APRESENTAÇÃO
A Semana Severino Sombra foi criada pela Presidência da FUSVE em homenagem ao fundador e primeiro reitor da Universidade Severino Sombra, professor Severino Sombra de Albuquerque, logo após seu falecimento, com objetivo de enaltecer à memória, à obra e o patrimônio deixados para esta cidade e para os muitos
jovens que aqui vêm buscar o conhecimento e a realização de um sonho: ter uma profissão.
Devido à sua importância acadêmica, o evento passa, a partir de 2011, a ser denominado Jornada Severino
Sombra, o que acontece sempre no mês de junho, com início ou término no dia 8, aniversário do homenageado.
Neste ano, 15 dias de ações se voltaram inteiramente para o aculturamento da academia e da comunidade. Todos
os cursos de graduação promoveram atividades voltadas para o enriquecimento dos alunos, com importantes palestras e a presença de inúmeras personalidades ligadas às áreas de saúde, humanas e exatas.
Nesta edição foi marcante a presença dos alunos do Colégio Sul Fluminense de Aplicação - CAp, que,
igualmente, abrilhantaram o evento.
Momento único, ressalte-se, academia e administração imbuídas em prol da cultura e do saber.
ÁREA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
A longevidade da população e os desafios envolvidos
Bárbara Batista Goulart Portugal¹, Paulo Sergio Falchi Junior¹, Leandra Duarte Bastos¹, Pedro Lioncio
Carvalho¹.
Resumo
A população idosa requer cuidados específicos e essa preocupação tem gerado inúmeras discussões e a realização
de estudos que visam à melhora em sua qualidade de vida. Assim sendo, o trabalho atual visa discutir sobre a
situação social do idoso no Brasil, considerando os aspectos demográficos, epidemiológicos e psicossociais.
Palavras-Chave: Longevidade. Envelhecimento. Doenças crônicas.
Introdução
abordar um panorama da expectativa de vida no Brasil
e apontar formas simples, mas objetivas de otimizar a
qualidade de vida do idoso.
Estudos apontam para um fenômeno de
transição demográfica no qual ocorre o envelhecimento
populacional, fenômeno observado nos países
desenvolvidos no final do século XIX, ao longo do
XX e em países em desenvolvimento, como o Brasil.
No entanto, o contexto socioeconômico brasileiro
não demonstra acompanhamento desse processo,
principalmente, por seu ritmo acelerado, o que dificulta
o desenvolvimento e a aplicação de políticas eficazes.
Diversos estudos e discussões têm sido realizados, a
fim de coletar dados sobre o novo perfil populacional,
entretanto, traçar o do idoso no Brasil se torna um
desafio devido à grande heterogeneidade das regiões
brasileiras, como mostra o gráfico abaixo.
Foi realizada revisão da literatura mediante a
identificação, leitura e síntese de artigos indexados na
base SCIELO. Adicionalmente, foi consultado livro
de Gerontologia e Geriatria. A inclusão dos artigos na
presente revisão foi realizada de acordo com o que os
autores julgaram relevante e não repetitivo.
Resultados e Discussão
Segundo dados da ONU, a expectativa de vida
no Brasil é de 72,3 anos e dados da OMS apontam que
somente o controle da hipertensão arterial sistêmica
reduziria em 35 a 40% a incidência de acidente
vascular cerebral (AVC), 20 a 25% de infarto agudo
do miocárdio (IAM) e mais de 50% de insuficiência
cardíaca congestiva. Neoplasias de mama, colo do útero
e próstata poderiam ser prevenidas em 40% ou mais,
com a realização de exames diagnósticos periódicos.
Portanto, é evidente a necessidade de mudança de
hábitos na vida das pessoas para o alcance de um
envelhecimento saudável. Ao idoso é necessária a
inserção em atividades que o faça se sentir útil e se
envolver em ocupações que lhes proporcionem prazer
e felicidade. É indiscutível a presença da família nessa
questão, o que fortalece as relações e a aceitação quanto
aos desdobramentos do envelhecimento. Deve-se
entender que as relações entre pais e filhos se modificam,
pois os idosos se tornam cada vez mais dependentes,
com o estabelecimento de inversão de papéis. Além da
76
74
Brasil
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro-Oeste
72
70
68
66
64
62
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
De modo geral, a presença de doenças crônicas
não transmissíveis (DCNT) ainda é o principal fator
associado à qualidade de vida do idoso, portanto, o
cuidado com a saúde é fundamental, sobretudo, ao se
evitar uma dieta desbalanceada, tabagismo, etilismo
e sedentarismo. O presente trabalho tem por objetivo
1. Universidade Severino Sombra, Vassouras-RJ, Brasil.
4
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Material e Métodos
família, o convívio em sociedade é importante, pois
permite a troca de experiências, ideias, sentimentos,
dúvidas e até de afeto.
Conclusão
A questão do envelhecimento deve ser olhada
de forma abrangente, pois existem muitos fatores
envolvidos. A situação social da pessoa idosa no Brasil
requer discussões mais objetivas sobre seu papel e
suas relações em família e em sociedade. Na formação
de profissionais da saúde e da educação, a Avaliação
Geriátrica Ampla deve ser empregada como rotina na
clínica médica, pois essa atividade pode ser crucial na
condução de um envelhecimento mais saudável, pois
não basta almejar vida longa, mas uma melhor qualidade
para este viver.
Referências
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
GOTTLIEB, Maria Gabriela Valle et al . Envelhecimento e longevidade
no Rio Grande do Sul: um perfil histórico, étnico e de morbi-mortalidade
dos idosos. Rev. bras. geriatr. gerontol., Rio de Janeiro , v. 14, n. 2, June
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Brasil: uma breve consideração. Acta paul. enferm., São Paulo , v. 18, n. 4,
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PATRICIO, Karina Pavão et al . O segredo da longevidade segundo as
percepções dos próprios longevos. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro , v. 13,
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VIANA DE FREITAS, Elizabete. Tratado de Geriatria e Gerontologia. 2ª
Edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
5
Alterações demenciais na doença de Parkinson
Francielly Nardy Souza¹, Márcia Cristina Almeida Soares¹.
Resumo
A Doença de Parkinson (DP) é a terceira doença neurodegenerativa mais comum nos idosos. Foi descoberta em 1817
por James Parkinson. De etiologia desconhecida, afeta neurônios dopaminérgicos da substância negra, resultando em
uma diminuição da dopamina no corpo estriado, substância negra e regiões profundas. A DP é conhecida mais pelos
seus sintomas motores, os sintomas cognitivos foram negligenciados desde a descoberta da doença. Acreditavase que as funções cognitivas permaneciam inalteradas. Com a evolução do quadro, a queda de dopamina leva a
manifestações que estão associadas a distúrbios não motores (distúrbio do sono, deficit cognitivo e depressão).
Quanto mais tarde surgir a doença, maiores as chances de o indivíduo desenvolver o quadro demencial e este merece
uma atenção especial, pois não recebe o mesmo tratamento da doença clássica, somente com sintomas motores.
Introdução
deteriorização das habilidades cognitivas ocorram com
o progredir da patologia.
Os quadros neuropsíquicos da Doença de
Parkinson incluem distúrbios cognitivos/demência;
depressão;
alucinações/delírios/delirium;
mania/
hipomania; ansiedade.
O risco de um Parkinsoniano desenvolver
demência é maior se a doença se iniciar mais tarde e é
duas vezes maior em relação à população. Cerca de 10
a 50% dos pacientes apresentarão demência¹ e esta deve
aparecer nos 12 primeiros meses para ser considerada
como associada ao Parkinson, o que aumenta também
o risco de morte.²
As alterações da memória estão entre as
manifestações mais comumente encontradas na doença,
pois o paciente apresenta dificuldades em recordar
informações verbais recentemente aprendidas, além de
afetar a memória não verbal.
O Miniexame do Estado Mental e o Exame
Cognitivo de Cambridge (Cambridge Cognitive
Examination [CAMCog]) são utilizados para
investigação demencial nos Parkinsonianos. A
sensibilidade de ambos são semelhantes, porém, o
CAMCog tem maior especificidade.²
A demência apresenta-se como abulia, dificuldade
na resolução de problemas, processamento lento das
informações, prejuízo na elaboração conceitual.
A função visual também está comprometida
nesses pacientes pela queda de dopamina da retina.²
A Doença de Parkinson (DP) inicialmente foi
descrita em 1817 por James Parkinson, que a denominou
de paralisia agitante que se apresenta com movimentos
trêmulos involuntários, hipoparesia, projeção anterior do
corpo e marcha festinante. Sua patogênese se caracteriza
por degeneração da substância negra com perda gradual
de neurônios dopaminérgicos pigmentados e neurônios
com presença de corpos de Lewy.
As alterações cognitivas não foram merecidamente
estudadas na descoberta da doença, pois se acreditava
que o intelecto não sofria alterações.
Objetivo
Esta revisão tem como objetivo analisar o quadro
demencial dos Pacientes com Doenças Parkinson,
possíveis causas e tratamento.
Métodos
Este resumo incorporou os artigos obtidos por
meio do Scielo.
Revisão de Literatura
A Doença de Parkinson caracteriza-se por perda
da função monoaminérgica múltipla, além de deficit de
sistemas dopaminérgico, colinérgicos, serotoninérgicos
e noradrenérgicos. A queda desses neurotransmissores
prejudica o desempenho do organismo de dominar os
movimentos normais.
Doença de caráter crônico, é de praxe que a
Tratamento da demência associada ao
Parkinson
É contraindicado o uso de determinados
medicamentos antiparkinsoniano na demência
1. Universidade Severino Sombra, discente do curso de Medicina, Vassouras-RJ, Brasil.
6
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Palavras-Chave: Doença de Parkinson. Demência. Dopamina.
associada ao Parkinson, devido aos efeitos adversos
neuropsíquicos, por isso, deve ser feita uma escolha
cuidadosa do antiparkinsoniano, com exclusão de
anticolinérgicos.
As drogas que apresentam melhores resultados no
tratamento da Doença de Alzheimer também apresentam
eficácia para o quadro demencial do Parkinson, tais
como Rivastigima, Donazepil e Galantamina.
O uso de Levodopa teve como resposta um
benefício na atenção ou funções cognitivas, devido à
ação da dopamina.
Conclusão
A DP não compromete apenas o sistema motor,
mas a cognição dos pacientes e causam redução na
qualidade de vida. A identificação dos fatores de risco
podem servir como prevenção da instalação dos quadros
não motores. As drogas que apresentam melhores
resultados no tratamento da Doença de Alzheimer
também apresentam eficácia para o quadro demencial
do Parkinson.
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Referências
1. MELO, L. M. ; BARBOSA, E. R; CARAMELLI, P. Declínio cognitivo
e demência associados à doença de Parkinson: características clínicas e
tratamento. Revista de Psiquiatria Clínica; 34 (4); 176-183, 2007.
2. CAIXETA, L.; VIEIRA, R. T. Demência na doença de Parkinson. Revista
Brasileira de Psiquiatria; 30(4); 375-83, 2008.
3. GALHARDO, M. M. A. M. C; AMARAL, A. K. F. J.; VIEIRA, A.C.C.
Caracterização dos distúrbios cognitivos na Doença de Parkinson. Revista
CEFAC; v.11, Supl2, 251-257, 2009.
4. BARBOSA, E. R.; LEFÉVRE, B. H.; COMERLATTI, L.R.; SCAFF, M.;
CANELAS, H. M. Disfunções neuropsicológicas na doença de Parkinson:
estudo de 64 casos. Arquivos de Neuro-Psiquiatria. vol.45 no.2 São Paulo
jun. 1987.
5. PAMPLONA, L. A. L.; MATTOS, J. P. Demência na doença de Parkinson:
avaliação crítica da literatura. Arquivos de Neuro-Psiquiatria. vol.54 no.4
São Paulo dez. 1996.
7
Avaliação da eficácia de diferentes desinfetantes domésticos frente
a diversas bactérias
Luisa Costa Oliveira Valente¹, Diana Morra de Lima Oliveira Carvalhêdo¹, Neila Lilyane da Silva Gomes
Francisco¹, Caroline da Costa Noel¹, Francine Motta Silvério¹, Lidiane de Castro Soares¹.
Resumo
Agentes químicos para rápida desinfecção são importantes no controle das infecções bacterianas. As modernas preparações
de desinfetantes cumprem com os padrões europeus de amplo espectro de ação e eficácia. Álcool, aldeídos, fenóis, biguanidas,
compostos de quaternário de amônio e peróxido têm sido empregados há anos como agentes ativos nas formulações de
desinfetantes. A aplicação por longo tempo de preparações conhecidas promove seleção de cepas com baixa sensibilidade para
a substância ativa e promove aquisição de mecanismos de resistência. Neste trabalho detectou-se a inibição do crescimento
bacteriano frente a 3 desinfetantes comerciais testados. Logo, 1 desinfetante não inibiu o crescimento bacteriano. Por isso,
se faz importante o conhecimento da atividade antimicrobiana destes produtos frente a micro-organismos gram-negativos
e gram-positivos, para se estabelecer estratégias em relação ao uso racional do mesmo. Este trabalho tem como objetivo
a avaliação da eficácia antimicrobiana de 4 desinfetantes de uso doméstico frente a bactérias com potencial patogênico.
Introdução
extravasamento dos componentes celulares devido ao
rompimento da membrana, além de desnaturação de
proteínas e enzimas (MIYAGI et al., 2000). Por esse
motivo, se faz importante o conhecimento da atividade
antimicrobiana destes produtos desinfetantes frente a
micro-organismos Gram-negativos e Gram-positivos
e essencial para o estabelecimento de estratégias em
relação ao uso racional (REIS et al., 2011). No entanto
sabe-se que há uma menor suscetibilidade das bactérias
Gram-negativas a esses compostos, em comparação às
Gram-positivas, este fato esta relacionado à presença
da membrana externa, de natureza lipoproteica, que
age como uma barreira, limitando a entrada de muitos
tipos de agentes antibacterianos, diminuindo sua ação
(MIYAGI et al., 2000).
Contudo, há um desenvolvimento de resistência
bacteriana que representa um constante desafio em todo
o mundo. A presença de micro-organismos resistentes a
desinfetantes pode ser resultado do uso indiscriminado
destes produtos. Entretanto, para verificação da qualidade
dos desinfetantes, vários aspectos devem ser avaliados
como principio ativo, estabilidade, toxicidade, atividade
antimicrobiana entre outros, devem ser considerados e
avaliados (REIS et al., 2011).
Este trabalho tem como objetivo a avaliação
da eficácia antimicrobiana dos desinfetantes de uso
doméstico frente a bactérias com potencial patogênico.
Nos dias atuais, os desinfetantes com atividade
antimicrobiana vêm sendo muito empregados em largo
espectro em diferentes ambientes, incluindo a indústria
de processamento de alimentos, bebidas, farmacêutica,
médico-hospitalar e em casa (REIS et al., 2011).
Os desinfetantes são, como todo agente biológico
e físico, capazes de exercer uma ação nociva aos microorganismos e impedir a sua sobrevivência. Entretanto,
podem apresentar pouca eficácia quando na presença de
matéria orgânica, sujidades ou urina, dificultando, desta
forma, a atuação eficaz do produto (COUTINHO et al.,
2012).
Os desinfetantes têm diferentes agentes químicos
em sua composição, cada qual com seu fator de ação,
entre eles temos de exemplo o fenol, aldeídos, álcool,
biguanidas, metais pesados, peroxigênio, compostos
halogenados, e compostos quaternários de amônia
(REIS et al., 2011).
Um biocida que apresente concentração
relativamente inferior a estabelecida pode resultar numa
ação insatisfatória frente aos micro-organismos. Porém
o seu uso abusivo pode resultar em serias intoxicações,
podendo levar ate ao óbito (REIS et al., 2011).
Um dos compostos mais usados nos dias de hoje
são os de amônio quaternário – QACs, mesmo sem
conhecer detalhadamente o mecanismo de ação sobre
a célula microbiana, é amplamente aceito que atuem
sobre membranas, tendo como alvo predominante a
membrana citoplasmática, causando perda estrutural
na sua organização e integridade, junto a outros
efeitos danosos para a célula microbiana, como o
Materiais e Métodos
Até o presente momento foram avaliados cinco
tipos de desinfetantes comerciais para uso domésticos,
frente a diferentes bactérias representadas por
1. Universidade Severino Sombra, Vassouras-RJ, Brasil.
8
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Palavras-Chave: Ação antimicrobiana. Bactérias. Desinfetantes.
Staphylococcus aureus, Klebsiella sp., Pseudomonas
aeruginosa e Micrococcus sp. As bactérias foram cedidas
pelo Laboratório de Microbiologia da Universidade
Severino Sombra e todos os testes foram realizados em
triplicata para aumentar a confiabilidade.
O método utilizado para avaliação antimicrobiana
de desinfetantes foi o da difusão em Meio Sólido
Utilizando Papel Filtro.
A ação antimicrobiana dos desinfetantes foi
determinada através da inoculação de 100 µl de
cada bactéria em Ágar Müeller Hinton. A suspensão
bacteriana foi espalhada em cada placa com o auxílio da
alça de Drigalsky. Posteriormente, discos de papel filtro
foram impregnados com 10 µl de cada desinfetante e
posteriormente adicionados à placa de Petri contendo o
meio e acultura já semeada. Os halos de inibição foram
medidos após 24 horas de incubação em estufa a 37°C,
com auxílio da régua. Foram levados em conta todos
os halos de inibição, mesmo com valores superiores ou
inferiores a 10 mm de diâmetro. E em seguida calculouse a média aritmética para cada agente químico
(TORTORA et al., 2010).
Sabe-se que estes agentes químicos são
comumente utilizados em residências para realização
da limpeza. No entanto, dependendo do princípio ativo
e da bactéria, o desinfetante pode não atuar impedindo
o seu crescimento. Isto pode ser justificado pelo fato
das bactérias possuírem a capacidade de aquisição de
resistência, inviabilizando, portanto, a utilização de
determinados produtos comerciais. A aplicação por
longo tempo de desinfetantes promove seleção de
cepas com baixa sensibilidade para a substância ativa e
promove aquisição de mecanismos de resistência.
Todos os testes foram conduzidos com cinco
repetições para cada isolado para maior garantia dos
resultados obtidos.
Os resultados do estudo apontaram a sensibilidade
da maioria dos micro-organismos a 3 desinfetantes
estudados.
Em apenas 1 desinfetante estudado não foi
observado inibição do crescimento microbiano,
provavelmente devido a baixa concentração do seu
princípio ativo.
A aplicação de desinfetantes por longo tempo
promove seleção de cepas com baixa sensibilidade para
a substância ativa e promove aquisição de mecanismos
de resistência.
Resultados e Discussão
Os resultados do teste de suscetibilidade de
diferentes desinfetantes frente a Micrococcus spp.,
Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus aureus e
Pseudomonas aeruginosa estão dispostos na tabela 1.
Referências
Tabela 1. Tamanho dos halos de inibição de diferentes bactérias
frente aos desinfetantes testados.
Bactérias
COUTINHO, LUCIANA C.A. et al. Eficácia in vitro de desinfetantes
utilizados na anti- sepsia dos tetos frente a leveduras isoladas do leite de
vaca com mastite. Pesq. Vet. Bras. v.32, n.(1), p.61-65, 2012.
Tamanho do halo de inibição
aos diferentes desinfetantes
em milímetros
1
2
3
4
Micrococcus spp.
9,6
0
20,3
23,3
Klebsiella pneumoniae
7,6
0
11,6
8
Staphylococcus aureus
11
0
20,3
20,3
Pseudomonas aeruginosa
19
5,6
24,6
24,6
MIYAGI F., TIMENETSKY J. E ALTERTHUM F. Avaliação da contaminação
bacteriana em desinfetantes de uso domiciliar. Rev. Saúde Pública 2000
REIS L.M., RABELLO B.R., ROSS C., SANTOS L.M.R. Avaliação da
atividade antimicrobiana de antissépticos e desinfetantes utilizados em um
serviço público de saúde. Rev Bras Enferm, Brasilia 2011.
TORTORA, G.J.; FUNKE, B.R.; CASE, C.L. Microbiologia. 10° Edição.
Editora: Artmed, 2010.
Fonte. Arquivo pessoal
Foi possível observar que os desinfetantes
1, 3 e 4 apresentaram halo de sensibilidade frente
as bactérias testadas, sendo os desinfetantes 3 e 4 os
que apresentaram maiores halos de inibição. Nestes
desinfetantes, o princípio ativo é a amônia quaternária,
cloro ativo e clorofenol, respectivamente.
O desinfetante 2 não apresentou inibição do
crescimento bacteriano, sendo este representado
pelo cloro. O que diferencia o desinfetante 2 do 3
é a concentração do cloro, onde o cloro está mais
concentrado no desinfetante 3.
9
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Conclusões
Autopercepção do estado de saúde pelos moradores dos bairros Ipiranga
e Itakamosi – Dados preliminares de uma pesquisa seccional
Renata Oliveira Melhem Franco¹, Vitória Maria Tomaz¹, Nicole Lopes Veneziani¹, João Carlos de Souza Côrtes
Júnior², Elisa Maria Amorim da Costa², Sebastião Jorge da Cunha Gonçalves², Marcos Antônio Mendonça²,
Maria Cristina Almeida de Souza².
Resumo
A avaliação de autopercepção de saúde tem se mostrado método confiável e válido para a mensuração do estado de
saúde das pessoas, além de ser de fácil aplicação. O objetivo deste trabalho é descrever a autopercepção do estado
de saúde dos moradores dos bairros Ipiranga e Itakamosi, em Vassouras, na região Centro-Sul Fluminense.
As informações foram obtidas por meio de um questionário estruturado e os dados interpretados através de
distribuição de frequências. Os resultados evidenciaram que 41,6% da amostra (n=20) consideraram bom
seu estado de saúde, enquanto 37,5% (n=18) e 10,4% (n=5) o consideraram, respectivamente, regular e ruim.
Somente 6,25% (n=3) dos participantes se autopreencheram como em muito bom estado de saúde. Concluiuse que há pouca prevalência de autopercepção do estado de saúde muito bom entre os participantes da pesquisa.
Introdução
Métodos
O conceito de saúde sofreu mudanças ao longo
dos anos. Antigamente, quando se pensava em saúde,
levava-se em consideração o indivíduo que não tinha
patologias. Atualmente, a Organização Mundial de
Saúde (OMS) define saúde não apenas como a ausência
de doença, mas como a situação de perfeito bem-estar
físico, mental e social, fruto de um bom funcionamento
biopsicossocial. A saúde é um dos direitos fundamentais
do ser humano. Muito mais do que a ausência de
doenças, pode ser definida como qualidade de vida. O
processo saúde-doença reflete a ligação entre o corpo
e a sociedade, sendo a saúde um complexo processo
que envolve fatores como o lugar, a classe social e a
época apresentando, portanto, caráter diversificado
dependendo de valores individuais, concepções
religiosas, científicas e filosóficas.
A autopercepção de saúde contempla vários
aspectos da saúde física, cognição e capacidade funcional.
A avaliação de autopercepção de saúde tem se mostrado
método confiável e com validade equivalente a outras
medidas mais complexas para a mensuração do estado
de saúde de um sujeito, além de ser de fácil aplicação.
A autopercepção de saúde se associa fortemente com o
estado real ou objetivo de saúde das pessoas e pode se
considerada uma representação das avaliações objetivas
de saúde.
O objetivo deste trabalho é descrever a
autopercepção do estado de saúde pelos moradores dos
bairros Ipiranga e Itakamosi.
Trata-se de um estudo descritivo, seccional,
parte integrante da pesquisa “Perfil sociodemográfico
e condições de saúde de famílias residentes nos
bairros Ipiranga e Itakamosi, em Vassouras-RJ”,
aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
USS em 14/06/2013(Parecer 308.142 – CAAE
15973913.6.0000.5290). A população (n=38) foi
constituída indivíduos de ambos os gêneros, moradores
dos bairros Ipiranga e Itakamosi, locus do Projeto
Ipiranga. A coleta de dados foi realizada nos meses
de março e abril de 2014, por meio de questionário
estruturado. Os dados foram analisados pela distribuição
de frequências.
Resultados e Discussão
A análise da percepção de saúde de um
determinado local destina-se ao estudo da sociedade
e das doenças. Tais itens estão intimamente ligados
quando se busca compreender a qualidade de vida das
populações. A percepção da saúde representa uma visão
multidimensional e subjetiva do indivíduo, que costuma
considerar uma série de fatores quando analisa sua
própria saúde.
O conhecimento sobre a autopercepção da saúde
da população contribui para orientar decisões políticas
e sociais que tenham como meta a qualidade de vida e
não meramente a saúde física. A investigação rotineira
da autopercepção da saúde é importante para aumentar
1. Universidade Severino Sombra, discente do curso de Medicina, Vassouras-RJ, Brasil.
2. Universidade Severino Sombra, docente do curso de Medicina, Vassouras-RJ, Brasil.
10
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Palavras-Chave: Saúde. Pesquisa. Dados.
a adesão dos indivíduos a comportamentos saudáveis.
Os resultados evidenciaram que 41,6% da
amostra (n=20) consideraram bom seu estado de saúde,
enquanto 37,5% (n=18) e 10,4% (n=5) o consideraram,
respectivamente, regular e ruim. Somente 6,25%
(n=3) dos participantes se autoperceberam como em
muito bom estado de saúde. Concluiu-se que há pouca
prevalência de autopercepção do estado de saúde muito
bom entre os participantes da pesquisa.
Em um contexto de abandono e de dificuldades,
uma das áreas que poderiam ser mais bem exploradas
é a das ações de educação em saúde com ênfase na
autoproteção e na autopercepção, conscientizando a
pessoa para a necessidade de cuidados com sua saúde.
Importante que os participantes da pesquisa estejam
motivados para o autocuidado, no que poderá ser
orientado pelos profissionais de saúde, pelos alunos e
professores envolvidos na pesquisa.
Considerações Finais
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Percebeu-se que a visão multidimensional e
subjetiva dos participantes desta pesquisa norteou sua
percepção da saúde.
Concluiu-se que há pouca prevalência de
autopercepção do estado de saúde muito bom entre
os participantes da pesquisa, com prevalência da
autopercepção do estado regular de saúde.
Há necessidade de dar continuidade à pesquisa
para uma conclusão pautada em amostragem maior.
Referências
FREITAS, D.H.M.; CAMPOS, F.C.A.; LINHARES, L.Q.; SANTOS, C.R.;
FERREIRA, C.B.; DINIZA, B.S.; TAVARES, A. Autopercepção da saúde e
desempenho cognitivo em idosos residentes na comunidade. Rev Psiq Clín.,
v. 1, n.37, p. 32-5, 2010.
SOUZA, M.S. Estudo populacional sobre os determinantes da autopercepção
de saúde em idosos residentes em comunidade. Mestrado (Dissertação) em
Enfermagem e Saúde. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Jequié/
BA, 2012.
BACKES, M.T.S.; ROSA, L. M.; FERNANDES, G.C.M.; BECKER, S.G.;
MEIRELLES, B.H.S.; SANTOS, S.M.A. Conceitos de saúde e doença ao
longo da história sob o olhar epidemiológico e antropológico. Rev. enferm.
UERJ, Rio de Janeiro, v.1, n.17, p.111-7, 2009.
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Rio de Janeiro, n.17, v.1, p.29-41, 2007.
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11
Avaliação do emprego da terminologia anatômica na literatura
científica brasileira
Anderson Cardoso¹, Emílio Conceição de Siqueira².
Resumo
A terminologia anatômica é o fundamento da terminologia médica. É importante que seja usado em todo o mundo o
mesmo nome para cada estrutura. Ao avaliar quanto esta recomendação tem sido seguida na literatura científica brasileira,
este trabalho verificou que existe uniformidade e quanto isso influencia na pesquisa bibliográfica. Foram feitas consultas
à base SciELO utilizando-se 38 epônimos e seus correspondentes termos oficiais. A busca pelos epônimos encontrou
29 publicações, contra 31 pelos correspondentes, sendo que mais artigos foram recuperados pelos epônimos em 11
pares, contra 8 pelos correspondentes. Para 5 pares os resultados foram iguais. A busca só foi positiva pelos epônimos
em 11 pares e pelos correspondentes em 6 pares. Conclui-se que a falta de uniformidade gera dificuldades na pesquisa
bibliográfica; recomendações que visem à uniformidade mediante a Terminologia Anatômica não estão sendo plenamente
aplicadas; a falta de padronização pode impedir que informações sejam recuperadas.
Palavras-Chave: Terminologia anatômica. Epônimos. Anatomia humana.
Introdução
A pesquisa bibliográfica é a base de qualquer
trabalho científico. Para realizá-la, utilizam-se palavraschave, por meio das quais os trabalhos foram indexados
nas bases de dados. Esses termos são escolhidos pelos
autores dos artigos. São, portanto, o caminho pelo
qual podem ser localizados. É fundamental que os
autores façam uma escolha criteriosa e adequada destas
palavras, para que a indexação permita a recuperação
de seus trabalhos, quando procurados pelos seus pares.
(LAMY et al., 2008) Dessa forma, a escolha dos termos
corretos, tanto pelos autores quanto pelo pesquisador
que consulta a base de dados, é fundamental para o
êxito da busca. Essa é a importância da uniformidade na
linguagem científica.
A terminologia anatômica é o fundamento da
terminologia médica e é importante que médicos e
cientistas em todo o mundo usem o mesmo nome para
cada estrutura. (SBA, 2001; WERNECK et al., 2009)
Com esse objetivo foi publicada em 2001 a versão
brasileira da Terminologia Anatômica Internacional, pela
Sociedade Brasileira de Anatomia (SBA). Tendo sido
adotada pela International Federation of Associations
of Anatomists (IFAA) essa terminologia se sobrepõe a
todas as listas precedentes (SBA, 2001). É, portanto, a
nomenclatura oficial que deveria ser empregada.
Ao avaliar o quanto essa recomendação tem sido
seguida na literatura científica brasileira, o presente
trabalho verifica se existe uniformidade na linguagem
empregada e o quanto isso tem influência sobre os
resultados de consultas feitas a bases de dados.
Material e Métodos
Para avaliar o quanto tem sido empregada a
terminologia anatômica na literatura científica brasileira
foram feitas consultas à base de dados SciELO utilizandose epônimos – nomes próprios utilizados para compor
nomes de estruturas anatômicas (ABIB, 2005) – e seus
correspondentes termos oficiais em português.
Como amostra, foram escolhidos 38 epônimos
ainda empregados nos meios clínico e acadêmico,
embora tenham sido banidos da terminologia desde
1955. (SBA, 2001).
Os critérios para que os artigos fossem incluídos
como resultados válidos nas consultas foram: origem,
Brasil; idioma, português; ano de publicação, a partir de
2002; tema relacionado à anatomia humana.
Resultados e Discussão
A Tabela 1 apresenta os resultados obtidos nas
consultas. Dos 38 pares pesquisados, 24 tiveram no
mínimo um resultado.
1. Universidade Severino Sombra, discente do curso de Medicina, Vassouras-RJ, Brasil.
2. Universidade Severino Sombra, docente do curso de Medicina, Vassouras-RJ, Brasil.
12
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
A pesquisa se justifica pelo fato de a falta de
uniformidade comprometer a reprodutibilidade das
palavras, pois várias correntes são criadas, cada uma
seguindo a ideologia apropriada que elege. Ademais,
pode causar dificuldade ao se fazer uma pesquisa por
palavra-chave, tendo em vista que uma mesma estrutura
exibe várias grafias. (JANA et al. 2011; NOVAK et al.,
2008)
Termos oficiais
Epônimos
correspondentes
Epônimo
em Português
Ampola
1
Ampola de Vater
2
Ângulo de Louis
Ângulo do esterno
3
4
5
6
7
8
9
1
0
1
1
2
1
0
5
0
1
1
0
1
Divertículo ileal
2
0
Ducto pancreático
1
7
3
0
4
0
Sulco central
0
1
Fissura de Sílvio
Sulco lateral
0
1
Forame
Abertura lateral do
de Luschka
4º ventrículo
1
0
1
1
1
0
1
1
1
0
1
0
2
0
1
1
0
12
0
1
1
0
Bolsa
Infundíbulo da
vesícula biliar
Canal
Seio venoso da
de Schlemm
esclera
Cápsula
Bainha do bulbo
de Tenon
do olho
Círculo
Círculo arterial do
de Willis
cérebro
Criptas
Glândulas
de Lieberkühn
intestinais
Divertículo
de Meckel
Ducto
de Wirsung
11
Feixe de His
14
15
16
17
18
19
20
21
22
hepatopancreática
de Hartmann
Fáscia de Scarpa
13
Oficial
1
10
12
Te r m o
Fissura
de Rolando
Estrato
membranáceo
Fascículo
atrioventricular
Forame
Forame
de Monro
interventricular
Fundo-de-saco
Escavação
de Douglas
retouterina
Gânglio
de Gasser
Gânglio trigeminal
Ligamento
Músculo suspensor
de Treitz
do duodeno
Ligamento
de Cooper
Órgão de Corti
Ligamentos
suspensores da
Órgão espiral
Trígono
de Calot
cistohepático
Trompa
23
Valva de Tebésio
24
Veia de Galeno
Figura 2. Resultados superiores para um dos descritores.
Fonte: Arquivo pessoal
mama
Triângulo
de Eustáquio
Figura 1. Artigos recuperados.
Fonte: Arquivo pessoal
Tuba auditiva
Valva do seio
coronário
Veia cerebral
magna
Fonte. Arquivo pessoal
Figura 3. Resultado positivo para um único descritor.
Fonte: Arquivo pessoal
13
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
No total, 60 artigos foram recuperados, sendo 31
(52%) pelos termos oficiais e 29 (48%) pelos epônimos
(ver Figura 1). A pequena variação entre os resultados
demonstra que é considerável o número de publicações
que ainda emprega epônimos, em detrimento da
Terminologia Anatômica.
Dentre os 24 pares analisados, em 19 deles houve
superioridade no número de artigos recuperados por
um dos descritores em relação ao outro, sendo que em
11 deles (46%), os resultados foram maiores para os
epônimos, contra 8 (33%) para os termos oficiais. Em
5 pares (21%), os resultados foram iguais entre os dois
descritores (ver Figura 2).
No total, 17 pares só tiveram resultado positivo
para um dos descritores, sendo 6 (35%), para os termos
oficiais e 11 (65%), para os epônimos (ver Figura 3). Esta
última análise se mostra a mais relevante, pois demonstra
claramente a influência que a falta de uniformidade tem
sobre os resultados das pesquisas bibliográficas.
Tabela 1. Epônimos e seus termos oficiais correspondentes em
português.
Conclusões
A falta de uniformidade na literatura científica
gera dificuldades na pesquisa bibliográfica, pois
prejudica a reprodutibilidade das palavras-chave.
As recomendações da IFAA e da SBA visando
à uniformidade através da Terminologia Anatômica
não estão sendo plenamente aplicadas por autores
brasileiros, bem como por editores e revisores.
A falta de uma terminologia padronizada pode
impedir que informações sejam recuperadas em bases
de dados eletrônicas ou duplicar os esforços necessários
para fazê-lo.
Referências
ABIB, FC. ORÉFICE, F. Terminologia anatômica utilizada em oftalmologia.
Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, 2005, vol. 68, n. 2, p. 273-6.
JANA, N. BARIK, S. ARORA, N. Current use of medical eponyms – a need
for global uniformity in scientific publications. BioMed Central Medical
Research Methodology, 2009, 9:18.
LAMY, R. and DANTAS, AM. Nomenclatura anatômica em oftalmologia.
Arq Bras Oftalmol. 2008; 71(3); 446-58
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
NOVAK, EM. GIOSTRI, GS. NAGAI, A. Terminologia Anatômica em
Ortopedia. Revista Brasileira de Ortopedia, 2008, vol. 43, issue 4, p. 103-7.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ANATOMIA (SBA). Comissão Federativa
da Terminologia Anatômica, Terminologia Anatômica Internacional. São
Paulo: Manole, 2001.
WERNECK, AL. BATIGÁLIA, F. Anatomical eponyms in Cardiology from
to the 60s to the XXI century. Rev Bras Cir Cardiov.
14
Avaliação do nível de conhecimento dos moradores do quilombo
São José da Serra sobre zoonoses
Marília Machado de Souza¹, Renata Vitória Campos da Costa².
Resumo
O conhecimento sobre zoonoses nem sempre alcança à população exposta a riscos constantes, sendo necessárias ações
de educação sanitária. Este trabalho objetivou realizar um estudo do conhecimento dos moradores do Quilombo São José
da Serra sobre zoonoses. Foi aplicado um questionário estruturado junto à comunidade quilombola, em suas residências,
totalizando quinze entrevistas. Utilizou-se da análise das respostas para interpretação e discussão dos resultados. Foi
possível identificar que ainda é muito grande o índice de pessoas que não têm noção do que é zoonose, apesar de todos os
entrevistados possuírem animais. Estas afirmações permitem entender o quão necessária é a abordagem deste assunto em
comunidades rurais, como a quilombola. Foi possível concluir, ao final deste trabalho, que os moradores do Quilombo São
José da Serra, em Valença-RJ, necessitam de maior esclarecimento quanto ao risco de aquisição de doenças transmitidas
por seus animais de estimação.
Introdução
acordo com os dados censitários demográficos de 2010
tem 71.843 habitantes, Índice de Desenvolvimento
Humano Municipal (IDH-M) 0,776 (IBGE, 2012), está a
comunidade quilombola São José da Serra, oficialmente
certificada como remanescente de quilombo em 1999,
pela Fundação Cultural Palmares (BRASIL, 2013).
Até a conclusão deste projeto, a comunidade não
tinha recebido do Instituto Nacional de Colonização
e Reforma Agrária (INCRA), o título da propriedade,
o que dificulta o acesso às políticas agrárias de terra,
à assistência técnica pelo agrônomo e pelo médico
veterinário e à comercialização formal dos seus produtos
(LOPES et al., 2008). O objetivo geral deste trabalho foi
verificar o conhecimento sobre zoonoses dos moradores
do Quilombo São José da Serra, no município de
Valença-RJ.
Zoonose é um termo utilizado para caracterizar as
doenças que são transmitidas entre homens e animais.
São várias as doenças e infecções causadas por agentes
que, direta ou indiretamente, são transmissíveis dos
animais ao homem e vice-versa. Os animais vetores
podem ser selvagens ou domésticos e as zoonoses
transmitidas representam impactos importantes na
saúde pública, na economia dos animais domésticos
e na preservação daqueles considerados selvagens.
Muitas zoonoses são transmitidas pelos animais de
estimação e se sabe que podem ser prevenidas por
meio de medidas profiláticas. Por este motivo, se faz
necessária a difusão de informações corretas sobre as
principais formas de prevenção, especialmente entre
grupos mais vulneráveis. O excessivo número de animais
domésticos, sobretudo, cães e gatos, passou a constituir
grave problema, tornando-os indesejados pelos agravos
produzidos a pessoas por aspectos estéticos, ambientais
ou pela presença de grupos de animais abandonados,
especialmente, devido aos hábitos inadequados de
manutenção e à procriação descontrolada (MEDITSCH,
2006).
O contato intenso com os animais de estimação,
aliado aos comportamentos e hábitos relacionados com
a higiene pode facilitar a transmissão de zoonoses, que
continuam representando um importante problema
de saúde, especialmente, para as populações menos
favorecidas.
Em Santa Isabel do Rio Preto, distrito na zona
rural de Valença, município de médio porte, que de
Material e Métodos
Este trabalho foi realizado em Santa Isabel do
Rio Preto, distrito na zona rural de Valença, município
onde está a comunidade quilombola São José da
Serra, oficialmente certificada como remanescente de
quilombo pela Fundação Cultural Palmares (BRASIL,
2013). Mediante abordagem quantitativa, realizada no
2.º semestre de 2013, foram coletados dados utilizandose um questionário estruturado com 18 perguntas
fechadas relativas ao conhecimento dos quilombolas em
relação às zoonoses transmitidas por cães, gatos e aves.
Os dados foram analisados por estatística descritiva e
distribuição de frequências. Participaram deste estudo
15 quilombolas, todos, do gênero feminino.
1. Fundação Educacional D. André Arcoverde, discente do curso de Medicina Veterinária, Valença-RJ, Brasil.
2. Fundação Educacional D. André Arcoverde, docente do curso de Medicina Veterinária, Valença-RJ, Brasil.
15
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Palavras-Chave: Quilombolas. Doença. Transmissão.
Resultados e Discussão
leptospirose, e salmonelose, reconhecidamente,
problemas de saúde pública. Ações de educação em
saúde sobre a temática zoonose, prevenção e erradicação,
são essenciais para a qualidade de vida dos participantes
desta pesquisa, que, moradores de área rural, com baixo
nível socioeconômico, residentes em moradias com
precárias condições sanitárias, estão mais vulneráveis.
Desse modo, torna-se evidente a relevância da realização
de trabalhos educativos contínuos com o objetivo de
esclarecer quanto à assimilação de conceitos básicos
sobre a epidemiologia das zoonoses em comunidades
como o Quilombo São José da Serra.
Todas as residências das moradoras entrevistadas
dispunham de animais de estimação como cães, gatos, aves
e porcos. Todas as quilombolas entrevistadas desconhecem
o significado de zoonose. Quanto ao conhecimento da
existência das principais zoonoses transmitidas pelos animais
de estimação presentes nas residências, foi possível perceber
que algumas eram conhecidas, como raiva e sarna, porém
as demais, como toxoplasmose, leptospirose, e salmonelose
não eram de total conhecimento dos moradores. Observa-se que os resultados sugerem a inexistência no
momento da atuação de um médico veterinário que forneça
informações à população quilombola sobre zoonoses e
consulte e examine seus animais, ainda que caiba ao gestor
público, por meio do setor de vigilância sanitária e ambiental
do município, disponibilizar os serviços deste profissional.
Assim, é importante que estas pessoas tenham informações
sobre o que e quais são estas doenças, sua etiologia, seus
sinais e sintomas e também as formas de preveni-las.
Oito participantes deste estudo (53,3%) relataram
conhecimento sobre leptospirose, o que facilita a prevenção
ao risco de infecção, mas sinalizaram para a existência
de roedores na comunidade, o que demanda atividades
de prevenção e controle da leptospirose, representadas
principalmente pelo manejo ambiental e pelo controle de
vetores, com ênfase na melhoria das condições sanitárias
e de moradia da população, conforme o preconizado
pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2009). No Brasil,
no período de 2001 a 2008, foram notificados 105.787
casos de leptospirose, com 26% confirmados (NUNES et
al., 2001). Isto demonstra a importância da realização de
ações de educação em saúde na comunidade quilombola
de São José da Serra para alertar sobre a distribuição da
doença, formas de transmissão, manifestações clínicas e
medidas de prevenção, discutir a doença e suas formas de
infecção, prevenção e controle, visando à busca conjunta de
soluções considerando o conhecimento e a necessidade da
população.
O fato de 73,3% dos voluntários já ter ouvido falar
de doenças como a sarna e afirmarem saber como evitá-las
preocupa pois o ideal seria que todas as pessoas tivessem este
conhecimento. Vale ressaltar que apesar do desconhecimento
do termo técnico “zoonose”, há uma conscientização por
parte dos entrevistados de que animais transmitem doenças
aos seres humanos. Este constitui fator importante, pois ao
saberem que podem adquirir uma doença de um animal as
pessoas se preocupam em como preveni-la.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Série B. Textos Básicos em Saúde. Cadernos
de Atenção Básica, n. 22. Vigilância em Saúde. Zoonoses. Brasília, 2009.
BRASIL. FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES. Comunidades
Quilombolas. [Site da Internet] Acessado 02 de junho de 2013. Disponível
em: <http://www.palmares.gov.br/quilombola/#; 2000>.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico
2010: Resultados gerais da amostra, Rio de Janeiro: IBGE; 2012.
MEDITSCH, R.G.M. O médico veterinário na construção da saúde pública:
um estudo sobre o papel do profissional da clínica de pequenos animais em
Florianópolis, Santa Catarina. Revista CFMV, v. 12, n. 38, p. 45-55, maio/
junho/julho/agosto, 2006.
NUNES, E. R. C. N.; ALMEIDA, D. B.; GONÇALVES, M. A.; SILVA,
M. R.; MEDEIROS JUNIOR, A. G.; ROSA, M. G. S.; RODRIGUES, A.
E. N. Percepção dos idosos sobre o conhecimento e profilaxia de zoonoses
parasitárias. Biológico, v. 63, n. 1-2, p. 63-65, 2001.
Conclusões
Os moradores do Quilombo São José da Serra
necessitam de um maior esclarecimento quanto ao risco
de aquisição de doenças transmitidas por seus animais
de estimação, pois alguns desconhecem toxoplasmose,
16
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
LOPES D.; DIAS, A.; MANSUR, D. Trabalho e quilombolas: as relações
de trabalho dos residentes no quilombo São José da Serra - Valença/Rio de
Janeiro. Cadernos UniFOA, v. 7, p. 47-53, 2008.
Avaliação dos fatores de risco cardiovasculares nos acadêmicos do
curso de medicina da Universidade Severino Sombra
Luiza Vidoto Abrão¹, Flávio Luis da Costa Junior¹, Caroline de Medeiro Lopes¹.
Resumo
Estudo realizado por meio de questionários padronizados com entrevista com o fim de avaliar a presença de fatores de
risco para doenças cardiovasculares nos discentes do curso de Medicina no primeiro e oitavo períodos. A amostra constou
com 32 acadêmicos do 1.º período e 37 do 8.º. Os resultados finais foram obtidos mediante calculo em porcentagem dos
dados colhidos e comparados entre os diferentes períodos, com a intenção de visualizar as modificações através do tempo,
identificar os problemas e elaborar um plano individual de eliminação dos riscos modificáveis.
Resumo Expandido
ingere álcool nos finais de semana; 37% sobrepeso e
11% obesos; 5% apresentou PAS maior que 140mmHg
e PAD maior que 90mmHg e, 16% C/Q maior que 0,95.
No 8.º período foram analisados 37 alunos: 22 mulheres
e 15 homens sendo 54% com HF; 89% brancos e 11%
pardos. Das 22 mulheres, 70% faz AF; 87% não fuma;
0% DM; 91% ingere álcool nos finais de semana; 9%
sobrepeso e 0% obesa; 0% PAS maior ou igual a 140
e 5% PAD maior que 90mmHg e, 55% relação C/Q
maior que 0,80. Dos 15 homens, 73% faz AF; 73%
não fumam; 0% DM; 94% ingere álcool nos finais de
semana; 73% sobrepeso e 14% obesos; 0% PAS maior
ou igual a 140mmHg e 14% PAD maior que 90mmHg
e, 20% C/Q maior que 0,95. Com a avaliação dos
fatores de risco modificáveis, construímos um plano
individual de orientação para cada aluno, ressaltando a
importância da modificação destes somada aos fatores
não modificáveis para a prevenção das DCV. Estudos
epidemiológicos sugerem que dentre os fatores de risco
para DCVs alguns estão relacionados ao estilo de vida
e podem ser modificados. Esses fatores, geralmente são
encontrados de forma múltipla, em grande parte dos
pacientes, sendo sua maior prevalência nas áreas mais
desenvolvidas do país como a região sudeste. Em relação
ao sedentarismo, a maioria dos acadêmicos avaliados
faz atividade física, com uma maior proporção no 8.º
período. Poderíamos pensar em um aumento crescente
desta atividade física ao longo do curso, talvez até por
uma melhor conscientização porém, não temos os dados
iniciais da turma. Vários estudos já demonstraram que a
atividade física produz efeitos benéficos sobre a função
cardiovascular como, por exemplo, proteger o miocárdio
de vasoespasmos. Percebemos que o tabagismo tende ao
declínio e em compensação, a obesidade se mostrou em
ascensão. Fato que corrobora com a literatura, muitas
vezes mostrando a obesidade como uma epidemia.
Dentre as situações de adoecimento encontradas
em contexto mundial, as doenças cardiovasculares
(DCVs) apresentam altas taxas de mortalidade. No
Brasil, as DCVs são responsáveis por 33% dos óbitos.
Para a ocorrência das DCVs existem determinantes, os
¨fatores de risco¨, que podem ser: modificáveis e não
modificáveis. Os modificáveis podem ser modificados
ou atenuados por medicamentos ou mudanças no estilo
de vida. Os não modificáveis não são susceptíveis à
modificação ou eliminação. O somatório destes determina
o risco cardiovascular e a prevenção das DCVs depende
do seu controle. O objetivo foi identificar e quantificar
os fatores de risco modificáveis e não modificáveis
encontrados nos acadêmicos do 1.º e do 8.º períodos do
curso de Medicina. Trata-se de um estudo de natureza
quantitativa e qualitativa em que foram estudados
acadêmicos sorteados, aleatoriamente, os do 1.º e 8.º
períodos. A amostra constou de 32 acadêmicos do 1.º e
37 do 8.º, o que corresponde a 50% de cada turma, com
idades entre 18 e 28 anos, de ambos os sexos. Os dados
foram obtidos por meio de entrevista com utilização de
questionário padronizado. As variáveis estudadas foram
história familiar (HF) para DCV, raça, atividade física
(AF), tabagismo, consumo de álcool, diabetes mellitus
(DM), pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica
(PAD), índice de massa corporal (IMC) e relação
cintura-quadril (C/Q). No 1.º período foram analisadas
32 alunos:13 mulheres e 19 homens sendo 40% com
HF; 95% brancos e 5% pardos. Das 13 mulheres, 55%
fazem AF; 85% não fumam, 0% DM; 55% ingerem
álcool nos finais de semana; 15% sobrepeso e 0% obeso;
0% PAS maior ou igual a 140mmHg e PAD maior
ou igual a 90mmHg e, 23% C/Q maior que 0,80. Dos
homens, 58% faz AF, 70% não fumam; 0% DM; 80%
1. Universidade Severino Sombra, discente do curso de Medicina, Vassouras-RJ, Brasil.
17
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Palavras-Chave: Fator de risco. Cardiovascular. Discente.
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Neste caso, as mudanças sociais e culturais no padrão
da alimentação destes acadêmicos devem ter sido os
fatores determinantes para este aumento. A ingestão
de álcool também se mostrou com taxas elevadas, fato
preocupante demonstrado em vários artigos consultados.
A relação cintura-quadril também se mostrou aumentada
principalmente nas mulheres, fato que traz preocupação
para um futuro próximo.
Como os fatores modificáveis apesar de, muitas
vezes, se mostrarem associados, é necessária uma
orientação personalizada, pois esta sim, representa uma
ferramenta importante para a prevenção dos fatores de
risco cardiovasculares.
O cuidado com a saúde se faz necessário
para evitar doenças futuras, a prática de atividade
física regular, habito alimentar saudável, não ingerir
bebidas alcoólicas, evitar o tabagismo, são condutas
extremamente importantes e trazem benefícios a curto
e médio prazo para a remissão de fatores de risco para
doenças cardiovasculares.
O conhecimento dos FR, associados à construção
de hábitos saudáveis, certamente trás benefícios não só
para os futuros médicos mas também aos seus pacientes,
na medida em que servirá como agente e educador,
promovendo a saúde e prevenindo doenças.
Referências
http://portal.saude.gov.br/saude/area.cfm?id_area=919
VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL DA
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA 2010.
http://publicacoes.cardiol.br/consenso/2010/Diretriz_hipertensao_
associados.pdf
IV DIRETRIZ BRASILEIRA SOBRE DISLIPIDEMIAS E PREVENSÃO
DA ATEROSCLEROSE DO DEPARTAMENTO DE ATEROSCLEROSE
DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. http://publicacoes.
cardiol.br/consenso/2007/diretriz_ DA.pdf
JACKSON R. Guidelines on preventing cardiovascular disiese in clinical
practice. Brasil Medical Journal. 320 (7236): 659-661, 2000.
POLANCZYK, C.A. Fatores de risco cardiovascular no Brasil: os próximos
50 anos! Arquivos Brasileiros de Cardiologia. 84(3); 199-201,março 2006.
18
Avaliação dos fatores que influenciam a qualidade de vida do idoso
Leandra Duarte Bastos¹, Paulo Sergio Falchi Junior¹, Bárbara Batista Goulart Portugal¹.
Resumo
A qualidade de vida dos idosos depende de aspectos sociais, ambientais e individuais, que determinam desigualdades
na saúde para essa faixa etária; a higidez e a independência são os fatores de maior importância para os idosos terem
qualidade de vida. O objetivo desse trabalho é avaliar, mediante de uma revisão bibliográfica, os fatores determinantes
para a qualidade de vida dessa população. Os resultados da revisão apontam para o fato de que idosos com baixo poder
socioeconômico têm menores índices de qualidade de vida, assim como os que têm menor participação no convívio
social. O acesso à saúde é dificultado para essas pessoas, por não disporem planos de saúde privado, dependendo
exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS), associados às condições de moradia insatisfatórias, alimentação
inadequada e ausência de atividades de lazer determinam uma menor qualidade de vida.
Introdução
Material e Métodos
Os idosos representam uma parcela cada vez maior
da sociedade brasileira e são motivo de preocupação
no que se refere a políticas públicas de saúde, sociais
e financeiras. A qualidade de vida deve fazer parte da
realidade do idoso, já que atingir a longevidade constitui
um dos maiores êxitos da população atual.
Para se avaliar a qualidade de vida devem ser
estudadas seis áreas: saúde física, estado psicológico,
nível de independência, relações sociais, ambiente e
espiritualidade. Estudos recentes mostram que atividades
básicas como se vestir, subir um lance de escada, pegar
ônibus, tomar medicação na hora certa e convívio social
são fatores que aumentam a independência do idoso e
a sua qualidade de vida. Já a incapacidade funcional é
um dos principais preditivos da mortalidade para esse
grupo.
A perda do papel social e o declínio da
funcionalidade, que normalmente ocorrem com a
aposentadoria, interferem marcantemente na qualidade
de vida. Os idosos com baixo poder socioeconômico têm
uma saúde mais debilitada em comparação com os de
melhor poder socioeconômico. Os gastos com a saúde,
principalmente medicamentos, dificulta o desprendimento
de verbas para lazer e cuidados com o bem-estar individual
considerando ainda que as pessoas acima de 60 anos são
responsáveis por mais da metade total da renda domiciliar
em 53% dos domicílios brasileiros¹.
Desse modo, a presente revisão bibliográfica
pretende avaliar os fatores que proporcionam qualidade
de vida para o idoso assim como evidenciar que os
determinantes sociais influenciam na longevidade e em
seu bem-estar, o que gera desigualdades no âmbito da
saúde.
Revisão bibliográfica por meio dos bancos de
dados do Scielo e Capes, buscando por trabalhos que
estabeleçam a relação entre fatores sociais, ambientais e
individuais com a qualidade de vida para o idoso.
Resultados e discussão: A partir da revisão foi
observado que as condições socioeconômicas, culturais
e ambientais distinguem os idosos, sendo que aqueles
que têm baixa renda, moradia precária, insegurança
alimentar e medicamentosa podem ter sua saúde
muito afetada gerando uma morbidade prematura e
mortalidade por doenças crônicas como cardiopatias,
acidentes vasculares e diabetes. As condições de vida
e trabalho que incluem educação, disponibilidade de
alimentos, padrão alimentar, condições de saneamento
e o próprio sistema de saúde são determinantes para a
qualidade de vida.
Jovens e adultos com carências educacionais e
financeiras serão os idosos que precisarão dos serviços
de saúde. As circunstâncias sociais de infância pobre
predizem pobreza na idade adulta e na velhice. Desse
modo, a educação é o caminho mais eficaz para acabar
com as desigualdades. A baixa escolaridade compromete
o acesso à educação em saúde, estratégia que possibilita
a adoção de comportamentos saudáveis e a mobilização
social para melhoria das condições de vida.
Constatou-se que os problemas de acesso à
saúde não se restringem apenas às características
socioeconômicas dos indivíduos, mas à estrutura e
disponibilidade de recursos oferecidos pelo Sistema
Único de Saúde (SUS), que muitas vezes é falho, e
dificulta o acesso, principalmente para os idosos, que
precisam enfrentar longas filas à espera de atendimento
médico. Muitas vezes, por não terem condições físicas e
1. Universidade Severino Sombra, Vassouras-RJ, Brasil.
19
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Palavras-Chave: Qualidade de vida. Idoso. Saúde.
psicológicas para tal, desistem da consulta, o que agrava
sua condição de saúde.
As relações sociais foram um importante fator
de melhoria das condições de vida e fazem com que,
principalmente as mulheres idosas, participem de grupos
da terceira idade para a realização de atividades como
forma de entretenimento, fazendo com que esqueçam
dos problemas cotidianos e das enfermidades.
As ações individuais que determinam um estilo
de vida como a dieta pouco saudável, a falta de atividade
física, o tabagismo e o abuso do álcool favorecem o
acometimento por doenças cardiovasculares, diabetes,
obesidade, câncer e doenças respiratórias que estão entre
as principais causas de morte dos idosos brasileiros.
Porém, essas ações não podem ser desvinculadas do
contexto social e cultural do indivíduo, que na maioria
das vezes não permite a mudança do estilo de vida.
Por fim, a melhoria da educação possibilita
a mobilidade social e faz com que os programas de
educação em saúde promovam mudanças nos hábitos
individuais. A melhoria da estrutura e disponibilidade
dos recursos do SUS permitirá que na velhice as pessoas
tenham melhor qualidade de vida.
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Conclusões
A melhoria da qualidade de vida do idoso no
momento atual depende de políticas públicas que
ampliem e efetivem o acesso dos idosos aos serviços
de saúde e de lazer, fazendo com este tenha um
papel mais participativo e construtivo na sociedade,
desempenhando o direito de cidadania. Já o idoso do
futuro, será um espelho do jovem de hoje. Portanto, a
melhoria das condições de vida e de saúde para essa
faixa etária possibilitará que se chegue à velhice menos
dependente dos serviços de saúde e com uma maior
qualidade de vida.
Referências
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idoso. Ciência & Saúde Coletiva,17(1):123-133, 2012.
d’Orsi Eleonora, Xavier André Junqueira, Ramos Luiz Roberto. Trabalho,
suporte social e lazer protegem idosos da perda funcional: Estudo Epidoso.
Rev Saúde Pública 2011; 45(4):685-92
De Melo Mônica Cristina , Souza André Luiz, Leandro Edélvio Leonardo,
Mauricio Herika de Arruda, Silva Iêdo Donato, De Oliveira Juliana Maria
Oriá . A educação em saúde como agente promotor de qualidade de vida para
o idoso. Ciência & Saúde Coletiva, 14(Supl.1):1579-1586,2009 .
Pereira Renata Junqueira, Cotta Rosângela Minardi Mitre , Franceschini
Sylvia do Carmo Castro, Ribeiro Rita de Cássia Lanes, Sampaio Rosana
Ferreira, Priore Silvia Eloiza, Cecon Paulo Roberto . Influência de fatores
sociossanitários na qualidade de vida dos idosos de um município do Sudeste
do Brasil.
Costa Maria Fernanda Lima, Barreto Sandhi, Giatti Luana, Uchôa Elizabeth.
Desigualdade social e saúde entre idosos brasileiros: um estudo baseado na
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Cad. Saúde Pública, Rio de
Janeiro, 19(3):745-757, mai-jun,2003.
20
Avaliando a disciplina eletiva dinâmica de grupo ministrada para o
4.º período de Psicologia - Descobertas e aprendizados
Brenda Braga Barbosa¹, Amanda Fontes Silva¹, Carla Suzana Simões Vasconcelos¹, Marilza Edra
Nobre¹, Maurício Flores da Silva¹, Pollyana Guimarães Albino¹, Juliana Fernandes de Souza².
Resumo
O fio condutor do trabalho é a avaliação realizada com os alunos da disciplina eletiva de Dinâmica de Grupo, do curso
de graduação em Psicologia da Universidade Severino Sombra objetivando três momentos do grupo em relação aos
conhecimentos e visões sobre a disciplina e sua aplicação prática. Vale ressaltar que o presente trabalho apresenta somente
dois momentos de avaliação, já que o terceiro momento só será realizado ao final do período letivo. Os resultados,
mesmo preliminares e parciais, já mostraram muitas diferenças nas colocações do grupo percebendo um retorno de
aprendizagem muito significativo. Algumas palavras, especialmente, traduziram a avaliação dos estagiários no segundo
momento estando entre elas: surpreendente, integração, animador, grupo e fantástico.
Palavras-Chave: Dinâmica de grupo. Avaliação. Alunos.
Resultados e Discussões
A dinâmica de grupo pode ser definida como um
campo de pesquisas, com proposta de conhecimento
a respeito da natureza dos grupos, das regras que
determinam seu desenvolvimento e das relações entre
os membros do grupo.
A partir das aulas de dinâmica de grupo
ministradas para o 4.º período do curso de Psicologia
da Universidade Severino Sombra, optamos por avaliar
a situação de ensino de Dinâmica de Grupo, na própria
turma, de forma parcial, já que ainda não concluímos o
período letivo.
A disciplina tem como objetivo familiarizar os
alunos com a teoria e as técnicas de dinâmica de grupo e
experimentar, neles mesmos, os processos psicológicos
básicos em vivência de grupo.
A partir das respostas dos alunos podemos destacar
alguns pontos importantes a serem apresentados e discutidos
sobre a disciplina Dinâmica de Grupo considerando dois
momentos do semestre letivo.
Considerando as expectativas sobre a disciplina,
antes de iniciarmos as aulas, muitas palavras apareceram,
entre elas: cansativo, curiosidade, trabalho, obrigação,
complicado, animado, aprendizado, extenso, novidade,
chato, divertido, necessário, sono, integração, desgastante,
desnecessário, ajuda, entre outras. Essas palavras mostraram
expectativas boas e ruins, e mais ainda, distorcidas sobre
uma disciplina até então desconhecida.
Já em relação à avaliação parcial, realizada após
algumas aulas, o grupo reconheceu/traduziu a disciplina de
Dinâmica de Grupo com algumas palavras: envolvimento,
satisfação, articulação, preocupação, surpreendente,
divertido, busca, cativante, menos cansativo, fantástica,
dinamismo,
experiências,
relaxamento,
ânimo,
compromisso, grupo, embasamento entre outras.
O grupo de mostrou muito motivado em participar
das dinâmicas de avaliação e reconheceu a importância e a
finalidade das técnicas de avaliação tanto em sala de aula
quanto em grupos de cenários diversos.
A partir disso, conseguimos refletir sobre o ensino
de dinâmica de grupo e suas inúmeras possibilidades de
utilização.
Materiais e Métodos
Utilizando técnicas de dinâmica de grupo, com
objetivos de avaliação, verificamos as respostas da turma
do 4.º período do curso de Graduação em Psicologia da
Universidade Severino Sombra em relação à disciplina
de Dinâmica de Grupo, ministrada aos sábados, de
forma modular, (alguns sábados, no horário das 8h às
17h). As técnicas foram utilizadas considerando dois
momentos: a visão dos alunos antes de iniciarmos o
conteúdo (primeiro dia de aula) e visão atual (no meio do
período letivo). Ao final do semestre ainda utilizaremos
uma última técnica de avaliação para fecharmos o ciclo
do trabalho. Para apresentação do pôster utilizaremos o
wordle, com o fim de mostrar alguns resultados.
Conclusões
O grupo conseguiu sentir uma grande diferença
de visão nos dois momentos de avaliação e está bastante
1. Universidade Severino Sombra, Vassouras-RJ, Brasil.
21
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Introdução
satisfeito com os resultados das aulas no próprio grupo.
O wordle que será utilizado na apresentação do
pôster é um instrumento muito interessante e dinâmico
para apresentação de resultados.
Confirmamos que as dinâmicas de avaliação
são um instrumento importante para os professores,
uma vez que podem verificar as estratégias de ensinoaprendizagem e direcionam o planejamento de uma
disciplina.
Referências
ANTUNES, C. Manual de Técnicas de Dinâmica de grupo de sensibilização
de ludopedagogia. 21ª ed. Petrópolis: Vozes, 2001.
BARRETO, M.F.M. Dinâmica de Grupo: história, prática e vivências. 2ª ed.
Campinas: Alínea, 2004.
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
MINICUCCI, A; Dinâmica de Grupo: teorias e prática. 5ª ed. São Paulo:
atlas, 2002.
22
Contribuição das ações de extensão universitária na formação do
acadêmico de Medicina
Mariana Teixeira da silveira¹, Fábio Lopes Telles².
Resumo
Trata-se de um relato de experiência sobre a influência das ações de extensão universitária sobre o desenvolvimento e
formação acadêmica dos alunos do curso de Medicina da Universidade Severino Sombra (USS). A amostra foi realizada
por uma acadêmica do terceiro período do curso de Medicina desta universidade após a realização de um minicurso
teórico-prático de anatomia humana realizado pela Liga Acadêmica de Anatomia Humana. Objetiva-se demonstrar a
importante contribuição de ações desse tipo na formação acadêmica dos alunos envolvidos na organização, assim como
ressaltar as implicações benéficas resultantes para os demais participantes como público-alvo do projeto. Concluiu-se que
“a diversidade de atividades desenvolvidas pelos estudantes confirma que o processo educacional, sob responsabilidade
da instituição, envolve experiências que ultrapassam os limites da sala de aula e das exigências das atividades
curriculares obrigatórias e que, ambas, em interação, contribuem com mudanças significativas para a aprendizagem e o
desenvolvimento dos estudantes.” (FIOR, 2003).
Introdução
Acadêmica de Anatomia Humana o projeto de um
“Minicurso teórico-prático de membros superiores”. O
público-alvo se compôs de acadêmicos do 1.º período do
curso de Medicina, com intuito de proporcionar: revisão
de conhecimentos prévios (já que o tema estabelecido
está contido na grade curricular da disciplina de
Anatomia Sistêmica e Aplicada I),a aquisição de
novos saberes (destaque para o conhecimento das
aplicabilidades clínicas referentes ao tema proposto) e
à sua consequente fixação por meio de aulas teóricas
e práticas (apresentação de slides em power point e
exposição de peças cadavéricas), ações essas, que
foram seguidas de uma avaliação final teórico-prática
elaborada pelos próprios membros da Liga. O evento
contou com uma carga horária de 6 horas e participação
de 61 inscritos e tem como equipe organizadora os
catorze membros da Liga Acadêmica em questão,
sendo, posteriormente, certificado pela Pró-Reitoria de
Extensão Universitária.
Dentre os catorze participantes da Liga, três
atuaram com palestras em sala de aula realizando a
abordagem teórica, enquanto que os demais realizaram
a abordagem prática no IAUSS (Instituto de Anatomia
da Universidade Severino Sombra). O planejamento
da didática adotada foi realizado individualmente por
palestrante, ocasionando a liberdade do desenvolvimento
de habilidades quanto às relações interpessoais (durante
as palestras e com os demais integrantes do grupo) e a
capacidade de lidar com fatores estressantes (comuns
durante qualquer interação pessoal e inerentes a
prática clínica). A atribuição dessas responsabilidades
individuais foi feita por iniciativa própria, fato que,
segundo HAMAMOTO FILHO (2011) torna a ação
A oportunidade de desenvolvimento de ações de
extensão universitária constitui um fator contribuinte para
que o desenvolvimento acadêmico ocorra de maneira mais
consolidada e completa, partindo-se da premissa de que
“as relações são laboratório para o estudante aprender a
se comunicar, argumentar e refletir.” (CHICKERING e
REISSER in FIOR, 2011). Boa parte dessas atividades (como
simpósios, cursos e projetos) é realizada na USS pelas Ligas
Acadêmicas vinculadas ao Centro Acadêmico do curso de
Medicina, as quais demonstram ser um meio de integração
de diferentes grupos (principalmente por serem constituídas
de alunos de períodos distintos) que realizam troca de
experiências, proporcionando aos participantes a possibilidade
de desenvolver maior engajamento social e maturidade devido
às experiências vividas, além de constituírem grupo de alunos
dispostos a se aprofundarem sobre determinado assunto e
ainda terem atuação social.
Dessa forma, a promoção de atividades de extensão
universitária pelas Ligas Acadêmicas pode ser considerada
como importante veículo incentivador de criatividade,
interesse pelas necessidades do próximo e desenvolvimento
pessoal e acadêmico dos envolvidos, princípios esses tidos
como fundamentais já que a educação médica tem como
objetivos clássicos o desenvolvimento de características de
natureza cognitiva (conhecimento), psicomotora (habilidades)
e comportamental (atitudes) (TAVARES at al).
Metodologia
Em março de 2014 foi desenvolvido pela Liga
1. Universidade Severino Sombra, discente do curso de Medicina, Vassouras-RJ, Brasil.
2. Universidade Severino Sombra, docente do curso de Medicina, Vassouras-RJ, Brasil.
23
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Palavras-Chave: Graduação em medicina. Extensão universitária. Formação acadêmica.
teoricamente livre das formalidades acadêmicas,
estimulando o discente a aprender com prazer, atuando
num exercício de autogestão de seu aprendizado.
pode cooperar para um melhor aproveitamento da grade
curricular já que atua como promotora na veiculação de
saberes.
Resultados
Referências
Obtiveram-se respostas em dois diferentes níveis:
quanto aos acadêmicos organizadores e quanto aos
acadêmicos expectadores. Notou-se que o fato de atuar
como participante organizador de uma ação de extensão
desse tipo estimula os alunos ao desenvolvimento de suas
habilidades cognitivas, psicomotoras e comportamentais
contribuindo, portanto, com a consolidação de sua
formação acadêmica, que corresponde aos parâmetros
da educação médica.
Esse aspecto pode ser observado quando se
percebe a contribuição desse tipo de atuação no
desenvolvimento de uma postura mais segura e
convincente ao falar publicamente, diante do fato de
muitos alunos afirmarem ser a timidez um fator limitante
para o desenvolvimento adequado de algumas atividades
curriculares (como apresentação de seminários) e até
para o estabelecimento da relação médico-paciente,
nota-se uma resposta positiva quanto à superação desse
desafio por meio do modelo de ações de extensão
universitária.
Mediante os resultados satisfatórios das
metodologias adotadas durante as palestras observouse também que essas atribuições estimularam os alunos
ao desenvolvimento de novos modelos interativos para
a criação das aulas (tanto na abordagem teórica quanto
prática) e da avaliação final do evento (mediante o
desenvolvimento das questões para prova) conferindo
estímulo àqueles que almejam o magistério superior.
Quanto à resposta em relação aos participantes como
expectadores da ação, tornou-se plausível afirmar que
a existência de atividades de extensão universitária
permite a melhor assimilação das informações prestadas,
contribuindo tanto como um reforço para conteúdos
já conhecidos previamente (da grade curricular do
curso) como também é uma oportunidade para o
desenvolvimento de novos saberes.
FIOR, Camila Alves; MERCURI, Elizabeth; ALMEIDA, Leandro da
Silva. Escala de interação com pares: construção e evidências de validade
para estudantes do ensino superior. Psico-USF (Impr.), Itatiba , v. 16, n.
1, abr. 2011 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1413-82712011000100003&lng=pt&nrm=iso>. acessos em
29 abr. 2014. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-82712011000100003.
FIOR, C.A. Contribuições das atividades não obrigatórias na formação
universitária. 2003. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Educação,
Universidade Estadual de Campinas, Campinas 2003.
HAMAMOTO FILHO, Pedro Tadao. Ligas Acadêmicas: motivações e críticas
a propósito de um repensar necessário. Rev. bras. educ. med.Rio de Janeiro, v.35,
n4, dez. 2011.Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0100-55022011000400013&lng=pt&nrm=iso>. acessos em
28 abr. 2014. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-55022011000400013.
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
TAVARES, Ari de Pinho et al . O "Currículo Paralelo" dos estudantes
de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Rev. bras.
educ. med., Rio deJaneiro, v.31, n.3, Dec. 2007.Availablefrom<http://
w w w. s c i e l o . b r / s c i e l o . p h p ? s c r i p t = s c i _ a r t t e x t & p i d = S 0 1 0 0 55022007000300008&lng=en&nrm=iso>. accesson 28 Apr. 2014. http://
dx.doi.org/10.1590/S0100-55022007000300008
Conclusões
A execução de ações de extensão universitária
é um contribuinte consistente para o estímulo do
desenvolvimento de habilidades individuais necessárias
à prática clínica do acadêmico de Medicina.
Fatores limitantes inerentes à profissão médica
podem começar a ser superados frente a pequenas
atividades que confrontem tal problemática e
possibilitem concomitantemente o desenvolvimento
pessoal dos acadêmicos.
A participação em projetos de extensão universitária
24
Corpos estranhos no interior do seio maxilar
Angélica Silva Justem¹, Thamires de Oliveira Paiva Lopes¹, Valéria Tostes Sales².
Resumo
O seio maxilar é o maior dos paranasais e o seu grande volume associado à proximidade com os ápices de alguns
dentes superiores permitem que, em alguns casos, forme-se um acesso direto entre este e a cavidade bucal, chamada
de comunicação buco-sinusal, lançando corpos estranhos nesse espaço pneumático. Os exames complementares, como
as radiografias, as tomografias computadorizadas e um planejamento correto são imprescindíveis para que se evitem
acidentes, bem como para solucionar essas complicações. Entretanto, quando à comunicação buco-sinusal acontece o
procedimento de eleição é a técnica operatória de Caldwell-Luc, pois permite fácil acesso e visualização dos corpos
estranhos e da mucosa alterada macroscopicamente, que é retirada sem que ocorra qualquer tipo de complicação pósoperatória, na maioria dos casos.
Introdução
remanescentes radiculares, implantes dentários, pedaços
de madeira e plástico, paralelômetros, fragmento de
mandíbula de peixe, parte ativa de cureta periodontal,
e brocas cirúrgicas. Os casos encontrados acometem
tanto o sexo feminino como masculino, abragendo a
faixa etária de 24 a 50 anos, nos casos encontrados.
O acesso escolhido para remoção dos corpos
estranhos nos diversos casos estudados foi o
procedimento de Caldwell-Luc. Apesar das frequentes
referências na literatura de assimetria facial, lesão
nervosa, desvitalização dentária e fístulas oroantrais,
como complicações associadas ao procedimento de
Caldwell-Luc, é unânime, no meio científico, a relação
de tais morbidades com a técnica empregada, além da
experiência do cirurgião-dentista.
O seio maxilar é uma importante cavidade situada
na maxila e sua forma triangular tem a base relacionada às
raízes do 1.º pré-molar ao 2.º molar superior. Devido a essa
proximidade, os procedimentos odontológicos apresentam
risco elevado de lhe promover injúrias. Sua cavidade
pode ser classificada quanto ao tamanho, em pequena,
média e grande. Devido à proximidade com as raízes dos
dentes posteriores superiores, o estudo de sua anatomia se
torna necessário como embasamento para procedimentos
cirúrgicos e endodônticos. Exames complementares como
as radiografias e as tomografias computadorizadas, e um
planejamento correto, são imprescindíveis para que se evitem
acidentes, e também para solucionar essas complicações.
A perfuração da cavidade sinusal poderá lançar corpos
estranhos à cavidade, trazendo por vezes complicações como
a comunicação bucossinusal, com risco de originar uma
fístula no local, sendo necessários tratamentos complexos.
A literatura relata a presença de corpos estranhos no seio
maxilar resultantes de falhas durante procedimentos
odontológicos, além das comunicações bucosinusais.
Conclusões
O conhecimento das relações do assoalho do seio
com as raízes dos dentes superiores posteriores é de
grande importância para a prevenção de acidentes que
causem comunicações buco-sinusais.
Entretanto, no caso de incidentes durante cirurgias
e procedimentos endodônticos os corpos estranhos podem
ser removidos do interior do seio maxilar mediante
técnica operatória de Caldwell-Luc, que consiste em um
acesso, pela fossa canina ao antro maxilar, e abertura de
uma janela nasoantral abaixo da concha nasal inferior.
O acesso de Caldwell-Luc foi escolhido
devido à facilidade e experiência no uso da rotina
cirúrgica. O procedimento permitiu fácil acesso e
visualização dos corpos estranhos e da mucosa alterada
macroscopicamente, que foi facilmente retirada, sem que
ocorresse qualquer tipo de complicação pós-operatória
nos casos estudados.
Material e Métodos
Levantamento bibliográfico do ano de 2006 a
2013, usando como fonte de pesquisa os sites: Scielo,
Pubmed, e Medline.
Resultados e Discussão
Os artigos consultados demonstraram a presença
de corpos estranhos variados no interior do seio
maxilar. Foram encontrados terceiros molares e também
1. Universidade Severino Sombra, discente do curso de Psicologia, Vassouras-RJ, Brasil.
2. Universidade Severino Sombra, discente do curso de Medicina, Vassouras-RJ, Brasil.
3. Universidade Severino Sombra, docente do curso de Medicina, Vassouras-RJ, Brasil.
25
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Palavras-Chave: Corpos estranhos. Seio maxilar. Caldwell-Luc.
Referências
AGUIAR, R.C. de et al. Remoção cirúrgica de um instrumento deslocado
acidentalmente para o interior do seio maxilar durante a instalação de
implantes. Rio Grande do Sul, RFO, v.12, n. 3, 2007. <http://www.upf.br/
download/editora/revistas/rfo/12-03/12.pdf> Acessado em: 09 de abr. 2014.
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molar superior para o seio Maxilar: relato de caso. 2008. In: Ver. Cir.
Traumatol. Buco-Maxilo-Fac. Camaragibe, v.8, n.4, 2008. <http://www.
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seio maxilar: fatores etiológicos e remoção pela técnica de Caldwell-Luc.
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IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
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org.br/38CBO/DetalheArtigo.asp?f=2446> Acessado em: 09 de abr. 2014.
26
Detecção de coliformes totais e termotolerantes em amostras de
queijo minas padrão comercializados na região Sul Fluminense
Diana Morra de Lima Oliveira Carvalhêdo¹, Neila Lilyane da Silva Gomes Francisco¹, Francine Motta
Silvério¹, Caroline da Costa Noel¹, Nádia Rossi de Almeida¹, Lidiane de Castro Soares¹.
Resumo
O queijo Minas Frescal tem características físico-químicas adequadas para o crescimento de micro-organismos e tem sido
frequentemente associado a várias doenças transmitidas por alimentos (DTAs). Este tipo de queijo é produzido a partir
de leite cru ou pasteurizado e devido a vários fatores como umidade, ser produto de origem animal e, especialmente,
por ser manufaturado, pode, ser facilmente, contaminado e constituir meio favorável à sobrevivência e multiplicação
de bactérias. O objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade microbiológica de queijos Minas Frescal comercializados
em supermercados da região sul fluminense, mediante detecção de coliformes termotolerantes. Foram coletadas seis
amostras de queijo Minas Frescal Padrão comercializadas em diferentes supermercados. Os resultados revelaram que
100% das amostras estavam fora dos padrões estabelecidos pela legislação, e apresentam contaminação por coliformes
termotolerantes, colocando portanto, em risco à saúde do consumidor.
Introdução
produção de gás a 35-37 °C (coliformes totais, que
indicam deficiência na higiene de forma geral) ou a
44,0-45,5 °C (coliformes termotolerantes, que indicam
contaminação do alimento por material de origem fecal)
(FRANCO; LANDGRAF, 2008; PEREIRA, 2007).
A pesquisa de coliformes totais e termotolerantes
nos alimentos fornecem, com maior segurança
informações sobre as condições higiênicas do
produto e melhor indicação da eventual presença de
enteropatógenos (SILVA et al., 2006; TEIXEIRA et al.,
2007).
Nesse contexto, avaliar a qualidade microbiológica
dos queijos consumidos é importante, uma vez que a
ingestão desses alimentos contaminados pode causar
diversas doenças transmitidas por alimentos (DTAs)
para a população, sendo, portanto, um problema de saúde
pública. Desse modo, o objetivo do presente estudo foi
avaliar a qualidade microbiológica de queijos Minas
Padrão comercializados em supermercados da região
sul fluminense através da contagem de coliformes totais
e coliformes termotolerantes.
O queijo é um dos alimentos processados mais
antigos da humanidade. Acredita-se ter origem há mais
de 8.000 anos, no Iraque, entre os rios Tigre e Eufrates.
Originalmente, os nomes dados aos queijos variava com
a região onde eram fabricados, porém isso não é mais
uma verdade, já que os queijos são industrializados em
todo o país.
O queijo tipo Minas Padrão é um exemplo deste
fato, já que provém do estado de Minas Gerais, e hoje é
produzido em larga escala em todo o país. Este tipo de
queijo é produzido a partir de leite cru ou pasteurizado e,
devido a vários fatores, como umidade, ser um produto
de origem animal e especialmente por ser um produto
manufaturado, pode ser facilmente contaminado
e constitui um meio favorável à sobrevivência e
multiplicação de bactérias. Associado a isto, pode
ocorrer à contaminação cruzada durante ou após o
processamento (armazenamento e transporte) desses
alimentos. As contaminações, aliadas às alterações
decorrentes podem, em poucos dias, tornar o queijo
inaceitável ou até mesmo impróprio para o consumo
(OKURA, 2010). Desta forma, a ingestão de queijo
em condições inadequadas para o consumo pode trazer
consequências severas a saúde publica.
Um dos principais grupos de micro-organismos
indicadores da qualidade microbiológica em alimentos
é o dos coliformes, formado por bactérias de família
Enterobacteriaceae, Gram-negativas, não formadoras
de endóporos e capazes de degradar a lactose com
Materiais e Métodos
Até o presente momento, foram obtidas nove
amostras de Queijo Minas Padrão, de diferentes
marcas, a partir de supermercados provenientes da
região sul fluminense. Todas as amostras estavam sobre
refrigeração e dentro do prazo de validade.
As amostras foram transportadas em caixas
isotérmicas para o Laboratório de Microbiologia da
1. Universidade Severino Sombra, Vassouras-RJ, Brasil.
27
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Palavras-Chave: Coliforme total. Coliforme termotolerante. Queijo minas.
Universidade Severino Sombra, com o fim de se fazer
análise microbiológica.
Para a pesquisa de coliformes totais e
termotolerantes, 25 gramas de cada amostra de queijo
foram adicionados em 225 mL de água peptonada 0,1%.
Posteriormente foi realizada a pesquisa de coliformes
totais através do pré-enriquecimento em caldo lauril
sulfato de sódio (LST) e a confirmação em caldo verde
brilhante a 35°C. Foram consideradas positivas as
diluições que apresentaram gás no interior do tubo de
Duhran após incubação.
Para a pesquisa de coliformes termotolerantes,
os tubos positivos na pesquisa de coliformes totais
foram inoculados em caldo Escherichia coli (E.C)
a 45°C. Foram consideradas positivas os tubos que
apresentaram gás no interior do tubo de Duhran após
incubação. Os resultados obtidos foram comparados à
tabela do número mais provável (NMP.g-1).
Todo o procedimento para análise microbiológica
seguiu a metodologia preconizada pelo Ministério
da Saúde, através da Resolução nº 12, de 2 de janeiro
de 2001, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA), (BRASIL, 2001).
higiênico-sanitárias insatisfatórias do produto, indicou
contaminação por material fecal e, consequentemente,
falhas nas condições higiênico-sanitárias na manipulação
e/ou conservação desses alimentos.
Sugere-se, portanto, a constante e efetiva
fiscalização do produto e da matéria-prima pelos órgãos
competentes, visando, assim, garantir a qualidade e
segurança do queijo Minas Padrão disponibilizados
para consumo da população.
Resultados e Discussão
FERNANDES Í.N. Avaliação microbiológica de queijo tipo minas frescal e
ricota comercializados em pelotas, RS, Brasil. Pelotas, 2010.
Referências
TEIXEIRA, L.V.; FONSECA, L.M.; MENEZES, L.D.M. Avaliação da
qualidade microbiológica do soro de queijos Minas padrão e mozarela
produzidos em quatro regiões do estado de Minas Gerais. Arq. Bras. Med.
Vet. Zootec., v.59, n.1, p.264-267, 2007.
PEREIRA R.B. Caracterização microbiológica de alguns tipos de queijos
regionais brasileiros. Belo Horizonte, 2007
OKURA, M.H. Avaliação microbiológica de queijos tipo minas frescal
comercializados na região do triângulo mineiro. Jaboticabal – São Paulo –
Brasil, 2010.
Foi possível detectar a presença de coliformes
totais em 100% (9/9) das amostras avaliadas.
A contagem de coliformes totais, a 35ºC não é
exigida pela legislação sanitária vigente. No entanto,
estes micro-organismos geralmente são contaminantes
ambientais, sendo que sua contagem elevada indica
deficiência na qualidade higiênico-sanitária do produto.
Das nove amostras analisadas, todas estavam fora
dos padrões permitidos pela Anvisa, conforme Resolução
RDC n.° 12 de 02 de janeiro de 2001, por apresentarem
quantidades de coliformes termotolerantes, acima
de 5,0x10² UFC/g (BRASIL, 2001). Os coliformes
termotolerantes têm sido usados para determinar
condições sanitárias insatisfatórias de alimentos e
presença potencial de patógenos. É importante destacar
que esse grupo de bactérias tem como habitat o trato
intestinal do homem e outros animais, e quando presente
em alimentos é um indicativo de manipulação incorreta
e falta da aplicação de procedimentos de boas práticas
de fabricação, podendo ser considerado um indicativo
de contaminação de origem fecal, evidenciando assim
risco à saúde dos consumidores, pois podem estar
associadas a micro-organismos patogênicos (OKURA
et al., 2010).
Conclusões
O número elevado de amostras (100%), em
desacordo com a legislação demonstra condições
28
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
SILVA, M.P.; CAVALLI, D.R.; OLIVEIRA, T.C.R.M. Avaliação do padrão
coliformes a45ºce comparação da eficiência das técnicas dos tubos múltiplos
e Petri filme na detecção de coliformes totais e Escherichia coli em alimentos.
Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, v. 26, n.(2), p. 352-359, 2006.
Detecção bacteriana a partir de amostras de leite provenientes de
vacas com mastite subclínica na região Sul Fluminense
Caroline da Costa Noel¹, Neila Lilyane da Silva Gomes Francisco¹, Diana Morra de Lima Oliveira Carvalhêdo¹,
Francine Motta Silvério¹, Luísa Costa Oliveira Valente¹, Nádia de Almeida Rossi¹, Lidiane de Castro Soares¹.
Resumo
A mastite é uma inflamação da glândula mamária causada principalmente por bactérias, dentre as quais o gênero
Staphylococcus ocupa um papel importante. Bactérias pertencentes a este gênero são caracterizadas por expressar
resistência aos antibióticos beta-lactâmicos, limitando, portanto a terapia antimicrobiana. O presente trabalho teve por
objetivo isolar as principais bactérias implicadas na mastite bovina e estabelecer o seu perfil de resistência a diferentes
antibióticos. Foram analisadas 16 amostras de leite e foi possível obter um total de 16 isolados bacterianos, sendo 15
isolados de Staphylococcus spp. coagulase-negativos e 1 isolado de Escherichia coli. Foi detectado 87,5% de resistência
à penicilina e oxacilina, 68,7% à eritromicina, 62,5% à cefalotina, 37,5% à ceftriaxona, 12,5% à tetraciclina e 6,2% à
cefoxitina e gentamicina.
Introdução
de antibióticos nas rações, elevando o perfil de
resistência aos antimicrobianos das bactérias envolvidas
nos processos infecciosos do úbere (PIESSENS, 2011),
comprometendo, de modo significativo, a saúde do
animal e sua produtividade. A prescrição empírica de
muitos antimicrobianos e a dificuldade na aplicação
de testes microbiológicos para identificação do agente
infeccioso dificulta o estabelecimento de medidas de
controle da mastite bovina e amplia a gama de bactérias
resistentes circulantes no ambiente.
Dentre os patógenos responsáveis pelo quadro da
mastite bovina, Staphylococcus spp. é o mais frequente
(SAINI et al., 2012). Os estafilococos são disseminados
principalmente pelas mãos dos ordenhadores e
equipamentos de ordenha, geralmente contaminados a
partir do leite de animais infectados. Este microrganismo
é dificilmente eliminado dos rebanhos, no entanto pode
ser controlado através da adoção de procedimentos
higiênicos como a desinfecção das tetas após a ordenha e
o tratamento da vaca ao final da lactação com antibióticos
adequados para o período seco (TAMPONEN et al.,
2008; PIESSENS, 2011).
O leite de boa qualidade é um produto de sabor
caracteristicamente agradável, de altos valores nutritivos,
com níveis de agentes potencialmente patogênicos baixos
ou ausentes, com baixa contagem de células somáticas
e reduzida carga microbiana. Dentre estes parâmetros,
destaque-se que o padrão microbiológico pode ser um bom
indicativo da qualidade do rebanho, da glândula mamária,
das condições gerais de manejo, do estado sanitário do
rebanho, do manejo dos equipamentos da sala de ordenha,
presença de micro-organismos ambientais e resíduos de
antimicrobianos (PONCE CEBALLO & HERNÁNDEZ,
2001).
A mastite bovina é considerada a doença que acarreta
os maiores prejuízos econômicos à produção leiteira,
pela redução da quantidade e pelo comprometimento da
qualidade do leite produzido, ou até pela perda total da
capacidade secretora da glândula mamária. Caracteriza-se
por uma inflamação da glândula mamária cuja etiologia
pode ser de origem tóxica, traumática, alérgica, metabólica
e infecciosa, sendo esta última a mais frequente, podendo
ser classificada como clínica ou subclínica. A mastite
clínica apresenta sinais evidentes de inflamação como
edema, aumento de temperatura, endurecimento, dor e
pus, além de alteração das características do leite como a
presença de grumos. Na forma subclínica não se observam
alterações macroscópicas de inflamação do úbere e sim
alterações na composição do leite (PIESSENS, 2011;
SAINI et al., 2012).
A terapia prescrita nos casos de mastites bovina é, de
modo geral, ineficiente, devido a grande disseminação
Materiais e Métodos
As coletas de leite foram obtidas a partir de
visitas realizadas a fazendas de pequenos produtores
de leite localizadas na região sul fluminense. Em cada
propriedade, foram realizados testes para identificação
de mastite clínica (Exame físico da glândula mamária e
caneca telada) e subclínica (CMT – Califórnia Mastitis
Test) em todos os quartos mamários de todas as vacas
1. Universidade Severino Sombra, Vassouras-RJ, Brasil.
29
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Palavras-Chave: Antimicrobianos. Staphylococcus spp,. Mastite.
suspeitas. As amostras foram obtidas imediatamente
antes da ordenha, após antissepsia das tetas com álcool
a 70%. Os jatos de leite foram colhidos diretamente em
frascos estéreis, colocados em caixas isotérmicas com
gelo e encaminhadas imediatamente ao Laboratório
de Microbiologia da Universidade Severino Sombra,
Vassouras – RJ, para a realização dos testes de
identificação bacteriana e perfil de suscetibilidade
antimicrobiana.
As amostras foram inoculadas em meios
enriquecidos e seletivos e diferenciais. No isolamento
primário foi utilizado ágar sangue de carneiro 5% (Difco).
As colônias isoladas foram submetidas ao método de
Gram, teste da catalase e hidróxido de potássio a 3%.
De acordo com as características morfotintoriais e de
crescimento, os isolados foram inoculados em ágar
Manitol Vermelho de Fenol e ágar MacConkey (Difco)
para melhor identificação (KONEMAN et al., 2008). A identificação de Staphylocooccus e enterobactérias foi
realizada segundo Koneman et al . (2008).
Para avaliação da suscetibilidade antimicrobiana
foi realizada a metodologia proposta pelo CLSI (2013).
A eficácia comparativa da penicilina (10UI), oxacilina
(1ug), cefoxitina (30ug), ampicilina-sulbactam
(10/10ug), ceftriaxona (30ug), cefalotina (30ug),
imipenem (10ug), vancomicina (30ug), gentamicina
(10ug), azitromicina (15ug), eritromicina (15ug),
tetraciclina (30ug), ciprofloxacina (5ug) e enrofloxacina
(10ug) (SENSIFAR-CEFAR) foram analisadas para
todos os isolados.
vancomicina, ciprofloxacino, enrofloxacino, imipenem
e ampicilina+sulbactam.
Conclusão
Apesar da detecção de resistência em diferentes
antibióticos existe a possibilidade de identificar isolados
suscetíveis, mostrando que o monitoramento do perfil
de suscetibilidade deve ser realizado com o intuito de
avaliar a distribuição e o envolvimento destes patógenos
na etiologia da mastite, possibilitando a adoção de
medidas de controle que dificultem sua disseminação.
Referências
BARKEMA, H.W.; SCHUKKEN, Y.H.; ZADOKS, R.N. The role of cow,
pathogen, and treatment regimen in the therapeutic success of bovine
Staphylococcus aureus mastitis. Journal of Dairy Science, v.89, n.6, p.18771895, 2006.
FERREIRA, J.L.; PIGATTO, C.P.; LINS, J.L.F.H.A.; AGUIAR FILHO,
J.L.C.; CAVALCANTE, T.V. Bactérias causadoras de mastite subclínica
em rebanhos leiteiros no município de Teresina, Piauí. Revista Científica
Eletrônica de Medicina Veterinária, v.8, n.14, 2010.
KONEMAN, E.W.; ALLEN, S.D.; JANDA, W.M; SCHRECKENBERGER,
P.C.; WINN, J.R. Diagn. Microbiol. 6.ed. Rio de Janeiro: Editora MEDS,
2008.
PIESSENS, V. Epidemiology and characterization of coagulase-negative
Staphylococcus species from dairy farms. 2011. 213p. Tese (Doutorado em
Ciencias Veterinarias) – Faculty of Veterinary Medicine, Ghent University,
Belgica, 2011.
Resultados e Discussão
PONCE CEBALLO, P.; HERNÁNDEZ, R. Propriedades físico-químicas do
leite e sua associação com transtornos metabólicos e alterações na glândula
mamária. In: GONZÁLEZ, F.H.D.; DÜRR, J.W.; FONTANELI, R.S. (Ed.).
Uso do leite para monitorar a nutrição e metabolismo de vacas leiteiras.
Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2001. p.58-68.
Foi possível obter um total de 16 isolados
bacterianos, sendo 15 isolados de Staphylococcus spp.
coagulase-negativos e 1 (um) isolado de Escherichia
coli. Foi detectado 87,5% de resistência à penicilina e
oxacilina (14/16), 68,7% à eritromicina (11/16), 62,5%
à cefalotina (10/16), 37,5% à ceftriaxona (6/16), 12,5%
à tetraciclina (2/16) e 6,2% à cefoxitina e gentamicina
(1/16). A literatura relata que isolados de Staphylococcus
provenientes de mastite bovina, com fenótipo de
resistência às penicilinas, estão presentes nos rebanhos
nacionais em uma frequência que varia de 10 a 57%
para oxacilina e 46 a 100% para penicilina (FERREIRA
et al., 2010). A resistência a fármacos do grupo das
penicilinas em Staphylococcus isolados de infecções
intramamárias é uma preocupação mundial. Os motivos
são vários, no entanto, destacam-se o potencial risco
da transmissão de resistência para bactérias causadoras
de doenças em humanos, de modo a restringir ou
impossibilitar o seu uso em casos graves e a baixa
probabilidade de cura microbiológica das mastites por
aquele agente portador de tal fenótipo (BARKEMA et
al., 2006). Não foi detectada resistência à azitromicina,
SAINI, V., MCCLURE, J.T., LEGER, D., KEEFE, G.P., SCHOLL, D.T.,
MORCK, D.W., BARKEMA, H.W. Antimicrobial Resistance Profiles of
Common Mastitis Pathogens on Canadian dairy farms. Journal of Dairy
Science. v. 95, p. 4319 – 4332, 2012.
TAPONEN, S., BJORKROTH, J., PYORALA, S. Coagulase-negative
staphylococci isolated from bovine extramammary sites and intramammary
infections in a single dairy herd. Journal of Dairy Science. v. 75, p. 422-429,
200
30
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
CLINICAL AND LABORATORY STANDARDS INSTITUTE (CLSI).
Performance standards for antimicrobial susceptibility testing, seventeenth
informational supplement, document M100-S17. Wayne, PA, USA: CLSI,
2013.
Detecção de bactérias com potencial patogênico a partir de aparelhos
celulares
Francine Motta Silvério¹, Caroline da Costa Noel¹, Neila Lilyane da Silva Gomes Francisco¹, Luisa
Costa Oliveira Valente¹, Diana Morra de Lima Oliveira Carvalhêdo¹, Lidiane de Castro Soares¹.
Resumo
Equipamentos como o aparelho celular podem albergar uma microbiota bacteriana mista bastante rica e representar
potenciais fontes de infecção para os usuários. Objetos inanimados têm um importante papel na transmissão de patógenos
humanos. Os telefones celulares são objetos pequenos, portáteis, facilmente carregados em bolsas ou bolsos e passam
por diversas superfícies contaminadas, expondo várias partes do nosso corpo à contaminação. Dessa maneira, o presente
trabalho tem por objetivo verificar a presença de micro-organismos com potencial patogênico em aparelhos celulares no
Município de Vassouras, RJ. Foi possível observar que 100% das amostras (20/20) avaliadas, obtiveram crescimento
bacteriano. Foi detectado um total de 30 isolados bacterianos, sendo representados por 70% (14/20) de Staphylococcus
spp., 65% (13/20) de Bacillus spp. e 15% (3/20) de Enterobactérias. Os aparelhos celulares utilizados são passíveis de
veicular agentes com potencial infecciosos e podem constituir fômites na transmissão de infecções.
Palavras-Chave: Aparelho celular. Micro-organismos. Contaminação.
Introdução
importância na cadeia epidemiológica da brucelose
humana, este estudo teve como objetivo identificar cães
soropositivos para a B. abortus bem como pesquisar os
possíveis fatores de risco facilitadores da transmissão.
A brucelose em humanos é uma doença
subdiagnosticada e subestimada no Brasil, entretanto,
assume um papel como uma das mais importantes
zoonoses bacterianas, com mais de meio milhão de
casos novos reconhecidos anualmente, principalmente
em países em desenvolvimento. Os cães apresentam
um tipo mais específico de brucelose, representada pela
Brucella canis, porém, podem se infectar com a Brucella
spp mais específica para os bovinos, a B. abortus,
principalmente pela ingestão de produtos de origem
animal in natura, contato ou ingestão de tecidos animais,
restos placentários ou de fetos abortados contaminados,
denotando assim o seu potencial de contaminação entre
homem e animal. Devido à estreita relação entre homem
e animal. (AZEVEDO et al., 2003). O Programa
Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e
Tuberculose (PNCEBT) no Brasil, em 2010, preconiza
o teste do Antígeno Acidificado Tamponado (AAT)
como prova de triagem e, como provas confirmatórias,
o teste do 2- Mercaptoetanol (2-ME), a prova da
Fixação do complemento (FC) e teste de polarização
de fluorescência (FPA) (BRASIL, 2010). Em regiões
rurais, como nas pertencentes à região sul fluminense, é
comum a criação de bovinos junto a cães e gatos. Outro
fato de relevância é o fornecimento de carne bovina
sem as condições aceitáveis de controle microbiológico
aos animais de companhia, e os animais rurais que têm
como hábito o consumo de restos de carcaças e acesso
ao feto e restos placentários. Devido aos cães poderem
se infectar com a B. abortus e assumirem um papel de
Amostras de sangue de 32 cães foram coletadas
e acondicionadas em tubos de bioquímica. Uma ficha
de registro de dados dos animais foi elaborada com o
objetivo de coletar informações sobre o convívio em
meio a bovinos ou o consumo de carne bovina. As
amostras de sangue refrigeradas foram centrifugadas
para promover a separação do soro. A prova sorológica
do (AAT) foi realizada para a identificação de anticorpos
antiBrucella abortus nas amostras de soro. Desta forma,
30 μL de cada amostra de soro foram aplicadas em uma
placa de vidro apropriada para a leitura da prova, e
imediatamente, 30 μL do antígeno foram adicionados
ao lado de cada amostra de soro. As amostras foram
homogeneizadas, sendo a placa agitada por movimentos
circulares por quatro minutos. A leitura da reação foi
realizada, sendo consideradas positivas as amostras
que apresentaram aglutinação entre o antígeno e os
anticorpos presentes nas amostras de soro.
Resultados e Discussão
Das 32 amostras de soros analisadas pela técnica
de AAT, nenhuma apresentou positividade para a
presença de anticorpos antiBrucella abortus. A infecção
1. Universidade Severino Sombra, Vassouras-RJ, Brasil.
31
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Material e Métodos
natural de cães por B. abortus é de ocorrência esporádica
e resulta do contato estreito de cães, geralmente de zona
rural, com bovinos infectados. Os cães se infectam por
ingestão de produtos de origem animal in natura, contato
ou ingestão de tecidos animais, restos placentários ou
de fetos abortados contaminados e devido ao estreito
contato entre humanos e cães. Esse fator se torna
responsável pela transmissão da zoonose (ALMEIDA
et. al., 2004). Estes dados estão em concordância com
Azevedo et al. (2003) que analisaram 118 amostras de
soro de cães e apenas uma apresentou reatividade para
o teste. Isto também foi observado em estudo na cidade
de Niterói – RJ, realizado por Maya et.al. (1999), em
que 171 amostras foram analisadas seguindo a mesma
técnica diagnóstica do presente trabalho, que também
não foi observada reatividade em nenhuma amostra. O
estudo será continuado visando o aumento do número
de amostras com o intuito de traçar-se um perfil
epidemiológico de B. abortus transmitida por cães.
Conclusão
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Não foram identificados anticorpos antiBrucella
abortus em cães, não se confirmando a hipótese de que
o convívio em meio a bovinos e a ingestão de carne
bovina seja um fator de risco para que a infecção se
estabeleça.
Referências
ALMEIDA, A.C.; SANTORELLI, A.; BRUSADELLI, R.M.Z. et al.
Soroepidemiologia da brucelose canina causada por Brucella canis e
Brucella abortus na cidade de Alfenas, MG. Arquivo Brasileiro de Medicina
Veterinária e Zootecnia, v. 56, p.275-276, 2004.
AZEVEDO, S.S.; BATISTA, C.S.A.; ALVES, C.J. et al. Ocorrência de
anticorpos contra Brucella abortus em cães errantes da cidade de Patos,
Estado da Paraíba, Brasil. Arquivo do Instituto Biológico, v.70, p.499-500,
2003.
BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Manual
Técnico: Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e
Tuberculose Animal – PNCEBT, Brasília: MAPA/DAS/DAS, 2006. 184p
MAIA, G.R.; ROSSI, C.R.S.; ABBADIA, F.; VIEIRA, D.K.; MORAES, I.A.
Prevalência da brucelose canina nas cidades do Rio de Janeiro e Niterói, RJ.
Revista brasileira de reprodução animal. v.23, n.3, p.425-427, 1999.
32
Identificação de aflatoxinas em rações destinadas a cães no município
de Vassouras-RJ
Daiany Aparecida Barboza¹, Ramona Cristina de Oliveira Batitucci¹, Thais Velasco Calainho¹, Kelly Moura
Keller¹, Lidiane de Castro Soares¹, Neila Lilyane da Silva Gomes Francisco¹, Nadia Rossi de Almeida¹.
Resumo
As rações destinadas à alimentação de cães são constituídas por grãos que frequentemente são contaminados por fungos
aflatoxigêncios. As aflatoxinas podem causar o carcinoma hepatocelular, fato negligenciado na Medicina Veterinária. O
presente estudo teve como objetivo identificar fungos aflatoxígenos e avaliar a ocorrência natural de aflatoxinas em 15
amostras de rações comercializadas a granel em pontos de venda no município de Vassouras-RJ. A cultura fúngica foi
realizada em ágar sabouraud dextrose e a identificação e quantificação de aflatoxinas foi feita pela prova de ELISA. As
aflatoxinas foram detectadas em 46,6%(7/15) das amostras. Em todas as amostras foram identificados fungos, sendo que
em 46,6% (7/15) das amostras foram identificados tanto os fungos Aspergillus ssp, A. flavus e/ou A. parasiticus. Desta
forma, evidencia-se a necessidade de incorporar na rotina Médica Veterinária o conhecimento dos sinais clínicos e meios
diagnósticos para a aflatoxicose, assim como o monitoramento dos alimentos destinados à alimentação animal.
Introdução
de A1 até A15. Isolamento dos fungos: As amostras
foram encaminhadas ao Laboratório de Microbiologia
da Universidade Severino Sombra. Alíquotas de 25 g da
ração triturada foram diluídas até 10-2 (solução salina a
0,85%). Pipetou-se 100 µL em superfície em placas com
ágar saboraud dextrose, semeando com swab estéril em
seguida, deixando-as em temperatura ambiente por 7 dias.
Após, observaram-se as características macroscópicas das
colônias e foram preparadas lâminas para a identificação
fúngica pela técnica da fita adesiva e microscopia direta
utilizando-se azul de algodão. A identificação do gênero
e espécie fúngica foi realizada segundo Kooneman
(2008). Identificação das micotoxinas - Extração das
micotoxinas: As amostras de rações foram analisadas para
a presença de aflatoxinas no Laboratório de Micologia e
Micotoxinas da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG). Diluiu-se 20g de ração triturada em 100 mL
de solução de metanol a 70%, incubando-as durante 1
hora em agitador orbital. Após, filtrou-se as amostras
com papel de filtro, armazenando-as em temperatura
ambiente. - Identificação e quantificação das micotoxinas:
A identificação foi realizada por kit comercial de ELISA
(AgraQuantTotal Aflatoxin Assay ELISA; Romer Labs
Singapore) e a quantificação das amostras foi realizada
em leitor de ELISA em 450 nm e 630 nm (ELISA Quick
Lab.), onde obteve-se um coeficiente de linearidade da
curva de 0,9992.
As micotoxinas são metabólitos secundários
dos fungos filamentosos (MOSS, 1996). Os efeitos da
ingestão de micotoxinas podem ser graves tais como
a mutagênese, teratogênese e carcinogênese. Dentre
os fungos micotoxigênicos destacam-se os gêneros
Aspergillus, Fusarium e Penicillium (KOONEMAN,
2005).
A pesquisa de micotoxinas em rações para cães é
menos frequente se comparado a animais de produção,
pois existe o apelo da saúde humana, exigindo-se um
maior controle nos alimentos de origem animal. O milho
utilizado como principal ingrediente na fabricação de ração
apresenta fungos e micotoxinas com maior frequência
devido à forma de armazenamento inadequada. E se tão
pouco se preocupa com a pesquisa de fungos em rações o
monitoramento dos ingredientes da ração é menor ainda.
Desta forma, o objetivo do presente estudo foi
identificar aflatoxinas e fungos aflatoxígenos em amostras
de ração para cães e gatos comercializadas a granel em
pontos de venda do município de Vassouras/RJ.
Material e Métodos
Coleta das amostras: Foram adquiridas 15 amostras
(100g) de ração para cães comercializadas a granel em
15 pontos de venda (Pets Shops, casas agropecuárias e
mercados) no município de Vassouras/RJ. Estas amostras
foram armazenadas em sacos plásticos e identificadas
Resultados e Discussão
De acordo com a Agência Internacional de
1. Universidade Severino Sombra, Vassouras-RJ, Brasil.
33
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Palavras-Chave: Aflatoxicose. Ração. Cães.
Pesquisa em Câncer (International Agency for Research
On Cancer - IARC) a aflatoxina B1 apresenta maior
efeito carcinogênico dentre as micotoxinas, sendo
encontrada com frequência em alimentos de diversas
espécies de animais (IARC, 1997).
No presente estudo, foi identificada contaminação
fúngica em 100% das amostras analisadas e em 46,6%
(7/15) havia a presença de aflatoxina (Tabela 1). Sendo
os valores dentro do limite permitido para alimentos de
consumo animal, que é de 50 μg/kg (BRASIL, 1988). Os
dados corroboram com Prado e colaboradores (2008),
onde as aflatoxinas encontradas em rações para cães
comercializadas em Lavras- MG estavam em níveis
tolerados.
A presença de A. flavus foi observada em
aproximadamente 30% (2/7) e A. parasiticus em
aproximadamente 57% (4/7) das amostras com presença
de aflatoxina. Em duas amostras não foi possível
constatar a espécie do Aspergillus. Outros fungos como
o Fusarium spp, A. terreus, A. fumigatus, Cladosporium
spp e Penicillium spp foram identificados nas amostras.
No gênero Aspergillus spp. as espécies mais identificadas
foram A. parasiticus e A. flavus, corraborando com Juri
et al. (2009), sendo que o A. flavus apresentou maior
ocorrência (60%), o que difere do encontrado neste
trabalho onde o A. parasiticus teve maior ocorrência.
Resultados diferentes do demonstrado por Oldoni et al.
(2012), onde a espécie mais prevalente foi o A. niger
(33,3%), seguido pelo A. flavus (22,2%).
A presença do milho como principal componente
de rações pode ser apontada como possível veículo
de metabólitos fúngicos. A presença de fungos
aflatoxigênicos no milho no período anterior a fabricação
da rações pode ocasionar a formação da micotoxina,
o que pode ser somado com o fato da comercialização
a granel, o que tende a levar maior presença de
microorganismos na ração.
De acordo com PRADO et al., 2008 a união do
fungo e micotoxina, revelam um risco a maior produção
de micotoxinas, pois em condições inadequadas de
armazenamento, temperatura e umidade elevadas a
geração de aflatoxinas é favorecida. Neste trabalho,
as amostras que apresentaram aflatoxinas também
continham fungos, indicando a possível ocorrência da
produção na ração, porém não descarta a possibilidade de
contaminação dos ingredientes da formulação. E ainda
as amostras com níveis não detectados de aflatoxinas
apresentaram crescimento fúngico, podendo ser inferido
que produções posteriores poderiam ocorrer.
A contaminação das rações por aflatoxinas
revela um grande risco a saúde animal, evidencia-se a
necessidade de incorporar na rotina médica veterinária
o conhecimento dos sinais clínicos e meios diagnósticos
para os casos de aflatoxicose, assim como monitorar os
alimentos destinados aos animais.
Tabela 1. Quantificação de aflatoxina* em amostras comerciais de
rações.
Amostras
AFB
μg/kg
Amostras
AFB
μg/kg
Amostras
AFB
μg/kg
A1
nd
A6
nd
A11
2,99
A2
1,38
A7
nd
A12
1,79
A3
1,88
A8
nd
A13
1,42
A4
nd
A9
nd
A14
1,48
A5
2,59
A10
nd
A15
nd
*Média de duas repetições; Limite de Quantificação: 0,3 μg Kg-1;
ND: Não detectado e Limite de Detecção: 0,1 μg Kg-1
Fonte. Arquivo pessoal
Conclusões
A presença de fungos produtores de aflatoxinas,
assim como a presença de aflatoxinas ocorreu em 46,6%
das amostras de ração a granel para cães analisadas,
entretanto, em níveis tolerados pela legislação brasileira
vigente.
BRASIL, Ministério da Agricultura. Portaria MA/SNAD/SFA No. 07, de
09/11/88 - publicada no Diário Oficial da União de 09 de novembro de 1988
- Seção I, página 21.968, 1988.
IARC (International Agency for Research on Cancer). Polychlorinated
Dibenzo-para-dioxins and Polychlorinated Dibenzofurans. IARC
Monographis on the Evaluation Carcinogenic Risks Humans 69. 1997.
JURI, M.G.F.et al. Aflatoxinas, fumonisinas e fungos toxígenos em matériasprimas e rações para cães na argentina. Revista Brasileira de Medicina
Veterinária, 31(2):109-117, abr/jun 2009.
KONEMAN, E. W. et al. Diagnóstico Microbiológico- texto e atlas colorido.
6ª Ed.. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan 1760 p., 2005.
MOSS, M.O.,MYCOTOXIC FUNGI, In: ELEY, A.R. (Ed.), Microbial Food
Poisoning, 2nd ed. Chapman & Hall, New York, NY, 1996, p. 75–93.
OLDONI M. L; ROSA A. D., TEIXEIRA M. L. Análises micotoxicológicas
em rações comercializadas no oeste de Santa Catarina. Revista Brasileira de
Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.14, n.4, p.373-379, 2012.
PRADO, G. et al. Ocorrência de aflatoxinas em rações para cães. Revista
Ciências da Vida, Seropédica, v. 28, p. 168-170, 2008.
34
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Referências
Intencionalidade pedagógica na produção de curta-metragem pelo
discente – A experiência do projeto Ipiranga
Daniella Nogueira Silva Melo¹, Andre Luiz Dias Lima Bonfim¹, Jéssica De Souza Fontes¹, Thiago César De
Pádua¹, Elisa Maria Amorim Da Costa², Marcos Antônio Mendonça², Sebastião Jorge Da Cunha Gonçalves²,
Maria Cristina Almeida De Souza¹.
Resumo
Novas tecnologias assumem lugar de destaque no processo de ensino-aprendizagem colaborando para sua dinamicidade
e representam uma valiosa estratégia pedagógica. Este trabalho é o relato da intencionalidade pedagógica da produção
de curta-metragem pelos alunos do curso de medicina da Universidade Severino Sombra, como atividade curricular
do Projeto Ipiranga. Constatou-se que, ao realizarem o curta-metragem os alunos se tornam sujeitos integrantes de um
processo social e, suas visões de mundo são cada vez mais ampliadas, tendo em vista que vivenciam outras realidades,
muitas vezes diferentes das existentes em seu cotidiano, podendo assim, relacionar os conteúdos abordados em sala de
aula com o filme produzido.
Introdução
professores, desenvolvem ações de promoção e
recuperação da saúde, assim como as de prevenção às
doenças.
Este trabalho tem o objetivo de relatar a
intencionalidade pedagógica da elaboração e produção
do curta-metragem “Panorama de atuação no Projeto
Ipiranga – percepção dos atores sociais!”, realizado
pelos alunos do curso de Medicina como atividade
curricular do Projeto Ipiranga.
A sociedade que se configura exige que a
educação prepare o aluno para enfrentar novas situações
a cada dia, deixando de ser sinônimo de transferência
de informações e adquirindo caráter de renovação
constante. Desse modo, é essencial que tanto o professor
como o aluno se apropriem de saberes advindos com a
tecnologia1. A utilização de mídias no contexto escolar
permite a criação de situações de ensino cada vez
mais complexas e ricas, possibilitando que a atividade
criativa do aluno seja valorizada e que ele possa perceber
diferentes formas de aprender novos conhecimentos e
de compreender a realidade que o cerca.
Assim, o uso de novas tecnologias de informação
assume um lugar de destaque no processo de ensinoaprendizagem colaborando para sua dinamicidade e
representa uma valiosa estratégia pedagógica capaz de
contribuir para a autonomia intelectual do aluno.
O curso de Medicina da Universidade Severino
Sombra (USS), em Vassouras-RJ, implantou um Projeto
Pedagógico2 que propôs a graduação de um médico
comprometido com os princípios do Sistema Único de
Saúde (SUS), atento aos múltiplos aspectos do processo
saúde-doença, capaz de valorizar a criação do vínculo
com a comunidade e a relevância dos valores humanos
no contexto biopsicossocial. Para viabilizar esta
formação, adotaram-se inovações pedagógicas, entre
as quais, a produção de filmes curta-metragem como
atividade curricular do Projeto Ipiranga, desenvolvido
na comunidade do bairro de mesmo nome, na periferia
de Vassouras, onde os alunos, sob orientação dos
Relato de Experiência
No bairro Ipiranga, entrecortado pela rodovia
BR 393, residem aproximadamente 300 famílias,
perfazendo cerca de 800 pessoas8. Neste local, a USS
desenvolve o Projeto Ipiranga, no qual os alunos têm a
oportunidade de realizar uma prática médica centrada
no indivíduo e valorizadora dos cuidados primários em
saúde, de compreender a relevância dos determinantes
socioeconômicos e ambientais para o adoecimento,
de identificar as demandas por ações de educação
em saúde e também de desenvolver competências
necessárias à resolução da maioria dos agravos que
demandam por assistência básica. É este o locus da
Pesquisa “Perfil sociodemográfico e condições de saúde
de famílias residentes nos bairros Ipiranga e Itakamosi,
em Vassouras-RJ”, aprovada pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da USS em 14/06/2013 (Parecer 308.142 –
CAAE 15973913.6.0000.5290), por meio da qual os
alunos e os docentes facilitadores do curso de medicina
da USS realizam o diagnóstico situacional das condições
de saúde dos moradores do bairro.
1. Universidade Severino Sombra, discente do curso de Medicina Vassouras-RJ, Brasil.
2. Universidade Severino Sombra, docente do curso de Medicina Vassouras-RJ, Brasil.
35
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Palavras-Chave: Curta-metragem. Educação. Medicina.
Identificada a necessidade de registrar a opinião
dos participantes (moradores, alunos, professores
facilitadores) acerca das contribuições do projeto para
sua qualidade de vida e/ou formação profissional,
propôs-se produção discente do curta-metragem
“Panorama de atuação no Projeto Ipiranga: percepção
dos atores sociais”, uma estratégia de integração de
mídias às práticas pedagógicas. Ao gestor educacional
coube detalhar a viabilização da interdisciplinaridade
propiciada pelo Projeto Ipiranga na estrutura curricular
do curso de graduação em medicina da USS.
A fim de facilitar a realização do curta-metragem,
sua elaboração foi estruturada em três etapas: roteiro,
produção e edição. Na estruturação do roteiro, definiuse a duração do curta-metragem (aproximadamente
quinze minutos), o conteúdo das perguntas e o critério
de seleção dos atores sociais. Certamente, das três
etapas, foi a mais trabalhosa. Decidiu-se que todos os
que quisessem participar do curta-metragem poderiam
fazê-lo, desde que assinassem o termo de autorização
de uso de sua imagem. A etapa de produção demandou
a ida dos alunos ao lócus do Projeto Ipiranga onde
registraram os depoimentos e as ações de saúde
realizadas pelos alunos. A terceira e última etapa foi a
edição do filme englobando sua sonorização e inserção
de textos e legendas.
sala de aula com o filme produzido. O aluno ao assistir
um filme, além de assimilar os diversos conteúdos
abordados na película, vivência as diversas emoções
que esta arte nos proporciona. Esta metodologia cria
tendências e tem um grande impacto nos acadêmicos,
despertando interesses maiores por temas científicos.
Evidentemente, ao utilizar este recurso pedagógico,
não tradicional, é muito importante que o professor
tenha bem definido suas intenções e finalidades para a
abordagem do conteúdo programático pertinente.
A projeção do curta-metragem teve finalidade
estritamente pedagógica, e propiciou que, a partir
dos depoimentos os docentes identificassem tanto as
potencialidades do projeto como suas fragilidades, para as
quais foram planejadas ações de reestruturação. Almejouse que o público presente na projeção, eminentemente
acadêmico, conhecesse o empreendedorismo social
praticado pela USS, seu compromisso com a qualidade
de vida dos munícipes e seu empenho em graduar
profissionais aptos a solucionar os agravos prevalentes.
Ao realizarem a produção do curta-metragem
os alunos se tornam sujeitos integrantes de um
processo social e, suas visões de mundo são cada vez
mais ampliadas, tendo em vista que vivenciam outras
realidades, muitas vezes diferentes das existentes em
seu cotidiano, podendo assim, relacionar os conteúdos
abordados em sala de aula com o filme produzido.
Discussão
As Diretrizes Curriculares Nacionais para
os cursos de graduação em Medicina3 – DCN –
orientam para a formação de um médico generalista,
comprometido com a promoção da saúde e prevenção
das doenças, dotado de uma visão ética e atento às
necessidades da comunidade na qual atua4. A graduação
deste profissional exige a compreensão precoce das
circunstâncias ambientais, sócio-culturais e econômicas
das quais emergem as condições de saúde e seus
agravos. Necessário, portanto, propiciar ao aluno de
medicina uma visão holística, a mais próxima possível
do processo saúde-doença, valorizando-se as ações de
promoção e prevenção, tanto quanto as de recuperação
e de reabilitação5.
Uma das estratégias adotadas no curso de medicina
da USS para otimizar a graduação de médicos com este
perfil foi a produção discente de curta-metragem, cuja
tema fizesse parte do contexto da prática acadêmica.
Os autores deste relato concordam com o citado
por Assis et al., 2002 de quando os alunos participam
da produção, seja nos bastidores ou atuando, eles são
sujeitos integrantes de um processo social e, suas
visões de mundo são cada vez mais ampliadas, tendo
em vista que estarão vivenciando outras realidades,
muitas vezes diferentes das existentes em seu cotidiano,
podendo assim, relacionar os conteúdos abordados em
Referências
SERAFIM, M. L.; SOUSA, R. P. Multimídia na educação: o vídeo digital
integrado ao contexto escolar. Campina Grande: EDUEPB, 2008. Disponível
em < file:///C:/Users/Usuario/Documents/USS/sousa-9788578791247-02.
pdf>. Acesso em 15 abr. 2014.
UNIVERSIDADE SEVERINO SOMBRA. Projeto Pedagógico do Curso
de Medicina. [capturado 30 abr. 2013]; Disponível em http://www.uss.br/
arquivos/graduacao/vassouras/medicina/PPC_MEDICINA_2011_revisado.
pdf.
BRASIL. Resolução CNE/CES. nº 4, de 7 de Novembro de 2001. Diretrizes
Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina. Disponível
em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/Med.pdf> Acesso em 10 abr.
2014.
ANDRADE R. O perfil do médico a ser formado no novo projeto de
graduação em Medicina. 2010.; Disponível em <http://www.escolasmedicas.
com.br/art_det.php?cod=181>Acesso em 9 abr. 2014.
ASSIS Jr. P.C.; CASTRO, R.F.; PIO, M.C.S.; SILVA, K.N. Produção de
curta-metragem: uma ferramenta para o ensino da química. Anais do 10º
Simpósio Brasileiro de Educação Química. Teresina/PI, 2002. Disponível
em < http://www.abq.org.br/simpequi/2012/trabalhos/211-9162.html>.
Acesso em 12 abr. 2014.
36
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Conclusões
Interdisciplinaridade no ensino superior por meio de ações de extensão comunitária – Relato de experiência
José Carlos Dantas Teixeira¹, Eduardo Herrera Rodrigues de Almeida Junior¹, João Carlos de Souza Côrtes
Júnior¹, Elisa Maria Amorim Da Costa¹, Sebastião Jorge da Cunha Gonçalves¹, Marcos Antônio Mendonça¹,
Maria Cristina Almeida De Souza¹, Daniella Nogueira Silva Melo².
Resumo
A Extensão Universitária é um processo educativo, cultural e científico que articula o Ensino e a Pesquisa de forma
indissociável e viabiliza a relação transformadora entre a Universidade e a Sociedade. Suas ações são capazes de
promover a interdisciplinares, imprescindíveis à resolutividade da atenção em saúde prestada à população pelos alunos da
Universidade Severino Sombra. O objetivo deste resumo é relatar a interdisciplinaridade promovida por meio do Projeto
de Extensão “O Universitário Transformador”, desenvolvido no bairro Ipiranga, onde alunos dos cursos de Medicina,
Medicina Veterinária e Psicologia realizam ações extensionistas de promoção e recuperação da saúde dos moradores.
Introdução
como o processo que envolve a integração e o
engajamento de educadores em um trabalho conjunto
capaz de promover a interação de conteúdos entre si
e com a realidade, de modo a superar a fragmentação
do ensino, objetivando a formação integral dos alunos
a fim de que possam exercer criticamente a cidadania,
mediante uma visão global do mundo.
O objetivo deste resumo é relatar a
interdisciplinaridade promovida por meio do projeto
de extensão “O Universitário Transformador”,
desenvolvido no bairro Ipiranga, onde alunos dos cursos
de Medicina, Medicina Veterinária e Psicologia realizam
ações extensionistas de promoção e recuperação da
saúde da comunidade.
A extensão universitária é uma das funções da
universidade que, numa relação de reciprocidade com a
comunidade, estabelece a aliança entre o saber empírico
e o acadêmico, integrando a produção e a sistematização
do conhecimento como um processo de aprendizagem
significativa. Nesse contexto torna-se, promotora da
interdisciplinaridade através da integração entre ensino,
pesquisa e extensão. O Plano Nacional de Extensão
Universitária (PNEU) define Extensão Universitária
como o processo educativo, cultural e científico que
articula o ensino e a pesquisa de forma indissociável e
viabiliza a relação transformadora entre a universidade
e a sociedade.
Atualmente, em conformidade com os princípios e
diretrizes do PNEU, nota-se uma tendência em considerar
a ação extensionista como um trabalho interdisciplinar
que favorece a visão integrada do social, promotora de
conhecimento articulado com o ensino e com a pesquisa.
A Universidade exerce um papel culminante no que
concerne à formação do sujeito, pois tendenciosamente,
fragmenta o conhecimento, impondo uma visão tecnicista
e positivista dentro dos muros institucionais. Romper
com essa tendência fragmentadora e desarticuladora é
uma forma de contribuir para novos cenários de saberes,
pois a interdisciplinaridade insere-se nos processos de
trabalho, no cotidiano das pessoas, aproximando-se de
uma necessidade imediata humana devido às inúmeras
demandas que são impostas ao sujeito na sociedade
contemporânea.
A interdisciplinaridade pode ser considerada
Experiência
contextualizada
metodologia aplicada
e
a
Relata-se neste trabalho, a promoção da
interdisciplinaridade promovida por meio de ações de
extensão universitária. No bairro Ipiranga, na periferia
do município de Vassouras residem aproximadamente
300 famílias, que embora disponham de equipamentos
sociais, enfrentam adversidades decorrentes de suas
condições socioeconômicas. Neste contexto, percebeuse a possibilidade de atuação da USS por meio do Projeto
O Universitário Transformador, no qual os alunos dos
cursos de medicina, medicina veterinária e psicologia
têm a oportunidade de compreender a relevância
dos determinantes da saúde para o adoecimento e
desenvolver competências necessárias à resolução da
maioria dos agravos.
1. Universidade Severino Sombra, docente do curso de Medicina Vassouras-RJ, Brasil.
2. Universidade Severino Sombra, discente do curso de Medicina Vassouras-RJ, Brasil.
37
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Palavras-Chave: Universidade. Extensão Universitária. Interdisciplinaridade.
Os alunos do 1.º, 2.º. e 3.º período acadêmico de
Medicina são organizados em grupos compostos por um
acadêmico de cada um destes períodos, considerandose os níveis de complexidade e densidade das ações a
serem realizadas, com o intuito de valorizar a troca de
saberes mútuos de acordo com o grau de conhecimento
de cada integrante e assim, construir conhecimento
interdisciplinar. Recentemente, o projeto conta com
participação dos alunos dos cursos de medicina
veterinária e de psicologia, ainda em uma etapa piloto
de otimização da interdisciplinaridade no ensino.
Ao final de cada semestre letivo, os alunos são
incentivados a divulgar suas realizações no projeto
assim como contribuições de suas ações para a qualidade
de vida dos moradores do local. Para tanto, realiza-se
na Biblioteca Central da USS uma exposição, na qual
cada grupo se encarrega de estruturar um painel autoexplicativo. Adicionalmente, são expostos os materiais
educativos produzidos pelos discentes, disponibilizados
às secretarias municipais de saúde e de educação
para utilização, respectivamente, na sala de espera da
unidade ESF e na escola do bairro: jogos da memória,
jogos de tabuleiro e folhetos educativos, de autoria dos
alunos. Há também projeção de um filme (movie maker)
com imagens dos diversos atores sociais envolvidos no
projeto, cujo roteiro e edição são de responsabilidade
dos alunos, de modo que a comunidade acadêmica e a
população do bairro Ipiranga possam conhecer as ações
e os resultados do projeto.
e popular aponta para produção de conhecimento
resultante do confronto entre as realidades acadêmicas e
sociais gerando uma democratização do conhecimento e
uma efetiva participação da universidade na sociedade.
A interdisciplinaridade promovida por meio do
desenvolvimento de um projeto de extensão, relatada
neste trabalho, representa a incorporação de novas
práticas educativas, centradas na construção conjunta de
conhecimento de distintas áreas por alunos de diferentes
cursos, que têm estimulada a autonomia, a postura próativa na busca por soluções para problemas e o trabalho
em equipes compostas por profissionais de áreas afins.
A participação dos alunos neste projeto representa
uma experiência diferenciada, especialmente por tratarse de vivência que exige trabalho coletivo, participativo
e crítico-reflexivo, tendo em vista as necessidades de
saúde da população e o preconizado pelas Diretrizes
Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação
em Medicina;
Esta experiência contribui para formação de
médicos valorizadores do trabalho em equipe, alicerçado
no conhecimento interdisciplinar, imprescindível para
resolução dos agravos mais prevalentes na população;
A promoção da interdisciplinaridade promovida
por meio de ações de extensão universitária permeia a
interação entre o ensino e a pesquisa, fortalecendo-a.
Resultados e Discussão
Referências
Colocar em prática no cotidiano universitário ações
interdisciplinares se constitui um desafio aos gestores
acadêmicos, cientes de que a ação interdisciplinar constitui
uma ferramenta necessária para uma política institucional,
legitimando uma prática inovadora que estimula a sociedade
a pensar, refletir, compreender e agir de forma consciente e
preventiva frente aos desafios que se apresentam.
A interdisciplinaridade consiste na extrusão de
uma ciência dura, dando lugar a mudanças nas matrizes
curriculares das escolas no ensino fundamental, básico e
superior, como forma de o aluno ser o mediador do seu
conhecimento e buscar um domínio das suas investigações,
por meio de experiências e parcerias entre diferentes
ciências. A Extensão Universitária representa um processo
educativo que articula o ensino e a pesquisa de forma
indissociável e viabiliza a relação transformadora entre
universidade e sociedade, cuja complexa relação revela-se
na integração das diferentes áreas do saber ofertadas pela
universidade, a partir do princípio de indissociabilidade
entre ensino, pesquisa e extensão. Considerando
este princípio, verificou-se ser possível uma prática
interdisciplinar a partir da extensão universitária.
A troca de saberes sistematizados entre acadêmico
FAZENDA, I.C.A. Interdisciplinaridade. Um projeto em parceria. 5. ed. Rio
de Janeiro: Loyola, 2002.
DUCH, F.F. Interface Extensão Universitária e Cultura Interdisciplinar.
Dissertação (Mestrado). Universidade Braz Cubas. Programa de PósGraduação em Semiótica, Tecnologias de Informação e Educação. Mogi das
Cruzes/ SP, 2006.
RANGEL, J.N.M.; FERREIRA, I.; NUNES, L.C.; TORRES, M.C.M.B.
Caminhos interdisciplinares na odontologia. Rio de Janeiro: Rubio, 2006.
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24/04/2014.
SANTOS, M.L. Extensão universitária e interdisciplinaridade: uma discussão
em torno da universidade contemporânea. Disponível em: <http://www.
pucpr.br/eventos/educere/educere2006/anaisEvento/docs/CI-254-TC.pdf>
OLIVEIRA, F.N.G.; FRANCO, M.E.D.P.; BARROS, M.M.M. Desafios
das políticas da Multi/interdisciplinaridade: desafios contemporâneos das
instituições de ensino superior do Brasil. Anais do Simpósio Internacional
sobre Interdisciplinaridade no Ensino, na Pesquisa e na Extensão –
Região Sul. 2013. Disponível em < http://www.siiepe.ufsc.br/wp-content/
uploads/2013/10/A-Oliveira.pdf>. Acesso em 25/04/2014.
38
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Conclusões
Isolamento e avaliação do perfil de suscetibilidade antimicrobiana
a partir de urocultura de gatos domésticos
Ramona Cristina de Oliveira Batitucci¹, Daiany Aparecida Barboza¹, Thais Velasco Calainho¹, Nádia Rossi de
Almeida², Lidiane de Castro Soares², Lilyane da Silva Gomes Francisco³, Amanda Chaves de Jesus4.
Resumo
O presente estudo teve como objetivo avaliar o perfil de suscetibilidade antimicrobiana a partir da urocultura de felinos.
Foram utilizados animais que apresentavam sinais clínicos de doença do trato urinário, e previamente atendidos por
médicos veterinários colaboradores, e a urina coletada por cistocentese. A Escherichia coli, o Staphylococcus aureus,
Klebsiella sp. e Pseudomonas sp. foram os agentes mais isolados nas culturas. Com exceção do Staphylococcus aureus,
os demais agentes mostraram um perfil de resistência superior a 41% aos antibióticos testados. A enrofloxacina e a
norfloxacina apresentaram perfil de resistência de 45% e 30% aos agentes isolados. A ampicilina, a eritromicina e a
doxicilina não se mostraram eficazes. O imipinem apresentou 100% de eficácia aos agentes isolados. Estes elevados
índices de resistência estão intimamente relacionados ao uso indiscriminado de antibióticos na rotina clínica veterinária.
Portanto, é imprescindível que seja feito a cultura e o antibiograma, principalmente em casos de uropatias recidivantes.
Palavras-Chave: Cultura de urina. Antibióticos. Felinos.
Introdução
antimicrobianos indicados para o tratamento destas
infecções.
A doença do trato urinário inferior (DTUIF) é uma
síndrome cada vez mais presente na rotina da clínica
de felinos e é caracterizada por ser um conjunto de
doenças e fatores de riscos. Os principais sinais clínicos
associados a essa síndrome são: hematúria, disúria,
polaquiúria, estrangúria, periúria associados ou não a
obstrução uretral (DOREEN, 2007). A infecção do trato
urinário inferior de felinos por bactérias representa 3%
das uropatias. As bactérias comumente encontrados são
a Escherichia coli, Staphylococcus sp., Streptococcus
sp., Enterococcus sp., Pasteurella sp., Klebsiella sp.,
Proteus sp. e Pseudomonas sp. As infecções podem
ocorrer devido a falhas nos mecanismos de defesa local
ou recorrentes de um primeiro fator imunossupressor.
O trato urinário inferior possui uma variedade de
mecanismos para evitar a colonização de bactérias,
por isso há baixa prevalência de casos. No entanto, nos
últimos anos têm se evidenciado um aumento no número
de queixas. Esse aumento pode estar relacionado à
multirresistência bacteriana causada pelos mecanismos
de defesa e transferência natural de genes e pelo uso
inadequado de antimicrobianos de largo espectro.
A resistência bacteriana é uma preocupação para a
comunidade médica tanto humana quanto veterinária,
tornando-se uma questão de saúde pública. É a causa
mais conhecida do insucesso no tratamento de diversas
afecções, principalmente quando se considera a
emergência de bactérias multirresistentes (KINTOPP,
2006). Esse estudo teve como objetivo identificar as
bactérias mais presentes nas uropatias felinas e avaliar
o perfil de suscetibilidade das mesmas perante aos
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética
do Uso no Uso de Animais da USS (CEUA) sob o
protocolo 030/2013. Para o estudo foram utilizados
34 gatos domésticos com suspeita clínica de uropatias
como obstrução uretral, urolitíase ou cistite, previamente
atendidos por médicos veterinários colaboradores. A
coleta da urina foi realizada por cistocentese utilizando
uma seringa de 10mL conectada a um sistema de
extensão com uma torneira de três vias. Os animais foram
previamente sedados com quetamina (11mg/Kg/IM) e
diazepan (0,4mg/Kg/IM), e feita tricotomia da região
abdominal e antissepsia utilizando povidine tópico
a 1%. As amostras foram acondicionadas em frasco
estéril para a realização da urocultura e refrigeradas
à 4oC até o envio ao laboratório de Microbiologia da
Universidade Severino Sombra/USS, em um prazo
máximo de 24 horas. Para a realização da urocultura,
as amostras foram semeadas com auxílio de swabs em
placas de Agar Cled e Agar MacConkey e incubadas a
uma temperatura de 37°C por 24 horas. Após o tempo
de incubação, as placas foram examinadas observando
o crescimento das colônias. Valores acima de 1.000
UFC/mL foram considerados como infecção bacteriana.
As colônias bacterianas foram identificadas através
das características coloniais, morfológicas, tintoriais
e bioquímicas (KONEMAN et. al., 2008). Após a
identificação os agentes isolados foram submetidas ao
teste de suscetibilidade a antimicrobianos pelo método
1. Universidade Severino Sombra, discente do curso de Medicina VeterináriaVassouras-RJ, Brasil.
2. Universidade Severino Sombra, docente do curso de Medicina Veterinária Vassouras-RJ, Brasil.
3. Universidade Severino Sombra, técnica do Laboratório de Microbiologia, Vassouras-RJ, Brasil
4. Médica Veterinária Autônoma
39
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Material e Métodos
de difusão em disco de ágar in vitro, utilizando placas
com Agar Mueller Hinton pelo método Kirby-Bauer.
et al. (2008), a ocorrência de bactérias isoladas nas
urinas de gatos resistentes à maioria dos antibióticos
veterinários convencionais é elevada, e pode estar
relacionada à infecções recorrentes, por isto é primordial
refazer a urocultura e antibiograma. Outro motivo que
pode justificar o uso indiscriminado de antibióticos na
medicina felina é a dificuldade na contenção e manejo
destes animais durante o exame físico, fazendo com que
alguns médicos veterinários não realizem a cistocentese
ou cateterização.
Resultados e Discussão
A bactéria mais ocorrente no isolamento foi a
Escherichia coli, presente em 44% (15/34) das amostras
de urina, seguida da Staphylococcus aureus, Klebsiella
sp., Pseudomonas e Streptococcus não hemolítico, sendo
que em aproximadamente 3% (3/34) das amostras foram
isolados Proteus sp, Staphylococcus pseudintermedius
e Streptococcus alfa hemolítico. Esta ocorrência
bacteriana está de acordo com os dados dos estudos de
Reche Junior et al. (1998) e Eggertsdo’ et al. (2007).
A E. coli se mostrou resistente a 41% dos antibióticos
testados, com uma elevada resistência à cefalexina,
doxiciclina, enrofloxacina, norfloxacina e sulfa com
trimetropim. Essas drogas são bastante usadas na rotina
clínica veterinária. A Klebsiella sp. foi resistente à
32% dos antibióticos testados, o Proteus sp. a 47%, a
Pseudomonas sp. a 62%, o Staphylococcus aureus a 27%,
o Streptococcus alfa hemolítico a 32% e o Streptococcus
não hemolítico a 43% dos antibióticos testados. Um
estudo feito por Lees e Rogers (1986) revelou que a E.
coli, Staphylococcus spp., Streptococcus sp., Proteus
sp., Klebsiella sp. e Pseudomonas sp. são os agentes
mais frequentemente isolados em cistites felinas e que o
uso de fluoroquinolonas no tratamento podem ter ação
in vitro e in vivo contra esses agentes e por isso tem-se
preconizado mormente a enrofloxacina na terapia desses
pacientes. Pallo-Zimmerman et al. (2010) afirmam que
o aumento da resistência às fluoroquinolonas, as quais
incluim a norfloxacina e enrofloxacina, provavelmente
está relacionada com sua ampla utilização em medicina
veterinária bem como a mediação por plasmídeos,
que até então acreditava-se não ocorrer nessa classe
de medicamentos. Tanto a enrofloxacina quanto a
norfloxacina são drogas de eleição para o tratamento de
uropatias ser observado no presente estudo, que mostrou
uma resistência da enrofloxacina e da norfloxacina em
43% e 30% dos isolados, respectivamente. Apesar de
a gentamicina apresentar nefrotoxicidade em felinos,
foi observada uma sensibilidade microbiana de 93%
(13/14) das amostras. O cloranfenicol é o antibiótico
de última escolha em felinos devido ao seu potencial
de causar hipoplasia ou aplasia medular (ARAÚJO,
2000). A escolha desse antibiótico no estudo ocorreu em
culturas resistentes à maioria dos antibióticos testados.
Os isolados apresentaram sensibilidade de 88% (15/18)
perante ao cloranfenicol. O Imipinem é um antibiótico
de largo espectro não comumente utilizado na Medicina
Veterinária, entretanto, o seu uso principalmente é
indicado em casos de uropatias recidivantes em felinos.
No presente trabalho, os agentes isolados mostraram
100% de sensibilidade a essa droga. Segundo Eldredge
Conclusão
A E. coli, S.aureus, Klebsiella sp. e Pseudomonas
sp. foram as bactérias mais ocorrentes na uroculturas
dos gatos. Com exceção do S.aureus, os demais isolados
apresentaram resistência superior a 41% perante os
principais antibióticos indicados nas uropatias felinas.
Referências
KINTOPP, L. L. Doença do trato urinário dos felinos associado à obstrução
uretral por tampões uretrais e urólitos. Monografia. Curso de Medicina
Veterinária. Universidade Tuiuti do Paraná. Curitiba, 2006.
KOONEMAN, E. W. Diagnóstico Microbiológico. 6ª edição. 2008.
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da doença do trato urinário inferior em gatos domésticos de São Paulo.
Brazilian Journal of Veterinary Reserch and Animal Science, v. 35, n. 2, p.
69-74, 1998.
EGGERTSDO, A. R.; KRONTVEIT, H.; LUND, H.; SORUM, H. Bacteriuria
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Journal of Feline Medicine and Surgery. v. 9, n. 6, p. 458-465, 2007.
LEES, G. E.; ROGERS, K. S. Treatment of urinary tract infections in dogs
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648–652, 1986.
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1-E8, 2010.
ARAUJO, I. C.; POMPERMAYER, L. G.; PINTO, A. S. Metabolismo de
drogas e terapêutica no gato: revisão. Clínica Veterinária, n. 27. p. 46-54,
2000.
40
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
DOREEN, M. H. Epidemiologia da urolitíase felina. Veterinary Focus, v.
17, n.1, 2007.
Patrulheiro Ambiental
Elisa Maria Amorim Da Costa¹, Marcos Antônio Mendonça¹ Caio do Canto Mendonça², Aloizio Silva Rezende
Neto ², João Alberto Novis Gomes Monteiro ², Thiago Zannon ², Gabriela Mendes de Carvalho², Ohanna de
Acácia Vizeu².
Resumo
Este Projeto se volta para a faixa etária de 8 a 12 anos, abrangendo os estudantes da Escola Municipal de Ipiranga. Seus
objetivos são: capacitar Patrulheiros Ambientais para o desenvolvimento de atividades de educação ambiental, gerar
materiais educativos e difundir conhecimentos, através de atividades lúdicas e oficinas. Visa possibilitar a melhoria da
qualidade de vida e saúde da população . O produto das oficinas, além da capacitação dos patrulheiros é a produção material
educativo, para serem utilizados no repassar de informações aos outros alunos, que não pertençam ao grupo dos patrulheiros.
Os resultados obtidos no primeiro semestre de implantação do Projeto (2013/2) demonstraram que a mudança de hábitos
de uma população é difícil, pois, fica na dependência de múltiplos fatores, além da limitação imposta pelo meio ambiente.
Pretende-se evoluir na reciclagem de materiais e nas mini-hortas, na posse responsável de animais e no controle de zoonoses.
Introdução
centrada apenas na doença e passa a compreender uma
visão mais ampliada do conceito de saúde.
As razões que motivaram a escolha desta
localidade compreendem o fato de ela dispor de um
número apropriado de famílias (250), situar-se em área
limítrofe com outro município, (Barra do Piraí), ter
população assalariada de baixo nível socioeconômico,
ficar em região ribeirinha (Rio Paraíba do Sul) e ter
fácil acesso aos Serviços da Atenção Básica, porém
dificuldades no acesso aos outros níveis de Atenção à
Saúde. Destaca-se, ainda, a existência de um conjunto
residencial de 35 casas oferecidas pela Prefeitura
Municipal há aproximadamente 6 anos, ocupado por
famílias que viviam em área de risco.
A localidade de Ipiranga apresenta sérios
problemas ambientais agravados pelas chuvas e pelas
transformações sociais vividas pela população e sofre
interferência em relação a sua localização, pois se
encontra entre a linha férrea, o Rio Paraíba e morros
semi desmatados.
A vivência dos jovens nesta localidade é um fator
que tem sido utilizado para o melhor entendimento da sua
função como transformador do eco-desenvolvimento.
Neste sentido, o projeto busca conscientizar à população
infantil da importância de suas ações com relação ao
seu entorno.
Os principais objetivos deste projeto que
une pesquisa e extensão podem ser expressos em
capacitar agentes multiplicadores mirins (Patrulheiros
Ambientais) para o desenvolvimento de atividades de
educação socioambiental, gerar materiais educativos e
difundir conhecimento e informações a partir da cultura
local.
O ser humano se distingue dos outros animais
pela capacidade de produzir alterações inteligentes na
face do planeta, seja para melhorá-lo ou para destruílo.
Neste sentido, visando à preservação ambiental
tanto em nível macro e micro, se faz necessário
que as crianças sejam alvo de projetos de educação
socioambiental, já que, em populações vulneráveis
socialmente, é muito comum que os próprios moradores
contribuam, de forma importante, para o agravamento
da precariedade das condições ambientais do local onde
habitam.
Confiando que a mudança de hábitos é muito mais
facilmente realizada na infância que na vida adulta e no
poder de convencimento que as novas gerações têm em
seus domicílios, este Projeto se volta para a faixa etária
de 8 a 12 anos, abrangendo os estudantes da Escola
Municipal de Ipiranga.
Vassouras, sede da USS, é localizada na região sul
fluminense e tem uma população de aproximadamente
33 232 habitantes. De uma maneira especial, este Projeto
se desenvolve no distrito de Itakamosi, na subunidade de
Saúde da Família localizada em IPIRANGA, considerada
área periurbana da sede e é parte da Atividade Curricular
dos alunos do primeiro ao terceiro períodos do curso de
Medicina que se intitula Projeto Ipiranga. Este Projeto
integra atividades de ensino-pesquisa e extensão e tem
o objetivo primordial de inserir precocemente o aluno
de medicina em atividades extramuros, diversificando
os cenários de ensino e contribuindo para a mudança
de paradigma da formação médica, que deixa de ser
1. Universidade Severino Sombra, discente do curso de Medicina VeterináriaVassouras-RJ, Brasil.
2. Universidade Severino Sombra, docente do curso de Medicina Veterinária Vassouras-RJ, Brasil.
41
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Palavras-Chave: Meio ambiente. Educação em saúde. Natureza
Material e Métodos
nas visitas domiciliares feitas quinzenalmente, aos
sábados, pelos acadêmicos de medicina.
Através de atividades lúdicas e oficinas estão
sendo capacitados alunos da escola municipal, com
faixa etária entre oito e doze anos para que atuem como
patrulheiros ambientais.
Alunos do curso de Medicina (primeiro período),
sob a supervisão de monitores e professores, atuam
como elementos multiplicadores destas atividades
educativas preparando as crianças para agirem em
suas comunidades. São, principalmente, abordadas
questões que permitem a melhoria da qualidade de vida
e saúde da população de Ipiranga (convivência com
o rio; saneamento; lixo; insetos; doenças ambientais;
desmatamento e desenvolvimento sustentável).
O produto das oficinas, além da capacitação
dos patrulheiros é a produção material educativo,
principalmente jogos, para serem utilizados no repassar
de informações aos outros alunos, que não pertençam
ao grupo dos patrulheiros.
Para que haja a motivação dos adultos e
aproximação intergeracional os idosos serão,
numa segunda fase, incentivados a participar como
colaboradores dos jovens patrulheiros.
Conclusão
Referências
Resultados Parciais e Discussão
BUSS, PM. Promoção da saúde e qualidade de vida. Ciência & Saúde
Coletiva, Rio de Janeiro, 2000, 5: 163-177.
Os resultados obtidos no primeiro semestre de
implantação do Projeto (2013/2) demonstraram que a
mudança de hábitos de uma população é muito difícil,
pois, fica na dependência de fatores sociais, econômicos
e culturais, além da limitação imposta pelo próprio meio
ambiente. O próprio poder público acha dificuldades em
prover o saneamento adequado a alguns locais, seja por
razões geográficas, seja por questões ligadas à posse da
terra ou econômicas.
A geografia de Ipiranga impede, em muitos lugares,
o plantio de hortaliças (enchentes), o combate a vetores,
a correta eliminação dos dejetos, o abastecimento de
água potável e a diminuição de poluentes (linha férrea e
calçamento com escória).
O grande número de animais domésticos, sem
as características da posse responsável, contribui para
o agravamento das questões sanitárias da residência e
predispõe a zoonoses.
Foram, no primeiro momento, abordados temas
como zoonoses, controle de lixo, esgotamento sanitário,
eliminação de vetores, destino correto de lâmpadas
fluorescentes e baterias, hortas domésticas, entre outros,
visando a satisfação das necessidades básicas de saúde e
segurança ambiental nesta localidade.
Os jogos criados pelos alunos (jogo da memória
e trilha), resultado das oficinas, estão sendo usados para
educação em saúde das outras crianças da escola. Os
menores que ainda estão fora da escola são orientados
GALLO, EA; COSTA, JC; CASTRO, JD; STUDART, V; WILLECKE, S.
Saúde, Desenvolvimento e Globalização. Saúde em Debate, v. 29, p. 315326, 2007.
LABONTE, R. Estrategias para la promoción de la salud em La comunidad.
In: Organización Panamericana de la Salud. Promoción de la salud: una
antologia. Washington DC: OPS, 1996, pp. 153-65. (OPS – Publicacíon
Científica y Técnica, 557).
42
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
O Projeto, apesar das dificuldades, tem seus
méritos reconhecidos, pois, além de permitir a
integração ensino-pesquisa-extensão, foi um dos cinco
finalistas do 2.º Prêmio Inovação Medical Services Novos Caminhos em Saúde Pública, promovido pelo
Laboratório Sanofi-Aventis. No ano de 2014, tem tido
suas atividades aperfeiçoadas pela integração com
o curso de Medicina Veterinária da USS, pelo uso de
novas metodologias de educação em saúde e pela
participação dos alunos jovens talentos da FAPERJ,
que, certamente, auxiliarão em muito na elaboração de
novos materiais educativos e no contato com a escola.
Pretende-se evoluir principalmente na reciclagem de
materiais e nas mini-hortas em garrafas pet com ervas
medicinais e temperos, na posse responsável de animais
domésticos e no controle de patologias agravadas por
questões ambientais.
Resultados preliminares da avaliação dos estagiários de Psicologia Hospitalar
sobre a encantadora prática no hospital – Fevereiro a abril de 2014
Juliana Fernandes de Souza¹, Jéssica Fernanda Pizão Soares², Mariana Fernandes de Siqueira da Silva², Núbia
Silva Oliveira da Silveira², Tainah Joras Rodrigues Ferreira², Thuany de Souza Mucci Ramalho de Oliveira²,
Ursula Velasco Rocha².
Resumo
O fio condutor do trabalho é a avaliação realizada com os alunos estagiários de Psicologia Hospitalar, do curso de
graduação em Psicologia da Universidade Severino Sombra, sobre a prática de estágio realizada no atual período
(2014.1), já que no cenário de ensino- aprendizagem horizontal os estagiários são atores fundamentais do processo.
Os resultados, embora preliminares e parciais, já mostraram uma familiaridade bastante interessante dos alunos com
a prática de estágio, além de oferecer para a professora supervisora um rico retorno sobre desafios, encantamentos
e dificuldades dos alunos nesse campo de estágio. Algumas palavras, especialmente, traduziram a avaliação dos
estagiários estando entre elas desafio, medo, humanização, multidisciplinaridade, respeito, dedicação e pacientes.
Introdução
Resultados e Discussão
A Psicologia Hospitalar é uma área da Psicologia
que está em ascensão, especialmente, nos últimos dez
anos. Apesar disso, nem todos os cursos de graduação
em Psicologia oferecem a disciplina de Psicologia
Hospitalar e, menos ainda, a prática dessa possibilidade
de atuação dos psicólogos.
O estágio supervisionado específico em Psicologia
Hospitalar do curso de Psicologia da Universidade
Severino Sombra é realizado no Hospital Universitário
Sul Fluminense, tendo enfermarias e unidade de
hemodiálise como espaços de prática de destaque.
É uma modalidade de estágio supervisionado
específico, sendo nesse momento, oferecido aos alunos
do 8.º ao 10.º períodos.
Vale ressaltar a importância da prática de estágio
para a formação acadêmica dos alunos, e por isso a
preocupação em realizar avaliações contínuas para
aprimoramento dessa prática.
A partir das respostas dos alunos estagiários,
podemos destacar alguns pontos importantes a serem
apresentados e discutidos sobre a prática de estágio em
um hospital geral.
Sobre a importância da Psicologia no hospital
os alunos conseguiram perceber os benefícios para os
pacientes de uma escuta técnica e diferenciada em um
momento de tanta fragilidade como pode ser o momento
de uma internação hospitalar.
Em relação ao estágio como uma prática atraente
apontaram a possibilidade encantadora de “dar voz”
aos pacientes e a inquietação em assumir um lugar de
intermediador entre paciente, família e equipe quando a
comunicação não acontece da melhor forma possível.
Respondendo sobre os desafios do estágio, os
estagiários sinalizaram a satisfação em levar a psicologia
para o espaço do hospital mostrando os benefícios desse
entrelaçamento da psicologia com o hospital geral.
Pensando as dificuldades dessa prática, os alunos
apontaram a presença em um espaço que não é da
Psicologia, e que ainda atende ao modelo biomédico.
Material e Métodos
O estágio supervisionado específico em Psicologia
Hospitalar é uma das opções de prática que compõe a
matriz curricular do curso de Psicologia. Considerando
o processo de educação horizontal, em que o supervisor
e alunos estagiários são fundamentais, realizamos uma
avaliação durante a atividade de supervisão de estágio para
obtermos os primeiros resultados sobre a prática de estágio
em Psicologia Hospitalar de 2014.1. O wordle será uma
ferramenta utilizada para a apresentação dos resultados.
Conclusões
O estágio oportuniza ao discente de Psicologia a
prática em espaço diferenciado com importância para
o mercado de trabalho atual. Os alunos estagiários
traduzem em palavras/textos os conhecimentos
adquiridos em um período tão curto de estágio. Os
alunos estagiários avaliam o estágio através de palavras-
1. Docente, Universidade Severino Sombra, Vassouras-RJ, Brasil.
2. Discente Universidade Severino Sombra, Vassouras-RJ, Brasil.
43
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Palavras-Chave: Estágio. Psicologia. Hospital
chave e traduzem, de forma interessante, essa prática:
humanização, superação, experiência ímpar, escuta,
respeito, medo, multidisciplinaridade, empolgante,
desafiador.
Referências
BARROS, T. M. Doença renal crônica: Do doente e da dimensão familiar.In:
MELLO FILHO, J. Doença e Família. São Paulo: Casa do Psicólogo.
BRSUCATO, W. L; BENEDITTI, C; LOPES, S. R. A; A prática da Psicologia
Hospitalar na Santa Casa de São Paulo. São Paulo: Casa do Psicólogo,
2004.
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
KNOBEL, E; ANDREOLI, P. B. A; ERLICHMAN, M.R; Psicologia e
Humanização: Assistência aos pacientes graves. São Paulo: Atheneu, 2008.
44
Prescrição e descrição do uso de medicamentos entre idosos no Brasil
Paulo Sergio Falchi Junior ¹, Bárbara Batista Goulart Portugal ¹, Leandra Duarte Bastos¹, Hemerson Garcia
de Oliveira Silva¹, Danilo Henrique Falchi¹.
Resumo
Com o aumento da população idosa no Brasil, e sua consequente preocupação em relação à saúde do idoso, estudos
farmacoepidemiológicos têm ganhado cada vez mais importância para a obtenção de estratégias a serem traçadas a fim
de melhorar a qualidade de vida da população idosa. O vasto arsenal terapêutico disponível no mercado brasileiro pode
contribuir para o uso excessivo de fármacos, sem que se leve em consideração seus possíveis malefícios, contribuindo
ainda para essa situação a busca da recuperação da saúde por meio dos medicamentos. A partir do conhecimento dos
fatores que se mostraram associados ao uso de medicamentos, na população idosa, espera-se contribuir para a elaboração
de políticas públicas direcionadas ao bem-estar desse grupo. Os resultados obtidos através desse estudo visam ampliar o
conhecimento a respeito da utilização de medicamentos pelos idosos, evidenciando a necessidade de aprimoramento da
assistência medico-farmacêutica voltada para esse subgrupo da população.
Palavras-Chave: Idosos. Medicamentos. Intercorrências
Introdução
limites de data de publicação dos estudos, ou seja,
envolvendo todo o período disponível pelo conjunto de
base de dados utilizados.
No Brasil, a população idosa, em 2002, perfazia
um total de 14,1 milhões de pessoas e projetava-se para
2025 um total de 33,4 milhões. Esse envelhecimento
populacional requer a adequação do sistema de saúde às
novas necessidades apresentadas pelos idosos.
Nesse cenário de envelhecimento populacional
e de maior preocupação em relação à saúde do idoso,
os estudos farmacoepidemiológicos têm ganhado cada
vez mais importância. No Brasil, a utilização de grande
número de medicamentos é amplamente observada
entre indivíduos com 60 anos ou mais. Dados apontam
que os idosos constituem 50% das pessoas que utilizam
múltiplos medicamentos. Além disso, é comum
encontrar, em suas prescrições, doses e indicações
inadequadas, interações medicamentosas, associações e
redundância, além do uso de medicamentos sem valor
terapêutico.
A Organização Mundial da Saúde (OMS)
considera que mais de 50% dos medicamentos são
prescritos ou dispensados de forma inadequada e que
50% dos pacientes, principalmente idosos tomam
medicamentos de maneira incorreta levando a alto
índice de morbidade e mortalidade.
O objetivo deste estudo foi identificar o perfil
sócio demográfico sobre o uso de medicamentos por
pessoas idosas no Brasil. Além disso, buscou-se refletir
o impacto de elementos como interação medicamentosa,
prescrição errônea e polifarmácia na saúde do idoso.
Material e métodos: foi realizada uma revisão
sistemática dos estudos publicados sobre a associação
do uso de medicamentos entre a população idosa, sem
A prevalência de uso de medicamentos entre a
população idosa é bastante elevada (83%) assim como
a média de produtos utilizados (3,8). Esse perfil de uso
de medicamentos é também comparável aos resultados
descritos em países desenvolvidos. Uma maior utilização
de medicamentos pela população idosa é esperada
em função da maior ocorrência de doenças crônicas
nesta faixa etária, mas seu consumo elevado sugere a
contribuição do valor simbólico do medicamento, que
propicia a medicalização, bem como a baixa frequência
de uso de recursos não farmacológicos para o tratamento
de problemas de saúde.
O vasto arsenal terapêutico disponível no
mercado brasileiro, assim como o valor simbólico do
medicamento, pode contribuir para o uso excessivo
desses produtos, sem que se leve em consideração suas
possíveis consequências negativas. Contribui ainda
para essa situação a busca da recuperação da saúde por
meio dos medicamentos, em detrimento de medidas não
farmacológicas.
A partir do conhecimento dos fatores que
se mostraram associados ao uso de medicamentos,
espera-se contribuir para a elaboração de políticas
públicas direcionadas ao bem-estar desse subgrupo
populacional, que visem à adequação da assistência
farmacêutica às suas reais necessidades, promovendo
desta forma a racionalização do uso de medicamentos
1.Universidade Severino Sombra, Vassouras-RJ, Brasil.
45
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Resultados e Discussão
e, consequentemente, a otimização da terapêutica
medicamentosa.
Conclusões: o uso de medicamentos entre os
idosos assume, cada vez mais, inegável importância
como estratégia terapêutica para compensar as alterações
sofridas com o processo de envelhecimento ou visando
controlar doenças crônicas bastante frequentes na
terceira idade, mesmo que outras formas de cuidado
sejam incorporadas.
Contudo, essa faixa etária é também a que
apresenta maior vulnerabilidade aos eventos adversos
relacionados a medicamentos, o que se deve a
complexidade dos problemas clínicos, à necessidade
de múltiplos agentes, e às alterações farmacocinéticas e
farmacodinâmicas inerentes ao envelhecimento.
Logo, a realização de estudos abrangentes sobre
a utilização de medicamentos por idosos, constitui
uma demanda importante em nosso país, uma vez que
este tema ainda é insuficientemente abordado e os
estudos realizados até o momento são restritos a alguns
municípios brasileiros.
Referências
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
REZENDE, CRISTIANE DE PAULA; CARRILLO, MARIA RUTH
GONÇALVES GAEDE; SEBASTIÃO, ELZA CONCEIÇÃO DE
OLIVEIRA. Queda entre idosos no Brasil e sua relação com o uso de
medicamentos: revisão sistemática. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro,
28(12):2223-2235, dez, 2012.
DA SILVA, ANDERSON LOURENÇO; RIBEIRO, ANDRÉIA QUEIROZ;
KLEIN, CARLOS HENRIQUE; ACURCIO, FRANCISCO DE ASSIS.
Utilização de medicamentos por idosos brasileiros, de acordo com a faixa
etária: um inquérito postal. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 28(6):10331045, jun, 2012.
AZIZ, MARINA MENESES; CALVO, MARIA CRISTINA MARINO; DI
ORSI, ELEONORA. Medicamentos prescritos aos idosos em uma capital do
Sul do Brasil e a Relação Municipal de Medicamentos. Cad. Saúde Pública,
Rio de Janeiro, 28(1):52-64, jan, 2012.
MARIN, MARIA JOSÉ SANCHES; CECÍLIO, LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA; PEREZ, ALEXANDRE EDUARDO W. UGOLINI
FERRAZOLI PEREZ; SANTELLA , FERNANDO; SILVA, CAMILA
BATISTA ANDRADE; FILHO, JOSÉ ROBERTO GONÇALVES;
ROCETTI, LIDIANE COLA. Caracterização do uso de medicamentos entre
idosos de uma unidade do Programa Saúdeda Família. Cad. Saúde Pública,
Rio de Janeiro, 24(7):1545-1555, jul, 2008.
DAIANE PORTO GAUTERIO, SILVANA SIDNEY COSTA SANTOS,
CHIARA MARIA DE SOUZA STRAPASSON, DANIELLE ADRIANE
SILVEIRA VIDAL, DIESSICA ROGGIA PIEXAK. Uso de medicamentos
por pessoas idosas na comunidade: proposta de ação de enfermagem. Rev
Bras Enferm. 2013 set-out; 66(5): 702-8.
SECOLI, SILVIA REGINA. Polifarmácia: interações e reações adversas no
uso de medicamentos por idosos. Rev Bras Enferm, Brasília 2010 jan-fev;
63(1): 136-40.
46
Sinais e sintomas clínicos de iam apresentados pelo paciente
diabético tipo II - Importância do diagnóstico precoce
Wesley T. de Oliveira ¹, André Bonfim ¹, Paula Pita².
Resumo
Doenças isquêmicas cardíacas são causas prevalentes de morbimortalidade, sendo imprescindível diagnóstico e
tratamento precoces.No paciente portador de diabetes mellitus II (DMII), esta síndrome pode manifestar- se com dor
leve ou ausente, dificultando diagnóstico precoce.Objetivo:Comparar apresentação clínica do IAM entre pacientes com
e sem DMII.Material e Métodos:artigo de revisão, baseado em dados Scielo e Pubmed, ultiliza artigos de 2009 a 2013.
Resultados:pacientes diabéticos vivenciaram IAM apresentando dor precordial atípica, ao contrário dos pacientes não
diabéticos, que apresentaram algia em 100% dos casos.Discussão:neuropatia autonômica, comum no paciente diabético,
causou danos no sistema cardiovascular, reduzindo a intensidade da dor no IAM. Conclusões o IAM, em paciente
diabéticos, pode ocorrer com manifestações álgicas leves ou inexistentes; profissionais de saúde devem orientá- los a não
protelarem auxílio médico, ao apresentarem sintomas, mesmo minimizados, de IAM; o diagnóstico precoce do IAM é a
forma de minimizar principais complicações e de aumentar a sobrevida dos pacientes com DMII.
Introdução
e atribuíram notas mais baixas para a dor (p<0,001),
quando comparados aos pacientes sem DM. Houve
diferença significante entre as médias da nota de dor
entre os pacientes diabéticos e não-diabéticos (p<0,001).
Conclui-se que pacientes diabéticos apresentaram
diminuição ou mesmo ausência de dor durante o IAM,
quando comparados aos indivíduos não-diabéticos.(4)
O tratamento estatístico dos dados foi feito utilizandose o teste de qui-quadrado de Pearson (com correção)
ou Fisher.
Diabetes pode ser classificado em dois principais
subtipos: DM tipo 1 (DM1), de origem autoimune,
relacionado à deficiência de in¬sulina; e DM tipo 2 (DM2),
resultado de um complexo processo fisiopatológico que
culmina com a resistência insulínica.1
O IAM em pacientes diabéticos tem prognóstico
ruim, maior risco de reinfarto e pior resposta ao
tratamento.(2)A disfunção endotelial é um evento
precoce na história natural do diabetes. A integridade
na produção de NO, que evidencia a vasodilatação
dependente do endotélio. A hiperglicemia é capaz de
inativar o óxido nítrico (NO) derivado do endotélio.
(3)
A ausência ou atipia da dor no IAM, em indivíduos
diabéticos descrita na literatura e a dificuldade na
avaliação da dor, devido ao seu caráter subjetivo, entre
outros fatores, levou-nos a buscar subsídios teóricos
para elucidar a questão. Este trabalho, assim, visa avaliar
a dor do IAM nesse perfil de indivíduos, considerando
sintomatologia associada e a importância de se realizar
diagnóstico precoce.1
Um estudo desenvolvido na Unidade de ProntoSocorro (Emergência) e na Unidade Coronariana
(UCO) do Instituto do Coração (InCor), do Hospital
das Clínicas Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo, teve como objetivo comparar a dor do infarto
agudo do miocárdio (IAM) entre pacientes diabéticos e
não diabéticos. Uma amostra de 80 pacientes com IAM,
divididos em 2 grupos com e sem diabetes mellitus
(DM), sendo 29% diabéticos e 71% não-diabéticos. Os
pacientes com DM referiram ausência de dor (p<0,05)
Tabela 1. Resultados referentes à presença de dor.
Variável
Categoria
Sem diabetes
Com diabetes
Total p*N
%
N
%
N
%
Sim
57
100
20
87
77
96,022
Não
-
3
13
3
4
23
100
80
Dor
Total
57
-
100
100
p* nível descritivo do teste de Fisher
Fonte. Arquivo pessoal
A maioria dos pacientes teve dor (96%), sendo que
nos pacientes com diabetes 87% tiveram dor, enquanto que
no grupo sem diabetes essa porcentagem sobe para 100%
(p=0,022).
Analisando os 77 pacientes que tiveram dor (Tabela 2),
verifica-se que não houve diferença no local da dor (p=1,000),
nem em relação à qualidade (p=0,457) e nem relação ao
alívio da mesma (p=0,850). Porém, os pacientes com
diabetes tenderam a dar notas mais baixas para a dor, quando
comparados com os pacientes sem diabetes (p<0,001).
1. Universidade Severino Sombra, Discente, Vassouras-RJ, Brasil.
2. Universidade Severino Sombra, Docente, Vassouras-RJ, Brasil.
47
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Palavras-Chave: Diabetes mellitus tipo II. Infarto Agudo do Miocárdio (IAM). Sinais e sintomas do IAM. Neuropatia
autonômica.
cardiovasculares, visando à prevenção da doença e de
seus agravos (7)
Tabela 2. Distribuição dos pacientes com dor, segundo local, nota,
qualidade e alívio da dor e presença ou não de diabetes.
Local
da dor
Categoria
Qualidade
da
dor
Alívio
da dor
N
Com diabetes
%
N
%
Total p*N
%
Retroesternal
41
72
5
75
56 73
1,0
Outros#
16
28
5
25
1
27
1-7
13
23
7
85
30 39
<0,00
8-10
44
77
3
15
47 61
1
Aperto
33
58
9
45
42
Queimação
11
19
6
30
7
22
Peso+pont
9
16
2
10
1
14
Múltiplos
4
7
3
15
7
10
Medicação
25
44
0
50
35 45
57
100
0
100
Nota
da dor
Sem diabetes
Total
Conclusão
Conclui-se que o IAM pode ocorrer com
manifestações álgicas leves ou até inexistentes em
paciente diabéticos. O desconforto álgico é o último
evento na cascata de reações de isquemia cardíaca
e, sabendo que a dor é atípica nesses pacientes, os
profissionais de saúde devem orientá- los a não
protelarem auxílio médico, ao apresentarem sintomas
de angina, mesmo com intensidade abrandada. Desta
forma, trata-se de um estudo de relevância tendo em
vista a importância do diagnóstico precoce do IAM
para uma correta abordagem terapêutica como forma
de minimizar as principais complicações e aumentar a
sobrevida dos pacientes com DMII.
540 ,457
0,85
77100
p* nível descritivo do teste de associação pelo qui-quadrado
dePearson;
# outros locais: mandibular (2 casos), epigástrica (2 casos),
membrossuperiores (4 casos) e outros (11 casos).
Fonte. InCor, 2000
Referências
B. Gomes Aline Tiemi K. Silva Pedro P. M . Diabetes mellitus e coração:
um contínuo de risco Quais os alvos contemporâneos de tratamento e como
alcançá-los? HUPE, Rio de Janeiro, 2013
Material e Métodos
Silvia Avezedo1, Edgar Guimarães Victor2, Dinaldo Cavalcanti de Oliveira3;
RevBrasClin Med. São Paulo, 2010 nov-dez;8(6):520 ;Diabetes mellitus e
aterosclerose: noções básicas da fisiopatologia para o clínico geral.
Trata-se de um artigo de revisão, em que se
utilizaram artigos de 2009 a 2013 obtidos através das
bases de dados Scielo e Pubmed.
Iara Antonia Lustosa Nogueira1, Mabel Fernandes Figueiro2 , Anna Maria
Buehler2,.Angioplastia Guiada por Ultrassom Intracoronariano: Metanálise
de Ensaios Clínicos Randomizados Instituto de Ensino e Pesquisa do
Hospital do Coração2, São Paulo, SP – Brasil http://www.scielo.br/pdf/
abc/2013nahead/aop_5234.pdf.Artigo recebido em 28/10/12; revisado em
24/11/12; aceito em 06/03/13.
Discussão
Cristina Bergman Triches 2010, Doença cardiovascular em paciente com
diabetes mellitus tipo 2:aspecto do manejo clínico e avaliação do angina
pectoris como fator de risco para evento cardíaco; http://hdl.handle.
net/10183/27751
5- Fernando K. Almeida, Jorge L. Gross,Serviço de Endocrinologia do
Hospital de Clínicas de Porto Alegre1; Universidade Federal do Rio Grande
do Sul2, Porto Alegre, RS – Brasil; Complicações Microvasculares e
Disfunção Autonômica Cardíaca em Pacientes com Diabete Melito Tipo 1
Microvascular. 2011
Todos os artigos pesquisados corroboram com
o fato de que pacientes diabéticos podem vivenciar
um IAM apresentando dor precordial leve ou ausente
ao contrário dos pacientes não diabéticos em que
se observa dor em 100% dos casos. Nota- se que, na
avaliação da ocorrência de dor durante o IAM (Tabela1),
os únicos três pacientes com ausência total de dor eram
diabéticos. Com isso verifica-se que 87% dos diabéticos
apresentaram dor, enquanto que no grupo sem diabetes
essa porcentagem sobe para 100% (p=0,022).
O Ministério da Saúde refere que a neuropatia
autonômica causa o infarto sem dor e está presente em 50
a 60% dos pacientes com tempo de diagnóstico superior
a 20 anos. A frequência de neuropatia autonômica
cardíaca (NAC) aumenta com a idade e com o tempo de
duração do diabete e faz com que o paciente protele a
busca por auxílio médico. (5)
A abordagem da educação para o indivíduo com
diabetes é a base para um autocuidado consciente, pois
previne complicações e melhora a qualidade de vida.
( 6). ) É necessário a implantação de ações de saúde
voltadas para um controle efetivo de fatores de risco
6- Cristiano Ferreira dos SantosSuzi Francelina de Freitas dos Santos.O
diabetes e suas principais complicações (2012) www.webartigos.com/
artigos/o-diabetes-e-suas-principais
7-Leandra de Gouveia Pacheco Gondim1 Wanderson A diferenciação do
infarto agudo do miocárdio entre paciente diabético e não diabético Rev
Latino-am Enfermagem 2003 novembro
Leandra de Gouveia Pacheco Gondim1 Wanderson A diferenciação do infarto
agudo do miocárdio entre paciente diabético e não diabético Rev Latino-am
Enfermagem 2003 novembro
48
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Variável
ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
Educação e saúde para a qualidade de vida na velhice – Uma ação
de extensão multidisciplinar
Maria Elisa Carvalho Bartholo ¹, Melissa Manna Marques¹, Nathalye Emanuelle Souza¹, Cristina Toledo¹,
Fátima Niemeyer Rocha¹.
Resumo
A ação de Extensão foi desenvolvida como parte do projeto “Educação e Qualidade Vida na Velhice”, cujas atividades
foram realizadas através das Oficinas: “FarmaSaúde - atividades para promoção do uso racional de medicamentos e
plantas medicinais”, “Orientação quanto ao Diagnóstico e ao Tratamento de Câncer”, “Envelhecimento e Memória” e
“Estresse X Felicidade”. Os temas foram apresentados a partir de breves explanações, seguidas da livre e espontânea
participação dos idosos presentes, através de perguntas e comentários, sendo os mesmos incentivados a compartilhar suas
experiências e opiniões. Após cada oficina, foram realizadas as medições de glicemia e as aferições de pressão arterial.
Introdução
disso, os dados do Censo Demográfico do IBGE (2011),
de 2000, referem que há cerca de 10 milhões de pessoas da
população brasileira com idade superior a 65 anos.
Nesse contexto, no âmbito do Projeto de Extensão
“Educação e Qualidade Vida na Velhice”, a ação envolveu,
como público-alvo, o grupo de velhos que frequenta
o Centro de Convivência do Idoso do Município de
Vassouras. Objetivou, de modo geral, possibilitar ao velho
a compreensão da relação entre qualidade de vida, saúde
e educação; e, de modo específico, promover a inclusão
do velho a partir da valorização dos seus conhecimentos,
experiências, valores e cultura, através de uma escuta
interessada e acolhedora de suas experiências cotidianas;
estimular os velhos ao compartilhamento de ideias e
experiências de vida; introduzir no grupo de velhos
algumas noções de cuidados para a saúde pessoal, como na
área do controle do estresse; orientar os velhos quanto ao
uso racional e correto de medicamentos; proporcionar aos
alunos a oportunidade de vivências significativas junto a
população de velhos; demonstrar ao aluno a necessidade de
um melhor conhecimento das caraterísticas da população
de velhos; levar os alunos que participaram da ação a
compreender a riqueza de possibilidades de trabalho com
a população de velhos em sua futura vida profissional.
Estudiosos de diferentes áreas têm investigado a
influência recíproca entre a saúde e a qualidade/condições
de vida, envolvendo também a educação; mostram que a
péssima distribuição de renda, o analfabetismo e o baixo
grau de escolaridade e as condições precárias de habitação
e ambiente desempenham um papel muito importante nas
condições de vida e saúde. Desse modo, a qualidade de
vida da população de velhos tem sido avaliada a partir
do atendimento tanto à saúde quanto à necessidade da
educação permanente.
O conceito de qualidade de vida envolve significados
que refletem os conhecimentos, as experiências e os valores
de indivíduos e coletividades, que se referem ao momento
histórico, à classe social e à cultura a que pertencem esses
indivíduos. O grupo de estudos sobre qualidade de vida da
Organização Mundial da Saúde (2001) definiu qualidade
de vida como “a percepção do indivíduo de sua posição na
vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais
vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões
e preocupações”, incluindo seis domínios principais:
saúde física, estado psicológico, níveis de independência,
relacionamento social, características ambientais e padrão
espiritual.
O envelhecimento da população é um fenômeno
de amplitude mundial. Conforme dados da Organização
Mundial de Saúde (2001), em 2025 existirão 1,2 bilhões de
pessoas com mais de 60 anos, sendo que os com 80 anos
ou mais constituem o grupo etário de maior crescimento.
A expectativa de vida da população mundial passará a ser
de 73 anos, em 2025 e, no Brasil, as perspectivas para o
ano 2030 estão em torno de 25 milhões de velhos; além
Material e métodos
Foram realizadas as seguintes atividades:
-
Oficina “FarmaSaúde - atividades para
promoção do uso racional de medicamentos e plantas
medicinais”. Uma prática da Atenção Farmacêutica,
como instrumento de educação em saúde e ambiental,
1.Universidade Severino Sombra, Vassouras-RJ, Brasil.
50
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Palavras-Chave: Educação e Saúde. Qualidade de Vida. Velhice.
foi realizada para proporcionar orientação quanto ao uso
racional e correto de medicamentos e plantas medicinais,
diminuir os problemas relacionados aos medicamentos e
a utilização de plantas tóxicas, com medidas de prevenção
de doenças e promoção da saúde. As ações executadas
envolveram: tirar dúvidas sobre os medicamentos e plantas
medicinais (chás); orientar os pacientes quanto ao uso
correto dos medicamentos e plantas medicinais; e passar
um questionário para proposta de Acompanhamento
Farmacoterapêutico.
-
Oficina “Orientação quanto ao Diagnóstico e
Tratamento de Câncer”. A longevidade constitui-se em uma
grande conquista da humanidade, devido à melhoria que
se observa nas condições gerais de saúde das populações,
embora de forma desigual nos diferentes países e contextos
socioeconômicos. Uma das mais temidas doenças crônicas
não transmissíveis é o câncer, embora apresente possibilidade
de cura, quando diagnosticado precocemente. O câncer,
sem importar qual seja sua etiologia, aflige milhões de
pessoas no mundo, independentemente de classe social,
cultura ou religião, e o impacto do diagnóstico, avanços
terapêuticos, que possibilitam uma melhora na taxa de
sobrevida e qualidade de vida, permanece o preconceito
de doença dolorosa, incapacitante e mortal. A incidência
dessa doença aumenta demasiadamente com a idade, muito
provavelmente porque, com o avançar dos anos, somam-se
fatores de risco de tipos específicos de câncer. Para tanto, a
oficina buscou o aprimoramento do conhecimento acerca do
câncer do grupo de idosos, enfocando os temas de Câncer
de Pele, Próstata, Cólon, Mama e de Reto, que são os mais
prevalentes na população da terceira idade, abordando sinais
e sintomas, fatores de risco e tratamento dessas neoplasias e
alertando os idosos sobre prevenção e diagnóstico precoce e
para que estes divulguem as informações à população.
-
Oficina
“Envelhecimento
e
Memória”.
Desenvolver habilidades de apreensão, retenção, evocação
e reconhecimento de informações de diversas modalidades
sensoriais, no idoso, a partir de exercícios programados
de memória, auxiliam na melhora do funcionamento dos
mesmos nas atividades de vida diária, visando a autonomia
do idoso. A atividade envolveu descrever e prescrever
exercícios que auxiliem a memória em suas fases (apreensão,
retenção, evocação e reconhecimento), com informações
sobre as diferentes modalidades sensoriais (audição, visão,
tato e gustação) para auxílio na execução de atividades de
vida diária com eficácia, assim com no desenvolvimento de
potencialidades para solucionar problemas e tomar decisões,
visando à autonomia do idoso.
-
Oficina: “Estresse X Felicidade”. O estresse é um
esforço de adaptação realizado pelo organismo, na tentativa
de enfrentar situações consideradas ameaçadoras à sua vida
e a seu equilíbrio interno, com componentes psicológicos
e físicos. É uma reação do corpo e da mente a estímulos
ou pressões que exigem da pessoa um grande esforço de
adaptação à situação, gerando um alto ritmo de atividades,
que o corpo não suporta. Quanto mais a situação durar ou
quanto mais grave ela for, mais estressada a pessoa pode
ficar. A atividade envolveu a discussão de temas como os
sintomas do estresse, a qualidade de vida, os fatores que
geram felicidade e o que fazer para combater o estresse, para
ter mais qualidade de vida e ser mais feliz.
Todas as oficinas foram seguidas da disponibilização
de Serviços Farmacêuticos, com aferição de pressão arterial
e de glicemia.
Estiveram presentes nas 04 oficinas um total de 153
idosos.As atividades desenvolvidas possibilitaram aos velhos
uma reflexão sobre a relação entre a qualidade de suas vidas,
sua saúde e a necessidade de uma educação continuada.
Tendo como ponto de partida os temas trabalhados nas
oficinas, observou-se que uma troca de conhecimentos e
experiências, evidenciada pelo acolhimento de seus valores
e cultura. Inclusive, a Oficina “Estresse X Felicidade”, que
não constava no planejamento inicial, foi desenvolvida para
atender ao interesse demonstrado pelos participantes em
relação ao tema, nas primeiras oficinas.
Paralelamente, os alunos que também participaram
das oficinas tiveram a oportunidade de viver experiências
significativas junto à população de velhos, o que lhes
possibilitou um melhor conhecimento de suas caraterísticas
e a compreensão da riqueza de possibilidades de trabalho
com a população de velhos em sua futura vida profissional.
Conclusões
A ação de extensão realizada possibilita ao velho,
a compreensão da relação entre qualidade de vida, saúde
e educação, o compartilhamento de ideias e experiências
de vida, pela valorização dos seus conhecimentos,
experiências, valores e cultura, através de uma escuta
interessada e acolhedora de suas experiências cotidianas,
o contato com noções de cuidados para a saúde pessoal,
especificamente, nas áreas do controle do estresse, de
exercícios para melhorar sua memória, do uso racional
e correto de medicamento e noções sobre alguns tipos de
câncer. Além disso, proporciona aos alunos, a oportunidade
de vivências significativas junto aos velhos, melhorando
seus conhecimentos das caraterísticas dessa população, a
compreensão da riqueza de possibilidades de trabalho com
a população de velhos em seu futuro profissional.
Referências
IBGE. Diretoria de Pesquisas. Coordenação de População e Indicadores
Sociais. Gerência de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica. Brasil:
Tábua Completa de Mortalidade – 2010. Brasília, 2011.
OMS - ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. The world health report.
Genebra, 2001.
51
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Resultados e discussão
A orientação e a reflexão como formas de prevenção na
adolescência - Quando escolher se torna uma ameaça
Adriana Vasconcelos da Silva Bernardino¹, Régis Coelho Bernardino², Francisco Bruno Maciel¹, Marcela
Medeiros de Assis Marques Motta¹, Tainah Joras Rodrigues Ferreira¹
Resumo
A adolescência representa uma fase crítica do desenvolvimento. Somando-se a isso as transformações aceleradas da vida
contemporânea, a instantaneidade temporal, a cultura do consumo e a pulverização das relações coletivas que levam
a individualização, obtemos, com frequência, um desmapeamento e a perda de referenciais que se configuram como
vulnerabilidade das referências e dos laços socioculturais. Nesse momento se faz imprescindível o desenvolvimento de
medidas preventivas que possibilitem as ferramentas necessárias para a tomada de decisões que envolvem as importantes
escolhas que se apresentam com a chegada da adolescência. O que o presente projeto se propõe é instituir momentos
de orientação e reflexão que proporcionem a discussão de assuntos relacionados à adolescência, possibilitando escolhas
conscientes e saudáveis. Em 2013, de agosto à setembro foram realizadas 25 palestras em Escolas Municipais, Estaduais
e Particulares da Cidade de Vassouras, atingindo aproximadamente 590 adolescentes. Em 2014 já temos, até o momento,
agendadas 45 palestras.
Introdução
Cia da Polícia Militar de Vassouras. É direcionado aos
alunos do Ensino Fundamental II e tem por objetivo
promover o oferecimento de ferramentas necessárias
para a tomada de decisões que envolvem as importantes
escolhas apresentadas ao adolescente como o uso de
drogas e suas implicações judiciais, a prática sexual e
a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis,
gravidez e discussões a respeito da concepção atual
de intimidade, relacionamento e o uso inadequado da
internet e sites de relacionamento.
A adolescência representa uma fase do
desenvolvimento humano em que se intensificam as
produções de projetos de vida e que ganham formas
as estratégias e ações para que sonhos se transformem
em realidade. Somando-se a isso as transformações
aceleradas da vida contemporânea, a instantaneidade
temporal provocada pela velocidade tecnológica,
que acarreta certa superficialidade na aquisição de
conhecimentos, a cultura do consumo, geradora de
múltiplas necessidades rapidamente descartáveis,
e a pulverização das relações coletivas que levam
a individualização, obtemos, com frequência, um
desmapeamento e a perda de referenciais que se
configuram como vulnerabilidade das referências e dos
laços socioculturais (CASTRO, 1998).
As transformações aceleradas da vida
contemporânea e a crescente complexidade social trazem
como consequência as dificuldades de compreender a
realidade na sua transformação e a diversidade de formas
de existência que se atualizam nas múltiplas redes
de valores, afetos, tradições e perspectivas (VALLA
& STOTZ, 1996). É nesse contexto que entendemos
como relevante instituir um espaço para que os nossos
adolescentes possam verbalizar suas dúvidas, angústias e
desejos, nos possibilitando o acesso, tão necessário, para
disponibilizarmos também as ferramentas adequadas às
suas efetivas tomadas de decisões.
O presente Projeto a ser apresentado é
desenvolvido a partir de uma parceria entre a PróReitoria de Extensão Universitária, o curso de
Psicologia da Universidade Severino Sombra e a 4ª.
Métodos
O Projeto é desenvolvido a partir de contatos,
previamente estabelecidos, com as escolas municipais,
estaduais e particulares da cidade de Vassouras e
regiões circunvizinhas. A partir de então são propostas
palestras, oficinas de jogos e visitas de campo, com o
objetivo Promover discussões, orientações e a troca
de informações sobre os aspectos legais e os efeitos
negativos que algumas escolhas erradas (como, por
exemplo, o uso de drogas as drogas) exercem sobre a
saúde, família e sua condição na sociedade.
Resultados e Discussão
O referido projeto pretende uma redução,
a médio e longo prazo, do número de usuários de
drogas na adolescência, da incidência de quadros
de DSTs em adolescentes, instituir uma reflexão e
novas concepções acerca da fluidez que permeia,
atualmente, os relacionamentos afetivos, bem como
1. Universidade Severino Sombra, Vassouras-RJ, Brasil.
2. Policial Militar 10º BPM - 4ª. Cia de Vassouras
52
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Palavras-Chave: Adolescência. Prevenção. Escolhas.
a aquisição
de conhecimentos que possibilitem uma
base mais consolidada à escolha profissional. Teve
início em agosto de 2013 e até setembro de 2013, já
haviam sido realizadas 25 (vinte e cinco) palestras em
escolas municipais, estaduais e particulares das cidades
de Vassouras e Barra do Piraí, atingindo um número,
aproximado de 590 adolescentes. Em 2014, o projeto
encontra-se em andamento com cerca de 50 palestras
agendadas até maio.
Conclusões
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Novas parcerias têm sido estabelecidas como,
por exemplo, com o Conselho Tutelar de Vassouras;
a divulgação e aceitação do Projeto, por parte de
profissionais e adolescentes, tem se mostrado cada vez
maior através da solicitação e procura que aumentaram,
significativamente em 2014; alguns adolescentes e
profissionais da Educação têm se reportado à equipe
executora do projeto com relatos de experiências que
apontam para uma reflexão continuada dos temas
propostos, confirmando que a efetiva prevenção têm
sido alcançada.
Referências
CASTRO, L. R. (Org.) Infância e adolescência na cultura do consumo. Rio
de Janeiro - RJ. Nau, 1998.
VALLA, V. V. & STOTZ, E. N. (Orgs.). Educação, saúde e cidadania (2 ed.).
Petrópolis - RJ. Vozes, 1996.
53
A participação da família na educação
Jaqueline Monsores¹, Paulo Cesar Pereira²
Resumo
Na parceria família/escola, estas precisam sempre estar em sintonia para que o aluno se sinta protegido por ambas e
assim tenha um bom rendimento escolar e desempenhe bem suas atividades. O argumento da escola como a instituição
mais transformadora da sociedade e promotora da cidadania é um dos mais conhecidos e utilizados. Entretanto, embora
prevista, a participação da família na vida educacional dos alunos, não é uma constante, seja pela ausência ou pela
qualidade do acompanhamento. Este trabalho teve como como objetivo de investigar as formas de participação da família
na vida escolar de seus filhos, abordando a importância de sua presença para diminuir os problemas encontrados. A
pesquisa foi realizada em quatro escolas de ensino médio e fundamental e localizadas em Paty do Alferes e Miguel
Pereira. Foram entrevistados pais e professores e discutidos os resultados. Verifica-se um grande desencontro entre pais
e professores, em relação à participação da família na vida escolar, que necessita ser estudado com maior atenção.
Evidencia-se a necessidade de ações afirmativas.
Palavras-Chave: Educação. Família. Administração pública.
Introdução
Vivemos extensas modificações no cenário político
e social do Brasil, e a Educação sempre foi entendida como
a estrutura que modela a sociedade e o meio pelo qual as
verdadeiras transformações deveriam ocorrer e permanecer
em um estado de permanente evolução, pois sociedade
e educação são fenômenos dinâmicos. Para que toda a
sociedade possa contribuir com melhorias para a Educação,
e esta refletir o desejo da sociedade, não pode estar em
condição de isolamento, em seus objetivos de ensinar e
educar.
Educação é o “processo de desenvolvimento da
capacidade física, intelectual e moral da criança e do
ser humano em geral, visando à sua melhor integração
individual e social”. Educação engloba os processos de
ensinar e aprender. É um processo pelo qual uma pessoa é
estimulada para que desenvolva suas capacidades cognitivas
e físicas para poder se integrar plenamente na sociedade que
a rodeia. A educação denominada “formal” é aquela efetuada
por professores profissionais. Esta se vale das ferramentas
que postula a Pedagogia para atingir seus objetivos. Em
geral, esta educação costuma estar dividida segundo as áreas
do saber humano para facilitar a assimilação por parte do
educando. Segundo Tiba (1996, p.178), a educação familiar
é um fator bastante importante na formação da personalidade
da criança desenvolvendo sua criatividade ética e cidadania
refletindo diretamente no processo escolar.
A família é essencial no desenvolvimento da
sociabilidade, da afetividade e do bem-estar físico dos
indivíduos, sobretudo durante o período da infância e da
adolescência. A importância da primeira educação é tão
grande na formação da pessoa que podemos compará-la ao
Material e Métodos
O estudo consistiu, além da revisão da literatura, a
respeito da participação da família na vida escolar. Foram
utilizadas entrevistas estruturadas através de formulário
aplicados com pais e professores. Os dados foram tabulados
e estabelecidos as proporcionalidades das respostas.
O questionário foi aplicado aleatoriamente aos pais e
professores, 4 escolas, sendo 2 em Miguel Pereira e 2 em
Paty do Alferes, no Estado do Rio de Janeiro. A pesquisa
foi feita desde o ensino básico (alfabetização), até o ensino
fundamental (1.º ao 9.º ano), que são primordiais para a
formação do indivíduo. Os participantes foram abordados
no ambiente da escola, em horários e dias variados. Após a
explicação do tema e objetivo, foi fornecido o formulário,
que não permitia a identificação do participante, e este foi
respondido reservadamente por cada um deles.
Resultados e Discussão
Os resultados mostram que os pais reconhecem
que a escola é uma instituição que passa as informações
para formar indivíduos capacitados (78%), e que
1. Universidade Severino Sombra, graduanda em Tecnologia em Gestão Pública Vassouras-RJ, Brasil.
2. Universidade Severino Sombra, Mestre em Ciências Ambientais pela Severino Sombra, Docente, Vassouras-RJ, Brasil.
54
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
alicerce da construção de uma casa (Prado,1981, p.52).
Este trabalho tem como objetivo analisar os principais
fatores que causam a ausência da família na vida escolar de
seus filhos e foi desenvolvido com a revisão bibliográfica de
assuntos correlatos, e por pesquisa exploratória, em que se
ouviu aos pais e professores, tentando identificar as formas
de participação da família no processo educacional de seus
filhos.
poderiam
participar mais da escola, se houvesse
encontros mensais para se informar sobre tudo o que
acontece naquele espaço (52%). Para os professores,
os pais julgam que somente a escola é responsável pela
vida escolar dos filhos (58%) e que a escola promove
pouco frequentemente a vinda dos pais à escola (69%).
O estudo globalmente mostra dissenções na percepção
de pais e professores, sobre a função da escola e sobre a
participação dos pais na vida escolar.
SANTOS, Flávio Reis. Políticas Públicas de Educação e Participação da
Família na Formação Escolar dos Filhos. Itinerarius Reflectionis (Online),
v. 2, p. 1-16, 2011.
SZYMANSKI, Heloisa. A relação família/escola: desafios e perspectivas.
Brasília: Plano, 2001.
V.; LIMA, L. R. A participação da família na escola: contribuições à
democratização da gestão. Retratos da Escola, v. 3, p. 239-252, 2009.
VARANI, A.; SILVA, D. C. A relação família - escola: implicações no
desempenho escolar dos alunos dos anos iniciais do ensino fundamental.
Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, v. 91, p. 511-527, 2010.
Conclusões
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Conclui-se, a partir da pesquisa, que existe um
grande desencontro entre família/escola. Pais dizem
que comparecem a escola e que ajudam nas tarefas de
casa, mas os professores não dizem o mesmo. A análise
de resultados apontou divergências da percepção de um
mesmo fato entre os pais e professores, e fica a sugestão
para um estudo mais aprofundado no futuro, com
metodologia específica para verificação da fonte dessas
divergências. Ao final, fica claro que o Estado necessita
criar políticas públicas eficientes e eficazes, que
incentivem a relação pais/escola/alunos, criando elos e
pactuações, aumentando o encontro e companheirismo,
com foco no resultado do processo educacional e da
promoção da cidadania, e da busca de Educação de
Qualidade.
Referências
ARANTES, J. R. T. Participação da família no contexto escolar. Trabalho de
Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) - Universidade Estadual de
Londrina. Londrina. 2010.
BENTES, C. R. A.; SOARES, A. V.; COLARES, M. L. I. S. Família e
Escola: Uma Proposta para Gestão Compartilhada. Cadernos ANPAE, v. 13,
p. 01-07, 2012.
BRASIL Câmara de Educação Básica. Resolução n. 1, de 07 de abril de
1999:Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil.
Disponível em:<http://www.mec.gov.br>. Acesso em: 19 Fev. 2014.
BRASIL Câmara de Educação Básica. Resolução n. 3, de 26 de junho de
1998:Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio.
Disponível em:<http://www.mec.gov.br>. Acesso em: 19 Fev. 2014.
BRASIL Lei n. 10.172/01 – Plano Nacional de Educação. Disponível
em:<www.planalto.gov.br>. Acesso em: 19 Fev. 2014.
BRASIL, LDB. Lei 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. Disponível em < www.planalto.gov.br >. Acesso em: 19 Fev.
2014.
CHAVES, Patrícia do Valle; PEIXOTO, Cláudio Ramos (Orient.). A
importância da família na formação da identidade da criança. Vassouras, RJ:
2008. 1 CD-ROM TCC (Graduação em Psicologia) - Universidade Severino
Sombra, Vassouras, 2008
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Câmara de Educação Básica.
Resolução n. 2, de 02 de abril de 1998: Institui as Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Fundamental. Disponível em:<http://www.mec.gov.
br>. Acesso em: 19 Fev. 2014.
POLONIA, A.C.; DESSEN, M.A. Relações Família e Escola. Disponível
em:
http://repositorio.bce.unb.br/bitstream/10482/6226/1/ARTIGO_
BuscaCompreensaoRelacoesFamiliaEscola.pdf, em 13 de junho de 2011.
55
As dificuldades do pequeno agricultor e da agricultura familiar em
Paty do Alferes-RJ
Clovis Michaeli dos Reis¹, Paulo Cesar Pereira²
Resumo
Desde o início da humanidade, a agricultura de base familiar se destacava como uma das primeiras profissões a serem
executadas, pois seu objetivo era a subsistência, ou seja, a família tinha a responsabilidade de produzir seu próprio
alimento para a sobrevivência. Com o passar dos anos, o homem, através das colonizações, descobre novas terras, e por
sinal terras férteis, no caso do Brasil, onde os portugueses se implantaram e povoaram esta nação, dominando índios e
importando negros da África, impondo o trabalho escravo que na maioria das vezes era voltado para a agricultura. Da
mesma forma o município de Paty do Alferes-RJ construiu o dístico de “Terra do Tomate”, com forte base na agricultura
familiar. Esta vem se degradando economicamente e promovendo o êxodo rural e o risco social. Este trabalho tem como
objetivo caracterizar a evolução e o desenvolvimento da agricultura familiar no município de Paty do Alferes-RJ, bem
como analisar a representatividade da agricultura familiar na economia local e as principais dificuldades enfrentadas em
mantê-la e escoar a sua produção.
Introdução
Frontin, Mendes, Miguel Pereira, Paraíba do Sul, Sapucaia,
Três Rios e Vassouras. O município tem uma área total de
318,8 quilômetros quadrados, correspondentes a 10,5% da
área da região centro-sul fluminense. Em 2010, de acordo
com o Censo, Paty do Alferes tinha uma população de
26.359 habitantes, com uma proporção de 94,7 homens
para cada 100 mulheres. A densidade demográfica era de
82,6 habitantes por km², contra 89,5 habitantes por km² de
sua região. A taxa de urbanização correspondia a 70,5%
da população. Em comparação com a década anterior, a
população do município aumentou 5,7% (TCE-RJ, 2012).
O objetivo deste trabalho é pesquisar as principais
dificuldades em manter a sustentabilidade econômica das
famílias pela agricultura familiar no município de Paty do
Alferes, dando ênfase ao histórico agrícola do município, e
identificar as causas do seu esvaziamento e êxodo rural.
Com o fim da escravidão, muitas famílias se
organizaram para plantar e cultivar seus próprios alimentos.
Com o passar dos anos essa forma de sobrevivência ganha
notoriedade e os produtos que antes eram de subsistência,
passam a ser comercializados dando oportunidades
de adquirirem bens e investirem em suas lavouras,
consequentemente aumentando suas rendas.
O setor agropecuário familiar faz parte da história
do Brasil e da própria humanidade. Sua influência foi
reduzida ao longo dos séculos, devido ao desenvolvimento
tecnológico do próprio setor agropecuário e dos
outros setores produtivos da economia. Desse modo,
paulatinamente, o termo familiar tem sido associado a
passado, atraso e pouca significância. Entretanto, o mundo
contemporâneo colocou o sistema familiar de produção
dentro de um contexto socioeconômico próprio e delicado,
haja vista, que sua importância ganha força quando se
questiona o futuro das pessoas que subsistem do campo,
a problemática do êxodo rural e, consequentemente, a
tensão social decorrente da desigualdade social no campo
e nas cidades (GUILHOTO, 2006).
O segmento da agricultura familiar apresenta
características específicas na sua organização, como a
utilização de mão-de-obra familiar, menor dimensão
territorial da unidade produtiva e a lógica ou racionalidade
camponesa está voltada em atender as demandas da própria
família e não, de imediato, as necessidades do mercado
(FINATTO, 2008).
Paty do Alferes pertence à região centro-sul
fluminense, que também abrange os municípios de Areal,
Comendador Levy Gasparian, Engenheiro Paulo de
Material e Métodos
Trata-se de uma abordagem qualitativa que
tem como método o estudo de caso. Inicialmente,
está previsto a revisão teórica tendo como categorias
centrais: agricultura familiar e arranjos produtivos
locais. Serão realizadas entrevistas com produtores,
lideranças locais, gestores municipais e outros atores
que forem considerados relevantes durante a pesquisa.
Resultados e Discussão
Pádua, (2013, apud GAVIOLI e COSTA (2011)
e CAUME (2003) justifique que durante os anos de
1960 e 1970, a agricultura no Brasil passou por uma
1. Universidade Severino Sombra, graduando em Tecnologia em Gestão Pública Vassouras-RJ, Brasil.
2. Universidade Severino Sombra, Mestre em Ciências Ambientais pela Severino Sombra, docente, Vassouras-RJ, Brasil.
56
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Palavras-Chave: Políticas públicas. Agricultura familiar. Arranjos produtivos locais.
intensa transformação em busca da modernização com
o apoio estatal, gerando a incorporação de práticas
agroquímicas e motomecânicas de produção, de forma
que o setor agrícola se integrasse cada vez mais com
o setor industrial. Porém, essa modernização rural
resultou em um modelo de desenvolvimento socialmente
excludente e ecologicamente predatório, representando
a marginalização social, econômica e política de muitos
agricultores familiares que se viram obrigados a migrar
para os centros urbanos.
A agricultura familiar é de extrema importância
para o desenvolvimento do município, tanto na geração
de renda das famílias envolvidas, como na produção
de alimentos e na redução do êxodo rural, além do
favorecimento do emprego de práticas produtivas
ecologicamente mais equilibradas, como a diversificação
de cultivos e a diminuição da utilização de insumos
industriais, conforme defende Gomes (2004).
Por meio do apoio de políticas agrícolas, os
agricultores podem desempenhar papéis em favor da
preservação ambiental, da coesão social, do equilíbrio
territorial e da qualidade de alimentos, entre outros
(PÁDUA, 2013).
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Conclusões
As políticas públicas devem dar ênfase ao
desenvolvimento humano e a proteção social, e a fim
de identificar os motivos que levam ao empobrecimento
e a ampliação dos riscos sociais é necessário traçar o
perfil dos segmentos sociais envolvidos.
A delimitação do espaço ocupado pela
agricultura familiar no amplo contexto da economia
local pode auxiliar a criação de alternativas que visem à
manutenção, ou mesmo, à melhoria da feição familiar,
buscando a tão alvejada sustentabilidade deste tipo de
ocupação, em especial em municípios historicamente
ligados a esta modalidade de produção.
Referências
FINATTO, Roberto Antônio ; SALAMONI, G. . Agricultura Familiar e
Agroecologia: perfil da produção de base agroecológica do município de
Pelotas - RS. Sociedade & natureza (UFU. Online), v. 20, p. 199-217, 2008.
GOMES, I. Sustentabilidade social e ambiental na agricultura familiar.
Revista de biologia e ciência da terra, v. 5, n. 1, 2004.
GUILHOTO, J. J. M. ; SILVEIRA, F. G. ; ICHIHARA, S. M. ; AZZONI, C.
R. . A Importância do Agronegócio Familiar no Brasil. Revista de Economia
e Sociologia Rural (Impresso), v. 44, p. 355-382, 2006.
PADUA, J. B. ; SCHLINDWEIN, M. M. ; GOMES, E. P . Agricultura
familiar e a produção orgânica: uma análise comparativa considerando os
dados dos Censos de 1996 e 2006. Interações (UCDB), v. 14, p. 225-235,
2013.
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Estudos
Socioeconômicos dos Municípios – Edição 2012. Disponíveis no sítio http://
www.tce.rj.gov.br.
57
Gestão de pessoas na administração pública
Luna Braga¹, Paulo Cesar Pereira².
Resumo
A administração pública em busca de seu objetivo primordial de prestar melhores serviços à população, deve estar
atenta às relações entre valores, motivação, comprometimento, desempenho e recompensas, de sua força de trabalho.
Nas instituições subnacionais, em especial nos pequenos municípios, a percepção da força de trabalho que representam
os servidores, ainda é incipiente, pois ainda permanecem, em sua maioria, as práticas patrimonialistas e com forte viés
político na condução da Gestão, incluindo aí a Gestão de Pessoas. Este trabalho tem como objetivo obter uma melhor
compreensão de como estão estabelecidos os valores de foco nos resultados, transparência da liderança e promoção do
clima organizacional em um prefeitura de uma cidade do interior do Estado do Rio de Janeiro. A metodologia adotada foi
quantitativa tendo sido entrevistados trinta funcionários públicos e que utilizando um questionário baseado no método
Likerty, evidenciou o estado da arte, em relação as práticas de liderança e clima organizacional. O estudo concluiu que
existe a necessidade de investimentos organizacionais a fim de promover o desenvolvimento dos servidores em relação ao
foco nos resultados e melhoria do clima organizacional, pela transparência da liderança e qualificação da força de trabalho..
Palavras-Chave: Administração pública. Gestão de pessoas. Clima organizacional.
Introdução
sobre os aspectos da comunicação e transparência das
lideranças no âmbito de seus locais de trabalho.
O setor público tem passado por grandes mudanças
na busca de resultados. Para se modernizar não basta
mudar as formas de organização, é necessário conceder
ao servidor a oportunidade de conhecimento para que
ele se adeque às novas demandas. Cada servidor precisa
acompanhar as mudanças que o cercam, precisa ser
impulsionado a buscar conhecimento, novas habilidades
e aptidões. Estamos em uma sociedade competitiva,
buscando inovação e oportunidades. O servidor precisa
estar adequado às novas demandas. Cargos e salários
melhores, por si só não fazem com que os servidores se
esforcem e busquem se aprimorar, é necessário outras
motivações para que eles continuem suas tarefas.
A Gestão de Pessoas é um dos pontos mais
importantes da organização. Sem as pessoas a
organização não se desenvolve e não beneficia outras
pessoas com seus produtos ou serviços. Sem organização
e sem pessoas, certamente não haveria Gestão de Pessoas
(CHIAVENATO, 2009). Por isso, é indispensável que
se desenvolva um bom relacionamento de todos na
organização, onde possam se envolver e contribuir para
este crescimento. Uma boa gestão de pessoal inclui falar
a verdade e escutar com sinceridade, inspirar, ajudar no
desenvolvimento dos colaboradores, celebrar conquistas
e compartilhar resultados. E cuidar, compreendendo que
as pessoas também têm vida pessoal.
O presente trabalho tem por objetivo, a partir da
revisão dos autores que tratam da gestão de pessoas,
e o estado atual do tema na Administração Pública,
identificar as percepções de servidores municipais
O estudo consistiu além da revisão da literatura do
levantamento das percepções de servidores municipais a
respeito da comunicação e transparência das lideranças
a que estão subordinadas. Foi utilizada entrevistas
estruturadas através de formulário com oito questões,
com respostas classificadas pela Escala Likerty (PARO,
2013). Os dados foram tabulados e estabelecidos as
proporcionalidades das respostas, relacionando ás
funções e tempo de trabalho declarado pelo pesquisado.
O questionário foi aplicado aleatoriamente aos
servidores da Prefeitura Municipal de Miguel Pereira,
no período de janeiro a março de 2014. Estes foram
abordados no ambiente de trabalho, em horários e dias
variados. Após a explicação do tema e objetivo, foi
fornecido o formulário, que não permitia a identificação
do servidor, e este foi respondido reservadamente por
cada um deles.
Resultados e Discussão
Pelos resultados tabulados,12% são indiferentes
quanto a forma que as metas e objetivos são passadas.
Vê-se também que 42% discordam da forma e 46%
concordam que as metas são passadas de forma clara
e objetiva. Quando questionados sobre a comunicação
1. Universidade Severino Sombra, graduanda em Tecnologia em Gestão Pública Vassouras-RJ, Brasil.
2. Universidade Severino Sombra, Mestre em Ciências Ambientais pela Severino Sombra, docente, Vassouras-RJ, Brasil.
58
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Material e Métodos
que demonstre transparência administrativa, os
resultados foram parecidos. Com 42% discordaram
da transparência e 46% concordaram que realmente
há essa comunicação transparente. No Gráfico 3,
vemos que 50% dos funcionários tem a certeza de
que os resultados obtidos é o esperado pela empresa,
35% discordam dessa afirmação e 15% é indiferente
ao fato. Em relação a motivação vemos que 50% dos
funcionários não são motivados dentro da instituição,
39% se sentem motivados a contribuir entre as partes,
enquanto 12% é indiferente e 54% discordaram sobre
haver motivação de seu líder em suas tarefas enquanto
39% se sentem motivados pelo seu líder. Quando
avaliado se há liberdade na execução de suas tarefas 4%
se mostraram indiferentes ao fato, 42% discordaram de
haver liberdade em suas tarefas e 53% se sentem livres
para executar suas tarefas com liberdade. A maioria dos
participantes concorda que os conflitos são resolvidos
no momento em que aparecem, vemos 58% concordam,
39% não concordam e 4% são indiferentes. Em relação
a capacitação encontra-se que 54% não acham que
há capacitação para suas tarefas na instituição, 19% é
indiferente a isso e 27% concorda que há qualificação
para suas atividades.
NEZ, E. Desenvolvimento de liderança no serviço público. Gestão em foco
- UNISEPE 2008.
OLIVEIRA, José Arimatéa de. Gestão de pessoas no setor público / José
Arimatés de Oliveira, Maria da Penha Machado de Medeiros. – Florianópolis
Departamento de Ciências da Administração / UFSC; [Brasília] : CAPES :
UAB, 2011.
PARO. B . . A escala Likert – Coisas que todo pesquisador deveria saber.
Disponível em http://www.netquest.com/br/blog/a-escala-likert-coisas-quetodo-pesquisador-deveria-saber/ Acesso em 13\03\2014
SURVEY MONKEY. A escala de Likert explicada. Disponível em https://
pt.surveymonkey.com/mp/likert-scale/. Acesso em 13/03/2014
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
VIEGA, S. Como utilizar a Escala de Likert em análise estatística.
Disponível em: http://educacao.umcomo.com.br/articulo/como-utilizar-aescala-de-likert-em-analise-estatistica-402.html#ixzz2vvu32NAi. Acesso
em 10/01/201
Conclusões
O entendimento das relações de trabalho há
anos vem sido transformada. A força de trabalho das
organizações há tempo deixou de ser considerada
como apenas um recurso substituível. Ao contrário,
é entendida como um dos principais ativos das
organizações. E como ativo, deve ser cuidado a fim
de permanecer mobilizado para o desenvolvimento
da organização, com permanente investimento em sua
qualificação e envolvimento. Na administração pública,
que tem aspectos próprios de gerência de pessoas não
pode ser diferente, e a pesquisa realizada evidencia que
a instituição necessita de realinhamento organizacional,
a fim de valorizar estes ativos.
Referências
CHIAVENATO, Idalberto. ADMINISTRAÇÃO
HUMANOS, 2009, v. 142 e 143, p.
DE
RECURSOS
CRUZ, Patrícia Nassif da. Desenvolvimento de Pessoas no Setor Público:
novo modelo de gestão. In: Simpósio: Excelência em Gestão e Tecnologia,
2004, Resende. CD Room FJB, 2004
AÇÃO FEA/USP, 2007.
FERREIRA, M. R. L.; GOMES, F. P.; ARAUJO, R. M. GESTÃO DE
PESSOAS NO SETOR PÚBLICO: Um Estudo dos Níveis de Conflito a
partir da Visão Interacionista. 2008.
MUNCK, Luciano. SOUZA, R. B.; MUSETTI MUNCK, M.G. Gestão de
pessoas por competências: análise de repercussões dez anos pós-implantação.
RAM. Revista de Administração Mackenzie (Impresso), v. 12, p. 4-52,
2011.
59
Gestão de resíduos eletrônicos em organizações públicas
Mauro Martins¹, Paulo Cesar Pereira².
Resumo
No Brasil, como em todo o mundo, a questão ambiental tornou-se tema preocupante para a humanidade. O desenvolvimento
tecnológico ocorrido nas últimas décadas levou a humanidade a uma condição de conhecimento e comunicação como
nunca havia experimentado anteriormente. Entretanto, a velocidade e as pressões do mercado, levam ao descarte de grande
quantidade de material impactante ao meio ambiente. Os Resíduos eletroeletrônicos possuem grandes quantidades de
metais pesados, que destinados de forma incorreta podem acarretar diversos e graves problemas (Silva, 2007). O objetivo
deste estudo é verificar as práticas utilizadas pela administração pública local em relação a destinação dos resíduos
eletroeletrônicos, elaborando para isso o levantamento dos principais riscos ambientais e danos à saúde pública causados
por esses resíduos, os aspectos da legislação ambiental vigente em relação ao tema, e a aplicação da Lei 12305/2010
que obriga a estruturação de sistemas de logística reversa para a cadeia produtiva de produtos eletroeletrônicos.
Introdução
A Lei 12305/2010 instituiu a Política Nacional de
Resíduos Sólidos, e estabeleceu as diretrizes relativas
à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos
sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades
dos geradores e do poder público e aos instrumentos
econômicos aplicáveis (BRASIL, 2010).
A citada lei estabelece em seu Artigo 33 que
produtos eletroeletrônicos e seus componentes, sejam
objeto de sistemas de logística reversa, mediante retorno
dos produtos após o uso pelo consumidor, devendo
os consumidores efetuar a devolução após o uso, aos
comerciantes ou distribuidores, dos produtos e das
embalagens a que se referem os incisos I a VI do caput,
e de outros produtos ou embalagens ,objeto de logística
reversa (BRASIL, 2010).
Como consumidor destes produtos, a
Administração Pública, que tem por um dos princípios
jurídicos a responsabilidade objetiva por seus atos,
consagrada no artigo 37, parágrafo 6° da Constituição
Federal (BRASIL,1988) que prevê a responsabilização
do Estado, estipula os sujeitos ativos e passivos, além
do direito de regresso nos casos previstos, pelo Código
Civil, em seu Artigo 43., as pessoas jurídicas de direito
público e as de direito privado prestadoras de serviço
público respondem pelos atos de seus agentes - desde que
exercidas em suas funções ou a pretexto de exercê-las e
mais recentemente pelo DECRETO N.º 5.940, DE 25 DE
OUTUBRO DE 2006 , que instituiu a obrigatoriedade
da separação e a sua destinação dos resíduos recicláveis
descartados pelos órgãos e entidades da administração
pública federal direta e indireta (BRASIL, 2006).
O objetivo do trabalho é identificar as práticas
No Brasil, como em todo o mundo, a questão
ambiental tornou-se tema preocupante para a
humanidade, deixando ser de interesse apenas de
ambientalistas ou pessoas vinculadas às questões
ecológicas, para ser vista como uma problemática que
perpassa toda a sociedade (OLIVEIRA, s/d).
O crescimento da população gera um excedente
de subprodutos de suas atividades que supera a
capacidade de adaptação do meio ambiente, o que pode
representar uma real ameaça à biosfera. O potencial
de reaproveitamento que os resíduos representam,
somado a um fator de interesse mundial que é a
preservação ambiental e promoção do desenvolvimento
ecologicamente sustentável, impulsiona a necessidade
de reverter essa situação (ANDRADE, 2002).
Na sociedade contemporânea, o consumo
elevado, o ritmo acelerado da inovação e a chamada
obsolência programada fazem com que os equipamentos
eletrônicos se transformem em sucata tecnológica em
pouco tempo(SILVA,2007).
Resíduos de equipamentos eletrônicos são o
grupo de resíduos de mais rápido crescimento em
muitos países. Em 2012 ocorreram vendas globais de
novos equipamentos incluídos 238.500.000 televisores,
444.400.000 computadores e tablets, e 1,75 bilhão de
telefones móveis. Todos estes produtos eletrônicos se
tornam obsoletos ou indesejados, muitas vezes dentro
de 1-3 anos após a compra. Este volume enorme de
resíduos deverá continuar crescendo 8% ao ano, por
tempo indeterminado (GAO, 2012).
1. Universidade Severino Sombra, graduando em Tecnologia em Gestão Pública, Vassouras-RJ, Brasil.
2. Universidade Severino Sombra, Mestre em Ciências Ambientais pela Severino Sombra, docente, Vassouras-RJ, Brasil.
60
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Palavras-Chave: Resíduos eletrônicos. Ambiente. Administração pública.
adotadas pelas organizações públicas no gerenciamento
dos resíduos eletrônicos produzidos, evidenciando as
políticas de redução da produção, a destinação para
reciclagem e a redução de impactos ambientais.
BRASIL. DECRETO N.º 5.940, DE 25 DE OUTUBRO DE 2006. Institui
a separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades
da administração pública federal direta e indireta, na fonte geradora, e a
sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de materiais
recicláveis, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF,
26 out 2006.
Material e Métodos
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do
Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.
BRASIL. LEI Nº 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010.Institui a Política
Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de
1998; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 03
ago 2010.
A pesquisa será realizada através de questionários
fechados e autoaplicáveis, diretos com servidores
públicos dos Poderes Executivo e Legislativo do
Município de Vassouras, Rio de Janeiro, a fim de obter
dados sobre alguns aspectos envolvidos na produção,
separação e destinação dos resíduos eletrônicos
produzidos nestas organizações.
BRASIL. LEI N.º 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. Institui o Código
Civil. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 jan 2002.
GAO. United States Government Accountability Office. Electronic
Waste. Report to the Ranking Member, Committee on Oversight and
Government Reform.Fevereiro,2012. Disponível em http://www.gao.gov/
assets/590/588707.pdf. Acesso em 07 abr 2014.
Resultados e Discussão
OLIVEIRA, L. G. S. AAtuação dos Assistentes Sociais frente à Implementação
da Política Social de Educação Ambiental. Natal: Universidade do Estado do
Rio Grande do Norte (UERN), s/d. Disponível em:http://www.cchla.ufrn.br/.
Acessado em: 09 jul.2011.
A Secretaria de Desenvolvimento da Produção do
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior (SDP/MDIC) e pela Agência Brasileira de
Desenvolvimento Industrial (ABDI), apontam que o
Brasil deve gerar aproximadamente 1,100 mil toneladas
de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos (REEE)
pequenos em 2014, e que os 150 maiores municípios
brasileiros são responsáveis por aproximadamente dois
terços de todo o lixo eletroeletrônico que se estima e
seja descartado no país. Dentro deste volume encontrase uma parcela não dimensionada que é descartada pela
administração pública, e esta seja como reguladora das
ações de Gestão Ambiental ou como indutora de boas
práticas de proteção ao meio ambiente, deve adotar
medidas de redução esse impacto.
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
SILVA, Bruna Daniela da, OLIVEIRA, Flávia Cremonesi, MARTINS,
Dalton Lopes, Resíduos Eletroeletrônicos no Brasil, Santo André, 2007.
The E-Waste Crisis Introduction. Disponível em http://www.e-stewards.org/
the-e-waste-crisis/. Acesso em 07 abr 2014.
Conclusões
No Brasil, país de dimensões continentais, a
realidade de geração e impacto desses resíduos não é
conhecida e a Política Nacional de Resíduos Sólidos
vem sendo lentamente implantada, quando comparada
com a velocidade da expansão tecnológica e a produção
e descarte dos resíduos eletrônicos.
É necessário que se estabeleça nas organizações
públicas, um debate a fim que se possa assumir o
cumprimento das legislações que regulem estas
destinações, seja como consumidora destes produtos
ou como reguladora das práticas danosas ao meio
ambiente.
Referências
ANDRADE, Renata. “Caracterização e Classificação de Placas de Circuito
Impresso de Computadores como Resíduos Sólidos”. Tese de Mestrado.
Campinas: Faculdade de Engenharia Mecânica. Universidade Estadual de
Campinas, 2002.
61
De qual África e de qual negro fala a escola?
Úrsula Pinto Lopes de Farias¹.
Resumo
O presente trabalho é fruto de uma pesquisa no município de Belford Roxo-RJ, referente à educação e às relações
étnico-raciais. Nosso objetivo é analisar o posicionamento dos docentes dos anos iniciais do ensino fundamental, em
relação às questões étnico-raciais, conforme sinaliza a Lei n.º 10.639/2003. Entendemos que a constituição de marcos
legais representa, à luz do movimento social, uma importante conquista, e é evidente que o texto da lei, por si só,
não representa a “promoção automática” das práticas pedagógicas segundo sentido requerido pela legislação, assim,
a escola constitui-se um campo de disputas epistemológicas. Essas disputas foram analisadas sob o referencial teórico
de uma rede de autores, majoritariamente pesquisadores latino-americanos, cujos trabalhos discutem a Modernidade/
Colonialidade, discutindo a perspectiva eurocêntrica e a colonialidade, que afirmam estar tão presente no cotidiano
escolar. A esse debate acrescentaremos as relações com a perspectiva pós-crítica de currículo, discutidas por Tadeu Silva.
Introdução
Suas implicações, para o ensino da história do Brasil
e das práticas pedagógicas de um modo geral, são
evidentes: a hegemonia de currículos monoculturais,
homogeneizantes do ponto de vista cultural, e a
dominância de uma perspectiva eurocêntrica. É
estabelecido um currículo que naturaliza conteúdos
que são tradicionalmente aceitos, que visam uma
cultura comum que reproduz as desigualdades (LOPES
e MACEDO, 2011).
A Lei de diretrizes e Bases da Educação
Brasileira, a partir de 2003, foi modificada pela Lei n.º
10639/2003, que torna obrigatório o Ensino de História
e Cultura da África e do Negro no Brasil. Essa lei é fruto
direto da articulação de movimentos sociais negros e
de professores, com o objetivo de se ter outro olhar
sobre a história africana e afro-brasileira, uma vez que
, o que se reforça no sistema educacional são visões
estereotipadas sobre o negro e a África, salvo ações
individuais de alguns professores (GOMES, 2012;
PEREIRA e ALBERTI,2007, OLIVEIRA,2012).
Apesquisa aqui apresentada, ainda em andamento,
é realizada entre os professores dos anos iniciais da
rede pública municipal de Belford Roxo (município da
região metropolitana do Rio de Janeiro). O objetivo
principal é, portanto, analisar o posicionamento dos
professores e professoras dos anos iniciais do ensino
fundamental em relação às questões étnico-raciais,
conforme sinaliza a Lei n.º 10.639/2003.
Passados dez anos, essa legislação ainda não foi
implementada em todas as redes de educação, sejam
públicas ou privadas, e as tentativas de implementação
não são desprovidas de tensões. É evidente que o
texto da lei, por si só, não representa a “promoção
automática” das práticas pedagógicas segundo sentido
requerido pela lei, pois nossa sociedade é marcada por
importantes desigualdades sociais e raciais que refletem
na educação.
Desigualdades essas, fruto de uma complexa
teia de nossa História nacional, construída sob uma
perspectiva hierarquizante das relações étnico-raciais.
Condução da pesquisa e resultados
preliminares
A pesquisa tem duas etapas: a primeira é a
análise dos documentos oficiais da Secretaria Municipal
de Educação que norteiam as ações pedagógicas e
curriculares, bem como as orientações específicas no
sentido de implementação da legislação em tela e os
relatórios enviados pelas escolas sobre suas ações nesse
sentido. A segunda etapa é a realização de um grupo focal
com os docentes e entrevista com gestores municipais
responsáveis pela implementação da legislação em
vigor.
A condução desta pesquisa é feita sob as lentes
oferecidas por uma rede de autores, cujos trabalhos
têm como foco a discussão sobre Modernidade/
Colonialidade, discutindo a perspectiva eurocêntrica
e a colonialidade, que afirmam estar tão presente
no cotidiano escolar, e as possíveis relações com a
perspectiva pós- crítica de currículo.
A Colonialidade se origina e se socializa a partir da
conquista da América, naturalizando o modo de ser e de
1. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica-RJ, Brasil.
62
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Palavras-Chave: Anos iniciais. Lei 10.639/2003. Colonialidade.
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
conhecer dos europeus, de maneira a fazer com que eles
sejam também parte do ethos do colonizado (Quijano,
2009). A colonialidade é, portanto, a hegemonia do ser,
do poder e do conhecimento europeu sobre os demais.
A perspectiva pós-crítica, apresentada por SILVA
(1999) apresenta o currículo como uma possibilidade
de narrativa étnica e racial, na medida que , de maneira
ampla, dos livros didáticos às ações pedagógicas da
escola e os rituais escolares celebram uma identidade
nacional que reforça os privilégios da identidade
dominante em detrimento das demais que recebem um
tratamento folclórico e/ou exótico.
Os resultados preliminares da análise documental
revelam que a Proposta Curricular do Município, de
2003, não prevê essa discussão. O Documento Norteador
de 2013 reserva a ela apenas dois parágrafos. Alguns
encontros foram realizados, visando a formação de
professores, mas com poucos docentes. Esses docentes
seriam os multiplicadores, mas muitos têm dificuldade
para o serem nas escolas. Os relatórios das escolas
demonstram ainda uma visão de África idílica e pouco
crítica. Com relação ao negro no Brasil ainda há um
discurso pouco crítico sobre o racismo e sobre a sua
participação na configuração da nação. Salvo algumas
exceções e iniciativas individuais de alguns professores,
o tratamento dado a África e ao negro é ainda muito
eurocêntrico e hierarquizado.
Referências
ALBERTI, Verena e PEREIRA, Amilcar Araújo. Histórias do Movimento
Negro no Brasil: Depoimentos ao CPDOC. Rio de Janeiro :Pallas;CPDOCFGV, 2007.
LOPES , Alice Casemiro e MACEDO, Elizabeth. Teorias de Currículo. São
Paulo : Cortez, 2001.
OLIVEIRA, Luiz Fernandes de. História da África e dos Africanos na
Escola: Desafios políticos, epistemológicos e identitários para a formação
dos professores de História. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2012.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder e classificação social. In:
SANTOS, Boaventura de Sousa e MENEZES, Maria Paula (Orgs.).
Epistemologias do Sul. Coimbra: Edições Almedina, 2009, p.73-117.
SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de identidade: uma introdução às
teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999
63
O que está acontecendo com as mulheres, com o casamento e com a
família no século XXI?
Alessandra da C. Chaves¹, Thuany de S. M. Oliveira¹, Camilla de S. Queiroz¹, Mariana F. De S.
Silva¹, Adriana V. S. Bernardino².
Resumo
Embora o caminho de se construir socialmente uma nova identidade possa ser marcado, não raras vezes, por barreiras
a serem vencidas como a de redefinir o seu lugar na sociedade, podemos entender que as transformações pelas quais a
mulher vem passando representam também conquistas e que estas se estabelecem através de processos dinâmicos que
ainda não terminaram. A conquista do espaço público e as transformações para a condição feminina contemporânea
provocaram alterações nas funções parentais e transformaram os papéis antes exercidos. Gradativamente, as regras
familiares mudam e o século XXI passa a ser o cenário de grandes transformações, emergindo novas demandas e a
necessidade de reformular a convivência familiar. O presente projeto pretende, através dos levantamentos bibliográficos
realizados até o momento, uma discussão acerca das principais transformações no papel das mulheres, buscando
refletir sobre as questões de gênero e os efeitos dessas transformações para o casamento e a família contemporânea.
Introdução
Sombra, cujas temáticas se entrelaçam no que tange
às transformações no papel da mulher, as questões de
gênero e as repercussões dessas mudanças para a família
e o casamento. A metodologia empregada tem sido a
revisão bibliográfica valendo-se de materiais acessíveis
ao público em geral, tais como: livros, revistas,
dissertações, artigos científicos, acervo próprio, entre
outros.
Ao longo da história da humanidade, a mulher assume
diferentes papéis, lugares e representações. Propriedade do
homem na Antiguidade Clássica, santificada com o advento
do Cristianismo e responsável por suas escolhas afetivas,
sexuais e profissionais a partir da Revolução Sexual, a mulher
atravessou séculos em busca de autonomia, independência e
possibilidade de escolha (HOBSBAWN, 2000).Aconquista do
espaço público e as transformações para a condição feminina
contemporânea provocaram alterações nas funções parentais
e nos papéis antes exercidos. Gradativamente, as regras
familiares mudaram e o século XXI passa a ser o cenário de
novas demandas e da necessidade de reformular a convivência
familiar (BILAC, 1996). Entretanto, tais transformações
não representaram, necessariamente, uma condição mais
igualitária nas relações de gênero. Ao contrário, a possibilidade
de desempenhar novos papéis tem-se mostrado um desafio
tanto para o homem quanto para a mulher contemporânea,
apontando para uma necessidade de ajustes na dinâmica do
casamento e nos arranjos e modos de funcionamento familiares
(JABLONSKI, 1998). Nesse sentido, compreender a função
da parentalidade na contemporaneidade ganha destaque e
tornam-se relevantes os estudos sobre a reconfiguração de
tarefas e papéis desempenhados na família (BOECHAT, 1997;
BRASILEIRO et al., 2002; LEWIS & DESSEN, 1999).
Resultados e Discussões
Foram séculos em busca de mudanças,
independência, direito de escolhas e autonomia. Os
anos de 1970 e 1980 foram emblemáticos: as mulheres
entraram no mercado de trabalho, tomaram pílula,
queimaram sutiãs e tornaran-se responsáveis por
suas escolhas afetivas, sexuais e profissionais (DEL
PRIORE, 2013). No entanto, junto com a possibilidade
de escolhas e da tão almejada “independência” a
mulher herda também um novo rol de atribuições,
pois além de trabalhar fora e estudar, precisa conciliar
vida profissional, com a vida pessoal, cuidando da
casa, dos filhos, do marido, sendo amorosa, feminina
e companheira, fazendo-a se questionar sobre os reais
ganhos obtidos (SOUTTO MAYOR & BERNARDINO,
2012).
Tudo está mudando em uma velocidade
assustadora e, com isso os indivíduos estão passando
por transformações internas radicais que vimos refletir
nas relações, em especial, no casamento (BAUMAN,
2001). Na contemporaneidade, o casamento não está
mais fundamentado na união permanente; não precisa
Métodos
O presente trabalho é fruto da orientação de
Trabalhos de Conclusão de Curso em andamento
no curso de Psicologia da Universidade Severino
1. Universidade Severino Sombra, docente do curso de Psicologia, Vassouras-RJ, Brasil.
2. Universidade Severino Sombra, discente do curso de Psicologia, VAssouras-RJ, Brasil.
64
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Palavras-Chave: Mulheres. Família. Casamento.
mais ser para a vida toda. Aumentam os números de
divórcios, separações e os casais experimentam os
recasamentos (FÉRES-CARNEIRO, 2001).
Estamos vivendo uma profunda transformação
cultural e as expectativas e o individualismo podem estar
contribuindo para uma crise do casamento (JABLONSKI,
2001). O casamento, no lugar de compromissos,
obrigações e saber ceder, pode se tornar uma maneira de
auto satisfação, um meio para se ter vantagens próprias
apenas. A família se transforma em um espaço privado
a serviço dos indivíduos e, atualmente, se distinguem
pela ênfase que dão ao processo de individualização.
O elemento central não é mais o grupo reunido, mas
os membros que a compõem, razão porquê vêm se
tornando relacional e individualista (SINGLY, 2007).
A autora afirma que vivemos uma era narcísica em
que predomina a individualidade, a autonomia e o que
buscamos compreender é de que maneira a família está
sobrevivendo a todas essas transformações.
JABLONSKI, B. Atitudes frente à crise do casamento. In: FÉRESCARNEIRO, T. (Org.). Casamento e família: do social à clínica. Rio de
Janeiro: NAU, 2001. p. 81-95.
LEWIS, C.; DESSEN, M.A. O pai no contexto familiar. Psicologia: Teoria e
Pesquisa, Brasília, DF, v. 15, n. 1, p. 9-16, jan./abr. 1999.
SINGLY, F. de. Sociologia da família contemporânea. Rio de Janeiro:
EDFGV, 2007.
SOUTTO MAYOR, A.; BERNARDINO, A.V. da S. Dualidades no feminino:
vitimização ou empoderamento? In: CONGRESSO DE PSICOLOGIA
ULAPSI, 4., 2012, Montevideo, Uruguay. Anais... Montevideo: ULAPSI,
2012.
Conclusões
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
As transformações das mulheres e o
individualismo típico da contemporaneidade trouxeram
inúmeras e incontestáveis repercussões para as
relações e configurações familiares, bem como para os
princípios e valores relacionados à família. O processo
de individualização da sociedade tem provocado a
necessidade de um reposicionamento dos indivíduos
nas relações, transformando os sentidos dados por eles
a elas. De acordo com as observações de Singly (2007),
a família não está desaparecendo, está mudando de
sentido, tornando-se agora um “serviço” à disposição
de indivíduos que querem viver juntos, ganhando força
como um espaço relacional e não mais estatutário.
Referências
BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
BILAC, E.D. Mãe certa, pai incerto: da constituição social à normatização
jurídica da paternidade e da filiação. REUNIÃO ANUAL DA ANPOCS, 20.,
Caxambu, 1996. Grupo de Trabalho Família e Sociedade. Anais... Caxambu:
ANPOCS, 1996.
BOECHAT, W. Arquétipos masculinos: animus mundi. In: ______. (Org.). O
masculino em questão. Petrópolis, Vozes, 1997.
BRASILEIRO, R.F.; JABLONSKI, B.; FÉRES-CARNEIRO, T. Papéis
de gênero, transição para a parentalidade e a questão da tradicionalização.
PSICO, Porto Alegre, v. 33, n. 2, p. 289-310, 2002.
DEL PRIORE, M. Histórias e conversas de mulher. São Paulo: Planeta do
Brasil, 2013.
FÉRES-CARNEIRO, T. Casamento contemporâneo: construção da
identidade conjugal. In: ______. (Org.). Casal e família: entre a tradição e a
transformação. Rio de Janeiro: NAU, 2001. p. 67-80.
HOBSBAWN, J.E. Era dos extremos: o breve século XX – 1914/1991. São
Paulo: Companhia das Letras, 2000.
JABLONSKI, B. Até que a vida nos separe: a crise do casamento
contemporâneo. 2. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1998.
65
Políticas municipais em saúde mental
Andreza Belizário Fortunato Medeiros¹; Paulo Cesar Pereira².
Resumo
A partir de alguns instrumentos legais transformou-se o sistema de saúde e o modelo de atenção à saúde mental, com a
implantação de novos dispositivos de atenção, rompendo com modelo de características seculares. A descentralização da
assistência trouxe ao municípios uma responsabilidade descolada das linhas de financiamento e de sua capacidade de planejar
e gerenciar serviços, em especial os de complexidade maior, como a prestação de serviços em saúde mental. Esta pesquisa
tem por objetivo mapear e caracterizar a atuação das instituições municipais, de responsabilidade da Secretaria municipal
de Saúde de Miguel Pereira-RJ, envolvidas na atenção em saúde mental considerando seus objetivos, atividades, rotinas de
atendimento, composição e qualificação dos recursos humanos e infraestrutura física e financeira. Deverá ser desenvolvido como
um estudo quantitativo dividido em levantamento prévio, mapeamento e detalhamento da demanda e da assistência prestada.
Introdução
direito de todos e dever do Estado, garantido mediante
políticas sociais e econômicas que visem à redução do
risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal
e igualitário às ações e serviços para sua promoção,
proteção e recuperação” (in: CONASEMS, 1990, p.
04).
E ainda prevê que a reestruturação do sistema
sanitário, está baseada nas descentralização das ações,
trazendo para os municípios a responsabilidade entre
outros, a assistência à saúde mental.
O tema em questão é muito relevante e atual,
porém é pouco abordado e conhecido, sendo deixado
em segundo plano nas ações governamentais dos
municípios. A escolha do assunto se deu a fim de trazer
à tona a reflexão sobre a importância do tema, por
envolver um número grande de pessoas que precisam
de atendimentos mentais (cerca de 12% dos brasileiros,
de acordo com o Ministério da Saúde/2010).
O presente trabalho pretende analisar e caracterizar
as políticas públicas municipais em saúde mental, no
Município de Miguel Pereira, e compreender quais as
ações municipais que são desenvolvidas em favor de
pacientes que necessitam de atendimento psiquiátrico.
A Política de Saúde Mental no Brasil vem
passando por transformações que visam efetivar a
cidadania dos sujeitos com transtorno mental. O
Movimento pela Reforma Psiquiátrica (MRP), por ter
sido contemporâneo à luta pela redemocratização, teve
como marca distintiva e fundamental o reclame pela
cidadania do chamado “louco”.2 (TENÓRIO, 2002).
Esse movimento defendia como um de seus princípios
a garantia da participação do usuário como sujeito
ativo do processo de constituição do seu tratamento
(GULJOR, 2003). Contrapunha-se, assim, a uma
concepção medicalizada e excludente da loucura.
A reorientação da assistência psiquiátrica no
Brasil, não se limita à desinstitucionalização, tendo
como fim a construção de uma ação positiva da
sociedade em relação ao “louco”, sendo esta a concepção
que orienta as políticas de saúde mental brasileira
(ALVARENGA,2011)
Com a aprovação da Lei nº 10.216/2001 e outras
portarias que reorientam a implantação e organização
dos novos serviços, foi possível a regulamentação
dos Serviços Residenciais Terapêuticos, os Centros
de Atenção Psicossocial e os Programas de Volta para
Casa. Estas medidas embora legais necessitam também
transformações culturais, uma vez que deve garantir
a reintegração das pessoas com transtornos mentais
graves e persistentes na comunidade (AMARANTE,
2007).
O SUS Sistema Único de Saúde, foi criado para
assegurar aos brasileiros um direito conquistado junto
à Constituição da República Federativa do Brasil de
1988, declarando em seu Artigo 196 que” a saúde é um
Material e Métodos
Trata-se de uma abordagem qualitativa que
tem como método o estudo de caso. Inicialmente,
está prevista a revisão teórica tendo como categorias
centrais: a análise de políticas públicas e suas etapas de
formulação e implementação, a Reforma Psiquiátrica e a
atual Política de Saúde Mental proposta pelos governos
federal, estadual e municipal de Miguel Pereira. Serão
realizadas entrevistas com o gestor municipal de saúde,
1. Universidade Severino Sombra, graduanda em Tecnologia em Gestão Pública, Vassouras-RJ, Brasil.
2. Universidade Severino Sombra, Mestre em Ciências Ambientais pela Severino Sombra, docente, Vassouras-RJ, Brasil.
66
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Palavras-Chave: Administração pública. Saúde mental. Sistema de saúde.
coordenador de Saúde Mental, Coordenador do CAPs,
e outros atores que forem considerados relevantes
durante a pesquisa. Serão levantados documentos sobre
o processo de formulação da Política Municipal de
Saúde Mental.
AMARAL, Márcia A. do, Atenção à saúde mental na rede básica: estudo
sobre a eficácia do modelo assistencial. Rev. Saúde Pública, 31(3): 288-95,
1997.
KANTORSKI, L. P. Os desafios da avaliação no campo da Saúde Mental. Rev.
Eletr. Enf. [Internet]. 2012 jan/mar;14(1):10-1. Disponível em from: http://
www.fen.ufg.br/revista/v14/n1/v14n1a01.htm. Acesso em 09/04//2014.
GULJOR, A. P. Os Centros de Atenção Psicossocial: um estudo das
transformações do modelo assistencial em Saúde Mental. In: JORNADA
CIENTÍFICA DE PÓS GRADUAÇÃO DA FUNDAÇÃO OSWALDO
CRUZ, 6, 2000, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: Fiocruz, 2000. p.
51.
Resultados e Discussão
No Brasil existem mais de 1.600 Centros de
Atenção Psicossocial (CAPS). Uma questão que
merece ser considerada é de que os CAPS surgem como
serviços estratégicos no interior de uma rede de atenção
psicossocial. As diretrizes centrais da Política de Saúde
Mental no Brasil, apontada pelo Ministério da Saúde
e orientada pela perspectiva de reforma psiquiátrica,
consistem, entre outros aspectos, na redução progressiva
e gradual dos leitos em hospitais psiquiátricos, na
garantia de assistência aos pacientes egressos dos
hospitais, na criação e sustentação da rede extrahospitalar – CAPS, residências terapêuticas, centros de
convivência, ambulatórios, programas de suporte social,
defesa e promoção dos direitos humanos dos pacientes e
familiares (KANTORSKI, 2012). A discussão de como
os municípios enfrentam essas demandas necessitam ser
promovidas, no sentido de identificar alternativas para
a assistência à saúde mental, com a adoção de políticas
locais.
BRASIL. Ministério da Saúde. LEI N.º 10.216, DE 6 DE ABRIL DE 2001.
Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos
mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. D.O.U.
Brasilia, 2001.
AMARANTE, P. Saúde mental e atenção psicossocial. Rio de Janeiro:
Editora Fiocruz, 2007.
CONASEMS. Comparação entre sistemas de serviços de saúde da Europa e
o SUS: pontos para reflexão da agenda da atenção básica. Belém: Conasems;
2008. (Relatório de oficina da Rede Américas).
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
CAMPOS, G.W.S. Sobre a reforma dos modelos de atenção:um modo
mutante de fazer saúde. Campinas. Fac. De Ciências Médicas da UNICAM.
Conclusões
Para Campos (1994), os modelos assistenciais em
saúde têm que ser estruturados de modo a viabilizarem
a missão institucional e atenderem às necessidades da
clientela. Estudo anterior realizado por Amaral(1997),
a atribuição de competência à rede básica e equipes de
saúde mental, de pequeno porte, de assistir pacientes
egressos de hospital psiquiátrico, revelou-se ineficaz
para o alcance dos objetivos de desospitalizar e
desinstitucionalizar. Se não houver investimento locais
a fim de garantir a continuidade desse processo, ocorrerá
uma perda muito grande de qualidade na assistência
aos clientes dos serviços de saúde mental, uma vez
que rompido o paradigma de assistência anterior, é
necessário que a alternativa proposta assuma as novas
responsabilidades.
Referências
ALVARENGA, M. S. ; GARCIA, M. L. T. . A implementação da política
de saúde mental em município de pequeno porte - o caso de São José do
Calçado/ES - Brasil. In: GARCIA, M. L. T.. (Org.). Entre tramas, redes e
atos: a política de saúde mental brasileira e o caso do Espírito Santo. 1ed.São
Paulo: Annablume, 2011, v. , p. 151-17
TENÓRIO, Fernando. A reforma psiquiátrica brasileira da década de 1980
aos dias atuais: história e conceitos. História, Ciências e Saúde. v. 9, n.1,
p.25-59, jan./abr. 2002. Manguinhos. Rio de Janeiro. Disponível em: <http://
www.scielo.br/pdf/hcsm/v9n1/ a03v9n1.pdf>. Acesso em: 09 abr. 2014.
67
Políticas públicas para a população idosa - Relato de uma experiência
municipal
Sheila Dutra¹, Paulo Cesar Pereira².
Resumo
O processo de envelhecimento é inevitável ao homem. E a partir da adoção de recursos tecnológicos que permitiram
a melhoria da qualidade e manutenção da vida, ocorre nas últimas décadas o expressivo aumento da população idosa.
Esta é uma população com demandas especiais, pela fragilidade, doenças crônicas, pouca capacidade produtiva.
O poder público, precisa estar atento a estas duas dimensões: a quantitativa, pelo aumento cada vez mais expressivo
deste segmento, e a necessidade do atendimento qualificado a estas demandas. Diversas legislações já garantes os
direitos, mas muito precisa ser feito para que se transformem em ações afirmativas. A partir da revisão dos instrumentos
legais e bibliografia específica, realiza-se uma breve avaliação da condução das políticas públicas adotadas por um
município do interior do Estado do Rio de Janeiro, em relação a esta população específica. Muito precisa ser elaborado
como prática de gestão, em especial a adoção de enfoque em resultados, que visem a redução de gastos associados
à não promoção da qualidade de vida dos idosos e que impactam fortemente nos gastos de saúde e previdência.
Introdução
Este trabalho, desenvolvido a partir da consulta à
Legislação que trata da garantia dos direitos da população
idosa e de bibliografia relacionada e este grupo populacional,
tem por objetivo relacionar a explosão demográfica da
terceira idade e as políticas adotadas para a concretização
dos direitos garantidos em lei, e a partir de uma breve análise
das políticas públicas adotadas por um pequeno município
do Estado do Rio de janeiro, buscando investigar as relações
existentes entre os direitos já garantidos e a prática gerencial
para este segmento, a nível municipal.
Desde que se adotaram o controle de muitas
doenças infectocontagiosas e potencialmente fatais, as
descobertas dos antibióticos, das políticas de vacinação
e outras estratégias de prevenção e de melhoria da
qualidade de vida, com a consequente ampliação dos
anos a serem vividos, ocorre a mudança demográfica,
que amplia a cada ano a população de idosos. Esta
mudança preocupa o poder público, que precisa de
imediatismo em diversas áreas, principalmente nas
áreas da saúde, de assistência e previdência, e cada vez
mais que precisa adotar políticas públicas exclusivos
aos idosos. Estes demandam medicamentos de uso
contínuo, capacitação e humanização de profissionais
da área, acesso e informações fáceis e claras. Diversos
autores apontam que a população idosa deseja realizar
suas atividades com independência e participativamente
de eventos sociais, culturais e familiares, necessitando
de autonomia e segurança para garantir mobilidade e
qualidade de vida. E é inevitável que se preocupem com
a questão cultura e lazer, para fortalecer a malha social,
rompendo a discriminação e o desrespeito, estimulando
a vida social do idoso. Essas atitude previnem riscos
sociais relacionado ao ciclo de vida, como o isolamento
e asilamento, evitando insegurança, problemas psíquicos
e gastos nas áreas de saúde.
Quando se fala de Políticas Públicas a referência
é a planejamento e organização, e nesse caso, entra em
ação o Poder Público que precisa colocar em prática,
executando essas políticas direcionadas aos idosos, já
existem inúmeras leis a eles direcionadas.
Material e Métodos
O estudo consistiu no levantamento do conhecimento
bibliográfico disponível em produções atuais e legislações
pertinentes ao envelhecimento e as políticas públicas
nacionais voltadas a este grupo demográfico. Foi realizado
também pesquisa exploratória a partir de entrevista conduzida
com servidores e gestores ligados a condução das políticas
municipais de idosos em Miguel Pereira. As entrevistas
foram realizadas a partir de um questionário abrangente,
que foi aplicado pelo autor, em encontros previamente
agendados, e a partir do contato inicial com os gestores
locais, realizou-se outros encontros a fim de construir um
perfil, o mais detalhado possível das políticas adotadas, e
suas representações a partir da literatura consultada.
Resultados e Discussão
A partir das questões propostas pelo questionário,
foram evidenciados os seguintes aspectos: a) os serviços
são prestados normalmente através de solicitação
1. Universidade Severino Sombra, graduanda em Tecnologia em Gestão Pública, Vassouras-RJ, Brasil.
2. Universidade Severino Sombra, Mestre em Ciências Ambientais pela Severino Sombra, docente, Vassouras-RJ, Brasil.
68
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Palavras-Chave: Políticas públicas. Envelhecimento. Terceira idade.
da sociedade como, denúncias diversas, cesta básica
em caso de necessidade alimentar, minha casa minha
vida para moradia; b) existe um Conselho do Idoso,
com reuniões uma vez por mês. É composto por dez
membros sendo cinco do governo e cinco de entidades
representativas; c) não há médico geriatra no município;
d) existe o Centro de Convivência do Idoso, que é bem
estruturado, com banheiros adaptados, e que atualmente
atende a setenta e oito idosos. Existe centro de recreação
e lazer e condução para os idosos; e) o atendimento a
dependentes químicos não é segmentado a esta clientela,
como também não existe programa de saúde oral; f) o
hospital local não suporta as demandas que já existem.
domiciliares. Acta Paulista de Enfermagem (UNIFESP. Impresso) , v. 22,
p. 265-271, 2009.
MELO, Terezinha Silvério de ; JUNQUEIRA, Ana Luiza Neto . Perfil sóciodemográfico e avaliação funcional de idosos atendidos por uma equipe
de saúde da família na periferia de Goiânia, Goiás.. Revista da Sociedade
Brasileira de Clínica Médica, São Paulo, v. 1, n.5, p. 131-136, 2003.
TORRES, M. M. ; SA, M. A. A. S. . Inclusão Social e idosos: um longo
caminho a percorrer. Revista de Ciências Humanas (Taubaté), v. 1, p. 01-10,
2008.
VERAS, R. ; CAMARANO, A. A. ; Lima-Costa M F ; UCHÔA, E.
. Transformações demográficas e os novos desafios resultantes do
Envelhecimento Populacional. In: Maria Cecília de Souza Minayo; Carlos
Coimbra Junior. (Org.). Críticas e Atuantes. Rio de Janeiro: FIOCRUZ,
2005, v. , p. 503-518.
Conclusões
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
A atual densidade demográfica do país nos mostra
o quanto a população idosa tem aumentado em relação
aos jovens em países em desenvolvimento, e que as
bases para a discussão e reflexão sobre as Políticas
Públicas para idoso requer atenção, principalmente
ao que tange a emprego, previdência social e a saúde.
Na pesquisa realizada, evidencia-se é mostrado
que a Gestão Municipal, tanto sob o ponto de vista
organizacional como do ponto de vista legal precisa
de reformas. Está claro que as famílias tem enorme
responsabilidade para com seus idosos, mas não tem
preparo nem psicológico nem financeiro para tal, mesmo
com apoio das Políticas de Atenção Básicas. O breve
estudo realizado em Miguel Pereira, mostra que muito
é preciso fazer nas áreas que são direcionadas a esse
segmento, por que mesmo com toda a proteção formal
e legal que assegura as necessidades das pessoas idosas,
na prática ainda é deficiente e com muitas limitações. A
Política Pública para a pessoa idosa em Miguel Pereira é
pouco abrangente para um grupo etário que atualmente
representa metade da população.
Referências
BRASIL. Congresso. Câmara dos Deputados. Estatuto do idoso: Lei
10.741, de 01 de out. 2003 e legislação correlata. Rio de Janeiro: Centro de
documentação e informação, 2009.
BRASIL. MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. Política nacional do idoso. Brasília:
Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, 1998. 81 p..
BRASIL. MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. Lei Orgânica de Assistência SocialLOAS (Lei n°8742/93, de 7 de dezembro de 1993. Brasília: Secretaria
Nacional dos Direitos Humanos, 1993.
FERRIGNO, J. C. . Trabalho social com idosos: apresentação da experiência
pioneira do SESC na área do lazer e da cultura. Cadernos de Terapia
Ocupacional da UFSCar, v. 14, p. 23-31, 2006.
GIL, A. C. . Como elaborar projetos de pesquisa. 4a.. ed. São Paulo: Atlas,
2002. v. 1. 171p
MARTINS, Josiane de Jesus ; Schneider, Dulcinéia Ghizoni ; Coelho,
Francyne Lee ; NASCIMENTO, Eliane Regina Pereira Do ; Albuquerque,
Gelson Luiz de ; Erdmann, AlacoqueLorenzini ; Gama, Fabiana Oenning
da . Avaliação da qualidade de vida de idosos que recebem cuidados
69
Resíduos de medicamentos na comunidade
Joseane dos Santos Pinto¹, Paulo Cesar Pereira².
Resumo
O processo de envelhecimento é inevitável ao homem. E a partir da adoção de recursos tecnológicos que permitiram
a melhoria da qualidade e manutenção da vida, ocorre nas últimas décadas o expressivo aumento da população idosa.
Esta é uma população com demandas especiais, pela fragilidade, doenças crônicas, pouca capacidade produtiva.
O poder público, precisa estar atento a estas duas dimensões: a quantitativa, pelo aumento cada vez mais expressivo
deste segmento, e a necessidade do atendimento qualificado a estas demandas. Diversas legislações já garantes os
direitos, mas muito precisa ser feito para que se transformem em ações afirmativas. A partir da revisão dos instrumentos
legais e bibliografia específica, realiza-se uma breve avaliação da condução das políticas públicas adotadas por um
município do interior do Estado do Rio de Janeiro, em relação a esta população específica. Muito precisa ser elaborado
como prática de gestão, em especial a adoção de enfoque em resultados, que visem a redução de gastos associados
à não promoção da qualidade de vida dos idosos e que impactam fortemente nos gastos de saúde e previdência.
Introdução
consequência, maior quantidade de embalagens e sobras
de medicamentos que terão como destino o lixo comum.
(Alvarenga,2010).
Durante alguns tratamentos as pessoas adquirem
certos medicamentos, que por muitas vezes não são
utilizados por completo, onde são armazenados em
casa, visando um uso posterior, ou então acabam sendo
jogados em esgotos ou até mesmo em lixo doméstico.
O presente trabalho tem por objetivo geral
analisar os métodos de destinação dos medicamentos
domiciliares, vencidos ou não, da cidade de Paty do
Alferes, especificadamente nos bairros de Coqueiros e
Arcozelo, avaliar o conhecimento da população quanto
ao descarte correto desses medicamentos e quanto aos
riscos causados por essa prática inadequada e analisar
as ações da administração pública minimização do
problema estudado.
O consumo de medicamentos tem crescido muito
nos últimos anos, pela ampliação do acesso aos serviços
de saúde, pelo aquecimento da economia e pela redução
de seu custo pela escalabilidade econômica e políticas
públicas de distribuição. Com o aumento do consumo
ocorre também o crescimento na eliminação dessas
substancias, seja por descarte ou excreção do organismo.
Estes resíduos lançados no meio ambiente não pode
ser eliminado passando pelos mesmos procedimentos
que o lixo comum e a disposição destes em áreas
despreparadas como aterros comuns, ou diluição na
rede de esgoto, ocasiona contaminação direta de solo
e lençóis freáticos, atingindo assim a fauna e a flora da
região, com consequências imprevisíveis.
Os resíduos de medicamentos, baseado na
Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) N.º 306, de
07 de Dezembro de 2004 da Anvisa, em seu capítulo
III, são classificados no Grupo B – corresponde aos
resíduos com características químicas, e como tal seu
descarte deve ser submetido à métodos específicos
de tratamento e destinação, a fim de ser tratados por
processos que desativam a constituição tóxica, o que
descaracteriza a composição físico-química, e só devem
ser encaminhados para aterros sanitários de resíduos
urbanos, caso o seu produto final for liberado pelo órgão
competente.
O Brasil está entre os maiores consumidores
mundiais de medicamentos e com a sua economia
estável agregada ao maior acesso a medicamentos,
estabelecido pelas políticas governamentais adotadas,
contribuem para o aumento do consumo que trará como
Material e Métodos
O estudo será realizado na cidade de Paty do
Alferes – Rio de Janeiro, onde será realizada uma
pesquisa de campo em dois de seus bairros: Coqueiros
(rural) e Arcozelo (urbano). Os participantes totalizam
100 moradores, maiores de 18 anos de qualquer um dos
gêneros. O critério de inclusão para os entrevistados foi
o fato dos mesmos declararem consumo rotineiro de
medicamentos. Será aplicado um questionário padrão
que avalia a conduta de descarte, o nível de orientação,
e consciência dos moradores em relação ao assunto.
As entrevistas serão realizadas face a face de modo a
permitir que o entrevistado responda independente de sua
escolaridade e compreensão das questões apresentadas.
1. Universidade Severino Sombra, graduanda em Tecnologia em Gestão Pública, Vassouras-RJ, Brasil.
2. Universidade Severino Sombra, Mestre em Ciências Ambientais pela Severino Sombra, docente, Vassouras-RJ, Brasil.
70
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Palavras-Chave: Políticas públicas. Envelhecimento. Terceira idade.
Os dados após coletados serão tabulados e elaborado
gráficos para melhor compreensão da sua amplitude.
Resultados e Discussão
BRASIL. ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº. 306, de 7 de dezembro de 2004. [Online] Dispõe sobre o Regulamento
Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Diário
Oficial da União, 10 de dezembro de 2004. Disponível em www.febrafar.
com.br/upload/up_images/rdc306.pdf. Acesso em 09/04/2014.
Estudos realizados anteriormente apontam para a
gravidade da situação. Gasparini (2011) relata que em
Catanduva as sobras de medicamentos são descartadas
no lixo por 30,45% dos entrevistados, sendo 88,18%
no lixo seco e 7,55% no lixo úmido. Destes, 20,55%
possuem medicamentos vencidos em casa e 7,2% e
61,35% descartam os medicamentos vencidos no lixo
com 80,4% acham que essa atitude causa problemas
ambientais. 37,19% julgam-se culpados por isso, e
35,01% acreditam que a responsabilidade é do governo.
84,55% relatam nunca terem recebido nenhuma
informação sobre esse assunto. Em pesquisa realizada
em Campinas/SP, Ueda et ali (2009) apontam que,
88,6% dos entrevistados afirmaram descartar seus
resíduos farmacológicos no lixo doméstico.
Conclusões
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
O procedimento de descarte na atualidade ainda
é desconhecido pela população. A proposta de solução
passa pela divulgação dos riscos para que aja uma
conscientização da sociedade. Mas são de extrema
importância e necessidade o desenvolvimento e criação
de medidas de gestão voltadas ao meio ambiente. Seria
importante a implantação de projetos municipais que
visem orientar a população quanto ao uso e ao descarte
correto dos medicamentos. Uma adaptação das farmácias
a legislação que exige a venda de medicamentos sob
medida para que não hajam sobras de medicamentos
deve ser cobrada com rigor e a colocação de coletores
nestas para a destinação adequada pode ser realizada
aproveitando a disponibilidade das pessoas em fazer o
descarte correto e compartilhando a responsabilidade de
destinação dada aos resíduos gerados.
Referências
GASPARINI, JC; GASPARINI, A. R.; FRIGIERI, M. C. Estudo do Descarte
de Medicamentos e Consciência Ambiental no Município de Catanduva-SP.
Ciência & Tecnologia: Fatec-JB (Online), v. 2, p. 38-51, 2011.
UEDA J., e ali. Impacto Ambiental do Descarte de Fármacos e Estudo da
Conscientização da População a Respeito do Problema. Revista Ciências do
Ambiente On-Line Julho, 2009 Volume 5, Número 1.
ALVARENGA, L. S. V.; NICOLETTI, M. A. Descarte doméstico de
medicamentos e algumas considerações sobre o impacto ambiental
decorrente. Revista saúde (UnG. Online), v. 4, p. 34-39, 2010.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. CONAMA Conselho Nacional do
Meio Ambiente. Resolução nº. 358de 29 de abril de 2005. [Online] Dispõe
sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e
dá outras providências. Disponível em: www.mma.gov.br/port/conama/res/
res05/res35805.pdf. Acesso em 09/04/2014.
71
Setor de convênio – Implantação e estruturação na administração
pública municipal
Ana Paula Ribeiro Caldas¹, Margareth Fernandes¹.
Resumo
A partir do momento que são identificadas as carências e prioridades locais de uma comunidade, deve haver implementações
de projetos que beneficiem não só a comunidade, mas a sociedade como um todo, daí a importância dos convênios. O objetivo
deste estudo é revisar sobre o convênio e estudar a existência do setor de convênio nas cidades da região sul fluminense.
Trata-se de revisão bibliográfica em artigos publicados em periódicos nacionais, sítios da internet (órgãos nacionais sobre
o assunto), legislação e de pesquisa de campo do tipo entrevista, nas Prefeituras de grande parte das cidades da região
sul fluminense. Diante achados na pesquisa pode-se notar a importância dos convênios em prol da sociedade em geral.
A maioria das prefeituras não dispõe de um setor apropriado para este tipo de serviço, além de funcionários capacitados
para atuar nesta área específica. Propõe-se assim a estruturação e/ou implantação o setor de Convênios nas prefeituras.
Introdução
feito um levantamento dos telefones de cada prefeitura,
depois um levantamento para a identificação do setor que
pudesse responder o questionário elaborado sobre o tema,
tratou-se então de uma entrevista via contato telefônico.
Os municípios pesquisados da região sul fluminense
(Figura 5) são 16 (dezesseis): Resende, Itatiaia, Porto
Real, Quatis, Barra Mansa, Volta Redonda, Pinheiral,
Piraí, Barra do Piraí, Vassouras, Valença, Rio das Flores,
Três Rios, Rio Claro, Angra dos Reis e Paraty.
Os procedimentos de requerimento de recursos
federais pelas entidades públicas e privadas têm início
a partir da identificação das necessidades existentes nas
comunidades. Somente com o conhecimento da realidade
socioeconômica local é que se podem definir as áreas mais
carentes de atenção e, consequentemente, que necessitem
de ações imediatas por parte do Poder Público.
O objetivo principal do presente artigo é revisar o
convênio e estudar/propor a existência do setor específico
de convênios e elaboração de projetos nas cidades da
região sul fluminense. Para tanto, preconiza-se no estudo
relatar sobre convênio; revisar o histórico jurídico do
convênio; diferenciar convênio, contrato de repasse e
termo de cooperação, descrever as fases do convênio e
SICONV; revisar sobre credenciamento e cadastramento
no SICONV; relatar sobre o plano de trabalho; revisar
sobre a região sul fluminense; aplicar pesquisa de campo
nas cidades da região sul fluminense e analisá-la e propor
o plano do setor de convênio nas prefeituras municipais.
Resultados e Discussão
A Tabela 1 mostra as doze cidades onde foram
coletadas as informações. Houve identificação do
entrevistador e foram coletados os seguintes dados:
nome da cidade, número de telefone de cada prefeitura,
nome do entrevistado e o número de matrícula de cada
entrevistado.
Tabela 1. Cidades onde foram coletadas as informações.
Cidade da Região Sul Fluminense
Material e Métodos
Barra do Piraí
Mendes
Piraí
Vassouras
Volta Redonda
Valença
Rio das Flores
Pinheiral
Itatiaia
Rio Claro
Paraty
Porto Real
Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica
em artigos publicados em periódicos nacionais, sítios da
internet (órgãos nacionais sobre o assunto), legislação
e de pesquisa de campo. Na pesquisa de campo foi
aplicado um questionário de quatro perguntas diretas.
Os entrevistados foram funcionários das prefeituras, da
maioria das cidades da região sul fluminense.
Realizou-se uma pesquisa nas prefeituras
municipais da região sul fluminense. Primeiramente, foi
Fonte. Arquivo pessoal.
1. Universidade Severino Sombra, graduanda em Tecnologia em Gestão Pública, Vassouras-RJ, Brasil.
2. Universidade Severino Sombra, Mestre em Ciências Ambientais pela Severino Sombra, docente, Vassouras-RJ, Brasil.
72
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Palavras-Chave: Convênio. Setor de Convênio. Legislação. Região Sul Fluminense.
Em quatro cidades coletou-se o telefone, foram
realizadas várias tentativas de ligação, porém sem
sucesso (Tabela 2).
Tabela 2. Cidades onde não houve sucesso nas ligações.
Cidade da Região Sul Fluminense
Quatis
Angra dos Reis
Barra Mansa
Três Rios
Fonte. Arquivo pessoal.
As entrevistas foram realizadas entre os dias
cinco e nove de outubro de dois mil e treze. A entrevista
compôs-se de quatro perguntas (Tabela 3).
Tabela 3. Questionário realizado.
Perguntas realizadas
1 - A Prefeitura Municipal possui setor específico para
convênio?
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
2 - Se possui, faz parte de qual Secretaria ou
Departamento?
3 - Se não possui, quem/qual é responsável pelo
convênio?
4 - Quantas pessoas trabalham especificamente
com convênio?
Fonte. Arquivo pessoal.
Resultados e discussão relacionados às
perguntas 1, 2 e 3 do questionário
As perguntas um, dois e três do questionário
eram relacionadas. Desse modo, se houvesse resposta
positiva do entrevistado na pergunta um, fazia-se a
pergunta dois, caso a resposta fosse negativa fazia-se
a pergunta três. Os resultados mostraram que a maior
parte das cidades entrevistadas (91,6%) não possuem
setor específico para convênio quando comparado as
que têm (8,3).
Na única prefeitura onde há setor específico
para convênios (Volta Redonda), o setor de convênios
funciona na Secretaria de Indústria e Comércio e
Gabinete do Prefeito. As respostas obtidas em relação a
pergunta três estão dispostas na Tabela 4.
73
ÁREA DE CIÊNCIAS EXATAS E
TECNOLÓGICAS
Jogo da memória dos naturais - Software educacional para abordar
os números
José Eduardo Henriques Silva¹, Janaína Veiga².
Resumo
O trabalho apresenta resultados parciais do projeto de pesquisa intitulado “Pesquisa e desenvolvimento de softwares
educativos para Matemática da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental” articulado ao programa
de pós-graduação, Mestrado Profissional, em Educação Matemática, da Universidade Severino Sombra (USS). O
objetivo da pesquisa é apresentar o ensino da matemática em uma perspectiva lúdica, valorizando material manipulável
e concreto, o desenvolvimento de softwares educacionais e jogos educacionais para a educação infantil e nos anos
iniciais do ensino fundamental. Apresentamos o desenvolvimento do software educacional JOGO DAMEMÓRIA DOS
NATURAIS que foi implementado utilizando a linguagem de programação BASIC e teve como referencial teórico a
teoria das situações, didáticas e adidáticas. Como resultados obtivemos um jogo educacional com uma interface bem
intuitiva que permitiu as crianças mais um elemento a ser utilizado na construção do conceito dos números naturais.
Introdução
resumo sob a orientação da segunda autora. O jogo
educacional permite abordar o conjunto dos números
naturais.
Na seção material e métodos apresentaremos
o processo de desenvolvimento dos dois softwares e
na seção resultados e discussão apresentamos os dois
softwares e propostas de atividades para utilização.
Material e métodos
Foi idealizado um software educacional
com a abordagem do tipo jogo e com o apelo lúdico
que será apresentado nesse resumo. Temos como
referencial teórico para o desenvolvimento a teoria
das situações, didáticas e adidáticas (ação, formulação,
validação e institucionalização) (BROUSSEAU, 1996;
ALMOULOUD, 2007). Temos ainda as situações
adidáticas que segundo Amoloud (2007):
A situação adidática, como parte essencial da
situação didática, é uma situação na qual a intenção de
ensinar não é revelada ao aprendiz, mas foi imaginada,
planejada e construída pelo professor para proporcionar
a este condições favoráveis para a apropriação do novo
saber que deseja ensinar. (ALMOULOUD, 2007, p.33.
Grifo do autor)
Partindo da sugestão de Brousseau (1996),
quando revela a pertinência das situações adidáticas e
corroborada por Almouloud (2007), a proposta do jogo
identifica a intenção de ensinar, que não é explicitada
ao aluno, mas foi imaginada, planejada e construída
pelo professor/pesquisador. Isto é, explorar a formação
do conceito do número natural partindo da associação
entre o reconhecimento quantitativo e a representação
numérica/simbólica. Os desenvolvedores do software
precisavam, então, responder algumas perguntas:
O presente trabalho apresenta resultados
parciais do projeto de pesquisa intitulado “Pesquisa
e desenvolvimento de softwares educativos para
Matemática da educação infantil e dos anos iniciais
do ensino fundamental” articulado às duas linhas de
pesquisa do programa de pós-graduação, Mestrado
Profissional, em Educação Matemática, da Universidade
Severino Sombra (USS): Metodologias e tecnologias
de informação aplicadas ao ensino de matemática;
Organização curricular em matemática e formação de
professores.
O objetivo principal da pesquisa é apresentar
o ensino da matemática em uma perspectiva lúdica,
valorizando material manipulável e concreto, o
desenvolvimento de softwares educacionais, jogos
educacionais on-line e identificando a conexão da
matemática com outras áreas de conhecimento. Então
a proposta que aqui apresentamos tem como objeto de
estudo a construção do saber matemático na educação
infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental.
As ações de extensões são oficinas com as crianças
e cursos de formação continuada para professoras deste
segmento, para analisar as atividades pedagógicas e
os softwares educacionais desenvolvidos na pesquisa.
Nestes espaços poderemos refletir sobre: como os
sujeitos da pesquisa interagem com os sistemas, ganho
de conhecimento com as atividades, viabilizar melhorias
nos sistemas a partir das observações entre outras.
Nesse resumo, apresentamos o processo
de desenvolvimento de um software educacional
desenvolvido nessa pesquisa pelo primeiro autor desse
1. Universidade Severino Sombra, Engenharia Elétrica, Vassouras-RJ, Brasil.
2. Universidade Severino Sombra, Programa de Mestrado Profissional em Educação Matemática, Vassouras-RJ, Brasil.
75
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Palavras-Chave: Números. Jogo. Matemática.
a. Qual seria a forma de associação entre o
reconhecimento quantitativo e a representação numérica/
simbólica?
b. Qual seria o subconjunto de interesse dentro do
conjunto dos números naturais?
c) Qual seria o mecanismo para permitir que as
crianças fizessem a associação.
Para o primeiro questionamento, optou-se
por apresentar cartas com os números e cartas com a
quantidade equivalente ao número em contadores no
formato de bolinhas (Figura 1).
que permita utilizar o principio multiplicativo. Por
exemplo, em um carta com dez contadores a disposição
foi de cinco linhas de contadores em duas colunas.
Que permitirá ao educador, já no ensino fundamental,
em uma ocasião que achar apropriada explorar esse
importante conhecimento.
Outro resultado obtido foi a possibilidade de
com o botão “Configurações” selecionar o tempo que
cada carta vai ficar virada. Para a educação infantil
onde as crianças ainda precisam utilizar a contagem dos
contadores para saber qual número aquele grupamento
representa ter mais tempo foi fundamental.
Conclusão
Figura 1. Representação numérica e simbólica utilizada no software
educacional.
Fonte: Arquivo pessoal
Para o segundo questionamento, optou-se pelo
subconjunto de 0 (zero) a 20 (vinte), devido ao fato de
ser um dos primeiros subconjuntos abordados nesse
segmentos. O último questionamento foi respondido
imaginando-se o tradicional jogo da memória onde
a criança deveria formar pares com a representação
numérica e simbólica. O JOGO DA MEMÓRIA DOS
NATURAIS, que apresenta duas formas de representação
numérica, uma em algarismos indo-arábicos e outra em
formas geométricas (bolinhas ou contadores). O usuário
seleciona a quantidade de cartas que deseja jogar e inicia
o jogo. O objetivo é relacionar os algarismos indoarábicos com as representações com contadores.
Para implementar o software, foi utilizado a
linguagem de programação BASIC que é uma linguagem
orientada a evento. As cartas foram criadas no programa
Macromedia Fireworks®.
Referências
ALMOULOUD, S. A. Fundamentos da didática da matemática. Curitiba:
UFPR, 2007.
BROUSSEAU, G . Fundamentos e métodos da didáctica da matemática. In:
BRUN, Jean (dir.). Didáctica das matemáticas. Trad. Maria José Figueiredo.
Lisboa: Instituto Piaget, p. 35-113. (Coleção Horizontes Pedagógicos),
1996a.
Resultados e Discussão
Como resultados tivemos o jogo que permite que
as crianças interagir com um jogo tradicional, que é o
Jogo da Memória com o enfoque na aprendizagem de um
conteúdo matemático. O jogo permitiu vários níveis de
dificuldade desde uma partida com seis cartas até uma
partida com vinte cartas. A posição das cartas e os pares
de cartas são sorteadas randomicamente. Permitiram que
cada criança possa brincar começando com um grau de
dificuldade que seja fácil para ela e a própria criança
decida quando migrar para uma partida com mais cartas.
Ao idealizar o design das cartas com os
contadores foi utilizado na maioria das cartas uma forma
76
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Um dos objetivos do projeto de pesquisa é
desenvolver softwares educacionais e aplicar no
cotidiano das salas de aula da Educação Infantil e
primeiro
segmento do Ensino Fundamental. Outros
softwares estão sendo desenvolvidos no laboratório
e em breve serão utilizando na educação básica para
validação do desenvolvimento.
Levantamento do potencial de aproveitamento de água de chuva
para residências do município de Angra dos Reis-RJ
Dilmara Vidal Albernaz¹, Diego Macedo Veneu¹, Barbara Braga Barbosa¹, Jonas dos Santos Pacheco¹.
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo fazer o levantamento do potencial de atendimento a demandas pré-estabelecidas
de água de chuva em substituição a água potável para o município de Angra dos Reis, através do levantamento de dados
censitários e de oferta/demanda de água; obtenção da série temporal de chuva; determinação do consumo de água potável
em cada residência e a obtenção do potencial de reaproveitamento de água potável e das capacidades ideais dos tanques
de água de chuva para realização das simulações de atendimento as demandas utilizando o Método Interativo.
Palavras-Chave: Água de chuva. Aproveitamento. Recursos hídricos. Angra dos Reis.
Introdução
Apesar de o Brasil estar em uma situação
favorável no que diz respeito à disponibilidade hídrica
global, a concentração da população em áreas urbanas
vem gerando consequências sobre os recursos hídricos
do país. Dentre os municípios situados no estado do
Rio de Janeiro, Angra dos Reis encontra-se em situação
preocupante quanto ao balanço entre a oferta e a demanda
de água para o ano de 2015 (ANA, 2010). O município
foi identificado como um dos três que mais necessita
de investimentos em obras para o aproveitamento de
novos mananciais ou para adequação dos sistemas
existentes. Como podemos verificar, em muitas regiões/
municípios, a demanda por água excede à quantidade
disponível. Desse modo, é necessário o desenvolvimento
de novas tecnologias ou soluções para o gerenciamento
dos recursos hídricos. O uso de fontes alternativas de
suprimento é citado como uma das soluções para o
problema de escassez da água. Dentre estas fontes, o
aproveitamento da água da chuva caracteriza-se por ser
uma das soluções mais simples e baratas para preservar
a água potável (Annecchini, 2005).
Onde: Vt é o volume de armazenamento no tempo
t (m³), Qt é a demanda de água no tempo t (m³), Vi,t é o
volume de chuva que entra no sistema no tempo t (m³)
e, Lt são as perdas do sistema durante o intervalo de
tempo t (m³).
Resultados e Discussão
Dados censitários e de oferta/demanda
de água
Materiais e Métodos
Segundo IBGE (2011), Angra dos Reis possui
uma população de 169.511 hab., uma vazão de água
tratada distribuída de aproximadamente 40.500 m3/d,
representando assim, uma quota per capita de água
(QPC) de 239 L/hab.d. O sistema de abastecimento de
água é constituído por duas captações, uma na Barragem
Banqueta (180 L/s) e a outra no Rio Cabo Severino (54
L/s), estes mananciais trabalham com 83% e 96,8% de
suas vazões de referência (Q95%). Segundo ANA (2010),
Para o presente estudo, foram extraídas
informações censitárias como número de habitantes
e número de moradores por domicílio do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os cálculos
de demanda de água potável foram estimados levando
em consideração o valor per capita de água demandado
pelo município em estudo. A demanda de água não
potável será estimada levando em conta estimativas
1. Universidade Severino Sombra, Engenharia Elétrica, Vassouras-RJ, Brasil.
2. Universidade Severino Sombra, Programa de Mestrado Profissional em Educação Matemática, Vassouras-RJ, Brasil.
77
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
percentuais de 10, 20 e 30% do consumo de água
potável. Os dados pluviométricos do município foram
extraídos com base no Banco de Dados Meteorológicos
para Ensino e Pesquisa (BDMEP), do Instituto Nacional
de Meteorologia (INMET) para a série temporal de 1961
a 1990. O coeficiente de escoamento foi assumido como
sendo 80% em todas as simulações, como recomendado
pela norma brasileira NBR 15.527 (ABNT, 2007). Para
simulação dos valores de volume dos reservatórios, foi
utilizado o Método de Interação dado pela Equação 1.
o município possuirá em 2015 uma demanda de 496 L/s,
ou seja, existe a necessidade de um acréscimo de 262 L/s.
Dentre as soluções proposta para suprir esta demanda de
água, existe hoje, um projeto de implantação de um novo
sistema com captação em manancial superficial (Rio
Bracuí) com a perspectiva de incorporação de 120 L/s.
Como podemos observar, mesmo com estes investimentos,
existirá um déficit hídrico de 142 L/s.
20 e 30% da demanda de água potável. Como podemos
observar, para um percentual de demanda de água
potável de 10% e 20%, 92,9% da demanda por água
de chuva é satisfeita para todos os meses. Já para a um
percentual de 30%, 92,9% da demanda foi atendida
de janeiro a maio e de agosto a dezembro, observando
as menores demandas para os meses de junho e julho,
correspondendo a 92,1 e 89,1%, respectivamente.
Série temporal de chuvas do município
Tabela 1. Dados de entrada para a simulação de atendimento a
demanda de água não potável nas residências.
A série temporal de chuvas corresponderam as médias
de precipitação mensais durante o período de 1961 a 1990
obtidas do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). A
Figura 1 monstra as precipitações médias mensais para o
município de Angra dos Reis durante o período em estudo.
Dados de Entrada
Valores
Área de Telhado (m2)
100
Número de moradores (hab./residência)
3
Demanda per capita de água potável
(L/hab.dia)
239
Demanda de água de chuva (% da
demanda de água potável)
10, 20 e 30
Coeficiente runoff
0,8
Capacidades dos tanques de
armazenamento (m3)
2, 4 e 6
Figura 1. Precipitações médias mensais para Angra dos Reis.
Fonte: INMET.
Quantificação da demanda por água
potável
No intuito de estimar a demanda por água não potável
de uma residência unifamiliar, levou-se em consideração uma
residência com 3 habitantes, média de habitantes/residência
para o Estado do Rio de Janeiro (IBGE, 2011). Com o valor
de QPC de água definido (239 L/hab.d), podemos estimar
o consumo mensal de água potável das residências levando
em consideração 3 habitantes/residência em 21,5 m3/mês.
Figura 2. Demanda atendida de água de chuva mensal para Angra
dos Reis.
Fonte: Arquivo pessoal
Conclusões
A utilização da água da chuva para o município de
Angra dos Reis pode trazer o benefício da conservação
da água e reduzir a dependência excessiva das fontes
superficiais de abastecimento de água.
Definição do estudo de caso
Os dados de entrada utilizados para realizar as
simulações de atendimento as demandas de água são
apresentados na Tabela 1.
Referências
Dimensionamento
dos
tanque
e
atendimento a demanda de água pluvial
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - Censo Demográfico
2010. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Rio de Janeiro, 270
p., 2011.
Annecchini, K.P.V. Aproveitamento da Água da Chuva Para Fins Não
Potáveis na Cidade de Vitória – ES, Dissertação de Mestrado, Universidade
Federal do Espírito Santo, Vitória, 150 p., 2005.
Após realizar todas as simulações, o volume de
reservação proposto pelo dimensionamento foi de 2
m³ , 4 m3 e 6 m3. A Figura 2 apresenta os resultados
percentuais de demanda atendida de água de chuva
mensal, levando em consideração os percentuais de 10,
ANA - Agência Nacional de Águas. Atlas Brasil: Abastecimento Urbano de
Água, Panorama Nacional, v.1, p.72, 2010.
ABNT NBR 15527. Água de chuva - Aproveitamento de coberturas em áreas
urbanas para fins não potáveis – Requisitos, 12 p., 2
78
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Fonte. Arquivo pessoal.
Montagem de um protótipo experimental de uma coluna de leito fixo
utilizando resíduo do processamento de azeitonas como adsorvente
José Ribeiro Lima Novaes¹, Camila Mendes de Souza Barbosa¹, Nathália Carvalho da Silva¹, André
Rodrigues Pereira², Miguel Rascado Fraguas Neto³, Cristiane de Souza Siqueira Pereira³.
Resumo
As agroindústrias geram resíduos que atualmente vêm sendo estudados, devido ao seu alto poder de adsorção. A indústria
alimentícia de processamento de azeitonas gera grande quantidade de resíduos, em média 3,5 toneladas por dia. O
efluente gerado neste processo possui alto índice de turbidez, devido ao teor elevado de matéria orgânica. Tendo em
vista essas características, há necessidade de enquadramento na legislação, atendendo aos parâmetros permitidos para
descarte em corpos receptores. O objetivo do trabalho foi montar uma coluna de adsorção e analisar a viabilidade do uso
do caroço de azeitona como material adsorvente para clarificação do efluente da própria empresa geradora deste resíduo.
A coluna foi construída em material PVC, com um diâmetro de 3,9 cm e 58,5 cm de altura. Essa coluna foi recheada com
caroços de azeitona triturados e secos. A eficiência do processo de clarificação foi alcançada com a redução da turbidez
em torno de 90%.
Palavras-Chave: Adsorção. Efluente. Olea europaea.
Introdução
de efluente na própria indústria de processamento de
azeitonas.
A geração de resíduos é uma atividade
constantemente realizada pela sociedade mundial. Com
a revolução industrial, a geração de resíduos tornou-se
mais presente e hoje, com o consumismo desenfreado,
tornou-se um dos maiores problemas ambientais.
Dessa forma, a busca por soluções para a destinação
dos resíduos, aumentou significativamente, na tentativa
de minimizar impactos negativos causados ao meio
ambiente. O setor agroindustrial é responsável por grande
parcela da produção de resíduos e efluentes, oriundos
do processamento de alimentos, podendo citar como
exemplo a indústria de extração de azeite e de produção
das azeitonas de mesa, que geram grandes quantidades
de subprodutos dentre eles uma grande quantidade de
caroço oriundo da etapa de descaroçamento da azeitona.
De acordo com Chimatti (2012), o resíduo é um
dos principais problemas enfrentado pela agroindústria,
geradora do efluente analisado. Esse resíduo é proveniente
do processo de descaroçamento das azeitonas. A indústria
possui no processo, quatro máquinas em funcionamento,
cada máquina pode processar em média 19.000,00 Kg
de azeitonas inteiras por dia. De acordo com os dados
fornecidos pela empresa, são gerados mais de 3.800 Kg
do resíduo por dia.
Diante desse cenário existe a necessidade de buscar
novas tecnologias para minimizar os possíveis impactos
causados pelas agroindústrias no meio ambiente. Neste
trabalho avaliou-se a utilização do caroço de azeitona
como um adsorvente natural e de baixo custo no tratamento
A pesquisa foi realizada no laboratório de Ciências
Ambientais da Universidade Severino Sombra, onde foram
realizados os ensaios de adsorção. O caroço de azeitona
e o efluente utilizado foram cedidos por uma indústria de
alimentos localizada na cidade de Três Rios-RJ. O efluente
bruto foi coletado após o tanque de equalização da estação
de tratamento de efluentes. O efluente foi armazenado em
um recipiente de PVC de 5L e mantido refrigerado até
posterior análise. A eficiência do processo foi medida em
termos da redução da turbidez do efluente.
O aparato experimental utilizado nos experimentos
foi construído com base no trabalho de (De Freitas, et al.,
2013). Foi utilizado um cano de PVC com 58,4 cm de
altura e 3,9 cm de diâmetro. Na parte inferior da coluna foi
acoplado um registro com objetivo de controlar a vazão
de saída do efluente para amostragem. O efluente foi
adicionado à coluna através de uma bomba. Para a retenção
do material adsorvente no interior da coluna utilizou-se
uma tela metálica.
Resultados e Discussões
O efluente bruto apresentou turbidez de 475 ± 29
NTU. Após o processo de adsorção o efluente apresentou
uma redução em torno de 90% da turbidez.
1. Universidade Severino Sombra, discente, Vassouras-RJ, Brasil.
2. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Doutorando TPQB/EQ, Rio de Janeiro-RJ, Brasil.
3. Universidade Severino Sombra, docente, Vassouras-RJ, Brasil.
79
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Materiais e Métodos
Ao ser submetido à técnica de adsorção, o
efluente se enquadra dentro da legislação CONAMA
430/2011 A legislação referida estabelece que para
descarte de um efluente em rios de água doce classe I, o
mesmo deve apresentar turbidez igual ou abaixo de 40
NTU e os de classe II e III, o valor da turbidez vai até
100 NTU.
Conclusão
As agroindústrias necessitam de uma maneira mais
sustentável para destinar seus resíduos. Dessa forma, é
de extrema importância que sejam criadas tecnologias
eficientes para destinação de subprodutos gerados por
elas. No presente trabalho o uso do caroço de azeitona
utilizado como adsorvente promoveu a clarificação do
efluente estudado, reduzindo a turbidez em torno de
90%, demonstrando ser uma potencial alternativa para
tratamento de efluentes agroindustriais.
Referências
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
DE FREITAS, M. G. N., DE SOUZA ALVES, L., DE AZEVEDO-MELEIRO,
C. H., MENDES, M. F., DA CRUZ MELEIRO, L. A. Desenvolvimento de
um Processo Contínuo para Clarificação de Óleo de Milho em Coluna de
Leito Fixo. Revista de Ciências Exatas, 32(1), 2013.
CHIMATTI, W, “Fabricação de subprodutos Gerados a partir do Resíduo do
Processo de Descaroçamento e Seleção de Azeitonas Brutas”. Monografia
(Graduação)- Universidade Severino Sombra, Vassouras- RJ, 2012.
FREITAS M, Alves L. Meleiro C., Mendes M., Meleiro L, “ Desenvolvimento
de um Processo Contínuo para Clarificação de Óleo de Milho em Coluna de
Leito Fixo”, 2013
RODRIGUEZ G., Lama A., Rodriguez R., Jiménez A., Guillén R.,
Fernández- Bolaños,: “Olive Stones an attractive source of bioactive and
valuable compounds”. Bioresource Technology, 2008.
SIMÕES C., Torres D., Pereira A., Neto M., Pereira C.: Utilização do
Resíduo do Processo de descaroçamento da Azeitona no Tratamento de
Efluente, 2013.
SOUISSI S., OUEDERNI A. RATEL A. “Adsorption of dyes onto activated
carbon prepared from olive stones”, 2005.
80
Sistemas híbridos de potência para alimentação de sistemas de corrente
contínua de uma central de comutação e controle de telefonia móvel
Matheus Leal Silva¹, José Leandro Casa Nova¹.
Resumo
Com o advento da tecnologia na área de telecomunicações, Sistemas de Telefonia Móvel foram tornando-se cada vez
mais presentes na vida cotidiana. Para o crescimento contínuo de tal sistema, cada vez mais energia elétrica é demandada
por parte de grandes Centrais de Comutação e Controle e Estações-Rádio das companhias de Telefonia Móvel. A fim
de se reduzir custos com a Companhia de Distribuição de Energia Elétrica, propõe-se a instalação de fontes renováveis
de energia elétrica para operarem em conjuntos com geradores e com linhas de distribuição da concessionária de
eletricidade, os chamados Sistemas híbridos. Por fim, espera-se que a alimentação híbrida possa contribuir para sistemas
mais sustentáveis de energia, consequentemente a contenção de gastos com a tarifação de fontes convencionais de energia
elétrica pela concessionária, bem como riscos menores de anomalias elétricas (harmônicos e ruídos) e quedas de tensão.
Introdução
rádio que recebia e transmitia o sinal de um ponto de
origem ao destino. (CARVALHO,BADINHAN,2011)
Todavia, conforme o sistema de telefonia móvel
foi aumentando e devido a problemas logísticos (apenas
um usuário podia usar o MTS de cada vez), houve a
necessidade de dividir a área de cobertura em pequenas
outras áreas cada uma com sua própria estação rádio
com frequências variadas. Cada “pequena” área deu- se
o nome de célula. Surgia assim o sistema de Telefonia
Móvel Celular. (CARVALHO,BADINHAN,2011)
De acordo com Rodrigues, 2003, o Sistema básico
de telefonia móvel é dividido em três partes essenciais:
A estação móvel ( aparelho); A estação Rádio-Base; e a
Central de Comutação e Controle (CCC). Neste trabalho
se dará foco nas instalações de CCC.
Atualmente, muitos países têm investido
em energias renováveis. Como solução de crises
energéticas e redução de impactos ambientais, porém,
muitas vezes, o alto custo de fabricação e manutenção,
limitações de ordem física, os inviabilizam. Por conta
disso, tais fontes de energia renováveis de eletricidade
são utilizadas como auxiliadoras em sistemas
convencionais, os chamados Sistemas híbridos. O foco
deste trabalho é formular uma proposta de aplicação de
Sistemas Híbridos de potencia em Centrais de Telefonia
Móvel. Os sistemas de telefonia móvel estão cada vez
mais presentes na sociedade moderna, a expansão dos
sistemas de comunicações é realidade constante, e, com
isso, o aumento de demanda energética para tais sistemas
é crescente. Os Sistemas Híbridos em telefonia móvel
teriam a função de reduzir custos com energia elétrica
proveniente de concessionária de eletricidade e ajudaria
reduzir a dependência por geradores eletromecânicos
com principio de funcionamento baseado no uso de óleo
Diesel que tais Centrais de Telefonia móvel possuem.
Fontes Renováveis e Não-Renováveis de
Energia Elétrica
Com a revolução industrial, a demanda por
combustíveis para indústrias, navios, locomotivas
e entre outras máquinas cuja combustão faz parte
de seu principio de funcionamento aumentou
exponencialmente. Combustíveis fósseis como o carvão
vegetal e posteriormente o petróleo mudaram o modo de
vida da maior parte do planeta. Porem tais combustíveis
são altamente poluentes e de baixo rendimento, além do
fato de ser esgotável.
Com a crise do petróleo de 1973, as grandes
empresas exploradoras petróleo e novas políticas
de Estado deram mais atenção a fontes de energia
sempre presentes no ambiente com menor ou nenhum
índice de emissão de gases poluentes na atmosfera e
Princípios de Telefonia Móvel Celular
O conceito de Telefonia Móvel é relativo àquela
onde há possibilidade de movimento relativo dos usuários
(assinantes, veículos, aeronaves, etc.). O sistema de
telefonia móvel surgiu com a necessidade do usuário
se locomover enquanto estivesse se comunicando. O
primeiro sistema de comunicação móvel com certo grau
de praticidade foi o MTS (mobile telefone servisse) em
1946, tal sistema era constituído de uma única estação
1. Universidade Severino Sombra, Vassouras-RJ, Brasil.
81
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Palavras-Chave: Sistemas híbridos. Corrente contínua. Centrais de comutação e controle. Telefonia móvel.
que não corresse o risco de se esgotar- as chamadas
Energias Renováveis. A partir daí, surgiram os painéis
fotovoltaicos, os geradores eólicos, as Geotérmicas
entre muitas outras.
O grande obstáculo que as energias renováveis
enfrentam é a viabilidade física e o alto custo de
fabricação, manutenção e operação. Um painel
fotovoltaico, por exemplo, possui uma fabricação com
custo elevado e a noite o efeito fotovoltaico se inviabiliza,
o que se faz necessário um armazenamento da energia
diurna (banco de baterias), o que encarece ainda mais o
sistema e o retorno do investimento é adiado.
sobre a inclusão de energias renováveis em sistemas
convencionais para alimentação de instalações. No caso
da Telefonia Móvel, tais sistemas reduziriam os custos
com a energia elétrica da concessionária e com óleo
diesel para geradores eletromecânicos. Além disso, as
energias renováveis ajudariam na solução de problemas
técnicos (blackouts da rede elétrica ou defeitos
mecânicos dos geradores, por exemplo) e reduziria a
poluição do ar local.
Sistemas Híbridos de Potencia
Uma possível solução para tal inviabilidade
econômica seria usar fontes renováveis de energia em
conjunto com as fontes não-renováveis, os chamados
Sistemas Híbridos. Os sistemas híbridos já são realidade
em diversas parte do mundo onde, por exemplo, em
locais com altas incidências de raios solares e de ventos
são conectados painéis fotovoltaicos e aerogeradores
no sistema elétrico de potencia para auxiliar na geração
de energia. No brasil, pequenas comunidades do norte
do país que não são assistidas por linhas de transmissão
já utilizam, além dos geradores Diesel, painéis
fotovoltaicos e aerogeradores para suprir a demanda de
tais comunidade isoladas.
Figura 1. Diagrama do sistema híbrido proposto neste trabalho.
Fonte: Arquivo pessoal
MEDEIROS, Júlio César de Oliveira. Principio de Telecomunicações. 2a
edição. Editora Érika. São Paulo, 2007.
SOUZA. Wagner Camisão de. Uma contribuição ao estudo da qualidade de
energia elétrica no suprimento de sistemas de telecomunicações. Santa Rita
do Sapucaí, 2002.
Aplicação de Sistemas Híbridos em
Centrais de Comutação e Controle para
alimentação de circuitos de Corrente
Contínua
CARVALHO, Álvaro Gomes de. BADINHAN, Luiz Fernando da Costa.
Eletrônica- Telecomunicações, vol.5. Fundação Padre Anchieta. São Paulo,
2011.
http://www.unicamp.br/unicamp/ju/576/pesquisa-analisa-sistema-hibridode-energia-eletrica (Acesso em 24/04/14).
http://www.sj.ifsc.edu.br/~fabiosouza/Tecnologo/Telefonia%202/Curso%20
de%20Telefonia%20Digital%20-%20tropico%20RA%20com%20
figuras%20novas.pdf (Acesso em 23/04/2014).
A proposta deste trabalho baseia-se na inclusão de
fontes de energia renováveis em sistemas elétricos de Centrais
de Comutação e Controle para Telefonia Móvel, mais
especificamente para a alimentação das instalações de corrente
contínua dessas centrais. As fontes de energia elétrica proposta
nesse trabalho seriam tanto conectadas ao suprimento AC
como diretamente ligadas no banco. de baterias, dependendo
do tipo de corrente do terminal de cada fonte. Os painéis
fotovoltaicos, por exemplo, produzem corrente contínua,
todavia, os aerogeradores produzem corrente alternada, assim
como os geradores Diesel e o sistema de distribuição local.
O sistema híbrido proposto será composto de:
Aerogeradores, Painéis Fotovoltaicos, a rede elétrica da
concessionaria local e gerador Diesel. Conforme mostra a
figura 1.
http://lsf.iee.usp.br/lsf/pdf/seminario_26/Apresentacao_Giorgiana_
Pinheiro.pdf (Acesso em 03/05/2014).
Conclusões
De acordo com os fatos mencionados, é de suma
importância que atualmente haja um estudo técnico
82
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Referencias
Recapacitação de linhas de transmissão
Patrick Picoli de Moraes¹, Riller Marinho Ramos¹, Cíntia Carraro¹.
Resumo
O atendimento à necessidade de transporte de maiores blocos de energia tem sido viabilizado, em parte, através
da recapacitação das linhas de transmissão em operação. O procedimento reduz significativamente o montante
de obras e serviços necessários, bem como mitiga sobremaneira os impactos ambientais decorrentes, muito
embora os órgãos ambientais ainda estejam dispensando tratamento bastante similar às obras de recapacitação
e reconstrução, apesar das notórias diferenças, principalmente o tocante à magnitude dos impactos, sendo que
a recapacitação provoca interferências de menor impacto face à permanência da maior parte das estruturas. em
suma, a recapacitação veio para ficar, traduzindo-se em conjunto de atividades de custo e impacto limitados,
possibilitando às concessionárias ampliar a disponibilidade de energia elétrica requerida pela sociedade.
Introdução
substituições periódicas dos elementos comprometidos.
O projeto de uma nova LT começa na necessidade de
aumentar a capacidade do sistema de transmissão. Para
cada transmissão de energia elétrica entre dois pontos
existem numerosas soluções tecnicamente viáveis,
porém, apenas um número relativamente pequeno é
capaz de assegurar um serviço de padrão ótimo e, ao
mesmo tempo, propiciar o transporte do kWh a um
custo mínimo[1].
Para que seja implantada uma nova LT é necessária
a constituição de uma faixa de segurança cujos valores
são relacionados na tabela a seguir:
A crescente demanda de energia elétrica
sobrecarrega o sistema de transmissão que requer
constantes ampliações para não prejudicar o
desenvolvimento. Porém a construção de novas
instalações de transmissão vem enfrentando diversos
obstáculos em função da dificuldade de constituir novas
faixas de servidão e pela necessidade de redução dos
impactos ambientais.
Desenvolvimento
Tabela 1. Faixa de segurança.
A Recapacitação da LT consiste em aumentar
sua capacidade de transmissão de energia elétrica para
atender a uma nova solicitação do sistema em situações
nas quais seja inviável a implantação de uma nova LT.
Muitas das linhas de transmissão submetidas a
recapacitação foram implantadas há de 20, 30 anos, já
tendo sido esgotada a vida útil concebida em projeto,
normalmente admitida como sendo de 30 anos.
Ao longo deste período as instalações, aí
incluídas torres, cabos, ferragens, isoladores, acessórios
e fundações, estiveram sujeitas à ação inevitável do
tempo, tendo sido submetidas aos variados efeitos
decorrentes da chuva, poluição, defensivos agrícolas,
perda de pintura e galvanização, desgaste mecânico,
contato com água subterrânea contaminada e ciclos
térmicos extremos.
Como todo material exposto a intempéries
e submetido, a solicitações diversas, seguramente
apresentam desgastes e degradação física, de maior ou
menor intensidade dependendo da agressividade do meio,
bem como da realização de inspeções, manutenção e
Tensão
Tipo do
Circuito
Largura da
Faixa
230 kV
Simples
35 m
230 kV
Duplo
26 m
138 kV
Simples
22 m
138 kV
Duplo
19 m
69 kV
Simples
21 m
Fonte. Arquivo pessoal.
Os valores pagos em servidão são altos e muitas
vezes são necessárias a desapropriação de áreas causando
impacto social e aumentado ainda mais este valor.
As linhas de transmissão possuem basicamente duas
partes: a parte ativa composta pelos cabos condutores
e a parte estática composta pelas estruturas, ferragens
e isoladores.
Devido ao perigo, por se tratarem da transmissão
em valores de centenas de milhares de volts, as linhas
de transmissão possuem regras bastante rígidas com
1. Universidade Severino Sombra, Vassouras-RJ, Brasil.
83
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Palavras-Chave: Recapacitação. Impactos ambientais. Operação.
relação ao seu projeto. As normas utilizadas têm força
de lei e estabelecem os critérios mínimos que devem ser
observados pelo projetista.
Os elementos passivos da LT, como estruturas
e isoladores, são dimensionados em função dos cabos
condutores, suas solicitações mecânicas e distâncias
mínimas elétricas.
Os dados a seguir, devem ser monitorados para se
definir as necessidades e possibilidades na recapacitação
de uma linha de transmissão, pois podem ter influência
direta no desempenho elétrico da LT:
Observações Finais
Cada alternativa tem suas vantagens e
desvantagens, aspectos positivos e negativos, devendo
ser estudadas e aplicadas após avaliação criteriosa da
equipe responsável pelo projeto de recapacitação.
Nesse sentido, distâncias elétricas na estrutura,
desempenho elétrico, confiabilidade, restrições
operativas, avaliação estrutural de torres e fundações,
entre outros, são aspectos a serem estudados visando à
adoção das técnicas mais adequadas, caso a caso.
Entretanto, algumas questões surgem, devendo
ser avaliadas à luz dos critérios relacionados à vida útil,
passada e futura, das instalações de transmissão.
Portanto, sendo inevitáveis e marcantes os efeitos
do longo tempo em exposição aos fatores degradadores
apontados, há que se realizar adequado programa
de levantamento e caracterização das condições de
integridade dos elementos constituintes das linhas de
transmissão previamente, ou paralelamente, aos estudos
de projetos de recapacitação, de forma a se poder
assegurar vida útil remanescente compatível com os
investimentos a serem realizados, bem como adequado
desempenho elétrico e estrutural evitando-se, desta
forma, potenciais ocorrências danosas à operação do
sistema e à comunidade lindeira.
Distância condutor-solo;
Velocidade do vento;
Temperatura ambiente;
Poluição;
Resistência de pé de torre;
Ampacidade.
[2]Ampacidade está relacionada à capacidade
de transmissão de energia elétrica de uma determinada
linha de transmissão. O valor de ampacidade representa
o valor máximo de corrente que deverá circular pelo
cabo condutor para que ele atinja a temperatura para
a qual foi projetado, mantendo assim os valores de
flecha calculados. Em geral é calculada no vão crítico
(1), pois este será o ponto no qual poderá haverá maior
possibilidade de violação da altura cabo solo quando a
LT operar na condição nominal.
I = √(Qr +Qc - Qs).10³/r .
(1)
Referências
Diversos procedimentos têm sido implementados
visando permitir às LTs transferirem maior potência
sem necessidade de intervenções de vulto. Entre as
principais, podem ser citadas:
[1] labegalini et al, 1992.
[2] Dissertacao Abordagem Multicriterios Ricardo Soares Cavassin.
-
Aumento da bitola dos cabos condutores;
-
Substituição dos condutores por cabos termoresistentes, existindo atualmente diversos tipos de cabos
habilitados a operar sob temperaturas mais elevadas;
-
Substituição, de estruturas que estejam impondo
distâncias cabo-solo inferiores às regulamentares;
-
Inserção de torres;
-
Raspagem de terreno visando atender às
distâncias requeridas;
-
Confinamento de áreas;
-
Aplicação de conjunto de cadeias de isoladores
alternativas (poliméricas, semi-ancoragem, suspensão
para ancoragem, etc.).
Um método bastante divulgado é o método
simplificado para a elaboração de curvas de ampacidade
e descrito a seguir. É um método aceitável para a
maioria das aplicações práticas [1]. Um cabo atinge
a temperatura em regime permanente quando houver
84
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
-
-
-
-
-
-
equilíbrio entre o calor ganho e o calor perdido pelo
cabo. O cabo ganha calor principalmente por efeito
Joule e pela radiação solar.
Vulnerabilidade às mudanças climáticas - Impactos da elevação do
nível do mar na erosão costeira na Guiné-Bissau
Morto Baiém Fandé¹, Fábio dos Santos Gonçalves¹.
Resumo
A elevação do nível médio global do mar projetada para o final deste século como consequências das mudanças
climáticas poderá provocar desequilíbrios em sistemas costeiros naturais e humanos. As zonas costeiras são consideradas
vulneráveis às alterações climáticas, particularmente à elevação do nível do mar, que poderá agravar, entre outros
processos, a erosão costeira. Este trabalho buscou investigar a vulnerabilidade da zona costeira da Guiné-Bissau, na
África, à elevação do nível do mar, analisando os impactos potenciais na erosão costeira. O Índice de Vulnerabilidade
Costeira (IVC) para elevação do nível do mar, de Özyurt, foi utilizado para o estudo, considerando o impacto erosão
nos seus parâmetros físicos e de influência humana. A zona estudada apresentou vulnerabilidade moderada. É
necessário que o poder público e a sociedade em geral conjuguem esforços para reduzir este grau de vulnerabilidade.
Introdução
de vastas áreas estuarinas ou lagunares (tem pendor médio
muito pequeno) e recuo de praias e arribas de material não
consolidado (Dias, 2005). Porém, sistemas ambientais e
sociais estão sujeitos à vulnerabilidade desigual, em função
da localização geográfica, condições sociais, econômicas e
ambientais (Santos e Miranda, 2006).
A Guiné-Bissau, cujos 61% do território são
considerados zona costeira e agrega 80% da população
(Guiné-Bissau, 2004), é suscetível à erosão costeira
decorrente das mudanças climáticas e elevação do nível do
mar.
O presente trabalho teve como objetivo avaliar a
vulnerabilidade da zona costeira da Guiné-Bissau à potencial
elevação do nível do mar, analisando o impacto na erosão
costeira.
Diversas pesquisas científicas evidenciaram as
oscilações do nível médio global do mar ao longo de tempos.
Essas oscilações (Dias, 2005; UNESCO/COI, 2010; IPCC,
2013) são causadas pela variabilidade climática natural da
Terra e pelas atividades humanas, que foram responsáveis
pela rápida elevação do nível do mar observada desde século
passado.
De acordo com IPCC (2013) o nível médio global do
mar elevou-se 0,19 m entre 1901 e 2010 e projeta-se uma
elevação de entre 0,26 e 0,98 m até 2100.
Elevação do nível mar aparentemente muito pequena
numa primeira análise é capaz de provocar erosão costeira
Tabela 1. Parâmetros de influência humana na zona costeira e as faixas correspondentes.
Faixa
Parâmetros Físicos
Taxa do Aumento do Nível do
Mar (mm/ano)
Geomorfologia
Muito Baixo
Baixo
Moderado
Elevado
Muito Elevado
1
2
3
4
5
<1
1-2
2-5
5-7
7-9 ou mais
Penhascos rochosos,
Penhascos médios,
costas, fiordes.
costas irregulares.
Penhascos
baixos,
deriva glacial, planícies
aluviais
Barreira de praia, praia de
Praias de pedregulhos,
arreia, pântanos de sal,
estuários e lagoas.
lodaçais, deltas, manguezal,
recifes de corais.
Declive Costeiro
>1/10
1/10-1/20
1/20-1/30
1/30-1/50
1/50-1/100
Altura Significativa da Onda (m)
<0,5
0,5-3,0
3,0-6,0
6,0-8,0
>8,0
Provisão de Sedimento
Amplitude da Maré(m)
Mais de 50% da linha
Entre
da costa está em
linha da costa estão
acréscimo
em acréscimo
>6
10-30%
da
Menos
de
está em erosão ou
acréscimo
4,0-6,0
2,0-4,0
Fonte. Arquivo pessoal.
1. Universidade Severino Sombra, Vassouras-RJ, Brasil.
85
10%
da linha da costa
Entre
10-30%
da
linha da costa está
em erosão
0,5-2,0
Mais de 50% da linha da
costa está em erosão
<0,5
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Palavras-Chave: Elevação do mar. Zona costeira. Erosão.
Material e Métodos
igualmente para a vulnerabilidade. O IVC é calculado
pela equação 1 e o resultado é um valor que varia de
1 a 5, permitindo classificar a vulnerabilidade da área
de estudo como: Muito Baixa (1≤IVC<1,5); Baixa
(1,5≤IVC<2,5); Moderada (2,5≤IVC<3,5); Elevada
(3,5≤IVC<4,5); Muito Elevada (4,5≤IVC≤5).
Foi usado o Índice de Vulnerabilidade Costeira
(IVC) para elevação do nível do mar, desenvolvido por
Özyurt (2007), considerando somente o impacto erosão.
O IVC integra um conjunto de parâmetros físicos (tabela
1) e de influência humana (tabela 2), recebendo cada
parâmetro um valor que varia de 1 a 5, de acordo com a
sua contribuição. Um peso de 0,5 é considerado para os
dois grupos de parâmetros, indicando que contribuem
Neste trabalho, a atribuição de valores aos
parâmetros foi baseada na literatura existente sobre
o tema e localidade de estudo e no conhecimento dos
autores daquela localidade.
Tabela 2. Parâmetros de influência humana na zona costeira e as faixas correspondentes.
Parâmetros Humanos
Muito Baixo
Baixo
Moderado
Elevado
Muito Elevado
1
2
3
4
5
>80%
60-80%
40-60%
20-40%
<20%
Não afetado
-
-
Fortemente afetado
Frentes Edificadas
<5%
5-20%
20-30%
30-50%
>50%
Degradação da Proteção Natural
>80%
60-80%
40-60%
20-40%
<20%
Estruturas de Proteção Costeira
>50%
30-50%
20-30%
5-20%
<5%
Redução
de
provisão
de
sedimento
Regulação do Fluxo do Rio
Moderadamente
afetado
Fonte. adaptado de Özyurt (2007).
Aplicando os valores na equação, teremos:
Onde:
Conclusão
PF = parâmetros físicos;
PH = parâmetros de influência humana;
n e m = nº de PF e PH considerados,
respectivamente;
IVCmenos vulnerável = somatório dos parâmetros
para o caso menos vulnerável.
O resultado indica que a área de estudo apresenta
uma vulnerabilidade moderada à erosão costeira devido
ao aumento do nível do mar.
O poder público do país e a sociedade devem
empreender esforços de modo a evitar ou reduzir
esta vulnerabilidade, controlando principalmente as
atividades humanas que contribuem para aumento da
vulnerabilidade.
Resultados e Discussão
A análise de dados relativos à contribuição
de parâmetros físicos e de influência humana para a
vulnerabilidade da área de estudo indicou os valores
apresentado no tabela 3.
Referências
Dias, J. M. A. Evolução da Zona Costeira Portuguesa: forçamentos antrópicos
e naturais. Disponível em: <http://www.pluridoc.com/Site/FrontOffice/
default.aspx?module=Files/FileDescription&ID=969&state=FD>. Acesso
em: 16 abr. 2014.
Tabela 3. Parâmetros físicos e de influência humana e respectivas
vulnerabilidades.
Paramentos
Físicos
Taxa de aumento
do nível do mar
Geomorfologia
Altura significativa
sedimento
Amplitude
maré
Moderada
Muito elevada
Declive costeiro
da onda
Balanço
Vulnerabilidade
de
da
Moderada
Baixa
Muito elevada
Moderada
Parâmetros
de
Influência Humana
Degradação
da proteção natural
Redução de provisão
de sedimentos
Regulação do fluxo
do rio
Frentes edificadas
Estruturas
de proteção costeira
-
Vulnerabilidade
Guiné-Bissau (República). Ministério da Energia e dos Recursos Naturais.
Direcção Geral do Ambiente. Comunicação Nacional Inicial da GuinéBissau sobre as Mudanças Climáticas. Bissau, 2004, 216 p.
Moderada
Elevada
IPCC.The Physical Science Basis: summary for policymakers. 2013.
Disponível
em:
<http://www.climatechange2013.org/images/uploads/
WGIAR5-SPM_Approved27Sep2013.pdf>: Acesso em 27 set. 2013.
Moderada
Özyurt, G. Vulnerability of Coastal Areas to Sea Level Rise: a case study
on Göksu Delta. 2007. 103 f. Dissertação (MestradoemEngenharia Civil)
- Graduate School of Natural and Applied Sciences of Middle East
Technical University, 2007. Disponível em:<http://etd.lib.metu.edu.tr/
upload/12608146/index.pdf>. Acesso em 31 mar. 2014.
Muito baixa
Muito elevada
-
86
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
Faixa
Santos, F. D. Miranda, P (Edit.). Alterações Climáticas em Portugal: cenários,
impactos e medidas de adaptação. Projecto SIAM II, Gradiva, Lisboa, 2006.
Disponível em: <http://siam.fc.ul.pt/siamII_pdf/SIAMII.pdf> Acesso em 11
mar. 2014.
IV JORNADA SEVERINO SOMBRA
UNESCO/COI. Élévation et Variabilité du Niveau de La Mer: résumé à
l’intention des décideurs. France, 2010. Dispunível em: <http://unesdoc.
unesco.org/images/0018/001893/189369f.pdf>. Acesso em: 04 mar. 2014.
87
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Resumo