TENSÃO Observação: Este texto não deverá ser considerado como apostila, somente como notas de aula. Considere que a área secionada está subdividida em pequenas áreas, como A sombreada em tom mais escuro na Figura 1.10a. À medida que reduzimos A a um tamanho cada vez menor, temos de adotar duas premissas em relação às propriedades do material. Consideraremos que o material é contínuo, continuidade isto ou é, possui distribuição uniforme de matéria sem vazios, em vez de ser composto por um número finito de moléculas ou átomos distintos. Além disso, o material deve ser coeso, o que significa que todas as suas porções estão muito bem interligadas, sem trincas ou separações. Uma força típica finita F, porém muito pequena, agindo sobre a área A a ela associada, é mostrada na Figura 1 .10a. Essa força, como todas as outras, terá uma direção única, mas, em nossa discussão, nós a substituiremos por suas três componentes, a saber, Fx, Fy e Fz tangentes e normais à área, respectivamente. ' y z' A medida que a área A tende a zero, o mesmo ocorre com a força F e suas componentes; porém, em geral, o quociente entre a força e a área tenderá a um limite finito. Esse quociente é denominado tensão e, como já observamos, descreve a intensidade da força interna sobre um plano especifico (área) que passa por um ponto. TENSÃO NORMAL. A intensidade da força, ou força por unidade de área, que age perpendicularmente A, é definida como tensão normal, (sigma). Visto que Fz é normal à área, então: Se a força normal ou tensão tracionar o elemento de área A, como mostra a Figura 1.10a, ela será denominada tensão de tração, ao passo que, se comprimir o elemento A, ela será denominada tensão de compressão. TENSÃO NORMAL MÉDIA EM UMA BARRA COM CARGA AXIAL Frequentemente, elementos estruturais ou mecânicos são compridos e delgados. Além disso, estão sujeitos a cargas axiais que normalmente são aplicadas às extremidades do elemento. Pendurais, parafusos e elementos de treliças são exemplos típicos. Nesta seção, determinaremos a distribuição de tensão média que age na seção transversal de uma barra com carga axial, como aquela cuja forma geral é mostrada na Figura abaixo. Esta seção define a área da seção transversal da barra e, como todas as outras seções transversais são iguais, a barra é denominada prismática. Premissas. Antes de determinarmos a distribuição da tensão média que age sobre a área da seção transversal da barra, é necessário adotar duas premissas simplificadoras em relação à descrição do material e à aplicação específica da carga. 1º premissa - É necessário que a barra permaneça reta antes e depois da aplicação da carga; além disso, a seção transversal deve permanecer achatada ou plana durante a deformação, isto é, durante o tempo em que ocorrer a mudança no volume e na forma da barra. 2ª premissa - Para que a barra sofra deformação uniforme é necessário que P seja aplicada ao longo do eixo do centroide da seção transversal e que o material seja homogéneo e isotrópico. Materiais homogêneos têm as mesmas propriedades físicas e mecânicas em todo o seu volume e materiais isotrópicos têm as mesmas propriedades em todas as direções. Muitos materiais de engenharia podem ser considerados homogéneos e isotrópicos por aproximação, como fazemos neste livro. DISTRIBUIÇÃO DA TENSÃO NORMAL MÉDIA. Contanto que a barra esteja submetida a uma deformação uniforme e constante como já observamos, essa deformação é o resultado d e uma tensão normal constante , Figura abaixo. O resultado é que cada área A na seção transversal está submetida a uma força F = .A, e a soma dessas forças que agem em toda a área da seção transversal deve ser equivalente à força resultante interna P na seção. Se fizermos A→dA e, portanto, F→dF, então, reconhecendo que é constante, tem-se Onde: = tensão normal média em qualquer ponto na área da seção transversal P = força normal interna resultante, que é aplicada no centroide da área da seção transversal. P é determinada pelo método das seções e pelas equações de equilíbrio A = área da seção transversal da barra A carga interna P deve passar pelo centroide da seção transversal, visto que a distribuição de tensão uniforme produzirá momentos nulos em torno de quaisquer eixos x e y que passem por esse ponto Lista de Exercícios Aula 02 – Exercícios 1 e 2 TENSÃO NORMAL MÉDIA MÁXIMA. Em nossa análise, a força interna P e a área da seção transversal A eram constantes ao longo do eixo longitudinal da barra e, como resultado, a tensão normal = P/A também é constante em todo o comprimento da barra. Entretanto, ocasionalmente, a barra pode estar sujeita a várias cargas externas ao longo de seu eixo ou pode ocorrer uma mudança em sua área da seção transversal. O resultado é que a tensão normal no interior da barra poderia ser diferente de uma seção para outra e, se quisermos determinar a tensão normal média máxima, torna-se importante determinar o lugar onde a razão P/A é um máximo . Para isso, é necessário determinar a força interna P em várias seções ao longo ela barra. Neste caso, pode ser útil mostrar essa variação por meio de um diagrama de força axial ou normal. Exemplo 1.14 A barra na Figura 1.16a tem largura constante de 35 mm e espessura de 10 mm. Determine a tensão normal média máxima na barra quando ela é submetida à carga mostrada. SOLUÇÃO Carga interna. Por inspeção, as forças internas axiais nas regiões AB, BC e CD são todas constantes, mas têm valores diferentes. Essas cargas são determinadas usando o método das seções na Figura 1.16b O diagrama de força normal que representa esses resultados graficamente é mostrado na Figura 1.16c. Por inspeção, a maior carga está na região BC, onde PBC = 30 kN. Visto que a área da seção transversal da barra é constante, a maior tensão normal média também ocorre dentro dessa região. Tensão normal média. Aplicando a Equação 1.6, temos: TENSÃO DE CISALHAMENTO. A intensidade da força, ou força por unidade de área, que age tangente a A, é denominada tensão de cisalhamento, (tau).Aqui estão as componentes da tensão de cisalhamento Para mostrar como essa tensão pode desenvolver-se, consideraremos o efeito da aplicação de uma força F à barra na Figura 1.20a. Se considerarmos apoios rígidos e F suficientemente grande, o material da barra irá deformar-se e falhar ao longo dos planos identificados por AB e CD. Um diagrama de corpo livre do segmento central não apoiado da barra (Figura 1 .20b) indica que a força de cisalhamento V = F/2 deve ser aplicada a cada seção para manter o segmento em equilíbrio. A tensão de cisalhamento média distribuída sobre cada área secionada que desenvolve essa força de cisalhamento é definida por (1.7) Nessa expressão, 𝝉𝒎é𝒅 = tensão de cisalhamento média na seção, que consideramos ser a mesma em cada ponto localizado na seção V = força de cisalhamento interna resultante na seção determinada pelas equações de equilíbrio A = área na seção Cisalhamento simples. (V = F) Falha de um parafuso em cisalhamento simples Lista de Exercícios Aula 02 - Exercício 7 Cisalhamento duplo. (V = F/2) Lista de Exercícios Aula 02 - Exercício 8 Exemplo 1.10 A barra mostrada na Figura 1.24a tem área de seção transversal quadrada com 40 mm de profundidade e largura. Se uma força axial de 800 N for aplicada ao longo do eixo que passa pelo centroide da área da seção transversal da barra, determine a tensão normal média e a tensão de cisalhamento média que agem no material ao longo do (a) plano de seção a-a e do (b) plano de seção b-b. Parte (a) Carga interna. A barra é secionada (Figura 1.24b ), e a carga interna resultante consiste somente em uma força axial para a qual P = 800 N. Tensão média. A tensão normal média é determinada pela Equação 1.6. Não existe nenhuma tensão de cisalhamento na seção, visto que a força de cisalhamento na seção é zero. 𝝉𝒎é𝒅 = O OBSERVAÇÃO: A distribuição da tensão normal média na seção transversal é mostrada na Figura 1.24c. Parte (b) Carga interna. Se a barra for secionada ao longo de b-b, o diagrama de corpo livre do segmento esquerdo é mostrado na Figura 1.24d. Neste caso, a força normal (N) e a força de cisalhamento (V) agem na área secionada. A utilização dos eixos x, y resulta Tensões médias. Neste caso, a área secionada tem espessura e profundidade de 40 mm e 40 mm/sen 60 = 46,19 mm, respectivamente (Figura 1.24a). Portanto, a tensão normal média é A distribuição das tensões é mostrada na Figura 1.24e. Lista de Exercícios Aula 02 - Exercício 12 TENSÃO ADMISSÍVEL Um engenheiro responsável pelo projeto de um elemento estrutural ou mecânico deve restringir a tensão atuante no material a um nível seguro. Além disso, uma estrutura ou máquina em uso contínuo deve ser analisada periodicamente para que se verifique quais cargas adicionais seus elementos ou partes podem suportar. Portanto, vale repetir, é necessário fazer os cálculos usando-se uma tensão segura ou admissível. Para se garantir a segurança, é preciso escolher uma tensão admissível que restrinja a carga aplicada a um valor menor do que a carga que o elemento pode suportar totalmente. Há várias razões para isso. Por exemplo, a carga para a qual o elemento é projetado pode ser diferente das cargas realmente aplicadas. As dimensões estipuladas no projeto de uma estrutura ou máquina podem não ser exatas, na realidade, por causa de erros de fabricação ou cometidos na montagem de seus componentes. É possível ocorrer problemas com vibrações, impactos ou cargas acidentais desconhecidas, que não tenham sido contemplados no projeto. Corrosão atmosférica, deterioração ou desgaste provocado por exposição a intempéries tendem a deteriorar os materiais em serviço. Por fim, as propriedades mecânicas de alguns materiais como madeira, concreto ou compósitos reforçados com fibras podem apresentar alta variabilidade. Um método para especificação da carga admissível para o projeto ou análise de um elemento é o uso de um número denominado fator de segurança. Este fator depende: consistência da qualidade do material; durabilidade do material; comportamento elástico do material, espécie de carga e de solicitação; tipo de estrutura e importância dos elementos estruturais; precisão na avaliação dos esforços e seus modos de atuarem sobre os elementos construtivos; e qualidade da mão de obra. O fator de segurança (FS) é a razão entre a carga de ruptura, Frup , e a carga admissível, Fadm. Neste contexto, Frup é determinada por ensaios experimentais do material, e o fator de segurança é selecionado com base na experiência. Se a carga aplicada ao elemento estiver linearmente relacionada com a tensão desenvolvida no interior do elemento, como no caso da utilização de = P/A e méd = V/A, então podemos expressar o fator de segurança como a razão entre a tensão de rup ou (rup ) e a tensão admissível (adm (ou adm); isto é, Em qualquer dessas equações o fator de segurança escolhido é maior que 1 , para evitar o potencial de falha. Valores específicos dependem dos tipos de materiais usados e da finalidade pretendida da estrutura Área da seção transversal de um elemento de tração. Área da seção transversal de um acoplamento submetido a cisalhamento. Área exigida para resistir ao apoio. Área exigida para resistir a cisalhamento provocado por carga axial. Lista de Exercícios Aula 02 - Exercício 14 , 18 e 21 BIBLIOGRAFIA HIBBELER, R. C – Resistência dos materiais 7ª edição Pearson