Discurso do Presidente da Direcção da COTEC Portugal, Professor João Bento, na Cerimónia de Encerramento do VIII Encontro COTEC Europa Madrid, 3 de Outubro de 2012 Majestade Senhor Presidente da República de Itália Senhor Presidente da República de Portugal Senhor Vice-Presidente da Comissão Europeia Senhores Presidente da COTEC Espanha e Representante do Presidente da COTEC Itália Minhas senhoras e meus senhores É uma honra, e um prazer, dirigir-me a Vossas Excelências na sessão de encerramento deste VIII Encontro COTEC Europa. E permitam que a minha primeira palavra seja de agradecimento a Sua Majestade e ao Senhor Presidente da COTEC Espanha pela recepção que nos proporcionaram, neste magnífico Palácio Real de El Pardo. O movimento COTEC iniciou-se em Espanha em 1990. Seguiram-se Itália e Portugal, sempre por iniciativa e com o patrocínio efectivo (e imprescindível) dos Chefes de Estado de cada um dos países. A COTEC Portugal, a mais jovem das três, foi criada em 2003, há já quase dez anos! E foi logo a partir de 2005 que passámos a organizar os Encontros COTEC Europa. É com um enorme sentido de responsabilidade que encaro estes Encontros e me empenho na necessidade de os revitalizar: sentido de responsabilidade perante os participantes, como os que se encontram hoje nesta sala, parte dos quais na sequência de longas deslocações (e todos, certamente, com afazeres de que resulta, para a sua participação no Encontro, um elevado custo de oportunidade); sentido de responsabilidade também perante todos os nossos Associados, e perante as opiniões públicas dos nossos três países, que, muito legitimamente, não poderão deixar de depositar uma expectativa muito elevada num Encontro desta natureza, tal como nos seus resultados. É este sentido de responsabilidade que determina o essencial das palavras que vou proferir. Que temas escolher para um Encontro desta natureza? Qual o melhor modo de os tratar? Qual a estrutura e qual a forma de Encontro que mais potencia os objectivos a que aspiramos? Que conclusões, e que consequências, são de esperar do tratamento dos temas seleccionados? Em síntese, qual o propósito dos Encontros COTEC Europa? Por proposta da COTEC Espanha, acolhida pela COTEC Itália e pela COTEC Portugal, o tema escolhido para o Encontro deste ano foram as Pequenas e Médias Empresas: a importância das PME para a criação de emprego e para o crescimento económico, os seus modelos de inovação, e o modo como o seu desenvolvimento pode ver-se acelerado, também, por políticas de compras públicas mais inteligentes. Felicito a escolha e revejo-me nela. Revejo-me nela por inúmeras razões, a mais óbvia das quais será o nível de interesse e a atenção que sempre mereceram, no seio da COTEC Portugal, as PME. Dez anos após ter sido constituída, período em que muita coisa mudou, a COTEC Portugal tem vindo a repensar-se, não na sua missão – que se mantém inalterada – mas no modo concreto de a prosseguir, e nas actividades em que se deve empenhar. Admito que possa ocorrer o mesmo com as nossas congéneres espanhola e italiana. O que poderemos continuar a fazer que outros não façam? O que poderemos fazer melhor do que tantas outras entidades que hoje se ocupam da promoção da inovação? Em que pode consistir o núcleo duro das nossas actividades, aquelas que, continuando a ser absolutamente distintivas, nos permitirão criar mais valor para os nossos Associados – que nos suportam financeiramente – e para a sociedade em geral – que olha para nós com uma elevada expectativa? Pelo nosso lado, na COTEC Portugal, a decisão está tomada: continuaremos a investir em duas frentes principais: 1) por um lado, na superação da distância Universidade-Empresa, pela valorização do conhecimento gerado nas nossas Universidades, i.e., pela potenciação da transformação desse conhecimento em valor económico gerado nas empresas; e 2) por outro lado, na intensificação do crescimento das PME por via da inovação. Pretendendo desenvolver uma actividade operacional porventura mais limitada do que no passado, investiremos sobretudo na reflexão em torno destes problemas, na identificação e na difusão das melhores práticas, bem como na consciencialização das entidades a quem estas boas práticas são recomendadas; em diálogo com o Governo do nosso País, empenhar-nos-emos na formulação de políticas públicas e das medidas concretas que se mostrem mais adequadas e mais eficazes, para a realização dos nossos objectivos. A escolha de um tema como as PME, e o seu crescimento através da inovação, não poderia, portanto, vir mais de encontro aos nossos objectivos e às nossas prioridades. Trata-se, além disso, de uma área em que nos sentimos menos seguros sobre os caminhos que nós próprios, na COTEC Portugal, teremos de prosseguir – certamente bem menos seguros do que no que se refere aos caminhos a percorrer na área da valorização do conhecimento (nossa outra prioridade de actuação). A reflexão e o trabalho que têm vindo a ser realizados vão-nos ajudando a melhor definir o nosso plano de acção. E este VIII Encontro COTEC Europa constituiu mais um contributo para esse objectivo: as PME são muito importantes mas mais importantes, ainda, são as empresas que crescem (na sua maior parte Pequenas e Médias, pela própria natureza das coisas). Acelerar esse crescimento, nomeadamente pela inovação, criando as condições de contexto para que tal possa acontecer, constitui uma prioridade; no entanto, sabemos serem ainda muito poucas as PME que adoptam processos de inovação consistentes, e isso exige acção continuada dirigida às próprias empresas (na linha, aliás, da iniciativa Desenvolvimento Sustentado da Inovação Empresarial, que a COTEC Portugal levou a cabo e que tive o grato prazer de coordenar na sua fase mais executiva); mas acreditamos que há, de facto, um papel a desempenhar pelas compras públicas na promoção da inovação (trata-se de um bom exemplo de política do lado da procura, menos comum do que mais conhecidas e mais estabilizadas políticas do lado da oferta). Portugal tem um longo caminho a percorrer nesta matéria, podendo beneficiar em muito da experiência de Itália, aquele que dos nossos três países parece mais avançado na adopção deste tipo de políticas. O tema escolhido para o Encontro COTEC Europa deste ano merece, pois, o nosso mais vivo aplauso, da mesma forma que não podemos deixar de aplaudir a evolução observada no modo como decorreu a parte técnica do Encontro a que acabamos de assistir. Julgamos, contudo, que haverá ainda facetas em que podemos e devemos progredir e em que, em nosso entender, deverão empenhar-se as três COTEC. Refiro-me sobretudo a dois aspectos. Em primeiro lugar, creio que nos cabe aproximar mais estes Encontros dos nossos Associados, envolvendo-os porventura logo a partir da sua fase de preparação. O Encontro COTEC Europa tem de constituir um momento marcante na aproximação dos empresários dos três países, para discutirem e para aprovarem planos de acção concertados em matéria de inovação e de política de inovação. Pelo menos em Portugal, os rankings de inovação evidenciam um desempenho que é mais favorável nas condições que reunimos e nos recursos que afectamos à inovação, do que nos resultados económicos que conseguimos com essas condições e com a afectação desses recursos. Há um problema de eficiência e de produtividade nos nossos processos de inovação: problema que poderíamos descrever como um gargalo, ou mesmo um conjunto de gargalos, que em algum momento se introduzem no processo, fazendo com que somas consideráveis de recursos redundem em resultados económicos exíguos. É nossa maior preocupação identificar estes constrangimentos nas duas áreas que temos por prioritárias – a valorização do conhecimento e a aceleração do crescimento das PME –, e identificar as linhas de actuação que poderão superá-los. Acredito que os problemas não sejam muito diferentes em Espanha e em Itália, e acredito que os empresários dos nossos três países sejam capazes de chegar a um diagnóstico comum, e mesmo a propostas de actuação comuns, para, de forma muito selectiva, diria quase cirúrgica, melhorar a eficiência dos nossos processos de inovação. Em segundo lugar, gostaria de ver mais envolvidos nestes Encontros os poderes executivos, os Governos, dos nossos três países. Refiro-me, como é bom de ver, não tanto aos aspectos protocolares mas mais à necessidade de adopção e prossecução de políticas concertadas, em algumas matérias. Acredito que esta seria uma outra forma de darmos aos nossos Encontros maior eficácia, aproximando o nosso trabalho e os seus resultados da acção política concreta. Majestade Senhor Presidente da República de Itália Senhor Presidente da República de Portugal (Senhor Vice-Presidente da Comissão Europeia Senhores Presidente da COTEC Espanha e Representante do Presidente da COTEC Itália) Minhas senhoras e meus senhores Admito que se esperasse do Presidente da COTEC Portugal, uma palavra sobre os tempos difíceis que o meu País atravessa, com consequências muito negativas também em matéria de inovação. Veja-se, por exemplo, depois de uma série de anos de progresso, o recuo das despesas de I&D, e do seu peso no PIB; tanto das despesas públicas como da parcela privada. São tempos realmente muito difíceis que, com sinceridade, espero que nem Espanha nem Itália venham a ter de atravessar com igual intensidade. Não me refiro a este programa de ajustamento e aos seus custos, apenas porque eles constituem uma parte muito presente do nosso contexto e do nosso quotidiano. Nem as empresas portuguesas, nem a COTEC Portugal, poderão fazer muito para o amenizar, a não ser pelo acerto das medidas que possamos tomar para repor o mais rapidamente possível a economia portuguesa numa trajectória de crescimento. Sou mesmo dos que crêem estar do lado das empresas, e, portanto, do lado da inovação, o grosso das acções que hão-de levar a economia portuguesa a reencontrar uma trajectória crescimento, uma vez resolvidos os desequilíbrios orçamentais conhecidos. (Assim haja capital e financiamento.) Não é tempo de nos queixarmos, até porque não vale a pena, mas tempo de fazermos! Fazermos mais e melhor, nas áreas de actividade de que nos ocupamos. Mais difícil, a inovação é hoje, também mais necessária, sendo também necessário, pelo menos no nosso caso, que se torne mais eficaz, e mais eficiente. Mas é, também, mais urgente! É nisso, e só nisso, que, enquanto COTEC Portugal nos encontramos focados. E continuamos a contar com a colaboração da COTEC Espanha e da COTEC Itália para o conseguirmos; também nestes Encontros, e através destes Encontros que queremos revitalizados, mais consequentes, mais úteis e mais INOVADORES.