Acidentes de Trânsito Motocicleta Caracterização dos pacientes Considerando o período de Janeiro a Junho de 2012, nos hospitais da Rede SARAH, entre as internações motivadas por Acidente de Trânsito, 48,2% se referiram aos casos em que os pacientes eram ocupantes (condutores ou passageiros) de Motocicletas. Do total de pacientes ocupantes de motocicletas na ocasião do acidente, 42,8% foram internados no hospital SARAH-Brasília, 12,4% no Hospital SARAH-Salvador, 17,0% no Hospital SARAH-Belo Horizonte, 12,4% no Hospital SARAH-São Luís e 15,5% em Fortaleza. Dos pacientes admitidos pelo SARAH-Brasília, 8,7% dos casos foi proveniente do Distrito Federal. Dos pacientes admitidos pelo SARAH-Salvador, 74,7% dos pacientes foram provenientes do Estado da Bahia. Dos pacientes admitidos pelo SARAH-Belo Horizonte 76,3% foram provenientes do Estado de Minas Gerais. Dos pacientes admitidos pelo SARAH-São Luís, 72,1% foram provenientes do Estado do Maranhão e entre os pacientes admitidos pelo SARAH-Fortaleza, 44,4% foram provenientes do Estado do Ceará. Os pacientes investigados caracterizaram-se por serem, em sua maioria, do sexo masculino (84,8%), solteiros (59,2%), seguidos de casados (34,5%), com escolaridade até o ensino fundamental (43,1%) e residentes em área urbana (84,2%). A maior incidência isolada de casos de lesões decorrentes de Acidentes de Trânsito envolvendo ocupantes de motocicletas ocorreu na faixa de 30 a 39 anos, sendo que a maioria dos pacientes investigados feriu-se entre 20 e 39 anos (67,5% dos casos), faixa etária que engloba adolescentes e adultos jovens. A idade que os pacientes possuíam na ocasião da lesão variou de 6 a 80 anos, tendo-se registrado a idade média de 29,1 anos (desvio padrão de 10,8 anos). Distribuição dos pacientes vítimas de Acidente de Trânsito, com motocicleta, segundo faixa etária na ocasião do acidente (%) 25,3 24,4 17,8 14,4 9,8 4,9 1,1 1,4 5-9 10-14 15-19 20-24 25-29 1 30-39 40-49 50-59 0,6 0,3 60-69 70-99 Caracterização das lesões Os Acidentes de Trânsito que envolveram pacientes ocupantes de motocicletas produziram, predominantemente, lesões medulares, lesões ortopédicas e lesões cerebrais, representadas, em sua quase totalidade, por traumatismos crânio-encefálicos. Distribuição dos pacientes por causa de internação (%) 60,6 23,3 9,2 Lesão Medular Lesão Cerebral 6,9 Lesão Ortopédica As paraplegias foram responsáveis por 78,7% do total de casos registrados de lesão medular, que foram classificadas, predominantemente, como lesões medulares completas (ASIA A = 69,0% dos casos). Lesão Neurológica Distribuição dos pacientes por classificação da lesão medular (%) Tetraplegia 20,9 Dos pacientes ocupantes de motocicletas 61,5% foram resgatados no local do acidente por equipes especializadas. Paraplegia 78,7 2 Monoplegia 0,5 Uso do Capacete Apesar da ampla divulgação a respeito da importância da utilização do capacete nos últimos anos e do advento da obrigatoriedade de uso, 25,3% dos pacientes admitidos pela Rede SARAH não usavam capacete na ocasião do acidente. Distribuição dos pacientes por tipo de via em que ocorreu o acidente (%) Estrada de terra 17,0 Esse índice de não-uso do capacete foi observado independentemente do sexo dos pacientes, do motivo do deslocamento na ocasião do acidente, do dia da semana ou do tipo de via em que ocorreu o acidente. Rodovia 37,9 Via urbana 45,1 O não-uso de capacete foi também verificado quando analisada sua distribuição entre condutores e passageiros: 22,5% dos condutores e 38,1% dos passageiros não utilizavam capacete no momento do acidente. Caracterização dos acidentes Os Acidentes de Trânsito envolvendo motocicletas caracterizaram-se por terem ocorrido, majoritariamente, em vias urbanas (45,1%), seguidos por aqueles ocorridos em rodovias (37,9%) e durante o período diurno (58,8%). Os acidentes concentraram-se entre 14:00 e 19:00 horas. Nesse intervalo registraram-se 35,8% dos acidentes envolvendo motocicletas. O horário de pico registrado para os acidentes envolvendo motocicletas ficou em torno das 18:00 horas. Distribuição dos pacientes por horário em que ocorreu o acidente (%) 9,1 6,7 6,4 6,1 5,5 5,5 4,2 3,6 3,3 3,6 3,3 3,0 2,7 2,7 1,8 1,5 00:00 02:00 04:00 06:00 3,3 4,8 4,5 4,2 4,8 4,5 3,0 1,5 08:00 10:00 12:00 14:00 16:00 18:00 20:00 22:00 Aos sábados e domingos registrou-se 48,3% de todos os Acidentes de Trânsito envolvendo motocicletas, distribuindo os acidentes restantes de modo semelhante pelos demais dias da semana. Considerando-se isoladamente o dia de sábado ou de domingo, verificou-se que os percentuais de acidentes nesses dias ultrapassaram em cerca de 2 vezes aqueles registrados 3 em cada um dos dias de segunda a sexta-feira, o que caracteriza claramente os acidentes em análise como típicos do final de semana. Distribuição dos pacientes por dia da semana em que ocorreu o acidente (%) 27,0 21,3 12,9 11,5 9,2 8,0 Segunda Terça Quarta 10,1 Quinta Sexta Sábado Domingo O principal motivo do deslocamento dos pacientes na ocasião em que ocorreram os acidentes foi o lazer (55,7%), seguidos por aqueles que tiveram como motivação o trabalho. Distribuição dos pacientes por motivo do deslocamento na ocasião do acidente (%) 55,7 32,5 9,2 Lazer Trabalho Consumo bens/serviços 1,4 1,1 Outro Estudo Conforme esperado, observou-se uma relação entre o motivo do deslocamento e o dia da semana do acidente: os acidentes cujo motivo de deslocamento foi lazer concentraram-se entre sábado e domingo (60,3% dos casos). 4 O tipo de acidente mais freqüente envolvendo motocicletas foi a queda sem colisão, seguido pela colisão. Distribuição dos pacientes por natureza do acidente (%) 40,5 37,9 18,1 Queda sem colisão Colisão Choque contra objeto fixo 1,4 2,0 Atropelamento animais Outras naturezas As colisões foram eventos predominantes em vias urbanas. Nessas colisões, a motocicleta ocupada pelos pacientes chocou-se, principalmente, contra automóveis (69,2%). Nas rodovias e estradas de terra, as quedas sem colisões foram responsáveis pela maioria dos acidentes envolvendo motocicletas. Distribuição dos pacientes por tipo de via em que ocorreu o acidente, segundo natureza do acidente (%) 62,7 51,0 46,2 30,3 20,3 27,4 20,4 18,9 10,2 5,1 2,3 1,7 Estrada de terra Queda sem colisão Colisão Rodovia Choque contra objeto fixo 5 2,3 0,6 0,6 Via Urbana Atropelamento animais Outras naturezas As motocicletas ocupadas pelos pacientes investigados sofreram impactos frontais em mais da metade (59,9%) dos casos em que ocorreram colisões e choques contra objeto fixo. Esse padrão de direção do impacto foi verificado também em acidentes ocorridos em rodovias (56,7% dos casos registrados) e em via urbanas (56,2%). Distribuição dos pacientes segundo principal sentido do impacto sofrido pela motocicleta na ocasião do acidente (%) Traseiro 10,4 Não foi observada diferença significativa no sentido do impacto e do tipo de lesão gerada pelo acidente. 43,9% dos pacientes eram ocupantes de motocicletas que vinham sendo conduzidos a velocidades abaixo de 60 km/h na ocasião do acidente, segundo a avaliação dos próprios pacientes. 29,3% dos motociclistas estavam desenvolvendo velocidades que ultrapassavam os 80 km/h na ocasião do acidente. Lateral 29,7 Frontal 59,9 Embora a quase totalidade das vias urbanas do país tenha 60 km/h como limite máximo de velocidade regulamentado, apenas 55,5% das motocicletas ocupadas pelos pacientes vinha sendo conduzidas, nesse tipo de via, até essa velocidade na ocasião do acidente. 24,0% das motocicletas estavam sendo conduzidas entre 61 e 80 km/h e 20,5% delas estavam a mais de 80 km/h no momento do acidente, de acordo com a avaliação dos pacientes entrevistados. Distribuição dos pacientes segundo sua avaliação de faixa de velocidade da motocicleta em que se encontravam na ocasião do acidente (%) Menos de 40Km/h 19,8 Comparação semelhante pode ser feita quando se analisa o padrão de velocidade dos acidentes ocorridos em rodovias. À exceção de algumas rodovias do país, cujo limite de velocidade regulamentado excede os 100 km/h, a grande maioria das rodovias ainda tem como limite de velocidade 80 km/h. No entanto, 40,8% das motocicletas ocupadas pelos pacientes investigados vinham sendo conduzidos a velocidades acima de 80 km/h nesse tipo de via. Mais de 80Km/h 29,3 41-60Km/h 24,1 61-80Km/h 26,8 Observa-se que a velocidades menores o tipo de acidente mais frequente foi colisão e as quedas sem colisão ocorreram com maior frequência com motocicletas que estavam a mais de 80 km/h. 6 Distribuição dos pacientes por sua avaliação acerca da faixa de velocidade da motocicleta em que se encontravam na ocasião do acidente, segundo natureza do acidente (%) 56,9 54,2 39,8 39,2 36,4 34,2 32,3 22,7 21,5 21,9 18,8 9,2 1,5 <40Km/h Colisão Queda sem colisão 3,8 4,2 1,3 41-60Km/h 61-80Km/h Choque contra objeto fixo 1,0 1,1 Atropelamento animais >80Km/h Outras naturezas Analisando-se as faixas de velocidade em que se encontravam as motocicletas ocupadas pelos pacientes e a distribuição das causas de internação para cada tipo de acidente, vale destacar que: 55,9% das lesões cerebrais e 58,7% das lesões medulares sofridas pelos pacientes envolvidos em colisões ocorreram em acidentes em que a motocicleta onde o paciente se encontrava estava a velocidades de até 60 km/h; 34,7% das lesões medulares sofridas pelos pacientes envolvidos em quedas sem colição ocorreu em acidentes em que a motocicleta onde o paciente se encontrava estava a velocidades abaixo de 60 km/h. Os impactos frontais, seja em colisões ou choques contra objeto fixo, ocorreram majoritariamente (57,0%) a velocidades acima de 60 km/h. A natureza do acidente, a direção do impacto sofrido pela motocicleta em que se encontrava o paciente e, principalmente, a velocidade em que ocorreu o acidente, constituem importantes variáveis na compreensão do padrão de lesão verificado. Além dessas variáveis, investigou-se também a posição que o paciente ocupava na motocicleta, isto é, sua condição de condutor ou passageiro. Distribuição dos pacientes, segundo sua posição na motocicleta na ocasião do acidente (%) Passageiro 18,1 Os pacientes distribuíram-se da seguinte forma, segundo sua posição na motocicleta: 81,9% eram condutores e 18,1% eram passageiros. Entre os pacientes do sexo masculino 90,8% eram condutores e 9,2% eram passageiros. 67,9% dos pacientes do sexo feminino eram passageiros da motocicleta no momento do acidente. Condutor 81,9 7