APRESENTAÇÃO A Semana Severino Sombra foi criada pela Presidência da FUSVE em homenagem ao fundador e primeiro reitor da Universidade Severino Sombra, professor Severino Sombra de Albuquerque, logo após seu falecimento, com objetivo de enaltecer à memória, à obra e o patrimônio deixados para esta cidade e para os muitos jovens que aqui vêm buscar o conhecimento e a realização de um sonho: ter uma profissão. Devido à sua importância acadêmica, o evento passa, a partir de 2011, a ser denominado Jornada Severino Sombra, o que acontece sempre no mês de junho, com início ou término no dia 8, aniversário do homenageado. Neste ano, 15 dias de ações se voltaram inteiramente para o aculturamento da academia e da comunidade. Todos os cursos de graduação promoveram atividades voltadas para o enriquecimento dos alunos, com importantes palestras e a presença de inúmeras personalidades ligadas às áreas de saúde, humanas e exatas. Nesta edição foi marcante a presença dos alunos do Colégio Sul Fluminense de Aplicação - CAp, que, igualmente, abrilhantaram o evento. Momento único, ressalte-se, academia e administração imbuídas em prol da cultura e do saber. ÁREA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE A longevidade da população e os desafios envolvidos Bárbara Batista Goulart Portugal¹, Paulo Sergio Falchi Junior¹, Leandra Duarte Bastos¹, Pedro Lioncio Carvalho¹. Resumo A população idosa requer cuidados específicos e essa preocupação tem gerado inúmeras discussões e a realização de estudos que visam à melhora em sua qualidade de vida. Assim sendo, o trabalho atual visa discutir sobre a situação social do idoso no Brasil, considerando os aspectos demográficos, epidemiológicos e psicossociais. Palavras-Chave: Longevidade. Envelhecimento. Doenças crônicas. Introdução abordar um panorama da expectativa de vida no Brasil e apontar formas simples, mas objetivas de otimizar a qualidade de vida do idoso. Estudos apontam para um fenômeno de transição demográfica no qual ocorre o envelhecimento populacional, fenômeno observado nos países desenvolvidos no final do século XIX, ao longo do XX e em países em desenvolvimento, como o Brasil. No entanto, o contexto socioeconômico brasileiro não demonstra acompanhamento desse processo, principalmente, por seu ritmo acelerado, o que dificulta o desenvolvimento e a aplicação de políticas eficazes. Diversos estudos e discussões têm sido realizados, a fim de coletar dados sobre o novo perfil populacional, entretanto, traçar o do idoso no Brasil se torna um desafio devido à grande heterogeneidade das regiões brasileiras, como mostra o gráfico abaixo. Foi realizada revisão da literatura mediante a identificação, leitura e síntese de artigos indexados na base SCIELO. Adicionalmente, foi consultado livro de Gerontologia e Geriatria. A inclusão dos artigos na presente revisão foi realizada de acordo com o que os autores julgaram relevante e não repetitivo. Resultados e Discussão Segundo dados da ONU, a expectativa de vida no Brasil é de 72,3 anos e dados da OMS apontam que somente o controle da hipertensão arterial sistêmica reduziria em 35 a 40% a incidência de acidente vascular cerebral (AVC), 20 a 25% de infarto agudo do miocárdio (IAM) e mais de 50% de insuficiência cardíaca congestiva. Neoplasias de mama, colo do útero e próstata poderiam ser prevenidas em 40% ou mais, com a realização de exames diagnósticos periódicos. Portanto, é evidente a necessidade de mudança de hábitos na vida das pessoas para o alcance de um envelhecimento saudável. Ao idoso é necessária a inserção em atividades que o faça se sentir útil e se envolver em ocupações que lhes proporcionem prazer e felicidade. É indiscutível a presença da família nessa questão, o que fortalece as relações e a aceitação quanto aos desdobramentos do envelhecimento. Deve-se entender que as relações entre pais e filhos se modificam, pois os idosos se tornam cada vez mais dependentes, com o estabelecimento de inversão de papéis. Além da 76 74 Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste 72 70 68 66 64 62 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 De modo geral, a presença de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) ainda é o principal fator associado à qualidade de vida do idoso, portanto, o cuidado com a saúde é fundamental, sobretudo, ao se evitar uma dieta desbalanceada, tabagismo, etilismo e sedentarismo. O presente trabalho tem por objetivo 1. Universidade Severino Sombra, Vassouras-RJ, Brasil. 4 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Material e Métodos família, o convívio em sociedade é importante, pois permite a troca de experiências, ideias, sentimentos, dúvidas e até de afeto. Conclusão A questão do envelhecimento deve ser olhada de forma abrangente, pois existem muitos fatores envolvidos. A situação social da pessoa idosa no Brasil requer discussões mais objetivas sobre seu papel e suas relações em família e em sociedade. Na formação de profissionais da saúde e da educação, a Avaliação Geriátrica Ampla deve ser empregada como rotina na clínica médica, pois essa atividade pode ser crucial na condução de um envelhecimento mais saudável, pois não basta almejar vida longa, mas uma melhor qualidade para este viver. Referências IV JORNADA SEVERINO SOMBRA GOTTLIEB, Maria Gabriela Valle et al . Envelhecimento e longevidade no Rio Grande do Sul: um perfil histórico, étnico e de morbi-mortalidade dos idosos. Rev. bras. geriatr. gerontol., Rio de Janeiro , v. 14, n. 2, June 2011 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S1809-98232011000200016&lng=en&nrm=iso>. access on 27 Apr. 2014. http://dx.doi.org/10.1590/S1809-98232011000200016. MENDES, Márcia R.S.S. Barbosa et al . A situação social do idoso no Brasil: uma breve consideração. Acta paul. enferm., São Paulo , v. 18, n. 4, Dec. 2005 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0103-21002005000400011&lng=en&nrm=iso>. access on 27 Apr. 2014. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-21002005000400011. PATRICIO, Karina Pavão et al . O segredo da longevidade segundo as percepções dos próprios longevos. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro , v. 13, n. 4, Aug. 2008 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S1413-81232008000400015&lng=en&nrm=iso>. access on 27 Apr. 2014. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232008000400015. VIANA DE FREITAS, Elizabete. Tratado de Geriatria e Gerontologia. 2ª Edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. 5 Alterações demenciais na doença de Parkinson Francielly Nardy Souza¹, Márcia Cristina Almeida Soares¹. Resumo A Doença de Parkinson (DP) é a terceira doença neurodegenerativa mais comum nos idosos. Foi descoberta em 1817 por James Parkinson. De etiologia desconhecida, afeta neurônios dopaminérgicos da substância negra, resultando em uma diminuição da dopamina no corpo estriado, substância negra e regiões profundas. A DP é conhecida mais pelos seus sintomas motores, os sintomas cognitivos foram negligenciados desde a descoberta da doença. Acreditavase que as funções cognitivas permaneciam inalteradas. Com a evolução do quadro, a queda de dopamina leva a manifestações que estão associadas a distúrbios não motores (distúrbio do sono, deficit cognitivo e depressão). Quanto mais tarde surgir a doença, maiores as chances de o indivíduo desenvolver o quadro demencial e este merece uma atenção especial, pois não recebe o mesmo tratamento da doença clássica, somente com sintomas motores. Introdução deteriorização das habilidades cognitivas ocorram com o progredir da patologia. Os quadros neuropsíquicos da Doença de Parkinson incluem distúrbios cognitivos/demência; depressão; alucinações/delírios/delirium; mania/ hipomania; ansiedade. O risco de um Parkinsoniano desenvolver demência é maior se a doença se iniciar mais tarde e é duas vezes maior em relação à população. Cerca de 10 a 50% dos pacientes apresentarão demência¹ e esta deve aparecer nos 12 primeiros meses para ser considerada como associada ao Parkinson, o que aumenta também o risco de morte.² As alterações da memória estão entre as manifestações mais comumente encontradas na doença, pois o paciente apresenta dificuldades em recordar informações verbais recentemente aprendidas, além de afetar a memória não verbal. O Miniexame do Estado Mental e o Exame Cognitivo de Cambridge (Cambridge Cognitive Examination [CAMCog]) são utilizados para investigação demencial nos Parkinsonianos. A sensibilidade de ambos são semelhantes, porém, o CAMCog tem maior especificidade.² A demência apresenta-se como abulia, dificuldade na resolução de problemas, processamento lento das informações, prejuízo na elaboração conceitual. A função visual também está comprometida nesses pacientes pela queda de dopamina da retina.² A Doença de Parkinson (DP) inicialmente foi descrita em 1817 por James Parkinson, que a denominou de paralisia agitante que se apresenta com movimentos trêmulos involuntários, hipoparesia, projeção anterior do corpo e marcha festinante. Sua patogênese se caracteriza por degeneração da substância negra com perda gradual de neurônios dopaminérgicos pigmentados e neurônios com presença de corpos de Lewy. As alterações cognitivas não foram merecidamente estudadas na descoberta da doença, pois se acreditava que o intelecto não sofria alterações. Objetivo Esta revisão tem como objetivo analisar o quadro demencial dos Pacientes com Doenças Parkinson, possíveis causas e tratamento. Métodos Este resumo incorporou os artigos obtidos por meio do Scielo. Revisão de Literatura A Doença de Parkinson caracteriza-se por perda da função monoaminérgica múltipla, além de deficit de sistemas dopaminérgico, colinérgicos, serotoninérgicos e noradrenérgicos. A queda desses neurotransmissores prejudica o desempenho do organismo de dominar os movimentos normais. Doença de caráter crônico, é de praxe que a Tratamento da demência associada ao Parkinson É contraindicado o uso de determinados medicamentos antiparkinsoniano na demência 1. Universidade Severino Sombra, discente do curso de Medicina, Vassouras-RJ, Brasil. 6 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Palavras-Chave: Doença de Parkinson. Demência. Dopamina. associada ao Parkinson, devido aos efeitos adversos neuropsíquicos, por isso, deve ser feita uma escolha cuidadosa do antiparkinsoniano, com exclusão de anticolinérgicos. As drogas que apresentam melhores resultados no tratamento da Doença de Alzheimer também apresentam eficácia para o quadro demencial do Parkinson, tais como Rivastigima, Donazepil e Galantamina. O uso de Levodopa teve como resposta um benefício na atenção ou funções cognitivas, devido à ação da dopamina. Conclusão A DP não compromete apenas o sistema motor, mas a cognição dos pacientes e causam redução na qualidade de vida. A identificação dos fatores de risco podem servir como prevenção da instalação dos quadros não motores. As drogas que apresentam melhores resultados no tratamento da Doença de Alzheimer também apresentam eficácia para o quadro demencial do Parkinson. IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Referências 1. MELO, L. M. ; BARBOSA, E. R; CARAMELLI, P. Declínio cognitivo e demência associados à doença de Parkinson: características clínicas e tratamento. Revista de Psiquiatria Clínica; 34 (4); 176-183, 2007. 2. CAIXETA, L.; VIEIRA, R. T. Demência na doença de Parkinson. Revista Brasileira de Psiquiatria; 30(4); 375-83, 2008. 3. GALHARDO, M. M. A. M. C; AMARAL, A. K. F. J.; VIEIRA, A.C.C. Caracterização dos distúrbios cognitivos na Doença de Parkinson. Revista CEFAC; v.11, Supl2, 251-257, 2009. 4. BARBOSA, E. R.; LEFÉVRE, B. H.; COMERLATTI, L.R.; SCAFF, M.; CANELAS, H. M. Disfunções neuropsicológicas na doença de Parkinson: estudo de 64 casos. Arquivos de Neuro-Psiquiatria. vol.45 no.2 São Paulo jun. 1987. 5. PAMPLONA, L. A. L.; MATTOS, J. P. Demência na doença de Parkinson: avaliação crítica da literatura. Arquivos de Neuro-Psiquiatria. vol.54 no.4 São Paulo dez. 1996. 7 Avaliação da eficácia de diferentes desinfetantes domésticos frente a diversas bactérias Luisa Costa Oliveira Valente¹, Diana Morra de Lima Oliveira Carvalhêdo¹, Neila Lilyane da Silva Gomes Francisco¹, Caroline da Costa Noel¹, Francine Motta Silvério¹, Lidiane de Castro Soares¹. Resumo Agentes químicos para rápida desinfecção são importantes no controle das infecções bacterianas. As modernas preparações de desinfetantes cumprem com os padrões europeus de amplo espectro de ação e eficácia. Álcool, aldeídos, fenóis, biguanidas, compostos de quaternário de amônio e peróxido têm sido empregados há anos como agentes ativos nas formulações de desinfetantes. A aplicação por longo tempo de preparações conhecidas promove seleção de cepas com baixa sensibilidade para a substância ativa e promove aquisição de mecanismos de resistência. Neste trabalho detectou-se a inibição do crescimento bacteriano frente a 3 desinfetantes comerciais testados. Logo, 1 desinfetante não inibiu o crescimento bacteriano. Por isso, se faz importante o conhecimento da atividade antimicrobiana destes produtos frente a micro-organismos gram-negativos e gram-positivos, para se estabelecer estratégias em relação ao uso racional do mesmo. Este trabalho tem como objetivo a avaliação da eficácia antimicrobiana de 4 desinfetantes de uso doméstico frente a bactérias com potencial patogênico. Introdução extravasamento dos componentes celulares devido ao rompimento da membrana, além de desnaturação de proteínas e enzimas (MIYAGI et al., 2000). Por esse motivo, se faz importante o conhecimento da atividade antimicrobiana destes produtos desinfetantes frente a micro-organismos Gram-negativos e Gram-positivos e essencial para o estabelecimento de estratégias em relação ao uso racional (REIS et al., 2011). No entanto sabe-se que há uma menor suscetibilidade das bactérias Gram-negativas a esses compostos, em comparação às Gram-positivas, este fato esta relacionado à presença da membrana externa, de natureza lipoproteica, que age como uma barreira, limitando a entrada de muitos tipos de agentes antibacterianos, diminuindo sua ação (MIYAGI et al., 2000). Contudo, há um desenvolvimento de resistência bacteriana que representa um constante desafio em todo o mundo. A presença de micro-organismos resistentes a desinfetantes pode ser resultado do uso indiscriminado destes produtos. Entretanto, para verificação da qualidade dos desinfetantes, vários aspectos devem ser avaliados como principio ativo, estabilidade, toxicidade, atividade antimicrobiana entre outros, devem ser considerados e avaliados (REIS et al., 2011). Este trabalho tem como objetivo a avaliação da eficácia antimicrobiana dos desinfetantes de uso doméstico frente a bactérias com potencial patogênico. Nos dias atuais, os desinfetantes com atividade antimicrobiana vêm sendo muito empregados em largo espectro em diferentes ambientes, incluindo a indústria de processamento de alimentos, bebidas, farmacêutica, médico-hospitalar e em casa (REIS et al., 2011). Os desinfetantes são, como todo agente biológico e físico, capazes de exercer uma ação nociva aos microorganismos e impedir a sua sobrevivência. Entretanto, podem apresentar pouca eficácia quando na presença de matéria orgânica, sujidades ou urina, dificultando, desta forma, a atuação eficaz do produto (COUTINHO et al., 2012). Os desinfetantes têm diferentes agentes químicos em sua composição, cada qual com seu fator de ação, entre eles temos de exemplo o fenol, aldeídos, álcool, biguanidas, metais pesados, peroxigênio, compostos halogenados, e compostos quaternários de amônia (REIS et al., 2011). Um biocida que apresente concentração relativamente inferior a estabelecida pode resultar numa ação insatisfatória frente aos micro-organismos. Porém o seu uso abusivo pode resultar em serias intoxicações, podendo levar ate ao óbito (REIS et al., 2011). Um dos compostos mais usados nos dias de hoje são os de amônio quaternário – QACs, mesmo sem conhecer detalhadamente o mecanismo de ação sobre a célula microbiana, é amplamente aceito que atuem sobre membranas, tendo como alvo predominante a membrana citoplasmática, causando perda estrutural na sua organização e integridade, junto a outros efeitos danosos para a célula microbiana, como o Materiais e Métodos Até o presente momento foram avaliados cinco tipos de desinfetantes comerciais para uso domésticos, frente a diferentes bactérias representadas por 1. Universidade Severino Sombra, Vassouras-RJ, Brasil. 8 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Palavras-Chave: Ação antimicrobiana. Bactérias. Desinfetantes. Staphylococcus aureus, Klebsiella sp., Pseudomonas aeruginosa e Micrococcus sp. As bactérias foram cedidas pelo Laboratório de Microbiologia da Universidade Severino Sombra e todos os testes foram realizados em triplicata para aumentar a confiabilidade. O método utilizado para avaliação antimicrobiana de desinfetantes foi o da difusão em Meio Sólido Utilizando Papel Filtro. A ação antimicrobiana dos desinfetantes foi determinada através da inoculação de 100 µl de cada bactéria em Ágar Müeller Hinton. A suspensão bacteriana foi espalhada em cada placa com o auxílio da alça de Drigalsky. Posteriormente, discos de papel filtro foram impregnados com 10 µl de cada desinfetante e posteriormente adicionados à placa de Petri contendo o meio e acultura já semeada. Os halos de inibição foram medidos após 24 horas de incubação em estufa a 37°C, com auxílio da régua. Foram levados em conta todos os halos de inibição, mesmo com valores superiores ou inferiores a 10 mm de diâmetro. E em seguida calculouse a média aritmética para cada agente químico (TORTORA et al., 2010). Sabe-se que estes agentes químicos são comumente utilizados em residências para realização da limpeza. No entanto, dependendo do princípio ativo e da bactéria, o desinfetante pode não atuar impedindo o seu crescimento. Isto pode ser justificado pelo fato das bactérias possuírem a capacidade de aquisição de resistência, inviabilizando, portanto, a utilização de determinados produtos comerciais. A aplicação por longo tempo de desinfetantes promove seleção de cepas com baixa sensibilidade para a substância ativa e promove aquisição de mecanismos de resistência. Todos os testes foram conduzidos com cinco repetições para cada isolado para maior garantia dos resultados obtidos. Os resultados do estudo apontaram a sensibilidade da maioria dos micro-organismos a 3 desinfetantes estudados. Em apenas 1 desinfetante estudado não foi observado inibição do crescimento microbiano, provavelmente devido a baixa concentração do seu princípio ativo. A aplicação de desinfetantes por longo tempo promove seleção de cepas com baixa sensibilidade para a substância ativa e promove aquisição de mecanismos de resistência. Resultados e Discussão Os resultados do teste de suscetibilidade de diferentes desinfetantes frente a Micrococcus spp., Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa estão dispostos na tabela 1. Referências Tabela 1. Tamanho dos halos de inibição de diferentes bactérias frente aos desinfetantes testados. Bactérias COUTINHO, LUCIANA C.A. et al. Eficácia in vitro de desinfetantes utilizados na anti- sepsia dos tetos frente a leveduras isoladas do leite de vaca com mastite. Pesq. Vet. Bras. v.32, n.(1), p.61-65, 2012. Tamanho do halo de inibição aos diferentes desinfetantes em milímetros 1 2 3 4 Micrococcus spp. 9,6 0 20,3 23,3 Klebsiella pneumoniae 7,6 0 11,6 8 Staphylococcus aureus 11 0 20,3 20,3 Pseudomonas aeruginosa 19 5,6 24,6 24,6 MIYAGI F., TIMENETSKY J. E ALTERTHUM F. Avaliação da contaminação bacteriana em desinfetantes de uso domiciliar. Rev. Saúde Pública 2000 REIS L.M., RABELLO B.R., ROSS C., SANTOS L.M.R. Avaliação da atividade antimicrobiana de antissépticos e desinfetantes utilizados em um serviço público de saúde. Rev Bras Enferm, Brasilia 2011. TORTORA, G.J.; FUNKE, B.R.; CASE, C.L. Microbiologia. 10° Edição. Editora: Artmed, 2010. Fonte. Arquivo pessoal Foi possível observar que os desinfetantes 1, 3 e 4 apresentaram halo de sensibilidade frente as bactérias testadas, sendo os desinfetantes 3 e 4 os que apresentaram maiores halos de inibição. Nestes desinfetantes, o princípio ativo é a amônia quaternária, cloro ativo e clorofenol, respectivamente. O desinfetante 2 não apresentou inibição do crescimento bacteriano, sendo este representado pelo cloro. O que diferencia o desinfetante 2 do 3 é a concentração do cloro, onde o cloro está mais concentrado no desinfetante 3. 9 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Conclusões Autopercepção do estado de saúde pelos moradores dos bairros Ipiranga e Itakamosi – Dados preliminares de uma pesquisa seccional Renata Oliveira Melhem Franco¹, Vitória Maria Tomaz¹, Nicole Lopes Veneziani¹, João Carlos de Souza Côrtes Júnior², Elisa Maria Amorim da Costa², Sebastião Jorge da Cunha Gonçalves², Marcos Antônio Mendonça², Maria Cristina Almeida de Souza². Resumo A avaliação de autopercepção de saúde tem se mostrado método confiável e válido para a mensuração do estado de saúde das pessoas, além de ser de fácil aplicação. O objetivo deste trabalho é descrever a autopercepção do estado de saúde dos moradores dos bairros Ipiranga e Itakamosi, em Vassouras, na região Centro-Sul Fluminense. As informações foram obtidas por meio de um questionário estruturado e os dados interpretados através de distribuição de frequências. Os resultados evidenciaram que 41,6% da amostra (n=20) consideraram bom seu estado de saúde, enquanto 37,5% (n=18) e 10,4% (n=5) o consideraram, respectivamente, regular e ruim. Somente 6,25% (n=3) dos participantes se autopreencheram como em muito bom estado de saúde. Concluiuse que há pouca prevalência de autopercepção do estado de saúde muito bom entre os participantes da pesquisa. Introdução Métodos O conceito de saúde sofreu mudanças ao longo dos anos. Antigamente, quando se pensava em saúde, levava-se em consideração o indivíduo que não tinha patologias. Atualmente, a Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde não apenas como a ausência de doença, mas como a situação de perfeito bem-estar físico, mental e social, fruto de um bom funcionamento biopsicossocial. A saúde é um dos direitos fundamentais do ser humano. Muito mais do que a ausência de doenças, pode ser definida como qualidade de vida. O processo saúde-doença reflete a ligação entre o corpo e a sociedade, sendo a saúde um complexo processo que envolve fatores como o lugar, a classe social e a época apresentando, portanto, caráter diversificado dependendo de valores individuais, concepções religiosas, científicas e filosóficas. A autopercepção de saúde contempla vários aspectos da saúde física, cognição e capacidade funcional. A avaliação de autopercepção de saúde tem se mostrado método confiável e com validade equivalente a outras medidas mais complexas para a mensuração do estado de saúde de um sujeito, além de ser de fácil aplicação. A autopercepção de saúde se associa fortemente com o estado real ou objetivo de saúde das pessoas e pode se considerada uma representação das avaliações objetivas de saúde. O objetivo deste trabalho é descrever a autopercepção do estado de saúde pelos moradores dos bairros Ipiranga e Itakamosi. Trata-se de um estudo descritivo, seccional, parte integrante da pesquisa “Perfil sociodemográfico e condições de saúde de famílias residentes nos bairros Ipiranga e Itakamosi, em Vassouras-RJ”, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da USS em 14/06/2013(Parecer 308.142 – CAAE 15973913.6.0000.5290). A população (n=38) foi constituída indivíduos de ambos os gêneros, moradores dos bairros Ipiranga e Itakamosi, locus do Projeto Ipiranga. A coleta de dados foi realizada nos meses de março e abril de 2014, por meio de questionário estruturado. Os dados foram analisados pela distribuição de frequências. Resultados e Discussão A análise da percepção de saúde de um determinado local destina-se ao estudo da sociedade e das doenças. Tais itens estão intimamente ligados quando se busca compreender a qualidade de vida das populações. A percepção da saúde representa uma visão multidimensional e subjetiva do indivíduo, que costuma considerar uma série de fatores quando analisa sua própria saúde. O conhecimento sobre a autopercepção da saúde da população contribui para orientar decisões políticas e sociais que tenham como meta a qualidade de vida e não meramente a saúde física. A investigação rotineira da autopercepção da saúde é importante para aumentar 1. Universidade Severino Sombra, discente do curso de Medicina, Vassouras-RJ, Brasil. 2. Universidade Severino Sombra, docente do curso de Medicina, Vassouras-RJ, Brasil. 10 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Palavras-Chave: Saúde. Pesquisa. Dados. a adesão dos indivíduos a comportamentos saudáveis. Os resultados evidenciaram que 41,6% da amostra (n=20) consideraram bom seu estado de saúde, enquanto 37,5% (n=18) e 10,4% (n=5) o consideraram, respectivamente, regular e ruim. Somente 6,25% (n=3) dos participantes se autoperceberam como em muito bom estado de saúde. Concluiu-se que há pouca prevalência de autopercepção do estado de saúde muito bom entre os participantes da pesquisa. Em um contexto de abandono e de dificuldades, uma das áreas que poderiam ser mais bem exploradas é a das ações de educação em saúde com ênfase na autoproteção e na autopercepção, conscientizando a pessoa para a necessidade de cuidados com sua saúde. Importante que os participantes da pesquisa estejam motivados para o autocuidado, no que poderá ser orientado pelos profissionais de saúde, pelos alunos e professores envolvidos na pesquisa. Considerações Finais IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Percebeu-se que a visão multidimensional e subjetiva dos participantes desta pesquisa norteou sua percepção da saúde. Concluiu-se que há pouca prevalência de autopercepção do estado de saúde muito bom entre os participantes da pesquisa, com prevalência da autopercepção do estado regular de saúde. Há necessidade de dar continuidade à pesquisa para uma conclusão pautada em amostragem maior. Referências FREITAS, D.H.M.; CAMPOS, F.C.A.; LINHARES, L.Q.; SANTOS, C.R.; FERREIRA, C.B.; DINIZA, B.S.; TAVARES, A. Autopercepção da saúde e desempenho cognitivo em idosos residentes na comunidade. Rev Psiq Clín., v. 1, n.37, p. 32-5, 2010. SOUZA, M.S. Estudo populacional sobre os determinantes da autopercepção de saúde em idosos residentes em comunidade. Mestrado (Dissertação) em Enfermagem e Saúde. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Jequié/ BA, 2012. BACKES, M.T.S.; ROSA, L. M.; FERNANDES, G.C.M.; BECKER, S.G.; MEIRELLES, B.H.S.; SANTOS, S.M.A. Conceitos de saúde e doença ao longo da história sob o olhar epidemiológico e antropológico. Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, v.1, n.17, p.111-7, 2009. MOACYR, S. História do Conceito de Saúde. PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, n.17, v.1, p.29-41, 2007. Ranking de expectativa de vida. Disponível em: http://noticias.terra.com.br/ brasil/expectativa-de-vida/ Acesso em 25/04/2014. 11 Avaliação do emprego da terminologia anatômica na literatura científica brasileira Anderson Cardoso¹, Emílio Conceição de Siqueira². Resumo A terminologia anatômica é o fundamento da terminologia médica. É importante que seja usado em todo o mundo o mesmo nome para cada estrutura. Ao avaliar quanto esta recomendação tem sido seguida na literatura científica brasileira, este trabalho verificou que existe uniformidade e quanto isso influencia na pesquisa bibliográfica. Foram feitas consultas à base SciELO utilizando-se 38 epônimos e seus correspondentes termos oficiais. A busca pelos epônimos encontrou 29 publicações, contra 31 pelos correspondentes, sendo que mais artigos foram recuperados pelos epônimos em 11 pares, contra 8 pelos correspondentes. Para 5 pares os resultados foram iguais. A busca só foi positiva pelos epônimos em 11 pares e pelos correspondentes em 6 pares. Conclui-se que a falta de uniformidade gera dificuldades na pesquisa bibliográfica; recomendações que visem à uniformidade mediante a Terminologia Anatômica não estão sendo plenamente aplicadas; a falta de padronização pode impedir que informações sejam recuperadas. Palavras-Chave: Terminologia anatômica. Epônimos. Anatomia humana. Introdução A pesquisa bibliográfica é a base de qualquer trabalho científico. Para realizá-la, utilizam-se palavraschave, por meio das quais os trabalhos foram indexados nas bases de dados. Esses termos são escolhidos pelos autores dos artigos. São, portanto, o caminho pelo qual podem ser localizados. É fundamental que os autores façam uma escolha criteriosa e adequada destas palavras, para que a indexação permita a recuperação de seus trabalhos, quando procurados pelos seus pares. (LAMY et al., 2008) Dessa forma, a escolha dos termos corretos, tanto pelos autores quanto pelo pesquisador que consulta a base de dados, é fundamental para o êxito da busca. Essa é a importância da uniformidade na linguagem científica. A terminologia anatômica é o fundamento da terminologia médica e é importante que médicos e cientistas em todo o mundo usem o mesmo nome para cada estrutura. (SBA, 2001; WERNECK et al., 2009) Com esse objetivo foi publicada em 2001 a versão brasileira da Terminologia Anatômica Internacional, pela Sociedade Brasileira de Anatomia (SBA). Tendo sido adotada pela International Federation of Associations of Anatomists (IFAA) essa terminologia se sobrepõe a todas as listas precedentes (SBA, 2001). É, portanto, a nomenclatura oficial que deveria ser empregada. Ao avaliar o quanto essa recomendação tem sido seguida na literatura científica brasileira, o presente trabalho verifica se existe uniformidade na linguagem empregada e o quanto isso tem influência sobre os resultados de consultas feitas a bases de dados. Material e Métodos Para avaliar o quanto tem sido empregada a terminologia anatômica na literatura científica brasileira foram feitas consultas à base de dados SciELO utilizandose epônimos – nomes próprios utilizados para compor nomes de estruturas anatômicas (ABIB, 2005) – e seus correspondentes termos oficiais em português. Como amostra, foram escolhidos 38 epônimos ainda empregados nos meios clínico e acadêmico, embora tenham sido banidos da terminologia desde 1955. (SBA, 2001). Os critérios para que os artigos fossem incluídos como resultados válidos nas consultas foram: origem, Brasil; idioma, português; ano de publicação, a partir de 2002; tema relacionado à anatomia humana. Resultados e Discussão A Tabela 1 apresenta os resultados obtidos nas consultas. Dos 38 pares pesquisados, 24 tiveram no mínimo um resultado. 1. Universidade Severino Sombra, discente do curso de Medicina, Vassouras-RJ, Brasil. 2. Universidade Severino Sombra, docente do curso de Medicina, Vassouras-RJ, Brasil. 12 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA A pesquisa se justifica pelo fato de a falta de uniformidade comprometer a reprodutibilidade das palavras, pois várias correntes são criadas, cada uma seguindo a ideologia apropriada que elege. Ademais, pode causar dificuldade ao se fazer uma pesquisa por palavra-chave, tendo em vista que uma mesma estrutura exibe várias grafias. (JANA et al. 2011; NOVAK et al., 2008) Termos oficiais Epônimos correspondentes Epônimo em Português Ampola 1 Ampola de Vater 2 Ângulo de Louis Ângulo do esterno 3 4 5 6 7 8 9 1 0 1 1 2 1 0 5 0 1 1 0 1 Divertículo ileal 2 0 Ducto pancreático 1 7 3 0 4 0 Sulco central 0 1 Fissura de Sílvio Sulco lateral 0 1 Forame Abertura lateral do de Luschka 4º ventrículo 1 0 1 1 1 0 1 1 1 0 1 0 2 0 1 1 0 12 0 1 1 0 Bolsa Infundíbulo da vesícula biliar Canal Seio venoso da de Schlemm esclera Cápsula Bainha do bulbo de Tenon do olho Círculo Círculo arterial do de Willis cérebro Criptas Glândulas de Lieberkühn intestinais Divertículo de Meckel Ducto de Wirsung 11 Feixe de His 14 15 16 17 18 19 20 21 22 hepatopancreática de Hartmann Fáscia de Scarpa 13 Oficial 1 10 12 Te r m o Fissura de Rolando Estrato membranáceo Fascículo atrioventricular Forame Forame de Monro interventricular Fundo-de-saco Escavação de Douglas retouterina Gânglio de Gasser Gânglio trigeminal Ligamento Músculo suspensor de Treitz do duodeno Ligamento de Cooper Órgão de Corti Ligamentos suspensores da Órgão espiral Trígono de Calot cistohepático Trompa 23 Valva de Tebésio 24 Veia de Galeno Figura 2. Resultados superiores para um dos descritores. Fonte: Arquivo pessoal mama Triângulo de Eustáquio Figura 1. Artigos recuperados. Fonte: Arquivo pessoal Tuba auditiva Valva do seio coronário Veia cerebral magna Fonte. Arquivo pessoal Figura 3. Resultado positivo para um único descritor. Fonte: Arquivo pessoal 13 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA No total, 60 artigos foram recuperados, sendo 31 (52%) pelos termos oficiais e 29 (48%) pelos epônimos (ver Figura 1). A pequena variação entre os resultados demonstra que é considerável o número de publicações que ainda emprega epônimos, em detrimento da Terminologia Anatômica. Dentre os 24 pares analisados, em 19 deles houve superioridade no número de artigos recuperados por um dos descritores em relação ao outro, sendo que em 11 deles (46%), os resultados foram maiores para os epônimos, contra 8 (33%) para os termos oficiais. Em 5 pares (21%), os resultados foram iguais entre os dois descritores (ver Figura 2). No total, 17 pares só tiveram resultado positivo para um dos descritores, sendo 6 (35%), para os termos oficiais e 11 (65%), para os epônimos (ver Figura 3). Esta última análise se mostra a mais relevante, pois demonstra claramente a influência que a falta de uniformidade tem sobre os resultados das pesquisas bibliográficas. Tabela 1. Epônimos e seus termos oficiais correspondentes em português. Conclusões A falta de uniformidade na literatura científica gera dificuldades na pesquisa bibliográfica, pois prejudica a reprodutibilidade das palavras-chave. As recomendações da IFAA e da SBA visando à uniformidade através da Terminologia Anatômica não estão sendo plenamente aplicadas por autores brasileiros, bem como por editores e revisores. A falta de uma terminologia padronizada pode impedir que informações sejam recuperadas em bases de dados eletrônicas ou duplicar os esforços necessários para fazê-lo. Referências ABIB, FC. ORÉFICE, F. Terminologia anatômica utilizada em oftalmologia. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, 2005, vol. 68, n. 2, p. 273-6. JANA, N. BARIK, S. ARORA, N. Current use of medical eponyms – a need for global uniformity in scientific publications. BioMed Central Medical Research Methodology, 2009, 9:18. LAMY, R. and DANTAS, AM. Nomenclatura anatômica em oftalmologia. Arq Bras Oftalmol. 2008; 71(3); 446-58 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA NOVAK, EM. GIOSTRI, GS. NAGAI, A. Terminologia Anatômica em Ortopedia. Revista Brasileira de Ortopedia, 2008, vol. 43, issue 4, p. 103-7. SOCIEDADE BRASILEIRA DE ANATOMIA (SBA). Comissão Federativa da Terminologia Anatômica, Terminologia Anatômica Internacional. São Paulo: Manole, 2001. WERNECK, AL. BATIGÁLIA, F. Anatomical eponyms in Cardiology from to the 60s to the XXI century. Rev Bras Cir Cardiov. 14 Avaliação do nível de conhecimento dos moradores do quilombo São José da Serra sobre zoonoses Marília Machado de Souza¹, Renata Vitória Campos da Costa². Resumo O conhecimento sobre zoonoses nem sempre alcança à população exposta a riscos constantes, sendo necessárias ações de educação sanitária. Este trabalho objetivou realizar um estudo do conhecimento dos moradores do Quilombo São José da Serra sobre zoonoses. Foi aplicado um questionário estruturado junto à comunidade quilombola, em suas residências, totalizando quinze entrevistas. Utilizou-se da análise das respostas para interpretação e discussão dos resultados. Foi possível identificar que ainda é muito grande o índice de pessoas que não têm noção do que é zoonose, apesar de todos os entrevistados possuírem animais. Estas afirmações permitem entender o quão necessária é a abordagem deste assunto em comunidades rurais, como a quilombola. Foi possível concluir, ao final deste trabalho, que os moradores do Quilombo São José da Serra, em Valença-RJ, necessitam de maior esclarecimento quanto ao risco de aquisição de doenças transmitidas por seus animais de estimação. Introdução acordo com os dados censitários demográficos de 2010 tem 71.843 habitantes, Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) 0,776 (IBGE, 2012), está a comunidade quilombola São José da Serra, oficialmente certificada como remanescente de quilombo em 1999, pela Fundação Cultural Palmares (BRASIL, 2013). Até a conclusão deste projeto, a comunidade não tinha recebido do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), o título da propriedade, o que dificulta o acesso às políticas agrárias de terra, à assistência técnica pelo agrônomo e pelo médico veterinário e à comercialização formal dos seus produtos (LOPES et al., 2008). O objetivo geral deste trabalho foi verificar o conhecimento sobre zoonoses dos moradores do Quilombo São José da Serra, no município de Valença-RJ. Zoonose é um termo utilizado para caracterizar as doenças que são transmitidas entre homens e animais. São várias as doenças e infecções causadas por agentes que, direta ou indiretamente, são transmissíveis dos animais ao homem e vice-versa. Os animais vetores podem ser selvagens ou domésticos e as zoonoses transmitidas representam impactos importantes na saúde pública, na economia dos animais domésticos e na preservação daqueles considerados selvagens. Muitas zoonoses são transmitidas pelos animais de estimação e se sabe que podem ser prevenidas por meio de medidas profiláticas. Por este motivo, se faz necessária a difusão de informações corretas sobre as principais formas de prevenção, especialmente entre grupos mais vulneráveis. O excessivo número de animais domésticos, sobretudo, cães e gatos, passou a constituir grave problema, tornando-os indesejados pelos agravos produzidos a pessoas por aspectos estéticos, ambientais ou pela presença de grupos de animais abandonados, especialmente, devido aos hábitos inadequados de manutenção e à procriação descontrolada (MEDITSCH, 2006). O contato intenso com os animais de estimação, aliado aos comportamentos e hábitos relacionados com a higiene pode facilitar a transmissão de zoonoses, que continuam representando um importante problema de saúde, especialmente, para as populações menos favorecidas. Em Santa Isabel do Rio Preto, distrito na zona rural de Valença, município de médio porte, que de Material e Métodos Este trabalho foi realizado em Santa Isabel do Rio Preto, distrito na zona rural de Valença, município onde está a comunidade quilombola São José da Serra, oficialmente certificada como remanescente de quilombo pela Fundação Cultural Palmares (BRASIL, 2013). Mediante abordagem quantitativa, realizada no 2.º semestre de 2013, foram coletados dados utilizandose um questionário estruturado com 18 perguntas fechadas relativas ao conhecimento dos quilombolas em relação às zoonoses transmitidas por cães, gatos e aves. Os dados foram analisados por estatística descritiva e distribuição de frequências. Participaram deste estudo 15 quilombolas, todos, do gênero feminino. 1. Fundação Educacional D. André Arcoverde, discente do curso de Medicina Veterinária, Valença-RJ, Brasil. 2. Fundação Educacional D. André Arcoverde, docente do curso de Medicina Veterinária, Valença-RJ, Brasil. 15 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Palavras-Chave: Quilombolas. Doença. Transmissão. Resultados e Discussão leptospirose, e salmonelose, reconhecidamente, problemas de saúde pública. Ações de educação em saúde sobre a temática zoonose, prevenção e erradicação, são essenciais para a qualidade de vida dos participantes desta pesquisa, que, moradores de área rural, com baixo nível socioeconômico, residentes em moradias com precárias condições sanitárias, estão mais vulneráveis. Desse modo, torna-se evidente a relevância da realização de trabalhos educativos contínuos com o objetivo de esclarecer quanto à assimilação de conceitos básicos sobre a epidemiologia das zoonoses em comunidades como o Quilombo São José da Serra. Todas as residências das moradoras entrevistadas dispunham de animais de estimação como cães, gatos, aves e porcos. Todas as quilombolas entrevistadas desconhecem o significado de zoonose. Quanto ao conhecimento da existência das principais zoonoses transmitidas pelos animais de estimação presentes nas residências, foi possível perceber que algumas eram conhecidas, como raiva e sarna, porém as demais, como toxoplasmose, leptospirose, e salmonelose não eram de total conhecimento dos moradores. Observa-se que os resultados sugerem a inexistência no momento da atuação de um médico veterinário que forneça informações à população quilombola sobre zoonoses e consulte e examine seus animais, ainda que caiba ao gestor público, por meio do setor de vigilância sanitária e ambiental do município, disponibilizar os serviços deste profissional. Assim, é importante que estas pessoas tenham informações sobre o que e quais são estas doenças, sua etiologia, seus sinais e sintomas e também as formas de preveni-las. Oito participantes deste estudo (53,3%) relataram conhecimento sobre leptospirose, o que facilita a prevenção ao risco de infecção, mas sinalizaram para a existência de roedores na comunidade, o que demanda atividades de prevenção e controle da leptospirose, representadas principalmente pelo manejo ambiental e pelo controle de vetores, com ênfase na melhoria das condições sanitárias e de moradia da população, conforme o preconizado pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2009). No Brasil, no período de 2001 a 2008, foram notificados 105.787 casos de leptospirose, com 26% confirmados (NUNES et al., 2001). Isto demonstra a importância da realização de ações de educação em saúde na comunidade quilombola de São José da Serra para alertar sobre a distribuição da doença, formas de transmissão, manifestações clínicas e medidas de prevenção, discutir a doença e suas formas de infecção, prevenção e controle, visando à busca conjunta de soluções considerando o conhecimento e a necessidade da população. O fato de 73,3% dos voluntários já ter ouvido falar de doenças como a sarna e afirmarem saber como evitá-las preocupa pois o ideal seria que todas as pessoas tivessem este conhecimento. Vale ressaltar que apesar do desconhecimento do termo técnico “zoonose”, há uma conscientização por parte dos entrevistados de que animais transmitem doenças aos seres humanos. Este constitui fator importante, pois ao saberem que podem adquirir uma doença de um animal as pessoas se preocupam em como preveni-la. Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Série B. Textos Básicos em Saúde. Cadernos de Atenção Básica, n. 22. Vigilância em Saúde. Zoonoses. Brasília, 2009. BRASIL. FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES. Comunidades Quilombolas. [Site da Internet] Acessado 02 de junho de 2013. Disponível em: <http://www.palmares.gov.br/quilombola/#; 2000>. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010: Resultados gerais da amostra, Rio de Janeiro: IBGE; 2012. MEDITSCH, R.G.M. O médico veterinário na construção da saúde pública: um estudo sobre o papel do profissional da clínica de pequenos animais em Florianópolis, Santa Catarina. Revista CFMV, v. 12, n. 38, p. 45-55, maio/ junho/julho/agosto, 2006. NUNES, E. R. C. N.; ALMEIDA, D. B.; GONÇALVES, M. A.; SILVA, M. R.; MEDEIROS JUNIOR, A. G.; ROSA, M. G. S.; RODRIGUES, A. E. N. Percepção dos idosos sobre o conhecimento e profilaxia de zoonoses parasitárias. Biológico, v. 63, n. 1-2, p. 63-65, 2001. Conclusões Os moradores do Quilombo São José da Serra necessitam de um maior esclarecimento quanto ao risco de aquisição de doenças transmitidas por seus animais de estimação, pois alguns desconhecem toxoplasmose, 16 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA LOPES D.; DIAS, A.; MANSUR, D. Trabalho e quilombolas: as relações de trabalho dos residentes no quilombo São José da Serra - Valença/Rio de Janeiro. Cadernos UniFOA, v. 7, p. 47-53, 2008. Avaliação dos fatores de risco cardiovasculares nos acadêmicos do curso de medicina da Universidade Severino Sombra Luiza Vidoto Abrão¹, Flávio Luis da Costa Junior¹, Caroline de Medeiro Lopes¹. Resumo Estudo realizado por meio de questionários padronizados com entrevista com o fim de avaliar a presença de fatores de risco para doenças cardiovasculares nos discentes do curso de Medicina no primeiro e oitavo períodos. A amostra constou com 32 acadêmicos do 1.º período e 37 do 8.º. Os resultados finais foram obtidos mediante calculo em porcentagem dos dados colhidos e comparados entre os diferentes períodos, com a intenção de visualizar as modificações através do tempo, identificar os problemas e elaborar um plano individual de eliminação dos riscos modificáveis. Resumo Expandido ingere álcool nos finais de semana; 37% sobrepeso e 11% obesos; 5% apresentou PAS maior que 140mmHg e PAD maior que 90mmHg e, 16% C/Q maior que 0,95. No 8.º período foram analisados 37 alunos: 22 mulheres e 15 homens sendo 54% com HF; 89% brancos e 11% pardos. Das 22 mulheres, 70% faz AF; 87% não fuma; 0% DM; 91% ingere álcool nos finais de semana; 9% sobrepeso e 0% obesa; 0% PAS maior ou igual a 140 e 5% PAD maior que 90mmHg e, 55% relação C/Q maior que 0,80. Dos 15 homens, 73% faz AF; 73% não fumam; 0% DM; 94% ingere álcool nos finais de semana; 73% sobrepeso e 14% obesos; 0% PAS maior ou igual a 140mmHg e 14% PAD maior que 90mmHg e, 20% C/Q maior que 0,95. Com a avaliação dos fatores de risco modificáveis, construímos um plano individual de orientação para cada aluno, ressaltando a importância da modificação destes somada aos fatores não modificáveis para a prevenção das DCV. Estudos epidemiológicos sugerem que dentre os fatores de risco para DCVs alguns estão relacionados ao estilo de vida e podem ser modificados. Esses fatores, geralmente são encontrados de forma múltipla, em grande parte dos pacientes, sendo sua maior prevalência nas áreas mais desenvolvidas do país como a região sudeste. Em relação ao sedentarismo, a maioria dos acadêmicos avaliados faz atividade física, com uma maior proporção no 8.º período. Poderíamos pensar em um aumento crescente desta atividade física ao longo do curso, talvez até por uma melhor conscientização porém, não temos os dados iniciais da turma. Vários estudos já demonstraram que a atividade física produz efeitos benéficos sobre a função cardiovascular como, por exemplo, proteger o miocárdio de vasoespasmos. Percebemos que o tabagismo tende ao declínio e em compensação, a obesidade se mostrou em ascensão. Fato que corrobora com a literatura, muitas vezes mostrando a obesidade como uma epidemia. Dentre as situações de adoecimento encontradas em contexto mundial, as doenças cardiovasculares (DCVs) apresentam altas taxas de mortalidade. No Brasil, as DCVs são responsáveis por 33% dos óbitos. Para a ocorrência das DCVs existem determinantes, os ¨fatores de risco¨, que podem ser: modificáveis e não modificáveis. Os modificáveis podem ser modificados ou atenuados por medicamentos ou mudanças no estilo de vida. Os não modificáveis não são susceptíveis à modificação ou eliminação. O somatório destes determina o risco cardiovascular e a prevenção das DCVs depende do seu controle. O objetivo foi identificar e quantificar os fatores de risco modificáveis e não modificáveis encontrados nos acadêmicos do 1.º e do 8.º períodos do curso de Medicina. Trata-se de um estudo de natureza quantitativa e qualitativa em que foram estudados acadêmicos sorteados, aleatoriamente, os do 1.º e 8.º períodos. A amostra constou de 32 acadêmicos do 1.º e 37 do 8.º, o que corresponde a 50% de cada turma, com idades entre 18 e 28 anos, de ambos os sexos. Os dados foram obtidos por meio de entrevista com utilização de questionário padronizado. As variáveis estudadas foram história familiar (HF) para DCV, raça, atividade física (AF), tabagismo, consumo de álcool, diabetes mellitus (DM), pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD), índice de massa corporal (IMC) e relação cintura-quadril (C/Q). No 1.º período foram analisadas 32 alunos:13 mulheres e 19 homens sendo 40% com HF; 95% brancos e 5% pardos. Das 13 mulheres, 55% fazem AF; 85% não fumam, 0% DM; 55% ingerem álcool nos finais de semana; 15% sobrepeso e 0% obeso; 0% PAS maior ou igual a 140mmHg e PAD maior ou igual a 90mmHg e, 23% C/Q maior que 0,80. Dos homens, 58% faz AF, 70% não fumam; 0% DM; 80% 1. Universidade Severino Sombra, discente do curso de Medicina, Vassouras-RJ, Brasil. 17 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Palavras-Chave: Fator de risco. Cardiovascular. Discente. IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Neste caso, as mudanças sociais e culturais no padrão da alimentação destes acadêmicos devem ter sido os fatores determinantes para este aumento. A ingestão de álcool também se mostrou com taxas elevadas, fato preocupante demonstrado em vários artigos consultados. A relação cintura-quadril também se mostrou aumentada principalmente nas mulheres, fato que traz preocupação para um futuro próximo. Como os fatores modificáveis apesar de, muitas vezes, se mostrarem associados, é necessária uma orientação personalizada, pois esta sim, representa uma ferramenta importante para a prevenção dos fatores de risco cardiovasculares. O cuidado com a saúde se faz necessário para evitar doenças futuras, a prática de atividade física regular, habito alimentar saudável, não ingerir bebidas alcoólicas, evitar o tabagismo, são condutas extremamente importantes e trazem benefícios a curto e médio prazo para a remissão de fatores de risco para doenças cardiovasculares. O conhecimento dos FR, associados à construção de hábitos saudáveis, certamente trás benefícios não só para os futuros médicos mas também aos seus pacientes, na medida em que servirá como agente e educador, promovendo a saúde e prevenindo doenças. Referências http://portal.saude.gov.br/saude/area.cfm?id_area=919 VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA 2010. http://publicacoes.cardiol.br/consenso/2010/Diretriz_hipertensao_ associados.pdf IV DIRETRIZ BRASILEIRA SOBRE DISLIPIDEMIAS E PREVENSÃO DA ATEROSCLEROSE DO DEPARTAMENTO DE ATEROSCLEROSE DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. http://publicacoes. cardiol.br/consenso/2007/diretriz_ DA.pdf JACKSON R. Guidelines on preventing cardiovascular disiese in clinical practice. Brasil Medical Journal. 320 (7236): 659-661, 2000. POLANCZYK, C.A. Fatores de risco cardiovascular no Brasil: os próximos 50 anos! Arquivos Brasileiros de Cardiologia. 84(3); 199-201,março 2006. 18 Avaliação dos fatores que influenciam a qualidade de vida do idoso Leandra Duarte Bastos¹, Paulo Sergio Falchi Junior¹, Bárbara Batista Goulart Portugal¹. Resumo A qualidade de vida dos idosos depende de aspectos sociais, ambientais e individuais, que determinam desigualdades na saúde para essa faixa etária; a higidez e a independência são os fatores de maior importância para os idosos terem qualidade de vida. O objetivo desse trabalho é avaliar, mediante de uma revisão bibliográfica, os fatores determinantes para a qualidade de vida dessa população. Os resultados da revisão apontam para o fato de que idosos com baixo poder socioeconômico têm menores índices de qualidade de vida, assim como os que têm menor participação no convívio social. O acesso à saúde é dificultado para essas pessoas, por não disporem planos de saúde privado, dependendo exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS), associados às condições de moradia insatisfatórias, alimentação inadequada e ausência de atividades de lazer determinam uma menor qualidade de vida. Introdução Material e Métodos Os idosos representam uma parcela cada vez maior da sociedade brasileira e são motivo de preocupação no que se refere a políticas públicas de saúde, sociais e financeiras. A qualidade de vida deve fazer parte da realidade do idoso, já que atingir a longevidade constitui um dos maiores êxitos da população atual. Para se avaliar a qualidade de vida devem ser estudadas seis áreas: saúde física, estado psicológico, nível de independência, relações sociais, ambiente e espiritualidade. Estudos recentes mostram que atividades básicas como se vestir, subir um lance de escada, pegar ônibus, tomar medicação na hora certa e convívio social são fatores que aumentam a independência do idoso e a sua qualidade de vida. Já a incapacidade funcional é um dos principais preditivos da mortalidade para esse grupo. A perda do papel social e o declínio da funcionalidade, que normalmente ocorrem com a aposentadoria, interferem marcantemente na qualidade de vida. Os idosos com baixo poder socioeconômico têm uma saúde mais debilitada em comparação com os de melhor poder socioeconômico. Os gastos com a saúde, principalmente medicamentos, dificulta o desprendimento de verbas para lazer e cuidados com o bem-estar individual considerando ainda que as pessoas acima de 60 anos são responsáveis por mais da metade total da renda domiciliar em 53% dos domicílios brasileiros¹. Desse modo, a presente revisão bibliográfica pretende avaliar os fatores que proporcionam qualidade de vida para o idoso assim como evidenciar que os determinantes sociais influenciam na longevidade e em seu bem-estar, o que gera desigualdades no âmbito da saúde. Revisão bibliográfica por meio dos bancos de dados do Scielo e Capes, buscando por trabalhos que estabeleçam a relação entre fatores sociais, ambientais e individuais com a qualidade de vida para o idoso. Resultados e discussão: A partir da revisão foi observado que as condições socioeconômicas, culturais e ambientais distinguem os idosos, sendo que aqueles que têm baixa renda, moradia precária, insegurança alimentar e medicamentosa podem ter sua saúde muito afetada gerando uma morbidade prematura e mortalidade por doenças crônicas como cardiopatias, acidentes vasculares e diabetes. As condições de vida e trabalho que incluem educação, disponibilidade de alimentos, padrão alimentar, condições de saneamento e o próprio sistema de saúde são determinantes para a qualidade de vida. Jovens e adultos com carências educacionais e financeiras serão os idosos que precisarão dos serviços de saúde. As circunstâncias sociais de infância pobre predizem pobreza na idade adulta e na velhice. Desse modo, a educação é o caminho mais eficaz para acabar com as desigualdades. A baixa escolaridade compromete o acesso à educação em saúde, estratégia que possibilita a adoção de comportamentos saudáveis e a mobilização social para melhoria das condições de vida. Constatou-se que os problemas de acesso à saúde não se restringem apenas às características socioeconômicas dos indivíduos, mas à estrutura e disponibilidade de recursos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que muitas vezes é falho, e dificulta o acesso, principalmente para os idosos, que precisam enfrentar longas filas à espera de atendimento médico. Muitas vezes, por não terem condições físicas e 1. Universidade Severino Sombra, Vassouras-RJ, Brasil. 19 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Palavras-Chave: Qualidade de vida. Idoso. Saúde. psicológicas para tal, desistem da consulta, o que agrava sua condição de saúde. As relações sociais foram um importante fator de melhoria das condições de vida e fazem com que, principalmente as mulheres idosas, participem de grupos da terceira idade para a realização de atividades como forma de entretenimento, fazendo com que esqueçam dos problemas cotidianos e das enfermidades. As ações individuais que determinam um estilo de vida como a dieta pouco saudável, a falta de atividade física, o tabagismo e o abuso do álcool favorecem o acometimento por doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, câncer e doenças respiratórias que estão entre as principais causas de morte dos idosos brasileiros. Porém, essas ações não podem ser desvinculadas do contexto social e cultural do indivíduo, que na maioria das vezes não permite a mudança do estilo de vida. Por fim, a melhoria da educação possibilita a mobilidade social e faz com que os programas de educação em saúde promovam mudanças nos hábitos individuais. A melhoria da estrutura e disponibilidade dos recursos do SUS permitirá que na velhice as pessoas tenham melhor qualidade de vida. IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Conclusões A melhoria da qualidade de vida do idoso no momento atual depende de políticas públicas que ampliem e efetivem o acesso dos idosos aos serviços de saúde e de lazer, fazendo com este tenha um papel mais participativo e construtivo na sociedade, desempenhando o direito de cidadania. Já o idoso do futuro, será um espelho do jovem de hoje. Portanto, a melhoria das condições de vida e de saúde para essa faixa etária possibilitará que se chegue à velhice menos dependente dos serviços de saúde e com uma maior qualidade de vida. Referências 1. Geib Lorena Teresinha Consalter. Determinantes sociais da saúde do idoso. Ciência & Saúde Coletiva,17(1):123-133, 2012. d’Orsi Eleonora, Xavier André Junqueira, Ramos Luiz Roberto. Trabalho, suporte social e lazer protegem idosos da perda funcional: Estudo Epidoso. Rev Saúde Pública 2011; 45(4):685-92 De Melo Mônica Cristina , Souza André Luiz, Leandro Edélvio Leonardo, Mauricio Herika de Arruda, Silva Iêdo Donato, De Oliveira Juliana Maria Oriá . A educação em saúde como agente promotor de qualidade de vida para o idoso. Ciência & Saúde Coletiva, 14(Supl.1):1579-1586,2009 . Pereira Renata Junqueira, Cotta Rosângela Minardi Mitre , Franceschini Sylvia do Carmo Castro, Ribeiro Rita de Cássia Lanes, Sampaio Rosana Ferreira, Priore Silvia Eloiza, Cecon Paulo Roberto . Influência de fatores sociossanitários na qualidade de vida dos idosos de um município do Sudeste do Brasil. Costa Maria Fernanda Lima, Barreto Sandhi, Giatti Luana, Uchôa Elizabeth. Desigualdade social e saúde entre idosos brasileiros: um estudo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19(3):745-757, mai-jun,2003. 20 Avaliando a disciplina eletiva dinâmica de grupo ministrada para o 4.º período de Psicologia - Descobertas e aprendizados Brenda Braga Barbosa¹, Amanda Fontes Silva¹, Carla Suzana Simões Vasconcelos¹, Marilza Edra Nobre¹, Maurício Flores da Silva¹, Pollyana Guimarães Albino¹, Juliana Fernandes de Souza². Resumo O fio condutor do trabalho é a avaliação realizada com os alunos da disciplina eletiva de Dinâmica de Grupo, do curso de graduação em Psicologia da Universidade Severino Sombra objetivando três momentos do grupo em relação aos conhecimentos e visões sobre a disciplina e sua aplicação prática. Vale ressaltar que o presente trabalho apresenta somente dois momentos de avaliação, já que o terceiro momento só será realizado ao final do período letivo. Os resultados, mesmo preliminares e parciais, já mostraram muitas diferenças nas colocações do grupo percebendo um retorno de aprendizagem muito significativo. Algumas palavras, especialmente, traduziram a avaliação dos estagiários no segundo momento estando entre elas: surpreendente, integração, animador, grupo e fantástico. Palavras-Chave: Dinâmica de grupo. Avaliação. Alunos. Resultados e Discussões A dinâmica de grupo pode ser definida como um campo de pesquisas, com proposta de conhecimento a respeito da natureza dos grupos, das regras que determinam seu desenvolvimento e das relações entre os membros do grupo. A partir das aulas de dinâmica de grupo ministradas para o 4.º período do curso de Psicologia da Universidade Severino Sombra, optamos por avaliar a situação de ensino de Dinâmica de Grupo, na própria turma, de forma parcial, já que ainda não concluímos o período letivo. A disciplina tem como objetivo familiarizar os alunos com a teoria e as técnicas de dinâmica de grupo e experimentar, neles mesmos, os processos psicológicos básicos em vivência de grupo. A partir das respostas dos alunos podemos destacar alguns pontos importantes a serem apresentados e discutidos sobre a disciplina Dinâmica de Grupo considerando dois momentos do semestre letivo. Considerando as expectativas sobre a disciplina, antes de iniciarmos as aulas, muitas palavras apareceram, entre elas: cansativo, curiosidade, trabalho, obrigação, complicado, animado, aprendizado, extenso, novidade, chato, divertido, necessário, sono, integração, desgastante, desnecessário, ajuda, entre outras. Essas palavras mostraram expectativas boas e ruins, e mais ainda, distorcidas sobre uma disciplina até então desconhecida. Já em relação à avaliação parcial, realizada após algumas aulas, o grupo reconheceu/traduziu a disciplina de Dinâmica de Grupo com algumas palavras: envolvimento, satisfação, articulação, preocupação, surpreendente, divertido, busca, cativante, menos cansativo, fantástica, dinamismo, experiências, relaxamento, ânimo, compromisso, grupo, embasamento entre outras. O grupo de mostrou muito motivado em participar das dinâmicas de avaliação e reconheceu a importância e a finalidade das técnicas de avaliação tanto em sala de aula quanto em grupos de cenários diversos. A partir disso, conseguimos refletir sobre o ensino de dinâmica de grupo e suas inúmeras possibilidades de utilização. Materiais e Métodos Utilizando técnicas de dinâmica de grupo, com objetivos de avaliação, verificamos as respostas da turma do 4.º período do curso de Graduação em Psicologia da Universidade Severino Sombra em relação à disciplina de Dinâmica de Grupo, ministrada aos sábados, de forma modular, (alguns sábados, no horário das 8h às 17h). As técnicas foram utilizadas considerando dois momentos: a visão dos alunos antes de iniciarmos o conteúdo (primeiro dia de aula) e visão atual (no meio do período letivo). Ao final do semestre ainda utilizaremos uma última técnica de avaliação para fecharmos o ciclo do trabalho. Para apresentação do pôster utilizaremos o wordle, com o fim de mostrar alguns resultados. Conclusões O grupo conseguiu sentir uma grande diferença de visão nos dois momentos de avaliação e está bastante 1. Universidade Severino Sombra, Vassouras-RJ, Brasil. 21 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Introdução satisfeito com os resultados das aulas no próprio grupo. O wordle que será utilizado na apresentação do pôster é um instrumento muito interessante e dinâmico para apresentação de resultados. Confirmamos que as dinâmicas de avaliação são um instrumento importante para os professores, uma vez que podem verificar as estratégias de ensinoaprendizagem e direcionam o planejamento de uma disciplina. Referências ANTUNES, C. Manual de Técnicas de Dinâmica de grupo de sensibilização de ludopedagogia. 21ª ed. Petrópolis: Vozes, 2001. BARRETO, M.F.M. Dinâmica de Grupo: história, prática e vivências. 2ª ed. Campinas: Alínea, 2004. IV JORNADA SEVERINO SOMBRA MINICUCCI, A; Dinâmica de Grupo: teorias e prática. 5ª ed. São Paulo: atlas, 2002. 22 Contribuição das ações de extensão universitária na formação do acadêmico de Medicina Mariana Teixeira da silveira¹, Fábio Lopes Telles². Resumo Trata-se de um relato de experiência sobre a influência das ações de extensão universitária sobre o desenvolvimento e formação acadêmica dos alunos do curso de Medicina da Universidade Severino Sombra (USS). A amostra foi realizada por uma acadêmica do terceiro período do curso de Medicina desta universidade após a realização de um minicurso teórico-prático de anatomia humana realizado pela Liga Acadêmica de Anatomia Humana. Objetiva-se demonstrar a importante contribuição de ações desse tipo na formação acadêmica dos alunos envolvidos na organização, assim como ressaltar as implicações benéficas resultantes para os demais participantes como público-alvo do projeto. Concluiu-se que “a diversidade de atividades desenvolvidas pelos estudantes confirma que o processo educacional, sob responsabilidade da instituição, envolve experiências que ultrapassam os limites da sala de aula e das exigências das atividades curriculares obrigatórias e que, ambas, em interação, contribuem com mudanças significativas para a aprendizagem e o desenvolvimento dos estudantes.” (FIOR, 2003). Introdução Acadêmica de Anatomia Humana o projeto de um “Minicurso teórico-prático de membros superiores”. O público-alvo se compôs de acadêmicos do 1.º período do curso de Medicina, com intuito de proporcionar: revisão de conhecimentos prévios (já que o tema estabelecido está contido na grade curricular da disciplina de Anatomia Sistêmica e Aplicada I),a aquisição de novos saberes (destaque para o conhecimento das aplicabilidades clínicas referentes ao tema proposto) e à sua consequente fixação por meio de aulas teóricas e práticas (apresentação de slides em power point e exposição de peças cadavéricas), ações essas, que foram seguidas de uma avaliação final teórico-prática elaborada pelos próprios membros da Liga. O evento contou com uma carga horária de 6 horas e participação de 61 inscritos e tem como equipe organizadora os catorze membros da Liga Acadêmica em questão, sendo, posteriormente, certificado pela Pró-Reitoria de Extensão Universitária. Dentre os catorze participantes da Liga, três atuaram com palestras em sala de aula realizando a abordagem teórica, enquanto que os demais realizaram a abordagem prática no IAUSS (Instituto de Anatomia da Universidade Severino Sombra). O planejamento da didática adotada foi realizado individualmente por palestrante, ocasionando a liberdade do desenvolvimento de habilidades quanto às relações interpessoais (durante as palestras e com os demais integrantes do grupo) e a capacidade de lidar com fatores estressantes (comuns durante qualquer interação pessoal e inerentes a prática clínica). A atribuição dessas responsabilidades individuais foi feita por iniciativa própria, fato que, segundo HAMAMOTO FILHO (2011) torna a ação A oportunidade de desenvolvimento de ações de extensão universitária constitui um fator contribuinte para que o desenvolvimento acadêmico ocorra de maneira mais consolidada e completa, partindo-se da premissa de que “as relações são laboratório para o estudante aprender a se comunicar, argumentar e refletir.” (CHICKERING e REISSER in FIOR, 2011). Boa parte dessas atividades (como simpósios, cursos e projetos) é realizada na USS pelas Ligas Acadêmicas vinculadas ao Centro Acadêmico do curso de Medicina, as quais demonstram ser um meio de integração de diferentes grupos (principalmente por serem constituídas de alunos de períodos distintos) que realizam troca de experiências, proporcionando aos participantes a possibilidade de desenvolver maior engajamento social e maturidade devido às experiências vividas, além de constituírem grupo de alunos dispostos a se aprofundarem sobre determinado assunto e ainda terem atuação social. Dessa forma, a promoção de atividades de extensão universitária pelas Ligas Acadêmicas pode ser considerada como importante veículo incentivador de criatividade, interesse pelas necessidades do próximo e desenvolvimento pessoal e acadêmico dos envolvidos, princípios esses tidos como fundamentais já que a educação médica tem como objetivos clássicos o desenvolvimento de características de natureza cognitiva (conhecimento), psicomotora (habilidades) e comportamental (atitudes) (TAVARES at al). Metodologia Em março de 2014 foi desenvolvido pela Liga 1. Universidade Severino Sombra, discente do curso de Medicina, Vassouras-RJ, Brasil. 2. Universidade Severino Sombra, docente do curso de Medicina, Vassouras-RJ, Brasil. 23 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Palavras-Chave: Graduação em medicina. Extensão universitária. Formação acadêmica. teoricamente livre das formalidades acadêmicas, estimulando o discente a aprender com prazer, atuando num exercício de autogestão de seu aprendizado. pode cooperar para um melhor aproveitamento da grade curricular já que atua como promotora na veiculação de saberes. Resultados Referências Obtiveram-se respostas em dois diferentes níveis: quanto aos acadêmicos organizadores e quanto aos acadêmicos expectadores. Notou-se que o fato de atuar como participante organizador de uma ação de extensão desse tipo estimula os alunos ao desenvolvimento de suas habilidades cognitivas, psicomotoras e comportamentais contribuindo, portanto, com a consolidação de sua formação acadêmica, que corresponde aos parâmetros da educação médica. Esse aspecto pode ser observado quando se percebe a contribuição desse tipo de atuação no desenvolvimento de uma postura mais segura e convincente ao falar publicamente, diante do fato de muitos alunos afirmarem ser a timidez um fator limitante para o desenvolvimento adequado de algumas atividades curriculares (como apresentação de seminários) e até para o estabelecimento da relação médico-paciente, nota-se uma resposta positiva quanto à superação desse desafio por meio do modelo de ações de extensão universitária. Mediante os resultados satisfatórios das metodologias adotadas durante as palestras observouse também que essas atribuições estimularam os alunos ao desenvolvimento de novos modelos interativos para a criação das aulas (tanto na abordagem teórica quanto prática) e da avaliação final do evento (mediante o desenvolvimento das questões para prova) conferindo estímulo àqueles que almejam o magistério superior. Quanto à resposta em relação aos participantes como expectadores da ação, tornou-se plausível afirmar que a existência de atividades de extensão universitária permite a melhor assimilação das informações prestadas, contribuindo tanto como um reforço para conteúdos já conhecidos previamente (da grade curricular do curso) como também é uma oportunidade para o desenvolvimento de novos saberes. FIOR, Camila Alves; MERCURI, Elizabeth; ALMEIDA, Leandro da Silva. Escala de interação com pares: construção e evidências de validade para estudantes do ensino superior. Psico-USF (Impr.), Itatiba , v. 16, n. 1, abr. 2011 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S1413-82712011000100003&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 29 abr. 2014. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-82712011000100003. FIOR, C.A. Contribuições das atividades não obrigatórias na formação universitária. 2003. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas 2003. HAMAMOTO FILHO, Pedro Tadao. Ligas Acadêmicas: motivações e críticas a propósito de um repensar necessário. Rev. bras. educ. med.Rio de Janeiro, v.35, n4, dez. 2011.Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0100-55022011000400013&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 28 abr. 2014. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-55022011000400013. IV JORNADA SEVERINO SOMBRA TAVARES, Ari de Pinho et al . O "Currículo Paralelo" dos estudantes de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Rev. bras. educ. med., Rio deJaneiro, v.31, n.3, Dec. 2007.Availablefrom<http:// w w w. s c i e l o . b r / s c i e l o . p h p ? s c r i p t = s c i _ a r t t e x t & p i d = S 0 1 0 0 55022007000300008&lng=en&nrm=iso>. accesson 28 Apr. 2014. http:// dx.doi.org/10.1590/S0100-55022007000300008 Conclusões A execução de ações de extensão universitária é um contribuinte consistente para o estímulo do desenvolvimento de habilidades individuais necessárias à prática clínica do acadêmico de Medicina. Fatores limitantes inerentes à profissão médica podem começar a ser superados frente a pequenas atividades que confrontem tal problemática e possibilitem concomitantemente o desenvolvimento pessoal dos acadêmicos. A participação em projetos de extensão universitária 24 Corpos estranhos no interior do seio maxilar Angélica Silva Justem¹, Thamires de Oliveira Paiva Lopes¹, Valéria Tostes Sales². Resumo O seio maxilar é o maior dos paranasais e o seu grande volume associado à proximidade com os ápices de alguns dentes superiores permitem que, em alguns casos, forme-se um acesso direto entre este e a cavidade bucal, chamada de comunicação buco-sinusal, lançando corpos estranhos nesse espaço pneumático. Os exames complementares, como as radiografias, as tomografias computadorizadas e um planejamento correto são imprescindíveis para que se evitem acidentes, bem como para solucionar essas complicações. Entretanto, quando à comunicação buco-sinusal acontece o procedimento de eleição é a técnica operatória de Caldwell-Luc, pois permite fácil acesso e visualização dos corpos estranhos e da mucosa alterada macroscopicamente, que é retirada sem que ocorra qualquer tipo de complicação pósoperatória, na maioria dos casos. Introdução remanescentes radiculares, implantes dentários, pedaços de madeira e plástico, paralelômetros, fragmento de mandíbula de peixe, parte ativa de cureta periodontal, e brocas cirúrgicas. Os casos encontrados acometem tanto o sexo feminino como masculino, abragendo a faixa etária de 24 a 50 anos, nos casos encontrados. O acesso escolhido para remoção dos corpos estranhos nos diversos casos estudados foi o procedimento de Caldwell-Luc. Apesar das frequentes referências na literatura de assimetria facial, lesão nervosa, desvitalização dentária e fístulas oroantrais, como complicações associadas ao procedimento de Caldwell-Luc, é unânime, no meio científico, a relação de tais morbidades com a técnica empregada, além da experiência do cirurgião-dentista. O seio maxilar é uma importante cavidade situada na maxila e sua forma triangular tem a base relacionada às raízes do 1.º pré-molar ao 2.º molar superior. Devido a essa proximidade, os procedimentos odontológicos apresentam risco elevado de lhe promover injúrias. Sua cavidade pode ser classificada quanto ao tamanho, em pequena, média e grande. Devido à proximidade com as raízes dos dentes posteriores superiores, o estudo de sua anatomia se torna necessário como embasamento para procedimentos cirúrgicos e endodônticos. Exames complementares como as radiografias e as tomografias computadorizadas, e um planejamento correto, são imprescindíveis para que se evitem acidentes, e também para solucionar essas complicações. A perfuração da cavidade sinusal poderá lançar corpos estranhos à cavidade, trazendo por vezes complicações como a comunicação bucossinusal, com risco de originar uma fístula no local, sendo necessários tratamentos complexos. A literatura relata a presença de corpos estranhos no seio maxilar resultantes de falhas durante procedimentos odontológicos, além das comunicações bucosinusais. Conclusões O conhecimento das relações do assoalho do seio com as raízes dos dentes superiores posteriores é de grande importância para a prevenção de acidentes que causem comunicações buco-sinusais. Entretanto, no caso de incidentes durante cirurgias e procedimentos endodônticos os corpos estranhos podem ser removidos do interior do seio maxilar mediante técnica operatória de Caldwell-Luc, que consiste em um acesso, pela fossa canina ao antro maxilar, e abertura de uma janela nasoantral abaixo da concha nasal inferior. O acesso de Caldwell-Luc foi escolhido devido à facilidade e experiência no uso da rotina cirúrgica. O procedimento permitiu fácil acesso e visualização dos corpos estranhos e da mucosa alterada macroscopicamente, que foi facilmente retirada, sem que ocorresse qualquer tipo de complicação pós-operatória nos casos estudados. Material e Métodos Levantamento bibliográfico do ano de 2006 a 2013, usando como fonte de pesquisa os sites: Scielo, Pubmed, e Medline. Resultados e Discussão Os artigos consultados demonstraram a presença de corpos estranhos variados no interior do seio maxilar. Foram encontrados terceiros molares e também 1. Universidade Severino Sombra, discente do curso de Psicologia, Vassouras-RJ, Brasil. 2. Universidade Severino Sombra, discente do curso de Medicina, Vassouras-RJ, Brasil. 3. Universidade Severino Sombra, docente do curso de Medicina, Vassouras-RJ, Brasil. 25 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Palavras-Chave: Corpos estranhos. Seio maxilar. Caldwell-Luc. Referências AGUIAR, R.C. de et al. Remoção cirúrgica de um instrumento deslocado acidentalmente para o interior do seio maxilar durante a instalação de implantes. Rio Grande do Sul, RFO, v.12, n. 3, 2007. <http://www.upf.br/ download/editora/revistas/rfo/12-03/12.pdf> Acessado em: 09 de abr. 2014. BELLOTTI, A.; COSTA, F.S.; CAMARINI, E.T. Deslocamento do terceiro molar superior para o seio Maxilar: relato de caso. 2008. In: Ver. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac. Camaragibe, v.8, n.4, 2008. <http://www. revistacirurgiabmf.com/2008/V8n4/04%20-%20DESLOCAMENTO%20 DE%20TERCEIRO%20MOLAR.pdf> Acessado em: 09 de abr. 2014. GASSEN, Humberto Thomazi et al. Deslocamento de corpo estranho para seio maxilar: fatores etiológicos e remoção pela técnica de Caldwell-Luc. 2007. In: Robrac. [s.l.], v.16, n.42, 2007. <http://www.robrac.org.br/seer/ index.php/ROBRAC/article/view/62/52> Acessado em: 09 de abr. 2014. JUNIOR, O.C.; JUNIOR, R.A. Deslocamento de implante dentário para seio maxilar: relato de caso. 2013. In: Rev. Port. Estomatol. Med. Dent. Cir. Maxilofac. São Paulo, v.54, n.4, 2013. <http://apps.elsevier. es/watermark/ctl_servlet?_f=10&pident_articulo=90259355&pident_ usuario=0&pcontactid=&pident_revista=330&ty=83&accion=L&origen=el sevierpt%20&web=www.elsevier.pt&lan=pt&fichero=330v54n04a9025935 5pdf001.pdf> Acessado em: 09 de abr. 2014. LIMA, Márcio Meira et al. 34 corpos estranhos auto-inoculados em seios maxilares: relato de caso. 2007. In: Revista Brasileira de Otorrinolaringologia. São Paulo, v.74, n.6, 2008. <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0034-72992008000600024&lang=pt> Acessado em: 09 de abr. 2014. IV JORNADA SEVERINO SOMBRA MORAIS, H.H.A. et al. Corpo estranho no sei maxilar: relato de caso atípico. 2006. In: Ver. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac. Camaragibe, v.7, n.1, 2007. <http://www.revistacirurgiabmf.com/2007/v7n1/pdf%20v7n1/art8v7n1. pdf> Acessado em: 09 de abr. 2014. OLIVEIRA, R.S. et al. Aplicação da técnica cirúrgica de Caldwell-Luc para remoção de corpo estranho do seio maxilar: relato de caso. 2010. In.: J Health Sci lost. [s.l.], v.28, n.4, 2010. <http://www.unip.br/comunicacao/ publicacoes/ics/edicoes/2010/04_out-dez/V28_n4_2010_p318-320.pdf> Acessado em: 09 de abr. 2014. SANTIAGO. M.S. et al. Presença assintomática de corpo estranho em seio maxilar: relato de caso. 2008. In.: Arquivo Brasileiro Odontológico. [s.l.], v.4, n.1, 2008. <http://periodicos.pucminas.br/index.php/ Arquivobrasileirodontologia/article/view/1253/1306> Acessado em: 09 de abr. 2014. SECCHI, M.M.D.; RODRIGUES, J.; NETO, G.G. Corpo estranho traumático de seio maxilar durante a prática de surf: pôster. 2006. In: Revista Brasileira de Otorrinolaringologia. São Paulo, v.72, n.5, 2006. <http://bjorl. org.br/38CBO/DetalheArtigo.asp?f=2446> Acessado em: 09 de abr. 2014. 26 Detecção de coliformes totais e termotolerantes em amostras de queijo minas padrão comercializados na região Sul Fluminense Diana Morra de Lima Oliveira Carvalhêdo¹, Neila Lilyane da Silva Gomes Francisco¹, Francine Motta Silvério¹, Caroline da Costa Noel¹, Nádia Rossi de Almeida¹, Lidiane de Castro Soares¹. Resumo O queijo Minas Frescal tem características físico-químicas adequadas para o crescimento de micro-organismos e tem sido frequentemente associado a várias doenças transmitidas por alimentos (DTAs). Este tipo de queijo é produzido a partir de leite cru ou pasteurizado e devido a vários fatores como umidade, ser produto de origem animal e, especialmente, por ser manufaturado, pode, ser facilmente, contaminado e constituir meio favorável à sobrevivência e multiplicação de bactérias. O objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade microbiológica de queijos Minas Frescal comercializados em supermercados da região sul fluminense, mediante detecção de coliformes termotolerantes. Foram coletadas seis amostras de queijo Minas Frescal Padrão comercializadas em diferentes supermercados. Os resultados revelaram que 100% das amostras estavam fora dos padrões estabelecidos pela legislação, e apresentam contaminação por coliformes termotolerantes, colocando portanto, em risco à saúde do consumidor. Introdução produção de gás a 35-37 °C (coliformes totais, que indicam deficiência na higiene de forma geral) ou a 44,0-45,5 °C (coliformes termotolerantes, que indicam contaminação do alimento por material de origem fecal) (FRANCO; LANDGRAF, 2008; PEREIRA, 2007). A pesquisa de coliformes totais e termotolerantes nos alimentos fornecem, com maior segurança informações sobre as condições higiênicas do produto e melhor indicação da eventual presença de enteropatógenos (SILVA et al., 2006; TEIXEIRA et al., 2007). Nesse contexto, avaliar a qualidade microbiológica dos queijos consumidos é importante, uma vez que a ingestão desses alimentos contaminados pode causar diversas doenças transmitidas por alimentos (DTAs) para a população, sendo, portanto, um problema de saúde pública. Desse modo, o objetivo do presente estudo foi avaliar a qualidade microbiológica de queijos Minas Padrão comercializados em supermercados da região sul fluminense através da contagem de coliformes totais e coliformes termotolerantes. O queijo é um dos alimentos processados mais antigos da humanidade. Acredita-se ter origem há mais de 8.000 anos, no Iraque, entre os rios Tigre e Eufrates. Originalmente, os nomes dados aos queijos variava com a região onde eram fabricados, porém isso não é mais uma verdade, já que os queijos são industrializados em todo o país. O queijo tipo Minas Padrão é um exemplo deste fato, já que provém do estado de Minas Gerais, e hoje é produzido em larga escala em todo o país. Este tipo de queijo é produzido a partir de leite cru ou pasteurizado e, devido a vários fatores, como umidade, ser um produto de origem animal e especialmente por ser um produto manufaturado, pode ser facilmente contaminado e constitui um meio favorável à sobrevivência e multiplicação de bactérias. Associado a isto, pode ocorrer à contaminação cruzada durante ou após o processamento (armazenamento e transporte) desses alimentos. As contaminações, aliadas às alterações decorrentes podem, em poucos dias, tornar o queijo inaceitável ou até mesmo impróprio para o consumo (OKURA, 2010). Desta forma, a ingestão de queijo em condições inadequadas para o consumo pode trazer consequências severas a saúde publica. Um dos principais grupos de micro-organismos indicadores da qualidade microbiológica em alimentos é o dos coliformes, formado por bactérias de família Enterobacteriaceae, Gram-negativas, não formadoras de endóporos e capazes de degradar a lactose com Materiais e Métodos Até o presente momento, foram obtidas nove amostras de Queijo Minas Padrão, de diferentes marcas, a partir de supermercados provenientes da região sul fluminense. Todas as amostras estavam sobre refrigeração e dentro do prazo de validade. As amostras foram transportadas em caixas isotérmicas para o Laboratório de Microbiologia da 1. Universidade Severino Sombra, Vassouras-RJ, Brasil. 27 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Palavras-Chave: Coliforme total. Coliforme termotolerante. Queijo minas. Universidade Severino Sombra, com o fim de se fazer análise microbiológica. Para a pesquisa de coliformes totais e termotolerantes, 25 gramas de cada amostra de queijo foram adicionados em 225 mL de água peptonada 0,1%. Posteriormente foi realizada a pesquisa de coliformes totais através do pré-enriquecimento em caldo lauril sulfato de sódio (LST) e a confirmação em caldo verde brilhante a 35°C. Foram consideradas positivas as diluições que apresentaram gás no interior do tubo de Duhran após incubação. Para a pesquisa de coliformes termotolerantes, os tubos positivos na pesquisa de coliformes totais foram inoculados em caldo Escherichia coli (E.C) a 45°C. Foram consideradas positivas os tubos que apresentaram gás no interior do tubo de Duhran após incubação. Os resultados obtidos foram comparados à tabela do número mais provável (NMP.g-1). Todo o procedimento para análise microbiológica seguiu a metodologia preconizada pelo Ministério da Saúde, através da Resolução nº 12, de 2 de janeiro de 2001, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), (BRASIL, 2001). higiênico-sanitárias insatisfatórias do produto, indicou contaminação por material fecal e, consequentemente, falhas nas condições higiênico-sanitárias na manipulação e/ou conservação desses alimentos. Sugere-se, portanto, a constante e efetiva fiscalização do produto e da matéria-prima pelos órgãos competentes, visando, assim, garantir a qualidade e segurança do queijo Minas Padrão disponibilizados para consumo da população. Resultados e Discussão FERNANDES Í.N. Avaliação microbiológica de queijo tipo minas frescal e ricota comercializados em pelotas, RS, Brasil. Pelotas, 2010. Referências TEIXEIRA, L.V.; FONSECA, L.M.; MENEZES, L.D.M. Avaliação da qualidade microbiológica do soro de queijos Minas padrão e mozarela produzidos em quatro regiões do estado de Minas Gerais. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.59, n.1, p.264-267, 2007. PEREIRA R.B. Caracterização microbiológica de alguns tipos de queijos regionais brasileiros. Belo Horizonte, 2007 OKURA, M.H. Avaliação microbiológica de queijos tipo minas frescal comercializados na região do triângulo mineiro. Jaboticabal – São Paulo – Brasil, 2010. Foi possível detectar a presença de coliformes totais em 100% (9/9) das amostras avaliadas. A contagem de coliformes totais, a 35ºC não é exigida pela legislação sanitária vigente. No entanto, estes micro-organismos geralmente são contaminantes ambientais, sendo que sua contagem elevada indica deficiência na qualidade higiênico-sanitária do produto. Das nove amostras analisadas, todas estavam fora dos padrões permitidos pela Anvisa, conforme Resolução RDC n.° 12 de 02 de janeiro de 2001, por apresentarem quantidades de coliformes termotolerantes, acima de 5,0x10² UFC/g (BRASIL, 2001). Os coliformes termotolerantes têm sido usados para determinar condições sanitárias insatisfatórias de alimentos e presença potencial de patógenos. É importante destacar que esse grupo de bactérias tem como habitat o trato intestinal do homem e outros animais, e quando presente em alimentos é um indicativo de manipulação incorreta e falta da aplicação de procedimentos de boas práticas de fabricação, podendo ser considerado um indicativo de contaminação de origem fecal, evidenciando assim risco à saúde dos consumidores, pois podem estar associadas a micro-organismos patogênicos (OKURA et al., 2010). Conclusões O número elevado de amostras (100%), em desacordo com a legislação demonstra condições 28 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA SILVA, M.P.; CAVALLI, D.R.; OLIVEIRA, T.C.R.M. Avaliação do padrão coliformes a45ºce comparação da eficiência das técnicas dos tubos múltiplos e Petri filme na detecção de coliformes totais e Escherichia coli em alimentos. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, v. 26, n.(2), p. 352-359, 2006. Detecção bacteriana a partir de amostras de leite provenientes de vacas com mastite subclínica na região Sul Fluminense Caroline da Costa Noel¹, Neila Lilyane da Silva Gomes Francisco¹, Diana Morra de Lima Oliveira Carvalhêdo¹, Francine Motta Silvério¹, Luísa Costa Oliveira Valente¹, Nádia de Almeida Rossi¹, Lidiane de Castro Soares¹. Resumo A mastite é uma inflamação da glândula mamária causada principalmente por bactérias, dentre as quais o gênero Staphylococcus ocupa um papel importante. Bactérias pertencentes a este gênero são caracterizadas por expressar resistência aos antibióticos beta-lactâmicos, limitando, portanto a terapia antimicrobiana. O presente trabalho teve por objetivo isolar as principais bactérias implicadas na mastite bovina e estabelecer o seu perfil de resistência a diferentes antibióticos. Foram analisadas 16 amostras de leite e foi possível obter um total de 16 isolados bacterianos, sendo 15 isolados de Staphylococcus spp. coagulase-negativos e 1 isolado de Escherichia coli. Foi detectado 87,5% de resistência à penicilina e oxacilina, 68,7% à eritromicina, 62,5% à cefalotina, 37,5% à ceftriaxona, 12,5% à tetraciclina e 6,2% à cefoxitina e gentamicina. Introdução de antibióticos nas rações, elevando o perfil de resistência aos antimicrobianos das bactérias envolvidas nos processos infecciosos do úbere (PIESSENS, 2011), comprometendo, de modo significativo, a saúde do animal e sua produtividade. A prescrição empírica de muitos antimicrobianos e a dificuldade na aplicação de testes microbiológicos para identificação do agente infeccioso dificulta o estabelecimento de medidas de controle da mastite bovina e amplia a gama de bactérias resistentes circulantes no ambiente. Dentre os patógenos responsáveis pelo quadro da mastite bovina, Staphylococcus spp. é o mais frequente (SAINI et al., 2012). Os estafilococos são disseminados principalmente pelas mãos dos ordenhadores e equipamentos de ordenha, geralmente contaminados a partir do leite de animais infectados. Este microrganismo é dificilmente eliminado dos rebanhos, no entanto pode ser controlado através da adoção de procedimentos higiênicos como a desinfecção das tetas após a ordenha e o tratamento da vaca ao final da lactação com antibióticos adequados para o período seco (TAMPONEN et al., 2008; PIESSENS, 2011). O leite de boa qualidade é um produto de sabor caracteristicamente agradável, de altos valores nutritivos, com níveis de agentes potencialmente patogênicos baixos ou ausentes, com baixa contagem de células somáticas e reduzida carga microbiana. Dentre estes parâmetros, destaque-se que o padrão microbiológico pode ser um bom indicativo da qualidade do rebanho, da glândula mamária, das condições gerais de manejo, do estado sanitário do rebanho, do manejo dos equipamentos da sala de ordenha, presença de micro-organismos ambientais e resíduos de antimicrobianos (PONCE CEBALLO & HERNÁNDEZ, 2001). A mastite bovina é considerada a doença que acarreta os maiores prejuízos econômicos à produção leiteira, pela redução da quantidade e pelo comprometimento da qualidade do leite produzido, ou até pela perda total da capacidade secretora da glândula mamária. Caracteriza-se por uma inflamação da glândula mamária cuja etiologia pode ser de origem tóxica, traumática, alérgica, metabólica e infecciosa, sendo esta última a mais frequente, podendo ser classificada como clínica ou subclínica. A mastite clínica apresenta sinais evidentes de inflamação como edema, aumento de temperatura, endurecimento, dor e pus, além de alteração das características do leite como a presença de grumos. Na forma subclínica não se observam alterações macroscópicas de inflamação do úbere e sim alterações na composição do leite (PIESSENS, 2011; SAINI et al., 2012). A terapia prescrita nos casos de mastites bovina é, de modo geral, ineficiente, devido a grande disseminação Materiais e Métodos As coletas de leite foram obtidas a partir de visitas realizadas a fazendas de pequenos produtores de leite localizadas na região sul fluminense. Em cada propriedade, foram realizados testes para identificação de mastite clínica (Exame físico da glândula mamária e caneca telada) e subclínica (CMT – Califórnia Mastitis Test) em todos os quartos mamários de todas as vacas 1. Universidade Severino Sombra, Vassouras-RJ, Brasil. 29 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Palavras-Chave: Antimicrobianos. Staphylococcus spp,. Mastite. suspeitas. As amostras foram obtidas imediatamente antes da ordenha, após antissepsia das tetas com álcool a 70%. Os jatos de leite foram colhidos diretamente em frascos estéreis, colocados em caixas isotérmicas com gelo e encaminhadas imediatamente ao Laboratório de Microbiologia da Universidade Severino Sombra, Vassouras – RJ, para a realização dos testes de identificação bacteriana e perfil de suscetibilidade antimicrobiana. As amostras foram inoculadas em meios enriquecidos e seletivos e diferenciais. No isolamento primário foi utilizado ágar sangue de carneiro 5% (Difco). As colônias isoladas foram submetidas ao método de Gram, teste da catalase e hidróxido de potássio a 3%. De acordo com as características morfotintoriais e de crescimento, os isolados foram inoculados em ágar Manitol Vermelho de Fenol e ágar MacConkey (Difco) para melhor identificação (KONEMAN et al., 2008). A identificação de Staphylocooccus e enterobactérias foi realizada segundo Koneman et al . (2008). Para avaliação da suscetibilidade antimicrobiana foi realizada a metodologia proposta pelo CLSI (2013). A eficácia comparativa da penicilina (10UI), oxacilina (1ug), cefoxitina (30ug), ampicilina-sulbactam (10/10ug), ceftriaxona (30ug), cefalotina (30ug), imipenem (10ug), vancomicina (30ug), gentamicina (10ug), azitromicina (15ug), eritromicina (15ug), tetraciclina (30ug), ciprofloxacina (5ug) e enrofloxacina (10ug) (SENSIFAR-CEFAR) foram analisadas para todos os isolados. vancomicina, ciprofloxacino, enrofloxacino, imipenem e ampicilina+sulbactam. Conclusão Apesar da detecção de resistência em diferentes antibióticos existe a possibilidade de identificar isolados suscetíveis, mostrando que o monitoramento do perfil de suscetibilidade deve ser realizado com o intuito de avaliar a distribuição e o envolvimento destes patógenos na etiologia da mastite, possibilitando a adoção de medidas de controle que dificultem sua disseminação. Referências BARKEMA, H.W.; SCHUKKEN, Y.H.; ZADOKS, R.N. The role of cow, pathogen, and treatment regimen in the therapeutic success of bovine Staphylococcus aureus mastitis. Journal of Dairy Science, v.89, n.6, p.18771895, 2006. FERREIRA, J.L.; PIGATTO, C.P.; LINS, J.L.F.H.A.; AGUIAR FILHO, J.L.C.; CAVALCANTE, T.V. Bactérias causadoras de mastite subclínica em rebanhos leiteiros no município de Teresina, Piauí. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, v.8, n.14, 2010. KONEMAN, E.W.; ALLEN, S.D.; JANDA, W.M; SCHRECKENBERGER, P.C.; WINN, J.R. Diagn. Microbiol. 6.ed. Rio de Janeiro: Editora MEDS, 2008. PIESSENS, V. Epidemiology and characterization of coagulase-negative Staphylococcus species from dairy farms. 2011. 213p. Tese (Doutorado em Ciencias Veterinarias) – Faculty of Veterinary Medicine, Ghent University, Belgica, 2011. Resultados e Discussão PONCE CEBALLO, P.; HERNÁNDEZ, R. Propriedades físico-químicas do leite e sua associação com transtornos metabólicos e alterações na glândula mamária. In: GONZÁLEZ, F.H.D.; DÜRR, J.W.; FONTANELI, R.S. (Ed.). Uso do leite para monitorar a nutrição e metabolismo de vacas leiteiras. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2001. p.58-68. Foi possível obter um total de 16 isolados bacterianos, sendo 15 isolados de Staphylococcus spp. coagulase-negativos e 1 (um) isolado de Escherichia coli. Foi detectado 87,5% de resistência à penicilina e oxacilina (14/16), 68,7% à eritromicina (11/16), 62,5% à cefalotina (10/16), 37,5% à ceftriaxona (6/16), 12,5% à tetraciclina (2/16) e 6,2% à cefoxitina e gentamicina (1/16). A literatura relata que isolados de Staphylococcus provenientes de mastite bovina, com fenótipo de resistência às penicilinas, estão presentes nos rebanhos nacionais em uma frequência que varia de 10 a 57% para oxacilina e 46 a 100% para penicilina (FERREIRA et al., 2010). A resistência a fármacos do grupo das penicilinas em Staphylococcus isolados de infecções intramamárias é uma preocupação mundial. Os motivos são vários, no entanto, destacam-se o potencial risco da transmissão de resistência para bactérias causadoras de doenças em humanos, de modo a restringir ou impossibilitar o seu uso em casos graves e a baixa probabilidade de cura microbiológica das mastites por aquele agente portador de tal fenótipo (BARKEMA et al., 2006). Não foi detectada resistência à azitromicina, SAINI, V., MCCLURE, J.T., LEGER, D., KEEFE, G.P., SCHOLL, D.T., MORCK, D.W., BARKEMA, H.W. Antimicrobial Resistance Profiles of Common Mastitis Pathogens on Canadian dairy farms. Journal of Dairy Science. v. 95, p. 4319 – 4332, 2012. TAPONEN, S., BJORKROTH, J., PYORALA, S. Coagulase-negative staphylococci isolated from bovine extramammary sites and intramammary infections in a single dairy herd. Journal of Dairy Science. v. 75, p. 422-429, 200 30 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA CLINICAL AND LABORATORY STANDARDS INSTITUTE (CLSI). Performance standards for antimicrobial susceptibility testing, seventeenth informational supplement, document M100-S17. Wayne, PA, USA: CLSI, 2013. Detecção de bactérias com potencial patogênico a partir de aparelhos celulares Francine Motta Silvério¹, Caroline da Costa Noel¹, Neila Lilyane da Silva Gomes Francisco¹, Luisa Costa Oliveira Valente¹, Diana Morra de Lima Oliveira Carvalhêdo¹, Lidiane de Castro Soares¹. Resumo Equipamentos como o aparelho celular podem albergar uma microbiota bacteriana mista bastante rica e representar potenciais fontes de infecção para os usuários. Objetos inanimados têm um importante papel na transmissão de patógenos humanos. Os telefones celulares são objetos pequenos, portáteis, facilmente carregados em bolsas ou bolsos e passam por diversas superfícies contaminadas, expondo várias partes do nosso corpo à contaminação. Dessa maneira, o presente trabalho tem por objetivo verificar a presença de micro-organismos com potencial patogênico em aparelhos celulares no Município de Vassouras, RJ. Foi possível observar que 100% das amostras (20/20) avaliadas, obtiveram crescimento bacteriano. Foi detectado um total de 30 isolados bacterianos, sendo representados por 70% (14/20) de Staphylococcus spp., 65% (13/20) de Bacillus spp. e 15% (3/20) de Enterobactérias. Os aparelhos celulares utilizados são passíveis de veicular agentes com potencial infecciosos e podem constituir fômites na transmissão de infecções. Palavras-Chave: Aparelho celular. Micro-organismos. Contaminação. Introdução importância na cadeia epidemiológica da brucelose humana, este estudo teve como objetivo identificar cães soropositivos para a B. abortus bem como pesquisar os possíveis fatores de risco facilitadores da transmissão. A brucelose em humanos é uma doença subdiagnosticada e subestimada no Brasil, entretanto, assume um papel como uma das mais importantes zoonoses bacterianas, com mais de meio milhão de casos novos reconhecidos anualmente, principalmente em países em desenvolvimento. Os cães apresentam um tipo mais específico de brucelose, representada pela Brucella canis, porém, podem se infectar com a Brucella spp mais específica para os bovinos, a B. abortus, principalmente pela ingestão de produtos de origem animal in natura, contato ou ingestão de tecidos animais, restos placentários ou de fetos abortados contaminados, denotando assim o seu potencial de contaminação entre homem e animal. Devido à estreita relação entre homem e animal. (AZEVEDO et al., 2003). O Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose (PNCEBT) no Brasil, em 2010, preconiza o teste do Antígeno Acidificado Tamponado (AAT) como prova de triagem e, como provas confirmatórias, o teste do 2- Mercaptoetanol (2-ME), a prova da Fixação do complemento (FC) e teste de polarização de fluorescência (FPA) (BRASIL, 2010). Em regiões rurais, como nas pertencentes à região sul fluminense, é comum a criação de bovinos junto a cães e gatos. Outro fato de relevância é o fornecimento de carne bovina sem as condições aceitáveis de controle microbiológico aos animais de companhia, e os animais rurais que têm como hábito o consumo de restos de carcaças e acesso ao feto e restos placentários. Devido aos cães poderem se infectar com a B. abortus e assumirem um papel de Amostras de sangue de 32 cães foram coletadas e acondicionadas em tubos de bioquímica. Uma ficha de registro de dados dos animais foi elaborada com o objetivo de coletar informações sobre o convívio em meio a bovinos ou o consumo de carne bovina. As amostras de sangue refrigeradas foram centrifugadas para promover a separação do soro. A prova sorológica do (AAT) foi realizada para a identificação de anticorpos antiBrucella abortus nas amostras de soro. Desta forma, 30 μL de cada amostra de soro foram aplicadas em uma placa de vidro apropriada para a leitura da prova, e imediatamente, 30 μL do antígeno foram adicionados ao lado de cada amostra de soro. As amostras foram homogeneizadas, sendo a placa agitada por movimentos circulares por quatro minutos. A leitura da reação foi realizada, sendo consideradas positivas as amostras que apresentaram aglutinação entre o antígeno e os anticorpos presentes nas amostras de soro. Resultados e Discussão Das 32 amostras de soros analisadas pela técnica de AAT, nenhuma apresentou positividade para a presença de anticorpos antiBrucella abortus. A infecção 1. Universidade Severino Sombra, Vassouras-RJ, Brasil. 31 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Material e Métodos natural de cães por B. abortus é de ocorrência esporádica e resulta do contato estreito de cães, geralmente de zona rural, com bovinos infectados. Os cães se infectam por ingestão de produtos de origem animal in natura, contato ou ingestão de tecidos animais, restos placentários ou de fetos abortados contaminados e devido ao estreito contato entre humanos e cães. Esse fator se torna responsável pela transmissão da zoonose (ALMEIDA et. al., 2004). Estes dados estão em concordância com Azevedo et al. (2003) que analisaram 118 amostras de soro de cães e apenas uma apresentou reatividade para o teste. Isto também foi observado em estudo na cidade de Niterói – RJ, realizado por Maya et.al. (1999), em que 171 amostras foram analisadas seguindo a mesma técnica diagnóstica do presente trabalho, que também não foi observada reatividade em nenhuma amostra. O estudo será continuado visando o aumento do número de amostras com o intuito de traçar-se um perfil epidemiológico de B. abortus transmitida por cães. Conclusão IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Não foram identificados anticorpos antiBrucella abortus em cães, não se confirmando a hipótese de que o convívio em meio a bovinos e a ingestão de carne bovina seja um fator de risco para que a infecção se estabeleça. Referências ALMEIDA, A.C.; SANTORELLI, A.; BRUSADELLI, R.M.Z. et al. Soroepidemiologia da brucelose canina causada por Brucella canis e Brucella abortus na cidade de Alfenas, MG. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 56, p.275-276, 2004. AZEVEDO, S.S.; BATISTA, C.S.A.; ALVES, C.J. et al. Ocorrência de anticorpos contra Brucella abortus em cães errantes da cidade de Patos, Estado da Paraíba, Brasil. Arquivo do Instituto Biológico, v.70, p.499-500, 2003. BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Manual Técnico: Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal – PNCEBT, Brasília: MAPA/DAS/DAS, 2006. 184p MAIA, G.R.; ROSSI, C.R.S.; ABBADIA, F.; VIEIRA, D.K.; MORAES, I.A. Prevalência da brucelose canina nas cidades do Rio de Janeiro e Niterói, RJ. Revista brasileira de reprodução animal. v.23, n.3, p.425-427, 1999. 32 Identificação de aflatoxinas em rações destinadas a cães no município de Vassouras-RJ Daiany Aparecida Barboza¹, Ramona Cristina de Oliveira Batitucci¹, Thais Velasco Calainho¹, Kelly Moura Keller¹, Lidiane de Castro Soares¹, Neila Lilyane da Silva Gomes Francisco¹, Nadia Rossi de Almeida¹. Resumo As rações destinadas à alimentação de cães são constituídas por grãos que frequentemente são contaminados por fungos aflatoxigêncios. As aflatoxinas podem causar o carcinoma hepatocelular, fato negligenciado na Medicina Veterinária. O presente estudo teve como objetivo identificar fungos aflatoxígenos e avaliar a ocorrência natural de aflatoxinas em 15 amostras de rações comercializadas a granel em pontos de venda no município de Vassouras-RJ. A cultura fúngica foi realizada em ágar sabouraud dextrose e a identificação e quantificação de aflatoxinas foi feita pela prova de ELISA. As aflatoxinas foram detectadas em 46,6%(7/15) das amostras. Em todas as amostras foram identificados fungos, sendo que em 46,6% (7/15) das amostras foram identificados tanto os fungos Aspergillus ssp, A. flavus e/ou A. parasiticus. Desta forma, evidencia-se a necessidade de incorporar na rotina Médica Veterinária o conhecimento dos sinais clínicos e meios diagnósticos para a aflatoxicose, assim como o monitoramento dos alimentos destinados à alimentação animal. Introdução de A1 até A15. Isolamento dos fungos: As amostras foram encaminhadas ao Laboratório de Microbiologia da Universidade Severino Sombra. Alíquotas de 25 g da ração triturada foram diluídas até 10-2 (solução salina a 0,85%). Pipetou-se 100 µL em superfície em placas com ágar saboraud dextrose, semeando com swab estéril em seguida, deixando-as em temperatura ambiente por 7 dias. Após, observaram-se as características macroscópicas das colônias e foram preparadas lâminas para a identificação fúngica pela técnica da fita adesiva e microscopia direta utilizando-se azul de algodão. A identificação do gênero e espécie fúngica foi realizada segundo Kooneman (2008). Identificação das micotoxinas - Extração das micotoxinas: As amostras de rações foram analisadas para a presença de aflatoxinas no Laboratório de Micologia e Micotoxinas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Diluiu-se 20g de ração triturada em 100 mL de solução de metanol a 70%, incubando-as durante 1 hora em agitador orbital. Após, filtrou-se as amostras com papel de filtro, armazenando-as em temperatura ambiente. - Identificação e quantificação das micotoxinas: A identificação foi realizada por kit comercial de ELISA (AgraQuantTotal Aflatoxin Assay ELISA; Romer Labs Singapore) e a quantificação das amostras foi realizada em leitor de ELISA em 450 nm e 630 nm (ELISA Quick Lab.), onde obteve-se um coeficiente de linearidade da curva de 0,9992. As micotoxinas são metabólitos secundários dos fungos filamentosos (MOSS, 1996). Os efeitos da ingestão de micotoxinas podem ser graves tais como a mutagênese, teratogênese e carcinogênese. Dentre os fungos micotoxigênicos destacam-se os gêneros Aspergillus, Fusarium e Penicillium (KOONEMAN, 2005). A pesquisa de micotoxinas em rações para cães é menos frequente se comparado a animais de produção, pois existe o apelo da saúde humana, exigindo-se um maior controle nos alimentos de origem animal. O milho utilizado como principal ingrediente na fabricação de ração apresenta fungos e micotoxinas com maior frequência devido à forma de armazenamento inadequada. E se tão pouco se preocupa com a pesquisa de fungos em rações o monitoramento dos ingredientes da ração é menor ainda. Desta forma, o objetivo do presente estudo foi identificar aflatoxinas e fungos aflatoxígenos em amostras de ração para cães e gatos comercializadas a granel em pontos de venda do município de Vassouras/RJ. Material e Métodos Coleta das amostras: Foram adquiridas 15 amostras (100g) de ração para cães comercializadas a granel em 15 pontos de venda (Pets Shops, casas agropecuárias e mercados) no município de Vassouras/RJ. Estas amostras foram armazenadas em sacos plásticos e identificadas Resultados e Discussão De acordo com a Agência Internacional de 1. Universidade Severino Sombra, Vassouras-RJ, Brasil. 33 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Palavras-Chave: Aflatoxicose. Ração. Cães. Pesquisa em Câncer (International Agency for Research On Cancer - IARC) a aflatoxina B1 apresenta maior efeito carcinogênico dentre as micotoxinas, sendo encontrada com frequência em alimentos de diversas espécies de animais (IARC, 1997). No presente estudo, foi identificada contaminação fúngica em 100% das amostras analisadas e em 46,6% (7/15) havia a presença de aflatoxina (Tabela 1). Sendo os valores dentro do limite permitido para alimentos de consumo animal, que é de 50 μg/kg (BRASIL, 1988). Os dados corroboram com Prado e colaboradores (2008), onde as aflatoxinas encontradas em rações para cães comercializadas em Lavras- MG estavam em níveis tolerados. A presença de A. flavus foi observada em aproximadamente 30% (2/7) e A. parasiticus em aproximadamente 57% (4/7) das amostras com presença de aflatoxina. Em duas amostras não foi possível constatar a espécie do Aspergillus. Outros fungos como o Fusarium spp, A. terreus, A. fumigatus, Cladosporium spp e Penicillium spp foram identificados nas amostras. No gênero Aspergillus spp. as espécies mais identificadas foram A. parasiticus e A. flavus, corraborando com Juri et al. (2009), sendo que o A. flavus apresentou maior ocorrência (60%), o que difere do encontrado neste trabalho onde o A. parasiticus teve maior ocorrência. Resultados diferentes do demonstrado por Oldoni et al. (2012), onde a espécie mais prevalente foi o A. niger (33,3%), seguido pelo A. flavus (22,2%). A presença do milho como principal componente de rações pode ser apontada como possível veículo de metabólitos fúngicos. A presença de fungos aflatoxigênicos no milho no período anterior a fabricação da rações pode ocasionar a formação da micotoxina, o que pode ser somado com o fato da comercialização a granel, o que tende a levar maior presença de microorganismos na ração. De acordo com PRADO et al., 2008 a união do fungo e micotoxina, revelam um risco a maior produção de micotoxinas, pois em condições inadequadas de armazenamento, temperatura e umidade elevadas a geração de aflatoxinas é favorecida. Neste trabalho, as amostras que apresentaram aflatoxinas também continham fungos, indicando a possível ocorrência da produção na ração, porém não descarta a possibilidade de contaminação dos ingredientes da formulação. E ainda as amostras com níveis não detectados de aflatoxinas apresentaram crescimento fúngico, podendo ser inferido que produções posteriores poderiam ocorrer. A contaminação das rações por aflatoxinas revela um grande risco a saúde animal, evidencia-se a necessidade de incorporar na rotina médica veterinária o conhecimento dos sinais clínicos e meios diagnósticos para os casos de aflatoxicose, assim como monitorar os alimentos destinados aos animais. Tabela 1. Quantificação de aflatoxina* em amostras comerciais de rações. Amostras AFB μg/kg Amostras AFB μg/kg Amostras AFB μg/kg A1 nd A6 nd A11 2,99 A2 1,38 A7 nd A12 1,79 A3 1,88 A8 nd A13 1,42 A4 nd A9 nd A14 1,48 A5 2,59 A10 nd A15 nd *Média de duas repetições; Limite de Quantificação: 0,3 μg Kg-1; ND: Não detectado e Limite de Detecção: 0,1 μg Kg-1 Fonte. Arquivo pessoal Conclusões A presença de fungos produtores de aflatoxinas, assim como a presença de aflatoxinas ocorreu em 46,6% das amostras de ração a granel para cães analisadas, entretanto, em níveis tolerados pela legislação brasileira vigente. BRASIL, Ministério da Agricultura. Portaria MA/SNAD/SFA No. 07, de 09/11/88 - publicada no Diário Oficial da União de 09 de novembro de 1988 - Seção I, página 21.968, 1988. IARC (International Agency for Research on Cancer). Polychlorinated Dibenzo-para-dioxins and Polychlorinated Dibenzofurans. IARC Monographis on the Evaluation Carcinogenic Risks Humans 69. 1997. JURI, M.G.F.et al. Aflatoxinas, fumonisinas e fungos toxígenos em matériasprimas e rações para cães na argentina. Revista Brasileira de Medicina Veterinária, 31(2):109-117, abr/jun 2009. KONEMAN, E. W. et al. Diagnóstico Microbiológico- texto e atlas colorido. 6ª Ed.. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan 1760 p., 2005. MOSS, M.O.,MYCOTOXIC FUNGI, In: ELEY, A.R. (Ed.), Microbial Food Poisoning, 2nd ed. Chapman & Hall, New York, NY, 1996, p. 75–93. OLDONI M. L; ROSA A. D., TEIXEIRA M. L. Análises micotoxicológicas em rações comercializadas no oeste de Santa Catarina. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.14, n.4, p.373-379, 2012. PRADO, G. et al. Ocorrência de aflatoxinas em rações para cães. Revista Ciências da Vida, Seropédica, v. 28, p. 168-170, 2008. 34 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Referências Intencionalidade pedagógica na produção de curta-metragem pelo discente – A experiência do projeto Ipiranga Daniella Nogueira Silva Melo¹, Andre Luiz Dias Lima Bonfim¹, Jéssica De Souza Fontes¹, Thiago César De Pádua¹, Elisa Maria Amorim Da Costa², Marcos Antônio Mendonça², Sebastião Jorge Da Cunha Gonçalves², Maria Cristina Almeida De Souza¹. Resumo Novas tecnologias assumem lugar de destaque no processo de ensino-aprendizagem colaborando para sua dinamicidade e representam uma valiosa estratégia pedagógica. Este trabalho é o relato da intencionalidade pedagógica da produção de curta-metragem pelos alunos do curso de medicina da Universidade Severino Sombra, como atividade curricular do Projeto Ipiranga. Constatou-se que, ao realizarem o curta-metragem os alunos se tornam sujeitos integrantes de um processo social e, suas visões de mundo são cada vez mais ampliadas, tendo em vista que vivenciam outras realidades, muitas vezes diferentes das existentes em seu cotidiano, podendo assim, relacionar os conteúdos abordados em sala de aula com o filme produzido. Introdução professores, desenvolvem ações de promoção e recuperação da saúde, assim como as de prevenção às doenças. Este trabalho tem o objetivo de relatar a intencionalidade pedagógica da elaboração e produção do curta-metragem “Panorama de atuação no Projeto Ipiranga – percepção dos atores sociais!”, realizado pelos alunos do curso de Medicina como atividade curricular do Projeto Ipiranga. A sociedade que se configura exige que a educação prepare o aluno para enfrentar novas situações a cada dia, deixando de ser sinônimo de transferência de informações e adquirindo caráter de renovação constante. Desse modo, é essencial que tanto o professor como o aluno se apropriem de saberes advindos com a tecnologia1. A utilização de mídias no contexto escolar permite a criação de situações de ensino cada vez mais complexas e ricas, possibilitando que a atividade criativa do aluno seja valorizada e que ele possa perceber diferentes formas de aprender novos conhecimentos e de compreender a realidade que o cerca. Assim, o uso de novas tecnologias de informação assume um lugar de destaque no processo de ensinoaprendizagem colaborando para sua dinamicidade e representa uma valiosa estratégia pedagógica capaz de contribuir para a autonomia intelectual do aluno. O curso de Medicina da Universidade Severino Sombra (USS), em Vassouras-RJ, implantou um Projeto Pedagógico2 que propôs a graduação de um médico comprometido com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), atento aos múltiplos aspectos do processo saúde-doença, capaz de valorizar a criação do vínculo com a comunidade e a relevância dos valores humanos no contexto biopsicossocial. Para viabilizar esta formação, adotaram-se inovações pedagógicas, entre as quais, a produção de filmes curta-metragem como atividade curricular do Projeto Ipiranga, desenvolvido na comunidade do bairro de mesmo nome, na periferia de Vassouras, onde os alunos, sob orientação dos Relato de Experiência No bairro Ipiranga, entrecortado pela rodovia BR 393, residem aproximadamente 300 famílias, perfazendo cerca de 800 pessoas8. Neste local, a USS desenvolve o Projeto Ipiranga, no qual os alunos têm a oportunidade de realizar uma prática médica centrada no indivíduo e valorizadora dos cuidados primários em saúde, de compreender a relevância dos determinantes socioeconômicos e ambientais para o adoecimento, de identificar as demandas por ações de educação em saúde e também de desenvolver competências necessárias à resolução da maioria dos agravos que demandam por assistência básica. É este o locus da Pesquisa “Perfil sociodemográfico e condições de saúde de famílias residentes nos bairros Ipiranga e Itakamosi, em Vassouras-RJ”, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da USS em 14/06/2013 (Parecer 308.142 – CAAE 15973913.6.0000.5290), por meio da qual os alunos e os docentes facilitadores do curso de medicina da USS realizam o diagnóstico situacional das condições de saúde dos moradores do bairro. 1. Universidade Severino Sombra, discente do curso de Medicina Vassouras-RJ, Brasil. 2. Universidade Severino Sombra, docente do curso de Medicina Vassouras-RJ, Brasil. 35 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Palavras-Chave: Curta-metragem. Educação. Medicina. Identificada a necessidade de registrar a opinião dos participantes (moradores, alunos, professores facilitadores) acerca das contribuições do projeto para sua qualidade de vida e/ou formação profissional, propôs-se produção discente do curta-metragem “Panorama de atuação no Projeto Ipiranga: percepção dos atores sociais”, uma estratégia de integração de mídias às práticas pedagógicas. Ao gestor educacional coube detalhar a viabilização da interdisciplinaridade propiciada pelo Projeto Ipiranga na estrutura curricular do curso de graduação em medicina da USS. A fim de facilitar a realização do curta-metragem, sua elaboração foi estruturada em três etapas: roteiro, produção e edição. Na estruturação do roteiro, definiuse a duração do curta-metragem (aproximadamente quinze minutos), o conteúdo das perguntas e o critério de seleção dos atores sociais. Certamente, das três etapas, foi a mais trabalhosa. Decidiu-se que todos os que quisessem participar do curta-metragem poderiam fazê-lo, desde que assinassem o termo de autorização de uso de sua imagem. A etapa de produção demandou a ida dos alunos ao lócus do Projeto Ipiranga onde registraram os depoimentos e as ações de saúde realizadas pelos alunos. A terceira e última etapa foi a edição do filme englobando sua sonorização e inserção de textos e legendas. sala de aula com o filme produzido. O aluno ao assistir um filme, além de assimilar os diversos conteúdos abordados na película, vivência as diversas emoções que esta arte nos proporciona. Esta metodologia cria tendências e tem um grande impacto nos acadêmicos, despertando interesses maiores por temas científicos. Evidentemente, ao utilizar este recurso pedagógico, não tradicional, é muito importante que o professor tenha bem definido suas intenções e finalidades para a abordagem do conteúdo programático pertinente. A projeção do curta-metragem teve finalidade estritamente pedagógica, e propiciou que, a partir dos depoimentos os docentes identificassem tanto as potencialidades do projeto como suas fragilidades, para as quais foram planejadas ações de reestruturação. Almejouse que o público presente na projeção, eminentemente acadêmico, conhecesse o empreendedorismo social praticado pela USS, seu compromisso com a qualidade de vida dos munícipes e seu empenho em graduar profissionais aptos a solucionar os agravos prevalentes. Ao realizarem a produção do curta-metragem os alunos se tornam sujeitos integrantes de um processo social e, suas visões de mundo são cada vez mais ampliadas, tendo em vista que vivenciam outras realidades, muitas vezes diferentes das existentes em seu cotidiano, podendo assim, relacionar os conteúdos abordados em sala de aula com o filme produzido. Discussão As Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Medicina3 – DCN – orientam para a formação de um médico generalista, comprometido com a promoção da saúde e prevenção das doenças, dotado de uma visão ética e atento às necessidades da comunidade na qual atua4. A graduação deste profissional exige a compreensão precoce das circunstâncias ambientais, sócio-culturais e econômicas das quais emergem as condições de saúde e seus agravos. Necessário, portanto, propiciar ao aluno de medicina uma visão holística, a mais próxima possível do processo saúde-doença, valorizando-se as ações de promoção e prevenção, tanto quanto as de recuperação e de reabilitação5. Uma das estratégias adotadas no curso de medicina da USS para otimizar a graduação de médicos com este perfil foi a produção discente de curta-metragem, cuja tema fizesse parte do contexto da prática acadêmica. Os autores deste relato concordam com o citado por Assis et al., 2002 de quando os alunos participam da produção, seja nos bastidores ou atuando, eles são sujeitos integrantes de um processo social e, suas visões de mundo são cada vez mais ampliadas, tendo em vista que estarão vivenciando outras realidades, muitas vezes diferentes das existentes em seu cotidiano, podendo assim, relacionar os conteúdos abordados em Referências SERAFIM, M. L.; SOUSA, R. P. Multimídia na educação: o vídeo digital integrado ao contexto escolar. Campina Grande: EDUEPB, 2008. Disponível em < file:///C:/Users/Usuario/Documents/USS/sousa-9788578791247-02. pdf>. Acesso em 15 abr. 2014. UNIVERSIDADE SEVERINO SOMBRA. Projeto Pedagógico do Curso de Medicina. [capturado 30 abr. 2013]; Disponível em http://www.uss.br/ arquivos/graduacao/vassouras/medicina/PPC_MEDICINA_2011_revisado. pdf. BRASIL. Resolução CNE/CES. nº 4, de 7 de Novembro de 2001. Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/Med.pdf> Acesso em 10 abr. 2014. ANDRADE R. O perfil do médico a ser formado no novo projeto de graduação em Medicina. 2010.; Disponível em <http://www.escolasmedicas. com.br/art_det.php?cod=181>Acesso em 9 abr. 2014. ASSIS Jr. P.C.; CASTRO, R.F.; PIO, M.C.S.; SILVA, K.N. Produção de curta-metragem: uma ferramenta para o ensino da química. Anais do 10º Simpósio Brasileiro de Educação Química. Teresina/PI, 2002. Disponível em < http://www.abq.org.br/simpequi/2012/trabalhos/211-9162.html>. Acesso em 12 abr. 2014. 36 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Conclusões Interdisciplinaridade no ensino superior por meio de ações de extensão comunitária – Relato de experiência José Carlos Dantas Teixeira¹, Eduardo Herrera Rodrigues de Almeida Junior¹, João Carlos de Souza Côrtes Júnior¹, Elisa Maria Amorim Da Costa¹, Sebastião Jorge da Cunha Gonçalves¹, Marcos Antônio Mendonça¹, Maria Cristina Almeida De Souza¹, Daniella Nogueira Silva Melo². Resumo A Extensão Universitária é um processo educativo, cultural e científico que articula o Ensino e a Pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre a Universidade e a Sociedade. Suas ações são capazes de promover a interdisciplinares, imprescindíveis à resolutividade da atenção em saúde prestada à população pelos alunos da Universidade Severino Sombra. O objetivo deste resumo é relatar a interdisciplinaridade promovida por meio do Projeto de Extensão “O Universitário Transformador”, desenvolvido no bairro Ipiranga, onde alunos dos cursos de Medicina, Medicina Veterinária e Psicologia realizam ações extensionistas de promoção e recuperação da saúde dos moradores. Introdução como o processo que envolve a integração e o engajamento de educadores em um trabalho conjunto capaz de promover a interação de conteúdos entre si e com a realidade, de modo a superar a fragmentação do ensino, objetivando a formação integral dos alunos a fim de que possam exercer criticamente a cidadania, mediante uma visão global do mundo. O objetivo deste resumo é relatar a interdisciplinaridade promovida por meio do projeto de extensão “O Universitário Transformador”, desenvolvido no bairro Ipiranga, onde alunos dos cursos de Medicina, Medicina Veterinária e Psicologia realizam ações extensionistas de promoção e recuperação da saúde da comunidade. A extensão universitária é uma das funções da universidade que, numa relação de reciprocidade com a comunidade, estabelece a aliança entre o saber empírico e o acadêmico, integrando a produção e a sistematização do conhecimento como um processo de aprendizagem significativa. Nesse contexto torna-se, promotora da interdisciplinaridade através da integração entre ensino, pesquisa e extensão. O Plano Nacional de Extensão Universitária (PNEU) define Extensão Universitária como o processo educativo, cultural e científico que articula o ensino e a pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre a universidade e a sociedade. Atualmente, em conformidade com os princípios e diretrizes do PNEU, nota-se uma tendência em considerar a ação extensionista como um trabalho interdisciplinar que favorece a visão integrada do social, promotora de conhecimento articulado com o ensino e com a pesquisa. A Universidade exerce um papel culminante no que concerne à formação do sujeito, pois tendenciosamente, fragmenta o conhecimento, impondo uma visão tecnicista e positivista dentro dos muros institucionais. Romper com essa tendência fragmentadora e desarticuladora é uma forma de contribuir para novos cenários de saberes, pois a interdisciplinaridade insere-se nos processos de trabalho, no cotidiano das pessoas, aproximando-se de uma necessidade imediata humana devido às inúmeras demandas que são impostas ao sujeito na sociedade contemporânea. A interdisciplinaridade pode ser considerada Experiência contextualizada metodologia aplicada e a Relata-se neste trabalho, a promoção da interdisciplinaridade promovida por meio de ações de extensão universitária. No bairro Ipiranga, na periferia do município de Vassouras residem aproximadamente 300 famílias, que embora disponham de equipamentos sociais, enfrentam adversidades decorrentes de suas condições socioeconômicas. Neste contexto, percebeuse a possibilidade de atuação da USS por meio do Projeto O Universitário Transformador, no qual os alunos dos cursos de medicina, medicina veterinária e psicologia têm a oportunidade de compreender a relevância dos determinantes da saúde para o adoecimento e desenvolver competências necessárias à resolução da maioria dos agravos. 1. Universidade Severino Sombra, docente do curso de Medicina Vassouras-RJ, Brasil. 2. Universidade Severino Sombra, discente do curso de Medicina Vassouras-RJ, Brasil. 37 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Palavras-Chave: Universidade. Extensão Universitária. Interdisciplinaridade. Os alunos do 1.º, 2.º. e 3.º período acadêmico de Medicina são organizados em grupos compostos por um acadêmico de cada um destes períodos, considerandose os níveis de complexidade e densidade das ações a serem realizadas, com o intuito de valorizar a troca de saberes mútuos de acordo com o grau de conhecimento de cada integrante e assim, construir conhecimento interdisciplinar. Recentemente, o projeto conta com participação dos alunos dos cursos de medicina veterinária e de psicologia, ainda em uma etapa piloto de otimização da interdisciplinaridade no ensino. Ao final de cada semestre letivo, os alunos são incentivados a divulgar suas realizações no projeto assim como contribuições de suas ações para a qualidade de vida dos moradores do local. Para tanto, realiza-se na Biblioteca Central da USS uma exposição, na qual cada grupo se encarrega de estruturar um painel autoexplicativo. Adicionalmente, são expostos os materiais educativos produzidos pelos discentes, disponibilizados às secretarias municipais de saúde e de educação para utilização, respectivamente, na sala de espera da unidade ESF e na escola do bairro: jogos da memória, jogos de tabuleiro e folhetos educativos, de autoria dos alunos. Há também projeção de um filme (movie maker) com imagens dos diversos atores sociais envolvidos no projeto, cujo roteiro e edição são de responsabilidade dos alunos, de modo que a comunidade acadêmica e a população do bairro Ipiranga possam conhecer as ações e os resultados do projeto. e popular aponta para produção de conhecimento resultante do confronto entre as realidades acadêmicas e sociais gerando uma democratização do conhecimento e uma efetiva participação da universidade na sociedade. A interdisciplinaridade promovida por meio do desenvolvimento de um projeto de extensão, relatada neste trabalho, representa a incorporação de novas práticas educativas, centradas na construção conjunta de conhecimento de distintas áreas por alunos de diferentes cursos, que têm estimulada a autonomia, a postura próativa na busca por soluções para problemas e o trabalho em equipes compostas por profissionais de áreas afins. A participação dos alunos neste projeto representa uma experiência diferenciada, especialmente por tratarse de vivência que exige trabalho coletivo, participativo e crítico-reflexivo, tendo em vista as necessidades de saúde da população e o preconizado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Medicina; Esta experiência contribui para formação de médicos valorizadores do trabalho em equipe, alicerçado no conhecimento interdisciplinar, imprescindível para resolução dos agravos mais prevalentes na população; A promoção da interdisciplinaridade promovida por meio de ações de extensão universitária permeia a interação entre o ensino e a pesquisa, fortalecendo-a. Resultados e Discussão Referências Colocar em prática no cotidiano universitário ações interdisciplinares se constitui um desafio aos gestores acadêmicos, cientes de que a ação interdisciplinar constitui uma ferramenta necessária para uma política institucional, legitimando uma prática inovadora que estimula a sociedade a pensar, refletir, compreender e agir de forma consciente e preventiva frente aos desafios que se apresentam. A interdisciplinaridade consiste na extrusão de uma ciência dura, dando lugar a mudanças nas matrizes curriculares das escolas no ensino fundamental, básico e superior, como forma de o aluno ser o mediador do seu conhecimento e buscar um domínio das suas investigações, por meio de experiências e parcerias entre diferentes ciências. A Extensão Universitária representa um processo educativo que articula o ensino e a pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre universidade e sociedade, cuja complexa relação revela-se na integração das diferentes áreas do saber ofertadas pela universidade, a partir do princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Considerando este princípio, verificou-se ser possível uma prática interdisciplinar a partir da extensão universitária. A troca de saberes sistematizados entre acadêmico FAZENDA, I.C.A. Interdisciplinaridade. Um projeto em parceria. 5. ed. Rio de Janeiro: Loyola, 2002. DUCH, F.F. Interface Extensão Universitária e Cultura Interdisciplinar. Dissertação (Mestrado). Universidade Braz Cubas. Programa de PósGraduação em Semiótica, Tecnologias de Informação e Educação. Mogi das Cruzes/ SP, 2006. RANGEL, J.N.M.; FERREIRA, I.; NUNES, L.C.; TORRES, M.C.M.B. Caminhos interdisciplinares na odontologia. Rio de Janeiro: Rubio, 2006. BRASIL. Plano Nacional de Extensão Universitária. Disponível em < http://pdi.ufabc.edu.br/wp-content/uploads/2011/09/Plano-Nacional-deExtens%C3%A3o-Universit%C3%A1ria-2011-2020.pdf>. Acesso em 24/04/2014. SANTOS, M.L. Extensão universitária e interdisciplinaridade: uma discussão em torno da universidade contemporânea. Disponível em: <http://www. pucpr.br/eventos/educere/educere2006/anaisEvento/docs/CI-254-TC.pdf> OLIVEIRA, F.N.G.; FRANCO, M.E.D.P.; BARROS, M.M.M. Desafios das políticas da Multi/interdisciplinaridade: desafios contemporâneos das instituições de ensino superior do Brasil. Anais do Simpósio Internacional sobre Interdisciplinaridade no Ensino, na Pesquisa e na Extensão – Região Sul. 2013. Disponível em < http://www.siiepe.ufsc.br/wp-content/ uploads/2013/10/A-Oliveira.pdf>. Acesso em 25/04/2014. 38 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Conclusões Isolamento e avaliação do perfil de suscetibilidade antimicrobiana a partir de urocultura de gatos domésticos Ramona Cristina de Oliveira Batitucci¹, Daiany Aparecida Barboza¹, Thais Velasco Calainho¹, Nádia Rossi de Almeida², Lidiane de Castro Soares², Lilyane da Silva Gomes Francisco³, Amanda Chaves de Jesus4. Resumo O presente estudo teve como objetivo avaliar o perfil de suscetibilidade antimicrobiana a partir da urocultura de felinos. Foram utilizados animais que apresentavam sinais clínicos de doença do trato urinário, e previamente atendidos por médicos veterinários colaboradores, e a urina coletada por cistocentese. A Escherichia coli, o Staphylococcus aureus, Klebsiella sp. e Pseudomonas sp. foram os agentes mais isolados nas culturas. Com exceção do Staphylococcus aureus, os demais agentes mostraram um perfil de resistência superior a 41% aos antibióticos testados. A enrofloxacina e a norfloxacina apresentaram perfil de resistência de 45% e 30% aos agentes isolados. A ampicilina, a eritromicina e a doxicilina não se mostraram eficazes. O imipinem apresentou 100% de eficácia aos agentes isolados. Estes elevados índices de resistência estão intimamente relacionados ao uso indiscriminado de antibióticos na rotina clínica veterinária. Portanto, é imprescindível que seja feito a cultura e o antibiograma, principalmente em casos de uropatias recidivantes. Palavras-Chave: Cultura de urina. Antibióticos. Felinos. Introdução antimicrobianos indicados para o tratamento destas infecções. A doença do trato urinário inferior (DTUIF) é uma síndrome cada vez mais presente na rotina da clínica de felinos e é caracterizada por ser um conjunto de doenças e fatores de riscos. Os principais sinais clínicos associados a essa síndrome são: hematúria, disúria, polaquiúria, estrangúria, periúria associados ou não a obstrução uretral (DOREEN, 2007). A infecção do trato urinário inferior de felinos por bactérias representa 3% das uropatias. As bactérias comumente encontrados são a Escherichia coli, Staphylococcus sp., Streptococcus sp., Enterococcus sp., Pasteurella sp., Klebsiella sp., Proteus sp. e Pseudomonas sp. As infecções podem ocorrer devido a falhas nos mecanismos de defesa local ou recorrentes de um primeiro fator imunossupressor. O trato urinário inferior possui uma variedade de mecanismos para evitar a colonização de bactérias, por isso há baixa prevalência de casos. No entanto, nos últimos anos têm se evidenciado um aumento no número de queixas. Esse aumento pode estar relacionado à multirresistência bacteriana causada pelos mecanismos de defesa e transferência natural de genes e pelo uso inadequado de antimicrobianos de largo espectro. A resistência bacteriana é uma preocupação para a comunidade médica tanto humana quanto veterinária, tornando-se uma questão de saúde pública. É a causa mais conhecida do insucesso no tratamento de diversas afecções, principalmente quando se considera a emergência de bactérias multirresistentes (KINTOPP, 2006). Esse estudo teve como objetivo identificar as bactérias mais presentes nas uropatias felinas e avaliar o perfil de suscetibilidade das mesmas perante aos A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética do Uso no Uso de Animais da USS (CEUA) sob o protocolo 030/2013. Para o estudo foram utilizados 34 gatos domésticos com suspeita clínica de uropatias como obstrução uretral, urolitíase ou cistite, previamente atendidos por médicos veterinários colaboradores. A coleta da urina foi realizada por cistocentese utilizando uma seringa de 10mL conectada a um sistema de extensão com uma torneira de três vias. Os animais foram previamente sedados com quetamina (11mg/Kg/IM) e diazepan (0,4mg/Kg/IM), e feita tricotomia da região abdominal e antissepsia utilizando povidine tópico a 1%. As amostras foram acondicionadas em frasco estéril para a realização da urocultura e refrigeradas à 4oC até o envio ao laboratório de Microbiologia da Universidade Severino Sombra/USS, em um prazo máximo de 24 horas. Para a realização da urocultura, as amostras foram semeadas com auxílio de swabs em placas de Agar Cled e Agar MacConkey e incubadas a uma temperatura de 37°C por 24 horas. Após o tempo de incubação, as placas foram examinadas observando o crescimento das colônias. Valores acima de 1.000 UFC/mL foram considerados como infecção bacteriana. As colônias bacterianas foram identificadas através das características coloniais, morfológicas, tintoriais e bioquímicas (KONEMAN et. al., 2008). Após a identificação os agentes isolados foram submetidas ao teste de suscetibilidade a antimicrobianos pelo método 1. Universidade Severino Sombra, discente do curso de Medicina VeterináriaVassouras-RJ, Brasil. 2. Universidade Severino Sombra, docente do curso de Medicina Veterinária Vassouras-RJ, Brasil. 3. Universidade Severino Sombra, técnica do Laboratório de Microbiologia, Vassouras-RJ, Brasil 4. Médica Veterinária Autônoma 39 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Material e Métodos de difusão em disco de ágar in vitro, utilizando placas com Agar Mueller Hinton pelo método Kirby-Bauer. et al. (2008), a ocorrência de bactérias isoladas nas urinas de gatos resistentes à maioria dos antibióticos veterinários convencionais é elevada, e pode estar relacionada à infecções recorrentes, por isto é primordial refazer a urocultura e antibiograma. Outro motivo que pode justificar o uso indiscriminado de antibióticos na medicina felina é a dificuldade na contenção e manejo destes animais durante o exame físico, fazendo com que alguns médicos veterinários não realizem a cistocentese ou cateterização. Resultados e Discussão A bactéria mais ocorrente no isolamento foi a Escherichia coli, presente em 44% (15/34) das amostras de urina, seguida da Staphylococcus aureus, Klebsiella sp., Pseudomonas e Streptococcus não hemolítico, sendo que em aproximadamente 3% (3/34) das amostras foram isolados Proteus sp, Staphylococcus pseudintermedius e Streptococcus alfa hemolítico. Esta ocorrência bacteriana está de acordo com os dados dos estudos de Reche Junior et al. (1998) e Eggertsdo’ et al. (2007). A E. coli se mostrou resistente a 41% dos antibióticos testados, com uma elevada resistência à cefalexina, doxiciclina, enrofloxacina, norfloxacina e sulfa com trimetropim. Essas drogas são bastante usadas na rotina clínica veterinária. A Klebsiella sp. foi resistente à 32% dos antibióticos testados, o Proteus sp. a 47%, a Pseudomonas sp. a 62%, o Staphylococcus aureus a 27%, o Streptococcus alfa hemolítico a 32% e o Streptococcus não hemolítico a 43% dos antibióticos testados. Um estudo feito por Lees e Rogers (1986) revelou que a E. coli, Staphylococcus spp., Streptococcus sp., Proteus sp., Klebsiella sp. e Pseudomonas sp. são os agentes mais frequentemente isolados em cistites felinas e que o uso de fluoroquinolonas no tratamento podem ter ação in vitro e in vivo contra esses agentes e por isso tem-se preconizado mormente a enrofloxacina na terapia desses pacientes. Pallo-Zimmerman et al. (2010) afirmam que o aumento da resistência às fluoroquinolonas, as quais incluim a norfloxacina e enrofloxacina, provavelmente está relacionada com sua ampla utilização em medicina veterinária bem como a mediação por plasmídeos, que até então acreditava-se não ocorrer nessa classe de medicamentos. Tanto a enrofloxacina quanto a norfloxacina são drogas de eleição para o tratamento de uropatias ser observado no presente estudo, que mostrou uma resistência da enrofloxacina e da norfloxacina em 43% e 30% dos isolados, respectivamente. Apesar de a gentamicina apresentar nefrotoxicidade em felinos, foi observada uma sensibilidade microbiana de 93% (13/14) das amostras. O cloranfenicol é o antibiótico de última escolha em felinos devido ao seu potencial de causar hipoplasia ou aplasia medular (ARAÚJO, 2000). A escolha desse antibiótico no estudo ocorreu em culturas resistentes à maioria dos antibióticos testados. Os isolados apresentaram sensibilidade de 88% (15/18) perante ao cloranfenicol. O Imipinem é um antibiótico de largo espectro não comumente utilizado na Medicina Veterinária, entretanto, o seu uso principalmente é indicado em casos de uropatias recidivantes em felinos. No presente trabalho, os agentes isolados mostraram 100% de sensibilidade a essa droga. Segundo Eldredge Conclusão A E. coli, S.aureus, Klebsiella sp. e Pseudomonas sp. foram as bactérias mais ocorrentes na uroculturas dos gatos. Com exceção do S.aureus, os demais isolados apresentaram resistência superior a 41% perante os principais antibióticos indicados nas uropatias felinas. Referências KINTOPP, L. L. Doença do trato urinário dos felinos associado à obstrução uretral por tampões uretrais e urólitos. Monografia. Curso de Medicina Veterinária. Universidade Tuiuti do Paraná. Curitiba, 2006. KOONEMAN, E. W. Diagnóstico Microbiológico. 6ª edição. 2008. RECHE JR, A.; HAGIWARA, M. K.; MAMIZUKA, E. Estudo clínico da doença do trato urinário inferior em gatos domésticos de São Paulo. Brazilian Journal of Veterinary Reserch and Animal Science, v. 35, n. 2, p. 69-74, 1998. EGGERTSDO, A. R.; KRONTVEIT, H.; LUND, H.; SORUM, H. Bacteriuria in cats with feline lower urinary tract: a clinical study of 134 cases in Norway. Journal of Feline Medicine and Surgery. v. 9, n. 6, p. 458-465, 2007. LEES, G. E.; ROGERS, K. S. Treatment of urinary tract infections in dogs and cats. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 189, p. 648–652, 1986. PALLO-ZIMMERMAN, L. M.; BYRON, J. K.; GRAVES, T. K. Fluoroquinolonas: Then and now. Comp. Cont. Educ. Pract. Vet, v. 32, p. 1-E8, 2010. ARAUJO, I. C.; POMPERMAYER, L. G.; PINTO, A. S. Metabolismo de drogas e terapêutica no gato: revisão. Clínica Veterinária, n. 27. p. 46-54, 2000. 40 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA DOREEN, M. H. Epidemiologia da urolitíase felina. Veterinary Focus, v. 17, n.1, 2007. Patrulheiro Ambiental Elisa Maria Amorim Da Costa¹, Marcos Antônio Mendonça¹ Caio do Canto Mendonça², Aloizio Silva Rezende Neto ², João Alberto Novis Gomes Monteiro ², Thiago Zannon ², Gabriela Mendes de Carvalho², Ohanna de Acácia Vizeu². Resumo Este Projeto se volta para a faixa etária de 8 a 12 anos, abrangendo os estudantes da Escola Municipal de Ipiranga. Seus objetivos são: capacitar Patrulheiros Ambientais para o desenvolvimento de atividades de educação ambiental, gerar materiais educativos e difundir conhecimentos, através de atividades lúdicas e oficinas. Visa possibilitar a melhoria da qualidade de vida e saúde da população . O produto das oficinas, além da capacitação dos patrulheiros é a produção material educativo, para serem utilizados no repassar de informações aos outros alunos, que não pertençam ao grupo dos patrulheiros. Os resultados obtidos no primeiro semestre de implantação do Projeto (2013/2) demonstraram que a mudança de hábitos de uma população é difícil, pois, fica na dependência de múltiplos fatores, além da limitação imposta pelo meio ambiente. Pretende-se evoluir na reciclagem de materiais e nas mini-hortas, na posse responsável de animais e no controle de zoonoses. Introdução centrada apenas na doença e passa a compreender uma visão mais ampliada do conceito de saúde. As razões que motivaram a escolha desta localidade compreendem o fato de ela dispor de um número apropriado de famílias (250), situar-se em área limítrofe com outro município, (Barra do Piraí), ter população assalariada de baixo nível socioeconômico, ficar em região ribeirinha (Rio Paraíba do Sul) e ter fácil acesso aos Serviços da Atenção Básica, porém dificuldades no acesso aos outros níveis de Atenção à Saúde. Destaca-se, ainda, a existência de um conjunto residencial de 35 casas oferecidas pela Prefeitura Municipal há aproximadamente 6 anos, ocupado por famílias que viviam em área de risco. A localidade de Ipiranga apresenta sérios problemas ambientais agravados pelas chuvas e pelas transformações sociais vividas pela população e sofre interferência em relação a sua localização, pois se encontra entre a linha férrea, o Rio Paraíba e morros semi desmatados. A vivência dos jovens nesta localidade é um fator que tem sido utilizado para o melhor entendimento da sua função como transformador do eco-desenvolvimento. Neste sentido, o projeto busca conscientizar à população infantil da importância de suas ações com relação ao seu entorno. Os principais objetivos deste projeto que une pesquisa e extensão podem ser expressos em capacitar agentes multiplicadores mirins (Patrulheiros Ambientais) para o desenvolvimento de atividades de educação socioambiental, gerar materiais educativos e difundir conhecimento e informações a partir da cultura local. O ser humano se distingue dos outros animais pela capacidade de produzir alterações inteligentes na face do planeta, seja para melhorá-lo ou para destruílo. Neste sentido, visando à preservação ambiental tanto em nível macro e micro, se faz necessário que as crianças sejam alvo de projetos de educação socioambiental, já que, em populações vulneráveis socialmente, é muito comum que os próprios moradores contribuam, de forma importante, para o agravamento da precariedade das condições ambientais do local onde habitam. Confiando que a mudança de hábitos é muito mais facilmente realizada na infância que na vida adulta e no poder de convencimento que as novas gerações têm em seus domicílios, este Projeto se volta para a faixa etária de 8 a 12 anos, abrangendo os estudantes da Escola Municipal de Ipiranga. Vassouras, sede da USS, é localizada na região sul fluminense e tem uma população de aproximadamente 33 232 habitantes. De uma maneira especial, este Projeto se desenvolve no distrito de Itakamosi, na subunidade de Saúde da Família localizada em IPIRANGA, considerada área periurbana da sede e é parte da Atividade Curricular dos alunos do primeiro ao terceiro períodos do curso de Medicina que se intitula Projeto Ipiranga. Este Projeto integra atividades de ensino-pesquisa e extensão e tem o objetivo primordial de inserir precocemente o aluno de medicina em atividades extramuros, diversificando os cenários de ensino e contribuindo para a mudança de paradigma da formação médica, que deixa de ser 1. Universidade Severino Sombra, discente do curso de Medicina VeterináriaVassouras-RJ, Brasil. 2. Universidade Severino Sombra, docente do curso de Medicina Veterinária Vassouras-RJ, Brasil. 41 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Palavras-Chave: Meio ambiente. Educação em saúde. Natureza Material e Métodos nas visitas domiciliares feitas quinzenalmente, aos sábados, pelos acadêmicos de medicina. Através de atividades lúdicas e oficinas estão sendo capacitados alunos da escola municipal, com faixa etária entre oito e doze anos para que atuem como patrulheiros ambientais. Alunos do curso de Medicina (primeiro período), sob a supervisão de monitores e professores, atuam como elementos multiplicadores destas atividades educativas preparando as crianças para agirem em suas comunidades. São, principalmente, abordadas questões que permitem a melhoria da qualidade de vida e saúde da população de Ipiranga (convivência com o rio; saneamento; lixo; insetos; doenças ambientais; desmatamento e desenvolvimento sustentável). O produto das oficinas, além da capacitação dos patrulheiros é a produção material educativo, principalmente jogos, para serem utilizados no repassar de informações aos outros alunos, que não pertençam ao grupo dos patrulheiros. Para que haja a motivação dos adultos e aproximação intergeracional os idosos serão, numa segunda fase, incentivados a participar como colaboradores dos jovens patrulheiros. Conclusão Referências Resultados Parciais e Discussão BUSS, PM. Promoção da saúde e qualidade de vida. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 2000, 5: 163-177. Os resultados obtidos no primeiro semestre de implantação do Projeto (2013/2) demonstraram que a mudança de hábitos de uma população é muito difícil, pois, fica na dependência de fatores sociais, econômicos e culturais, além da limitação imposta pelo próprio meio ambiente. O próprio poder público acha dificuldades em prover o saneamento adequado a alguns locais, seja por razões geográficas, seja por questões ligadas à posse da terra ou econômicas. A geografia de Ipiranga impede, em muitos lugares, o plantio de hortaliças (enchentes), o combate a vetores, a correta eliminação dos dejetos, o abastecimento de água potável e a diminuição de poluentes (linha férrea e calçamento com escória). O grande número de animais domésticos, sem as características da posse responsável, contribui para o agravamento das questões sanitárias da residência e predispõe a zoonoses. Foram, no primeiro momento, abordados temas como zoonoses, controle de lixo, esgotamento sanitário, eliminação de vetores, destino correto de lâmpadas fluorescentes e baterias, hortas domésticas, entre outros, visando a satisfação das necessidades básicas de saúde e segurança ambiental nesta localidade. Os jogos criados pelos alunos (jogo da memória e trilha), resultado das oficinas, estão sendo usados para educação em saúde das outras crianças da escola. Os menores que ainda estão fora da escola são orientados GALLO, EA; COSTA, JC; CASTRO, JD; STUDART, V; WILLECKE, S. Saúde, Desenvolvimento e Globalização. Saúde em Debate, v. 29, p. 315326, 2007. LABONTE, R. Estrategias para la promoción de la salud em La comunidad. In: Organización Panamericana de la Salud. Promoción de la salud: una antologia. Washington DC: OPS, 1996, pp. 153-65. (OPS – Publicacíon Científica y Técnica, 557). 42 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA O Projeto, apesar das dificuldades, tem seus méritos reconhecidos, pois, além de permitir a integração ensino-pesquisa-extensão, foi um dos cinco finalistas do 2.º Prêmio Inovação Medical Services Novos Caminhos em Saúde Pública, promovido pelo Laboratório Sanofi-Aventis. No ano de 2014, tem tido suas atividades aperfeiçoadas pela integração com o curso de Medicina Veterinária da USS, pelo uso de novas metodologias de educação em saúde e pela participação dos alunos jovens talentos da FAPERJ, que, certamente, auxiliarão em muito na elaboração de novos materiais educativos e no contato com a escola. Pretende-se evoluir principalmente na reciclagem de materiais e nas mini-hortas em garrafas pet com ervas medicinais e temperos, na posse responsável de animais domésticos e no controle de patologias agravadas por questões ambientais. Resultados preliminares da avaliação dos estagiários de Psicologia Hospitalar sobre a encantadora prática no hospital – Fevereiro a abril de 2014 Juliana Fernandes de Souza¹, Jéssica Fernanda Pizão Soares², Mariana Fernandes de Siqueira da Silva², Núbia Silva Oliveira da Silveira², Tainah Joras Rodrigues Ferreira², Thuany de Souza Mucci Ramalho de Oliveira², Ursula Velasco Rocha². Resumo O fio condutor do trabalho é a avaliação realizada com os alunos estagiários de Psicologia Hospitalar, do curso de graduação em Psicologia da Universidade Severino Sombra, sobre a prática de estágio realizada no atual período (2014.1), já que no cenário de ensino- aprendizagem horizontal os estagiários são atores fundamentais do processo. Os resultados, embora preliminares e parciais, já mostraram uma familiaridade bastante interessante dos alunos com a prática de estágio, além de oferecer para a professora supervisora um rico retorno sobre desafios, encantamentos e dificuldades dos alunos nesse campo de estágio. Algumas palavras, especialmente, traduziram a avaliação dos estagiários estando entre elas desafio, medo, humanização, multidisciplinaridade, respeito, dedicação e pacientes. Introdução Resultados e Discussão A Psicologia Hospitalar é uma área da Psicologia que está em ascensão, especialmente, nos últimos dez anos. Apesar disso, nem todos os cursos de graduação em Psicologia oferecem a disciplina de Psicologia Hospitalar e, menos ainda, a prática dessa possibilidade de atuação dos psicólogos. O estágio supervisionado específico em Psicologia Hospitalar do curso de Psicologia da Universidade Severino Sombra é realizado no Hospital Universitário Sul Fluminense, tendo enfermarias e unidade de hemodiálise como espaços de prática de destaque. É uma modalidade de estágio supervisionado específico, sendo nesse momento, oferecido aos alunos do 8.º ao 10.º períodos. Vale ressaltar a importância da prática de estágio para a formação acadêmica dos alunos, e por isso a preocupação em realizar avaliações contínuas para aprimoramento dessa prática. A partir das respostas dos alunos estagiários, podemos destacar alguns pontos importantes a serem apresentados e discutidos sobre a prática de estágio em um hospital geral. Sobre a importância da Psicologia no hospital os alunos conseguiram perceber os benefícios para os pacientes de uma escuta técnica e diferenciada em um momento de tanta fragilidade como pode ser o momento de uma internação hospitalar. Em relação ao estágio como uma prática atraente apontaram a possibilidade encantadora de “dar voz” aos pacientes e a inquietação em assumir um lugar de intermediador entre paciente, família e equipe quando a comunicação não acontece da melhor forma possível. Respondendo sobre os desafios do estágio, os estagiários sinalizaram a satisfação em levar a psicologia para o espaço do hospital mostrando os benefícios desse entrelaçamento da psicologia com o hospital geral. Pensando as dificuldades dessa prática, os alunos apontaram a presença em um espaço que não é da Psicologia, e que ainda atende ao modelo biomédico. Material e Métodos O estágio supervisionado específico em Psicologia Hospitalar é uma das opções de prática que compõe a matriz curricular do curso de Psicologia. Considerando o processo de educação horizontal, em que o supervisor e alunos estagiários são fundamentais, realizamos uma avaliação durante a atividade de supervisão de estágio para obtermos os primeiros resultados sobre a prática de estágio em Psicologia Hospitalar de 2014.1. O wordle será uma ferramenta utilizada para a apresentação dos resultados. Conclusões O estágio oportuniza ao discente de Psicologia a prática em espaço diferenciado com importância para o mercado de trabalho atual. Os alunos estagiários traduzem em palavras/textos os conhecimentos adquiridos em um período tão curto de estágio. Os alunos estagiários avaliam o estágio através de palavras- 1. Docente, Universidade Severino Sombra, Vassouras-RJ, Brasil. 2. Discente Universidade Severino Sombra, Vassouras-RJ, Brasil. 43 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Palavras-Chave: Estágio. Psicologia. Hospital chave e traduzem, de forma interessante, essa prática: humanização, superação, experiência ímpar, escuta, respeito, medo, multidisciplinaridade, empolgante, desafiador. Referências BARROS, T. M. Doença renal crônica: Do doente e da dimensão familiar.In: MELLO FILHO, J. Doença e Família. São Paulo: Casa do Psicólogo. BRSUCATO, W. L; BENEDITTI, C; LOPES, S. R. A; A prática da Psicologia Hospitalar na Santa Casa de São Paulo. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004. IV JORNADA SEVERINO SOMBRA KNOBEL, E; ANDREOLI, P. B. A; ERLICHMAN, M.R; Psicologia e Humanização: Assistência aos pacientes graves. São Paulo: Atheneu, 2008. 44 Prescrição e descrição do uso de medicamentos entre idosos no Brasil Paulo Sergio Falchi Junior ¹, Bárbara Batista Goulart Portugal ¹, Leandra Duarte Bastos¹, Hemerson Garcia de Oliveira Silva¹, Danilo Henrique Falchi¹. Resumo Com o aumento da população idosa no Brasil, e sua consequente preocupação em relação à saúde do idoso, estudos farmacoepidemiológicos têm ganhado cada vez mais importância para a obtenção de estratégias a serem traçadas a fim de melhorar a qualidade de vida da população idosa. O vasto arsenal terapêutico disponível no mercado brasileiro pode contribuir para o uso excessivo de fármacos, sem que se leve em consideração seus possíveis malefícios, contribuindo ainda para essa situação a busca da recuperação da saúde por meio dos medicamentos. A partir do conhecimento dos fatores que se mostraram associados ao uso de medicamentos, na população idosa, espera-se contribuir para a elaboração de políticas públicas direcionadas ao bem-estar desse grupo. Os resultados obtidos através desse estudo visam ampliar o conhecimento a respeito da utilização de medicamentos pelos idosos, evidenciando a necessidade de aprimoramento da assistência medico-farmacêutica voltada para esse subgrupo da população. Palavras-Chave: Idosos. Medicamentos. Intercorrências Introdução limites de data de publicação dos estudos, ou seja, envolvendo todo o período disponível pelo conjunto de base de dados utilizados. No Brasil, a população idosa, em 2002, perfazia um total de 14,1 milhões de pessoas e projetava-se para 2025 um total de 33,4 milhões. Esse envelhecimento populacional requer a adequação do sistema de saúde às novas necessidades apresentadas pelos idosos. Nesse cenário de envelhecimento populacional e de maior preocupação em relação à saúde do idoso, os estudos farmacoepidemiológicos têm ganhado cada vez mais importância. No Brasil, a utilização de grande número de medicamentos é amplamente observada entre indivíduos com 60 anos ou mais. Dados apontam que os idosos constituem 50% das pessoas que utilizam múltiplos medicamentos. Além disso, é comum encontrar, em suas prescrições, doses e indicações inadequadas, interações medicamentosas, associações e redundância, além do uso de medicamentos sem valor terapêutico. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que mais de 50% dos medicamentos são prescritos ou dispensados de forma inadequada e que 50% dos pacientes, principalmente idosos tomam medicamentos de maneira incorreta levando a alto índice de morbidade e mortalidade. O objetivo deste estudo foi identificar o perfil sócio demográfico sobre o uso de medicamentos por pessoas idosas no Brasil. Além disso, buscou-se refletir o impacto de elementos como interação medicamentosa, prescrição errônea e polifarmácia na saúde do idoso. Material e métodos: foi realizada uma revisão sistemática dos estudos publicados sobre a associação do uso de medicamentos entre a população idosa, sem A prevalência de uso de medicamentos entre a população idosa é bastante elevada (83%) assim como a média de produtos utilizados (3,8). Esse perfil de uso de medicamentos é também comparável aos resultados descritos em países desenvolvidos. Uma maior utilização de medicamentos pela população idosa é esperada em função da maior ocorrência de doenças crônicas nesta faixa etária, mas seu consumo elevado sugere a contribuição do valor simbólico do medicamento, que propicia a medicalização, bem como a baixa frequência de uso de recursos não farmacológicos para o tratamento de problemas de saúde. O vasto arsenal terapêutico disponível no mercado brasileiro, assim como o valor simbólico do medicamento, pode contribuir para o uso excessivo desses produtos, sem que se leve em consideração suas possíveis consequências negativas. Contribui ainda para essa situação a busca da recuperação da saúde por meio dos medicamentos, em detrimento de medidas não farmacológicas. A partir do conhecimento dos fatores que se mostraram associados ao uso de medicamentos, espera-se contribuir para a elaboração de políticas públicas direcionadas ao bem-estar desse subgrupo populacional, que visem à adequação da assistência farmacêutica às suas reais necessidades, promovendo desta forma a racionalização do uso de medicamentos 1.Universidade Severino Sombra, Vassouras-RJ, Brasil. 45 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Resultados e Discussão e, consequentemente, a otimização da terapêutica medicamentosa. Conclusões: o uso de medicamentos entre os idosos assume, cada vez mais, inegável importância como estratégia terapêutica para compensar as alterações sofridas com o processo de envelhecimento ou visando controlar doenças crônicas bastante frequentes na terceira idade, mesmo que outras formas de cuidado sejam incorporadas. Contudo, essa faixa etária é também a que apresenta maior vulnerabilidade aos eventos adversos relacionados a medicamentos, o que se deve a complexidade dos problemas clínicos, à necessidade de múltiplos agentes, e às alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas inerentes ao envelhecimento. Logo, a realização de estudos abrangentes sobre a utilização de medicamentos por idosos, constitui uma demanda importante em nosso país, uma vez que este tema ainda é insuficientemente abordado e os estudos realizados até o momento são restritos a alguns municípios brasileiros. Referências IV JORNADA SEVERINO SOMBRA REZENDE, CRISTIANE DE PAULA; CARRILLO, MARIA RUTH GONÇALVES GAEDE; SEBASTIÃO, ELZA CONCEIÇÃO DE OLIVEIRA. Queda entre idosos no Brasil e sua relação com o uso de medicamentos: revisão sistemática. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 28(12):2223-2235, dez, 2012. DA SILVA, ANDERSON LOURENÇO; RIBEIRO, ANDRÉIA QUEIROZ; KLEIN, CARLOS HENRIQUE; ACURCIO, FRANCISCO DE ASSIS. Utilização de medicamentos por idosos brasileiros, de acordo com a faixa etária: um inquérito postal. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 28(6):10331045, jun, 2012. AZIZ, MARINA MENESES; CALVO, MARIA CRISTINA MARINO; DI ORSI, ELEONORA. Medicamentos prescritos aos idosos em uma capital do Sul do Brasil e a Relação Municipal de Medicamentos. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 28(1):52-64, jan, 2012. MARIN, MARIA JOSÉ SANCHES; CECÍLIO, LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA; PEREZ, ALEXANDRE EDUARDO W. UGOLINI FERRAZOLI PEREZ; SANTELLA , FERNANDO; SILVA, CAMILA BATISTA ANDRADE; FILHO, JOSÉ ROBERTO GONÇALVES; ROCETTI, LIDIANE COLA. Caracterização do uso de medicamentos entre idosos de uma unidade do Programa Saúdeda Família. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 24(7):1545-1555, jul, 2008. DAIANE PORTO GAUTERIO, SILVANA SIDNEY COSTA SANTOS, CHIARA MARIA DE SOUZA STRAPASSON, DANIELLE ADRIANE SILVEIRA VIDAL, DIESSICA ROGGIA PIEXAK. Uso de medicamentos por pessoas idosas na comunidade: proposta de ação de enfermagem. Rev Bras Enferm. 2013 set-out; 66(5): 702-8. SECOLI, SILVIA REGINA. Polifarmácia: interações e reações adversas no uso de medicamentos por idosos. Rev Bras Enferm, Brasília 2010 jan-fev; 63(1): 136-40. 46 Sinais e sintomas clínicos de iam apresentados pelo paciente diabético tipo II - Importância do diagnóstico precoce Wesley T. de Oliveira ¹, André Bonfim ¹, Paula Pita². Resumo Doenças isquêmicas cardíacas são causas prevalentes de morbimortalidade, sendo imprescindível diagnóstico e tratamento precoces.No paciente portador de diabetes mellitus II (DMII), esta síndrome pode manifestar- se com dor leve ou ausente, dificultando diagnóstico precoce.Objetivo:Comparar apresentação clínica do IAM entre pacientes com e sem DMII.Material e Métodos:artigo de revisão, baseado em dados Scielo e Pubmed, ultiliza artigos de 2009 a 2013. Resultados:pacientes diabéticos vivenciaram IAM apresentando dor precordial atípica, ao contrário dos pacientes não diabéticos, que apresentaram algia em 100% dos casos.Discussão:neuropatia autonômica, comum no paciente diabético, causou danos no sistema cardiovascular, reduzindo a intensidade da dor no IAM. Conclusões o IAM, em paciente diabéticos, pode ocorrer com manifestações álgicas leves ou inexistentes; profissionais de saúde devem orientá- los a não protelarem auxílio médico, ao apresentarem sintomas, mesmo minimizados, de IAM; o diagnóstico precoce do IAM é a forma de minimizar principais complicações e de aumentar a sobrevida dos pacientes com DMII. Introdução e atribuíram notas mais baixas para a dor (p<0,001), quando comparados aos pacientes sem DM. Houve diferença significante entre as médias da nota de dor entre os pacientes diabéticos e não-diabéticos (p<0,001). Conclui-se que pacientes diabéticos apresentaram diminuição ou mesmo ausência de dor durante o IAM, quando comparados aos indivíduos não-diabéticos.(4) O tratamento estatístico dos dados foi feito utilizandose o teste de qui-quadrado de Pearson (com correção) ou Fisher. Diabetes pode ser classificado em dois principais subtipos: DM tipo 1 (DM1), de origem autoimune, relacionado à deficiência de in¬sulina; e DM tipo 2 (DM2), resultado de um complexo processo fisiopatológico que culmina com a resistência insulínica.1 O IAM em pacientes diabéticos tem prognóstico ruim, maior risco de reinfarto e pior resposta ao tratamento.(2)A disfunção endotelial é um evento precoce na história natural do diabetes. A integridade na produção de NO, que evidencia a vasodilatação dependente do endotélio. A hiperglicemia é capaz de inativar o óxido nítrico (NO) derivado do endotélio. (3) A ausência ou atipia da dor no IAM, em indivíduos diabéticos descrita na literatura e a dificuldade na avaliação da dor, devido ao seu caráter subjetivo, entre outros fatores, levou-nos a buscar subsídios teóricos para elucidar a questão. Este trabalho, assim, visa avaliar a dor do IAM nesse perfil de indivíduos, considerando sintomatologia associada e a importância de se realizar diagnóstico precoce.1 Um estudo desenvolvido na Unidade de ProntoSocorro (Emergência) e na Unidade Coronariana (UCO) do Instituto do Coração (InCor), do Hospital das Clínicas Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, teve como objetivo comparar a dor do infarto agudo do miocárdio (IAM) entre pacientes diabéticos e não diabéticos. Uma amostra de 80 pacientes com IAM, divididos em 2 grupos com e sem diabetes mellitus (DM), sendo 29% diabéticos e 71% não-diabéticos. Os pacientes com DM referiram ausência de dor (p<0,05) Tabela 1. Resultados referentes à presença de dor. Variável Categoria Sem diabetes Com diabetes Total p*N % N % N % Sim 57 100 20 87 77 96,022 Não - 3 13 3 4 23 100 80 Dor Total 57 - 100 100 p* nível descritivo do teste de Fisher Fonte. Arquivo pessoal A maioria dos pacientes teve dor (96%), sendo que nos pacientes com diabetes 87% tiveram dor, enquanto que no grupo sem diabetes essa porcentagem sobe para 100% (p=0,022). Analisando os 77 pacientes que tiveram dor (Tabela 2), verifica-se que não houve diferença no local da dor (p=1,000), nem em relação à qualidade (p=0,457) e nem relação ao alívio da mesma (p=0,850). Porém, os pacientes com diabetes tenderam a dar notas mais baixas para a dor, quando comparados com os pacientes sem diabetes (p<0,001). 1. Universidade Severino Sombra, Discente, Vassouras-RJ, Brasil. 2. Universidade Severino Sombra, Docente, Vassouras-RJ, Brasil. 47 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Palavras-Chave: Diabetes mellitus tipo II. Infarto Agudo do Miocárdio (IAM). Sinais e sintomas do IAM. Neuropatia autonômica. cardiovasculares, visando à prevenção da doença e de seus agravos (7) Tabela 2. Distribuição dos pacientes com dor, segundo local, nota, qualidade e alívio da dor e presença ou não de diabetes. Local da dor Categoria Qualidade da dor Alívio da dor N Com diabetes % N % Total p*N % Retroesternal 41 72 5 75 56 73 1,0 Outros# 16 28 5 25 1 27 1-7 13 23 7 85 30 39 <0,00 8-10 44 77 3 15 47 61 1 Aperto 33 58 9 45 42 Queimação 11 19 6 30 7 22 Peso+pont 9 16 2 10 1 14 Múltiplos 4 7 3 15 7 10 Medicação 25 44 0 50 35 45 57 100 0 100 Nota da dor Sem diabetes Total Conclusão Conclui-se que o IAM pode ocorrer com manifestações álgicas leves ou até inexistentes em paciente diabéticos. O desconforto álgico é o último evento na cascata de reações de isquemia cardíaca e, sabendo que a dor é atípica nesses pacientes, os profissionais de saúde devem orientá- los a não protelarem auxílio médico, ao apresentarem sintomas de angina, mesmo com intensidade abrandada. Desta forma, trata-se de um estudo de relevância tendo em vista a importância do diagnóstico precoce do IAM para uma correta abordagem terapêutica como forma de minimizar as principais complicações e aumentar a sobrevida dos pacientes com DMII. 540 ,457 0,85 77100 p* nível descritivo do teste de associação pelo qui-quadrado dePearson; # outros locais: mandibular (2 casos), epigástrica (2 casos), membrossuperiores (4 casos) e outros (11 casos). Fonte. InCor, 2000 Referências B. Gomes Aline Tiemi K. Silva Pedro P. M . Diabetes mellitus e coração: um contínuo de risco Quais os alvos contemporâneos de tratamento e como alcançá-los? HUPE, Rio de Janeiro, 2013 Material e Métodos Silvia Avezedo1, Edgar Guimarães Victor2, Dinaldo Cavalcanti de Oliveira3; RevBrasClin Med. São Paulo, 2010 nov-dez;8(6):520 ;Diabetes mellitus e aterosclerose: noções básicas da fisiopatologia para o clínico geral. Trata-se de um artigo de revisão, em que se utilizaram artigos de 2009 a 2013 obtidos através das bases de dados Scielo e Pubmed. Iara Antonia Lustosa Nogueira1, Mabel Fernandes Figueiro2 , Anna Maria Buehler2,.Angioplastia Guiada por Ultrassom Intracoronariano: Metanálise de Ensaios Clínicos Randomizados Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital do Coração2, São Paulo, SP – Brasil http://www.scielo.br/pdf/ abc/2013nahead/aop_5234.pdf.Artigo recebido em 28/10/12; revisado em 24/11/12; aceito em 06/03/13. Discussão Cristina Bergman Triches 2010, Doença cardiovascular em paciente com diabetes mellitus tipo 2:aspecto do manejo clínico e avaliação do angina pectoris como fator de risco para evento cardíaco; http://hdl.handle. net/10183/27751 5- Fernando K. Almeida, Jorge L. Gross,Serviço de Endocrinologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre1; Universidade Federal do Rio Grande do Sul2, Porto Alegre, RS – Brasil; Complicações Microvasculares e Disfunção Autonômica Cardíaca em Pacientes com Diabete Melito Tipo 1 Microvascular. 2011 Todos os artigos pesquisados corroboram com o fato de que pacientes diabéticos podem vivenciar um IAM apresentando dor precordial leve ou ausente ao contrário dos pacientes não diabéticos em que se observa dor em 100% dos casos. Nota- se que, na avaliação da ocorrência de dor durante o IAM (Tabela1), os únicos três pacientes com ausência total de dor eram diabéticos. Com isso verifica-se que 87% dos diabéticos apresentaram dor, enquanto que no grupo sem diabetes essa porcentagem sobe para 100% (p=0,022). O Ministério da Saúde refere que a neuropatia autonômica causa o infarto sem dor e está presente em 50 a 60% dos pacientes com tempo de diagnóstico superior a 20 anos. A frequência de neuropatia autonômica cardíaca (NAC) aumenta com a idade e com o tempo de duração do diabete e faz com que o paciente protele a busca por auxílio médico. (5) A abordagem da educação para o indivíduo com diabetes é a base para um autocuidado consciente, pois previne complicações e melhora a qualidade de vida. ( 6). ) É necessário a implantação de ações de saúde voltadas para um controle efetivo de fatores de risco 6- Cristiano Ferreira dos SantosSuzi Francelina de Freitas dos Santos.O diabetes e suas principais complicações (2012) www.webartigos.com/ artigos/o-diabetes-e-suas-principais 7-Leandra de Gouveia Pacheco Gondim1 Wanderson A diferenciação do infarto agudo do miocárdio entre paciente diabético e não diabético Rev Latino-am Enfermagem 2003 novembro Leandra de Gouveia Pacheco Gondim1 Wanderson A diferenciação do infarto agudo do miocárdio entre paciente diabético e não diabético Rev Latino-am Enfermagem 2003 novembro 48 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Variável ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS Educação e saúde para a qualidade de vida na velhice – Uma ação de extensão multidisciplinar Maria Elisa Carvalho Bartholo ¹, Melissa Manna Marques¹, Nathalye Emanuelle Souza¹, Cristina Toledo¹, Fátima Niemeyer Rocha¹. Resumo A ação de Extensão foi desenvolvida como parte do projeto “Educação e Qualidade Vida na Velhice”, cujas atividades foram realizadas através das Oficinas: “FarmaSaúde - atividades para promoção do uso racional de medicamentos e plantas medicinais”, “Orientação quanto ao Diagnóstico e ao Tratamento de Câncer”, “Envelhecimento e Memória” e “Estresse X Felicidade”. Os temas foram apresentados a partir de breves explanações, seguidas da livre e espontânea participação dos idosos presentes, através de perguntas e comentários, sendo os mesmos incentivados a compartilhar suas experiências e opiniões. Após cada oficina, foram realizadas as medições de glicemia e as aferições de pressão arterial. Introdução disso, os dados do Censo Demográfico do IBGE (2011), de 2000, referem que há cerca de 10 milhões de pessoas da população brasileira com idade superior a 65 anos. Nesse contexto, no âmbito do Projeto de Extensão “Educação e Qualidade Vida na Velhice”, a ação envolveu, como público-alvo, o grupo de velhos que frequenta o Centro de Convivência do Idoso do Município de Vassouras. Objetivou, de modo geral, possibilitar ao velho a compreensão da relação entre qualidade de vida, saúde e educação; e, de modo específico, promover a inclusão do velho a partir da valorização dos seus conhecimentos, experiências, valores e cultura, através de uma escuta interessada e acolhedora de suas experiências cotidianas; estimular os velhos ao compartilhamento de ideias e experiências de vida; introduzir no grupo de velhos algumas noções de cuidados para a saúde pessoal, como na área do controle do estresse; orientar os velhos quanto ao uso racional e correto de medicamentos; proporcionar aos alunos a oportunidade de vivências significativas junto a população de velhos; demonstrar ao aluno a necessidade de um melhor conhecimento das caraterísticas da população de velhos; levar os alunos que participaram da ação a compreender a riqueza de possibilidades de trabalho com a população de velhos em sua futura vida profissional. Estudiosos de diferentes áreas têm investigado a influência recíproca entre a saúde e a qualidade/condições de vida, envolvendo também a educação; mostram que a péssima distribuição de renda, o analfabetismo e o baixo grau de escolaridade e as condições precárias de habitação e ambiente desempenham um papel muito importante nas condições de vida e saúde. Desse modo, a qualidade de vida da população de velhos tem sido avaliada a partir do atendimento tanto à saúde quanto à necessidade da educação permanente. O conceito de qualidade de vida envolve significados que refletem os conhecimentos, as experiências e os valores de indivíduos e coletividades, que se referem ao momento histórico, à classe social e à cultura a que pertencem esses indivíduos. O grupo de estudos sobre qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde (2001) definiu qualidade de vida como “a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”, incluindo seis domínios principais: saúde física, estado psicológico, níveis de independência, relacionamento social, características ambientais e padrão espiritual. O envelhecimento da população é um fenômeno de amplitude mundial. Conforme dados da Organização Mundial de Saúde (2001), em 2025 existirão 1,2 bilhões de pessoas com mais de 60 anos, sendo que os com 80 anos ou mais constituem o grupo etário de maior crescimento. A expectativa de vida da população mundial passará a ser de 73 anos, em 2025 e, no Brasil, as perspectivas para o ano 2030 estão em torno de 25 milhões de velhos; além Material e métodos Foram realizadas as seguintes atividades: - Oficina “FarmaSaúde - atividades para promoção do uso racional de medicamentos e plantas medicinais”. Uma prática da Atenção Farmacêutica, como instrumento de educação em saúde e ambiental, 1.Universidade Severino Sombra, Vassouras-RJ, Brasil. 50 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Palavras-Chave: Educação e Saúde. Qualidade de Vida. Velhice. foi realizada para proporcionar orientação quanto ao uso racional e correto de medicamentos e plantas medicinais, diminuir os problemas relacionados aos medicamentos e a utilização de plantas tóxicas, com medidas de prevenção de doenças e promoção da saúde. As ações executadas envolveram: tirar dúvidas sobre os medicamentos e plantas medicinais (chás); orientar os pacientes quanto ao uso correto dos medicamentos e plantas medicinais; e passar um questionário para proposta de Acompanhamento Farmacoterapêutico. - Oficina “Orientação quanto ao Diagnóstico e Tratamento de Câncer”. A longevidade constitui-se em uma grande conquista da humanidade, devido à melhoria que se observa nas condições gerais de saúde das populações, embora de forma desigual nos diferentes países e contextos socioeconômicos. Uma das mais temidas doenças crônicas não transmissíveis é o câncer, embora apresente possibilidade de cura, quando diagnosticado precocemente. O câncer, sem importar qual seja sua etiologia, aflige milhões de pessoas no mundo, independentemente de classe social, cultura ou religião, e o impacto do diagnóstico, avanços terapêuticos, que possibilitam uma melhora na taxa de sobrevida e qualidade de vida, permanece o preconceito de doença dolorosa, incapacitante e mortal. A incidência dessa doença aumenta demasiadamente com a idade, muito provavelmente porque, com o avançar dos anos, somam-se fatores de risco de tipos específicos de câncer. Para tanto, a oficina buscou o aprimoramento do conhecimento acerca do câncer do grupo de idosos, enfocando os temas de Câncer de Pele, Próstata, Cólon, Mama e de Reto, que são os mais prevalentes na população da terceira idade, abordando sinais e sintomas, fatores de risco e tratamento dessas neoplasias e alertando os idosos sobre prevenção e diagnóstico precoce e para que estes divulguem as informações à população. - Oficina “Envelhecimento e Memória”. Desenvolver habilidades de apreensão, retenção, evocação e reconhecimento de informações de diversas modalidades sensoriais, no idoso, a partir de exercícios programados de memória, auxiliam na melhora do funcionamento dos mesmos nas atividades de vida diária, visando a autonomia do idoso. A atividade envolveu descrever e prescrever exercícios que auxiliem a memória em suas fases (apreensão, retenção, evocação e reconhecimento), com informações sobre as diferentes modalidades sensoriais (audição, visão, tato e gustação) para auxílio na execução de atividades de vida diária com eficácia, assim com no desenvolvimento de potencialidades para solucionar problemas e tomar decisões, visando à autonomia do idoso. - Oficina: “Estresse X Felicidade”. O estresse é um esforço de adaptação realizado pelo organismo, na tentativa de enfrentar situações consideradas ameaçadoras à sua vida e a seu equilíbrio interno, com componentes psicológicos e físicos. É uma reação do corpo e da mente a estímulos ou pressões que exigem da pessoa um grande esforço de adaptação à situação, gerando um alto ritmo de atividades, que o corpo não suporta. Quanto mais a situação durar ou quanto mais grave ela for, mais estressada a pessoa pode ficar. A atividade envolveu a discussão de temas como os sintomas do estresse, a qualidade de vida, os fatores que geram felicidade e o que fazer para combater o estresse, para ter mais qualidade de vida e ser mais feliz. Todas as oficinas foram seguidas da disponibilização de Serviços Farmacêuticos, com aferição de pressão arterial e de glicemia. Estiveram presentes nas 04 oficinas um total de 153 idosos.As atividades desenvolvidas possibilitaram aos velhos uma reflexão sobre a relação entre a qualidade de suas vidas, sua saúde e a necessidade de uma educação continuada. Tendo como ponto de partida os temas trabalhados nas oficinas, observou-se que uma troca de conhecimentos e experiências, evidenciada pelo acolhimento de seus valores e cultura. Inclusive, a Oficina “Estresse X Felicidade”, que não constava no planejamento inicial, foi desenvolvida para atender ao interesse demonstrado pelos participantes em relação ao tema, nas primeiras oficinas. Paralelamente, os alunos que também participaram das oficinas tiveram a oportunidade de viver experiências significativas junto à população de velhos, o que lhes possibilitou um melhor conhecimento de suas caraterísticas e a compreensão da riqueza de possibilidades de trabalho com a população de velhos em sua futura vida profissional. Conclusões A ação de extensão realizada possibilita ao velho, a compreensão da relação entre qualidade de vida, saúde e educação, o compartilhamento de ideias e experiências de vida, pela valorização dos seus conhecimentos, experiências, valores e cultura, através de uma escuta interessada e acolhedora de suas experiências cotidianas, o contato com noções de cuidados para a saúde pessoal, especificamente, nas áreas do controle do estresse, de exercícios para melhorar sua memória, do uso racional e correto de medicamento e noções sobre alguns tipos de câncer. Além disso, proporciona aos alunos, a oportunidade de vivências significativas junto aos velhos, melhorando seus conhecimentos das caraterísticas dessa população, a compreensão da riqueza de possibilidades de trabalho com a população de velhos em seu futuro profissional. Referências IBGE. Diretoria de Pesquisas. Coordenação de População e Indicadores Sociais. Gerência de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica. Brasil: Tábua Completa de Mortalidade – 2010. Brasília, 2011. OMS - ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. The world health report. Genebra, 2001. 51 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Resultados e discussão A orientação e a reflexão como formas de prevenção na adolescência - Quando escolher se torna uma ameaça Adriana Vasconcelos da Silva Bernardino¹, Régis Coelho Bernardino², Francisco Bruno Maciel¹, Marcela Medeiros de Assis Marques Motta¹, Tainah Joras Rodrigues Ferreira¹ Resumo A adolescência representa uma fase crítica do desenvolvimento. Somando-se a isso as transformações aceleradas da vida contemporânea, a instantaneidade temporal, a cultura do consumo e a pulverização das relações coletivas que levam a individualização, obtemos, com frequência, um desmapeamento e a perda de referenciais que se configuram como vulnerabilidade das referências e dos laços socioculturais. Nesse momento se faz imprescindível o desenvolvimento de medidas preventivas que possibilitem as ferramentas necessárias para a tomada de decisões que envolvem as importantes escolhas que se apresentam com a chegada da adolescência. O que o presente projeto se propõe é instituir momentos de orientação e reflexão que proporcionem a discussão de assuntos relacionados à adolescência, possibilitando escolhas conscientes e saudáveis. Em 2013, de agosto à setembro foram realizadas 25 palestras em Escolas Municipais, Estaduais e Particulares da Cidade de Vassouras, atingindo aproximadamente 590 adolescentes. Em 2014 já temos, até o momento, agendadas 45 palestras. Introdução Cia da Polícia Militar de Vassouras. É direcionado aos alunos do Ensino Fundamental II e tem por objetivo promover o oferecimento de ferramentas necessárias para a tomada de decisões que envolvem as importantes escolhas apresentadas ao adolescente como o uso de drogas e suas implicações judiciais, a prática sexual e a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, gravidez e discussões a respeito da concepção atual de intimidade, relacionamento e o uso inadequado da internet e sites de relacionamento. A adolescência representa uma fase do desenvolvimento humano em que se intensificam as produções de projetos de vida e que ganham formas as estratégias e ações para que sonhos se transformem em realidade. Somando-se a isso as transformações aceleradas da vida contemporânea, a instantaneidade temporal provocada pela velocidade tecnológica, que acarreta certa superficialidade na aquisição de conhecimentos, a cultura do consumo, geradora de múltiplas necessidades rapidamente descartáveis, e a pulverização das relações coletivas que levam a individualização, obtemos, com frequência, um desmapeamento e a perda de referenciais que se configuram como vulnerabilidade das referências e dos laços socioculturais (CASTRO, 1998). As transformações aceleradas da vida contemporânea e a crescente complexidade social trazem como consequência as dificuldades de compreender a realidade na sua transformação e a diversidade de formas de existência que se atualizam nas múltiplas redes de valores, afetos, tradições e perspectivas (VALLA & STOTZ, 1996). É nesse contexto que entendemos como relevante instituir um espaço para que os nossos adolescentes possam verbalizar suas dúvidas, angústias e desejos, nos possibilitando o acesso, tão necessário, para disponibilizarmos também as ferramentas adequadas às suas efetivas tomadas de decisões. O presente Projeto a ser apresentado é desenvolvido a partir de uma parceria entre a PróReitoria de Extensão Universitária, o curso de Psicologia da Universidade Severino Sombra e a 4ª. Métodos O Projeto é desenvolvido a partir de contatos, previamente estabelecidos, com as escolas municipais, estaduais e particulares da cidade de Vassouras e regiões circunvizinhas. A partir de então são propostas palestras, oficinas de jogos e visitas de campo, com o objetivo Promover discussões, orientações e a troca de informações sobre os aspectos legais e os efeitos negativos que algumas escolhas erradas (como, por exemplo, o uso de drogas as drogas) exercem sobre a saúde, família e sua condição na sociedade. Resultados e Discussão O referido projeto pretende uma redução, a médio e longo prazo, do número de usuários de drogas na adolescência, da incidência de quadros de DSTs em adolescentes, instituir uma reflexão e novas concepções acerca da fluidez que permeia, atualmente, os relacionamentos afetivos, bem como 1. Universidade Severino Sombra, Vassouras-RJ, Brasil. 2. Policial Militar 10º BPM - 4ª. Cia de Vassouras 52 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Palavras-Chave: Adolescência. Prevenção. Escolhas. a aquisição de conhecimentos que possibilitem uma base mais consolidada à escolha profissional. Teve início em agosto de 2013 e até setembro de 2013, já haviam sido realizadas 25 (vinte e cinco) palestras em escolas municipais, estaduais e particulares das cidades de Vassouras e Barra do Piraí, atingindo um número, aproximado de 590 adolescentes. Em 2014, o projeto encontra-se em andamento com cerca de 50 palestras agendadas até maio. Conclusões IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Novas parcerias têm sido estabelecidas como, por exemplo, com o Conselho Tutelar de Vassouras; a divulgação e aceitação do Projeto, por parte de profissionais e adolescentes, tem se mostrado cada vez maior através da solicitação e procura que aumentaram, significativamente em 2014; alguns adolescentes e profissionais da Educação têm se reportado à equipe executora do projeto com relatos de experiências que apontam para uma reflexão continuada dos temas propostos, confirmando que a efetiva prevenção têm sido alcançada. Referências CASTRO, L. R. (Org.) Infância e adolescência na cultura do consumo. Rio de Janeiro - RJ. Nau, 1998. VALLA, V. V. & STOTZ, E. N. (Orgs.). Educação, saúde e cidadania (2 ed.). Petrópolis - RJ. Vozes, 1996. 53 A participação da família na educação Jaqueline Monsores¹, Paulo Cesar Pereira² Resumo Na parceria família/escola, estas precisam sempre estar em sintonia para que o aluno se sinta protegido por ambas e assim tenha um bom rendimento escolar e desempenhe bem suas atividades. O argumento da escola como a instituição mais transformadora da sociedade e promotora da cidadania é um dos mais conhecidos e utilizados. Entretanto, embora prevista, a participação da família na vida educacional dos alunos, não é uma constante, seja pela ausência ou pela qualidade do acompanhamento. Este trabalho teve como como objetivo de investigar as formas de participação da família na vida escolar de seus filhos, abordando a importância de sua presença para diminuir os problemas encontrados. A pesquisa foi realizada em quatro escolas de ensino médio e fundamental e localizadas em Paty do Alferes e Miguel Pereira. Foram entrevistados pais e professores e discutidos os resultados. Verifica-se um grande desencontro entre pais e professores, em relação à participação da família na vida escolar, que necessita ser estudado com maior atenção. Evidencia-se a necessidade de ações afirmativas. Palavras-Chave: Educação. Família. Administração pública. Introdução Vivemos extensas modificações no cenário político e social do Brasil, e a Educação sempre foi entendida como a estrutura que modela a sociedade e o meio pelo qual as verdadeiras transformações deveriam ocorrer e permanecer em um estado de permanente evolução, pois sociedade e educação são fenômenos dinâmicos. Para que toda a sociedade possa contribuir com melhorias para a Educação, e esta refletir o desejo da sociedade, não pode estar em condição de isolamento, em seus objetivos de ensinar e educar. Educação é o “processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral da criança e do ser humano em geral, visando à sua melhor integração individual e social”. Educação engloba os processos de ensinar e aprender. É um processo pelo qual uma pessoa é estimulada para que desenvolva suas capacidades cognitivas e físicas para poder se integrar plenamente na sociedade que a rodeia. A educação denominada “formal” é aquela efetuada por professores profissionais. Esta se vale das ferramentas que postula a Pedagogia para atingir seus objetivos. Em geral, esta educação costuma estar dividida segundo as áreas do saber humano para facilitar a assimilação por parte do educando. Segundo Tiba (1996, p.178), a educação familiar é um fator bastante importante na formação da personalidade da criança desenvolvendo sua criatividade ética e cidadania refletindo diretamente no processo escolar. A família é essencial no desenvolvimento da sociabilidade, da afetividade e do bem-estar físico dos indivíduos, sobretudo durante o período da infância e da adolescência. A importância da primeira educação é tão grande na formação da pessoa que podemos compará-la ao Material e Métodos O estudo consistiu, além da revisão da literatura, a respeito da participação da família na vida escolar. Foram utilizadas entrevistas estruturadas através de formulário aplicados com pais e professores. Os dados foram tabulados e estabelecidos as proporcionalidades das respostas. O questionário foi aplicado aleatoriamente aos pais e professores, 4 escolas, sendo 2 em Miguel Pereira e 2 em Paty do Alferes, no Estado do Rio de Janeiro. A pesquisa foi feita desde o ensino básico (alfabetização), até o ensino fundamental (1.º ao 9.º ano), que são primordiais para a formação do indivíduo. Os participantes foram abordados no ambiente da escola, em horários e dias variados. Após a explicação do tema e objetivo, foi fornecido o formulário, que não permitia a identificação do participante, e este foi respondido reservadamente por cada um deles. Resultados e Discussão Os resultados mostram que os pais reconhecem que a escola é uma instituição que passa as informações para formar indivíduos capacitados (78%), e que 1. Universidade Severino Sombra, graduanda em Tecnologia em Gestão Pública Vassouras-RJ, Brasil. 2. Universidade Severino Sombra, Mestre em Ciências Ambientais pela Severino Sombra, Docente, Vassouras-RJ, Brasil. 54 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA alicerce da construção de uma casa (Prado,1981, p.52). Este trabalho tem como objetivo analisar os principais fatores que causam a ausência da família na vida escolar de seus filhos e foi desenvolvido com a revisão bibliográfica de assuntos correlatos, e por pesquisa exploratória, em que se ouviu aos pais e professores, tentando identificar as formas de participação da família no processo educacional de seus filhos. poderiam participar mais da escola, se houvesse encontros mensais para se informar sobre tudo o que acontece naquele espaço (52%). Para os professores, os pais julgam que somente a escola é responsável pela vida escolar dos filhos (58%) e que a escola promove pouco frequentemente a vinda dos pais à escola (69%). O estudo globalmente mostra dissenções na percepção de pais e professores, sobre a função da escola e sobre a participação dos pais na vida escolar. SANTOS, Flávio Reis. Políticas Públicas de Educação e Participação da Família na Formação Escolar dos Filhos. Itinerarius Reflectionis (Online), v. 2, p. 1-16, 2011. SZYMANSKI, Heloisa. A relação família/escola: desafios e perspectivas. Brasília: Plano, 2001. V.; LIMA, L. R. A participação da família na escola: contribuições à democratização da gestão. Retratos da Escola, v. 3, p. 239-252, 2009. VARANI, A.; SILVA, D. C. A relação família - escola: implicações no desempenho escolar dos alunos dos anos iniciais do ensino fundamental. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, v. 91, p. 511-527, 2010. Conclusões IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Conclui-se, a partir da pesquisa, que existe um grande desencontro entre família/escola. Pais dizem que comparecem a escola e que ajudam nas tarefas de casa, mas os professores não dizem o mesmo. A análise de resultados apontou divergências da percepção de um mesmo fato entre os pais e professores, e fica a sugestão para um estudo mais aprofundado no futuro, com metodologia específica para verificação da fonte dessas divergências. Ao final, fica claro que o Estado necessita criar políticas públicas eficientes e eficazes, que incentivem a relação pais/escola/alunos, criando elos e pactuações, aumentando o encontro e companheirismo, com foco no resultado do processo educacional e da promoção da cidadania, e da busca de Educação de Qualidade. Referências ARANTES, J. R. T. Participação da família no contexto escolar. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) - Universidade Estadual de Londrina. Londrina. 2010. BENTES, C. R. A.; SOARES, A. V.; COLARES, M. L. I. S. Família e Escola: Uma Proposta para Gestão Compartilhada. Cadernos ANPAE, v. 13, p. 01-07, 2012. BRASIL Câmara de Educação Básica. Resolução n. 1, de 07 de abril de 1999:Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Disponível em:<http://www.mec.gov.br>. Acesso em: 19 Fev. 2014. BRASIL Câmara de Educação Básica. Resolução n. 3, de 26 de junho de 1998:Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Disponível em:<http://www.mec.gov.br>. Acesso em: 19 Fev. 2014. BRASIL Lei n. 10.172/01 – Plano Nacional de Educação. Disponível em:<www.planalto.gov.br>. Acesso em: 19 Fev. 2014. BRASIL, LDB. Lei 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em < www.planalto.gov.br >. Acesso em: 19 Fev. 2014. CHAVES, Patrícia do Valle; PEIXOTO, Cláudio Ramos (Orient.). A importância da família na formação da identidade da criança. Vassouras, RJ: 2008. 1 CD-ROM TCC (Graduação em Psicologia) - Universidade Severino Sombra, Vassouras, 2008 CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Câmara de Educação Básica. Resolução n. 2, de 02 de abril de 1998: Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental. Disponível em:<http://www.mec.gov. br>. Acesso em: 19 Fev. 2014. POLONIA, A.C.; DESSEN, M.A. Relações Família e Escola. Disponível em: http://repositorio.bce.unb.br/bitstream/10482/6226/1/ARTIGO_ BuscaCompreensaoRelacoesFamiliaEscola.pdf, em 13 de junho de 2011. 55 As dificuldades do pequeno agricultor e da agricultura familiar em Paty do Alferes-RJ Clovis Michaeli dos Reis¹, Paulo Cesar Pereira² Resumo Desde o início da humanidade, a agricultura de base familiar se destacava como uma das primeiras profissões a serem executadas, pois seu objetivo era a subsistência, ou seja, a família tinha a responsabilidade de produzir seu próprio alimento para a sobrevivência. Com o passar dos anos, o homem, através das colonizações, descobre novas terras, e por sinal terras férteis, no caso do Brasil, onde os portugueses se implantaram e povoaram esta nação, dominando índios e importando negros da África, impondo o trabalho escravo que na maioria das vezes era voltado para a agricultura. Da mesma forma o município de Paty do Alferes-RJ construiu o dístico de “Terra do Tomate”, com forte base na agricultura familiar. Esta vem se degradando economicamente e promovendo o êxodo rural e o risco social. Este trabalho tem como objetivo caracterizar a evolução e o desenvolvimento da agricultura familiar no município de Paty do Alferes-RJ, bem como analisar a representatividade da agricultura familiar na economia local e as principais dificuldades enfrentadas em mantê-la e escoar a sua produção. Introdução Frontin, Mendes, Miguel Pereira, Paraíba do Sul, Sapucaia, Três Rios e Vassouras. O município tem uma área total de 318,8 quilômetros quadrados, correspondentes a 10,5% da área da região centro-sul fluminense. Em 2010, de acordo com o Censo, Paty do Alferes tinha uma população de 26.359 habitantes, com uma proporção de 94,7 homens para cada 100 mulheres. A densidade demográfica era de 82,6 habitantes por km², contra 89,5 habitantes por km² de sua região. A taxa de urbanização correspondia a 70,5% da população. Em comparação com a década anterior, a população do município aumentou 5,7% (TCE-RJ, 2012). O objetivo deste trabalho é pesquisar as principais dificuldades em manter a sustentabilidade econômica das famílias pela agricultura familiar no município de Paty do Alferes, dando ênfase ao histórico agrícola do município, e identificar as causas do seu esvaziamento e êxodo rural. Com o fim da escravidão, muitas famílias se organizaram para plantar e cultivar seus próprios alimentos. Com o passar dos anos essa forma de sobrevivência ganha notoriedade e os produtos que antes eram de subsistência, passam a ser comercializados dando oportunidades de adquirirem bens e investirem em suas lavouras, consequentemente aumentando suas rendas. O setor agropecuário familiar faz parte da história do Brasil e da própria humanidade. Sua influência foi reduzida ao longo dos séculos, devido ao desenvolvimento tecnológico do próprio setor agropecuário e dos outros setores produtivos da economia. Desse modo, paulatinamente, o termo familiar tem sido associado a passado, atraso e pouca significância. Entretanto, o mundo contemporâneo colocou o sistema familiar de produção dentro de um contexto socioeconômico próprio e delicado, haja vista, que sua importância ganha força quando se questiona o futuro das pessoas que subsistem do campo, a problemática do êxodo rural e, consequentemente, a tensão social decorrente da desigualdade social no campo e nas cidades (GUILHOTO, 2006). O segmento da agricultura familiar apresenta características específicas na sua organização, como a utilização de mão-de-obra familiar, menor dimensão territorial da unidade produtiva e a lógica ou racionalidade camponesa está voltada em atender as demandas da própria família e não, de imediato, as necessidades do mercado (FINATTO, 2008). Paty do Alferes pertence à região centro-sul fluminense, que também abrange os municípios de Areal, Comendador Levy Gasparian, Engenheiro Paulo de Material e Métodos Trata-se de uma abordagem qualitativa que tem como método o estudo de caso. Inicialmente, está previsto a revisão teórica tendo como categorias centrais: agricultura familiar e arranjos produtivos locais. Serão realizadas entrevistas com produtores, lideranças locais, gestores municipais e outros atores que forem considerados relevantes durante a pesquisa. Resultados e Discussão Pádua, (2013, apud GAVIOLI e COSTA (2011) e CAUME (2003) justifique que durante os anos de 1960 e 1970, a agricultura no Brasil passou por uma 1. Universidade Severino Sombra, graduando em Tecnologia em Gestão Pública Vassouras-RJ, Brasil. 2. Universidade Severino Sombra, Mestre em Ciências Ambientais pela Severino Sombra, docente, Vassouras-RJ, Brasil. 56 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Palavras-Chave: Políticas públicas. Agricultura familiar. Arranjos produtivos locais. intensa transformação em busca da modernização com o apoio estatal, gerando a incorporação de práticas agroquímicas e motomecânicas de produção, de forma que o setor agrícola se integrasse cada vez mais com o setor industrial. Porém, essa modernização rural resultou em um modelo de desenvolvimento socialmente excludente e ecologicamente predatório, representando a marginalização social, econômica e política de muitos agricultores familiares que se viram obrigados a migrar para os centros urbanos. A agricultura familiar é de extrema importância para o desenvolvimento do município, tanto na geração de renda das famílias envolvidas, como na produção de alimentos e na redução do êxodo rural, além do favorecimento do emprego de práticas produtivas ecologicamente mais equilibradas, como a diversificação de cultivos e a diminuição da utilização de insumos industriais, conforme defende Gomes (2004). Por meio do apoio de políticas agrícolas, os agricultores podem desempenhar papéis em favor da preservação ambiental, da coesão social, do equilíbrio territorial e da qualidade de alimentos, entre outros (PÁDUA, 2013). IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Conclusões As políticas públicas devem dar ênfase ao desenvolvimento humano e a proteção social, e a fim de identificar os motivos que levam ao empobrecimento e a ampliação dos riscos sociais é necessário traçar o perfil dos segmentos sociais envolvidos. A delimitação do espaço ocupado pela agricultura familiar no amplo contexto da economia local pode auxiliar a criação de alternativas que visem à manutenção, ou mesmo, à melhoria da feição familiar, buscando a tão alvejada sustentabilidade deste tipo de ocupação, em especial em municípios historicamente ligados a esta modalidade de produção. Referências FINATTO, Roberto Antônio ; SALAMONI, G. . Agricultura Familiar e Agroecologia: perfil da produção de base agroecológica do município de Pelotas - RS. Sociedade & natureza (UFU. Online), v. 20, p. 199-217, 2008. GOMES, I. Sustentabilidade social e ambiental na agricultura familiar. Revista de biologia e ciência da terra, v. 5, n. 1, 2004. GUILHOTO, J. J. M. ; SILVEIRA, F. G. ; ICHIHARA, S. M. ; AZZONI, C. R. . A Importância do Agronegócio Familiar no Brasil. Revista de Economia e Sociologia Rural (Impresso), v. 44, p. 355-382, 2006. PADUA, J. B. ; SCHLINDWEIN, M. M. ; GOMES, E. P . Agricultura familiar e a produção orgânica: uma análise comparativa considerando os dados dos Censos de 1996 e 2006. Interações (UCDB), v. 14, p. 225-235, 2013. TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Estudos Socioeconômicos dos Municípios – Edição 2012. Disponíveis no sítio http:// www.tce.rj.gov.br. 57 Gestão de pessoas na administração pública Luna Braga¹, Paulo Cesar Pereira². Resumo A administração pública em busca de seu objetivo primordial de prestar melhores serviços à população, deve estar atenta às relações entre valores, motivação, comprometimento, desempenho e recompensas, de sua força de trabalho. Nas instituições subnacionais, em especial nos pequenos municípios, a percepção da força de trabalho que representam os servidores, ainda é incipiente, pois ainda permanecem, em sua maioria, as práticas patrimonialistas e com forte viés político na condução da Gestão, incluindo aí a Gestão de Pessoas. Este trabalho tem como objetivo obter uma melhor compreensão de como estão estabelecidos os valores de foco nos resultados, transparência da liderança e promoção do clima organizacional em um prefeitura de uma cidade do interior do Estado do Rio de Janeiro. A metodologia adotada foi quantitativa tendo sido entrevistados trinta funcionários públicos e que utilizando um questionário baseado no método Likerty, evidenciou o estado da arte, em relação as práticas de liderança e clima organizacional. O estudo concluiu que existe a necessidade de investimentos organizacionais a fim de promover o desenvolvimento dos servidores em relação ao foco nos resultados e melhoria do clima organizacional, pela transparência da liderança e qualificação da força de trabalho.. Palavras-Chave: Administração pública. Gestão de pessoas. Clima organizacional. Introdução sobre os aspectos da comunicação e transparência das lideranças no âmbito de seus locais de trabalho. O setor público tem passado por grandes mudanças na busca de resultados. Para se modernizar não basta mudar as formas de organização, é necessário conceder ao servidor a oportunidade de conhecimento para que ele se adeque às novas demandas. Cada servidor precisa acompanhar as mudanças que o cercam, precisa ser impulsionado a buscar conhecimento, novas habilidades e aptidões. Estamos em uma sociedade competitiva, buscando inovação e oportunidades. O servidor precisa estar adequado às novas demandas. Cargos e salários melhores, por si só não fazem com que os servidores se esforcem e busquem se aprimorar, é necessário outras motivações para que eles continuem suas tarefas. A Gestão de Pessoas é um dos pontos mais importantes da organização. Sem as pessoas a organização não se desenvolve e não beneficia outras pessoas com seus produtos ou serviços. Sem organização e sem pessoas, certamente não haveria Gestão de Pessoas (CHIAVENATO, 2009). Por isso, é indispensável que se desenvolva um bom relacionamento de todos na organização, onde possam se envolver e contribuir para este crescimento. Uma boa gestão de pessoal inclui falar a verdade e escutar com sinceridade, inspirar, ajudar no desenvolvimento dos colaboradores, celebrar conquistas e compartilhar resultados. E cuidar, compreendendo que as pessoas também têm vida pessoal. O presente trabalho tem por objetivo, a partir da revisão dos autores que tratam da gestão de pessoas, e o estado atual do tema na Administração Pública, identificar as percepções de servidores municipais O estudo consistiu além da revisão da literatura do levantamento das percepções de servidores municipais a respeito da comunicação e transparência das lideranças a que estão subordinadas. Foi utilizada entrevistas estruturadas através de formulário com oito questões, com respostas classificadas pela Escala Likerty (PARO, 2013). Os dados foram tabulados e estabelecidos as proporcionalidades das respostas, relacionando ás funções e tempo de trabalho declarado pelo pesquisado. O questionário foi aplicado aleatoriamente aos servidores da Prefeitura Municipal de Miguel Pereira, no período de janeiro a março de 2014. Estes foram abordados no ambiente de trabalho, em horários e dias variados. Após a explicação do tema e objetivo, foi fornecido o formulário, que não permitia a identificação do servidor, e este foi respondido reservadamente por cada um deles. Resultados e Discussão Pelos resultados tabulados,12% são indiferentes quanto a forma que as metas e objetivos são passadas. Vê-se também que 42% discordam da forma e 46% concordam que as metas são passadas de forma clara e objetiva. Quando questionados sobre a comunicação 1. Universidade Severino Sombra, graduanda em Tecnologia em Gestão Pública Vassouras-RJ, Brasil. 2. Universidade Severino Sombra, Mestre em Ciências Ambientais pela Severino Sombra, docente, Vassouras-RJ, Brasil. 58 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Material e Métodos que demonstre transparência administrativa, os resultados foram parecidos. Com 42% discordaram da transparência e 46% concordaram que realmente há essa comunicação transparente. No Gráfico 3, vemos que 50% dos funcionários tem a certeza de que os resultados obtidos é o esperado pela empresa, 35% discordam dessa afirmação e 15% é indiferente ao fato. Em relação a motivação vemos que 50% dos funcionários não são motivados dentro da instituição, 39% se sentem motivados a contribuir entre as partes, enquanto 12% é indiferente e 54% discordaram sobre haver motivação de seu líder em suas tarefas enquanto 39% se sentem motivados pelo seu líder. Quando avaliado se há liberdade na execução de suas tarefas 4% se mostraram indiferentes ao fato, 42% discordaram de haver liberdade em suas tarefas e 53% se sentem livres para executar suas tarefas com liberdade. A maioria dos participantes concorda que os conflitos são resolvidos no momento em que aparecem, vemos 58% concordam, 39% não concordam e 4% são indiferentes. Em relação a capacitação encontra-se que 54% não acham que há capacitação para suas tarefas na instituição, 19% é indiferente a isso e 27% concorda que há qualificação para suas atividades. NEZ, E. Desenvolvimento de liderança no serviço público. Gestão em foco - UNISEPE 2008. OLIVEIRA, José Arimatéa de. Gestão de pessoas no setor público / José Arimatés de Oliveira, Maria da Penha Machado de Medeiros. – Florianópolis Departamento de Ciências da Administração / UFSC; [Brasília] : CAPES : UAB, 2011. PARO. B . . A escala Likert – Coisas que todo pesquisador deveria saber. Disponível em http://www.netquest.com/br/blog/a-escala-likert-coisas-quetodo-pesquisador-deveria-saber/ Acesso em 13\03\2014 SURVEY MONKEY. A escala de Likert explicada. Disponível em https:// pt.surveymonkey.com/mp/likert-scale/. Acesso em 13/03/2014 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA VIEGA, S. Como utilizar a Escala de Likert em análise estatística. Disponível em: http://educacao.umcomo.com.br/articulo/como-utilizar-aescala-de-likert-em-analise-estatistica-402.html#ixzz2vvu32NAi. Acesso em 10/01/201 Conclusões O entendimento das relações de trabalho há anos vem sido transformada. A força de trabalho das organizações há tempo deixou de ser considerada como apenas um recurso substituível. Ao contrário, é entendida como um dos principais ativos das organizações. E como ativo, deve ser cuidado a fim de permanecer mobilizado para o desenvolvimento da organização, com permanente investimento em sua qualificação e envolvimento. Na administração pública, que tem aspectos próprios de gerência de pessoas não pode ser diferente, e a pesquisa realizada evidencia que a instituição necessita de realinhamento organizacional, a fim de valorizar estes ativos. Referências CHIAVENATO, Idalberto. ADMINISTRAÇÃO HUMANOS, 2009, v. 142 e 143, p. DE RECURSOS CRUZ, Patrícia Nassif da. Desenvolvimento de Pessoas no Setor Público: novo modelo de gestão. In: Simpósio: Excelência em Gestão e Tecnologia, 2004, Resende. CD Room FJB, 2004 AÇÃO FEA/USP, 2007. FERREIRA, M. R. L.; GOMES, F. P.; ARAUJO, R. M. GESTÃO DE PESSOAS NO SETOR PÚBLICO: Um Estudo dos Níveis de Conflito a partir da Visão Interacionista. 2008. MUNCK, Luciano. SOUZA, R. B.; MUSETTI MUNCK, M.G. Gestão de pessoas por competências: análise de repercussões dez anos pós-implantação. RAM. Revista de Administração Mackenzie (Impresso), v. 12, p. 4-52, 2011. 59 Gestão de resíduos eletrônicos em organizações públicas Mauro Martins¹, Paulo Cesar Pereira². Resumo No Brasil, como em todo o mundo, a questão ambiental tornou-se tema preocupante para a humanidade. O desenvolvimento tecnológico ocorrido nas últimas décadas levou a humanidade a uma condição de conhecimento e comunicação como nunca havia experimentado anteriormente. Entretanto, a velocidade e as pressões do mercado, levam ao descarte de grande quantidade de material impactante ao meio ambiente. Os Resíduos eletroeletrônicos possuem grandes quantidades de metais pesados, que destinados de forma incorreta podem acarretar diversos e graves problemas (Silva, 2007). O objetivo deste estudo é verificar as práticas utilizadas pela administração pública local em relação a destinação dos resíduos eletroeletrônicos, elaborando para isso o levantamento dos principais riscos ambientais e danos à saúde pública causados por esses resíduos, os aspectos da legislação ambiental vigente em relação ao tema, e a aplicação da Lei 12305/2010 que obriga a estruturação de sistemas de logística reversa para a cadeia produtiva de produtos eletroeletrônicos. Introdução A Lei 12305/2010 instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, e estabeleceu as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis (BRASIL, 2010). A citada lei estabelece em seu Artigo 33 que produtos eletroeletrônicos e seus componentes, sejam objeto de sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, devendo os consumidores efetuar a devolução após o uso, aos comerciantes ou distribuidores, dos produtos e das embalagens a que se referem os incisos I a VI do caput, e de outros produtos ou embalagens ,objeto de logística reversa (BRASIL, 2010). Como consumidor destes produtos, a Administração Pública, que tem por um dos princípios jurídicos a responsabilidade objetiva por seus atos, consagrada no artigo 37, parágrafo 6° da Constituição Federal (BRASIL,1988) que prevê a responsabilização do Estado, estipula os sujeitos ativos e passivos, além do direito de regresso nos casos previstos, pelo Código Civil, em seu Artigo 43., as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviço público respondem pelos atos de seus agentes - desde que exercidas em suas funções ou a pretexto de exercê-las e mais recentemente pelo DECRETO N.º 5.940, DE 25 DE OUTUBRO DE 2006 , que instituiu a obrigatoriedade da separação e a sua destinação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta (BRASIL, 2006). O objetivo do trabalho é identificar as práticas No Brasil, como em todo o mundo, a questão ambiental tornou-se tema preocupante para a humanidade, deixando ser de interesse apenas de ambientalistas ou pessoas vinculadas às questões ecológicas, para ser vista como uma problemática que perpassa toda a sociedade (OLIVEIRA, s/d). O crescimento da população gera um excedente de subprodutos de suas atividades que supera a capacidade de adaptação do meio ambiente, o que pode representar uma real ameaça à biosfera. O potencial de reaproveitamento que os resíduos representam, somado a um fator de interesse mundial que é a preservação ambiental e promoção do desenvolvimento ecologicamente sustentável, impulsiona a necessidade de reverter essa situação (ANDRADE, 2002). Na sociedade contemporânea, o consumo elevado, o ritmo acelerado da inovação e a chamada obsolência programada fazem com que os equipamentos eletrônicos se transformem em sucata tecnológica em pouco tempo(SILVA,2007). Resíduos de equipamentos eletrônicos são o grupo de resíduos de mais rápido crescimento em muitos países. Em 2012 ocorreram vendas globais de novos equipamentos incluídos 238.500.000 televisores, 444.400.000 computadores e tablets, e 1,75 bilhão de telefones móveis. Todos estes produtos eletrônicos se tornam obsoletos ou indesejados, muitas vezes dentro de 1-3 anos após a compra. Este volume enorme de resíduos deverá continuar crescendo 8% ao ano, por tempo indeterminado (GAO, 2012). 1. Universidade Severino Sombra, graduando em Tecnologia em Gestão Pública, Vassouras-RJ, Brasil. 2. Universidade Severino Sombra, Mestre em Ciências Ambientais pela Severino Sombra, docente, Vassouras-RJ, Brasil. 60 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Palavras-Chave: Resíduos eletrônicos. Ambiente. Administração pública. adotadas pelas organizações públicas no gerenciamento dos resíduos eletrônicos produzidos, evidenciando as políticas de redução da produção, a destinação para reciclagem e a redução de impactos ambientais. BRASIL. DECRETO N.º 5.940, DE 25 DE OUTUBRO DE 2006. Institui a separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26 out 2006. Material e Métodos BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988. BRASIL. LEI Nº 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010.Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 03 ago 2010. A pesquisa será realizada através de questionários fechados e autoaplicáveis, diretos com servidores públicos dos Poderes Executivo e Legislativo do Município de Vassouras, Rio de Janeiro, a fim de obter dados sobre alguns aspectos envolvidos na produção, separação e destinação dos resíduos eletrônicos produzidos nestas organizações. BRASIL. LEI N.º 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 jan 2002. GAO. United States Government Accountability Office. Electronic Waste. Report to the Ranking Member, Committee on Oversight and Government Reform.Fevereiro,2012. Disponível em http://www.gao.gov/ assets/590/588707.pdf. Acesso em 07 abr 2014. Resultados e Discussão OLIVEIRA, L. G. S. AAtuação dos Assistentes Sociais frente à Implementação da Política Social de Educação Ambiental. Natal: Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), s/d. Disponível em:http://www.cchla.ufrn.br/. Acessado em: 09 jul.2011. A Secretaria de Desenvolvimento da Produção do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (SDP/MDIC) e pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), apontam que o Brasil deve gerar aproximadamente 1,100 mil toneladas de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos (REEE) pequenos em 2014, e que os 150 maiores municípios brasileiros são responsáveis por aproximadamente dois terços de todo o lixo eletroeletrônico que se estima e seja descartado no país. Dentro deste volume encontrase uma parcela não dimensionada que é descartada pela administração pública, e esta seja como reguladora das ações de Gestão Ambiental ou como indutora de boas práticas de proteção ao meio ambiente, deve adotar medidas de redução esse impacto. IV JORNADA SEVERINO SOMBRA SILVA, Bruna Daniela da, OLIVEIRA, Flávia Cremonesi, MARTINS, Dalton Lopes, Resíduos Eletroeletrônicos no Brasil, Santo André, 2007. The E-Waste Crisis Introduction. Disponível em http://www.e-stewards.org/ the-e-waste-crisis/. Acesso em 07 abr 2014. Conclusões No Brasil, país de dimensões continentais, a realidade de geração e impacto desses resíduos não é conhecida e a Política Nacional de Resíduos Sólidos vem sendo lentamente implantada, quando comparada com a velocidade da expansão tecnológica e a produção e descarte dos resíduos eletrônicos. É necessário que se estabeleça nas organizações públicas, um debate a fim que se possa assumir o cumprimento das legislações que regulem estas destinações, seja como consumidora destes produtos ou como reguladora das práticas danosas ao meio ambiente. Referências ANDRADE, Renata. “Caracterização e Classificação de Placas de Circuito Impresso de Computadores como Resíduos Sólidos”. Tese de Mestrado. Campinas: Faculdade de Engenharia Mecânica. Universidade Estadual de Campinas, 2002. 61 De qual África e de qual negro fala a escola? Úrsula Pinto Lopes de Farias¹. Resumo O presente trabalho é fruto de uma pesquisa no município de Belford Roxo-RJ, referente à educação e às relações étnico-raciais. Nosso objetivo é analisar o posicionamento dos docentes dos anos iniciais do ensino fundamental, em relação às questões étnico-raciais, conforme sinaliza a Lei n.º 10.639/2003. Entendemos que a constituição de marcos legais representa, à luz do movimento social, uma importante conquista, e é evidente que o texto da lei, por si só, não representa a “promoção automática” das práticas pedagógicas segundo sentido requerido pela legislação, assim, a escola constitui-se um campo de disputas epistemológicas. Essas disputas foram analisadas sob o referencial teórico de uma rede de autores, majoritariamente pesquisadores latino-americanos, cujos trabalhos discutem a Modernidade/ Colonialidade, discutindo a perspectiva eurocêntrica e a colonialidade, que afirmam estar tão presente no cotidiano escolar. A esse debate acrescentaremos as relações com a perspectiva pós-crítica de currículo, discutidas por Tadeu Silva. Introdução Suas implicações, para o ensino da história do Brasil e das práticas pedagógicas de um modo geral, são evidentes: a hegemonia de currículos monoculturais, homogeneizantes do ponto de vista cultural, e a dominância de uma perspectiva eurocêntrica. É estabelecido um currículo que naturaliza conteúdos que são tradicionalmente aceitos, que visam uma cultura comum que reproduz as desigualdades (LOPES e MACEDO, 2011). A Lei de diretrizes e Bases da Educação Brasileira, a partir de 2003, foi modificada pela Lei n.º 10639/2003, que torna obrigatório o Ensino de História e Cultura da África e do Negro no Brasil. Essa lei é fruto direto da articulação de movimentos sociais negros e de professores, com o objetivo de se ter outro olhar sobre a história africana e afro-brasileira, uma vez que , o que se reforça no sistema educacional são visões estereotipadas sobre o negro e a África, salvo ações individuais de alguns professores (GOMES, 2012; PEREIRA e ALBERTI,2007, OLIVEIRA,2012). Apesquisa aqui apresentada, ainda em andamento, é realizada entre os professores dos anos iniciais da rede pública municipal de Belford Roxo (município da região metropolitana do Rio de Janeiro). O objetivo principal é, portanto, analisar o posicionamento dos professores e professoras dos anos iniciais do ensino fundamental em relação às questões étnico-raciais, conforme sinaliza a Lei n.º 10.639/2003. Passados dez anos, essa legislação ainda não foi implementada em todas as redes de educação, sejam públicas ou privadas, e as tentativas de implementação não são desprovidas de tensões. É evidente que o texto da lei, por si só, não representa a “promoção automática” das práticas pedagógicas segundo sentido requerido pela lei, pois nossa sociedade é marcada por importantes desigualdades sociais e raciais que refletem na educação. Desigualdades essas, fruto de uma complexa teia de nossa História nacional, construída sob uma perspectiva hierarquizante das relações étnico-raciais. Condução da pesquisa e resultados preliminares A pesquisa tem duas etapas: a primeira é a análise dos documentos oficiais da Secretaria Municipal de Educação que norteiam as ações pedagógicas e curriculares, bem como as orientações específicas no sentido de implementação da legislação em tela e os relatórios enviados pelas escolas sobre suas ações nesse sentido. A segunda etapa é a realização de um grupo focal com os docentes e entrevista com gestores municipais responsáveis pela implementação da legislação em vigor. A condução desta pesquisa é feita sob as lentes oferecidas por uma rede de autores, cujos trabalhos têm como foco a discussão sobre Modernidade/ Colonialidade, discutindo a perspectiva eurocêntrica e a colonialidade, que afirmam estar tão presente no cotidiano escolar, e as possíveis relações com a perspectiva pós- crítica de currículo. A Colonialidade se origina e se socializa a partir da conquista da América, naturalizando o modo de ser e de 1. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica-RJ, Brasil. 62 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Palavras-Chave: Anos iniciais. Lei 10.639/2003. Colonialidade. IV JORNADA SEVERINO SOMBRA conhecer dos europeus, de maneira a fazer com que eles sejam também parte do ethos do colonizado (Quijano, 2009). A colonialidade é, portanto, a hegemonia do ser, do poder e do conhecimento europeu sobre os demais. A perspectiva pós-crítica, apresentada por SILVA (1999) apresenta o currículo como uma possibilidade de narrativa étnica e racial, na medida que , de maneira ampla, dos livros didáticos às ações pedagógicas da escola e os rituais escolares celebram uma identidade nacional que reforça os privilégios da identidade dominante em detrimento das demais que recebem um tratamento folclórico e/ou exótico. Os resultados preliminares da análise documental revelam que a Proposta Curricular do Município, de 2003, não prevê essa discussão. O Documento Norteador de 2013 reserva a ela apenas dois parágrafos. Alguns encontros foram realizados, visando a formação de professores, mas com poucos docentes. Esses docentes seriam os multiplicadores, mas muitos têm dificuldade para o serem nas escolas. Os relatórios das escolas demonstram ainda uma visão de África idílica e pouco crítica. Com relação ao negro no Brasil ainda há um discurso pouco crítico sobre o racismo e sobre a sua participação na configuração da nação. Salvo algumas exceções e iniciativas individuais de alguns professores, o tratamento dado a África e ao negro é ainda muito eurocêntrico e hierarquizado. Referências ALBERTI, Verena e PEREIRA, Amilcar Araújo. Histórias do Movimento Negro no Brasil: Depoimentos ao CPDOC. Rio de Janeiro :Pallas;CPDOCFGV, 2007. LOPES , Alice Casemiro e MACEDO, Elizabeth. Teorias de Currículo. São Paulo : Cortez, 2001. OLIVEIRA, Luiz Fernandes de. História da África e dos Africanos na Escola: Desafios políticos, epistemológicos e identitários para a formação dos professores de História. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2012. QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder e classificação social. In: SANTOS, Boaventura de Sousa e MENEZES, Maria Paula (Orgs.). Epistemologias do Sul. Coimbra: Edições Almedina, 2009, p.73-117. SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999 63 O que está acontecendo com as mulheres, com o casamento e com a família no século XXI? Alessandra da C. Chaves¹, Thuany de S. M. Oliveira¹, Camilla de S. Queiroz¹, Mariana F. De S. Silva¹, Adriana V. S. Bernardino². Resumo Embora o caminho de se construir socialmente uma nova identidade possa ser marcado, não raras vezes, por barreiras a serem vencidas como a de redefinir o seu lugar na sociedade, podemos entender que as transformações pelas quais a mulher vem passando representam também conquistas e que estas se estabelecem através de processos dinâmicos que ainda não terminaram. A conquista do espaço público e as transformações para a condição feminina contemporânea provocaram alterações nas funções parentais e transformaram os papéis antes exercidos. Gradativamente, as regras familiares mudam e o século XXI passa a ser o cenário de grandes transformações, emergindo novas demandas e a necessidade de reformular a convivência familiar. O presente projeto pretende, através dos levantamentos bibliográficos realizados até o momento, uma discussão acerca das principais transformações no papel das mulheres, buscando refletir sobre as questões de gênero e os efeitos dessas transformações para o casamento e a família contemporânea. Introdução Sombra, cujas temáticas se entrelaçam no que tange às transformações no papel da mulher, as questões de gênero e as repercussões dessas mudanças para a família e o casamento. A metodologia empregada tem sido a revisão bibliográfica valendo-se de materiais acessíveis ao público em geral, tais como: livros, revistas, dissertações, artigos científicos, acervo próprio, entre outros. Ao longo da história da humanidade, a mulher assume diferentes papéis, lugares e representações. Propriedade do homem na Antiguidade Clássica, santificada com o advento do Cristianismo e responsável por suas escolhas afetivas, sexuais e profissionais a partir da Revolução Sexual, a mulher atravessou séculos em busca de autonomia, independência e possibilidade de escolha (HOBSBAWN, 2000).Aconquista do espaço público e as transformações para a condição feminina contemporânea provocaram alterações nas funções parentais e nos papéis antes exercidos. Gradativamente, as regras familiares mudaram e o século XXI passa a ser o cenário de novas demandas e da necessidade de reformular a convivência familiar (BILAC, 1996). Entretanto, tais transformações não representaram, necessariamente, uma condição mais igualitária nas relações de gênero. Ao contrário, a possibilidade de desempenhar novos papéis tem-se mostrado um desafio tanto para o homem quanto para a mulher contemporânea, apontando para uma necessidade de ajustes na dinâmica do casamento e nos arranjos e modos de funcionamento familiares (JABLONSKI, 1998). Nesse sentido, compreender a função da parentalidade na contemporaneidade ganha destaque e tornam-se relevantes os estudos sobre a reconfiguração de tarefas e papéis desempenhados na família (BOECHAT, 1997; BRASILEIRO et al., 2002; LEWIS & DESSEN, 1999). Resultados e Discussões Foram séculos em busca de mudanças, independência, direito de escolhas e autonomia. Os anos de 1970 e 1980 foram emblemáticos: as mulheres entraram no mercado de trabalho, tomaram pílula, queimaram sutiãs e tornaran-se responsáveis por suas escolhas afetivas, sexuais e profissionais (DEL PRIORE, 2013). No entanto, junto com a possibilidade de escolhas e da tão almejada “independência” a mulher herda também um novo rol de atribuições, pois além de trabalhar fora e estudar, precisa conciliar vida profissional, com a vida pessoal, cuidando da casa, dos filhos, do marido, sendo amorosa, feminina e companheira, fazendo-a se questionar sobre os reais ganhos obtidos (SOUTTO MAYOR & BERNARDINO, 2012). Tudo está mudando em uma velocidade assustadora e, com isso os indivíduos estão passando por transformações internas radicais que vimos refletir nas relações, em especial, no casamento (BAUMAN, 2001). Na contemporaneidade, o casamento não está mais fundamentado na união permanente; não precisa Métodos O presente trabalho é fruto da orientação de Trabalhos de Conclusão de Curso em andamento no curso de Psicologia da Universidade Severino 1. Universidade Severino Sombra, docente do curso de Psicologia, Vassouras-RJ, Brasil. 2. Universidade Severino Sombra, discente do curso de Psicologia, VAssouras-RJ, Brasil. 64 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Palavras-Chave: Mulheres. Família. Casamento. mais ser para a vida toda. Aumentam os números de divórcios, separações e os casais experimentam os recasamentos (FÉRES-CARNEIRO, 2001). Estamos vivendo uma profunda transformação cultural e as expectativas e o individualismo podem estar contribuindo para uma crise do casamento (JABLONSKI, 2001). O casamento, no lugar de compromissos, obrigações e saber ceder, pode se tornar uma maneira de auto satisfação, um meio para se ter vantagens próprias apenas. A família se transforma em um espaço privado a serviço dos indivíduos e, atualmente, se distinguem pela ênfase que dão ao processo de individualização. O elemento central não é mais o grupo reunido, mas os membros que a compõem, razão porquê vêm se tornando relacional e individualista (SINGLY, 2007). A autora afirma que vivemos uma era narcísica em que predomina a individualidade, a autonomia e o que buscamos compreender é de que maneira a família está sobrevivendo a todas essas transformações. JABLONSKI, B. Atitudes frente à crise do casamento. In: FÉRESCARNEIRO, T. (Org.). Casamento e família: do social à clínica. Rio de Janeiro: NAU, 2001. p. 81-95. LEWIS, C.; DESSEN, M.A. O pai no contexto familiar. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, DF, v. 15, n. 1, p. 9-16, jan./abr. 1999. SINGLY, F. de. Sociologia da família contemporânea. Rio de Janeiro: EDFGV, 2007. SOUTTO MAYOR, A.; BERNARDINO, A.V. da S. Dualidades no feminino: vitimização ou empoderamento? In: CONGRESSO DE PSICOLOGIA ULAPSI, 4., 2012, Montevideo, Uruguay. Anais... Montevideo: ULAPSI, 2012. Conclusões IV JORNADA SEVERINO SOMBRA As transformações das mulheres e o individualismo típico da contemporaneidade trouxeram inúmeras e incontestáveis repercussões para as relações e configurações familiares, bem como para os princípios e valores relacionados à família. O processo de individualização da sociedade tem provocado a necessidade de um reposicionamento dos indivíduos nas relações, transformando os sentidos dados por eles a elas. De acordo com as observações de Singly (2007), a família não está desaparecendo, está mudando de sentido, tornando-se agora um “serviço” à disposição de indivíduos que querem viver juntos, ganhando força como um espaço relacional e não mais estatutário. Referências BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. BILAC, E.D. Mãe certa, pai incerto: da constituição social à normatização jurídica da paternidade e da filiação. REUNIÃO ANUAL DA ANPOCS, 20., Caxambu, 1996. Grupo de Trabalho Família e Sociedade. Anais... Caxambu: ANPOCS, 1996. BOECHAT, W. Arquétipos masculinos: animus mundi. In: ______. (Org.). O masculino em questão. Petrópolis, Vozes, 1997. BRASILEIRO, R.F.; JABLONSKI, B.; FÉRES-CARNEIRO, T. Papéis de gênero, transição para a parentalidade e a questão da tradicionalização. PSICO, Porto Alegre, v. 33, n. 2, p. 289-310, 2002. DEL PRIORE, M. Histórias e conversas de mulher. São Paulo: Planeta do Brasil, 2013. FÉRES-CARNEIRO, T. Casamento contemporâneo: construção da identidade conjugal. In: ______. (Org.). Casal e família: entre a tradição e a transformação. Rio de Janeiro: NAU, 2001. p. 67-80. HOBSBAWN, J.E. Era dos extremos: o breve século XX – 1914/1991. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. JABLONSKI, B. Até que a vida nos separe: a crise do casamento contemporâneo. 2. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1998. 65 Políticas municipais em saúde mental Andreza Belizário Fortunato Medeiros¹; Paulo Cesar Pereira². Resumo A partir de alguns instrumentos legais transformou-se o sistema de saúde e o modelo de atenção à saúde mental, com a implantação de novos dispositivos de atenção, rompendo com modelo de características seculares. A descentralização da assistência trouxe ao municípios uma responsabilidade descolada das linhas de financiamento e de sua capacidade de planejar e gerenciar serviços, em especial os de complexidade maior, como a prestação de serviços em saúde mental. Esta pesquisa tem por objetivo mapear e caracterizar a atuação das instituições municipais, de responsabilidade da Secretaria municipal de Saúde de Miguel Pereira-RJ, envolvidas na atenção em saúde mental considerando seus objetivos, atividades, rotinas de atendimento, composição e qualificação dos recursos humanos e infraestrutura física e financeira. Deverá ser desenvolvido como um estudo quantitativo dividido em levantamento prévio, mapeamento e detalhamento da demanda e da assistência prestada. Introdução direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação” (in: CONASEMS, 1990, p. 04). E ainda prevê que a reestruturação do sistema sanitário, está baseada nas descentralização das ações, trazendo para os municípios a responsabilidade entre outros, a assistência à saúde mental. O tema em questão é muito relevante e atual, porém é pouco abordado e conhecido, sendo deixado em segundo plano nas ações governamentais dos municípios. A escolha do assunto se deu a fim de trazer à tona a reflexão sobre a importância do tema, por envolver um número grande de pessoas que precisam de atendimentos mentais (cerca de 12% dos brasileiros, de acordo com o Ministério da Saúde/2010). O presente trabalho pretende analisar e caracterizar as políticas públicas municipais em saúde mental, no Município de Miguel Pereira, e compreender quais as ações municipais que são desenvolvidas em favor de pacientes que necessitam de atendimento psiquiátrico. A Política de Saúde Mental no Brasil vem passando por transformações que visam efetivar a cidadania dos sujeitos com transtorno mental. O Movimento pela Reforma Psiquiátrica (MRP), por ter sido contemporâneo à luta pela redemocratização, teve como marca distintiva e fundamental o reclame pela cidadania do chamado “louco”.2 (TENÓRIO, 2002). Esse movimento defendia como um de seus princípios a garantia da participação do usuário como sujeito ativo do processo de constituição do seu tratamento (GULJOR, 2003). Contrapunha-se, assim, a uma concepção medicalizada e excludente da loucura. A reorientação da assistência psiquiátrica no Brasil, não se limita à desinstitucionalização, tendo como fim a construção de uma ação positiva da sociedade em relação ao “louco”, sendo esta a concepção que orienta as políticas de saúde mental brasileira (ALVARENGA,2011) Com a aprovação da Lei nº 10.216/2001 e outras portarias que reorientam a implantação e organização dos novos serviços, foi possível a regulamentação dos Serviços Residenciais Terapêuticos, os Centros de Atenção Psicossocial e os Programas de Volta para Casa. Estas medidas embora legais necessitam também transformações culturais, uma vez que deve garantir a reintegração das pessoas com transtornos mentais graves e persistentes na comunidade (AMARANTE, 2007). O SUS Sistema Único de Saúde, foi criado para assegurar aos brasileiros um direito conquistado junto à Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, declarando em seu Artigo 196 que” a saúde é um Material e Métodos Trata-se de uma abordagem qualitativa que tem como método o estudo de caso. Inicialmente, está prevista a revisão teórica tendo como categorias centrais: a análise de políticas públicas e suas etapas de formulação e implementação, a Reforma Psiquiátrica e a atual Política de Saúde Mental proposta pelos governos federal, estadual e municipal de Miguel Pereira. Serão realizadas entrevistas com o gestor municipal de saúde, 1. Universidade Severino Sombra, graduanda em Tecnologia em Gestão Pública, Vassouras-RJ, Brasil. 2. Universidade Severino Sombra, Mestre em Ciências Ambientais pela Severino Sombra, docente, Vassouras-RJ, Brasil. 66 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Palavras-Chave: Administração pública. Saúde mental. Sistema de saúde. coordenador de Saúde Mental, Coordenador do CAPs, e outros atores que forem considerados relevantes durante a pesquisa. Serão levantados documentos sobre o processo de formulação da Política Municipal de Saúde Mental. AMARAL, Márcia A. do, Atenção à saúde mental na rede básica: estudo sobre a eficácia do modelo assistencial. Rev. Saúde Pública, 31(3): 288-95, 1997. KANTORSKI, L. P. Os desafios da avaliação no campo da Saúde Mental. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2012 jan/mar;14(1):10-1. Disponível em from: http:// www.fen.ufg.br/revista/v14/n1/v14n1a01.htm. Acesso em 09/04//2014. GULJOR, A. P. Os Centros de Atenção Psicossocial: um estudo das transformações do modelo assistencial em Saúde Mental. In: JORNADA CIENTÍFICA DE PÓS GRADUAÇÃO DA FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 6, 2000, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: Fiocruz, 2000. p. 51. Resultados e Discussão No Brasil existem mais de 1.600 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Uma questão que merece ser considerada é de que os CAPS surgem como serviços estratégicos no interior de uma rede de atenção psicossocial. As diretrizes centrais da Política de Saúde Mental no Brasil, apontada pelo Ministério da Saúde e orientada pela perspectiva de reforma psiquiátrica, consistem, entre outros aspectos, na redução progressiva e gradual dos leitos em hospitais psiquiátricos, na garantia de assistência aos pacientes egressos dos hospitais, na criação e sustentação da rede extrahospitalar – CAPS, residências terapêuticas, centros de convivência, ambulatórios, programas de suporte social, defesa e promoção dos direitos humanos dos pacientes e familiares (KANTORSKI, 2012). A discussão de como os municípios enfrentam essas demandas necessitam ser promovidas, no sentido de identificar alternativas para a assistência à saúde mental, com a adoção de políticas locais. BRASIL. Ministério da Saúde. LEI N.º 10.216, DE 6 DE ABRIL DE 2001. Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. D.O.U. Brasilia, 2001. AMARANTE, P. Saúde mental e atenção psicossocial. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2007. CONASEMS. Comparação entre sistemas de serviços de saúde da Europa e o SUS: pontos para reflexão da agenda da atenção básica. Belém: Conasems; 2008. (Relatório de oficina da Rede Américas). IV JORNADA SEVERINO SOMBRA CAMPOS, G.W.S. Sobre a reforma dos modelos de atenção:um modo mutante de fazer saúde. Campinas. Fac. De Ciências Médicas da UNICAM. Conclusões Para Campos (1994), os modelos assistenciais em saúde têm que ser estruturados de modo a viabilizarem a missão institucional e atenderem às necessidades da clientela. Estudo anterior realizado por Amaral(1997), a atribuição de competência à rede básica e equipes de saúde mental, de pequeno porte, de assistir pacientes egressos de hospital psiquiátrico, revelou-se ineficaz para o alcance dos objetivos de desospitalizar e desinstitucionalizar. Se não houver investimento locais a fim de garantir a continuidade desse processo, ocorrerá uma perda muito grande de qualidade na assistência aos clientes dos serviços de saúde mental, uma vez que rompido o paradigma de assistência anterior, é necessário que a alternativa proposta assuma as novas responsabilidades. Referências ALVARENGA, M. S. ; GARCIA, M. L. T. . A implementação da política de saúde mental em município de pequeno porte - o caso de São José do Calçado/ES - Brasil. In: GARCIA, M. L. T.. (Org.). Entre tramas, redes e atos: a política de saúde mental brasileira e o caso do Espírito Santo. 1ed.São Paulo: Annablume, 2011, v. , p. 151-17 TENÓRIO, Fernando. A reforma psiquiátrica brasileira da década de 1980 aos dias atuais: história e conceitos. História, Ciências e Saúde. v. 9, n.1, p.25-59, jan./abr. 2002. Manguinhos. Rio de Janeiro. Disponível em: <http:// www.scielo.br/pdf/hcsm/v9n1/ a03v9n1.pdf>. Acesso em: 09 abr. 2014. 67 Políticas públicas para a população idosa - Relato de uma experiência municipal Sheila Dutra¹, Paulo Cesar Pereira². Resumo O processo de envelhecimento é inevitável ao homem. E a partir da adoção de recursos tecnológicos que permitiram a melhoria da qualidade e manutenção da vida, ocorre nas últimas décadas o expressivo aumento da população idosa. Esta é uma população com demandas especiais, pela fragilidade, doenças crônicas, pouca capacidade produtiva. O poder público, precisa estar atento a estas duas dimensões: a quantitativa, pelo aumento cada vez mais expressivo deste segmento, e a necessidade do atendimento qualificado a estas demandas. Diversas legislações já garantes os direitos, mas muito precisa ser feito para que se transformem em ações afirmativas. A partir da revisão dos instrumentos legais e bibliografia específica, realiza-se uma breve avaliação da condução das políticas públicas adotadas por um município do interior do Estado do Rio de Janeiro, em relação a esta população específica. Muito precisa ser elaborado como prática de gestão, em especial a adoção de enfoque em resultados, que visem a redução de gastos associados à não promoção da qualidade de vida dos idosos e que impactam fortemente nos gastos de saúde e previdência. Introdução Este trabalho, desenvolvido a partir da consulta à Legislação que trata da garantia dos direitos da população idosa e de bibliografia relacionada e este grupo populacional, tem por objetivo relacionar a explosão demográfica da terceira idade e as políticas adotadas para a concretização dos direitos garantidos em lei, e a partir de uma breve análise das políticas públicas adotadas por um pequeno município do Estado do Rio de janeiro, buscando investigar as relações existentes entre os direitos já garantidos e a prática gerencial para este segmento, a nível municipal. Desde que se adotaram o controle de muitas doenças infectocontagiosas e potencialmente fatais, as descobertas dos antibióticos, das políticas de vacinação e outras estratégias de prevenção e de melhoria da qualidade de vida, com a consequente ampliação dos anos a serem vividos, ocorre a mudança demográfica, que amplia a cada ano a população de idosos. Esta mudança preocupa o poder público, que precisa de imediatismo em diversas áreas, principalmente nas áreas da saúde, de assistência e previdência, e cada vez mais que precisa adotar políticas públicas exclusivos aos idosos. Estes demandam medicamentos de uso contínuo, capacitação e humanização de profissionais da área, acesso e informações fáceis e claras. Diversos autores apontam que a população idosa deseja realizar suas atividades com independência e participativamente de eventos sociais, culturais e familiares, necessitando de autonomia e segurança para garantir mobilidade e qualidade de vida. E é inevitável que se preocupem com a questão cultura e lazer, para fortalecer a malha social, rompendo a discriminação e o desrespeito, estimulando a vida social do idoso. Essas atitude previnem riscos sociais relacionado ao ciclo de vida, como o isolamento e asilamento, evitando insegurança, problemas psíquicos e gastos nas áreas de saúde. Quando se fala de Políticas Públicas a referência é a planejamento e organização, e nesse caso, entra em ação o Poder Público que precisa colocar em prática, executando essas políticas direcionadas aos idosos, já existem inúmeras leis a eles direcionadas. Material e Métodos O estudo consistiu no levantamento do conhecimento bibliográfico disponível em produções atuais e legislações pertinentes ao envelhecimento e as políticas públicas nacionais voltadas a este grupo demográfico. Foi realizado também pesquisa exploratória a partir de entrevista conduzida com servidores e gestores ligados a condução das políticas municipais de idosos em Miguel Pereira. As entrevistas foram realizadas a partir de um questionário abrangente, que foi aplicado pelo autor, em encontros previamente agendados, e a partir do contato inicial com os gestores locais, realizou-se outros encontros a fim de construir um perfil, o mais detalhado possível das políticas adotadas, e suas representações a partir da literatura consultada. Resultados e Discussão A partir das questões propostas pelo questionário, foram evidenciados os seguintes aspectos: a) os serviços são prestados normalmente através de solicitação 1. Universidade Severino Sombra, graduanda em Tecnologia em Gestão Pública, Vassouras-RJ, Brasil. 2. Universidade Severino Sombra, Mestre em Ciências Ambientais pela Severino Sombra, docente, Vassouras-RJ, Brasil. 68 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Palavras-Chave: Políticas públicas. Envelhecimento. Terceira idade. da sociedade como, denúncias diversas, cesta básica em caso de necessidade alimentar, minha casa minha vida para moradia; b) existe um Conselho do Idoso, com reuniões uma vez por mês. É composto por dez membros sendo cinco do governo e cinco de entidades representativas; c) não há médico geriatra no município; d) existe o Centro de Convivência do Idoso, que é bem estruturado, com banheiros adaptados, e que atualmente atende a setenta e oito idosos. Existe centro de recreação e lazer e condução para os idosos; e) o atendimento a dependentes químicos não é segmentado a esta clientela, como também não existe programa de saúde oral; f) o hospital local não suporta as demandas que já existem. domiciliares. Acta Paulista de Enfermagem (UNIFESP. Impresso) , v. 22, p. 265-271, 2009. MELO, Terezinha Silvério de ; JUNQUEIRA, Ana Luiza Neto . Perfil sóciodemográfico e avaliação funcional de idosos atendidos por uma equipe de saúde da família na periferia de Goiânia, Goiás.. Revista da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, São Paulo, v. 1, n.5, p. 131-136, 2003. TORRES, M. M. ; SA, M. A. A. S. . Inclusão Social e idosos: um longo caminho a percorrer. Revista de Ciências Humanas (Taubaté), v. 1, p. 01-10, 2008. VERAS, R. ; CAMARANO, A. A. ; Lima-Costa M F ; UCHÔA, E. . Transformações demográficas e os novos desafios resultantes do Envelhecimento Populacional. In: Maria Cecília de Souza Minayo; Carlos Coimbra Junior. (Org.). Críticas e Atuantes. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2005, v. , p. 503-518. Conclusões IV JORNADA SEVERINO SOMBRA A atual densidade demográfica do país nos mostra o quanto a população idosa tem aumentado em relação aos jovens em países em desenvolvimento, e que as bases para a discussão e reflexão sobre as Políticas Públicas para idoso requer atenção, principalmente ao que tange a emprego, previdência social e a saúde. Na pesquisa realizada, evidencia-se é mostrado que a Gestão Municipal, tanto sob o ponto de vista organizacional como do ponto de vista legal precisa de reformas. Está claro que as famílias tem enorme responsabilidade para com seus idosos, mas não tem preparo nem psicológico nem financeiro para tal, mesmo com apoio das Políticas de Atenção Básicas. O breve estudo realizado em Miguel Pereira, mostra que muito é preciso fazer nas áreas que são direcionadas a esse segmento, por que mesmo com toda a proteção formal e legal que assegura as necessidades das pessoas idosas, na prática ainda é deficiente e com muitas limitações. A Política Pública para a pessoa idosa em Miguel Pereira é pouco abrangente para um grupo etário que atualmente representa metade da população. Referências BRASIL. Congresso. Câmara dos Deputados. Estatuto do idoso: Lei 10.741, de 01 de out. 2003 e legislação correlata. Rio de Janeiro: Centro de documentação e informação, 2009. BRASIL. MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. Política nacional do idoso. Brasília: Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, 1998. 81 p.. BRASIL. MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. Lei Orgânica de Assistência SocialLOAS (Lei n°8742/93, de 7 de dezembro de 1993. Brasília: Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, 1993. FERRIGNO, J. C. . Trabalho social com idosos: apresentação da experiência pioneira do SESC na área do lazer e da cultura. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, v. 14, p. 23-31, 2006. GIL, A. C. . Como elaborar projetos de pesquisa. 4a.. ed. São Paulo: Atlas, 2002. v. 1. 171p MARTINS, Josiane de Jesus ; Schneider, Dulcinéia Ghizoni ; Coelho, Francyne Lee ; NASCIMENTO, Eliane Regina Pereira Do ; Albuquerque, Gelson Luiz de ; Erdmann, AlacoqueLorenzini ; Gama, Fabiana Oenning da . Avaliação da qualidade de vida de idosos que recebem cuidados 69 Resíduos de medicamentos na comunidade Joseane dos Santos Pinto¹, Paulo Cesar Pereira². Resumo O processo de envelhecimento é inevitável ao homem. E a partir da adoção de recursos tecnológicos que permitiram a melhoria da qualidade e manutenção da vida, ocorre nas últimas décadas o expressivo aumento da população idosa. Esta é uma população com demandas especiais, pela fragilidade, doenças crônicas, pouca capacidade produtiva. O poder público, precisa estar atento a estas duas dimensões: a quantitativa, pelo aumento cada vez mais expressivo deste segmento, e a necessidade do atendimento qualificado a estas demandas. Diversas legislações já garantes os direitos, mas muito precisa ser feito para que se transformem em ações afirmativas. A partir da revisão dos instrumentos legais e bibliografia específica, realiza-se uma breve avaliação da condução das políticas públicas adotadas por um município do interior do Estado do Rio de Janeiro, em relação a esta população específica. Muito precisa ser elaborado como prática de gestão, em especial a adoção de enfoque em resultados, que visem a redução de gastos associados à não promoção da qualidade de vida dos idosos e que impactam fortemente nos gastos de saúde e previdência. Introdução consequência, maior quantidade de embalagens e sobras de medicamentos que terão como destino o lixo comum. (Alvarenga,2010). Durante alguns tratamentos as pessoas adquirem certos medicamentos, que por muitas vezes não são utilizados por completo, onde são armazenados em casa, visando um uso posterior, ou então acabam sendo jogados em esgotos ou até mesmo em lixo doméstico. O presente trabalho tem por objetivo geral analisar os métodos de destinação dos medicamentos domiciliares, vencidos ou não, da cidade de Paty do Alferes, especificadamente nos bairros de Coqueiros e Arcozelo, avaliar o conhecimento da população quanto ao descarte correto desses medicamentos e quanto aos riscos causados por essa prática inadequada e analisar as ações da administração pública minimização do problema estudado. O consumo de medicamentos tem crescido muito nos últimos anos, pela ampliação do acesso aos serviços de saúde, pelo aquecimento da economia e pela redução de seu custo pela escalabilidade econômica e políticas públicas de distribuição. Com o aumento do consumo ocorre também o crescimento na eliminação dessas substancias, seja por descarte ou excreção do organismo. Estes resíduos lançados no meio ambiente não pode ser eliminado passando pelos mesmos procedimentos que o lixo comum e a disposição destes em áreas despreparadas como aterros comuns, ou diluição na rede de esgoto, ocasiona contaminação direta de solo e lençóis freáticos, atingindo assim a fauna e a flora da região, com consequências imprevisíveis. Os resíduos de medicamentos, baseado na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) N.º 306, de 07 de Dezembro de 2004 da Anvisa, em seu capítulo III, são classificados no Grupo B – corresponde aos resíduos com características químicas, e como tal seu descarte deve ser submetido à métodos específicos de tratamento e destinação, a fim de ser tratados por processos que desativam a constituição tóxica, o que descaracteriza a composição físico-química, e só devem ser encaminhados para aterros sanitários de resíduos urbanos, caso o seu produto final for liberado pelo órgão competente. O Brasil está entre os maiores consumidores mundiais de medicamentos e com a sua economia estável agregada ao maior acesso a medicamentos, estabelecido pelas políticas governamentais adotadas, contribuem para o aumento do consumo que trará como Material e Métodos O estudo será realizado na cidade de Paty do Alferes – Rio de Janeiro, onde será realizada uma pesquisa de campo em dois de seus bairros: Coqueiros (rural) e Arcozelo (urbano). Os participantes totalizam 100 moradores, maiores de 18 anos de qualquer um dos gêneros. O critério de inclusão para os entrevistados foi o fato dos mesmos declararem consumo rotineiro de medicamentos. Será aplicado um questionário padrão que avalia a conduta de descarte, o nível de orientação, e consciência dos moradores em relação ao assunto. As entrevistas serão realizadas face a face de modo a permitir que o entrevistado responda independente de sua escolaridade e compreensão das questões apresentadas. 1. Universidade Severino Sombra, graduanda em Tecnologia em Gestão Pública, Vassouras-RJ, Brasil. 2. Universidade Severino Sombra, Mestre em Ciências Ambientais pela Severino Sombra, docente, Vassouras-RJ, Brasil. 70 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Palavras-Chave: Políticas públicas. Envelhecimento. Terceira idade. Os dados após coletados serão tabulados e elaborado gráficos para melhor compreensão da sua amplitude. Resultados e Discussão BRASIL. ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº. 306, de 7 de dezembro de 2004. [Online] Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Diário Oficial da União, 10 de dezembro de 2004. Disponível em www.febrafar. com.br/upload/up_images/rdc306.pdf. Acesso em 09/04/2014. Estudos realizados anteriormente apontam para a gravidade da situação. Gasparini (2011) relata que em Catanduva as sobras de medicamentos são descartadas no lixo por 30,45% dos entrevistados, sendo 88,18% no lixo seco e 7,55% no lixo úmido. Destes, 20,55% possuem medicamentos vencidos em casa e 7,2% e 61,35% descartam os medicamentos vencidos no lixo com 80,4% acham que essa atitude causa problemas ambientais. 37,19% julgam-se culpados por isso, e 35,01% acreditam que a responsabilidade é do governo. 84,55% relatam nunca terem recebido nenhuma informação sobre esse assunto. Em pesquisa realizada em Campinas/SP, Ueda et ali (2009) apontam que, 88,6% dos entrevistados afirmaram descartar seus resíduos farmacológicos no lixo doméstico. Conclusões IV JORNADA SEVERINO SOMBRA O procedimento de descarte na atualidade ainda é desconhecido pela população. A proposta de solução passa pela divulgação dos riscos para que aja uma conscientização da sociedade. Mas são de extrema importância e necessidade o desenvolvimento e criação de medidas de gestão voltadas ao meio ambiente. Seria importante a implantação de projetos municipais que visem orientar a população quanto ao uso e ao descarte correto dos medicamentos. Uma adaptação das farmácias a legislação que exige a venda de medicamentos sob medida para que não hajam sobras de medicamentos deve ser cobrada com rigor e a colocação de coletores nestas para a destinação adequada pode ser realizada aproveitando a disponibilidade das pessoas em fazer o descarte correto e compartilhando a responsabilidade de destinação dada aos resíduos gerados. Referências GASPARINI, JC; GASPARINI, A. R.; FRIGIERI, M. C. Estudo do Descarte de Medicamentos e Consciência Ambiental no Município de Catanduva-SP. Ciência & Tecnologia: Fatec-JB (Online), v. 2, p. 38-51, 2011. UEDA J., e ali. Impacto Ambiental do Descarte de Fármacos e Estudo da Conscientização da População a Respeito do Problema. Revista Ciências do Ambiente On-Line Julho, 2009 Volume 5, Número 1. ALVARENGA, L. S. V.; NICOLETTI, M. A. Descarte doméstico de medicamentos e algumas considerações sobre o impacto ambiental decorrente. Revista saúde (UnG. Online), v. 4, p. 34-39, 2010. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº. 358de 29 de abril de 2005. [Online] Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências. Disponível em: www.mma.gov.br/port/conama/res/ res05/res35805.pdf. Acesso em 09/04/2014. 71 Setor de convênio – Implantação e estruturação na administração pública municipal Ana Paula Ribeiro Caldas¹, Margareth Fernandes¹. Resumo A partir do momento que são identificadas as carências e prioridades locais de uma comunidade, deve haver implementações de projetos que beneficiem não só a comunidade, mas a sociedade como um todo, daí a importância dos convênios. O objetivo deste estudo é revisar sobre o convênio e estudar a existência do setor de convênio nas cidades da região sul fluminense. Trata-se de revisão bibliográfica em artigos publicados em periódicos nacionais, sítios da internet (órgãos nacionais sobre o assunto), legislação e de pesquisa de campo do tipo entrevista, nas Prefeituras de grande parte das cidades da região sul fluminense. Diante achados na pesquisa pode-se notar a importância dos convênios em prol da sociedade em geral. A maioria das prefeituras não dispõe de um setor apropriado para este tipo de serviço, além de funcionários capacitados para atuar nesta área específica. Propõe-se assim a estruturação e/ou implantação o setor de Convênios nas prefeituras. Introdução feito um levantamento dos telefones de cada prefeitura, depois um levantamento para a identificação do setor que pudesse responder o questionário elaborado sobre o tema, tratou-se então de uma entrevista via contato telefônico. Os municípios pesquisados da região sul fluminense (Figura 5) são 16 (dezesseis): Resende, Itatiaia, Porto Real, Quatis, Barra Mansa, Volta Redonda, Pinheiral, Piraí, Barra do Piraí, Vassouras, Valença, Rio das Flores, Três Rios, Rio Claro, Angra dos Reis e Paraty. Os procedimentos de requerimento de recursos federais pelas entidades públicas e privadas têm início a partir da identificação das necessidades existentes nas comunidades. Somente com o conhecimento da realidade socioeconômica local é que se podem definir as áreas mais carentes de atenção e, consequentemente, que necessitem de ações imediatas por parte do Poder Público. O objetivo principal do presente artigo é revisar o convênio e estudar/propor a existência do setor específico de convênios e elaboração de projetos nas cidades da região sul fluminense. Para tanto, preconiza-se no estudo relatar sobre convênio; revisar o histórico jurídico do convênio; diferenciar convênio, contrato de repasse e termo de cooperação, descrever as fases do convênio e SICONV; revisar sobre credenciamento e cadastramento no SICONV; relatar sobre o plano de trabalho; revisar sobre a região sul fluminense; aplicar pesquisa de campo nas cidades da região sul fluminense e analisá-la e propor o plano do setor de convênio nas prefeituras municipais. Resultados e Discussão A Tabela 1 mostra as doze cidades onde foram coletadas as informações. Houve identificação do entrevistador e foram coletados os seguintes dados: nome da cidade, número de telefone de cada prefeitura, nome do entrevistado e o número de matrícula de cada entrevistado. Tabela 1. Cidades onde foram coletadas as informações. Cidade da Região Sul Fluminense Material e Métodos Barra do Piraí Mendes Piraí Vassouras Volta Redonda Valença Rio das Flores Pinheiral Itatiaia Rio Claro Paraty Porto Real Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica em artigos publicados em periódicos nacionais, sítios da internet (órgãos nacionais sobre o assunto), legislação e de pesquisa de campo. Na pesquisa de campo foi aplicado um questionário de quatro perguntas diretas. Os entrevistados foram funcionários das prefeituras, da maioria das cidades da região sul fluminense. Realizou-se uma pesquisa nas prefeituras municipais da região sul fluminense. Primeiramente, foi Fonte. Arquivo pessoal. 1. Universidade Severino Sombra, graduanda em Tecnologia em Gestão Pública, Vassouras-RJ, Brasil. 2. Universidade Severino Sombra, Mestre em Ciências Ambientais pela Severino Sombra, docente, Vassouras-RJ, Brasil. 72 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Palavras-Chave: Convênio. Setor de Convênio. Legislação. Região Sul Fluminense. Em quatro cidades coletou-se o telefone, foram realizadas várias tentativas de ligação, porém sem sucesso (Tabela 2). Tabela 2. Cidades onde não houve sucesso nas ligações. Cidade da Região Sul Fluminense Quatis Angra dos Reis Barra Mansa Três Rios Fonte. Arquivo pessoal. As entrevistas foram realizadas entre os dias cinco e nove de outubro de dois mil e treze. A entrevista compôs-se de quatro perguntas (Tabela 3). Tabela 3. Questionário realizado. Perguntas realizadas 1 - A Prefeitura Municipal possui setor específico para convênio? IV JORNADA SEVERINO SOMBRA 2 - Se possui, faz parte de qual Secretaria ou Departamento? 3 - Se não possui, quem/qual é responsável pelo convênio? 4 - Quantas pessoas trabalham especificamente com convênio? Fonte. Arquivo pessoal. Resultados e discussão relacionados às perguntas 1, 2 e 3 do questionário As perguntas um, dois e três do questionário eram relacionadas. Desse modo, se houvesse resposta positiva do entrevistado na pergunta um, fazia-se a pergunta dois, caso a resposta fosse negativa fazia-se a pergunta três. Os resultados mostraram que a maior parte das cidades entrevistadas (91,6%) não possuem setor específico para convênio quando comparado as que têm (8,3). Na única prefeitura onde há setor específico para convênios (Volta Redonda), o setor de convênios funciona na Secretaria de Indústria e Comércio e Gabinete do Prefeito. As respostas obtidas em relação a pergunta três estão dispostas na Tabela 4. 73 ÁREA DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS Jogo da memória dos naturais - Software educacional para abordar os números José Eduardo Henriques Silva¹, Janaína Veiga². Resumo O trabalho apresenta resultados parciais do projeto de pesquisa intitulado “Pesquisa e desenvolvimento de softwares educativos para Matemática da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental” articulado ao programa de pós-graduação, Mestrado Profissional, em Educação Matemática, da Universidade Severino Sombra (USS). O objetivo da pesquisa é apresentar o ensino da matemática em uma perspectiva lúdica, valorizando material manipulável e concreto, o desenvolvimento de softwares educacionais e jogos educacionais para a educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental. Apresentamos o desenvolvimento do software educacional JOGO DAMEMÓRIA DOS NATURAIS que foi implementado utilizando a linguagem de programação BASIC e teve como referencial teórico a teoria das situações, didáticas e adidáticas. Como resultados obtivemos um jogo educacional com uma interface bem intuitiva que permitiu as crianças mais um elemento a ser utilizado na construção do conceito dos números naturais. Introdução resumo sob a orientação da segunda autora. O jogo educacional permite abordar o conjunto dos números naturais. Na seção material e métodos apresentaremos o processo de desenvolvimento dos dois softwares e na seção resultados e discussão apresentamos os dois softwares e propostas de atividades para utilização. Material e métodos Foi idealizado um software educacional com a abordagem do tipo jogo e com o apelo lúdico que será apresentado nesse resumo. Temos como referencial teórico para o desenvolvimento a teoria das situações, didáticas e adidáticas (ação, formulação, validação e institucionalização) (BROUSSEAU, 1996; ALMOULOUD, 2007). Temos ainda as situações adidáticas que segundo Amoloud (2007): A situação adidática, como parte essencial da situação didática, é uma situação na qual a intenção de ensinar não é revelada ao aprendiz, mas foi imaginada, planejada e construída pelo professor para proporcionar a este condições favoráveis para a apropriação do novo saber que deseja ensinar. (ALMOULOUD, 2007, p.33. Grifo do autor) Partindo da sugestão de Brousseau (1996), quando revela a pertinência das situações adidáticas e corroborada por Almouloud (2007), a proposta do jogo identifica a intenção de ensinar, que não é explicitada ao aluno, mas foi imaginada, planejada e construída pelo professor/pesquisador. Isto é, explorar a formação do conceito do número natural partindo da associação entre o reconhecimento quantitativo e a representação numérica/simbólica. Os desenvolvedores do software precisavam, então, responder algumas perguntas: O presente trabalho apresenta resultados parciais do projeto de pesquisa intitulado “Pesquisa e desenvolvimento de softwares educativos para Matemática da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental” articulado às duas linhas de pesquisa do programa de pós-graduação, Mestrado Profissional, em Educação Matemática, da Universidade Severino Sombra (USS): Metodologias e tecnologias de informação aplicadas ao ensino de matemática; Organização curricular em matemática e formação de professores. O objetivo principal da pesquisa é apresentar o ensino da matemática em uma perspectiva lúdica, valorizando material manipulável e concreto, o desenvolvimento de softwares educacionais, jogos educacionais on-line e identificando a conexão da matemática com outras áreas de conhecimento. Então a proposta que aqui apresentamos tem como objeto de estudo a construção do saber matemático na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental. As ações de extensões são oficinas com as crianças e cursos de formação continuada para professoras deste segmento, para analisar as atividades pedagógicas e os softwares educacionais desenvolvidos na pesquisa. Nestes espaços poderemos refletir sobre: como os sujeitos da pesquisa interagem com os sistemas, ganho de conhecimento com as atividades, viabilizar melhorias nos sistemas a partir das observações entre outras. Nesse resumo, apresentamos o processo de desenvolvimento de um software educacional desenvolvido nessa pesquisa pelo primeiro autor desse 1. Universidade Severino Sombra, Engenharia Elétrica, Vassouras-RJ, Brasil. 2. Universidade Severino Sombra, Programa de Mestrado Profissional em Educação Matemática, Vassouras-RJ, Brasil. 75 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Palavras-Chave: Números. Jogo. Matemática. a. Qual seria a forma de associação entre o reconhecimento quantitativo e a representação numérica/ simbólica? b. Qual seria o subconjunto de interesse dentro do conjunto dos números naturais? c) Qual seria o mecanismo para permitir que as crianças fizessem a associação. Para o primeiro questionamento, optou-se por apresentar cartas com os números e cartas com a quantidade equivalente ao número em contadores no formato de bolinhas (Figura 1). que permita utilizar o principio multiplicativo. Por exemplo, em um carta com dez contadores a disposição foi de cinco linhas de contadores em duas colunas. Que permitirá ao educador, já no ensino fundamental, em uma ocasião que achar apropriada explorar esse importante conhecimento. Outro resultado obtido foi a possibilidade de com o botão “Configurações” selecionar o tempo que cada carta vai ficar virada. Para a educação infantil onde as crianças ainda precisam utilizar a contagem dos contadores para saber qual número aquele grupamento representa ter mais tempo foi fundamental. Conclusão Figura 1. Representação numérica e simbólica utilizada no software educacional. Fonte: Arquivo pessoal Para o segundo questionamento, optou-se pelo subconjunto de 0 (zero) a 20 (vinte), devido ao fato de ser um dos primeiros subconjuntos abordados nesse segmentos. O último questionamento foi respondido imaginando-se o tradicional jogo da memória onde a criança deveria formar pares com a representação numérica e simbólica. O JOGO DA MEMÓRIA DOS NATURAIS, que apresenta duas formas de representação numérica, uma em algarismos indo-arábicos e outra em formas geométricas (bolinhas ou contadores). O usuário seleciona a quantidade de cartas que deseja jogar e inicia o jogo. O objetivo é relacionar os algarismos indoarábicos com as representações com contadores. Para implementar o software, foi utilizado a linguagem de programação BASIC que é uma linguagem orientada a evento. As cartas foram criadas no programa Macromedia Fireworks®. Referências ALMOULOUD, S. A. Fundamentos da didática da matemática. Curitiba: UFPR, 2007. BROUSSEAU, G . Fundamentos e métodos da didáctica da matemática. In: BRUN, Jean (dir.). Didáctica das matemáticas. Trad. Maria José Figueiredo. Lisboa: Instituto Piaget, p. 35-113. (Coleção Horizontes Pedagógicos), 1996a. Resultados e Discussão Como resultados tivemos o jogo que permite que as crianças interagir com um jogo tradicional, que é o Jogo da Memória com o enfoque na aprendizagem de um conteúdo matemático. O jogo permitiu vários níveis de dificuldade desde uma partida com seis cartas até uma partida com vinte cartas. A posição das cartas e os pares de cartas são sorteadas randomicamente. Permitiram que cada criança possa brincar começando com um grau de dificuldade que seja fácil para ela e a própria criança decida quando migrar para uma partida com mais cartas. Ao idealizar o design das cartas com os contadores foi utilizado na maioria das cartas uma forma 76 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Um dos objetivos do projeto de pesquisa é desenvolver softwares educacionais e aplicar no cotidiano das salas de aula da Educação Infantil e primeiro segmento do Ensino Fundamental. Outros softwares estão sendo desenvolvidos no laboratório e em breve serão utilizando na educação básica para validação do desenvolvimento. Levantamento do potencial de aproveitamento de água de chuva para residências do município de Angra dos Reis-RJ Dilmara Vidal Albernaz¹, Diego Macedo Veneu¹, Barbara Braga Barbosa¹, Jonas dos Santos Pacheco¹. Resumo O presente trabalho tem como objetivo fazer o levantamento do potencial de atendimento a demandas pré-estabelecidas de água de chuva em substituição a água potável para o município de Angra dos Reis, através do levantamento de dados censitários e de oferta/demanda de água; obtenção da série temporal de chuva; determinação do consumo de água potável em cada residência e a obtenção do potencial de reaproveitamento de água potável e das capacidades ideais dos tanques de água de chuva para realização das simulações de atendimento as demandas utilizando o Método Interativo. Palavras-Chave: Água de chuva. Aproveitamento. Recursos hídricos. Angra dos Reis. Introdução Apesar de o Brasil estar em uma situação favorável no que diz respeito à disponibilidade hídrica global, a concentração da população em áreas urbanas vem gerando consequências sobre os recursos hídricos do país. Dentre os municípios situados no estado do Rio de Janeiro, Angra dos Reis encontra-se em situação preocupante quanto ao balanço entre a oferta e a demanda de água para o ano de 2015 (ANA, 2010). O município foi identificado como um dos três que mais necessita de investimentos em obras para o aproveitamento de novos mananciais ou para adequação dos sistemas existentes. Como podemos verificar, em muitas regiões/ municípios, a demanda por água excede à quantidade disponível. Desse modo, é necessário o desenvolvimento de novas tecnologias ou soluções para o gerenciamento dos recursos hídricos. O uso de fontes alternativas de suprimento é citado como uma das soluções para o problema de escassez da água. Dentre estas fontes, o aproveitamento da água da chuva caracteriza-se por ser uma das soluções mais simples e baratas para preservar a água potável (Annecchini, 2005). Onde: Vt é o volume de armazenamento no tempo t (m³), Qt é a demanda de água no tempo t (m³), Vi,t é o volume de chuva que entra no sistema no tempo t (m³) e, Lt são as perdas do sistema durante o intervalo de tempo t (m³). Resultados e Discussão Dados censitários e de oferta/demanda de água Materiais e Métodos Segundo IBGE (2011), Angra dos Reis possui uma população de 169.511 hab., uma vazão de água tratada distribuída de aproximadamente 40.500 m3/d, representando assim, uma quota per capita de água (QPC) de 239 L/hab.d. O sistema de abastecimento de água é constituído por duas captações, uma na Barragem Banqueta (180 L/s) e a outra no Rio Cabo Severino (54 L/s), estes mananciais trabalham com 83% e 96,8% de suas vazões de referência (Q95%). Segundo ANA (2010), Para o presente estudo, foram extraídas informações censitárias como número de habitantes e número de moradores por domicílio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os cálculos de demanda de água potável foram estimados levando em consideração o valor per capita de água demandado pelo município em estudo. A demanda de água não potável será estimada levando em conta estimativas 1. Universidade Severino Sombra, Engenharia Elétrica, Vassouras-RJ, Brasil. 2. Universidade Severino Sombra, Programa de Mestrado Profissional em Educação Matemática, Vassouras-RJ, Brasil. 77 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA percentuais de 10, 20 e 30% do consumo de água potável. Os dados pluviométricos do município foram extraídos com base no Banco de Dados Meteorológicos para Ensino e Pesquisa (BDMEP), do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) para a série temporal de 1961 a 1990. O coeficiente de escoamento foi assumido como sendo 80% em todas as simulações, como recomendado pela norma brasileira NBR 15.527 (ABNT, 2007). Para simulação dos valores de volume dos reservatórios, foi utilizado o Método de Interação dado pela Equação 1. o município possuirá em 2015 uma demanda de 496 L/s, ou seja, existe a necessidade de um acréscimo de 262 L/s. Dentre as soluções proposta para suprir esta demanda de água, existe hoje, um projeto de implantação de um novo sistema com captação em manancial superficial (Rio Bracuí) com a perspectiva de incorporação de 120 L/s. Como podemos observar, mesmo com estes investimentos, existirá um déficit hídrico de 142 L/s. 20 e 30% da demanda de água potável. Como podemos observar, para um percentual de demanda de água potável de 10% e 20%, 92,9% da demanda por água de chuva é satisfeita para todos os meses. Já para a um percentual de 30%, 92,9% da demanda foi atendida de janeiro a maio e de agosto a dezembro, observando as menores demandas para os meses de junho e julho, correspondendo a 92,1 e 89,1%, respectivamente. Série temporal de chuvas do município Tabela 1. Dados de entrada para a simulação de atendimento a demanda de água não potável nas residências. A série temporal de chuvas corresponderam as médias de precipitação mensais durante o período de 1961 a 1990 obtidas do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). A Figura 1 monstra as precipitações médias mensais para o município de Angra dos Reis durante o período em estudo. Dados de Entrada Valores Área de Telhado (m2) 100 Número de moradores (hab./residência) 3 Demanda per capita de água potável (L/hab.dia) 239 Demanda de água de chuva (% da demanda de água potável) 10, 20 e 30 Coeficiente runoff 0,8 Capacidades dos tanques de armazenamento (m3) 2, 4 e 6 Figura 1. Precipitações médias mensais para Angra dos Reis. Fonte: INMET. Quantificação da demanda por água potável No intuito de estimar a demanda por água não potável de uma residência unifamiliar, levou-se em consideração uma residência com 3 habitantes, média de habitantes/residência para o Estado do Rio de Janeiro (IBGE, 2011). Com o valor de QPC de água definido (239 L/hab.d), podemos estimar o consumo mensal de água potável das residências levando em consideração 3 habitantes/residência em 21,5 m3/mês. Figura 2. Demanda atendida de água de chuva mensal para Angra dos Reis. Fonte: Arquivo pessoal Conclusões A utilização da água da chuva para o município de Angra dos Reis pode trazer o benefício da conservação da água e reduzir a dependência excessiva das fontes superficiais de abastecimento de água. Definição do estudo de caso Os dados de entrada utilizados para realizar as simulações de atendimento as demandas de água são apresentados na Tabela 1. Referências Dimensionamento dos tanque e atendimento a demanda de água pluvial IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - Censo Demográfico 2010. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Rio de Janeiro, 270 p., 2011. Annecchini, K.P.V. Aproveitamento da Água da Chuva Para Fins Não Potáveis na Cidade de Vitória – ES, Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 150 p., 2005. Após realizar todas as simulações, o volume de reservação proposto pelo dimensionamento foi de 2 m³ , 4 m3 e 6 m3. A Figura 2 apresenta os resultados percentuais de demanda atendida de água de chuva mensal, levando em consideração os percentuais de 10, ANA - Agência Nacional de Águas. Atlas Brasil: Abastecimento Urbano de Água, Panorama Nacional, v.1, p.72, 2010. ABNT NBR 15527. Água de chuva - Aproveitamento de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis – Requisitos, 12 p., 2 78 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Fonte. Arquivo pessoal. Montagem de um protótipo experimental de uma coluna de leito fixo utilizando resíduo do processamento de azeitonas como adsorvente José Ribeiro Lima Novaes¹, Camila Mendes de Souza Barbosa¹, Nathália Carvalho da Silva¹, André Rodrigues Pereira², Miguel Rascado Fraguas Neto³, Cristiane de Souza Siqueira Pereira³. Resumo As agroindústrias geram resíduos que atualmente vêm sendo estudados, devido ao seu alto poder de adsorção. A indústria alimentícia de processamento de azeitonas gera grande quantidade de resíduos, em média 3,5 toneladas por dia. O efluente gerado neste processo possui alto índice de turbidez, devido ao teor elevado de matéria orgânica. Tendo em vista essas características, há necessidade de enquadramento na legislação, atendendo aos parâmetros permitidos para descarte em corpos receptores. O objetivo do trabalho foi montar uma coluna de adsorção e analisar a viabilidade do uso do caroço de azeitona como material adsorvente para clarificação do efluente da própria empresa geradora deste resíduo. A coluna foi construída em material PVC, com um diâmetro de 3,9 cm e 58,5 cm de altura. Essa coluna foi recheada com caroços de azeitona triturados e secos. A eficiência do processo de clarificação foi alcançada com a redução da turbidez em torno de 90%. Palavras-Chave: Adsorção. Efluente. Olea europaea. Introdução de efluente na própria indústria de processamento de azeitonas. A geração de resíduos é uma atividade constantemente realizada pela sociedade mundial. Com a revolução industrial, a geração de resíduos tornou-se mais presente e hoje, com o consumismo desenfreado, tornou-se um dos maiores problemas ambientais. Dessa forma, a busca por soluções para a destinação dos resíduos, aumentou significativamente, na tentativa de minimizar impactos negativos causados ao meio ambiente. O setor agroindustrial é responsável por grande parcela da produção de resíduos e efluentes, oriundos do processamento de alimentos, podendo citar como exemplo a indústria de extração de azeite e de produção das azeitonas de mesa, que geram grandes quantidades de subprodutos dentre eles uma grande quantidade de caroço oriundo da etapa de descaroçamento da azeitona. De acordo com Chimatti (2012), o resíduo é um dos principais problemas enfrentado pela agroindústria, geradora do efluente analisado. Esse resíduo é proveniente do processo de descaroçamento das azeitonas. A indústria possui no processo, quatro máquinas em funcionamento, cada máquina pode processar em média 19.000,00 Kg de azeitonas inteiras por dia. De acordo com os dados fornecidos pela empresa, são gerados mais de 3.800 Kg do resíduo por dia. Diante desse cenário existe a necessidade de buscar novas tecnologias para minimizar os possíveis impactos causados pelas agroindústrias no meio ambiente. Neste trabalho avaliou-se a utilização do caroço de azeitona como um adsorvente natural e de baixo custo no tratamento A pesquisa foi realizada no laboratório de Ciências Ambientais da Universidade Severino Sombra, onde foram realizados os ensaios de adsorção. O caroço de azeitona e o efluente utilizado foram cedidos por uma indústria de alimentos localizada na cidade de Três Rios-RJ. O efluente bruto foi coletado após o tanque de equalização da estação de tratamento de efluentes. O efluente foi armazenado em um recipiente de PVC de 5L e mantido refrigerado até posterior análise. A eficiência do processo foi medida em termos da redução da turbidez do efluente. O aparato experimental utilizado nos experimentos foi construído com base no trabalho de (De Freitas, et al., 2013). Foi utilizado um cano de PVC com 58,4 cm de altura e 3,9 cm de diâmetro. Na parte inferior da coluna foi acoplado um registro com objetivo de controlar a vazão de saída do efluente para amostragem. O efluente foi adicionado à coluna através de uma bomba. Para a retenção do material adsorvente no interior da coluna utilizou-se uma tela metálica. Resultados e Discussões O efluente bruto apresentou turbidez de 475 ± 29 NTU. Após o processo de adsorção o efluente apresentou uma redução em torno de 90% da turbidez. 1. Universidade Severino Sombra, discente, Vassouras-RJ, Brasil. 2. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Doutorando TPQB/EQ, Rio de Janeiro-RJ, Brasil. 3. Universidade Severino Sombra, docente, Vassouras-RJ, Brasil. 79 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Materiais e Métodos Ao ser submetido à técnica de adsorção, o efluente se enquadra dentro da legislação CONAMA 430/2011 A legislação referida estabelece que para descarte de um efluente em rios de água doce classe I, o mesmo deve apresentar turbidez igual ou abaixo de 40 NTU e os de classe II e III, o valor da turbidez vai até 100 NTU. Conclusão As agroindústrias necessitam de uma maneira mais sustentável para destinar seus resíduos. Dessa forma, é de extrema importância que sejam criadas tecnologias eficientes para destinação de subprodutos gerados por elas. No presente trabalho o uso do caroço de azeitona utilizado como adsorvente promoveu a clarificação do efluente estudado, reduzindo a turbidez em torno de 90%, demonstrando ser uma potencial alternativa para tratamento de efluentes agroindustriais. Referências IV JORNADA SEVERINO SOMBRA DE FREITAS, M. G. N., DE SOUZA ALVES, L., DE AZEVEDO-MELEIRO, C. H., MENDES, M. F., DA CRUZ MELEIRO, L. A. Desenvolvimento de um Processo Contínuo para Clarificação de Óleo de Milho em Coluna de Leito Fixo. Revista de Ciências Exatas, 32(1), 2013. CHIMATTI, W, “Fabricação de subprodutos Gerados a partir do Resíduo do Processo de Descaroçamento e Seleção de Azeitonas Brutas”. Monografia (Graduação)- Universidade Severino Sombra, Vassouras- RJ, 2012. FREITAS M, Alves L. Meleiro C., Mendes M., Meleiro L, “ Desenvolvimento de um Processo Contínuo para Clarificação de Óleo de Milho em Coluna de Leito Fixo”, 2013 RODRIGUEZ G., Lama A., Rodriguez R., Jiménez A., Guillén R., Fernández- Bolaños,: “Olive Stones an attractive source of bioactive and valuable compounds”. Bioresource Technology, 2008. SIMÕES C., Torres D., Pereira A., Neto M., Pereira C.: Utilização do Resíduo do Processo de descaroçamento da Azeitona no Tratamento de Efluente, 2013. SOUISSI S., OUEDERNI A. RATEL A. “Adsorption of dyes onto activated carbon prepared from olive stones”, 2005. 80 Sistemas híbridos de potência para alimentação de sistemas de corrente contínua de uma central de comutação e controle de telefonia móvel Matheus Leal Silva¹, José Leandro Casa Nova¹. Resumo Com o advento da tecnologia na área de telecomunicações, Sistemas de Telefonia Móvel foram tornando-se cada vez mais presentes na vida cotidiana. Para o crescimento contínuo de tal sistema, cada vez mais energia elétrica é demandada por parte de grandes Centrais de Comutação e Controle e Estações-Rádio das companhias de Telefonia Móvel. A fim de se reduzir custos com a Companhia de Distribuição de Energia Elétrica, propõe-se a instalação de fontes renováveis de energia elétrica para operarem em conjuntos com geradores e com linhas de distribuição da concessionária de eletricidade, os chamados Sistemas híbridos. Por fim, espera-se que a alimentação híbrida possa contribuir para sistemas mais sustentáveis de energia, consequentemente a contenção de gastos com a tarifação de fontes convencionais de energia elétrica pela concessionária, bem como riscos menores de anomalias elétricas (harmônicos e ruídos) e quedas de tensão. Introdução rádio que recebia e transmitia o sinal de um ponto de origem ao destino. (CARVALHO,BADINHAN,2011) Todavia, conforme o sistema de telefonia móvel foi aumentando e devido a problemas logísticos (apenas um usuário podia usar o MTS de cada vez), houve a necessidade de dividir a área de cobertura em pequenas outras áreas cada uma com sua própria estação rádio com frequências variadas. Cada “pequena” área deu- se o nome de célula. Surgia assim o sistema de Telefonia Móvel Celular. (CARVALHO,BADINHAN,2011) De acordo com Rodrigues, 2003, o Sistema básico de telefonia móvel é dividido em três partes essenciais: A estação móvel ( aparelho); A estação Rádio-Base; e a Central de Comutação e Controle (CCC). Neste trabalho se dará foco nas instalações de CCC. Atualmente, muitos países têm investido em energias renováveis. Como solução de crises energéticas e redução de impactos ambientais, porém, muitas vezes, o alto custo de fabricação e manutenção, limitações de ordem física, os inviabilizam. Por conta disso, tais fontes de energia renováveis de eletricidade são utilizadas como auxiliadoras em sistemas convencionais, os chamados Sistemas híbridos. O foco deste trabalho é formular uma proposta de aplicação de Sistemas Híbridos de potencia em Centrais de Telefonia Móvel. Os sistemas de telefonia móvel estão cada vez mais presentes na sociedade moderna, a expansão dos sistemas de comunicações é realidade constante, e, com isso, o aumento de demanda energética para tais sistemas é crescente. Os Sistemas Híbridos em telefonia móvel teriam a função de reduzir custos com energia elétrica proveniente de concessionária de eletricidade e ajudaria reduzir a dependência por geradores eletromecânicos com principio de funcionamento baseado no uso de óleo Diesel que tais Centrais de Telefonia móvel possuem. Fontes Renováveis e Não-Renováveis de Energia Elétrica Com a revolução industrial, a demanda por combustíveis para indústrias, navios, locomotivas e entre outras máquinas cuja combustão faz parte de seu principio de funcionamento aumentou exponencialmente. Combustíveis fósseis como o carvão vegetal e posteriormente o petróleo mudaram o modo de vida da maior parte do planeta. Porem tais combustíveis são altamente poluentes e de baixo rendimento, além do fato de ser esgotável. Com a crise do petróleo de 1973, as grandes empresas exploradoras petróleo e novas políticas de Estado deram mais atenção a fontes de energia sempre presentes no ambiente com menor ou nenhum índice de emissão de gases poluentes na atmosfera e Princípios de Telefonia Móvel Celular O conceito de Telefonia Móvel é relativo àquela onde há possibilidade de movimento relativo dos usuários (assinantes, veículos, aeronaves, etc.). O sistema de telefonia móvel surgiu com a necessidade do usuário se locomover enquanto estivesse se comunicando. O primeiro sistema de comunicação móvel com certo grau de praticidade foi o MTS (mobile telefone servisse) em 1946, tal sistema era constituído de uma única estação 1. Universidade Severino Sombra, Vassouras-RJ, Brasil. 81 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Palavras-Chave: Sistemas híbridos. Corrente contínua. Centrais de comutação e controle. Telefonia móvel. que não corresse o risco de se esgotar- as chamadas Energias Renováveis. A partir daí, surgiram os painéis fotovoltaicos, os geradores eólicos, as Geotérmicas entre muitas outras. O grande obstáculo que as energias renováveis enfrentam é a viabilidade física e o alto custo de fabricação, manutenção e operação. Um painel fotovoltaico, por exemplo, possui uma fabricação com custo elevado e a noite o efeito fotovoltaico se inviabiliza, o que se faz necessário um armazenamento da energia diurna (banco de baterias), o que encarece ainda mais o sistema e o retorno do investimento é adiado. sobre a inclusão de energias renováveis em sistemas convencionais para alimentação de instalações. No caso da Telefonia Móvel, tais sistemas reduziriam os custos com a energia elétrica da concessionária e com óleo diesel para geradores eletromecânicos. Além disso, as energias renováveis ajudariam na solução de problemas técnicos (blackouts da rede elétrica ou defeitos mecânicos dos geradores, por exemplo) e reduziria a poluição do ar local. Sistemas Híbridos de Potencia Uma possível solução para tal inviabilidade econômica seria usar fontes renováveis de energia em conjunto com as fontes não-renováveis, os chamados Sistemas Híbridos. Os sistemas híbridos já são realidade em diversas parte do mundo onde, por exemplo, em locais com altas incidências de raios solares e de ventos são conectados painéis fotovoltaicos e aerogeradores no sistema elétrico de potencia para auxiliar na geração de energia. No brasil, pequenas comunidades do norte do país que não são assistidas por linhas de transmissão já utilizam, além dos geradores Diesel, painéis fotovoltaicos e aerogeradores para suprir a demanda de tais comunidade isoladas. Figura 1. Diagrama do sistema híbrido proposto neste trabalho. Fonte: Arquivo pessoal MEDEIROS, Júlio César de Oliveira. Principio de Telecomunicações. 2a edição. Editora Érika. São Paulo, 2007. SOUZA. Wagner Camisão de. Uma contribuição ao estudo da qualidade de energia elétrica no suprimento de sistemas de telecomunicações. Santa Rita do Sapucaí, 2002. Aplicação de Sistemas Híbridos em Centrais de Comutação e Controle para alimentação de circuitos de Corrente Contínua CARVALHO, Álvaro Gomes de. BADINHAN, Luiz Fernando da Costa. Eletrônica- Telecomunicações, vol.5. Fundação Padre Anchieta. São Paulo, 2011. http://www.unicamp.br/unicamp/ju/576/pesquisa-analisa-sistema-hibridode-energia-eletrica (Acesso em 24/04/14). http://www.sj.ifsc.edu.br/~fabiosouza/Tecnologo/Telefonia%202/Curso%20 de%20Telefonia%20Digital%20-%20tropico%20RA%20com%20 figuras%20novas.pdf (Acesso em 23/04/2014). A proposta deste trabalho baseia-se na inclusão de fontes de energia renováveis em sistemas elétricos de Centrais de Comutação e Controle para Telefonia Móvel, mais especificamente para a alimentação das instalações de corrente contínua dessas centrais. As fontes de energia elétrica proposta nesse trabalho seriam tanto conectadas ao suprimento AC como diretamente ligadas no banco. de baterias, dependendo do tipo de corrente do terminal de cada fonte. Os painéis fotovoltaicos, por exemplo, produzem corrente contínua, todavia, os aerogeradores produzem corrente alternada, assim como os geradores Diesel e o sistema de distribuição local. O sistema híbrido proposto será composto de: Aerogeradores, Painéis Fotovoltaicos, a rede elétrica da concessionaria local e gerador Diesel. Conforme mostra a figura 1. http://lsf.iee.usp.br/lsf/pdf/seminario_26/Apresentacao_Giorgiana_ Pinheiro.pdf (Acesso em 03/05/2014). Conclusões De acordo com os fatos mencionados, é de suma importância que atualmente haja um estudo técnico 82 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Referencias Recapacitação de linhas de transmissão Patrick Picoli de Moraes¹, Riller Marinho Ramos¹, Cíntia Carraro¹. Resumo O atendimento à necessidade de transporte de maiores blocos de energia tem sido viabilizado, em parte, através da recapacitação das linhas de transmissão em operação. O procedimento reduz significativamente o montante de obras e serviços necessários, bem como mitiga sobremaneira os impactos ambientais decorrentes, muito embora os órgãos ambientais ainda estejam dispensando tratamento bastante similar às obras de recapacitação e reconstrução, apesar das notórias diferenças, principalmente o tocante à magnitude dos impactos, sendo que a recapacitação provoca interferências de menor impacto face à permanência da maior parte das estruturas. em suma, a recapacitação veio para ficar, traduzindo-se em conjunto de atividades de custo e impacto limitados, possibilitando às concessionárias ampliar a disponibilidade de energia elétrica requerida pela sociedade. Introdução substituições periódicas dos elementos comprometidos. O projeto de uma nova LT começa na necessidade de aumentar a capacidade do sistema de transmissão. Para cada transmissão de energia elétrica entre dois pontos existem numerosas soluções tecnicamente viáveis, porém, apenas um número relativamente pequeno é capaz de assegurar um serviço de padrão ótimo e, ao mesmo tempo, propiciar o transporte do kWh a um custo mínimo[1]. Para que seja implantada uma nova LT é necessária a constituição de uma faixa de segurança cujos valores são relacionados na tabela a seguir: A crescente demanda de energia elétrica sobrecarrega o sistema de transmissão que requer constantes ampliações para não prejudicar o desenvolvimento. Porém a construção de novas instalações de transmissão vem enfrentando diversos obstáculos em função da dificuldade de constituir novas faixas de servidão e pela necessidade de redução dos impactos ambientais. Desenvolvimento Tabela 1. Faixa de segurança. A Recapacitação da LT consiste em aumentar sua capacidade de transmissão de energia elétrica para atender a uma nova solicitação do sistema em situações nas quais seja inviável a implantação de uma nova LT. Muitas das linhas de transmissão submetidas a recapacitação foram implantadas há de 20, 30 anos, já tendo sido esgotada a vida útil concebida em projeto, normalmente admitida como sendo de 30 anos. Ao longo deste período as instalações, aí incluídas torres, cabos, ferragens, isoladores, acessórios e fundações, estiveram sujeitas à ação inevitável do tempo, tendo sido submetidas aos variados efeitos decorrentes da chuva, poluição, defensivos agrícolas, perda de pintura e galvanização, desgaste mecânico, contato com água subterrânea contaminada e ciclos térmicos extremos. Como todo material exposto a intempéries e submetido, a solicitações diversas, seguramente apresentam desgastes e degradação física, de maior ou menor intensidade dependendo da agressividade do meio, bem como da realização de inspeções, manutenção e Tensão Tipo do Circuito Largura da Faixa 230 kV Simples 35 m 230 kV Duplo 26 m 138 kV Simples 22 m 138 kV Duplo 19 m 69 kV Simples 21 m Fonte. Arquivo pessoal. Os valores pagos em servidão são altos e muitas vezes são necessárias a desapropriação de áreas causando impacto social e aumentado ainda mais este valor. As linhas de transmissão possuem basicamente duas partes: a parte ativa composta pelos cabos condutores e a parte estática composta pelas estruturas, ferragens e isoladores. Devido ao perigo, por se tratarem da transmissão em valores de centenas de milhares de volts, as linhas de transmissão possuem regras bastante rígidas com 1. Universidade Severino Sombra, Vassouras-RJ, Brasil. 83 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Palavras-Chave: Recapacitação. Impactos ambientais. Operação. relação ao seu projeto. As normas utilizadas têm força de lei e estabelecem os critérios mínimos que devem ser observados pelo projetista. Os elementos passivos da LT, como estruturas e isoladores, são dimensionados em função dos cabos condutores, suas solicitações mecânicas e distâncias mínimas elétricas. Os dados a seguir, devem ser monitorados para se definir as necessidades e possibilidades na recapacitação de uma linha de transmissão, pois podem ter influência direta no desempenho elétrico da LT: Observações Finais Cada alternativa tem suas vantagens e desvantagens, aspectos positivos e negativos, devendo ser estudadas e aplicadas após avaliação criteriosa da equipe responsável pelo projeto de recapacitação. Nesse sentido, distâncias elétricas na estrutura, desempenho elétrico, confiabilidade, restrições operativas, avaliação estrutural de torres e fundações, entre outros, são aspectos a serem estudados visando à adoção das técnicas mais adequadas, caso a caso. Entretanto, algumas questões surgem, devendo ser avaliadas à luz dos critérios relacionados à vida útil, passada e futura, das instalações de transmissão. Portanto, sendo inevitáveis e marcantes os efeitos do longo tempo em exposição aos fatores degradadores apontados, há que se realizar adequado programa de levantamento e caracterização das condições de integridade dos elementos constituintes das linhas de transmissão previamente, ou paralelamente, aos estudos de projetos de recapacitação, de forma a se poder assegurar vida útil remanescente compatível com os investimentos a serem realizados, bem como adequado desempenho elétrico e estrutural evitando-se, desta forma, potenciais ocorrências danosas à operação do sistema e à comunidade lindeira. Distância condutor-solo; Velocidade do vento; Temperatura ambiente; Poluição; Resistência de pé de torre; Ampacidade. [2]Ampacidade está relacionada à capacidade de transmissão de energia elétrica de uma determinada linha de transmissão. O valor de ampacidade representa o valor máximo de corrente que deverá circular pelo cabo condutor para que ele atinja a temperatura para a qual foi projetado, mantendo assim os valores de flecha calculados. Em geral é calculada no vão crítico (1), pois este será o ponto no qual poderá haverá maior possibilidade de violação da altura cabo solo quando a LT operar na condição nominal. I = √(Qr +Qc - Qs).10³/r . (1) Referências Diversos procedimentos têm sido implementados visando permitir às LTs transferirem maior potência sem necessidade de intervenções de vulto. Entre as principais, podem ser citadas: [1] labegalini et al, 1992. [2] Dissertacao Abordagem Multicriterios Ricardo Soares Cavassin. - Aumento da bitola dos cabos condutores; - Substituição dos condutores por cabos termoresistentes, existindo atualmente diversos tipos de cabos habilitados a operar sob temperaturas mais elevadas; - Substituição, de estruturas que estejam impondo distâncias cabo-solo inferiores às regulamentares; - Inserção de torres; - Raspagem de terreno visando atender às distâncias requeridas; - Confinamento de áreas; - Aplicação de conjunto de cadeias de isoladores alternativas (poliméricas, semi-ancoragem, suspensão para ancoragem, etc.). Um método bastante divulgado é o método simplificado para a elaboração de curvas de ampacidade e descrito a seguir. É um método aceitável para a maioria das aplicações práticas [1]. Um cabo atinge a temperatura em regime permanente quando houver 84 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA - - - - - - equilíbrio entre o calor ganho e o calor perdido pelo cabo. O cabo ganha calor principalmente por efeito Joule e pela radiação solar. Vulnerabilidade às mudanças climáticas - Impactos da elevação do nível do mar na erosão costeira na Guiné-Bissau Morto Baiém Fandé¹, Fábio dos Santos Gonçalves¹. Resumo A elevação do nível médio global do mar projetada para o final deste século como consequências das mudanças climáticas poderá provocar desequilíbrios em sistemas costeiros naturais e humanos. As zonas costeiras são consideradas vulneráveis às alterações climáticas, particularmente à elevação do nível do mar, que poderá agravar, entre outros processos, a erosão costeira. Este trabalho buscou investigar a vulnerabilidade da zona costeira da Guiné-Bissau, na África, à elevação do nível do mar, analisando os impactos potenciais na erosão costeira. O Índice de Vulnerabilidade Costeira (IVC) para elevação do nível do mar, de Özyurt, foi utilizado para o estudo, considerando o impacto erosão nos seus parâmetros físicos e de influência humana. A zona estudada apresentou vulnerabilidade moderada. É necessário que o poder público e a sociedade em geral conjuguem esforços para reduzir este grau de vulnerabilidade. Introdução de vastas áreas estuarinas ou lagunares (tem pendor médio muito pequeno) e recuo de praias e arribas de material não consolidado (Dias, 2005). Porém, sistemas ambientais e sociais estão sujeitos à vulnerabilidade desigual, em função da localização geográfica, condições sociais, econômicas e ambientais (Santos e Miranda, 2006). A Guiné-Bissau, cujos 61% do território são considerados zona costeira e agrega 80% da população (Guiné-Bissau, 2004), é suscetível à erosão costeira decorrente das mudanças climáticas e elevação do nível do mar. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a vulnerabilidade da zona costeira da Guiné-Bissau à potencial elevação do nível do mar, analisando o impacto na erosão costeira. Diversas pesquisas científicas evidenciaram as oscilações do nível médio global do mar ao longo de tempos. Essas oscilações (Dias, 2005; UNESCO/COI, 2010; IPCC, 2013) são causadas pela variabilidade climática natural da Terra e pelas atividades humanas, que foram responsáveis pela rápida elevação do nível do mar observada desde século passado. De acordo com IPCC (2013) o nível médio global do mar elevou-se 0,19 m entre 1901 e 2010 e projeta-se uma elevação de entre 0,26 e 0,98 m até 2100. Elevação do nível mar aparentemente muito pequena numa primeira análise é capaz de provocar erosão costeira Tabela 1. Parâmetros de influência humana na zona costeira e as faixas correspondentes. Faixa Parâmetros Físicos Taxa do Aumento do Nível do Mar (mm/ano) Geomorfologia Muito Baixo Baixo Moderado Elevado Muito Elevado 1 2 3 4 5 <1 1-2 2-5 5-7 7-9 ou mais Penhascos rochosos, Penhascos médios, costas, fiordes. costas irregulares. Penhascos baixos, deriva glacial, planícies aluviais Barreira de praia, praia de Praias de pedregulhos, arreia, pântanos de sal, estuários e lagoas. lodaçais, deltas, manguezal, recifes de corais. Declive Costeiro >1/10 1/10-1/20 1/20-1/30 1/30-1/50 1/50-1/100 Altura Significativa da Onda (m) <0,5 0,5-3,0 3,0-6,0 6,0-8,0 >8,0 Provisão de Sedimento Amplitude da Maré(m) Mais de 50% da linha Entre da costa está em linha da costa estão acréscimo em acréscimo >6 10-30% da Menos de está em erosão ou acréscimo 4,0-6,0 2,0-4,0 Fonte. Arquivo pessoal. 1. Universidade Severino Sombra, Vassouras-RJ, Brasil. 85 10% da linha da costa Entre 10-30% da linha da costa está em erosão 0,5-2,0 Mais de 50% da linha da costa está em erosão <0,5 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Palavras-Chave: Elevação do mar. Zona costeira. Erosão. Material e Métodos igualmente para a vulnerabilidade. O IVC é calculado pela equação 1 e o resultado é um valor que varia de 1 a 5, permitindo classificar a vulnerabilidade da área de estudo como: Muito Baixa (1≤IVC<1,5); Baixa (1,5≤IVC<2,5); Moderada (2,5≤IVC<3,5); Elevada (3,5≤IVC<4,5); Muito Elevada (4,5≤IVC≤5). Foi usado o Índice de Vulnerabilidade Costeira (IVC) para elevação do nível do mar, desenvolvido por Özyurt (2007), considerando somente o impacto erosão. O IVC integra um conjunto de parâmetros físicos (tabela 1) e de influência humana (tabela 2), recebendo cada parâmetro um valor que varia de 1 a 5, de acordo com a sua contribuição. Um peso de 0,5 é considerado para os dois grupos de parâmetros, indicando que contribuem Neste trabalho, a atribuição de valores aos parâmetros foi baseada na literatura existente sobre o tema e localidade de estudo e no conhecimento dos autores daquela localidade. Tabela 2. Parâmetros de influência humana na zona costeira e as faixas correspondentes. Parâmetros Humanos Muito Baixo Baixo Moderado Elevado Muito Elevado 1 2 3 4 5 >80% 60-80% 40-60% 20-40% <20% Não afetado - - Fortemente afetado Frentes Edificadas <5% 5-20% 20-30% 30-50% >50% Degradação da Proteção Natural >80% 60-80% 40-60% 20-40% <20% Estruturas de Proteção Costeira >50% 30-50% 20-30% 5-20% <5% Redução de provisão de sedimento Regulação do Fluxo do Rio Moderadamente afetado Fonte. adaptado de Özyurt (2007). Aplicando os valores na equação, teremos: Onde: Conclusão PF = parâmetros físicos; PH = parâmetros de influência humana; n e m = nº de PF e PH considerados, respectivamente; IVCmenos vulnerável = somatório dos parâmetros para o caso menos vulnerável. O resultado indica que a área de estudo apresenta uma vulnerabilidade moderada à erosão costeira devido ao aumento do nível do mar. O poder público do país e a sociedade devem empreender esforços de modo a evitar ou reduzir esta vulnerabilidade, controlando principalmente as atividades humanas que contribuem para aumento da vulnerabilidade. Resultados e Discussão A análise de dados relativos à contribuição de parâmetros físicos e de influência humana para a vulnerabilidade da área de estudo indicou os valores apresentado no tabela 3. Referências Dias, J. M. A. Evolução da Zona Costeira Portuguesa: forçamentos antrópicos e naturais. Disponível em: <http://www.pluridoc.com/Site/FrontOffice/ default.aspx?module=Files/FileDescription&ID=969&state=FD>. Acesso em: 16 abr. 2014. Tabela 3. Parâmetros físicos e de influência humana e respectivas vulnerabilidades. Paramentos Físicos Taxa de aumento do nível do mar Geomorfologia Altura significativa sedimento Amplitude maré Moderada Muito elevada Declive costeiro da onda Balanço Vulnerabilidade de da Moderada Baixa Muito elevada Moderada Parâmetros de Influência Humana Degradação da proteção natural Redução de provisão de sedimentos Regulação do fluxo do rio Frentes edificadas Estruturas de proteção costeira - Vulnerabilidade Guiné-Bissau (República). Ministério da Energia e dos Recursos Naturais. Direcção Geral do Ambiente. Comunicação Nacional Inicial da GuinéBissau sobre as Mudanças Climáticas. Bissau, 2004, 216 p. Moderada Elevada IPCC.The Physical Science Basis: summary for policymakers. 2013. Disponível em: <http://www.climatechange2013.org/images/uploads/ WGIAR5-SPM_Approved27Sep2013.pdf>: Acesso em 27 set. 2013. Moderada Özyurt, G. Vulnerability of Coastal Areas to Sea Level Rise: a case study on Göksu Delta. 2007. 103 f. Dissertação (MestradoemEngenharia Civil) - Graduate School of Natural and Applied Sciences of Middle East Technical University, 2007. Disponível em:<http://etd.lib.metu.edu.tr/ upload/12608146/index.pdf>. Acesso em 31 mar. 2014. Muito baixa Muito elevada - 86 IV JORNADA SEVERINO SOMBRA Faixa Santos, F. D. Miranda, P (Edit.). Alterações Climáticas em Portugal: cenários, impactos e medidas de adaptação. Projecto SIAM II, Gradiva, Lisboa, 2006. Disponível em: <http://siam.fc.ul.pt/siamII_pdf/SIAMII.pdf> Acesso em 11 mar. 2014. IV JORNADA SEVERINO SOMBRA UNESCO/COI. Élévation et Variabilité du Niveau de La Mer: résumé à l’intention des décideurs. France, 2010. Dispunível em: <http://unesdoc. unesco.org/images/0018/001893/189369f.pdf>. Acesso em: 04 mar. 2014. 87