INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FUNORTE / SOEBRÁS Aplicações clinicas da barra transpalatina CINTIA BARREIROS FASSINE Monografia apresentada Especialização em ao Ortodontia Programa do ICS de – FUNORTE/SOEBRÁS NÚCLEO BRASÍLIA, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Odontologia. Grau: Ortodontia e Ortopedia dos Maxilares Orientador: AN TIEN LI BRASÍLIA-DF 2013 CINTIA BARREIROS FASSINE Aplicações clinica da barra transpalatina Monografia apresentada Especialização em ao Ortodontia Programa do ICS de – FUNORTE/SOEBRÁS NÚCLEO BRASÍLIA, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Odontologia. Grau: Ortodontia e Ortopedia dos Maxilares. Orientador: AN TIEN LI Aprovada em _________/__________/___________ Banca Examinadora ________________________________________________ Orientador: Prof. ________________________________________________ Prof. __________________________________________________ Prof. “O que prevemos raramente ocorre; o que menos esperamos geralmente acontece”. Benjamin Disraeli AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar concluindo este curso de Especialização. Agradeço a Ele por ter trilhado meu caminho até aqui, me iluminando nos momentos mais difíceis de minha vida. Ao meu namorado Ronaldo pelo apoio e incentivo. Ao Professor An Tien Li pela orientação, tempo, amizade e seus conhecimentos, para nos ensinar os caminhos da Ortodontia. Aos professores pela sua dedicação. Dedicatória Dedico esta monografia a minha família, que mesmo na distância, demonstram amor confiança em mim. Aos professores pelo simples fato de estarem dispostos a ensinar. Enfim, a todos que de alguma forma tornaram este caminho mais fácil de ser percorrido. Resumo O presente trabalho aborda a barra transpalatina (BTP) que é um acessório ortodôntico com a principal finalidade de ancoragem. A BTP é utilizada na ortodontia em diversas situações clínicas devido sua fácil confecção e aplicabilidade. Sua utilização e aperfeiçoamento vêm crescendo desde que foi introduzida por Goshgarian. Nesse contexto, este trabalho realizou uma revisão de literatura sobre a BTP. As formas fixa e removível da BTP são apresentadas bem como as suas indicações clínicas e os materiais utilizados em sua confecção. Além disso, a vantagem e a desvantagem de cada tipo de barra transpalatina são discutidas. Palavra chave: Barra transpalatina. Biomecânica. Abstract The present paper approaches with regard to the transpalatal arch which is a orthodontic accessory with the main purpose for anchorage. The transpalatal arch is used in orthodontics in a variety of clinical situations due to its easy fabrication and applicability. Its usage and improvement have been grown since its introduction by Goshgarian. In this context, this paper made a literature review about transpalatal arch. The fixed and the removable forms are presented as well as their clinical indications and the materials used for their fabrication. Furthermore, the advantages and disadvantages of each type of transpalatal arch are discussed. Key words: Transpalatal arch. Biomechanics. Lista de Figuras Figura 01 Barra transpalatina com loop 14 Figura 02 Presilha inserida ao tubo lingual 14 Figura 03 Barra transpalatina modificada 15 Figura 04 Tubo lingual com dobradiça para encaixe do fio 16 retangular Figura 05 Expansão bilateral da distancia intermolar 19 Figura 06 Contração bilateral da distancia intermolar 19 Figura 07 Rotações mesio-vestibular 20 Figura 08 Rotações mesio-lingual bilateral 21 Figura 09 Inclinação mesio-distal 22 Figura 10 Torque vestibular de raiz 23 Figura 11 Rotações mesio-vestibular unilateral 24 Figura 12 Rotações mesio-lingual 25 Figura 13 Torque vestibular da raiz unilateral 26 Figura 14 Dobras em degrau mesma direção 27 Figura 15 Ativações vestibular e lingual de raiz 28 Figura 16 Expansão do arco juntamente com torque de raiz 29 Lista de abreviaturas. ATP Arco Transpalatino GTPB Barra Transpalatina de Goshgarian TMA Titanium Molibdenium Alloy ZTPB Barra Transpalatina de Zachrisson AEB Aparelho Extra Bucal ML Mesio-Lingual MV Mesio-Vestibular BTP Barra Transpalatina Cres. Centro de Resistencia SUMARIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 11 2. PROPOSIÇÃO ............................................................................................. 13 3. REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................... 14 3.1 Histórico da barra transpalatina ................................................................................... 14 3.2 Indicações e princípios biomecânicos no uso da barra transpalatina ................... 17 3.2.1 Confecções do ATP Passivo: ............................................................................... 17 3.2.2 Ativação do ATP: .................................................................................................... 18 A) Expansão bilateral/Contração ................................................................................... 19 B) Dobras em ‘’V” Simétricos.......................................................................................... 20 C) Dobras em ‘’V” Assimétrico ....................................................................................... 24 D) Dobras em Degrau ...................................................................................................... 27 3.3 Efeitos clínicos da barra transpalatina........................................................................ 30 4. DISCUSSÃO ................................................................................................ 38 5. CONCLUSÃO .............................................................................................. 40 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 41 11 1. INTRODUÇÃO No tratamento ortodôntico, o controle adequado da unidade de ancoragem tem um papel fundamental com o objetivo de tornar o tratamento ortodôntico o mais efetivo possível. Uma ancoragem efetiva implica menos movimentos ortodônticos indesejáveis para corrigir durante a fase da finalização e, portanto, menos tempo de tratamento ortodôntico. A ancoragem pode ser classificada quanto ao modo de aplicação da força, com o maxilar envolvido, a localização e também em relação à quantidade de dentes envolvidos. Quanto ao modo de aplicação da força, pode-se citar ancoragem simples, estacionária ou recíproca; quanto ao maxilar envolvido, a ancoragem intramaxilar ou intermaxilar; quanto à localização, pode-se ter ancoragem intra-oral, extra-oral ou muscular; e, quanto à quantidade de dentes envolvidos, a ancoragem pode ser única, composta ou reforçada (MOYERS, 1991). A barra palatina (BTP) ou arco transpalatino é um acessório ortodôntico com finalidade principal para ancoragem. Ela é descrita como um fio que une o molar superior direito com o esquerdo, a qual contorna a curvatura da mucosa palatina. O fio que é utilizado para sua fabricação pode variar em espessura, a partir de 0,8 mm, podendo ser de liga de aço ou de TMA. A BTP foi introduzida por Goshgarian (1972) e, desde então, seu emprego vem crescendo cada vez mais, e também vem sofrendo modificações quanto à sua forma de confecção e utilização. Categoricamente, independentemente das suas variações em termos de formato, a barra transpalatina pode ser fixa soldada na banda ou removível encaixada nos tubos das bandas dos molares. 12 Apesar de a BTP ser utilizada rotineiramente, poucos são os artigos que podem ser encontrados na literatura que descrevem sobre a BTP. Burstone e Koenig (1981) e Baldini e Luder (1982) têm considerado bastante sobre os aspectos biomecânicos na ativação da BTP. Cetlin e TenHoeve (1983) também tem discutido a respeito do seu uso no tratamento sem exodontia. McNamara e Brudon (1995) têm considerado os aspectos práticos da BTP soldada. Rebellato (1995) publicou um artigo comentando todas as ativações possíveis para uma BTP removível. Neste contexto, além da indicação como acessório para ancoragem, a barra transpalatina se tornou mais versátil, ampliando mais suas indicações. Atualmente, podem-se elencar as seguintes indicações: 1) correção da rotação e inclinação dos molares; 2) distalização dos molares; 3) controle de erupção dos molares; 4) expansão ou contração do segmento posterior; e, 5) controle de torque. Além dessas indicações citadas, a barra transpalatina também pode ser indicada para a intrusão de dentes posteriores (Ramos,A.L; Sakima,M.T. 2000). Como contra-indicações, McNamara e Brudon (1995) apontaram duas situações clínicas, a saber, nas más oclusões de Classe II onde há necessidade de perda de ancoragem e na maioria dos casos não cirúrgicos das más oclusões de Classe III de Angle. A presente revisão de literatura tem a finalidade de apresentar a BTP nas suas formas soldada e removível, descrever as situações clínicas onde cada uma delas pode ser indicada, bem como os tipos de materiais que são utilizados para a sua confecção e as suas implicações clínicas. 13 2. PROPOSIÇÃO O presente trabalho tem como objetivo apresentar através de uma Revisão literária a BTP nas suas diferentes formas, os princípios biomecânicos e as situações clínicas onde cada uma delas pode ser indicada, bem como os efeitos clínicos suscitados por este aparelho. 14 3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1 Histórico da barra transpalatina A barra transpalatina foi idealizada por Robert A. Goshgarian (1972) para ser utilizada como aparelho auxiliar nos tratamentos ortodônticos. Trata-se de um aparelho removível confeccionado com fio de aço redondo de calibre 0,9 mm, o qual contorna acompanhando o formato do palato, sem contato com a mucosa do palato, estendendo-se de um molar até outro molar, e no meio dessa barra é feita uma alça loop (Figura 01). Figura 01: Barra transpalatina adaptada com loop. Fonte: Ramos et.al; 2000 Na banda do molar, um tubo lingual é soldado, dentro do qual estaria inserida a extremidade da barra lingual em forma de uma presilha (Figura 02). Figura 02: Presilha inserida ao tubo lingual. Fonte: Ramos et.al; 2000 Na intenção de melhorar a ação e tornar mais preciso a ativação, Wilson (1983, 1984) preconizou uma barra transpalatina denominada aparelho 3D de Wilson além de apresentar as suas modificações alternativas. No aparelho desenhado por Wilson, o loop foi substituído por uma alça quadrangular em que permite as várias ativações de acordo com as necessidades clínicas. Daí o 15 nome aparelho 3D. Além disso, a forma de inserção deste aparelho no tubo também difere do tradicional. No lugar de uma inserção horizontal, este aparelho permite inserção vertical no tubo lingual especificamente desenvolvido para esta modificação. Em suas várias publicações, Wilson mostrou as variadas opções terapêuticas que podem ser alcançadas por meio desse aparelho e suas modificações (Figura 03). Figura 03: barra transpalatina modificada Fonte: Brustone 1994 Em 1994, sentindo a falta de precisão da barra transpalatina tradicional, Burstone idealizou um tubo lingual com tampa em dobradiça que permitia acomodar uma barra transpalatina de fio retangular 0,32” x 0,32”. A barra confeccionada com fio retangular era relativamente mais fácil de ser fabricada, tinha maior facilidade para inserção dentro do tubo e finalmente apresentava uma boa precisão na ativação de primeira, segunda e terceira ordem. Além disso, este novo design oferece possibilidade de inserção da barra pela entrada mesial do tubo lingual ou pela entrada distal (Figura 04) 16 Figura 04: Tubo lingual com dobradiça, para encaixe da barra com fio retangular. McNamara e Brudon (1995) mantiveram o mesmo desenho original da barra transpalatina, porém em vez de removível, descreveu-a na sua forma soldada também confeccionada com o fio 0,9 mm. Nesta publicação, os autores discorreram a respeito das sequências de fabricação e de ativação. Ao mesmo tempo, também apontou que esta barra soldada dificilmente quebraria com o uso e também teria menos risco de afrouxar e soltar em comparação com as barras removíveis. Gunduz et al. (2003) publicaram dois artigos comparando a barra transpalatina Goshgarian e a que eles fabricaram com um desenho específico. A esse novo desenho, os autores denominaram de barra transpalatina personalizada. Os autores mostraram que, para a correção da rotação do molar, esta barra transpalatina personalizada apresenta uma menor taxa de carga, que permite momentos iniciais mais baixos em ativação completa e menos ou nenhuma reativação durante a correção da giroversão. As forças de contração horizontal também são menores. 17 3.2 Indicações e princípios biomecânicos no uso da barra transpalatina A barra transpalatina soldada e passiva tem como objetivos clínicos: ancoragem do molar, manutenção de espaço e contenção depois de expansão rápida da maxila. Em contra partida, a barra transpalatina removível permite aplicações mais versáteis ao tratamento ortodôntico em relação à soldada. A biomecânica da BTP é um pouco complexa pelo fato de ser um aparelho de dois braquetes e não um apenas, como os outros tipos de aparelhos. Isso quer dizer que o arco não se movimenta nem para dentro nem para fora dos tubos dos molares nos dois lados, causando forças restritivas que, não podem ser previstas intuitivamente, são introduzidas no sistema. Essas forças são causadas pela rigidez e comprimento do fio. Como a BTP apresenta um sistema de dois braquetes, em que o aparelho é encaixado nos braquetes/tubos de ambos os dentes, ele possui sistemas de forças estaticamente indeterminados, sendo difícil medir clinicamente as forças no arco. O sistema estaticamente indeterminado é obtido quando o fio é encaixado em dois ou mais braquetes sendo, portando, impossível de se calcularem clinicamente todas as forças e momentos envolvidos no mesmo (Joe Reballato, 1995) 3.2.1 Confecções da BTP Passiva: Os modelos ortodônticos podem ser usados como guia na confecção indireta da BTP passiva ou pode ser feito diretamente na boca do paciente. Existem também as BTP pré-fabricadas. O calibre do fio depende do tamanho do tubo lingual para seu encaixe. Um passo muito importante, ao provar a BTP, 18 é amarrar a um fio dental na barra para evitar a deglutição e aspiração acidentais. Para tornar a BTP de forma que fique passiva, isto é, não deve gerar forças, binários ou qualquer movimentação ortodôntica após ser inserido ao tubo, devem ser realizados alguns procedimentos. Isso pode ser feito colocando uma presilha em um dos tubos dos molares e verificando a presilha do lado oposto, devendo ficar paralela ao tubo. Fazer isso em cada lado ate que quando inserida de um lado a outra esteja paralela. Os ajustes são feitos na presilha do lado que foi inserido e sempre realizar esses procedimentos fora da boca do paciente. Esses procedimentos podem ser repetidos varias vezes ate que se consiga um resultado passivo. É importante amarrar a BTP ao tubo com ligaduras elastoméricas ou de aço, pois só o atrito da presilha com o tubo não é suficiente para a BTP não se deslocar entre as consultas. 3.2.2 Ativação da BTP: Os mesmos princípios biomecânicos para ativar os outros aparelhos ortodônticos aplicam-se a BTP, o que muda e fica um pouco mais complexo é a compreensão dos binários e momentos das forças. Para fazer a expansão e contração da distância intermolar é fácil, basta fazer o alargamento ou estreitamento do arco palatino antes de inseri-lo ao tudo. A geração de binários é obtida através de um dos três tipos de ativação: dobras em “V” simétrico, assimétrico e em degraus. A compreensão dos binários é essencial para mecânica. As dobras em “V” simétricos criam binários iguais e opostos, cujas forças de equilíbrio se anulam. As dobras em V assimétricos criam binários diferentes e opostos, onde as forças de equilíbrio são subtrativas e não se anulam entre si. As dobras em degrau criam binários 19 na mesma direção, cujas forças de equilíbrio serão sempre cumulativas ( Joe Rebellato, 1995) A) Expansão bilateral/Contração A expansão da distância intermolar pode ser obtida, facilmente, aumentando o comprimento da BTP, como mostra a (Figura 05). Figura 05: Expansao bilateral da distacia intermolar Fonte: Rebellato 1995 Quando colocada nos tubos palatinos a BTP gera uma força expansiva que atua em direção vestibular, isso faz com que os dentes têm a tendência de girar de modo corono-vestibular/radículo-lingual. A contração da distância intermolar pode ser obtida reduzindo o comprimento da BTP como mostra a (Figura 06). Figura 06: Contração bilateral da distancia intermolar Fonte: Rebellato 1995 Depois de ativado e inserido as presilhas ao tubo dos molares, eles tem a tendência de mover-se lingualmente um em direção ao outro e os dentes tendem a girar em sentido conono-lingual/radículo-vestibular. 20 B) Dobras em ‘’V” Simétricos Ativações de Primeira Ordem Bilaterais (Rotações Mesio-Vestibulares) As ativações simétricas das presilhas geram binários iguais e opostos aplicados aos molares, como mostra na (Figura 07). Figura 07: Rotações mesio-vestibular Fonte: Rebellato 1995 Isso faz com que cada molar gire em torno de seu Cres. com direção mesio-vestibular. Entretanto, como a distância intermolar fica restrita, pode ser necessária certa expansão para manter essa distância. Não ocorrerá movimento antêro-posterior, que são as forças de equilíbrio, porque as forças são iguais e se anulam entre si. Na prática, essas rotações M-V são necessárias em boa parte de tratamentos sem extrações para obter aumento do perímetro do arco, devido à forma romboide. Com isso abrirá espaço na mesial dando ilusão que os dentes estão se movendo para distal. Em casos com extração e fechamento de espaço com elásticos os dentes tendem a 21 lingualizar e essa rotação impedirá este movimento. A maioria dos pacientes apresentam os molares girados para M-L e necessitam de uma rotação M-V para encaixe do AEB, isso a barra transpalatina faz facilmente. Ativações de Primeira Ordem Bilateral (Rotações Mesio-linguais) Como já mencionado antes, é uma ativação simétrica com binários iguais e opostos, mas desta vez com movimento mesio-lingual, como mostra a (Figura 08). Figura 08: Rotações mesio-linguais bilateral Fonte: Rebellato 1995 A distância do arco fica restrita pela BTP podendo ser necessário expansão para manter a distância intermolar. Essa situação é semelhante a anterior, mas com rotações M-l, e forças de binários são invertidas. O uso clínico desta mecânica tem como consequência, em casos com extrações superiores, camuflar a classe II. Como o molar tem um formato romboide, isso faz com que gire para lingual e ajuda a fechar o espaço do arco. Ativações de Segunda Ordem Bilaterais (Inclinação Mesio-Distal) 22 As ativações de segunda ordem resultam em torção da barra transpalatina quando as presilhas são colocadas nos tubos dos molares, como mostrado na (Figura 09). Figura 09: Inclinação mesio-distal Fonte: Rebellato 1995 Nesse cenário serão aplicados binários iguais e opostos no plano sagital. Um molar apresentará tendência de girar em sentido horário e o outro em sentido anti-horário. O molar com binário corono-distal/radículo-mesial sofrerá movimento radicular para mesial, e será movido para mesial porque a 23 rigidez da barra transpalatina impedirá que a coroa mova-se para distal. O outro molar com movimento corono-mesial/radículo-distal terá movimento radicular para distal pelos mesmos motivos ditos anteriormente. Neste caso não existe forças de equilíbrio associadas e essa mecânica ajuda a corrigir más oclusões de classe II unilateral. O molar com movimento radículo-distal pode ter ajuda de um aparelho extra ,o AEB, que ajudará a corrigir a classe II. Ativações de Terceira Ordem Bilaterais (Torque Vestibular de Raiz). As ativações de terceira ordem resultam em binários iguais e opostos aplicados aos molares no plano frontal, visto na (Figura 10). Figura 10: Torque vestibular de raiz Fonte: Rebellato 1995 As forças de equilíbrio se anulam fazendo com que os molares girem em direção corono-lingual/radículo-vestibular e os tubos se aproximem. Portanto, o sistema é restrito e a rigidez do arco ajuda a manter a distância impondo uma força em direção a vestibular. Ao realizar a expansão rápida da maxila, as ativações de torque de raiz serão muito úteis para verticalizar simultaneamente as raízes. Esse torque de terceira ordem pode ajudar a controlar a recidiva transversal e criar uma boa intercuspidação. 24 C) Dobras em ‘’V” Assimetrico Ativações de Primeira Ordem Unilateral (Rotação Mesio-Vestibular) As ativações simétricas de uma presilha produzirão um binário unilateral que resulta no momento M-V, em um dos molares, e uma força de equilíbrio associada no molar oposto, como mostra na (Figura 11). Figura 11: Rotações mesio-vestibular unilateral. Fonte: Rebellato 1995 As forças de equilíbrio terão direção antêro-posterior aos tubos linguais. O molar com maior movimento M-V também pode ter uma força de equilíbrio direcionada para mesial, movendo-se o dente mesialmente. A força de equilíbrio que atuará no dente do lado oposto tem um movimento para distal, movendo-se o dente distalmente. Essas ativações M-V são úteis na correção de más oclusões de classe II e funciona com mais efetividade quando não há 25 nenhum arco no lugar. Um AEB pode ser usado para manter a rotação M-V do molar. Ativações de Primeira Ordem Unilaterais (Rotação Mesio- Lingual). As ativações unilaterais do molar produzem um binário e resultam um momento M-L, além de gerar uma força de equilíbrio no molar oposto, (Figura 12). Figura 12: Rotação mesio-lingual. Fonte: Rebellato 1995 Uma força de equilíbrio em direção distal estará atuando no molar com o momento M-L e no molar oposto estará atuando uma força para mover-se para mesial. Ativações unilateral M-L é ideal quando se necessita de perda de ancoragem em um dos lados. Embora haja uma tendência de um dos molares 26 mover-se para distal, com o momento M-L, os elásticos de classe III podem ser utilizados para anular tal movimento. Ativações de Segunda Ordem Unilateral. Ativação de segunda ordem unilateral resulta em ativação torcional do arco palatino. Serão aplicados binários iguais e opostos no plano sagital, pois com as ativações torcionais o ângulo de entrada é sempre igual e oposto entre os dois dentes. Portanto, é impossível criar ativações torcionais assimétricas, porque os dentes sempre sofrerão binários de igual magnitude. Ativações de Terceira Ordem Unilaterais. (Torque Vestibular de Raiz) Ativações de terceira ordem com momento no plano frontal produzirá um binário unilateral e resulta em momento de torque vestibular de raiz, e uma força de equilíbrio associada no outro molar com direção vertical (intrusivaextrusiva), como mostra na (Figura 13). Figura 13: Torque vestibular da raiz unilateral. Fonte: Rebellato 1995 O molar com maior momento de torque vestibular de raiz terá como momento de equilíbrio uma força com direção intrusiva e o molar do lado oposto tenderá a extruir. Os momentos mencionados acima podem ser usados em conjunto com a expansão para corrigir mordida cruzada unilateral. O torque 27 vestibular de raiz pode ser usado como ancoragem do lado oposto à mordida cruzada. O centro de resistência do molar com a mordida cruzada também tenderá a mover-se para vestibular, por causa da força expansiva, e o momento da força tende a fazer o molar girar em sentido coronovestibular/radículo-lingual. Após o molar ter descruzado, a BTP pode ser retirado e as dobras das presilhas serão invertidas de modo que o molar que se inclinou para fora da mordida agora é submetido ao torque vestibular de raiz para verticalização. D) Dobras em Degrau As dobras em “V” assimétrico descrevem um binário unilateral em apenas um molar e nenhum binário no outro molar. Aumentando o ângulo de entrada da presilha no lado do binário aumenta-se a magnitude do momento que incide nesse molar e, simultaneamente, a magnitude das forças de equilíbrio associadas que incidem em ambos os molares. As dobras em degrau são sistemas de dois braquetes que tem binário neles e sempre na mesma direção. As forças de equilíbrio associadas também serão cumulativas, portanto as dobras em degrau podem ser um meio eficaz para aumentar a magnitude das forças de equilíbrio, sem aumentar muito o ângulo de entrada. Ativações de Primeira Ordem das Dobras em Degrau As dobras em degraus geram binários nos molares que tem a mesma direção, com isso, os momentos associados que constituem o equilíbrio terão direção oposta, como mostra a (Figura 14). 28 Figura 14: Dobras em degrau, com mesma direção. Fonte: Rebellato 1995 Nesse cenário os momentos de forças serão adicionados aos momentos do binário. Isso ocorre por causa da posição lingual dos tubos. A dobra em degrau será muito útil na correção de classe II dentaria unilateral, onde uma força de maior magnitude será direcionada para distal, e para minimizar os efeitos colaterais os arcos AEB serão uteis. Ativações de Terceira Ordem com Dobras em Degrau As ativações de terceira ordem em degrau combinam com a ativação vestibular de raiz mais ativação lingual de raiz (não discutido anteriormente por falta de estudos), como pode ser visto na (Figura 15). 29 Figura15: Ativações vestibular e lingual de raiz. Fonte: Rebellato 1995 Nesse cenário os binários gerados tem a mesma direção, assim eles são cumulativos. As forças de equilíbrio estão agindo de forma vertical. Esta mecânica e útil quando associada com a expansão para corrigir mordida cruzada unilateral, conforme (Figura 16). Figura 16: Expansão do arco juntamente com torque vestibular de raiz. Fonte: Rebellato 1995 O binário corono-bucal/radiculo-lingual ajuda a corrigir rapidamente a coroa do molar do mordida cruzada. 30 3.3 Efeitos clínicos da barra transpalatina Ney e Göz (1993) estudaram que quando o loop da barra transpalatina encontra-se voltada para frente, provocam um momento de inclinação mesial dos molares e, em situação contrária, um momento de inclinação distal. Isto levou os autores a concluírem que, nos caso em que é necessária maior ancoragem, seria vantajosa a escolha da alça posicionada para trás. Segundo Graber, Vanarsdall Jr (1994), a barra transpalatina quando usada na dentição mista previne a migração mesial dos primeiros molares superiores, durante a transição dos segundos molares decíduos para os segundos pré-molares. Também pode ser usada para estabilização da posição transversa dos molares e ancoragem durante toda terapia ortodôntica. Dahlquist, Gebauer e Ingervall (1996) avaliaram os efeitos da barra transpalatina na correção de giroversão simétrica dos primeiros molares em 50 crianças de 8 a 13 anos de idade. As posições dos molares foram comparadas com 34 indivíduos de 12 a 18 anos de idade com oclusão normal. Arcos préfabricados foram utilizados por 60 a 198 dias, numa média de 122 dias. O efeito foi registrado com um microscópio de mensuração de modelos. As mensurações foram feitas antes e depois do tratamento. As posições dos molares foram determinadas com base nas quatro pontas de cúspides do dente em relação a um sistema de coordenadas formadas com base nos pontos de referências do palato. Os centros de rotação dos molares durante a correção da giroversão foram calculados a partir do movimento das suas cúspides. Antes da correção da giroversão, os molares estavam significativamente girovertidos para mesial e para a face palatina. Em torno de 2/3 dos casos, a cúspide mésio-vestibular movimentaram distalmente durante a correção de 31 giroversão. Nos casos restantes, os molares movimentaram para mesial ou mantiveram inalterados. O movimento distal médio dos molares foi 0,3 mm no lado direito e 0,5 mm no lado esquerdo. Devido ao movimento mesial de muitos molares, em média, não foi observado ganho de espaço no arco dentário durante a correção da giroversão. A localização do centro de rotação variou amplamente, mas em média estava localizado no meio entre as cúspides distovestibular e o disto-palatina. Na maioria dos casos, a correção da giroversão resultou uma pequena expansão. Este estudo mostrou que os primeiros molares mesialmente girovertidos podem ser efetivamente corrigidos com a barra transpalatina, porém, o ganho de espaço com essa mecânica é imprevisível. Haas e Cisneros (2000) realizaram um estudo clínico e laboratorial sobre a barra palatina de Goshgarian, onde selecionou 11 pacientes (3 homens e 8 mulheres) de acordo com os seguintes critérios: Classe II, divisão 1, maloclusão em um ou ambos os lados, rotação mésio-lingual do molares, deficiência de comprimento do arco, sem extrações, ausência de aparelho na arcada, segundos molares superiores não erupcionados e idade media de 10 anos e 4 meses. A barra palatina foi inserida nos tubos linguais dos molares superiores de forma passiva, e depois ativado de acordo com Cetlin, para distalização no lado de Classe II, durante 5 meses ou até a correção de Classe I. Os itens avaliados por meio de modelos e telerradiografias foram rotação dos molares, movimento ântero-posterior dos molares, alteração da largura transversal dos molares e dos segundos pré-molares, alterações verticais dos molares, e a angulação mésio-distal dos primeiros molares superiores. Com base neste estudo, concluíram-se que a distalização do molar foi alcançada por 32 meio de rotação para distal da coroa e por meio de inclinar o molar para distal. Tanto a largura transversal dos molares e a dos segundos pré-molares sofreram aumento por causa do torque vestibular de coroa; não foi observada algum movimento no sentido vertical, seja de intrusão ou de extrusão. Gündüz et al. (2003) avaliaram 2 modelos de barra transpalatina, a saber, a barra convencional (GTPB) e a barra transpalatina personalizada (ZTPB). Para isso, foram confeccionados dez barras de ZTPB, com fio de 0,036 polegadas, e 10 barras pré-fabricadas de GTPB com fio de 0,036 polegadas. As extremidades de ambas as barras distanciavam em torno de 53 milímetros. A barra ZTPB tem três alças, sendo que a alça central é maior que a alça da GTPB. Os dois modelos de barra foram dobradas de forma passiva em plano horizontal, vertical e sagital ajustados para o mesmo modelo por um ortodontista. No modelo, a distância entre os molares foi de 34 mm, e a altura do palato de 13 mm, as barras foram confeccionadas de forma passiva e foram ativadas simetricamente em 10 mm no plano sagital por meio de um gabarito para sua padronização. As barras foram inseridas nos acessórios linguais posicionadas verticalmente do aparelho de medição, e as mensurações foram feitas em três tempos: quando a barra apresentou 0o de desativação, 5º de desativação e 10º de desativação. Nessas desativações, as forças mésiodistais, as forças horizontais e os momentos de rotação dos acessórios direito e esquerdo foram avaliados. De acordo com os autores, as forças horizontais e os momentos apresentaram diferenças estatisticamente significantes. Comparado com o GTPB convencional, o ZTPB parece mostrar algumas vantagens clínica relevantes. A menor taxa de carga permite momentos iniciais 33 mais baixos em ativação completa e menos ou nenhuma reativação durante a correção da giroversão. As forças de contração horizontal foram menores. Barra (GTPB) Barra (ZTPB) Fonte: Rev. Clín. Ortodon. Dental Press 2006 Chiba et al. (2003) avaliaram a pressão da língua sobre a barra transpalatina durante a deglutição. Com a participação de 4 voluntários, com idade média de 27,5 anos, com oclusão normal, sem tratamento ortodôntico prévio, função oral normal, e sem restaurações nas pontas das cúspides. Neste estudo a barra foi soldada à superfície lingual da banda, feita com fio de aço 0,9mm. O circuito do BTP foi posicionado no meio dos segundos pré-molares (P), os primeiros molares (M1), e entre os segundos molares (M2). As distâncias entre o palato até a superfície do sensor de pressão foram de 2,4 e 6mm. Para minimizar a influência da temperatura, cada barra foi embebida em agua de 36oC por 5 minutos e deixou na boca durante 5 minutos antes de medir. O padrão da medição foi com os pacientes sentados ereto em uma cadeira firme. O medidor foi calibrado a Zero quando a língua não tocava no sensor de pressão. Para a mensuração, foi solicitado que o paciente engolisse agua de 36oC. Os autores observaram uma pressão mínima foi exercida na posição P quando a distância, entre a mucosa e o sensor, era de 2 mm, pressão máxima obteve na posição M2 e na distância de 6 mm. Foram observadas diferenças significativas nas comparações entre as posições P e 34 M1, M1 e M2, P e M2, e também entre 2 e 4, 2 e 6mm. Com base neste estudo, os autores concluíram que é possível por meio do uso da barra transpalatina promover forças mediante as pressões da língua. Eyüboglu et al. (2004) avaliaram a distalização assimétrica de molares com o uso da barra transpalatina. A amostra consistiu de 6 mulheres e 9 homens, com idade media de 11,2 anos, maloclusão de Classe I, com padrão vertical normal, relação unilateral de Classe II de molar, linha média dentária inferior correta, início da dentição permanente, três passes horizontal e vertical normal. A barra transpalatina foi confeccionada com fio 0,9mm de aço. Para a mensuração, foram feitas telerradiografias, modelos ortodônticos e fotografias clínicas antes e após a distalização. O período da distalização foi de aproximadamente 5 meses, ou até o molar ficar em Classe I, onde o tratamento fixo foi seguido com a técnica de Edgewise. Os resultados mostraram que a barra pode ser usada na distalização unilateral dos molares superiores, sem precisar de forças extrabucais, pois a discrepância sagital foi mínima. O movimento para mesial dos molares de ancoragem (o molar em Classe I) foi aceitável. Hoshina e Ramos (2006) realizaram um estudo para analisar a força liberada por dois tipo de barra palatina, para isso foi reproduzido em gesso 2 arcos dentários de pacientes com os molares completamente irrompidos. Esses modelos foram escolhidos baseados na distância intermolar onde um modelo apresentava 36 mm e outro 42 mm. Essa diferença não teve importância pelo fato que na hora da construção da barra só teve 2 mm de diferença, pois a profundidade do palato de um modelo era mais profundo que do outro. A barra com desenho clássico utilizou 86 mm de fio no modelo de 35 distância menor, e o com distância maior precisou de 88 mm. Já para os modelos modificados necessitou de 115 mm enquanto o maior 117 mm de fio. Os molares foram bandado com acessórios tubos linguais simples, após isso foram feito as moldagens com alginato. No total, dividiu-se em 8 grupos de 5 barras cada: Grupo 1 (n=5): barras transpalatinas do tipo Goshgarian 0,8mm, distância intermolares de 36mm; Grupo 2 (n=5): barras transpalatinas do tipo Goshgarian 0,9mm, distância intermolares de 36mm; Grupo 3 (n=5): barras transpalatinas do tipo Zachrisson 0,8mm, distância intermolares de 36mm; Grupo 4 (n=5): barras transpalatinas do tipo Zachrisson 0,9mm, distância intermolares de 36mm; Grupo 5 (n=5): barras transpalatinas do tipo Goshgarian 0,8mm, distância intermolares de 42mm; Grupo 6 (n=5): barras transpalatinas do tipo Goshgarian 0,9mm, distância intermolares de 42mm; Grupo 7 (n=5): barras transpalatinas do tipo Zachrisson 0,8mm, distância intermolares de 42mm; Grupo 8 (n=5): barras transpalatinas do tipo Zachrisson 0,9mm, distância intermolares de 42mm. Mediante os dados obtidos pode-se concluir que; quanto maior a distância intermolares menores as forças liberadas para todos os desenhos de barra palatina. O desenho da barra palatina sugerido por Zachrisson, feita com calibre 0,8 mm de aço, apresentou os menores níveis de força entre todos estudados. A barra palatina clássica de calibre 0,8 mm de aço inoxidável forneceu nível de força menor do que os modelos clássicos de calibre 0,9 mm, e a de modelo Zachrisson de calibre 0,9 mm do mesmo material. Moscardini (2007) realizou um estudo para avaliar comparativamente a eficiência de dois meios de ancoragem: o extra-bucal de fácil remoção pelo paciente e a barra palatina, dispositivo intra-bucal, cuja utilização independe do 36 paciente. O estudo foi avaliar a comparação entre telerradiografias obtidas em normal lateral, e eficiência da barra e do aparelho extra-bucal. Os primeiros molares superiores foi um auxiliar na ancoragem à fase de retração dos dentes anteriores em tratamento ortodônticos que envolveram exodontias dos prémolares, sob dois aspectos: 1) Quantitativo: relacionado com a magnitude de movimento mesial do molar; 2) Qualitativo; relacionado com o tipo de movimento do molar, inclinação mesial da coroa. A amostra foi composta por dois grupos de pacientes que apresentavam relação molar de Classe I ou Classe II: o grupo 1 (n=14), com faixa etária entre 16 a 20 anos, e, grupo 2 (n=16), com faixa etária entre 22 e 28 anos, foram submetidos à exodontia dos primeiros pré-molares. Após o alinhamento dos dentes obteve um espaço de 4 mm por hemi-arco. No Grupo 1, o aparelho utilizado foi extra-bucal enquanto que o grupo 2, o aparelho utilizado foi a barra transpalatina. Todos pacientes receberam aparelhagem fixa vestibular com prescrição Roth slot 0,022” e tiveram os primeiros e segundos molares bandados. Após as extrações foi realizado o alinhamento com sequência de fios ate o arco 0,019”x0,025”de aço. Os molares foram conjugados e o processo de retração foi iniciado através da mecânica de deslizamento e ativado com molas de 9 mm com 150 g de força da cada lado. A partir deste estudo observou-se que no aspecto quantitativo, ou seja, na magnitude de movimento mesial da coroa dos primeiros molares, não houve diferença significante quando comparado o extrabucal com a barra transpalatina. Já no aspecto qualitativo da perda de ancoragem, ou seja, a inclinação mesial do molar, verificou-se que o extrabucal propiciou uma menor inclinação durante o processo de retração. 37 Zablocki et al. (2008) avaliaram os efeitos de ancoragem da barra transpalatina em pacientes submetidos ao tratamento ortodôntico com extrações de 4 pré-molares. Para isso, foram recolhidos exames cefalometricos de pacientes que foram tratados com ou sem a barra transpalatina. Os critérios da amostragem foram 4 extrações de pré-molares, Classe I de molar, aparelhos de prescrição Roth com a mecânica do arco contínuo. A barra permaneceu na boca do paciente durante todo o tratamento, em alguns casos foi removido meses antes para a finalização. Os critérios de exclusão foram remoção precoce da barra, oclusões finais diferente da Classe I, radiografia de má qualidade. As médias e desvios-padrão foram calculados para a idade, duração do tratamento, e todas as medidas cefalométricas, e as diferenças das médias e desvio de padrão foram calculados para as mudanças entre tempo T1 (pré-tratamento) e tempo T2 (pós-tratamento). A comparação entre os dois grupos não mostrou diferença estatisticamente significante. Ambos os grupos mostraram perda de ancoragem. O grupo sem a barra apresentou uma posição molar de 0,4 mm mais para mesial. Já no movimento vertical o primeiro molar também foi 0,4 mm mais extruído com o grupo sem barra. Embora não haja diferença significativa entre o grupo tratado com barra em relação ao grupo sem barra transpalatina, a mesma ainda pode ser indicada para outras funções. Em se tratando de ancoragem, devem-se apresentar alternativas para associar na mecânica da barra. 38 4. DISCUSSÃO A barra transpalatina é um acessório versátil para o dia a dia do clínico ortodontista. Com base na revisão realizada, pode-se encontrar atualmente vários tipos de barras transpalatinas, desde a sua versão mais primitiva, preconizada por Goshgarian até algo mais sofisticado como preconizado por Gunduz et al 2003. Além disso, este aparelho pode apresentar-se de forma removível como também de forma fixa. Aparentemente, parece que a escolha está à mercê da preferência do profissional, mas de acordo com os artigos revisados, as versões removíveis parecem apresentar mais versatilidade na sua ativação, promovendo movimentos de primeira, segunda e terceira ordem (Hoederath,h.;Rebalatto,j. 1995). Quanto ao calibre do fio utilizado, é evidente que um fio de maior calibre promove maior força, portanto, pode-se especular que as barras transpalatinas podem servir mais efetivamente como ancoragem quando o material apresenta um calibre maior, todavia, não foi observado algum estudo nesta revisão, que mostrasse esta hipótese, uma vez que os dois estudos que compararam a eficácia da barra como ancoragem foram com relação ao uso do extra-bucal (MORCADINI, 2007) e à ausência da barra (ZABLOCKI, 2008). Todavia, com o estudo de Zablocki et al, um dado clínico que deve ser destacado é que a barra não evita a perda de ancoragem, embora ela seja um meio efetivo para evitar a rotação mesial dos molares durante a mecânica de retração. Quanto às indicações e versatilidade, comparativamente a versão removível da barra transpalatina parece ser mais versátil do que a versão soldada. Embora não haja um estudo específico para realizar esta comparação, mas de acordo com as descrições de Rebellato (1995) e de 39 McNamara e Brudon (1995), a variedade de ativações propostas por Rebellato (1997) é mais ampla em comparação com a de McNamara e Brudon (1995). No artigo publicado por Rebellato (1997), somente as ativações de segunda ordem e de expansão ou contração não conseguem ser assimétricas. As outras ativações podem ser assimétricas tanto para primeira ordem como para terceira ordem. As ativações que McNamara e Brudon (1995) descreveram foram simétricas, além de não oferecer possibilidade para ativação de segunda ordem. Especificamente, com relação às suas indicações, resumidamente podese citar as seguintes: 1) Correção de giroversão; 2) Correção da inclinação mésio-distal; 3) Distalização de molares quando associada a outro acessório de ancoragem; 4) Auxiliar de ancoragem; 5) Expansão e contração dos molares; 6) Controle de erupção dos molares; e, 7) Controle de torque dos molares. De acordo com os estudos disponíveis na literatura, ainda é questionável quanto aos efeitos verticais da barra transpalatina, não havendo consenso entre os autores. Chiba et al. (2003) tem mostrado que uma barra mais baixa pode sofrer maior ação da língua durante a deglutição, mas não houve registro de que haja uma intrusão significativa do molar, houve apenas uma especulação quanto aos efeitos dessa pressão lingual em relação à possibilidade de intrusão. Além disso, os indivíduos selecionados para esse estudo apresentavam musculatura normal, o que pode gerar resultados diferentes para os pacientes que apresentam musculatura flácida e portador de respiração bucal. 40 5. CONCLUSÃO 1. A barra transpalatina foi preconizada por Goshgarian em 1972, porém, ao longo do tempo, veio sofrendo modificações quanto à sua forma e ao material que utilizado para a sua confecção. Atualmente, temos vários modelos de barra transpalatina disponíveis e a sua escolha deve basear na finalidade em que ela está sendo indicada. 2. A barra transpalatina removível parece ser superior em relação ao fixo quanto às suas variadas ativações. As barras removíveis podem ser ativadas de forma simétrica e de forma assimétrica, para promover: movimentos dentários de primeira ordem: expansão, contração e correção de giroversão; de segunda ordem: inclinação para mesial e para distal (somente ativação simétrica); e, movimentos de terceira ordem: torque vestibular ou lingual. 3. As principais indicações do uso da barra transpalatina são: 1) Correção de giroversão; 2) Correção da inclinação mésio-distal; 3) Distalização de molares quando associada a outro acessório de ancoragem; 4) Auxiliar de ancoragem; 5) Expansão e contração dos molares; 6) Controle de erupção dos molares; e, 7) Controle de torque dos molares. 41 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, M. R.; ALMEIDA, R. R.; ALMEIDA PEDRIN, R.R. Barra palatina modificada: intrusão de molares. R. Clín. Ortodon. Dental Press, Maringá, v.3, n.3, p. 16-25 - jun./jul. 2004. BARBOSA, J. A.; CARAM, C.S.B.; SUZUKI, H. Uso da barra transpalatina no controle da rotação da mandíbula. R. 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