Exmo. Senhores Representantes dos ramos das Forças Armadas
Portuguesas,
Senhores Ex-Combatentes,
Senhoras e Senhores Convidados,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
Começo esta minha alocução, dizendo da honra que é para mim
poder estar aqui hoje, no dia que celebramos a nossa Pátria comum
e a nossa nacionalidade, prestando a merecida homenagem a todos
aqueles que tombaram na defesa da causa comum.
O Município de Oeiras desde há muitos anos, por iniciativa do
Presidente Isaltino Morais, criou a tradição de honrar neste dia a
comunidade castrense e o seu sacrifício máximo.
Numa sociedade cujos valores em quase total ausência de valores e
numa crise de existencial de soberania como há muito não se
conhecia, importa que saibamos honrar a nossa memória coletiva e
a memória dos nossos heróis. Em Oeiras temos sabido honrar essa
memória e, estou certo, certamente continuaremos a saber fazê-lo
no futuro. Importa continuar a honrar as nossas tradições.
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Ainda que este monumento tenha sido erguido aos caídos na guerra
do ultramar, o objetivo do Município nunca foi a de promover a sua
circunscrição num único conflito militar mas, sobretudo, homenagear
a generosidade última que apenas os militares conhecem: o
entregar do nosso bem mais precioso, a nossa vida, ao nosso País.
Também não foi a glorificação da guerra o móbil desta peça
escultórica; ela pretende representar não apenas os instrumentos
dos conflitos, como as armas, mas também os gestos de
humanidade e de paz que estão sempre presentes na guerra.
A decisão de avançar para a construção deste monumento teve por
base o desejo de Oeiras contribuir para o sarar das feridas de um
conflito concreto, num tempo no qual essas feridas ainda estavam
bem vivas na sociedade portuguesa.
Não por acaso, este foi o 1º monumento erguido em honra dos
militares portugueses durante o período democrático. Serviu
enquanto instrumento de pacificação social e da comunidade,
propondo um reunificação da comunidade com os militares que a
servem.
Apesar de ser muitas vezes esquecidos, são os militares quem mais
detesta a guerra, pois são eles quem melhor a conhecem…
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Não por acaso, durante a guerra colonial, foram os militares os
primeiros a denunciar as suas injustiças, as iniquidades da
colonização portuguesa e foram também os militares a propor as
saídas pacíficas para conflitos que a História ensinava não poderem
ser vencidos.
Por essa razão aqui invocamos a cultura de Paz de quem faz a
guerra e a importância dos Homens serem capazes de encontrar
meios pacíficos para a resolução dos conflitos.
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
No tempo atual, no qual conceitos antigos como Soberania e Pátria
parecem não mais ter lugar, importa que tenhamos noção de que
mais de 900 anos de experiência coletiva não se fizeram sem
esforço ou sem tempos difíceis, bem pelo contrário.
Um País que soube crescer até ser Império antes do tempo dos
impérios; que perdeu soberania, foi ocupado, e que das cinzas
renasceu, recuperando a sua bandeira; refez-se na dimensão
imperial em terras mais distantes; foi ocupado e dizimado; confuso
entrou numa das ditaduras mais longas do seu tempo; após o que,
plantou os mais belos cravos que algum dia o mundo viu.
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É este País que somos e do qual nada temos de nos envergonhar.
Como todos os Povos cometemos erros, mas sempre soubemos
deles sair com a cabeça levantada e a honra refeita. Assim foi no
passado e assim será também no futuro, assim recuperemos – tão
cedo quanto possível – a nossa soberania plena.
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
Este é um tempo de grandes sacrifícios e grandes dificuldades para
todos os portugueses. Naturalmente que a instituição militar tem
suportado provações bem superiores ao que julgávamos ser
possível.
Não obstante a dor que atravessa a sociedade portuguesa, importa
que os atores políticos saibam respeitar as Forças Armadas e
conferir a estas os meios para as suas missões e que os seus
membros disponham, na sua esfera privada, da dignidade que é
inerente à função.
A forma superiormente digna como os militares portugueses têm
suportado os cortes de que têm sido alvo é, por si só, uma cabal
demonstração do espírito de corpo das nossas Forças Armadas, da
sua maturidade e lealdade à Pátria e à missão!
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Para terminar quero apenas, e uma vez mais, agradecer às Forças
Armadas
Portuguesas,
e
muito
especialmente
aos
antigos
combatentes aqui presentes, pelo esforço, dedicação e empenho
postos aos superiores interesses da Nação.
Uma palavra também as famílias daqueles que, não estando mais
entre nós porque ofereceram o sacrifício último pela Pátria, o nosso
agradecimento eterno e sentido. Os Vossos filhos, pais e irmãos são
a nata da nossa comunidade.
Por fim uma palavra de esperança para todos nós: a longa noite que
o nosso País tem atravessado pois, em certa medida, não gozamos
hoje da soberania plena, irá certamente ter um fim. Nessa altura o
Sol voltará a brilhar intensamente para todos nós.
Os grandes países e as grandes nações não se esfumam
simplesmente no tempo, transformam-se, reinventam-se! Portugal
saberá novamente reinventar-se, como tantas vezes o fez, e voltará
a marcar o seu lugar no palco da história.
O Município tem Oeiras, à sua medida e à sua dimensão, tem
sabido honrar o enorme fardo que deriva do nosso excesso de
história.
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Oeiras tem sabido fazê-lo e importa que, no futuro, continuemos a
fazê-lo.
O nosso muito obrigado.
Viva Oeiras.
Viva Portugal.
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Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas