AS DIFERENÇAS ENTRE NÓS...
Ouvindo Muniz Sodré afirmar que “as pessoas não são iguais nem desiguais, mas sim,
singulares”, pensei no desafio do além do discurso. Nós, professores temos falado
muito sobre o respeito às diferenças, à importância de considerarmos a escola como
lugar de todos numa incursão pelo enfoque multiculturalista. Mas, ainda não sabemos
como fazer realmente, no cotidiano escolar, a vivência nessa diferença pela via de
novos espaços de tolerância. Sodré não resvalou seu discurso pela questão da
tolerância. Porém, enfatizou o preconceito que é feito de automatismo, um
automatismo que foi aprendido e que está, certamente, subentendido em nossas
práticas curriculares.
Pensando sobre isso, qual o lugar da diferença em nossos currículos? Ainda no
discurso, ocupando o espaço da fala, dos princípios ditados mais que vividos. A
diferença e a sua aceitação não passam pela lógica nem pelo racional. A diferença está
nos sentidos que vamos significando e construindo, no afeto estabelecido pelas
relações. A diferença para Sodré, “é para ser sentida e desejada”. Mais que pensada ou
teorizada, é preciso nos deslocar do preconceito pelo afeto. Porque, conforme ainda
Sodré, “nós aprendemos o que afetivamente aceitamos”.E aí que eu incluo o conceito
de tolerância com o diferente de mim, que tem o pleno direito de ser. Reconhecer isso
na dinâmica escolar, está além de conteúdos e temas transversais a serem trabalhados
pelos professores. Reconhecer o direito do outro de ser, significa instituir/legitimar as
denominadas “economias invisíveis”feitas de trocas, de cooperação e de amorosidade
do “fazer juntos” entre professores, professores e alunos. É quando essas economias
invisíveis acabam ou enfraquecem no espaço escolar, que a violência pode tomar seu
lugar e é aí que a diversidade se esvai.
Que as economias invisíveis sejam fortalecidas em nossos fazeres docentes para
aprendermos a tolerância e reconhecimento do outro como direito à singularidade
pura. Economias invisíveis num currículo pensado, feito e vivido pela diversidade.
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Ouvindo Muniz Sodré afirmar que “as pessoas não são