes cruas ou mal cozidas. Artigo apresentado à UFLA, 2003. ALVAREZ, Graziela Gonçalves. Taenia solium e Taenia saginata. I Curso de Especialização em Epidemiologia Aplicada às Doenças Transmitidas por Alimentos, ano 2000, convênio DDTHA/CVE e FSP/USP. BARTELS, H. Inspección veterinaria de la carne. 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