Informação à imprensa Setembro 2010 TERREIROS Idealizados por artistas e arquitetos convidados, os Terreiros se apresentam na 29ª Bienal Internacional de Arte de São Paulo como verdadeiros espaços de convivência, reservados aos momentos de pausa do público e também às atividades diversas, como performances, projeções e leituras. São seis espaços temáticos que ressaltarão a presença profunda da arte na vida: “O outro, o mesmo” (Carlos Teixeira); “A pele do invisível” (Tobias Putrih); “Eu sou a rua” (UN Studio); “Dito, não dito e interdito” (Roberto Loeb e Kboco); “Longe daqui, aqui mesmo” (Marilá Dardot e Fábio Morais) e “Lembrança e esquecimento” (Ernesto Neto). O outro, o mesmo Carlos Teixeira Com título emprestado da obra do escritor argentino Jorge Luís Borges, “O outro, o mesmo”, assinado por Carlos Teixeira, será o terreiro de performances da 29ª. Espaço modular, construído por estruturas de papelão prensado, apoiadas sobre rodas, este terreiro destina-se a apresentações que têm como centro o corpo: sua expressão, colocação, atuação. Em sua configuração original, os módulos que compõem o terreiro definem um espaço isolado de seu entorno, em contato com o espaço expositivo, podendo ser utilizados para descanso, conversas, encontros. Em outras situações, com seus módulos abertos, o terreiro revela-se labiríntico e demarca uma arena aberta, que faz aparecer a contiguidade frágil entre dentro e fora. Localizado na entrada da exposição, recebendo luz da parede de vidro que o separa do parque, o terreiro impõe a fragilidade dos mecanismos de representação, ameaçados sempre de se diluírem no fluxo dos eventos à sua volta. A pele do invisível Tobias Putrih Espaço reservado às projeções audiovisuais, o terreiro “A pele do invisível” tem assinatura do artista esloveno Tobias Putrih. Concebido para funcionar como uma sala de projeção, o projeto tem como ponto de partida as estruturas externas do palácio da Alvorada, em Brasília. Os pilares orgânicos recebem uma cobertura de papelão, dentro da qual acontece a projeção. Este terreiro abrigará uma programação regular de filmes e vídeos, distribuídos em 10 programas. Assim, o público poderá ter contato mais extenso tanto com a obra de artistas presentes na exposição quanto com as questões gerais discutidas pela curadoria. Os trabalhos que compõem a programação acabam por colocar em questão o caráter não específico da produção audiovisual contemporânea, que borra as fronteiras entre documento, cinema, vídeo amador e vídeo arte. Eu sou a rua UN Studio Espaço para atividades discursivas, “Eu sou a rua” celebra o jornalista e cronista carioca João do Rio. O terreiro será palco de palestras, ações de artistas, mesas-redondas, entrevistas públicas e sessões de leitura. O desenho do escritório holandês UN Studio, que remete ao branco e às curvas características da arquitetura de Oscar Niemeyer, privilegia a proximidade e mesmo a confusão entre falantes e ouvintes. O desenho se origina do movimento de rotação de suas três extremidades, que faz elevar uma arena para cerca de quarenta pessoas, para que o público possa, em diferentes momentos, descansar, falar, ouvir, debater. Dito, não dito, interdito Roberto Loeb e Kboco Nome que evoca a obra do escritor Guimarães Rosa, o terreiro “Dito, não dito, interdito” cria espaço para debates e conversas. É um lugar de encontro próximo à entrada da Bienal, destinado a funcionar como auditório ou praça ao ar livre. Composto por arquibancada, piso e palco à disposição para invenção e reunião, o terreiro apresenta o convite da Bienal à organização do público, a associações, reivindicações, manifestações. O espaço representa ainda o gesto de abertura que carrega o conceito de terreiro, ao tensionar a membrana que separa a Bienal, o edifício mesmo que a abriga, de seu entorno, o parque, a cidade, e os usos e relações que nela se desenvolvem. O projeto foi desenvolvido em conjunto pelo artista Kboco e pelo arquiteto Roberto Loeb. Lembrança e esquecimento Ernesto Neto Espaço de respiro, reflexão e descanso, “Lembrança e esquecimento” cria uma pausa no ritmo da exposição. É o lugar para sentar, deitar, fechar os olhos, conhecer pessoas, iniciar conversas, observar o entorno da Bienal. Este terreiro convida o espectador a imergir em suas salas e nichos, modulados com cores e níveis variados de abertura ao entorno. Neste espaço, a Bienal convida o público a se engajar no fazer nada, abandonando os esforços de ação e de recepção, construção e desmontagem de sentido exigido pelas obras, pelos outros terreiros, e pelo próprio espaço expositivo. Justamente por isso é um terreiro sem atividades programadas. Longe daqui, aqui mesmo Marilá Dardot e Fábio Morais Inspirado no texto homônimo do escritor e dramaturgo Antonio Bivar, “Longe daqui, aqui mesmo” é a Biblioteca da 29ª Bienal. O espaço se apresenta como um labirinto, construído em alvenaria, onde as paredes e os pisos são capas de obras fundadoras da literatura universal. O espaço é resultado de uma ação colaborativa. Num primeiro momento, os artistas participantes da Bienal respondiam com uma doação à pergunta: “Com que livro você construiria sua casa?”. Numa segunda etapa, “Longe daqui, aqui mesmo” lançou uma chamada pública por livros de artista: não por catálogos, ou por livros-objeto, mas por livros que resultam incursão de artistas no campo da literatura. Durante a Bienal, a biblioteca estará aberta ao público, que também será convidado a doar livros.