Questões 1 e 2
Leia o trecho a seguir e responda:
– Vovô, eu quero ver um cometa!
Ele me levava até a janela. E me fazia voltar os olhos
para o alto, onde o sol reinava sobre a Saracena.
– Não há nenhum visível no momento. Mas você há
de ver um deles, o mais conhecido, que, muito tempo
atrás, passou no céu da Itália.
Muito tempo atrás...atrás de onde? Atrás de minha
memória daquele tempo.
E vovô Leone continuava:
– Um dia, você há de estar mocinha, e eu já estarei
morando junto das estrelas. E você há de ver a volta do grande cometa, lá pelo ano de 2010...
Eu me agarrava à cauda daquele tempo que meu
avô astrônomo me mostrava com os olhos do futuro
e saía de sua casa. Na rua, com a cabeça nas nuvens, meus olhos brilhavam como estrelas errantes. Só baixavam à terra quando chegava à casa de
vovô Vincenzo, o camponês.
(Ilke Brunhilde Laurito, A menina que fez a
América. São Paulo: FTD, 1999, p. 16.)
Questão 1
No trecho “Muito tempo atrás...atrás de onde?
Atrás de minha memória daquele tempo.”
a) Identifique os sentidos de ‘atrás’ em cada
uma das três ocorrências.
b) Compare “Atrás de minha memória daquele tempo” com “Atrás do jardim da minha
casa”. Explique os sentidos de ‘atrás’ em cada
uma das frases.
Resposta
a) • Muito tempo atrás: tempo decorrido.
• Atrás de onde: há, pelo menos, duas leituras
possíveis. Primeiro, em termos absolutos, indica
localização espacial; segundo, pelo contexto,
pode-se falar em localização no tempo.
• Atrás de minha memória daquele tempo: por um
lado, indica um tempo anterior (o do cometa no céu
da Itália) ao do fato lembrado (a conversa da narradora com o seu avô); por outro, indica a busca de
um tempo passado, revivificado pela memória.
b) Em "Atrás de minha memória daquele tempo",
atrás pode ter sido usado para sugerir tanto um
tempo que a autora não vivenciou, quanto a busca do passado, no caso a infância. Já em "Atrás
do jardim da minha casa", atrás foi usado com valor literal, para indicar uma posição espacial.
Questão 2
Releia o seguinte recorte: “Eu me agarrava à
cauda daquele tempo que meu avô astrônomo
me mostrava com os olhos do futuro e saía de
sua casa. Na rua, com a cabeça nas nuvens,
meus olhos brilhavam como estrelas errantes. Só baixavam à terra quando chegava à
casa de vovô Vincenzo, o camponês”.
a) Explique as relações que as expressões
‘cauda daquele tempo’, ‘olhos do futuro’ e ‘cabeça nas nuvens’ estabelecem entre si.
b) No mesmo trecho, explique a relação do
aposto com o movimento dos olhos do personagem.
Resposta
a) As três expressões remetem o leitor à idéia de
futuro, de sonho, de expectativa, de desligamento
do real e do imediato.
b) O aposto ao qual a questão se refere é "o camponês". Enquanto o primeiro avô, Leone, era astrônomo e fazia com que os olhos do narrador se
voltassem para o céu, o outro avô, Vincenzo, por
ser um camponês, trazia os olhos (a atenção) da
neta de volta para a terra. Há, portanto, uma antítese entre sonho e realidade.
Questões 3 e 4
Os quadrinhos a seguir fazem parte de um material publicado na Folha de S. Paulo em 17 de
agosto de 2005, relativo à crise política brasileira, que teve início em maio do mesmo ano.
CHICLETE COM BANANA - Angeli
português 2
Questão 3
Na tira de Angeli, observamos um jogo de associações entre a frase-título ‘O imundo animal’ e a seqüência de imagens.
a) A frase-título ‘O imundo animal’ nos remete a uma outra frase. Indique-a e explicite as
relações de sentido entre as duas frases, fazendo referência ao conjunto da tira.
b) A frase-título ‘O imundo animal’ sugere
um processo de prefixação. Explique.
Resposta
a) "Imundo Animal" remete a "Mundo Animal", famosa série que apresenta o comportamento dos
animais em seu habitat. Em "Imundo Animal"
Angeli faz uma paródia, ironizando o homem público, o político sujo no pior sentido da palavra.
b) O processo de prefixação pode ser constatado
no termo imundo, formado por i (negação) e mundo (adjetivo, puro, limpo). Pode-se ainda pensar
em que o processo de prefixação refere-se a toda
expressão "mundo animal". O i-"mundo animal"
significaria uma negação do mundo animal, ou
seja, uma negação do natural que, no caso, remete ao mundo dos políticos.
Questão 4
No quadrinho de Caco Galhardo, outras associações com a crise política podem ser observadas.
a) “Vossa Excelência me permite um aparte”
é uma expressão típica de um espaço institucional. Qual é esse espaço e quais as palavras
que permitem essa identificação?
b) A expressão ‘um aparte’ pode ser segmentada de outra maneira. Qual a expressão resultante dessa segmentação? Explique o sentido de cada uma das expressões.
c) Levando em consideração as relações entre
as imagens e as palavras, explique como se
constrói a interpretação do quadrinho.
Resposta
a) Tanto o pronome de tratamento Vossa Excelência, quanto o substantivo aparte são termos tí-
picos do meio político, sobretudo das sessões
plenárias das diversas câmaras legislativas (municipal, estadual e federal) e do Senado.
b) A expressão um aparte significa uma interpelação que provoca interrupção do discurso do interpelado. Outra possível leitura é uma parte, ou
seja, um pedaço e, levando-se em conta o contexto, uma propina.
c) "Ratos" conotam pessoas que vivem no submundo, desonestas, sujas, ladras. A tira remete o
leitor às falcatruas dos políticos ("ratos") que pedem "um aparte" ("uma parte") do queijo, sugerindo uma participação no "bolo" da corrupção.
Assim, a linguagem, que caracteriza um modo formal de tratamento, passa a ter um sentido irônico,
conotando "ratos" a dividirem o produto de seu
roubo.
Questão 5
Na sua coluna diária do Jornal Folha de
S. Paulo de 17 de agosto de 2005, José Simão
escreve: “No Brasil nem a esquerda é direita!”.
a) Nessa afirmação, a polissemia da língua
produz ironia. Em que palavras está ancorada essa ironia?
b) Quais os sentidos de cada uma das palavras
envolvidas na polissemia acima referida?
c) Comparando a afirmação “No Brasil nem a
esquerda é direita” com “No Brasil a esquerda não é direita”, qual a diferença de sentido
estabelecida pela substituição de ‘nem’ por
‘não’?
Resposta
a) "direita" e "esquerda".
b) "esquerda"/"direita":
• denotativamente: posição ou direção no espaço;
• conotativamente: posição ou orientação política.
No caso específico da palavra "direita", também
indica comportamento adequado ou correto.
c) Na primeira frase, nem significa sequer, o que
implica a referência a uma pluralidade de elementos. Assim, "No Brasil nem a esquerda é direita" é
equivalente a "No Brasil sequer a esquerda é direita"; portanto, no Brasil ninguém se comporta
corretamente. Na segunda frase, a substituição
de nem por não reduz o enunciado exclusivamente à esquerda.
português 3
Arfava, espumava e ria,
De um riso espúrio* e bufão,
Ventre e pernas sacudia
Na convulsão.
Questão 6
Na capa do caderno Aliás do jornal O Estado
de S. Paulo de 10 de julho de 2005, encontramos o seguinte conjunto de afirmações que
também fazem referência à crise política do
Governo Lula:
Getúlio tanto sabia que preparou a carta-testamento. Juscelino sabia que seria absolvido pela História. Jânio sabia que sua renúncia embutia um projeto autoritário. Jango sabia
o tamanho da conspiração ao seu redor. Médici ia
ao futebol, mas sabia de tudo. Geisel sabia que Golbery entendera o projeto de abertura. (...)
a) Em todas as afirmações, há um padrão que
se repete. Qual é esse padrão e como ele estabelece a relação com a crise política do atual
governo?
b) Apresente, por meio de paráfrases, duas
interpretações para a palavra ‘tanto’ na frase
“Getúlio tanto sabia que preparou a carta-testamento”.
Resposta
a) O período é composto por paralelismo em que a
estrutura repetitiva é "sabia que". Ironicamente, a
estrutura faz alusão à suposta ignorância do presidente Lula sobre a corrupção em seu governo.
b) • Idéia de intensidade:
Getúlio sabia muito, conseqüentemente preparou
a carta-testamento.
• Valor de afirmação:
Getúlio sabia realmente (de fato), assim preparou
a carta-testamento.
• Sentido de quantidade:
Getúlio sabia tanto caso (tantas coisas), que preparou a carta-testamento.
Questão 7
O soneto abaixo, de Machado de Assis, intitula-se Suave mari magno, expressão usada
pelo poeta latino Lucrécio, que passou a ser
empregada para definir o prazer experimentado por alguém quando se percebe livre dos
perigos a que outros estão expostos:
Suave mari magno
Lembra-me que, em certo dia,
Na rua, ao sol de verão,
Envenenado morria
Um pobre cão.
Nenhum, nenhum curioso
Passava, sem se deter,
Silencioso,
Junto ao cão que ia morrer,
Como se lhe desse gozo
Ver padecer.
*espúrio: não genuíno; ilegítimo, ilegal, falsificado. Em
medicina, diz respeito a uma enfermidade falsa, não
genuína, a que faltam os sintomas característicos.
a) Que paradoxo o poema aponta nas reações
do cão envenenado?
b) Por que se pode afirmar que os passantes,
diante dele, também agem de forma paradoxal?
c) Em vista dessas reações paradoxais, justifique o título do poema.
Resposta
a) O sofrimento e o riso.
b) Diante do cão, os passantes parecem condoídos com aquele quadro de sofrimento (como se
deduz da penúltima estrofe) e, ao mesmo tempo,
parecem experimentar algum tipo de prazer
(como supõe o eu lírico na última estrofe).
c) Há pelo menos duas possibilidades de leitura.
Primeiro, o "prazer" dos passantes consistiria em
não estar na mesma situação do cão ou, ainda, no
alívio (até mesmo inconsciente) de não ser atingido por aquele sofrimento. Segundo, pode-se pensar que o título de Machado é enganoso, pois ele
estaria subvertendo, ironicamente, o seu sentido
original, mostrando não o alívio ou a indiferença do
homem diante do sofrimento alheio, mas o sadismo humano, que se revela até mesmo em pequenos acontecimentos, como a morte de um cão.
Questão 8
O trecho abaixo corresponde ao desfecho do
conto A causa secreta, de Machado de Assis:
... Garcia inclinou-se ainda para beijar outra vez o cadáver, mas então não pôde mais. O beijo rebentou em
soluços, e os olhos não puderam conter as lágrimas,
que vieram em borbotões ∗ , lágrimas de amor calado, e
irremediável desespero. Fortunato, à porta, onde ficara, saboreou tranqüilo essa explosão de dor moral que
foi longa, muito longa, deliciosamente longa.
(Machado de Assis, “A causa secreta”, em
Obra Completa, Vol. II. Rio de Janeiro:
Nova Aguilar, 1979, p. 519.)
∗
em borbotões: em jorros, em grande quantidade
português 4
a) Explique a reação de Garcia diante do cadáver.
b) Explique a repetição do adjetivo ‘longa’ no
desfecho do conto.
c) Que relação há entre a atitude de Fortunato e o poema Suave mari magno?
Resposta
a) Garcia amava secretamente a esposa de Fortunato. Quando a moça faleceu, diante de seu cadáver, ele não pôde conter a emoção e se traiu,
revelando seu grande segredo ao marido que
contemplava a cena.
b) A repetição do adjetivo longa, que vem antecedido dos advérbios muito e deliciosamente, tem a
finalidade de estabelecer uma gradação que reforça a característica do personagem Fortunato: a
contemplação da dor do próximo lhe causara
imenso prazer.
c) Tanto no poema como no conto, há a referência ao prazer que o homem sente diante da dor
do outro.
Questão 9
A novela de Guimarães Rosa “Uma estória de
amor (Festa de Manuelzão)”, além de ser ela
própria uma estória de vaqueiro, contém outras estórias de boi narradas pelas personagens. Uma delas é a de “Destemida e a vaquinha Cumbuquinha” narrada por Joana Xaviel.
Ao ouvirem a história, as pessoas presentes
na festa de Manuelzão têm a seguinte reação:
Todos que ouviam, estranhavam muito: estória desigual das outras, danada de diversa. Mas essa estória estava errada, não era toda! Ah ela tinha de
ter outra parte – faltava a segunda parte? A Joana
Xaviel dizia que não, que assim era que sabia, não
havia doutra maneira. Mentira dela? A ver que sabia o restante, mas se esquecendo, escondendo.
Mas – uma segunda parte, o final – tinha de ter!
(João Guimarães Rosa, “Uma estória de amor
(Festa de Manuelzão)”, em Manuelzão e
Miguilim. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1984, p.181.)
a) Por que os ouvintes têm a impressão de
que a estória está inacabada?
b) Cite outra estória de boi narrada dentro da
novela.
c) A novela é narrada em discurso indireto livre, misturando as falas e pensamentos das
personagens com a fala do narrador. Identifique uma passagem do trecho citado acima em
que essa mistura ocorre.
Resposta
a) A "estória" contada por Joana Xaviel é a de um
rico fazendeiro que dera a um amigo vaqueiro
muito pobre a guarda de uma de suas melhores
fazendas, com a condição de que ele tomasse
conta da vaca Cumbuquinha. Um dia, a mulher do
vaqueiro, Destemida, fez com que o marido matasse a vaquinha sob o pretexto de que estava
grávida e com desejo de comer carne daquela
vaca. A trama foi descoberta pela mãe do fazendeiro. Antes que ela pudesse contar ao filho, foi
morta por Destemida. No dia do enterro, a casa
em que o velório estava se realizando foi incendiada por Destemida, pois ela queria roubar as
jóias (alfaias) que ricamente a falecida usava: assim se acaba a estória. Ora, uma marca da tradição oral dos "causos" é conter um certo sentido
moral (de uma forma relativamente recorrente, o
mal é sempre punido ou o bem, recompensado).
Tal qual a "estória" de Joana Xaviel termina, não
se sabe o que foi feito de Destemida, nem se
suas maldades e artimanhas foram punidas ou
não. Daí o fato de os ouvintes terem a impressão
de que a estória está inacabada.
b) Há várias estórias de boi em "Uma Estória de
Amor". Como exemplos, poderíamos citar a expectativa do próprio Manuelzão em relação à viagem, a se realizar depois da festa de inauguração
da capela da Samarra, para levar uma boiada, ou
a estória de um velho boiadeiro, Acizilino, amigo
de Manuelzão, que se casara no sábado e não tivera lua-de-mel, pois saíra em comitiva na segunda-feira, ou ainda a estória do "Romanço do Boi
Bonito".
c) O discurso indireto livre pode ser percebido na
seqüência: "Mas essa estória estava errada, não
era toda! Ah ela tinha de ter outra parte – faltava a
segunda parte? (...) Mentira dela?". Nota-se aí
uma polifonia de vozes da narrativa: quem faz essas intervenções? Os ouvintes? Manuelzão? O
narrador?
Questão 10
Leia o seguinte diálogo de O demônio Familiar, de José de Alencar:
Eduardo – Assim, não amas a tua noiva?
Azevedo – Não, decerto.
Eduardo – É rica, talvez; casas por conveniências?
Azevedo – Ora, meu amigo, um moço de trinta
anos, que tem, como eu, uma fortuna independente, não precisa tentar a chasse au mariage. Com
trezentos contos pode-se viver.
Eduardo – E viver brilhantemente; porém não compreendo então o motivo...
português 5
Azevedo – Eu te digo! Estou completamente blasé,
estou gasto para essa vida de flaneur dos salões;
Paris me saciou. Mabille e Château des Fleurs embriagaram-me tantas vezes de prazer que me deixaram insensível. O amor é hoje para mim um copo
de Cliqcot que espuma no cálice, mas já não me tolda o espírito!
(José de Alencar, “O demônio familiar” (Cena XIII,
Ato Primeiro), em Obra Completa, Vol. IV.
Rio de Janeiro: J. Aguilar, 1960, p. 92.)
a) O que o diálogo acima revela sobre a visão
que Azevedo tem do casamento?
b) Em que essa visão difere da opinião de
Eduardo sobre o casamento?
c) Que ponto de vista prevalece no desfecho
da peça? Justifique sua resposta.
Resposta
a) Para Azevedo, o casamento não tem por motivação nem o amor, uma vez que se diz insensível
a ele, nem o interesse financeiro, já que é bastante rico. O motivo seria, portanto, o tédio da vida
de " flaneur dos salões", ou seja, da vida de desocupado. Nesse mesmo diálogo, Azevedo confessa que pretende fazer uma carreira pública,
sendo para isso necessário casar com uma mulher bonita que possa, pelos admiradores que a
cercam, aumentar o círculo de influência social do
marido.
b) Eduardo possui uma visão romântica do casamento. Para ele, a sua única motivação aceitável
é o amor, e a sua finalidade é permitir àqueles
que se amam o desfrute das delícias da vida familiar. Já para Azevedo, o casamento tem por motivo o interesse e por finalidade contribuir para o
destaque social do marido.
c) No desfecho da peça, prevalece a visão de
Eduardo, uma vez que, a despeito das maquinações de Pedro, os que se amam verdadeiramente
– Eduardo e Henriqueta, Alfredo e Carlotinha –
terminam unidos. Já Azevedo, que pretendeu em
momentos diferentes casar com Henriqueta e
Carlotinha, embora não as amasse, fica sozinho.
Questão 11
Leia o poema abaixo de António Osório:
Ignição
Meus versos, desejo-vos na rua,
nas padiolas, pelo chão, encardidos
como quem ganha com eles a vida,
e o papel vá escurecendo ao sol,
a chuva o manche, a capa
ganhe dedadas, a companhia
aderente de um insecto,
as palavras se humildem mais
e chegue a sua vez de comoverem alguém
que compre, um faminto ajudando.
Meus versos, desejo-vos nas bibliotecas
itinerantes, gostaríeis de viajar
por aldeias, praias, escolas primárias,
despertar o rápido olhar das crianças,
estar nas suas mãos
completamente indefeso
e, sobretudo, que não vos compreendam.
Oxalá escrevam, risquem, atirem no recreio
umas às outras como pélas ∗ os livros
e sonhem, se possível, com algum verso
que súbito se esgueire pela sua alma.
∗ pélas: bolas
a) A quem o eu lírico se dirige no início de
cada estrofe?
b) No início da segunda estrofe, que reações
contraditórias ele espera das crianças?
c) Ao final da segunda estrofe, que desejo ele
manifesta a respeito do futuro da poesia?
Resposta
a) "Meus versos".
b) O eu lírico espera que as crianças se interessem por seus versos e, ao mesmo tempo, que
elas não os compreendam; portanto, que seus
versos preservem a magia de um enigma permanente.
c) Ele espera que a poesia cumpra sua função lúdica e estimule, nas crianças, o despertar do lirismo, e até mesmo o poeta que pode existir em
cada uma delas, o que metaforicamente é sugerido pelo título do poema, "Ignição".
Questão 12
Leia a seguinte passagem de Os Cus de Judas, de António Lobo Antunes:
Deito um centímetro mentolado de guerra na escova de dentes matinal, e cuspo no lavatório a espuma verde-escura dos eucaliptos de Ninda, a minha
barba é a floresta do Chalala a resistir ao napalm
da gillete, um grande rumor de trópicos ensangüentados cresce-me nas vísceras, que protestam.
(António Lobo Antunes, Os cus de Judas.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2003, p. 213.)
português 6
a) A que guerra se refere o narrador?
b) Por que o narrador utiliza o presente do
indicativo ao falar sobre a guerra?
c) Que recurso estilístico ele utiliza para
aproximar a guerra de seu cotidiano? Cite
dois exemplos.
Resposta
a) A guerra de libertação de Angola, colônia portuguesa na África.
b) O presente do indicativo é utilizado como recurso estilístico para referir-se à "presentificação" da guerra na mente e no cotidiano do protagonista.
c) O escritor constrói metáforas, inclusive a
partir de metonímias, para aproximar seu cotidiano – escovar os dentes, fazer a barba – à
guerra: "... centímetro mentolado de guerra na
escova de dentes matinal...", "... ao napalm da
gillete ..." .
Português – prova boa, porém trabalhosa
Como em exames anteriores, a UNICAMP formulou sua prova com
questões de complexidade média e alta. A questão de maior dificuldade
talvez tenha sido a que versou sobre um fato específico da trama da novela "Uma Estória de Amor", de Guimarães Rosa.
No geral, prova tradicionalmente longa devido à subdivisão das questões, exigindo muita atenção e boa redação por parte dos alunos.
Semântica
16%
Texto
37%
Redação
3%
Gramática
16%
Estilística
9%
Literatura
19%
Download

Português