UMA FOTOGRAFIA QUE SE PODE ABRAÇAR: UM RETRATO POSSÍVEL DA HOMOAFETIVIDADE E DA FAMÍLA EM O FILHO DE MIL HOMENS Emerson SILVESTRE (UFPE)1 RESUMO: O presente trabalho tem como intuito demonstrar, por meio de uma leitura crítica do romance O filho de mil homens, de ValterHugo Mãe, o percurso traçado por Antonino, personagem homossexual, desde a descoberta de sua sexualidade até a sua aceitação social. A leitura será orienta pela ótica da homoafetividade a fim de verificar a possibilidade de ser a obra do escritor português uma tentativa de representação de identidades em trânsito dentro do universo lusófono. Partindo dos pressupostos dos Estudos Culturais no que concerne ao tratamento das identidades de gênero e de sexualidade, nosso referencial teórico está embasado, sobretudo, nos postulados da Teoria Queer. Além disso, o romance sugere uma revisão da estrutura tradicional de família. A ligação consanguínea e a tradição patriarcal, eixos basilares dessa construção tradicional, principalmente nas sociedades rurais, espaço do romance em questão, cede lugar a uma nova concepção na qual cuidado, compreensão e aceitação – incluindo a figura de um homossexual como membro dela – são as bases fundamentais dessa nova forma de se conceber a família. No contexto da pós-modernidade, a necessidade de se repensar os conceitos de sexualidade, gênero e família surge como resposta ao pensamento firmado em critérios normativos de construção dessas categorias. Em O filho de mil homens, o tratamento da personagem homossexual, bem como o redimensionamento da instituição “família” colaboram com essa postura questionadora acerca dos embates identitários através de um universo diegético em que a homoafetividade representa não apenas uma possibilidade de aproximação entre indivíduos homo-orientados, mas também uma cosmogonia do humano. Palavras-chave: Literatura Portuguesa, ValterHugo Mãe, Teoria Queer, Homoafetividade. 1 Mestrando em Teoria da Literatura. Email: [email protected] 1 ABSTRACT: The present work is aimed to demonstrate, through a critical reading of the novel O filho de mil homens, by ValterHugo Mãe, the route about homoaffectiveness verifying the possibility of being the work of the Portuguese writer an attempt to identities in transit scripture within the Lusophone world. Starting from the assumptions of cultural studies regarding the treatment of gender identity and sexuality, our theoretical framework rests, among other things, in the localization of Mãe text within the studies of Queer Theory. Furthermore, the novel suggested a review of the traditional structure of the family.The consanguineous connection and the patriarchal tradition, fundamental axes of this traditional construction, particularly in rural societies, space of the novel in question, gives way to a new conception in which care, understanding and acceptance - including the figure of a homosexual as a member of it - are the foundations of this new way of conceiving the family. In the context of postmodernity, the need to rethink the concepts of sexuality, gender and family is a response to the thought entered into normative criteria for constructing these categories. In O filho de mil homen sthe treatment of the homosexual character, as well as the resizing of the institution "family" collaborate with this questioning attitude about the identity struggles through a diegetic universe where homoaffectiveness is not just a possibility of rapprochement between homosexual individuals but also as human cosmogony. Keywords: Portuguese literature, ValterHugo Mãe, Queer Theory, Homoaffectiveness. Nota Introdutória: No contexto da literatura contemporânea em língua portuguesa, o nome de ValterHugo Mãe figura como um dos expoentes. Essa afirmação confirma-se, entre outras coisas, pelo Prêmio Literário José Saramago ganho em 2007, mas também, e, sobretudo, pela recepção que a obra do escritor tem recebido da crítica especializada. Nascido em Angola e radicado em Portugal, Mãe não apenas escreve prosa de ficção, mas poesia, literatura dramática, livros infantis, assina uma coluna fixa na revista Playboy de Portugal, além de ser vocalista de uma banda. Apesar da origem africana, sua narrativa em nada se assemelha ao que se lê nas páginas de um José Eduardo Agualusa ou de um Mia Couto, no que se refere ao ponto de vista místico e da vital necessidade de reescrever a história da África por meio do aporte literário e histórico. Sua literatura está em via contrária. Em lugar da (re)escritura de uma identidade nacional, ValterHugo Mãe prefere buscar a compreensão das identidades interiores, expressas 2 em personagens que desconheceram os horrores sofridos pela colonização, seja em um ambiente urbano (O apocalipse dos trabalhadores) ou em uma paisagem interiorana (O nosso reino, O remorso de baltazarserapião, O filho de mil homens). Nessa investigação interior, um tema surge em pelo menos dois desses romances – com menos força em o nosso reino e mais intensamente n‟o filho de mil homens – a alusão à homossexualidade. Seja por meio da conversa imatura de Benjamin, uma criança de oito anos e narrador-personagem, com um adolescente recém chegado da guerra (o nosso reino), ou pela própria aparição de uma personagem “maricas” no enredo do romance (o filho de mil homens), a homossexualidade é abordada nos dois textos por um viés patológico e muitas vezes agressivo. Em o nosso reino ela aparece apenas como um fantasma que assombra a normalidade, sobretudo aquela assegurada pela religião cristã, sendo evocada pela imagem do ânus que remete o leitor a um estado de repugnância e que sinaliza, no contexto do livro, a morte por vir. Em o filho de mil homens a abordagem inicial é semelhante, a presença da homossexualidade como patologia também existe, só que aqui muito mais presente, pois a existência de Antonio, o personagem homossexual, obriga o texto a ser mais explícito. No decorrer da narrativa nos deparamos com relatos do tipo: Parecia uma menina quando dizia algumas palavras, parecia que, distraindo-se, gesticulava demasiado [...] A vizinha, mais fácil de dizer as coisas, contava-lhe que pelas redondezas os poucos casos daqueles tinham sido tratados em modos. Uns racharam os filhos ao meio, outros mandaram-nos embora espancados e sem ordens para voltar, e um homem até subiu pelo cu acima do filho uma vara grossa e pô-lo ao dependuro para todos verem (MÃE, 2011, p. 87). No enredo, podemos divisar um percurso de pelo menos três etapas pelo qual passa Antonio: da incompreensão (infância), da incubação (adolescência a fase adulta, em que surge a necessidade de parecer “normal”), e da aceitação (maturidade e compreensão). Essas três etapas não podem ser lidas levando-se em consideração exclusivamente a existência da personagem, cada uma delas exige a análise de Antonio em relação às outras personas do romance. A fase da aceitação, por exemplo, acontece plenamente quando a família de Crisóstomo compreende as circunstâncias da sexualidade de Antonio, isto é, compreendem que Antonio pode fazer parte daquela família acidentalmente construída. 3 A concepção de família é outro ponto caro ao escritor e especificamente em o filho de mil homens. Crisóstomo, Camilo, Matilde e Antonio são uma família inventada, mosaico de famílias inexistentes (Crisóstomo, que aos quarenta anos não teve a felicidade de ter um filho, e Camilo, órfão de duas famílias), ou da desestrutura familiar (Matilde, filha de uma mãe que enlouquece e mulher que nunca conseguiu um casamento, e Antonio único filho homossexual de uma mãe solteira). Nessas circunstâncias, vemos as personagens criando uma família que, mesmo não sendo consanguínea, encontra, na aceitação um do outro, o acolhimento ideal para sua formação. Ambientado em um espaço rural, no qual, segundo Paul-Henri e Marie-José Chombart de Louwe (1965), a relação familiar é mais facilmente reconhecível do que no espaço urbano, a tradição da família patriarcal com funções políticas, administrativas e afetivas regradas cede lugar para uma nova concepção na qual cuidado, compreensão e aceitação – incluindo a figura de um homossexual como membro participante dela – são as bases fundamentais de sua construção. A compreensão pela qual é submetido Antonio surge, no livro,no mesmo instante em que as outras personagens reconhecem-se na mudez da solidão que só é arrematada pelo amor. Existe, dessa forma, um percurso em o filho de mil homens no qual a visão preconceituosa, e quase sempre com bases religiosas (cristãs), vai se modificando na medida em que os outros personagens descobrem o amor e constituem-se enquanto uma família. Estudos queer em Portugal Os estudos queer em Portugal estão associados, sobretudo, ao esforço de se reconhecer as outras formas de identidades sexuais e de gênero em um país cuja influência religiosa o coloca como uma das nações mais católicas do mundo. O esforço do movimento intitulado LGBT e dos intelectuais portugueses atuantes no campo da Teoria Queer localizam-se nos diversos instrumentos de ativismo que começam a surgir, tardiamente, em 1990 como sugere Santos (2006). Segundo a pesquisadora, que adota uma postura da sociologia pública, e que acredita na articulação entre sociologia, ativismo e estudos queer: “Tal articulação permitirá multiplicar os espaços de debate e intervenção sociopolítica em temas historicamente excluídos da reflexão democrática e confinados ao espaço privado, clandestino e/ou marginal onde tradicionalmente se encerram as sexualidades” (p.98). 4 No que se refere à aplicação da Teoria Queer nos estudos literários em Portugal, o campo pode ser considerado ínfimo quando comparado às pesquisas realizadas no Brasil, onde, por exemplo, escritores como Caio Fernando Abreu, Hilda Hilst e Dalton Trevisan têm suas obras analisadas, frequentemente, pela ótica queer. Como sugere Cecília Barreira, em leitura sobre a poesia de Isabel de Sá: “A escrita gay e lésbica encontram-se numa situação de não nomeação, porque é inexistente. Existem estudos no mundo anglo-saxônico ou mesmo em França e Espanha sobre essa escrita, mas em Portugal não pode falar-se de tabu porque nem sequer é reconhecível” (p.22). Na escrita de ValterHugo Mãe, o tratamento da personagem homossexual, a nítida tendência em assemelhá-la às demais personagens (heterossexuais), bem como o redimensionamento da formação da instituição “família” reabrem a discussão acerca dos embates identitários em Portugal. Se for possível – e pertinente – elencar funções para o texto literário, uma delas recai sobre a reflexão de problemas existentes na sociedade concreta por meio da transposição para o universo fictício, ou das representações literárias que resignificam o real, como sugere Costa Lima (2003). Dessa forma, no contexto da pósmodernidade, a necessidade de se repensar os conceitos de sexualidade, gênero e família parece inevitável e a literatura, aqui no caso específico em o filho de mil homens, é um dos meios pelo qual se pode elaborar perguntas e respostas, sobretudo quando situamos nossas perspectivas nos Estudos Culturais e na Teoria Queer. Teoria Queere O Filho de Mil Homens Partindo dos pressupostos dos Estudos Culturais no que concerne ao tratamento de identidade de gênero e sexualidade em trânsito, nosso referencial teórico recai, entre outras coisas, na localização do texto de ValterHugo Mãe dentro dos estudos da Teoria Queer. Segundo Salih (2012): “A teoria queer surgiu, pois, de uma aliança (às vezes incômoda) de teorias feministas, pós-estruturalistas e psicanalíticas que fecundavam e orientavam a investigação que já vinha se fazendo sobre a categoria de sujeito” (p.19). Sendo assim, podemos entender a Teoria Queer como um movimento, uma releitura, uma desconstrução do que o olhar está acostumado a captar. Ela não categoriza, mas analisa as diversas possibilidades de ser do sujeito, seja ele real ou revivificado por meio dos diversos suportes ficcionais da arte. 5 Levando-se em consideração tal perspectiva, podemos inferir que o filho de mil homens é passível de ser lido pela ótica da Teoria Queer por retratar não somente uma personagem homossexual, mas por problematizar a existência dessa personagem dentro de um universo heterossexista, e possibilitar a discussão sobre gênero, sexualidade e identidade. Além disso, faz-se necessária uma incursão nas pesquisas acerca da construção de identidades a partir, também, dos Estudos Culturais. Os personagens que habitam o universo diegético de Mãe são acometidos da súbita descentralização do sujeito, isto é, advindos de estruturas familiares caóticas, eles buscam uma completude fora delas. Essa busca, por sua vez, obriga-os à solidão e a uma suposta sensação de abandono. Poderíamos utilizar a nomenclatura de Kristeva (1994) e localizar tais personagens no conceito de estrangeiros: habitantes de uma realidade em que a palavra “pertencimento” parece não fazer mais sentido. Esse imaginário social da identidade foi completamente redimensionado a partir da modernidade. Segundo Hall (2011), o sujeito pós-moderno não possui uma identidade fixa, mas é, na verdade, constituído por um mosaico de identidades. Essa pluralidade de identidades acompanha o percurso da sociedade globalizada que, depois do século XX, fragmentou as identidades culturais hierarquizadas que tinham, muitas vezes, suas origens firmadas em teorias positivistas e biológicas, como as identidades de classe social e gênero. Foi com a modernidade que o sujeito passou a compreender-se como um ser em constante construção, descentrando (para usar um termo do próprio Hall) o que antes achava estar inteiramente construída e inabalável: sua própria identidade. O sujeito pós-moderno descentralizado percebe que entre ele e a identidade “existe sempre algo „imaginário‟ ou fantasiado sobre sua unidade” (Hall, 2011, p. 39), ou seja, o que antes era algo fácil de perceber está agora ameaçado por um novo modelo de imaginário social fragmentado. Esse novo modelo é, em grande medida, o principal motivo para a chamada “crise de identidade”, na qual o sujeito é deslocado do seu mundo cultural e pessoal. Essa “crise de identidade” é, pois, um retrato do sujeito pós-moderno no qual estão inseridas as personagens de o filho de mil homens. Mesmo não tendo uma localização temporal explícita no texto de Mãe – como foi citado, o enredo do romance não possui nenhuma marca de tempo cronologicamente exata –, podemos facilmente conectar os personagens nesse contexto da busca de identidade a partir da perspectiva da pós-modernidade, uma vez que tais personagens carregam consigo espectros 6 que as situam no “entrelugar” de uma sociedade que se quer nitidamente homogeneizante, mas que parece descobrir a impossibilidade de o ser. Homoafetividade como acolhida do Outro Emmanuel Lévinas, no decorrer de sua obra e principalmente nos livros Ética e Infinito e Totalidade e Infinito, acredita em uma alteridade metafísica na qual a concepção do outro deve surgir como um dispositivo da ética. Para Lévinas, a ética deve ser entendida não apenas como um conjunto de responsabilidades desempenhadas por um grupo de pessoas para que se assegure igualdades e bem-estar coletivos, mas também, e sobretudo, como responsabilidade pelo outro. Essa responsabilidade ética é o cerne da filosofia de Lévinas que descarta o verbo tolerar e adota o acolher. Só é possível perceber o outro em sua totalidade quando o acolhemos e, ao fazermos isso, aceitamos toda a diferença que esse outro é sem pretensões de reduzi-lo ao mesmo que sou eu: “Entendo a responsabilidade como responsabilidade por outrem, portanto, como responsabilidade por aquilo que não fui eu quem fiz, ou não me diz respeito” (Lévinas,1988, p.87). Em O filho de mil homens percebemos que as personagens caminham por essa perspectiva de alteridade. As imagens homofóbicas com as quais Antonino se depara no decorrer da narrativa, se dissipam quando do encontro com essa família que, surgida de um processo atípico de formação, o acolhe. Nessa leitura, preferimos nos referir à homoafetividade e não ao homoerotismo por entendermos que não há, no romance, nenhuma passagem que retrate o relacionamento erótico entre indivíduos homo-orientados. O que há, de fato, é a perspectiva da homoafetividade entendida em sua concepção mais abrangente: Antonino reconhece-se homossexual, mas na fábula do texto, o que prevalece é o aspecto afetivo dessa dimensão, isto é, a inscrição da homossexualidade ultrapassa o limite do corpo para alcançar a fronteira mais íntima do ser. Denilson Lopes (2002)defende com explícita convicção a homoafetividade e acredita que o termo ajuda a compreender a homorrepresentação ficcional (ou a homotextualidade literária, como ele prefere) por outros vieses que não apenas os pautados na relação erotizada entre corpos masculinos, segundo ele: 7 [...] defendo uma política, uma ética e uma estética da homoafetividade. Não pretendo apenas cunhar mais um termo, mas penso que falar em homoafetividade é mais amplo do que falar em homossexualidade ou homoerotismo, vai além do sexo-rei, bem como é um termo mais sensível para apreender as fronteiras frágeis e ambíguas entre a homossexualidade e a heterossexualidade (LOPES, 2002, p.37). Essa dimensão da homoafetividade parece dialogar com a ética da qual fala Lévinas. A alteridade negativa (do Outro que nunca será igual ao Eu) entende, através da metáfora do rosto, que todos os homens têm a responsabilidade de acolher uns aos outros eisso, através da ética, se dá quando sabemos que este Outro, apesar de diferente, tem o direito às mesmas oportunidades que o Eu. Sendo assim, a homoafetividade toca sensivelmente nas fronteiras normativas das sexualidades ao exigir pra si o direito à afetividade e não apenas à dimensão erotizada dessa relação. Como já se disse, no romance não nos deparamos com nenhuma cena homoerótica. Mesmo no único vislumbre em que Antonino parece se interessar por um homem, já no final da narrativa, predomina a homoafetividade como tentamos delinear. Nesta passagem, o narrador conta a reação de Antonino ao encontrar o estranho homem que se aproximara interessado em comprar algum produto de sua fazenda: Se fosse pelos ovos, pensou Antonino, então era só ir buscá-lo, que até lhos dava. Se fosse por um frango, então era só ir buscá-lo, que até lho dava. Se fosse por uma conversa, então podia dizer, mas talvez o Antonino, estremecido, não conseguisse responder nada. Adoraria, contudo, que fosse por uma conversa (MÃE, 2011, p. 191). Note-se que o trecho em nada explora o homoerotismo, na verdade, ele encerra até certa inocência por parte de Antonino que sente-se atraído pelo estranho homem, mas dele nada mais quer que uma conversa. Considerações Finais Essa breve exposição é o resultado da comunicação feita no II Colóquio Internacional de Literatura e Gênero, e por isso optamos por dar a ver um panorama mais geral dos aportes teóricos que a sustentam. 8 Apesar de geral, buscou-se deixar entrever que o romance O filho de mil homens, deValterHugo Mãe, é uma tentativa de apresentar a homoafetividade dentro de uma sociedade que prefere não tocar no assunto. Como vimos, em Portugal falar em homossexualidade é falar sobre a inexistência. Apesar dos baixos índices de crimes homofóbicos, as políticas próhomossexualidade encontram dificuldade para circular nas esferas sociais. Portanto, acreditamos que falar em Teoria Queerao ler o romance em questão é uma forma de abrir o diálogo acerca das sexualidades em trânsitos que encontram nos discursos das artesmais espaço, já que socialmente e empiricamente falando o lugar de tais sexualidades, em Portugal, é no armário. Além disso, a conceituação que se buscou fazer da homoafetividade revela, em diálogo com a ideia de alteridade de Lévinas, uma expansão do termo que ilustra bem a condição de Antonino, personagem do romance, quando da relação que se trava entre ele e os demais membros da família que se forma no decorrer da narrativa. REFERÊNCIAS BARREIRA, Cecília. Um caso de escrita de orientação sexual em Portugal: a poesia de Isabel de Sá. Disponível em: http://www.ufjf.br/revistaipotesi/files/2010/02/Um-caso-deescrita.pdf. Acesso em: 10 de outubro de 2013. FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber. Tradução de Pedro Tamen. Lisboa: Relógio D‟água Editores, 1994. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução de Tomaz Tadeu Silva e Guacira Lopes Louro. Rio de Janeiro: DP&A, 2011. _____, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2003. KRISTEVA, Júlia. Estrangeiros para nós mesmo. Rio de Janeiro: Rocco, 1994. 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