I Encontro do Grupo de Estudos Interdisciplinares de Literatura e Teoria Literária – MÖEBIUS “Índios no Brasil: quem são eles?” - um estudo sobre o preconceito contra o indígena a partir de depoimentos em vídeo Olinda Siqueira Correa VIANA1 (UFGD) Rita de Cássia Aparecida Pacheco LIMBERTI2 (UFGD) RESUMO: Muitos brasileiros ainda hoje têm uma visão distorcida sobre quem realmente são os povos indígenas habitantes do território brasileiro. O preconceito é patente, deixando claro o total desconhecimento sobre quem são os indígenas. Há quem pense que os povos indígenas estão errados ao exigirem seus direitos e há, ainda, aqueles que os consideram como “povos atrasados”. A partir dos depoimentos exibidos no vídeo Índios no Brasil: quem são eles?, objeto de nossa análise, é possível perceber tais conceitos nas falas das pessoas entrevistadas. Acrescente-se a tal situação o fato de muitos indígenas negarem sua própria identidade para evitar tais preconceitos. Com base em literatura especializada, este trabalho problematiza esta visão estereotipada que prevalece no Brasil ainda nos dias atuais. PALAVRAS-CHAVE: Preconceito; Identidade; Indígenas; Não-indígenas. Introdução Desde a chegada dos portugueses ao território brasileiro, no ano de 1500, a população indígena tem passado por uma série de transformações: redução drástica de sua população, apagamento linguístico e preconceito. Segundo Gersem dos Santos Luciano (2006), a população indígena foi reduzida de cerca de 5 milhões de índios para pouco mais de 700 mil. Das cerca de 1300 línguas que eram faladas na época da colonização, restam apenas aproximadamente 180. Além disso, em pleno século XXI, ainda deparamos com o desconhecimento de grande parte da sociedade sobre quem são os indígenas habitantes do território brasileiro. Em razão desse desconhecimento, é possível notar, na fala das pessoas, muito preconceito contra os indígenas. Algumas pessoas preferem falar que não sabem nada sobre o índio, ignorando-os; outras chegam a demonstrar atitudes intolerantes, afirmando que não gostam de índio, porque “índio é preguiçoso, só quer ganhar terra, trator...”, como fica claro nos depoimentos analisados neste trabalho. Rinaldo Sérgio Vieira Arruda (2001, p. 44) afirma que No Brasil, o desconhecimento ou o desprezo pelo papel da diversidade cultural no estímulo e enriquecimento das dinâmicas sociais e, principalmente, a recusa etnocêntrica da contemporaneidade de sociedades de orientação cultural diversa, tem sedimentado uma visão quase sempre negativa das sociedades indígenas. Na postura ideológica predominante, os índios não contam para o nosso futuro, já que são considerados uma excrescência arcaica, ainda que teimosa, de uma “prébrasilidade”. Essa visão do índio como algo do passado faz com que muitos brasileiros acreditem que o índio necessite de tutela para sobreviver ou, ainda, que ele deva abandonar sua cultura para adotar a do não-índio, tomada muitas vezes como cultura superior. E, como se vê, a imagem que a sociedade brasileira tem do índio remete a um ser idealizado, sem perspectivas de vida. É uma imagem marcada por estereótipos, reveladora do desconhecimento da diversidade cultural que 1 2 Olinda Siqueira Correa Viana, Mestranda. Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD – [email protected] Rita de Cássia Aparecida Pacheco LIMBERTI, Profa. Dra. Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD – [email protected] I Encontro do Grupo de Estudos Interdisciplinares de Literatura e Teoria Literária – MÖEBIUS forma o nosso país. Partindo do que foi exposto acima, o presente trabalho tem por objetivo analisar alguns depoimentos em vídeo sobre os índios brasileiros. Busca-se, com esta análise, observar as marcas de preconceito subjacentes nos discursos dos não-índios. 1. Breve Estudo Sobre o Preconceito O dicionário Michaelis traz a seguinte definição para a palavra preconceito: Pre.con.cei.to sm (pré + conceito) 1 Conceito ou opinião formados antes de ter os conhecimentos adequados. 2 Opinião ou sentimento desfavorável, concebido antecipadamente ou independentemente de experiência ou razão. 3 Superstição que obriga a certos atos ou impede que eles se pratiquem. 4 Sociol Atitude emocionalmente condicionada, baseada em crença, opinião ou generalização, determinando simpatia ou antipatia para com indivíduos ou grupos. P. de Classe: atitudes discriminatórias incondicionadas contra pessoas de outra classe social. P. racial: manifestação hostil ou desprezo contra indivíduos ou povos de outras raças. P. religioso: intolerância manifesta contra indivíduos ou grupos que seguem outras religiões. (MICHAELIS, 1998, p. 1684). A partir deste conceito é possível perceber que o preconceito surge do desconhecimento adequado sobre os mais diversos assuntos e é capaz de levar o indivíduo a cometer atos de intolerância. Em seus trabalhos sobre intolerância linguística, Diana Luz Pessoa de Barros (2009)3, ao fazer a distinção entre as duas etapas dos percursos passionais do sujeito intolerante, afirma que o preconceito é aquela etapa em que “o sujeito se torna malevolente em relação ao outro, que, ‘diferente’, não cumpriu o contrato de identidade, e benevolente em relação à pátria, aos iguais, aos idênticos.” Neste trabalho, será analisado o preconceito que, muitas vezes, é fruto do desconhecimento dos povos indígenas habitantes do território brasileiro e que pode fazer com esses povos sejam vistos de forma pejorativa ou romântica e detentores de uma cultura inferior, ou seja, são negadas completamente as diferenças culturais. Marli Quadros Leite (2009)4 afirma que, apesar de preconceito e intolerância parecerem sinônimos, pode-se, a partir de um exame mais detido, perceber que são diferentes. Segundo ela, é o preconceito que leva à intolerância. Preconceito é a ideia, a opinião ou sentimento que pode conduzir o indivíduo à intolerância, à atitude de não admitir opinião divergente e, por isso, à atitude de reagir com violência ou agressividade a certas situações. Isso indica uma primeira diferença: o traço semântico mais forte registrado no sentido de intolerância é ser um comportamento, uma reação explícita a uma ideia ou opinião contra a qual se pode objetar. Não constitui, simplesmente, uma discordância tácita. Um preconceito, ao contrário, pode existir sem jamais se revelar e, por isso, existe antes da crítica. Para VAN DIJK (2008, p. 135) “as ideologias e os preconceitos não são inatos e não se desenvolvem espontaneamente na interação étnica. Eles são adquiridos e aprendidos, e isso 3 4 Conteúdo acessado no site: http://www.rumoatolerancia.fflch.usp.br/node/2185 (acessado em 27/04/10) Conteúdo acessado no site: http://www.rumoatolerancia.fflch.usp.br/node/2186 (acessado em 27/04/10) I Encontro do Grupo de Estudos Interdisciplinares de Literatura e Teoria Literária – MÖEBIUS normalmente ocorre através da comunicação, ou seja, da escrita e da fala”. No entanto, geralmente as pessoas afirmam taxativamente que não são preconceituosas, mas os seus discursos revelam os mais diversos tipos de preconceitos: consideram sua cultura superior à dos outros e têm muita dificuldade para aceitar as diferenças culturais. Alexandre Marcelo Bueno (2006, p. 56) afirma que o primeiro passo para o preconceito é a construção de um simulacro negativo do outro. Essa construção ocorre, para além do estranhamento inicial, de duas maneiras: a primeira, pelo conflito identitário em que, por exemplo, uma sociedade tenta assimilar o outro e este procura manter seus valores de origem [...] o segundo tipo de construção negativa do simulacro envolve a questão de aspectualidade. No caso da sociedade brasileira, é possível perceber que a imagem do índio, construída por parte dos não-índios, em muitos casos, não condiz com a realidade. E, como Bueno (2006) afirma, constroem-se simulacros negativos. O índio é representado como um ser preguiçoso, incapaz ou violento. Desse modo difundem-se muitas atitudes preconceituosas, mesmo dentro das escolas. O índio passa a ser visto como um atraso ou como um ser que precisa abandonar todos os seus costumes, sua cultura, sua identidade e assumir os modos de viver da sociedade não-indígena para ser aceito. Devido a esse desconhecimento por parte da sociedade brasileira a respeito de quem são os povos indígenas, como vivem e o que pensam, percebe-se que os indígenas foram e ainda são vítimas de várias situações de preconceito e intolerância. São obrigados a, muitas vezes, para se protegerem, negarem a sua própria identidade. Além disso, diversos problemas permeiam a história dos povos indígenas brasileiros. Dentre eles, a redução de sua população, a desigualdade social, o desprezo, o silenciamento, o preconceito e a intolerância. Para os autores Edson Borges, Carlos Alberto Medeiros e Jacques d’Adesky (2002), por motivos históricos e econômicos, a desigualdade social e o preconceito atingem principalmente os negros e os índios. Estes autores definem preconceito como sendo o ato de formular julgamentos a respeito de uma pessoa, grupo de indivíduos ou povo que ainda não conhece. As opiniões ou sentimentos adotados são irrefletidos, não têm fundamento ou razão. Eles explicam, também, que não há culturas isoladas, puras e chamam a atenção para o fato de nenhuma delas serem inertes e autônomas. Ao longo de suas experiências históricas, as culturas adotam e excluem elementos “estranhos”, isto é, vindos de outras experiências ou mundos culturais. Assim, todas as sociedades e grupos humanos estabelecem relações de semelhança e diferença com outros povos. (Op. Cit. p. 8). No entanto, como afirma Carolina de Paula Machado (2007), muitos autores tendem a naturalizar as diferenças entre os povos formadores da sociedade brasileira (índios, negros, portugueses, italianos, alemães, japoneses, dentre outros). Essa naturalização faz com que ocorra uma espécie de apagamento dos preconceitos existentes entre os povos. Transmite-se, assim, a falsa ideia de um convívio em perfeita harmonia com a natureza e entre eles. 2. Povos Indígenas Brasileiros A denominação índio, segundo Luciano (2006, p. 30), foi dada aos primeiros habitantes do continente americano por um erro durante a primeira invasão de Cristóvão Colombo, por I Encontro do Grupo de Estudos Interdisciplinares de Literatura e Teoria Literária – MÖEBIUS pensarem que estavam chegando às Índias. Eram considerados índios todos os habitantes nativos da América. A utilização do termo índio de forma pejorativa se deve a essa denominação única para se referir a diversos povos. É comum as pessoas apresentarem uma visão deturpada sobre os povos indígenas, na maioria das vezes vistos de forma homogênea e preconceituosa: o índio é visto por muitos como sendo “um ser sem civilização, sem cultura, incapaz, selvagem, preguiçoso, traiçoeiro etc. Para outras pessoas, ainda, o índio é um ser romântico, protetor das florestas, símbolo de pureza, quase um ser como o das lendas e dos romances”. Muitos trabalhos chamam a atenção para os vários problemas enfrentados pelos diversos povos indígenas brasileiros e explicam que tudo isso é fruto de uma longa história de colonização: Os povos indígenas no Brasil conformam uma enorme diversidade sociocultural e étnica. São 222 povos étnica e socioculturalmente diferenciados que falam 180 línguas distintas. É verdade que essa diversidade é o resultado de uma drástica redução ao longo da história de colonização, uma vez que já havia além de 1.500 povos falando mais de 1.000 línguas indígenas distintas quando Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil em 1500. (Op. Cit., p. 43). Este autor fala ainda na grande diversidade de identidades que diferenciam os vários povos indígenas do Brasil e chama a atenção para o fato de que A compreensão dessa diversidade étnica e identitária é importante para a superação da visão conservadora da noção clássica de Unidade Nacional e Identidade Nacional monolítica e única, na qual se pretende que a identidade seja uma síntese ou uma simplificação das diversas culturas e identidades que constituem o Estadonação. (Op. Cit., p.49). A visão conservadora de que fala este autor é concretizada na imagem que a sociedade tem do índio, ora vendo nele uma figura romântica, o bom selvagem, ora um ser preguiçoso, ou perigoso. Além disso, a sociedade costuma tratar os diversos povos indígenas brasileiros como sendo um povo único, não leva em consideração a diversidade étnica e cultural que permeia esses povos. Este estudioso afirma que “historicamente os índios têm sido objeto de múltiplas imagens e conceituações por parte dos não-índios e, em consequência, dos próprios índios, marcados profundamente por preconceitos e ignorância (Op. Cit., p. 34)”. Alguns europeus acreditavam que os índios não tinham almas ou que não pertenciam à natureza humana, visão ainda existente em parte da sociedade brasileira. Sendo assim, os índios, segundo Borges, Medeiros e d’Adesky (2002), assim como os outros povos que não dominavam a arte da escrita e levavam uma vida tecnologicamente simples, eram considerados inferiores pelos europeus, os quais teriam o papel de civilizá-los. Como se vê, “a história da colonização do território brasileiro é uma história de diferença entre os homens, marcada desde o início por concepções racistas de superioridade e de inferioridade” (Op. Cit. p. 28). Além disso, segundo estes autores, por serem fisicamente diferentes dos povos europeus, os indígenas, assim como os negros, os judeus e os mouros, eram definidos como membros de raças infectadas. Essa visão estereotipada dos não-índios em relação aos povos indígenas, ainda nos dias atuais, pode ser considerada uma herança cultural do período da colonização do território brasileiro. Nas comemorações dos 500 anos de descobrimento do Brasil, segundo Diana Luz Pessoa de Barros (2000, p. 131), o índio ocupou um amplo espaço nas temáticas dessas comemorações: ora visto “como símbolo de um mundo livre, belo, colorido, natural, puro e bom”; I Encontro do Grupo de Estudos Interdisciplinares de Literatura e Teoria Literária – MÖEBIUS ora “como povo injustiçado e excluído no período da colonização e também nos períodos seguintes da nossa história”. Em seus estudos, esta autora afirma que alguns livros de História dizem que a nossa História começou a partir da descoberta; outros, segundo ela, são ambíguos quanto a esse início. Ela apresenta alguns trechos em que fica claro o preconceito contra o índio: “Na época do descobrimento eram sem duvida os Tupis o elemento mais notável e menos rude no meio da indiada grosseira e anthropophaga” (SERRANO, 1929, p. 54, apud BARROS, 2000, p. 137). Na maior parte dos livros didáticos de 1º grau analisados por ela, os autores utilizam o tempo imperfeito e o presente de indicativo e não o perfeito como é utilizado para o restante da História. Estes tempos, segundo esta estudiosa, constroem os efeitos de sentido de a-historicidade. Ela cita Fiorin para mostrar que esses tempos geram efeitos de estaticidade e que, portanto, não são adequados para a História. Ela critica ainda o fato de muitos livros didáticos apresentarem o estereótipo do índio como sendo o bom selvagem que vive em perfeita harmonia, ou, nas versões mais recentes, que não contrapõem a este estereótipo. Outra crítica que ela faz é que, geralmente, nestes livros, a figura do índio aparece praticamente só no capítulo destinado à sua História, ignorando-o na formação e transformação da nossa sociedade. Fiorin, em sua análise sobre os diversos discursos relativos aos povos indígenas habitantes do território brasileiro, afirma que, em muitos casos, o índio era descrito a partir da visão eurocêntrica, ou seja, faltavam aos indígenas determinadas qualidades para serem semelhantes aos europeus. Era uma imagem formada a partir da negação. As negações incidem principalmente sobre crenças, costumes, modos de ser, enfim, sobre a cultura. As negações nem sempre indicam defeitos dos indígenas, muitas vezes eles são mostrados como seres naturais, não sendo, portanto, atingidos por estados de alma negativos, como, por exemplo, a cobiça. (FIORIN, 2000, p. 35). Arruda (2001) também critica a visão errônea que a sociedade brasileira tem do índio. Segundo ele, ora a sociedade o vê como metáfora de liberdade natural, ora como imagem de atraso a ser superado. Ambas as visões compartilham a fatalidade de extinção dessas sociedades e apresentam o índio como dono de uma identidade fixa. Stuart Hall (2003) afirma que o sujeito pós-moderno não tem uma identidade fixa, ela é formada e transformada continuamente. Portanto, A visão do índio como um estereótipo nega essa condição do sujeito iminente, prestes a ser, em latência, ao mesmo tempo em que neutraliza a relação entre identidade e alteridade, contida nos processos discursivos. Embora ocorram necessariamente no sujeito, o que provoca, de certo modo, um estranhamento durante o ato enunciativo, do enunciador em relação a si mesmo. (LIMBERTI, 2009, p. 31). Esta visão estereotipada contribui para a negação da identidade indígena e para o silenciamento de muitos povos, fazendo com que a questão indígena ocupe um espaço secundário na atualidade brasileira, submetendo-se a outros vetores dinâmicos, políticos e econômicos, tais como a questão agrária, questões estratégicas de fronteiras, desenvolvimento econômico, questões ecológicas etc. Assim, o debate, as políticas e as ações referentes à questão indígena subordinamse a outros eixos temáticos, dos quais ela aparece como uma extensão ou uma particularidade. (ARRUDA, 2001, p. 47). I Encontro do Grupo de Estudos Interdisciplinares de Literatura e Teoria Literária – MÖEBIUS Acresce aí o fato de que, segundo Ailton Krenak (2001), uma parte da sociedade brasileira acredita que as sociedades indígenas só terão perspectivas de futuro, tornando-se mais semelhantes aos não-índios. 3. O Índio na Visão do Não-índio A imagem do índio brasileiro, ainda hoje, é marcada por uma herança dos primeiros escritos dos colonizadores europeus. É uma visão que revela a idealização do índio, primeiramente visto como habitante do paraíso terrestre, depois visto como selvagem. Na construção do espaço do novo mundo, dois discursos afrontam-se: o do paraíso e o do inferno. Na produção do sentido dada aos seus habitantes também: de um lado, o homem natural, que ao longo destes quinhentos anos, vêm determinando as maneiras de ver as personagens e o espaço brasileiros. O discurso do inferno é a contraface do discurso do paraíso. Cada um deles serviu para criar mitos e justificar preconceitos. (FIORIN, 2000, p. 48). A partir desses olhares, fica claro que é necessário um trabalho que ajude a sociedade brasileira a se conscientizar sobre a diversidade cultural que forma o nosso país e a aceitar as diferenças culturais advindas dessa pluralidade cultural. E o meio mais prático para se fazer isso é oferecer uma educação de qualidade a todos os brasileiros. Para a realização do presente trabalho, foram retirados alguns discursos, para efeito de análise, do vídeo Índios no Brasil: quem são eles?, disponível no site do Domínio Público. Ele faz parte de uma série de vídeos exibidos pela TV Escola sobre a pluralidade cultural. Nele fica patente o preconceito da sociedade brasileira em relação ao índio e o fato de que a imagem passada por muitas escolas sobre esses povos não condiz com a realidade e reforça ainda mais o preconceito. Ao serem perguntadas sobre quem são os índios no Brasil, algumas pessoas apenas sinalizam negativamente com a cabeça; outras dizem que não sabem nada; outras ainda dizem que “ainda deve existir índios no norte, nordeste, Goiás, no Amazonas”. Em um dos depoimentos percebe-se claramente o total desconhecimento em relação aos povos indígenas do Brasil. Ele diz o seguinte: “Índio? Acho que seja uma pessoa que deve existir no Brasil”. Ao usar a expressão que deve existir é possível perceber, além do desconhecimento, marcas de desprezo, como boa parte da sociedade brasileira ainda prefere agir perante os povos indígenas. Tal desprezo colabora para negar a participação indígena na História do Brasil. O estereótipo que o não-índio faz do indígena está presente em muitas falas: “No ceará, também tem, né. Só que mais vestido, né. Só vestido”. Este depoimento revela a ideia de que muitos brasileiros ainda imaginam os índios andando nus, ou seminus, vivendo exclusivamente da caça e da pesca, como os apresentados em muitos livros escolares e em alguns documentários da TV. Quando algumas pessoas veem o índio vestido, morando em casas de alvenaria, trabalhando, ou seja, desfrutando das transformações ocorridas em toda a sociedade, sentem uma espécie de estranhamento. Ao serem perguntadas sobre o que aprenderam na escola, algumas pessoas afirmam que aprenderam um pouco sobre a cultura dos indígenas, sobre suas habitações e como conseguem seu alimento. É uma visão que nega a diversidade cultural, vê os povos indígenas do Brasil de forma homogênea e como seres do passado. Negam o fato de que a identidade do sujeito na pósmodernidade está em constante formação e transformação, como afirma Hall (2003). Uma estudante adolescente afirma que na pré-escola, “eles (os professores) ensinavam que os índios eram, eles eram bichos, como se fossem bichos, assim.” I Encontro do Grupo de Estudos Interdisciplinares de Literatura e Teoria Literária – MÖEBIUS Primeiro ela diz que ensinavam que eram bichos, mas em seguida tenta amenizar dizendo que pareciam bichos. Neste discurso está presente o fato de que a escola, local onde deveria haver um compromisso com o respeito às diferenças, muitas vezes reproduz os mais diversos tipos de preconceitos presentes na sociedade. Além disso, os estereótipos, de acordo com os depoimentos analisados, geralmente foram reforçados pela escola que, segundo Vânia Maria Lescano Guerra (2010), ensina que os índios ficaram felizes e impressionados com a chegada dos colonizadores. No depoimento “vestia roupas de penas e atirava flechazinha”, há a reprodução do que as pessoas aprenderam na escola sobre o índio. É possível ver o tratamento que a escola geralmente dá aos primeiros habitantes do território brasileiro: reforçam os estereótipos da visão romântica e do índio perigoso. Percebe-se que o preconceito surge do fato de que o Outro é tratado de forma negativa, por possuir valores diferentes do grupo de referência. Além dessa visão, em algumas lições da escola, o aluno aprendia que os índios eram seres maus. Um senhor, ao ser entrevistado, critica a escola, afirmando que ela era lugar em que ”se aprendia que o índio era mau, matava, atacava... essas coisas todas. Mas era tudo o contrário do que diziam. Geralmente é o branco que ataca para pegar terra, minério...”. Fica claro aí como “o discurso pode ser um influente tipo de prática discriminatória” (VAN DIJK, 2008, p. 134) e revela as relações de poder dentro de uma sociedade. Nos seguintes trechos “Índio? Parece que ele não é gente, né. Mas, na verdade, é.” e “O índio, nós sabemos que ele é humano, mas tem um gênio quase de animal”, assim como em alguns depoimentos citados anteriormente, o índio é tratado como se possuísse características de animal. Em um, a pessoa diz que ele parece não ser gente; no outro, afirma que ele é humano, mas possui gênio de animal. Em ambos é perceptível o estereótipo de selvagem. “O preconceito contra o índio é que o índio, ainda hoje, ele não perdeu aquela característica de selvagem. Pra muitas pessoas, quando se fala do índio é como se tivesse falando de um selvagem”. Neste caso o responsabilizado pelo preconceito é o próprio índio. Ele só deixaria de ser visto assim se passasse a agir de acordo com o restante da sociedade, abandonando sua cultura e sua identidade, pois a sociedade tem dificuldades de aceitar as diferenças culturais e trata de forma negativa o Outro. Nos depoimentos a seguir, o desconhecimento é tão grande que só é considerado índio aquele que apresenta as características dos estereótipos formados pela sociedade nacional: “É um homem, assim, seminu, com cocar na cabeça, fazendo uuuuuuuuuuu” (adolescente de São Paulo, batendo na boca, ao falar “uuuuuu”). Eles usam aquele negócio grande nos lábios, aquelas argolas no nariz. Isso pra mim é o índio. Mas tem índio que às vezes parece, mas não é. Isso pra mim não é ser índio. Índio pra mim é ver aquele índio... falar com a gente e a gente não entender nada; usar aquelas argolas no nariz, aqueles lábios assim com aqueles pratos, não sei o quê que é, nos lábios. Isso pra mim é o índio de verdade (adolescente do Rio de Janeiro). Apesar de apontar, ainda que ligeiramente, sobre a preservação das línguas indígenas, a adolescente, no restante do discurso, apresenta uma visão do índio como ser parado no tempo, com a identidade fixa, além de negar a pluralidade cultural dos povos indígenas brasileiros. Fica clara a negação do direito do índio participar das transformações da sociedade. Ainda hoje, muitas pessoas não aceitam que haja mudanças nas comunidades indígenas, como ocorre com o restante da sociedade, ou que desfrutem dos avanços tecnológicos. Esta visão é reforçada pelos depoimentos: “Os índios deixaram a cultura deles de lado e passaram a viver como os brancos”. (Fala da aquisição de bens materiais pelos índios como algo negativo.) e “Eles fazem tudo igual ao branco. Não é índio” I Encontro do Grupo de Estudos Interdisciplinares de Literatura e Teoria Literária – MÖEBIUS Como afirma Barros (2009), o preconceito é o primeiro passo para se chegar à intolerância. Algumas pessoas, no vídeo, deixam clara a sua intolerância para com a população indígena, apoiando-se no estereótipo de preguiçoso. Este estereótipo é fruto de uma “visão etnocêntrica e estereotipada [que] fez com que o estilo despojado do índio fosse traduzido pelo branco como preguiça e indolência” (GUERRA, 2010, p. 40). Nestes três depoimentos retirados do vídeo, é possível observar tal intolerância: “O índio é muito preguiçoso. Eu acho ele muito preguiçoso.” “Não. O índio não é preguiçoso. O índio já nasce com preguiça [risos].” “O índio é muito preguiçoso. Quer tudo na mão. Quer carro, quer trator, quer caminhonete, quer dinheiro, quer remédio, quer médico. E produzir, nada. Eu sou contra o índio.” As pessoas não procuram, sequer, conhecer a realidade vivida pelos povos indígenas, apóiam-se em estereótipos para manifestarem sua intolerância. Não se interessam por conhecerem as diferenças culturais e as situações de abuso enfrentadas por esses povos. Por mais que a última Constituição (1988) tenha avançado sobre as anteriores na questão indígena, ela ainda não exorcizou o fantasma da marginalização que às vezes atende pelo eufemismo de “emancipação”. Ainda não conseguimos extirpar de nossa sociedade os preconceitos e estereótipos em relação a esses povos, pois, na visão de alguns técnicos, os índios têm muito benefício e pouca responsabilidade, “eles tem de aprender e evoluir”, como dizem. (GUERRA, 2010, p. 21). Como se vê, a relação com o Outro, na sociedade atual, é marcada por diversas situações conflituosas, por meio das quais um grupo busca impor sua superioridade. A valorização sistemática da: Posse de certos atributos sociais, herdados ou adquiridos, que se baseia mais comumente a consciência e, mais ainda, o orgulho identitário dos grupos que, no âmbito de uma determinada sociedade, consideram-se como os que constituem o “Nós” de referência. Nessa qualidade, seriam eles os únicos detentores do direito de serem plenamente eles mesmos, por oposição aos indivíduos ou às comunidades particulares que suas diferenças assinalam (com graus de estranheza infinitamente variáveis) como tantos avatares previsíveis do “Outro”, do anti-social ao caipira [...] (LANDOWSKI, 2002, p.32). Ao serem perguntadas sobre o futuro dos povos indígenas, as pessoas entrevistadas parece não acreditarem no futuro desses povos. “Meu amigo, do jeito que tá agora, se a gente não tomar uma providência, não vai ter mais índio não. Vai acabar. Vai ser só lenda.” “A tendência deles é a dizimação, é desaparecer.” “Povo branco tá acabando com os índios, tomando suas terras. Infelizmente, estão se acabando”. Primeiro é o povo branco que está acabando com os índios, depois ele afirma que os índios estão se acabando, trazendo a responsabilidade para os próprios índios. “Daqui uns tempos você vai chegar e vai falar pro filho como se fosse uma lenda o índio. Hoje ainda dá para dizer que eles existem, que eles ainda tão lá e que a gente ainda encontra uma aldeia ou outra, mas, daqui a um tempo, eu acho que não vai ter mais.” O advérbio de lugar lá distancia o índio do restante da sociedade, como se ele não fosse habitante do território brasileiro. Além disso, nestes últimos discursos, os povos indígenas não têm nenhuma perspectiva de vida. Percebe-se o total desconhecimento por parte da sociedade não-indígena sobre como os índios vivem hoje em dia. Desconhecem que muitos povos buscam a preservação de suas línguas como forma de preservarem suas identidades, além de valorizarem os elementos de suas culturas, sem com isso se excluírem das novidades tecnológicas. Como a mídia apresenta mais os casos I Encontro do Grupo de Estudos Interdisciplinares de Literatura e Teoria Literária – MÖEBIUS problemáticos enfrentados pelas comunidades indígenas, muitas pessoas não têm noção de que temos diversos profissionais indígenas portadores de diplomas de ensino superior, que há uma grande luta para que a educação nas aldeias respeite os costumes indígenas e que seus professores devem ser indígenas. Dificilmente, esses casos são apresentados na mídia e nos livros didáticos. São Gabriel da Cachoeira é um exemplo a ser seguido por muitos outros povos indígenas: habitada por diversos povos indígenas, houve a co-oficialização de línguas indígenas, valorizando, assim, a marca principal da identidade étnica, a sua língua. 3. Considerações Finais A partir do que foi exposto neste trabalho, é possível observar como a história dos indígenas brasileiros é marcada por diversas situações de preconceitos, originados do desconhecimento sobre quem são os primeiros habitantes do território brasileiro. Em muitos casos, essas situações chegam a levar as pessoas a praticar atos de intolerância contra os povos indígenas. Desde a colonização O engendramento da imagem do índio se deu por meio de múltiplos engendramentos anteriores, de produção coletiva, que sustentaram as intertextualidades. Seres mitológicos, seres do mundo “real”, acontecimentos, lugares e tempos distintos vão compondo um “cosmo” metafórico cujos inúmeros componentes encontram-se conectados pelas mais inusitadas referenciações. (LIMBERTI, 2003, p.114). “Estereotipados como selvagens, a história tem mostrado que eles são assassinados, explorados e perseguidos. Trata-se de uma violência que esconde o preconceito de um País que não assume sua plurietnicidade” (GUERRA, 2010, p. 45). Nas falas dos entrevistados no vídeo, ficou nítido esse desconhecimento. Ainda hoje, a visão sobre os diversos povos indígenas brasileiros como sendo homogêneos, portadores de uma identidade única e, principalmente, fixa é muito comum entre os não-índios. Grande parte da sociedade ainda acredita que todos esses povos vivem exclusivamente da caça e da pesca, moram em ocas e vivem em perfeita harmonia com a natureza. Algumas pessoas, ao contrário, acreditam que são selvagens, perigosos. Estas são visões marcadas por estereótipos, geradoras dos mais diversos tipos de preconceito. Há muito tempo, busca-se superar tais visões, como pode ser visto, por exemplo, com a publicação, em 1948, da Declaração Universal dos Direitos do Homem, em que se procurava “superar valores preconceituosos, racistas e etnocêntricos construídos em cerca de 2 mil anos de história ocidental” (BORGES, MEDEIROS e d’ADESKY, 2002, p. 19). Assim, a Declaração de 1948 instaurava uma concepção simultaneamente universalista e individualista. Fundada na primazia da pessoa humana, visava à proteção de cada indivíduo, sem nenhuma distinção étnica, linguística, cultural, nacional, racial, geográfica ou outra. (Op. Cit., p.21). No entanto, ainda há uma distância bem grande entre a lei e a realidade. Muitos textos oficiais pregam a necessidade de tutelar o índio. Guerra (2010, p. 22) critica o fato de que “enquanto os antropólogos avançaram nessa concepção, o senso comum da população e a política indigenista oficial continuaram fortemente impregnados pela visão de que o índio é um ser ‘primitivo’, morador da selva e ‘natural’”. Semioticamente, toda relação implica uma manipulação, observa-se o I Encontro do Grupo de Estudos Interdisciplinares de Literatura e Teoria Literária – MÖEBIUS estabelecimento de uma assimetria desencadeada por uma situação econômica, política e social díspar, em que a própria condição privilegiada cultua e alimenta, de um lado, um padrão de vida ideal a ser seguido e, de outro lado, um modus vivendi que tão mais negativamente será avaliado quanto mais se afastar do eixo de normalidade estabelecido a partir do referencial oponente. (LIMBERTI, 2009, p. 44) Como permanece o desconhecimento, alguns indígenas preferem negar sua identidade, na busca de diminuir o preconceito. No entanto, muitos são facilmente reconhecidos por suas características físicas e tornam-se um sujeito deslocado de sua comunidade e do restante da sociedade também. Esta negação ficou clara em um trecho do vídeo em que um homem, ao ser questionado se ele é índio, prefere negar e afirmar taxativamente: “eu sou é descendente de índio, descendente”. Outro ponto que ficou claro neste estudo é que a escola, que muitas vezes tem servido de reprodutora de discursos preconceituosos, tem papel fundamental para mudar a forma como o não-índio vê os povos indígenas brasileiros. Neste ponto, a revisão do material didático, entre eles o livro didático, é essencial. Do ponto de vista histórico, de releitura da História na perspectiva do índio, pouco, porém, foi conseguido. De forma marginal, inserem-se aqui e ali comentários sobre os índios e, principalmente, sobre suas lutas, mas a sucessividade dos acontecimentos históricos não se altera com essas espécies de digressões, mantendo-se o ponto de vista oficial do branco, europeu, colonizador, brasileiro. (BARROS, 2000, p. 154-55). É preciso que o índio passe a ser visto como sujeito da História do Brasil, não com aparições esporádicas nos livros didáticos, mas como ser que também sofre as transformações da sociedade e que também a transforma. Além disso, é importante observar que “[...] não existe uma identidade autêntica, mas uma pluralidade de identidades, construídas por diferentes grupos sociais em diferentes momentos históricos” (ORTIZ, 1994, p. 8). No entanto, sabe-se que ainda há muita resistência por parte da sociedade em aceitar a pluralidade de identidades que forma o nosso país. Assim, às dificuldades próprias do diálogo entre grupos sociais culturalmente diversos para a apreensão plena dos sentidos atribuídos pelo Outro ao mundo e às palavras, acresce-se a “certeza” do saber hegemônico, tantas vezes autoritário, fruto do desconhecimento ou da desconsideração da multiplicidade e da riqueza de saberes e verdades que a diversidade contém e produz. A educação é um campo em que essas certezas parecem poder, lamentavelmente, manifestar-se com uma certa liberdade. (SILVA, 2001). O trabalho a ser desenvolvido pela escola precisa levar em conta a diversidade cultural formadora do Brasil e trabalhar de forma crítica as contribuições dos diversos grupos pertencentes à sociedade brasileira. É na aceitação das diferenças que os indivíduos buscam conhecer melhor os demais integrantes da sociedade, diminuindo, assim, o preconceito. Referências ARRUDA, Rinaldo Sérgio Vieira. Imagens do índio: signos de intolerância. In: GRUPIONI, Luís Donisete Benzi et al. (org.). Povos indígenas e tolerância: construindo práticas de respeito e I Encontro do Grupo de Estudos Interdisciplinares de Literatura e Teoria Literária – MÖEBIUS solidariedade. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2001. p. 43-61. BARROS, Diana Luz Pessoa de. Esta é uma outra mesma história: os índios nos livros didáticos de História do Brasil. In: BARROS, Diana Luz Pessoa de (org.). Os discursos do descobrimento. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; FAPESP, 2000. p. 131-156. _____. O discurso intolerante: primeiros estudos. Disponível <http://www.rumoatolerancia.fflch.usp.br/node/2186>. Acesso em 27 abr. 2010. em: BORGES, Edson, MEDEIROS, Carlos Alberto & D’ADESKY, Jacques. Racismo, preconceito e intolerância. São Paulo: Atual, 2002. (Espaço e Debate) BUENO, Alexandre Marcelo. Intolerância linguística e imigração. São Paulo, 2006. Dissertação (Mestrado em Semiótica e Linguística Geral). Universidade de São Paulo. FIORIN, José Luiz. 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