INFLUÊNCIA DAS ALTERAÇÕES DA FRONTEIRA LUSO-ESPANHOLA
Apesar das vicissitudes que foram marcando a questão de Olivença, a construção de uma nova ponte de Nossa Senhora da Ajuda, a pouca distância da
antiga, é concretizada em 2000. Todavia, para evitar eventuais implicações
políticas que a sua construção, ou comparticipação espanhola, poderia representar para a soberania portuguesa, o seu financiamento foi assegurado na totalidade pelo Estado português, sendo a execução da obra da responsabilidade da
Câmara Municipal de Elvas. Mas as relações entre os municípios alentejanos e
estremenhos daquela região foram reforçadas com a criação, em 2008, de uma
Euroregião, com uma população de mais de 260.000 habitantes e que integra
Albuquerque, Arronches, Badajoz, Campo Maior, Elvas, Estremoz, La Codosera, Olivença e Portalegre.
FONTES E METODOLOGIA
Neste projecto de investigação foram levantados os registos dos casamentos realizados em Olivença entre 1750-1850, ou seja, cinquenta anos antes e
cinquenta anos depois de a soberania passar para Espanha. Na totalidade analisaram-se 3.954 assentos, procedentes das paróquias de Santa Maria do Castelo (1750-1850) e de Santa Maria Madalena (1774-1843). No sentido de
podermos comparar regiões que, apesar de geograficamente próximas, conheceram histórias políticas diferentes, recolheram-se e analisaram-se também os
assentos de Juromenha (entre 1760-1840, 550 assentos) e do Alandroal (1775-1825, 509 registos)2.
Todavia, para esta análise específica – estudo dos factores endógenos e
exógenos de reprodução de uma comunidade – considerámos apenas uma
amostra de 1.233 assentos que correspondem aos casamentos celebrados nestas três localidades nos períodos de 1760-1769, 1790-1799 e 1830-1839, sendo
que para Olivença foram recolhidos 988, para Juromenha, 164 e para o Alandroal, 81. Para a escolha destas décadas tomámos como ponto de referência
1801, ano em que Olivença muda de soberania, centrando-nos na década imediatamente anterior e as outras duas distanciadas deste marco, de modo a percepcionar tendências anteriores e posteriores que não estivessem influenciadas
pela proximidade dos acontecimentos políticos. Por outro lado, havia necessidade de conseguir séries completas, o que no caso do Alandroal não foi possível pois só havia séries completas para o período de 1790-99.
A metodologia utilizada segue de perto a proposta por David Justino3 e que
o autor aplicou à freguesia de S. Julião do Monte do Trigo: recolheram-se os
apelidos dos contraentes e dos seus pais, bem como os lugares de nascimento
e residência. Em seguida construíram-se matrizes de contingências relativas
que nos permitiram entender a predominância dos factores endógenos ou exógenos de reprodução no seio da comunidade escolhida. Estas matrizes foram
construídas com base em círculos concêntricos que se definem pela distância
em linha recta à freguesia em análise. Formaram-se, assim, quatro conjuntos:
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Apesar das vicissitudes que foram marcando a questão de Olivença