Departamento de Engenharia Electrotécnica Detecção e análise do Potencial Evocado P300 Por Diogo Manuel Pimenta Barreiros Dissertação apresentada na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Electrotécnica e de Computadores Orientador: Professor Doutor Manuel Duarte Ortigueira Lisboa 2008 AGRADECIMENTOS O desenvolvimento deste trabalho e o produto final, que resultou nesta dissertação, não teriam a mesma exactidão e valor sem a intervenção de algumas pessoas a quem gostaria de, prontamente, agradecer. Durante a preparação desta dissertação, fui encorajado e aconselhado por vários amigos cuja leitura e comentários contribuíram para a correcção do esboço preliminar. Em primeiro lugar, gostaria de agradecer ao Professor Doutor Manuel Ortigueira, pelas suas valiosas sugestões críticas, orientação ao longo de todo este trabalho e elucidação sobre questões técnicas. Em segundo lugar, agradeço de uma forma especial ao meu colega e amigo Diogo Leitão, sempre presente nesta caminhada, e cujos comentários, clarificações técnicas e companhia me ajudaram a concluir com sucesso este estudo. Gostaria, também, de agradecer aos meus colegas e amigos, João Martins (pelo apoio e confiança), Pedro Baía, Diogo Lourenço, Gonçalo Cândido, Gonçalo Nunes, Maria Pereira, João Simão e Jerónimo Cunha pela companhia, presença e força não só neste trabalho mas ao longo destes anos que passaram. Por último, quero agradecer o apoio e confiança por parte da minha família, Pai, Mãe, irmãos e à Susana, por ter estado sempre ao meu lado para me acompanhar no desenvolvimento deste trabalho e cuja atenção e apoio me foram preciosos. i ii À minha família e, À Susana. iii iv ÍNDICE ÍNDICE ..................................................................................................................................................V RESUMO ............................................................................................................................................. VI ABSTRACT ..................................................................................................................................... VIII LISTA DE FIGURAS ..........................................................................................................................X LISTA DE TABELAS .................................................................................................................... XIII LISTA DE ACRÓNIMOS ............................................................................................................. XIV CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 1 ELECTROENCEFALOGRAMA (EEG) ................................................................................................... 6 RITMOS CEREBRAIS ........................................................................................................................... 7 EQUIPAMENTO DE ELECTROENCEFALOGRAFIA ............................................................................... 8 POTENCIAIS EVOCADOS ................................................................................................................... 10 ORGANIZAÇÃO DA TESE .................................................................................................................. 16 CAPÍTULO 2 – TÉCNICAS MATEMÁTICAS ...............................................................................17 2.1 INTRODUÇÃO À DECOMPOSIÇÃO EM MODOS EMPÍRICOS - EMD ........................................ 17 2.2 DESMODULAÇÃO AR ........................................................................................................... 25 2.3 ÔNDULAS 2.4 O ESPECTROGRAMA ............................................................................................................. 32 2.5 JANELAS MÚLTIPLAS ............................................................................................................ 33 - INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 29 CAPÍTULO 3 – RESULTADOS .........................................................................................................34 3.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 34 3.2 JANELAS MÚLTIPLAS ........................................................................................................... 37 3.3 EMD E ÔNDULAS - FILTRAGEM ........................................................................................... 38 3.4 P300 - LATÊNCIA.................................................................................................................. 43 3.5 ANÁLISE TEMPO-FREQUÊNCIA: DESMODULAÇÃO AR ........................................................ 49 3.6 ANÁLISE TEMPO-FREQUÊNCIA: MÉTODO DESENVOLVIDO ................................................ 55 3.7 ANÁLISE TEMPO-FREQUÊNCIA: DESMODULAÇÃO AR ........................................................ 72 3.8 ANÁLISE TEMPO-FREQUÊNCIA: ESPECTROGRAMA ............................................................ 77 CAPÍTULO 4 – CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO ...........................................................84 Conclusões ........................................................................................................................................ 84 PERSPECTIVAS DE TRABALHO FUTURO ........................................................................................... 86 v RESUMO Este trabalho consite no estudo de sinais que resultaram de electroencefalogramas feitos a um doente com Alzheimer e um indíviduo saudável, de forma a estudar o potencial evocado auditivo P300, potencial esse que permite retirar indicadores da maneira como o doente é afectado a nível auditivo e quais as diferenças para alguém saudável. Esta análise foi feita a nível espectral, através de técnicas como o Empirical Mode Decomposition (EMD) e as Wavelts (ôndulas), técnicas essas que decompõem o sinal em várias componentes no domínio da frequência, permitindo uma filtragem das gamas de frequêcia de interesse e, reconstruindo o sinal “optimizado”, detectar o P300 e retirar os seus valores de latência. Por outro lado, fez-se uma análise tempo-frequência desses mesmos sinais, através da aplicação de quatro métodos: (1) desmodulação AR e observação dos gráficos resultantes, (2) um algoritmo desenvolvido (explicação no capítulo 3, secção 3.6), (3) desmodulação AR mas desta vez correlacionando os dados resultantes, e um outro método denominado (4) Spectrogram. Da aplicação dos três primeiros métodos, resultaram, dados relativos à frequência e amplitude dos sinais, através dos quais foi possível retirar alguns indicadores relativamente á forma como se relacionam , variam, e de que maneira cada um deles influencia o outro. Tendo em conta estes métodos de análise, os dados foram também avaliados através da construção de tabelas e gráficos, correlacionando-se os diferentes resultados alcançados, de forma a encontrar ou detectar um comportamento específico e distinto entre o doente com Alzheimer e o sujeito saudável. PALAVRAS - CHAVE: Potenciais Evocados Auditivos, P300, Análise Espectral, EMD, Wavelets, Spectogram. vi vii ABSTRACT This thesis consist in the study of electroencephalografic signals of an Alzheimer disease person and on other Healthy subject in order to analyse and study the evoked potential P300, which allows to extract indicators that can explain how is an Alzheimer disease individual affected on its auditory system and what are the differences to an Healthy. It was performed a spectral analysis through the application of several tecniques such as the Empirical Mode Decompotition (EMD) and Wavelets, which decompose the signal into different components in the frequency domain, allowing to filter the frequency range of interest and therefore reconstruct the “optimized” signal, detect the P300 and collect its latency values. On the other hand, it was performed a time-frequency analysis of that same signals, applying four methods: (1) AR demodulation and its graphics observation, (2) a developed algorithm (explanation in chapter 3, section 3.6), (3) AR demodulation making a correlation with its output data and one last method (4) the Espectrogram. From the first three methos, information regarding frequency and signal amplitude were pulled out showing how these parameters influence each other and how theyalternate/vary along time. Having those methods in concern, their data was evaluated and examined through the creation of several tables and graphics, correlating data in order to discover and detect a specific behaviour (frequency, amplitude and latency) between an Alzheimer disease and a Healthy subject. KEY WORDS: Auditory Evoked Potential, P300, Spectral Analysis, EMD, Wavelets, Spetrogram. viii ix LISTA DE FIGURAS FIGURA 1.1 ‐ HANS BERGER ..................................................................................................................................... 1 FIGURA 1.2 - PRIMEIRO EEG REGISTADO POR HANS BERGER, APROXIMADAMENTE EM 1928 ............. 2 FIGURA 1.3 ‐ SISTEMA AUDITIVO HUMANO ............................................................................................................ 3 FIGURA 1.4 ‐ OSSÍCULOS E CÓCLEA DO OUVIDO HUMANO..................................................................................... 3 FIGURA 1.5 ‐ MOVIMENTO DA MEMBRANA BASICAL PARA TRÊS FREQUÊNCIAS PURAS DIFERENTES (250 Hz, 1000 Hz e 4000 Hz) .................................................................................................................................................. 4 FIGURA 1.6 ‐ IDENTIFICAÇÃO DAS FREQUÊNCIAS DE RESSONÂNCIA E DAS ZONAS ONDE ESTAS OCORREM, AO LONGO DA MEMBRANA BASILAR ............................................................................................................................ 5 FIGURA 1.7 ‐ DIAGRAMA DE BLOCOS GERAL DO PROCEDIMENTO DA AQUISIÇÃO DE UM SINAL DIGITAL ............. 6 FIGURA 1.10 ‐ ONDA ALFA ......................................................................................... Error! Bookmark not defined. FIGURA 1.11 ‐ ONDA BETA ....................................................................................................................................... 8 FIGURA 1.8 ‐ ONDA DELTA ....................................................................................................................................... 7 FIGURA 1.9 ‐ ONDA TETA ........................................................................................... Error! Bookmark not defined. FIGURA 2.1 ‐ SINAL DE TESTE ORIGINAL ................................................................................................................ 18 FIGURA 2.2 ‐ SINAL ORIGINAL, ENVOLVENTE SUPERIOR, INFERIOR E SINAL MÉDIO ............................................. 19 FIGURA 2.3 ‐ SINAL DE TESTE ORIGINAL E O RESÍDUO H1 ..................................................................................... 19 FIGURA 2.4 ‐ SINAL ORIGINAL, ENVOLVENTE SUPERIOR, INFERIOR E SINAL MÉDIO – ITERAÇÃO 3 ...................... 20 FIGURA 2.5 ‐ SINAL ORIGINAL, ENVOLVENTE SUPERIOR, INFERIOR E SINAL MÉDIO – ITERAÇÃO 5 ...................... 21 FIGURA 2.6 ‐ SINAL ORIGINAL SEM COMPONENTE DA 1ª IMF .............................................................................. 21 FIGURA 2.7 ‐ SINAL ORIGINAL E O RESÍDUO R1 ..................................................................................................... 23 FIGURA 2.8 ‐ FLUXOGRAMA DO MODO DE PROCESSAMENTO DO MÉTODO DE DECOMPOSIÇÃO EM MODOS EMPÍRICOS: EMD ................................................................................................................................................... 28 FIGURA 3.1 ‐ SEQUÊNCIA DA ANÁLISE DE RESULTADOS ........................................................................................ 34 FIGURA 3.2 ‐ JANELAS MÚLTIPLAS: ANÁLISE ESPECTRAL APRESENTANDO A AMPLITUDE DE CADA UMA DAS GAMAS DE FREQUÊNCIA IDENTIFICADAS, PARA O DOENTE COM ALZHEIMER VS. SAUDÁVEL (HEALTHY) .......... 37 FIGURA 3.3 ‐ FLUXOGRAMA QUE APRESENTA O PROCESSAMENTO DOS VÁRIOS SINAIS RECORRENDO AO EMD E SELECCIONANDO APENAS AS IMF QUE SE ENCONTRAM NO INTERVALO DA LARGURA DE BANDA PRETENDIDA. ............................................................................................................................................................................... 39 FIGURA 3.4 ‐ ALZHEIMER: 0‐20 HZ. A AZUL O SINAL ORIGINAL E A VERMELHO SINAL LIMPO. ............................. 40 FIGURA 3.5 ‐ HEALTHY: 0‐20 HZ, ENSAIO Nº 20. A AZUL O SINAL ORIGINAL E A VERMELHO O SINAL LIMPO. ..... 41 FIGURA 3.6 ‐ ALZHEIMER: 0‐10 HZ, ENSAIO Nº 16. A AZUL O SINAL ORIGINAL E A VERMELHO SINAL LIMPO. .... 41 FIGURA 3.7 ‐ HEALTHY: 0‐10 HZ, ENSAIO Nº 20. A AZUL O SNAL ORIGINAL E A VERMELHO SINAL LIMPO. .......... 42 FIGURA 3.8 ‐ HEALTHY: 0‐10 HZ, ENSAIO Nº 20. A AZUL O SNAL ORIGINAL E A VERMELHO SINAL LIMPO. .......... 43 FIGURA 3.9 ‐ ALZHEIMER: 0‐20 HZ, ENSAIO Nº 1. A LINHA AMARELA REPRESENTA OS 300 MS APÓS O ESTÍMULO AUDITIVO, O TEMPO DE PROCESSAMENTO DO SOM; A VERDE A IDENTIFICAÇÃO DO P300; A VERMELHO O MÍNIMO ENCONTRADO QUE IDENTIFICA A COMPONENTE N100. ........................................................................ 44 FIGURA 3.10 ‐ HEALTHY: 0‐20 HZ, ENSAIO Nº20. A LINHA AMARELA REPRESENTA OS 300 MS APÓS O ESTÍMULO AUDITIVO, O TEMPO DE PROCESSAMENTO DO SOM; A VERDE A IDENTIFICAÇÃO DO P300; A VERMELHO O MÍNIMO ENCONTRADO QUE IDENTIFICA A COMPONENTE N100. ........................................................................ 44 FIGURA 3.11 ‐ ALZHIEMER: 0‐10 HZ, ENSAIO Nº16. A LINHA AMARELA REPRESENTA OS 300 MS APÓS O ESTÍMULO AUDITIVO, O TEMPO DE PROCESSAMENTO DO SOM; A VERDE A IDENTIFICAÇÃO DO P300; A VERMELHO O MÍNIMO ENCONTRADO QUE IDENTIFICA A COMPONENTE N100. ................................................. 45 FIGURA 3.12 ‐ HEALTHY: 0‐10 HZ, ENSAIO Nº11. A LINHA AMARELA REPRESENTA OS 300 MS APÓS O ESTÍMULO AUDITIVO, O TEMPO DE PROCESSAMENTO DO SOM; A VERDE A IDENTIFICAÇÃO DO P300; A VERMELHO O MÍNIMO ENCONTRADO QUE IDENTIFICA A COMPONENTE N100. ........................................................................ 45 x FIGURA 3.13 ‐ HEALTHY: 0‐20 HZ, ENSAIO Nº20. A LINHA AMARELA REPRESENTA OS 300 MS APÓS O ESTÍMULO AUDITIVO, O TEMPO DE PROCESSAMENTO DO SOM; A VERDE A IDENTIFICAÇÃO DO P300; A VERMELHO O MÍNIMO ENCONTRADO QUE IDENTIFICA A COMPONENTE N100. ........................................................................ 47 FIGURA 3.14 ‐ FLUXOGRAMA DO PROCESSAMENTO DOS SINAIS PELO MÉTODO DA DESMODULAÇÃO AR E QUE RECORRE AO EMD ................................................................................................................................................. 50 FIGURA 3.15 ‐TABELA DA ESQUERDA: AS VÁRIAS IMF’S; TABELA DA DIREITA: ANÁLISE TEMPO‐FREQUÊNCIA CORRESPONDENTE A CADA UMA DAS IMF’S. A AZUL ENCONTRA‐SE A VARIAÇÃO DA FREQUÊNCIA AO LONGO DO TEMPO E A VERMELHO A AMPLITUDE. .......................................................................................................... 51 FIGURA 3.16 ‐ TABELA DA ESQUERDA: AS VÁRIAS IMF’S; TABELA DA DIREITA: ANÁLISE TEMPO‐FREQUÊNCIA CORRESPONDENTE A CADA UMA DAS IMF. A AZUL ENCONTRA‐SE A VARIAÇÃO DA FREQUÊNCIA AO LONGO DO TEMPO E A VERMELHO A AMPLITUDE. ................................................................................................................. 52 FIGURA 3.17 ‐ TABELA DA ESQUERDA: AS VÁRIAS IMF’S; TABELA DA DIREITA: ANÁLISE TEMPO‐FREQUÊNCIA CORRESPONDENTE A CADA UMA DAS IMF. A AZUL ENCONTRA‐SE A VARIAÇÃO DA FREQUÊNCIA AO LONGO DO TEMPO E A VERMELHO A AMPLITUDE. ................................................................................................................. 52 FIGURA 3.18 ‐ TABELA DA ESQUERDA: AS VÁRIAS IMF; TABELA DA DIREITA: ANÁLISE TEMPO‐FREQUÊNCIA CORRESPONDENTE A CADA UMA DAS IMF. A AZUL ENCONTRA‐SE A VARIAÇÃO DA FREQUÊNCIA AO LONGO DO TEMPO E A VERMELHO A AMPLITUDE .................................................................................................................. 53 FIGURA 3.19 ‐ TABELA DA ESQUERDA: AS VÁRIAS IMF; TABELA DA DIREITA: ANÁLISE TEMPO‐FREQUÊNCIA CORRESPONDENTE A CADA UMA DAS IMF. A AZUL ENCONTRA‐SE A VARIAÇÃO DA FREQUÊNCIA AO LONGO DO TEMPO E A VERMELHO A AMPLITUDE. ................................................................................................................. 54 FIGURA 3.20 ‐ TABELA DA ESQUERDA: AS VÁRIAS IMF; TABELA DA DIREITA: ANÁLISE TEMPO‐FREQUÊNCIA CORRESPONDENTE A CADA UMA DAS IMF. A AZUL ENCONTRA‐SE A VARIAÇÃO DA FREQUÊNCIA AO LONGO DO TEMPO E A VERMELHO A AMPLITUDE. ................................................................................................................. 54 3.21 ‐ FLUXOGRAMA DO MÉTODO DESENVOLVIDO QUE RECORRE AO EMD E À DESMODULAÇÃO AM/FM. ...... 56 FIGURA 3.22 ‐ ALZHEIMER: GRÁFICOS DOS VÁRIOS REGISTOS PARA AS VÁRIAS IMF’S ANTES E DEPOIS DO ESTÍMULO .............................................................................................................................................................. 59 FIGURA 3.23 ‐ ALZHEIMER: GRÁFICOS DOS VÁRIOS REGISTOS PARA AS VÁRIAS IMF’S ANTES E DEPOIS DO ESTÍMULO .............................................................................................................................................................. 59 FIGURA 3.24 ‐ ALZHEIMER: GRÁFICOS QUE COMPARAM O VALOR DA FREQUÊNCIA ANTES E DEPOIS DO ESTÍMULO E A DIFERENÇA DESSES MESMOS VALORES INDICANDO SE ESTA DIFERENÇA É POSITIVA OU NEGATIVA (SUBIU;DESCEU) ................................................................................................................................... 60 FIGURA 3.25 ‐ HEALTHY: GRÁFICOS QUE COMPARAM O VALOR DA FREQUÊNCIA ANTES E DEPOIS DO ESTÍMULO E A DIFERENÇA DESSES MESMOS VALORES INDICANDO SE ESTA DIFERENÇA É POSITIVA OU NEGATIVA (SUBIU;DESCEU)..................................................................................................................................................... 60 FIGURA 3.26 ‐ ALZHEIMER: GRÁFICOS DOS VÁRIOS REGISTOS PARA AS VÁRIAS IMF’S ANTES E DEPOIS DO ESTÍMULO .............................................................................................................................................................. 64 FIGURA 3.27 ‐ ALZHEIMER: GRÁFICOS QUE COMPARAM O VALOR DA AMPLITUDE ANTES E DEPOIS DO ESTÍMULO E A DIFERENÇA DESSES MESMOS VALORES INDICANDO SE ESTA DIFERENÇA É POSITIVA OU NEGATIVA (SUBIU;DESCEU) ................................................................................................................................... 64 FIGURA 3.28 ‐ HEALTHY: GRÁFICOS DOS VÁRIOS REGISTOS PARA AS VÁRIAS IMF’S ANTES E DEPOIS DO ESTÍMULO .............................................................................................................................................................. 65 FIGURA 3.29 ‐ ALZHEIMER: GRÁFICOS QUE COMPARAM O VALOR DA AMPLITUDE ANTES E DEPOIS DO ESTÍMULO E A DIFERENÇA DESSES MESMOS VALORES INDICANDO SE ESTA DIFERENÇA É POSITIVA OU NEGATIVA (SUBIU;DESCEU) ................................................................................................................................... 65 FIGURA 3.30 ‐ SPECTROGRAM: ANÁLISE TEMPO‐FREQUÊNCIA (MAGNITUDE) DO SUJEITO SAUDÁVEL .............. 78 FIGURA 3.31 ‐ SPECTROGRAM: ANÁLISE TEMPO‐FREQUÊNCIA (MAGNITUDE) DO PACIENTE COM ALZHEIMER . 78 FIGURA 3.32 ‐ SPECTROGRAM: ANÁLISE TEMPO‐FREQUÊNCIA PARA VÁRIAS IMF’S DE UM SINAL (8 HZ, 6 HZ, 4.5 HZ, 3.5 HZ, 2 HZ E 1 HZ) ......................................................................................................................................... 80 FIGURA 3.33 ‐ SPECTROGRAM: ANÁLISE TEMPO‐FREQUÊNCIA PARA VÁRIAS IMF’S DE UM SINAL (6.5 HZ, 4.5 HZ, 3 HZ, e 1 H) ............................................................................................................................................................ 81 xi FIGURA 3.34 ‐ SPECTROGRAM: ANÁLISE TEMPO‐FREQUÊNCIA PARA VÁRIAS IMF’S DE UM SINAL (7.5 HZ, 6,5 HZ, 5.5 HZ, 3.0 HZ, 2.5 HZ E 2 HZ) ................................................................................................................................ 82 FIGURA 3.35 ‐ SPECTROGRAM: ANÁLISE TEMPO‐FREQUÊNCIA PARA VÁRIAS IMF’S DE UM SINAL (9.5 HZ, 8 HZ, 6.5 HZ, 5.5 HZ, 5.5 HZ E 2.5 HZ) ............................................................................................................................. 83 xii LISTA DE TABELAS TABELA 3.1 ‐ DISTRIBUIÇÃO DAS MEDIDAS DE LATÊNCIA (MS) DO P300, AMPLITUDE MÉDIA E VALORES MÁXIMOS E MINIMOS PARA CADA UM DOS PARÂMETROS; VALORES PARA O PACIENTE COM ALZHEIMER E INDIVÍDUO SAUDÁVEL PARA ANÁLISE DE 10 HZ E 20 HZ. ..................................................................................... 46 TABELA 3.2 ‐ DIFERENÇAS DE LATÊNCIA ENTRE OS DOIS INDIVÍDUOS PARA AS DUAS GAMAS DE FREQUÊNCIA, [0;10 HZ] E [0;20 HZ]. ............................................................................................................................................ 46 TABELA 3.3 ‐ DIFERENÇAS DE AMPLITUDE ENTRE OS DOIS INDIVÍDUOS PARA AS DUAS GAMAS DE FREQUÊNCIA, [0;10 HZ] E [0;20 HZ] ............................................................................................................................................. 46 TABELA 3.4 ‐ DISTRIBUIÇÃO DAS MEDIDAS DE LATÊNCIA (MS) DO P300, AMPLITUDE MÉDIA E VALORES MÁXIMOS E MÍNIMOS PARA CADA UM DOS PARÂMETROS; VALORES PARA O PACIENTE COM ALZHEIMER E INDIVÍDUO SAUDÁVEL PARA ANÁLISE DE 20 HZ. 47 TABELA 3.5 ‐ DIFERENÇAS DE LATÊNCIA ENTRE OS DOIS INDIVÍDUOS PARA AS DUAS GAMAS DE FREQUÊNCIA, [0;10 HZ] E [0;20 HZ]. ................................................................................................ Error! Bookmark not defined. TABELA 3.6 ‐ ALZHEIMER: INDICADORES RESULTANTES DA ANÁLISE DOS FIGURAS ANTERIORES DESTE PACIENTE COM ALZHEIMER ................................................................................................................................................... 53 TABELA 3.7 ‐ HEALTHY: INDICADORES RESULTANTES DA ANÁLISE DOS GRÁFICOS ANTERIORES ......................... 55 TABELA 3.8 ‐ ALZHEIMER: INDICADORES RESULTANTES DA ANÁLISE DOS GRÁFICOS DESTE PACIENTE ............... 57 TABELA 3.9 ‐ ALZHEIMER: INDICADORES RESULTANTES DA ANÁLISE DOS GRÁFICOS DESTE PACIENTE ............... 58 TABELA 3.10 ‐ RESULTADO DOS GRÁFICOS DAS DIFERENÇAS ENTRE OS VALORES, NA FREQUÊNCIA E AMPLITUDE, ANTES E DEPOIS DO ESTÍMULO ........................................................................................................ 61 TABELA 3.11 ‐ RESULTADO DOS GRÁFICOS DAS DIFERENÇAS ENTRE OS VALORES, NA FREQUÊNCIA E AMPLITUDE, PARA VERIFICAR O TIPO DE COMPORTAMENTO DOS VÁRIOS REGISTOS ........................................ 62 TABELA 3.12 ‐ RESUMO DO GRÁFICO ANTERIOR .................................................................................................. 62 TABELA 3.13 ‐ RESULTADO DOS GRÁFICOS DAS DIFERENÇAS ENTRE OS VALORES, NA FREQUÊNCIA E AMPLITUDE, ANTES E DEPOIS DO ESTÍMULO ........................................................................................................ 63 TABELA 3.14 ‐ RESULTADO DOS GRÁFICOS DAS DIFERENÇAS ENTRE OS VALORES, NA FREQUÊNCIA E AMPLITUDE, ANTES E DEPOIS DO ESTÍMULO ........................................................................................................ 69 TABELA 3.15 ‐ RESULTADO DOS GRÁFICOS DAS DIFERENÇAS ENTRE OS VALORES, NA FREQUÊNCIA E AMPLITUDE, PARA VERIFICAR O TIPO DE COMPORTAMENTO DOS VÁRIOS REGISTOS ........................................ 69 TABELA 3.16 ‐ RESUMO DO GRÁFICO ANTERIOR .................................................................................................. 70 TABELA 3.17 ‐ RESULTADO DOS GRÁFICOS DAS DIFERENÇAS ENTRE OS VALORES, NA FREQUÊNCIA E AMPLITUDE, ANTES E DEPOIS DO ESTÍMULO ........................................................................................................ 71 TABELA 3.18 ‐ RESULTADO DOS GRÁFICOS DAS DIFERENÇAS ENTRE OS VALORES, NA FREQUÊNCIA E AMPLITUDE, ANTES E DEPOIS DO ESTÍMULO ........................................................................................................ 73 TABELA 3.19 ‐ RESULTADO DOS GRÁFICOS DAS DIFERENÇAS ENTRE OS VALORES, NA FREQUÊNCIA E AMPLITUDE, PARA VERIFICAR O TIPO DE COMPORTAMENTO DOS VÁRIOS REGISTOS ........................................ 74 TABELA 3.20 ‐ RESUMO DO GRÁFICO ANTERIOR .................................................................................................. 74 TABELA 3.21 ‐ RESULTADO DOS GRÁFICOS DAS DIFERENÇAS ENTRE OS VALORES, NA FREQUÊNCIA E AMPLITUDE, ANTES E DEPOIS DO ESTÍMULO ........................................................................................................ 75 TABELA 3.22 – ALZHEIMER, VALORES DO CAMPO “DIFERENÇA” EM PERCENTAGEM. COMPARAÇÃO ENTRE OS DOIS MÉTODOS APRESENTADOS: MÉTODO DESENVOLVIDO E DESMODULAÇÃO AR. ......................................... 76 TABELA 3.23 – ALZHEIMER, VALORES DO CAMPO “DIFERENÇA” EM PERCENTAGEM. COMPARAÇÃO ENTRE OS DOIS MÉTODOS APRESENTADOS: MÉTODO DESENVOLVIDO E DESMODULAÇÃO AR. ......................................... 76 TABELA 3.24 – DIFERENÇA, EM PERCENTANGEM, ENTRE O PACIENTE COM ALZHEIMER E SAUDÁVEL PARA O 2º MÉTODO ................................................................................................................................................................ 77 xiii LISTA DE ACRÓNIMOS A/D – Analog/Digital AM – Amplitude Modulation AR – Auto Regressivo EEG – Electroencephalogram EMD – Empirical Mode Decomposition EF – Estímulos frequentes ER – Estímulos raros FFT – Fast Fourier Transform FM – Frequency Modulation IMF – Intrinsic Mode Function MTM – Multi Taper Method PE – Potencial Evocado PEA - Potencial Evocado Auditivo PEALL – Potencial Evocado Auditivo de Longa Latência P300 – Potencial Evocado que ocorre 300 milisegundos após um estímulo REM – Rapid Eye Movement TCO – Transformada Contínua de Ôndula xiv LISTA DE SÍMBOLOS V – Volt µV – microVolt Hz – Hertz ms – milisegundo t – tempo τ – instante no tempo s – escala ∑ – Somatório ∫ – Integral dt – derivada α – variável de controlo no EMD x(t) – Sinal original M(t) – envolvente dos máximos m(t) – envolvente dos mínimos m1 – sinal média h1 – primeira iteração do EMD h11 – sinal de teste c1 – primeira IMF rn – resíduo n xv xvi CAPÍTULO 1– INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO Em 1875, Richard Caton, um fisiologista Britânico, publicou o primeiro documento contendo registos de actividade eléctrica no córtex cerebral de um animal. Caton constatou que “fracas correntes de várias direcções passam pelo multiplicador quando se colocam eléctrodos na parte externa da superfície do cérebro, ou um eléctrodo na massa cinzenta, e um na superfície do crânio”. A amplitude destas oscilações eléctricas era tão baixa, que a descoberta de Caton se revela ainda mais incrível, se tivermos em conta que estes registos foram identificados há cerca de 133 anos, altura em que os amplificadores electrónicos eram uma utopia. Caton realizava experiências e investigava a actividade eléctrica do cérebro de animais como o gato, o macaco e o coelho, utilizando para tal eléctrodos não-polarizados ligados a um galvanómetro. Durante os anos que se seguiram, foram conduzidas muitas experiências e realizados muitos registos de electroencefalogramas (EEG) em animais mostrando as alterações na actividade espontânea e nos potenciais evocados através de estímulos externos. Seguiram-se muitos outros cientistas que levaram a cabo o mesmo tipo de experiências com animais na procura de respostas sobre a actividade cerebral. No entanto, só em 1929, Hans Berger, um psiquiatra alemão, que trabalhava na cidade de Jena, anunciou ao mundo científico e médico que: Era possível registar diferenças de potencial fracas geradas pelo cérebro humano (50 – 100 μV ), sem a necessidade de abrir o crânio, e obter os registos em papel; Esta actividade mudava de características de acordo com o estado funcional do cérebro, tais como no sono, na anestesia, na hipoxia FIGURA 1.1 ‐ HANS BERGER (falta de oxigénio) e em certas doenças nervosas, como na epilepsia; 1 DETEECÇÃO E ANÁ ÁLISE DO POTENCIAL EVO OCADO AUD DITIVO P300 Foi o primeiro p a designar o estuddo e regiistos fisiollógicos doo cérebro por Electroenccefalografia.. Os registos chamam-sse electroen ncefalogram mas (EEG).. FIIGURA 1.2 - PR RIMEIRO EEG REGISTADO POR P HANS BER RGER, APROXIIMADAMENTE E EM 1928 Apeesar de toddos os seus estudos, reevelações, esforços e e da d publicaçãão, em 192 29, do seu primeiiro documeento oficial sobre EEG G, a comun nidade cienntífica não rreconheceu u nem legitimou o seu traballho. Só maiis tarde, em m 1934, por intermédioo de dois invvestigadorees que levariam a cabo o meesmo tipo de experiênccias, Adrian n e Matthew ws, é que ass experiênciias de Berger forram aceites pela comuunidade científica e oss estudos da d actividadde cerebral EEG foram reattados em força. f Uma das primeeiras contrib buições desstes estudoss revelou certos c ritmos no registo dos EEG, osciilações reguulares entre os 10 – 122 Hz, registtados a parttir do lóbulo occcipital do córtex c cerebbral, os quuais se desiignam por “Ondas A Alfa”. Segueem-se estudos e descoberttas posteriiores, os quais vieraam a conntribuir parra o estud do e desenvolviimento de novas n e maiss eficazes téécnicas paraa o registo de d EEG. SISTEMA A AUDITIVO O soom não é mais m do quee uma agitaação das parrtículas no nosso redoor. Essa agiitação propaga-see desde a foonte sonora até aos nosssos ouvido os. Na figuraa 1.3 podem mos ver em m mais pormenor aquilo a que acontece. O pavilhão auricular a recebe as onddas sonoras, encaminhaandoas através do canal auditivo a atéé ao ouvidoo interno. O tímpano, a pequenaa membranaa que separa o ouuvido externo do internno, vai entãão vibrar, so olidário com m as molécuulas do ar no n seu redor. 2 CAPÍTTULO 1 INTRODUÇÃO FIGURA 1 1.3 ‐ SISTEMA AU UDITIVO HUMAN NO Essas vibrrações vão então ser transmitida t s para o innterior da ccóclea atrav vés dos trêss ossícculos: o marrtelo, a bigoorna e o estrribo, ligado os em cadeiaa, entre o tím mpano e a janela j oval,, tal como ilustraado na figuura 1.4. Esttes três osssículos são muito impportantes, podendo serr ma espécie de amplifi ficadores. De D facto, elles actuam como umaa alavanca,, vistoos como um aumeentando a pressão das ondas o sonorras em cerca de 1,3 vezzes. O terceeiro ossículo o, o estribo,, transsmite a sua vibração a uma membbrana 17 vezzes mais peequena (a jaanela oval à entrada daa cócleea), tendo, por p isso, dee aumentar a pressão em e 17 vezess. Resulta, aassim, um aumento a dee presssão global em e 22 vezess. Desta form ma, é possíível obter a agitação neecessária no o interior daa cócleea (hidrodinnâmica) parra que as células ciliad das do ouvido interno possam id dentificar ass frequuências quee compõem um certo som e transm mitir essa innformação ao cérebro.. A referidaa transsmissão é effectuada porr intermédioo do nervo auditivo, a soob a forma dde impulsos eléctricos. Vimos, enntão, que a energia daas ondas so onoras comeeça por serr de origem m mecânica,, comoo onda de pressão p que se propaga primeiro no o ar e depoiis num fluíddo, acaband do na formaa de im mpulsos elécctricos que o cérebro utiliza u para construir c a imagem i sonnora corresp pondente. FIGURA 1.4 ‐ OSSSÍCULOS E CÓCLEEA DO OUVIDO H HUMANO 3 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 Tal como já foi mencionado, as vibrações das partículas do meio ambiente são transmitidas para o interior da cóclea pela actuação do tímpano e dos três ossículos. No entanto, existe todo um processo posterior envolvente. A cóclea tem a forma de um caracol, possuindo duas cavidades (scala tympani e scala vestibuli), unidas apenas no extremo e separadas pelo chamado “ducto coclear”. As vibrações são então transmitidas à cóclea pela janela oval, viajam até ao helicotrema pela scala vestibuli, e retornam pela scala tympani até à base, sendo depois absorvidas pela janela redonda, tal como ilustrado na figura anterior. Ao percorrerem o interior da cóclea, essas vibrações irão fazer com que a membrana basilar oscile. Para melhor entendermos essas oscilações, deveremos "desenrolar" o "caracol" e focarmo-nos na figura 1.5 (seguinte). As linhas brancas sobre o fundo azul representam a membrana basilar "desenrolada" que, como sabemos, suporta o órgão de Corti, no qual se encontram as células ciliadas. A excitação sonora, transmitida ao interior da cóclea através da janela oval, provocará a oscilação da membrana basilar. Contudo, a "forma" dessa oscilação irá depender do tipo de som produzido. FIGURA 1.5 ‐ MOVIMENTO DA MEMBRANA BASICAL PARA TRÊS FREQUÊNCIAS PURAS DIFERENTES (250 Hz, 1000 Hz e 4000 Hz). O EIXO DAS ABCISSAS REPRESENTA O TEMPO. É possível verificar que os movimentos da membrana basilar têm formas muito características para sons com uma só frequência. Além disso, existe sempre uma zona em que a amplitude dos movimentos é maior. Nessa zona, os cílios serão mais excitados, dando uma indicação ao cérebro do conteúdo frequencial do som escutado. Repare-se também que, à medida que a frequência aumenta, as zonas da membrana basilar onde a excitação é maior estão cada vez mais próximas da base da cóclea. Na figura seguinte é possível observar as 4 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO zonas onde se localizam os máximos da excitação ao longo da membrana basilar para as diversas frequências. É interessante notar que os limites correspondem aos da gama audível, verificando-se, também, um aumento da espessura da membrana basilar desde o seu início até ao helicotrema [18]. FIGURA 1.6 ‐ IDENTIFICAÇÃO DAS FREQUÊNCIAS DE RESSONÂNCIA E DAS ZONAS ONDE ESTAS OCORREM, AO LONGO DA MEMBRANA BASILAR AQUISIÇÃO DE SINAIS BIOMÉDICOS Os sinais biomédicos são portadores de informação importante e útil à compreensão do modo como se comportam os sistemas vivos. Contudo, não é possível extrair essa informação de forma directa dos sinais originais, uma vez que podem existir outros sinais biológicos presentes e/ou ruído aditivo, simultaneamente. Sendo assim, é necessário efectuar algum tipo de processamento, de forma a fazer sobressair a informação relevante e daí se retirarem parâmetros importantes que quantifiquem o comportamento do sistema em estudo e possam definir um grau de patologia para procedimentos clínicos, tais como diagnóstico, terapia ou reabilitação. Estes sinais biomédicos são detectados e capturados por sensores, principalmente eléctrodos, ao passo que os sinais não-eléctricos são primeiramente convertidos por transdutores em sinais eléctricos, para serem facilmente tratados, transmitidos e armazenados. O sinal analógico é convertido num sinal digital, utilizando um conversor A/D, ou seja, é transformado numa série de números, discretizados no tempo e em amplitude, que 5 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 facilmente podem ser tratados por processadores digitais. Idealmente, este tipo de conversão pode ser definido em dois passos: por um lado, num processo de amostragem, que converte o sinal contínuo num conjunto de amostras, e, por outro, num processo de quantificação que, por seu turno, atribui um valor de amplitude a cada uma das amostras. Ambos os processos modificam as características do sinal. O processo de aquisição do sinal e a sua amostragem estão representados na seguinte figura: FIGURA 1.7 ‐ DIAGRAMA DE BLOCOS GERAL DO PROCEDIMENTO DA AQUISIÇÃO DE UM SINAL DIGITAL No entanto, é importante salientar que o processo de aquisição do sinal deve preservar a informação contida no sinal original. Este é um ponto crucial quando se gravam sinais biomédicos, cujas características são normalmente tidas em conta por médicos como índices de patologias, e por isso não podem ter distorções de sinal de forma a não afectar o diagnóstico [1]. ELECTROENCEFALOGRAMA (EEG) Electroencefalografia é a medida neurofisiológica da actividade eléctrica do cérebro que consiste no registo de sinais captados por eléctrodos colocados no escalpe e, em casos raros, no córtex cerebral. O resultado dos dados recolhidos denomina-se electroencefalograma (EEG) e representa um sinal eléctrico proveniente de um vasto número de neurónios. O EEG é um aparelho de teste ao cérebro e a sua grande utilidade clínica é a possibilidade de correlacionar os vários sinais registados para retirar conclusões. A corrente eléctrica não é registada, mas antes a diferença de potencial de certos locais do cérebro. O EEG é capaz de detectar variações de actividade eléctrica no cérebro ao nível dos milissegundos [9]. 6 CAPÍTTULO 1 INTRODUÇÃO RITM MOS CERE EBRAIS Fusos – são oscilaçções, ondas cerebrais qu ue estão na origem da frequência de 7-14 Hzz e são geerados no táálamo. Estees ritmos esstão intimam mente ligaddos com o circuito c quee envolve as células reticulares r taalâmicas e células c tálam mo-corticais. Ritmo Alfa A – apessar de ser o ritmo maais proeminnente estar presente em m todos oss indivíduos saudáveeis, a sua origem o é, no n entanto,, desconheccida. A sua gama dee H Estas ond das sobrepõõem-se aos fusos. Surg gem quandoo frequênccias varia enntre 8-13 Hz. um indivvíduo se enccontra acorddado e relax xado, com os o olhos fechhados. F FIGURA 1.8 ‐ ON NDA ALFA • Ritmos Beta – estaas ondas varriam num in ntervalo enttre 13 e 22 H Hz, surgind do durante o sono RE EM (Rapid Eye Movem ment). O deesaparecimeento das onndas delta e dos fusoss está relaacionado coom o apareccimento dass ondas beta. Tanto oss fusos com mo as ondass delta dãoo lugar a onndas mais ráápidas. F FIGURA 1.9 ‐ ON NDA BETA Ondas Delta D – onddas cujo inttervalo de frequências f se situa enntre 0,5-4 Hz. H Existem m algumas evidênciass que relaciionam este tipo de osccilações com m o tálamo. A origem m destas osscilações deeve-se a duaas correntess iónicas: um ma correntee de cálcio, que está naa origem dos d picos de d baixo patamar, p e uma u corrennte de iões positivos, aumentadaa quando a membrana é hiperpoolarizada. A criação deestes ritmos é quebradaa assim quee 7 DETEECÇÃO E ANÁ ÁLISE DO POTENCIAL EVO OCADO AUD DITIVO P300 houuver uma coorrente de despolarizaç d ção que con nduz o potenncial da meembrana de novo ao seu estado de repousoo. Este tipoo de ondas são usadas nos estudoos que implicam criaanças, sono profundo e algumas paatologias. FIGURA 1..10 ‐ ONDA DELLTA • Rittmo Teta – estas ondass variam nuum intervalo o entre os 4––8 Hz e estãão envolvid das no dispparo e sincrronismo de muitos neuurónios, prov vavelmentee no hipocam mpo e atrav vés do córrtex. Estes ritmos r são associados à navegação espaciall e a formaas de memó ória e aprrendizagem,, especialmeente no loboos temporaiis. Surgem na zona tem mporal e tam mbém nass áreas centrrais durantee estados de alerta e de atenção. FIGURA 1 1.11 ‐ ONDA TET TA EQUIPAM MENTO DE ELECTROENCEFALO OGRAFIA Os equipamenntos modernnos de EEG G baseiam-sse em dois blocos: (1)) um sistem ma de medida (elléctrodos, am mplificadorres e restantte material de d registo) e (2) a tecnoologia necesssária para o prrocessamennto de daddos [técnicaas de imaagem, Trannsformadas de Fourieer de Processam mento Rápiddo (do inglêês, Fast Foourier Tran nsform), esttatística de comparaçãão de populaçõess localizaçãão de dipóloos, etc.]. 8 CAPÍTULO 1 1.5.1 INTRODUÇÃO POSICIONAMENTO DOS ELÉCTRODOS Os eléctrodos são colocados no escalpe depois de aplicado um gel condutor. A colocação dos eléctrodos é determinada pelo sistema internacional designado por 10/20. A distribuição pressupõe o posicionamento de 20 eléctrodos pelo escalpe de forma precisa. O “10” e o “20” refere-se às distâncias de eléctrodos adjacentes que são ou 10% ou 20% da distância total da frente-trás ou direita-esquerda do crânio. Neste sistema, cada área do crânio tem uma letra para identificar o lobo cerebral e um número para identificar o hemisfério. As letras F, T, C, P e O significam Frontal, Temporal, Central , Parietal e Ocipital respectivamente. Convém, no entanto, referir que não existe um lobo central “C” sendo que este é apenas usado para identificação. No caso da letra “z”, esta refere-se a um eléctrodo colocado na linha central, como se pode ver na figura abaixo. FIGURA 1.12 – SISTEMA 10‐20 DO EEG 1.5.2 LIMITAÇÕES DO EEG O EEG tem várias limitações. Os eléctrodos colocados no escalpe não são suficientemente sensíveis para registar potenciais individuais, a unidade eléctrica do sinal do cérebro (potencial eléctrico gerado apenas por um neurónio) [9]. As limitações do EEG restringen-nos a um estudo das camadas superficiais do cérebro, pois esta técnica só capta 9 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 atividade elétrica em grupos de neurônios das camadas I e II do córtex que se difunde na camada dendrítica, e, além disso, encontra ainda a resistência ôhmica das meninges, crânio e pele. POTENCIAIS EVOCADOS Quando um sujeito é submetido a estímulos visuais, auditivos ou sensoriais, desencadeia-se nos hemisférios cerebrais um processo de recolha, transmissão e processamento de informação que corresponde a diferentes etapas de percepção. Depois de estimulados, diversos neurónios ou grupos de neurónios respondem sincronamente, estando o seu potencial activo, ao mesmo tempo que se gera um potencial passível de ser medido à superfície do escalpe. Os potenciais evocados são, então, respostas eletrofisiológicas do córtex cerebral a estímulos sensoriais externos. Existem três diferentes tipos de potenciais evocados: visuais, auditivos e somatosensoriais. No entanto, estes potenciais, registados após o estímulo, demonstram ser muito menores que os potenciais espontâneos. Uma vez que o potencial gerado por estímulos é reduzido, e de forma a tornar possível a medição dos potenciais evocados (PE), é habitual repetir várias vezes o mesmo estímulo [normalmente entre 50 a 200 vezes, dependendo do tipo de estímulo e do ruído (ruído eléctrico – provocado pelos equipamentos de electroencefalografia, e ruído biológico – artefactos produzidos pelo simples piscar de olhos, focar de um objecto ou mudança de concentração do paciente. Todas estas situações reflectem-se numa actividade cerebral patente nos registos de electroencefalografia, que nada têm a ver com o estudo do estímulo desejado comportando-se como ruído). Os potenciais evocados de um determinado estímulo apresentam também picos de diferentes amplitudes, os quais se designam por componentes. Cada uma destas componentes está relacionada com uma ou mais etapas de processamento de informação e caracteriza-se pela sua latência (intervalo de tempo entre o estímulo e a componente). Para se proceder a medições de PE, é necessário que o intervalo de tempo entre dois estímulos consecutivos seja suficientemente grande para que não se sobreponham às respostas neuronais. Por outro lado, e de forma a obter resultados mais exactos, os vários estímulos devem ser feitos nas mesmas condições que o estímulo-piloto. No que respeita a estímulos que necessitam de uma actividade cognitiva maior (maior latência), a exactidão dos resultados 10 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO não será tão promissora quanto outro tipo de estímulo, visto que o indivíduo tem dificuldade em manter a mesma atitude cognitiva perante o estímulo desde o início até ao final do exame. A utilização de métodos de avaliação da audição associados aos métodos comportamentais tem-se tornado cada vez mais frequente no campo da Audiologia Clínica, contribuindo para o aumento da precisão no diagnóstico dos distúrbios auditivos centrais. O estudo do Potencial Evocado Auditivo (PEA) é um dos meios actualmente utilizados e que reflecte as mudanças neuroeléctricas que ocorrem ao longo da via auditiva, desde a cóclea e nervo auditivo, até ao córtex cerebral, em resposta a um estímulo ou evento acústico. Além de permitir a investigação da audição periférica do indivíduo, avalia a integridade das vias auditivas centrais, a sua maturação durante o processo de desenvolvimento e as disfunções causadas por diversas doenças. Além disso, esta metodologia permite seguir o curso da actividade cerebral no tempo (com a precisão de milissegundos) e portanto obter conhecimento, não somente do produto final do processamento, como também da sequência, tempo e estágios de processos específicos. Segundo McPherson (1996), as mudanças do desenvolvimento observadas nos PEA estão relacionadas, não apenas com elementos anatómicos e funcionais, mas também com padrões organizacionais que ocorrem com o comportamento e a aprendizagem. Neste contexto, destacamos a contribuição dos Potenciais Evocados Auditivos de Longa Latência (PEALL) na investigação de algumas habilidades cognitivas envolvidas no processamento da informação (atenção, discriminação e memória). Os principais potenciais (ondas) descritos são: N1, P2, N2 e P3 - [2], [3], [5], [7], [8] e [10]. 1.5.3 POTENCIAIS EVOCADOS – P300 O P3 ou P300 é a onda mais tardia que aparece após o complexo N1-P2-N2 (três primeiras ondas que aparecem em sequência e apresentam polaridade negativa - positiva negativa) como uma resposta ligada a aspectos fundamentais da função mental: percepção e cognição. Por ser um potencial mais influenciado pelo uso funcional que o indivíduo faz do estímulo é considerado endógeno e também chamado de potencial cognitivo. 11 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 O P300 é gerado de forma consciente, numa tarefa de discriminação entre estímulos acústicos diferentes, denominada “paradigma oddball” ou “paradigma do alvo”. Neste tipo de tarefas apresentam-se estímulos com algumas diferenças entre si (intensidade, duração ou qualquer característica física) para que uns estímulos sejam mais frequentes (80% 90% dos ensaios) e outros sejam raros ou inesperados (10% - 20%), mas apresentados numa ordem aleatória e imprevisível para o sujeito. São apresentados ao indivíduo dois tipos diferentes de estímulos acústicos por meio de auscultadores binaurais: (1) os chamados estímulos frequentes (EF), que ocorrem num intervalo de tempo constante, e (2) os chamados estímulos raros (ER), que são introduzidos de modo aleatório entre os primeiros. O indivíduo é orientado a manter-se atento e contar mentalmente o número de ER que conseguir reconhecer e discriminar. Podem ser usados tons puros diferenciados pela frequência (EF 1000Hz e ER - 2000Hz) ou ainda estímulos de fala diferenciados pelo traço de sonoridade (EF - /pa/ e ER - /ba/), como estímulos acústicos. Embora seja considerado um método objectivo de avaliação, o P300 pode sofrer a interferência de alguns factores que contribuem para a variabilidade das suas medidas (latência e amplitude de onda). As variáveis relacionadas com o teste e que podem introduzir alguma perturbação são: parâmetros usados no teste (intensidade, frequência e tipo de estímulo acústico, filtro, tipo de tarefa, intervalo inter-estímulo, entre outros); as condições de registo (hora do dia) e sujeito (idade, sexo, habilidade cognitiva e temperatura do corpo). Além das variáveis já conhecidas e, portanto, controladas pelos examinadores, chamamnos a atenção para a "subjectividade" envolvida na identificação e marcação da onda P300, que ocorre pela falta de um ou mais critérios de análise bem definidos e padronizados. Os trabalhos encontrados na literatura usam metodologias diferentes tanto para identificar o P300 (considerando a morfologia, a reprodutibilidade da onda e o intervalo de latência), como para marcar as suas medidas de latência e amplitude esperadas pela faixa etária avaliada (considerando o ponto de máxima amplitude da onda, média entre duas replicações, ponto mais próximo a 300 ms, ponto da onda mais replicável). Alguns termos utilizados, como "o pico mais alto", "a maior onda", "o primeiro pico", "a onda mais proeminente ou mais bem formada", entre outros, podem levar a interpretações diferentes entre diversos examinadores, gerando resultados diferentes entre os trabalhos. A latência típica da P300 situa-se entre os 300 e os 500 ms e a sua amplitude média situa-se em torno dos 10 microVolt (µV). É uma onda mais facilmente detectável na 12 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO região centroparietal do crânio (Pz e Cz), tendo a sua origem no córtex frontal e no hipocampo, e parece estar relacionada com a resposta de orientação. A amplitude de P300 é maior para os estímulos raros a que o sujeito atende (target), pelo que se pode interpretar como sendo um indicador ou reflexo de variáveis como a falta de expectativa do sujeito relativamente ao estímulo ou da significação e relevância que o sujeito atribuiu a esse estímulo (independentemente dos requisitos da tarefa). A P300, no entanto, não parece ser uma componente unitária, sendo talvez mais correcto falar-se num “complexo P300”. Nesse complexo de componentes, na verdade, tem-se distinguido uma P3a da P3b (P300 original). De facto, se se introduzir um terceiro estímulo numa tarefa oddball, funcionando como evento novo, inesperado ou surpreendente, pode-se observar uma componente positiva distinta da P300, que apresenta uma latência menor (à volta dos 250 ms) e cuja distribuição no crânio tem uma orientação mais frontal. Esta componente designa-se por P3a (frontal) para se distinguir da P300 clássica (P3b), mais tardia e com uma distribuição mais parietal. A P3a tem estado ligada a processos que implicam a captura da atenção de forma automática e involuntária perante eventos salientes, ou seja, enquanto a P3b depende não só da tarefa como também da expectativa de aparecimento do estímulo, a P3a está, de alguma forma, dependente da probabilidade de aparecimento do estímulo (captura de atenção) mas não varia com a tarefa que a desempenhar. O complexo P300 é normalmente precedido de uma deflexão negativa denominada N2 (onda que surge por volta dos 200 ms face ao aparecimento do estímulo estranho) e está assim associado aos mecanismos neurocerebrais de processamento da atenção e da memória imediata, como a captura de atenção, a atenção selectiva e a actualização do contexto da memória de trabalho ou memória imediata [2], [3], [5], [7], [8],[10] e [17]. 1.5.4 P300 E ALZHEIMER A onda P300 é afectada de diversas maneiras (várias desordens psiquiátricas e neuronais, as quais estão intrinsecamente relacionadas com mudanças dos níveis de vários neurotransmissores) sendo de esperar que para cada uma das doenças se obtenham diferentes valores de amplitude e latência. A mudança mais proeminente em termos auditivos na doença de Alzheimer é um aumento da latência correspondendo a uma insuficiência de memória e de capacidade de concentração/atenção. O P300 é, também, uma das formas de diagnóstico da 13 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 latência do estímulo auditivo nos doentes com Alzheimer. Por outro lado, esta latência também pode ser maior em indivíduos cujo risco de adquirir Alzheimer seja maior [3]. 14 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO OBJECTIVOS E CONTRIBUIÇÃO O principal objectivo da dissertação é verificar que tipo de diferenças existem antes e depois de um indivíduo ser sujeito a um estímulo auditivo, através de registos electroencefalográficos que contêm informação referente ao pico positivo do Potencial Evocado Auditivo P300. Através da análise deste pico é possível verificar alguns dos parâmetros-chave para este estudo e retirar alguns indicadores. As diferenças que se pretendem verificar dizem respeito à frequência e amplitude, à forma como um indivíduo que sofre da doença de Alzheimer é afectado ao nível do processamento auditivo e sob que forma isto se reflecte na gama de frequências predominantes nos seus registos electroencefalográficos, antes e depois do estímulo. O principal contributo do trabalho reside na forma como se aborda a análise feita aos registos, recorrendo-se a algoritmos que nos permitem fazer uma análise mais detalhada e que nos possibilitam olhar sob outro prisma para esses mesmos sinais. Desta forma, tentar-se-á detectar diferenças que possam reflectir um tipo de comportamento, em frequência e amplitude, para os dois sujeitos em questão. Resumindo, pretende-se responder às seguintes questões: I. De que forma se poderá detectar de forma mais eficiente o potencial evocado auditivo P300, dado que os sinais apresentam ruído? II. De que forma varia a sua latência (intervalo entre momento do estímulo e o pico positivo do P300) e de que maneira a latência e amplitude estão relacionados (para os dois indivíduos independentes um do outro e entre um e outro)? III. De que forma a frequência e a amplitude variam ao longo do tempo nos sinais dos dois sujeitos?Para estes dois parâmetros, verificar de que forma o facto de um sujeito ter Alzheimer interfere no comportamento dos mesmos. A resposta a estas três questões irá contribuir para um melhor entendimento da forma como os doentes com Alzheimer são afectados a nível auditivo, quais os parâmentros a ter em conta numa análise feita a um potencial doente e de que forma se pode detectar de forma eficiente esses mesmos parâmetros nos registos clínicos. 15 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 ORGANIZAÇÃO DA TESE A dissertação encontra-se organizada em quatro capítulos. São introduzidos os conceitos de respostas evocadas, os diversos ritmos cerebrais, electroencefalograma, o equipamento utilizado e as limitações e Potencial Evocado P300. São, também, apresentados os objectivos desta dissertação. No capítulo 2 são apresentadas algumas técnicas que nos permitem estudar os sinais electroencefalográficos. São apresentados alguns detalhes da forma como essas técnicas desempenham a sua análise sobre os sinais. No capítulo 3 é feita a análise dos resultados obtidos. Estes resultados estão divididos segundo as várias técnicas utilizadas para estudar os sinais dos dois sujeitos (um com Alzheimer e outro saudável). Apresentam-se estes resultados em diversas tabelas, onde os dados são correlacionados e apresentados indicadores relevantes para o estudo do P300. O quarto e último capítulo é dedicado às conclusões da dissertação e às perspectivas futuras em termos de investigação. 16 CAPÍTULO 2 TÉCNICAS MATEMÁTICAS CAPÍTULO 2– TÉCNICAS MATEMÁTICAS 2.1 INTRODUÇÃO À DECOMPOSIÇÃO EM MODOS EMPÍRICOS - EMD A Decomposição em Modos Empíricos (EMD) é um método de análise de sinais nãoestacionários. Este método decompõe um dado sinal em componentes elementares denominadas Modos Intrínsecos, as Intrinsic Mode Functions, IMF [11]. Estes sinais elementares, obtidos através do processo de decomposição do sinal, são específicos do sinal que se analisa, dado que o EMD é um método adaptativo. Cada modo intrínseco representa uma oscilação simples. Por outro lado, essa oscilação será simétrica em relação ao valor médio local [11]. A definição de IMF está em muito relacionada com a definição de envolvente e esta depende, por sua vez, da função de interpolação que se está a usar. No caso do EMD original, de Huang, é utilizada a interpolação de “Spline Cúbico” (Spline - Um spline é uma curva definida matematicamente por dois ou mais pontos de controlo. Os pontos de controlo que ficam na curva são chamados de nós. A categoria dos splines por interpolação, são splines cuja curva passa por todos os pontos de controlo.) No caso de serem utilizados diferentes tipos de interpoladores, os resultados obtidos serão também eles diferentes [11]. 17 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 FIGURA 2.1 ‐ SINAL DE TESTE ORIGINAL Com a definição de IMF dada, pode-se decompor qualquer função da seguinte maneira: 1. toma-se o sinal, o sinal de teste (sinal da figura acima); 2. identificam-se os seus extremos (máximos e mínimos); 3. interpolam-se esses extremos usando um spline cúbico. 4. Desta forma, obtêm-se as envolventes superior e inferior, que devem ter um número de pontos pelo menos igual ao do sinal (ver figura 2.2). Após isso, determina-se o sinal médio, que corresponde à diferença entre as duas envolventes, a envolvente dos máximos M(t), e a envolvente dos mínimos m(t). O sinal média é designado por m1(a vermelho na figura 2.2). 18 CAPÍTTULO 2 TÉCNICA AS MATEMÁ ÁTICAS F FIGURA 2.2 ‐ SI INAL ORIGINALL, ENVOLVENTEE SUPERIOR, IN NFERIOR E SINA AL MÉDIO Por últimoo, é calculadda a diferennça entre o sinal s originaal, o sinal dee teste, e o sinal s médioo obtiddo anteriorm mente m1. Essta diferençça correspon nde à primeira iteração h1: FIG GURA 2.3 ‐ SINAL DE TESTE ORIGINAL E O REESÍDUO H1 Idealmentte, o resíduoo h1 deveriaa satisfazer as condiçõees de uma IIMF, pois a construçãoo de h1 deveria tê-la t tornado simétricaa, com todo os os máxim mos estandoo positivos e todos oss mínim mos negativvos [6]. Senndo assim, e dado que h1 não satissfaz estes reequisitos, esste processoo 19 DETEECÇÃO E ANÁ ÁLISE DO POTENCIAL EVO OCADO AUD DITIVO P300 é repetido o número de vezes necessário n para tornarr o sinal exxtraído h1 nnuma IMF.. Nos processos de filtragem m subsequenntes, h1 podde ser tratad do apenas como c uma IMF tempo orária. No próxim mo passo, é tratada t com mo o sinal a analisar, a log go, h11 = h1 - m11, (2.1) Apóss filtragenss sucessivass desta maaneira, apresentadas naas figuras seguintes, até k vezes, h1k torna-se t um ma IMF, istoo é, h1k = hk-1 - m1k , (2.2) tal como descrito em [6], [ F FIGURA 2.4 ‐ SI NAL ORIGINALL, ENVOLVENTEE SUPERIOR, INFERIOR E SINAL MÉDIO – ITER RAÇÃO 3 20 CAPÍTTULO 2 TÉCNICA AS MATEMÁ ÁTICAS FIGURA A 2.5 ‐ SINAL OR RIGINAL, ENVO OLVENTE SUPER RIOR, INFERIOR R E SINAL MÉDIO – ITERAÇÃO 5 e, enntão, é desiggnada como c1 = h1k , (2.3) a prim meira compponente IMF F extraída do d sinal, da figura 2.1, e representaada na figurra seguinte: FIGU URA 2.6 ‐ SINALL ORIGINAL SEM M COMPONENTTE DA 1ª IMF 21 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 No entanto, um dos aspectos críticos surge quando se pretendem definir critérios de paragem à extracção de uma IMF. Ao longo dos anos foram sendo usados dois critérios: 1. Determinação do critério de paragem, usando um tipo de teste de convergência de Cauchy. Este teste exige que a diferença quadrada normalizada entre duas filtragens sucessivas definida por T ∑ |hκ-1 (t) - hκ (t)|2 SDκ = t=0 , T (2.4) ∑ h2κ-1 t=0 seja pequena. Se o valor de SDκ for menor que um valor predeterminado, então o processo de filtragem pára. Contudo, existem duas questões críticas a serem resolvidas: primeiro, a questão de quão pequeno deve ser o SDκ para que se tenham bons resultados; segundo, o critério não depende da definição de IMF. A diferença SDκ pode ser pequena, no entanto, nada garante que a função obtida irá ter o mesmo número de extremos e zeros. Por esta razão, Huang propôs uma segunda abordagem a este problema. Um número S é pré-seleccionado. O processo de filtragem só irá parar após a repetição de S vezes do processo, quando o número de extremos e zeros se mantiver o mesmo e forem iguais ou diferirem pelo menos em uma unidade. No entanto, surge outra questão que se cinge ao número S a escolher. Em estudos mais recentes, Huang et al. (2003) usaram muitas alternativas de S para obter um grupo de vários conjuntos de IMF, do qual foi retirado a média e o nível de confiança. Após estudos comparativos de vários resultados obtidos Huang et al. construíram um guia empírico. Para processos de filtragem óptimos, o intervalo do número S deve situarse entre 4 e 8. Agora, assume-se que o critério de paragem foi já escolhido e que c1 é a primeira IMF. Em geral, c1 deve conter a escala mais ajustada ou a componente com o período mais pequeno do sinal. Deste modo, c1 pode ser separado do resto do sinal por r1 = x(t) - c1 , (2.5) 22 CAPÍTULO 2 TÉCNICAS MATEMÁTICAS Dado que o resíduo r1 ainda contém grandes variações de período no sinal, tal como se mostra na figura seguinte, FIGURA 2.7 ‐ SINAL ORIGINAL E O RESÍDUO R1 é, então, tratado como sendo o novo sinal e posteriormente sujeito ao mesmo processo de filtragem. Este processo pode-se repetir com todos os rj seguintes e o resultado é r2 = r1 - c1, ....., rn = rn-1 - c1 , (2.6) O processo de filtragem pode ser, então, parado por qualquer um dos seguintes critérios predeterminados: (1) ou quando a componente cn ou o resíduo rn se tornam tão pequenos que é menor que o valor predeterminado, (2) ou quando o resíduo rn se torna uma função monotónica da qual não se conseguem extrair mais IMF. Mesmo que se tenha uma média igual a zero para o sinal, o resíduo final pode ser diferente de zero. Se os dados tiverem uma tendência, o resíduo final deverá ser essa tendência. Obtém-se, então, x(t) = n ∑ cj + rn , (2.7) j=1 Assim, alcança-se a decomposição dos dados em n-modos empíricos e obtém-se o resíduo rn , que pode ser a média da tendência ou uma constante. Sendo assim, e pelo que se 23 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 viu anteriormente, para aplicar o método EMD (Empirical Mode Decomposition), é apenas necessário saber a localização dos extremos. A referência de zero em cada componente será gerada pelo processo de filtragem. [6]. 2.1.1 DESMODULAÇÃO AM No fim do procedimento anterior, obteve-se uma IMF, c1(t) e as suas envolventes, M(t) e m(t). Se estas envolventes forem simétricas, então, a sua diferença poderá ser a estimativa do sinal modulado em amplitude: • c1(t) = A(t).s(t) sendo que A(t) = M(t)-m(t) e s(t) = |s(t)|≤1; (2.8) Desta forma, obtém-se uma estimativa da amplitude instantânea. No entanto, é possível encontrar uma estimativa mais correcta de A(t), sinal modulado em amplitude) pelo seguinte procedimento: • Em primeiro lugar, faça-se y(t) = |c1(t)|; • Cálculo dos máximos de y(t). • Interpolação desses máximos para obter A(t). 2.1.2 DESMODULAÇÃO FM • Uma vez desmodulada a amplitude, divide-se o sinal original c1(t) por A(t) para obter o sinal FM (sinal modulado em frequência), s(t), c1(t) s(t) = A(t) , (2.9) 24 CAPÍTULO 2 TÉCNICAS MATEMÁTICAS 2.2 DESMODULAÇÃO AR 2.2.1 DESMODULAÇÃO AR De início, assume-se que a frequência instantânea de SFM(t), o sinal de 2.2.2) é um sinal que varia lentamente no tempo, de modo a que se possa considerar constante em curtos intervalos de tempo. Para além disso, deve-se amostrá-lo para obter um sinal discreto, que possa ser expresso no formato: SFM(n) ≈ cos[2πf(n0).n], (2.10) válido para n0-N≤n≤ n0+N. Assim, assume-se que a frequência é constante para uma janela com comprimento de 2N+1, em que N é um inteiro positivo. O estimador de frequência instantânea usado baseia-se na aproximação AR local. Sabe-se que, se xn = cos(2πfn + φ), com f∈(0,1/2) e φ∈(-π, π), então verifica a equação AR. De facto, tem-se: cos[2πf n + ϕ] = cos[2πf(n-1) + ϕ] cos(2πf) - sin[2πf(n-1) + ϕ] sin(2πf) , (2.11) e cos[2πf (n-2)+ ϕ] = cos[2πf(n-1) + ϕ] cos(2πf) + sin[2πf(n-1) + ϕ] sin(2πf), (2.12) Somando as equações (2.4) e (2.5), obtém-se: cos[2πf n+ ϕ] + cos[2πf (n-2)+ ϕ] = 2cos[2πf(n-1) + ϕ] cos(2πf) , (2.13) que equivale a: cos[2πf n + ϕ] - 2cos[2πf(n-1) + ϕ] cos(2πf) + cos[2πf (n-2)+ ϕ] = 0, (2.14) A equação (2.7) permite-nos considerar que: xn- 2 cos(2πf) xn-1 + xn-2 = 0, (2.15) que corresponde a um modelo AR com o polinómio: 25 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 1 - 2cos(2πf)z-1 + z-2 , (2.16) Este polinómio é obtido utilizando a Recursão de Levinson com os coeficientes de reflexão: C1 = -cos(2πf) e C2=1. Assim, computando o primeiro coeficiente de reflexão numa janela centrada na amostra de referência, pode-se obter uma estimativa da frequência. Para calcular a estimativa do coeficiente de reflexão usouse um método de Burg modificado proposto em [16], que permite calcular o primeiro coeficiente através da expressão: L-1 ∑ xn(xn-1 + xn+1) C1 = 2 L-1 2∑ 2 , (2.17) 2 xn em que L é o número de amostras disponíveis. Esta fórmula calcula o valor correcto, desde que se tenha, pelo menos, três amostras. Para um sinal FM, faz-se L=2N+1, com N a variar de acordo com as aplicações práticas. Resumindo: O processo de extracção de IMF descreve-se da seguinte maneira: 1. Encontram-se os máximos e mínimos do sinal; 2. Através da função de interpolação escolhida e através do conhecimento de 1), obtêmse a envolvente superior e inferior, M(t) e m(t); 3. Determina-se a média dos dois envolventes: m1(t) = 4. Subtrai-se essa média do sinal: x(t): = x(t) – α . M (t)+m(t) . 2 M (t)+m(t) . Se tiver sido atingido o 2 limite de resolução, então, foi encontrada uma IMF e passa-se para 5). Caso contrário, é removido o sinal média m1(t) a x(t), x(t) = x(t) – α.m1(t) e retoma-se o passo 1). 5. Assim que se obtém uma IMF, c1, remove-se essa IMF do sinal: x(t) = x(t) - c1 . Caso a energia de x(t) não seja quase nula, então, retorna-se a 1). 26 CAPÍTULO 2 TÉCNICAS MATEMÁTICAS Por construção, o número de extremos deve decrescer de uma IMF para a próxima e espera-se que a decomposição se complete com um número finito de IMF [11]. Nota: Ao extrapolar os sinais (as IMF) pode surgir um efeito de má estimação o que pode comprometer os resultados adicionando uma conponente que na verdade não existe e que pode distorcer a IMF gerada. Para atenuar este efeito, introduziu-se uma variável α, 0< α<1. Esta variável aumenta a duração de tempo da iteração e torna o algoritmo mais eficaz. Em principio o parâmetro α pode ser arbitrário mas é aconselhável a sua utilização segundo o seguinte critério: minimizar a energia do sinal resultante. Este critério leva a que α seja igual ao coeficiente de correlação entre x(t) e e(t). No esquema que se segue, encontra-se a forma como se processa o EMD: 27 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 x(t) Cálculo dos máximos do sinal Mk,= 1,2,3...n Determinação das envolventes superior e inferior através da interpolação dos máximos e mínimos M(t) e m(t) Extrapolar o primeiro e último extremo relativo do sinal x(t) Cálculo dos mínimos do sinal mk,= 1,2,3...n Cálculo do sinal média entre as duas envolventes e(t) = M(t)-m(t) Remover a x(t) o sinal média, x(t) = x(t) – a.e(t) Não Atingido o limite de resolução? Sim IMF encontrada e guardada num vector de IMF’s Não Energia de x(t) quase nula e x(t) ainda varia? Remover a IMF ao sinal x(t), x(t) = x(t) - IMF Sim Decomposição do sinal x(t) em modos empíricos FIGURA 2.8 ‐ FLUXOGRAMA DO MODO DE PROCESSAMENTO DO MÉTODO DE DECOMPOSIÇÃO EM MODOS EMPÍRICOS: EMD 28 CAPÍTULO 2 2.3 ÔNDULAS TÉCNICAS MATEMÁTICAS - INTRODUÇÃO O uso de ôndulas para análise de séries temporais/espaciais tem sofrido um apreciável incremento na última década, constituindo actualmente uma ferramenta imprescindível em algumas áreas como as telecomunicações ou o processamento de sinais. A análise de ôndulas baseia-se na convulsão do sinal em estudo f(t) com sucessivas funções, representativas de escalas diferentes, as funções de ôndula ψs,τ(t). A forma de cada uma destas funções é obtida a partir de uma função principal vulgarmente designada por ôndula mãe ψ(t): 1 ⎛t-τ⎞ ψ⎜ ⎟, ψs,τ (t) = s ⎝s⎠ (2.18) onde s (>0) representa a escala temporal da perturbação (uma escala menor corresponde a uma frequência superior) e o parâmetro τ corresponde aos diferentes instantes ao longo do tempo (translação). 2.3.1 TRANSFORMADA ÔNDULAS CONTÍNUA Com base na definição de ôndula da introdução anterior encontra-se a versão contínua, a transformada de ôndulas (γ), definida pela seguinte expressão: 1 ⎛t-τ⎞ ψ ⎜ s ⎟ x(t) dt , γτ,s = ⌠ s⌡ ⎝ ⎠ (2.19) O termo em denominador √s corresponde a um factor de normalização da energia de cada ôndula γ(τ,s) de forma a manter a mesma energia da ôndula mãe. A equação (2.19) reflecte a principal novidade introduzida pelas ôndulas: a possibilidade de transformar um sinal num espaço a dois parâmetros (s,τ) que traduz a medida local de amplitude relativa de variabilidade com a escala s no instante τ. Esta definição contrasta de forma evidente com a transformada de Fourier que nos fornece apenas a amplitude média para cada escala (frequência ou período) da variabilidade ao longo do sinal. 29 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 As limitações da análise de Fourier clássica e que em última análise constituíram um forte incentico para o desenvolvimento da análise por ôndulas. Através da análise de Fourier a informação relativa à evolução temporal do sinal é perdida. Pelo contrário, a aplicação da transformada de ôndulas permite distinguir as frequências dominantes (escalas e períodos) e a forma como evoluem ao longo do sinal. 2.3.2 ÔNDULAS DISCRETAS A transformada contínua com ôndula é altamente redundante (basta notar que uma função de uma variável é transformada numa função de duas variáveis). Na prática, para obter algoritmos eficientes para determinar a transformada de uma função g e resconstruir g à custa dos valores da transformada, devemos restringir os valores dos parâmetros do plano tempoescala. Uma escolha usual para essa discretização é a chamada rede diádica , definida por: a = 2 –j, τ = k2 –j ; j,k . (2.20) Nesse caso, temos então a seguinte família de funções: ψj,k = 2 j/2 ψ(2 j t-k); j,k , (2.21) Naturalmente, pretende-se que, à semelhança do que se passa no caso contínuo, seja possível: • Reconstruir f • Expandir f como sobreposição das funções ψj,k A decomposição e reconstrução deverão ser processos estáveis, isto é, pouco sensíveis a pequenas perturbações nos coeficientes. A Transformada de ôndula apresenta três propriedades que a tornam difícil de usar directamente na forma de (2.18). A primeira é a redundância da Transformada ôndula Contínua. Em (2.18), a Transformada de ôndula é calculada deslocando continuamente uma função contínua de escala sobre um sinal, e do cálculo da correlação entre os esses dois sinais, o sinal original e o sinal ôndula. Para muitas das aplicações práticas há que remover esta redundância. 30 CAPÍTULO 2 TÉCNICAS MATEMÁTICAS Mesmo sem esta redundância da TCO (transformada contínua de ôndula) tem-se um número infinito de ôndulas na Transformada de ôndula e, desta forma, é necessário reduzir este número. Este é o segundo problema. O terceiro problema reside no facto de que, para muitas funções, a Transformada de ôndulas não possui soluções analíticas e apenas pode ser calculada numericamente. Tal como foi referido anteriormente, a TCO mapeia um sinal a uma dimensão num a duas dimensões, com uma representação tempo-escala que se apresenta altamente redundante. Para ultrapassar este problema surgiram as transformadas “ôndulas discretas”. Estas não são continuamente escaláveis e transladadas mas apenas o podem ser em passos discretos. Isto é conseguido através da modificação da equação (2.20) para criar, ψj,k (t) = ⎛t-k τ0s j0⎞ ψ j ⎟, j ⎜ s0 ⎝ s0 ⎠ 1 (2.22) Embora seja chamada de “ôndula Discreta”, é normalmente uma função contínua. Nesta equação, j e k são inteiros e s0 >1 é um passo fixo de dilatação. A translação τ0 depende do factor de dilatação. O efeito de discretizar a ôndula é que o espaço tempo-escala é agora amostrado em intervalos discretos. Normalmente escolhe-se s0 = 2 resultando no eixo das frequências uma amostragem diádica. Para o atraso escolhe-se τ0 = 1 para que tenha também uma amostragem diádica no eixo temporal. Quando as ôndulas discretas são usadas para transformar um sinal contínuo, o resultado será uma série de coeficientes de ôndulas, o qual se designa por “Decomposição em Séries de Ôndulas”. Uma questão importante é saber como se pode reconstruir o sinal. É possível reconstruir o sinal da Decomposição em Séries de Ôndulas. A condição necessária para uma reconstrução é ter a energia dos coeficientes das ôndulas entre dois limites positivos, isto é, A||x|| 2 ≤ ∑|<f,ψj,k >| 2 ≤ B||x|| 2 , (2.23) j,k onde ||x|| 2 é a energia de x(t), A > 0, B < ∞ e A, B são independentes de x(t). Quando se satisfaz esta equação, a família das equações base ψj,k (t) com j, k é referida como um “quadro” com limites A e B. 31 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 Quando A = B o “quadro” é estreito, apertado, e as ôndulas discretas comportam-se como uma base ortogonal. Quando A ≠ B é possível uma reconstrução exacta à custa de um duplo “quadro”. Numa transformada ôndula discreta de “quadro” duplo a decomposição de ôndula é diferente da ôndula de reconstrução. O último passo é tornar as ôndulas discretas ortogonais, o que apenas se pode fazer com as ôndulas discretas. As ôndulas discretas podem ser tornadas ortogonais para as suas próprias dilatações e translações através de escolhas especiais da ôndula -mãe, o que quer dizer que: ⎧ 1 se j = m e k = n * ψj,k ψj,k dt = ⎨ 0 se for diferente , ⌠ ⎩ ⌡ (2.24) Pode-se reconstruir um sinal arbitrário através das funções wavelet de bases ortogonais, pesadas pelos coeficientes da transformada de ôndula: x(t) = ∑ γ(j,k) ψ j,k (t) , (2.25) j,k A Ortogonalidade não é essencial para a representação de sinais. As ôndulas não necessitam de ser ortogonais e em algumas aplicações a redundância pode ajudar a reduzir a sensibilidade ao ruído ou a optimizar a invariância da deslocação da transformada. Tal pode ser visto em [12], [13] e [14]. 2.4 O ESPECTROGRAMA O Espectrograma tem como principal função a visualização da distribuição da energia de um sinal, expressa a potência por cada unidade de frequência por unidade de tempo. Resulta num gráfico de 3 dimensões (3D), que apresenta o espectro de energia do sinal ao longo do tempo. 32 CAPÍTULO 2 TÉCNICAS MATEMÁTICAS 2.5 JANELAS MÚLTIPLAS Multiplica-se sucessivamente a série temporal por uma janela antes de realizar a transformada de Fourier para reduzir a fuga espectral (potência da frequência real que se dispersa para frequências vizinhas). Sem a janela, a parte de alta frequência do espectro pode tender para uma fuga espectral. Contudo, o uso de uma única janela, em geral, pondera desigualmente os pontos de dados e tende a aumentar a variância estatística da estimativa espectral. Sempre que, apenas uma janela for utilizada, haverá um balanço entre a resistência à fuga espectral e a variância da estimativa espectral. Thomson (1982) introduziu a técnica de análise espectral por janelas múltiplas (Multiple Taper Method - MTM). Os dados são multiplicados não apenas por uma, mas por várias janelas resistentes à fuga espectral, e cada janela amostra diferentemente a série. A informação estatística perdida pela primeira janela é recuperada pela segunda, e assim sucessivamente. A estimativa de janelas múltiplas não é então limitada pelo balanço entre a fuga espectral e a variância como a estimativa por uma única janela. Este método utiliza janelas ortogonais para obter estimativas aproximadamente independentes do espectro de potência e então combiná-las numa estimativa. Esta estimativa exibe mais graus de liberdade e permite uma quantificação mais fácil da tendência e do compromisso da variância, comparada à análise convencional de Fourier. O MTM tem a capacidade de detectar oscilações de pequena amplitude numa série temporal curta sem a necessidade de filtrar o sinal. O método também possui um teste estatístico interno, teste-F (distribuição F), para obter o nível de significância das periodicidades encontradas [15]. 33 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 CAPÍTULO 3– RESULTADOS Este capítulo apresenta os resultados obtidos e a análise dos dados recolhidos usando diversos métodos no decorrer da dissertação. 3.1 INTRODUÇÃO Esta secção apresenta um breve resumo dos vários métodos de análise. O esquema seguinte ilustra a sequência de técnicas utilizadas: FIGURA 3.1 ‐ SEQUÊNCIA DA ANÁLISE DE RESULTADOS Aqui são apresentados breves resumos de cada uma das secções seguintes: 3.2 Nesta secção, é feita a análise dos sinais do paciente com Alzheimer e do sujeito saudável, através do uso do algoritmo de janelas múltiplas ; 3.3 Nesta secção, é feita a filtragem e remoção de ruído do sinais do paciente com Alzheimer e do sujeito saudável. Este processo de remoção de ruído consiste na aplicação do algoritmo EMD aos vários sinais. Adicionalmente, as IMF que 34 CAPÍTULO 3 ANÁLISE DE RESULTADOS resultaram do processamento anterior são seleccionadas de acordo com o seguinte critério: • dado um intervalo de frequências (0-20 Hz), verifica-se se cada uma delas se encontra dentro desse intervalo definido. Se sim, então essas IMF são “guardadas”; se não, são descartadas. Após este processo é feita a reconstrução do sinal utilizando as seleccionadas. 3.4 Nesta secção, é feita a análise do P300 usando sinais limpos (sinais que resultam do método de 3.3 e aplicação de ôndulas) - Através do conhecimento prévio do instante no tempo em que deverá surgir o P300, desenhou-se um pequeno algoritmo que obtém os máximos dos vários sinais e também os gráficos correspondentes. Destes resultados, obteve-se um gráfico que mostra uma média dos tempos, em milissegundos, do aparecimento do pico de onda P300, para os pacientes com Alzheimer e saudáveis. Estudou-se, também, a relação entre a latência e a amplitude do potencial evocado P300. 3.5 Nesta secção, é feita a análise Tempo-Frequência: Desmodulação AR – usando a desmodulação AR e recorrendo ao EMD, obtiveram-se gráficos que representam a evolução da frequência ao longo do tempo. Através da observação destes gráficos, extrairam-se alguns indicadores (apresentados na secção) relevantes quanto ao comportamento da frequência e amplitude. 3.6 Nesta secção, é feita a análise Tempo-frequência: Método desenvolvido - Análise tempo-frequência feita através da construção de um algoritmo que “actua” sobre cada uma das IMF, desmodulando cada uma delas dando origem a um sinal AM e outro FM. Com o auxílio de funções do EMD, calculam-se os máximos da onda FM e, com a informação de todos os máximos, calculam-se as distâncias entre os vários máximos (neste caso os períodos ao longo do sinal). O processamento dos dados é feito através de grupos de três pontos. O objectivo deste algoritmo é calcular clusters, grupos de frequências extraindo dos mesmos a frequência média. Desta forma, obtém-se uma análise tempo-frequência que não consiste na frequência instantânea, mas num troço composto pelas diversas frequências médias , de cada cluster, e pressupondo sempre a existência de uma certa margem de erro. 35 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 3.7 Nesta secção, é feita a análise Tempo-Frequência: Desmodulação AR – Análise tempo-frequência feita através da construção de um algoritmo que “actua” sobre cada uma das IMF. O objectivo é encontrar a frequência central de cada uma das IMF e retirar o seu período de modo construir uma janela. Encontrado o tamanho da janela (1300 vezes o valor do período – 1300 foi um valor escolhido heurísticamente), divide-se o tamanho do sinal por n secções. É, então, aplicada a cada uma das secções a desmodulação AR que faz a análise do tempo e da frequência. 3.8 Nesta secção, é feita a análise tempo-frequência: Espectrograma - Análise tempofrequência feita através do método Spectrogram do programa Matlab, que “actua” sobre cada uma das IMF calculando o valor de cada frequência ao longo do tempo. 36 CAPÍTULO 3 ANÁLISE DE RESULTADOS 3.2 JANELAS MÚLTIPLAS Através do uso do algoritmo de janelas múltiplas, efectuou-se uma análise na frequência, cujo objectivo foi separar o sinal nas diferentes gamas de frequência, obtendo, assim, diferentes clusters. Desta forma, e embora não seja uma análise muito exacta, mostra, de certa forma, as diferenças das várias bandas de frequência entre o doente com Alzheimer e o sujeito saudável. No gráfico abaixo estão representadas essas diferenças e é possível observar que o doente com Alzheimer apresenta em média maior energia nas frequências entre os zero e os quatro Hertz. No entanto, em todas as outras bandas de frequência as amplitudes do indivíduo saudável facilmente se impõem em contraste com a repentina e acentuada descida das amplitudes do doente com Alzheimer. FIGURA 3.2 ‐ JANELAS MÚLTIPLAS: ANÁLISE ESPECTRAL APRESENTANDO A AMPLITUDE DE CADA UMA DAS GAMAS DE FREQUÊNCIA IDENTIFICADAS, PARA O DOENTE COM ALZHEIMER VS. SAUDÁVEL (HEALTHY) De qualquer modo, é possível verificar que os valores de amplitude do doente com Alzheimer, na banda de frequências entre os zero e os quatro Hertz, é bastante superior à mesma banda para o sujeito saudável. Fazendo-se uma comparação, e num total entre as três primeiras bandas de frequência, aquelas que reflectem a existência do P300 (Delta, Teta e 37 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 Alfa), o valor em amplitude da frequência do sujeito saudável é muito superior ao do doente com Alzheimer. Resumindo, o doente com Alzheimer parece só ter predominância na banda de frequência Delta e o sujeito saudável altos níveis nas bandas de frequências Delta, Teta e Alfa. Este método foi utilizado de forma semelhante em [5]. 3.3 EMD E ÔNDULAS - FILTRAGEM Filtragem e remoção de ruído dos sinais dos pacientes com Alzheimer e saudável. Este processo de remoção de ruído consiste na aplicação do algoritmo EMD aos vários sinais. Adicionalmente, as IMF que resultaram do processamento anterior são seleccionadas de acordo um critério o qual está desmonstrado no diagrama da página seguinte: 38 CAPÍTULO 3 x(t) ANÁLISE DE RESULTADOS Aplicação do método Decomposição em modos empíricos (vector com IMF’s) Retirar a média do sinal a x(t) Análise espectral ,na frequência, da IMF Determinação da largura de banda da IMF LB = [f1;f2] Hz] Não IMF descartada Sim Não Ùltima IMF? IMF seleccionada e guardada num vector. Sim Encontra-se LB dentro do intervalo LB*= [0;20] Hz? Somar as IMF’s seleccionadas e obter sinal limpo. X(t) FIGURA 3.3 ‐ FLUXOGRAMA QUE APRESENTA O PROCESSAMENTO DOS VÁRIOS SINAIS RECORRENDO AO EMD E SELECCIONANDO APENAS AS IMF QUE SE ENCONTRAM NO INTERVALO DA LARGURA DE BANDA PRETENDIDA. 39 DETEECÇÃO E ANÁ ÁLISE DO POTENCIAL EVO OCADO AUD DITIVO P300 Desta forma, teem-se a cerrteza de quee o sinal reesultante finnal, soma dde todas as IMF seleccionaddas, correspponde a um m sinal lim mpo que co onsiste apennas nas frequências qu ue se pretendem analisar e que q são de interesse i paara o estudo do P300. Na N figura 3.33, em cima,, está representaddo todo estee processo de d selecção de IMF. Assim m sendo, obbtém-se um m sinal maiss claro, em que as altaas frequências são filtrradas, tornando-sse mais fáciil a detecçãão do P3000. Este proccedimento foi f executaddo tanto paara os sinais do paciente p com m Alzheimeer como paraa o saudáveel. Dado quee as frequênncias de inteeresse para a anállise do P300 se situam m entre os 0--20 Hz, freq quências doos ritmos Deelta, Teta, Alfa A e Beta, especcialmente do d ritmo Tetta (4-8 Hz), todas as outras o compponentes forram filtradaas. De seguida sãão apresentaados algunss resultadoss para um intervalo de d frequênciias entre 0 e 20 Hertz (0-200 Hz) e 0-10 Hz. Nas várias v figurras, o azul representa o sinal originnal e o verm melho o sinal optiimizado: PACIENT TE COM ALZHEIME A ER: FIGURA 3.4 ‐ ALZHEIMER: 0‐20 HZ. A AZULL O SINAL ORIG GINAL E A VERM MELHO SINAL LIMPO. 40 CAPÍTTULO 3 ANÁLISEE DE RESULTTADOS SUJE EITO SAU UDÁVEL: FIGURA 3.5 ‐‐ HEALTHY: 0‐20 0 HZ, ENSAIO N Nº 20. A AZUL O O SINAL ORIGIN NAL E A VERMEELHO O SINAL LLIMPO. Para um inntervalo de frequênciass entre 0 e 10 1 Hertz (0--10 Hz) obtiveram-se os o seguintess resulltados: PAC CIENTE CO OM ALZH HEIMER: FIGURA 3.6 ‐ ALZHEIMER: 0 0‐10 HZ, ENSAIO O Nº 16. A AZUL O SINAL ORIG GINAL E A VERM MELHO SINAL LLIMPO. 41 DETEECÇÃO E ANÁ ÁLISE DO POTENCIAL EVO OCADO AUD DITIVO P300 SUJEITO O SAUDÁVEL: FIGU URA 3.7 ‐ HEALTTHY: 0‐10 HZ, EENSAIO Nº 20. A A AZUL O SNALL ORIGINAL E A A VERMELHO SIINAL LIMPO. componenttes de Com mo se pode observar o noos gráficos acima, o faacto de se removerem r frequência que não sãão de intereesse, leva a que a deteecção do piico positivoo P300 seja mais fácil, uma vez que esste sobressaai. Suaviza o sinal, in ndicando coom mais riggor onde esste se E detecçãão é feita dee forma visuual observan ndo o sinal a vermelhoo que eviden ncia o encontra. Esta maior picoo positivo, o P300. Cliniicamente, o facto de se s obterem sinais limp pos ajuda na n detecçãoo mais eficaaz do P300 e perrmite concluuir se um determinado indivíduo demora d maiis ou menoss a processaar um sinal auditiivo, maior latência, l ouu mesmo se este tem tendência a teer Alzheimeer. Muitas vezes, v uma má innterpretaçãoo dos registtos e a seleecção de um ma localizaçção errada do P300 podem induzir a faalsas concluusões relativvas a patoloogias que um m doente poossa ter. No caso c das ônndulas, os sinais s obtidoos são muitto semelhanntes sem grrandes variações embora, o sinal optim mizado não seja tão reguular como usando o EM MD. 42 CAPÍTTULO 3 ANÁLISEE DE RESULTTADOS FIGURA 3.8 8 ‐ HEALTHY: 0‐10 HZ, ENSAIO Nº 20. A AZULL O SNAL ORIGINAL E A VERMELHO SINAL LIM MPO. 3.4 P300 - LATÊNCIA Nesta fasee efectuou-sse um estudo sobre a laatência dos sinais s no dooente com Alzheimer A e no sujeito sauddável. A abbordagem a este estud do baseou-sse no conhhecimento a priori doo mom mento em que q ocorree o pico positivo p do os P300. A literaturaa aponta para p que o apareecimento deeste pico se encontre à volta de 30 00 ms após o paciente sser sujeito ao a estímulo.. Estess 300 ms reepresentam o tempo quue o sujeito o demora a processar o estímulo auditivo aoo longoo de todo o sistema auuditivo, desscrito anteriiormente, atté ao cérebrro. No caso o dos sinaiss dispooníveis do doente d com m Alzheimerr e do sujeiito saudável, este estím mulo foi daado aos 6000 ms dum d total dee 1300 ms de d todo o siinal. Sendo assim, e saabendo que o pico do P300 se iráá revellar 300 ms após o estíímulo, entãoo, nestes sin nais, este pico p deverá evidenciar--se aos 9000 ms. Desta form ma, podem-sse observarr os gráfico os abaixo, que apresentam a verrde o valorr do entre os 850 e os 1100 ms, a amarelo o máxiimo, enconttrado num intervalo compreendid mom mento em que q o estíímulo teoriicamente deveria d apaarecer e a vermelho o mínimoo encontrado no mesmo inntervalo. Estes E gráficcos corresppondem aoos sinais optimizados o s utilizzando o EM MD. A mesma análise é feita aoss gráficos optimizados o s aplicando ôndulas. É apressentada, tam mbém, uma análise da relação entrre latência e amplitudee consoante o intervaloo de frequências analisadas. a Registos - EMD D: 43 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 PACIENTE COM ALZHEIMER ( 0-20 Hz) FIGURA 3.9 ‐ ALZHEIMER: 0‐20 HZ, ENSAIO Nº 1. A LINHA AMARELA REPRESENTA OS 300 MS APÓS O ESTÍMULO AUDITIVO, O TEMPO DE PROCESSAMENTO DO SOM; A VERDE A IDENTIFICAÇÃO DO P300; A VERMELHO O MÍNIMO ENCONTRADO QUE IDENTIFICA A COMPONENTE N100. SUJEITO SAUDÁVEL (0-20 Hz) FIGURA 3.10 ‐ HEALTHY: 0‐20 HZ, ENSAIO Nº20. A LINHA AMARELA REPRESENTA OS 300 MS APÓS O ESTÍMULO AUDITIVO, O TEMPO DE PROCESSAMENTO DO SOM; A VERDE A IDENTIFICAÇÃO DO P300; A VERMELHO O MÍNIMO ENCONTRADO QUE IDENTIFICA A COMPONENTE N100. 44 CAPÍTULO 3 ANÁLISE DE RESULTADOS PACIENTE COM ALZHEIMER ( 0-10 Hz) FIGURA 3.11 ‐ ALZHIEMER: 0‐10 HZ, ENSAIO Nº16. A LINHA AMARELA REPRESENTA OS 300 MS APÓS O ESTÍMULO AUDITIVO, O TEMPO DE PROCESSAMENTO DO SOM; A VERDE A IDENTIFICAÇÃO DO P300; A VERMELHO O MÍNIMO ENCONTRADO QUE IDENTIFICA A COMPONENTE N100. . PACIENTE SAUDÁVEIL (0-10 HZ) FIGURA 3.12 ‐ HEALTHY: 0‐10 HZ, ENSAIO Nº11. A LINHA AMARELA REPRESENTA OS 300 MS APÓS O ESTÍMULO AUDITIVO, O TEMPO DE PROCESSAMENTO DO SOM; A VERDE A IDENTIFICAÇÃO DO P300; A VERMELHO O MÍNIMO ENCONTRADO QUE IDENTIFICA A COMPONENTE N100. 45 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 Latência Amplitude Latência média (ms) média (µV) máxima (ms) Healthy (20 Hz) Healthy (10 Hz) Alzheimer (20 Hz) Alzheimer (10 Hz) Latência Amplitude Amplitude Regi mínima máxima mínima stos (ms) (µV) (µV) (%) 366 22,0 494 255 37,0 7,18 90 375 16,0 525 256 29,0 4,76 90 423 16,0 543 338 28,0 7,26 90 442 15,0 600 342 27,0 2,15 90 TABELA 3.1 ‐ DISTRIBUIÇÃO DAS MEDIDAS DE LATÊNCIA (MS) DO P300, AMPLITUDE MÉDIA E VALORES MÁXIMOS E MINIMOS PARA CADA UM DOS PARÂMETROS; VALORES PARA O PACIENTE COM ALZHEIMER E INDIVÍDUO SAUDÁVEL PARA ANÁLISE DE 10 HZ E 20 HZ. Latência HEALTHY (20 Hz) Healthy (10 Hz) Alzheimer (20 Hz) Alzheimer (10 Hz) Healthy (20 Hz) 0 9,11 57,3 76,3 Healthy (10 Hz) 9,11 0 48,3 67,2 Alzheimer (20 Hz) Alzheimer (10 Hz) 57,3 76,3 48,3 67,2 0,00 19,0 19,0 0,00 TABELA 3.2 ‐ DIFERENÇAS DE LATÊNCIA ENTRE OS DOIS INDIVÍDUOS PARA AS DUAS GAMAS DE FREQUÊNCIA, [0;10 HZ] E [0;20 HZ]. Amplitude Healthy (20 Hz) Healthy (10 Hz) Alzheimer (20 Hz) Alzheimer (10 Hz) Healthy (20 Hz) 0,00 5,73 5,34 7,01 Healthy (10 Hz) 5,73 0 0,38 1,27 Alzheimer (20 Hz) Alzheimer (10 Hz) 5,34 7,01 0,38 1,27 0,00 1,66 1,66 0,00 TABELA 3.3 ‐ DIFERENÇAS DE AMPLITUDE ENTRE OS DOIS INDIVÍDUOS PARA AS DUAS GAMAS DE FREQUÊNCIA, [0;10 HZ] E [0;20 HZ] 46 CAPÍTULO 3 ANÁLISE DE RESULTADOS Registos - Ôndulas: SUJEITO SAUDÁVEL (0-20 Hz) FIGURA 3.13 ‐ HEALTHY: 0‐20 HZ, ENSAIO Nº20. A LINHA AMARELA REPRESENTA OS 300 MS APÓS O ESTÍMULO AUDITIVO, O TEMPO DE PROCESSAMENTO DO SOM; A VERDE A IDENTIFICAÇÃO DO P300; A VERMELHO O MÍNIMO ENCONTRADO QUE IDENTIFICA A COMPONENTE N100. Latência Amplitude Latência média média máxima (ms) (µV) (ms) Healthy (20 Hz) Alzheimer (20 Hz) Latência Amplitude Amplitude mínima máxima mínima Registos(%) (ms) (µV) (µV) 354,313 21,7897 490 170 39,4925 5,6618 90 415,11 500 350 90 TABELA 3.4 ‐ DISTRIBUIÇÃO DAS MEDIDAS DE LATÊNCIA (MS) DO P300, AMPLITUDE MÉDIA E VALORES MÁXIMOS E MÍNIMOS PARA CADA UM DOS PARÂMETROS; VALORES PARA O PACIENTE COM ALZHEIMER E INDIVÍDUO SAUDÁVEL PARA ANÁLISE DE 20 HZ. Latência Healthy (20 Hz) Alzheimer (20 Hz) Healthy (20 Hz) 0 60,797 Alzheimer (20 Hz) 60,797 0 TABELA 3.5 ‐ DIFERENÇAS DE LATÊNCIA ENTRE OS DOIS INDIVÍDUOS PARA AS DUAS GAMAS DE FREQUÊNCIA, [0;10 HZ] E [0;20 HZ]. 47 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 3.4.1 CONCLUSÕES Através da análise da tabela 3.1, pode-se verificar que a latência média do sujeito saudável (Healthy), nas duas gamas de frequência, é bastante inferior às latências médias obtidas para o paciente com Alzheimer. No entanto, os valores de ambos os indivíduos encontram-se dentro dos valores expectáveis e encontrados na literatura, 350 a 700 ms após o estímulo. Tais resultados traduzem um maior atraso no sincronismo dos diferentes neurónios por parte do indivíduo com Alzheimer. No caso da amplitude, que se traduz na intensidade da actividade cerebral, os valores do sujeito saudável (Healthy) são superiores aos do sujeito com Alzheimer, o que sugere que este responda mais activamente e de forma mais eficaz ao estímulo. No entanto, também é possível verificar que os valores de latência e amplitude variam para o mesmo indivíduo nas duas gamas de frequência, [0;10 Hz] e [0;20 Hz]. No caso do sujeito saudável, o caso concreto da latência não se altera muito e os seus valores não apresentam uma grande variação mas, pelo contrário, os valores de amplitude já diferem substancialmente, variando de aproximadamente 16 µV, 10 Hz, para 21 µV , 20 Hz. Concluise que o processo de optimização do sinal retira também algum detalhe ao sinal, podendo-se perder informação de interesse, e, neste caso uma melhor ou pior avaliação clínica da actividade cerebral de um indivíduo. Contudo, o mesmo não acontece com os registos do paciente com Alzheimer, que se mantêm quase inalterados na amplitude mas que variam mais na latência do P300. Apesar disto, verifica-se que, no geral, os valores máximos de latência pertencem ao doente e que as amplitudes pertencem ao sujeito saudável. Tal significa que, o número de neurónios a reagir a um estímulo, no caso do doente, é inferior ao sujeito saudável o que se traduz numa menor actividade cerebral – amplitude – e que demoram mais tempo a reagir a esse estímulo – latência. As diferenças entre os dois indivíduos, em termos de latência, nas duas gamas de frequência estão expressas na tabela 3.2, acima representada. Observando-se essa tabela, verifica-se que para as duas gamas de frequência, 10Hz e 20 Hz, as latências do doente são superiores em, aproximadamente, 60 e 70 ms, respectivamente. Estas mesmas diferenças, nas duas gamas de frequência e para o mesmo sujeito, são pouco relevantes. 48 CAPÍTULO 3 ANÁLISE DE RESULTADOS No caso da Amplitude, tabela 3.3, essa diferença é superior na gama de frequências até aos 20 Hz. No caso de 10 Hz é pouco acentuada. Por outro lado fez-se o mesmo estudo para os sinais optimizados utilizando ôndulas. Os resultados obtidos são muito semelhantes aos do método de optimização de sinal anterior, EMD, onde as diferenças de latência entre os dois sujeitos no intervalo de frequências [0;20 Hz] são muito próximas, 57 ms e 60 ms respectivamente. No que respeita a amplitude, apenas são apresentados os valores do sujeito saudável pois os do doente não apresentavam coerência. Contudo, os valores de amplitude encontrados para o sujeito saudável (amplitude média, amplitude máxima e mínima) são quase idênticos. 3.5 ANÁLISE TEMPO-FREQUÊNCIA: DESMODULAÇÃO AR Nesta fase faz-se uma análise tempo-frequência usando a desmodulação AR, que recorre ao EMD para extracção das IMF. A forma como estas foram seleccionadas está descrita na figura 3.3. Desta forma, obtiveram-se dados relativos à variação da frequência e amplitude das diferentes IMF ao longo do tempo (1300 ms), para os diferentes sinais. Após a obtenção das figuras que mostram este comportamento, foi possível analisá-las e retirar alguns indicadores. Dado que nem todos os registos do paciente com Alzheimer nem do sujeito saudável têm o mesmo número de IMF por ensaio, foram separados todos os que tinham seis IMF, sete IMF e oito IMF em diferentes pastas de arquivo. Deste modo, podem-se comparar IMF de diferentes registos da mesma maneira (exemplo: comparar a quinta (5ª) IMF do registo nº 2 do sujeito saudável com a quinta (5ª) IMF do registo nº 3. No caso de não serem separadas desta forma, iríamos, na realidade, estar a comparar a quinta (5ª) IMF de um total de seis IMF com a sexta (6ª) IMF de um total de sete IMF). Em resumo, fez-se uma análise tempo-frequência a partir da qual resultaram várias figuras e, portanto, a análise aqui feita baseia-se no método de observação destas imagens e na extracção de alguns indicadores. 49 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 x(t) Retirar a média do sinal x(t) Aplicação do método Decomposição em modos empíricos (vector com IMF’s) Cálculo da frequência central f0 da IMF f0 ? 0 e IMF ? última IMF ? Sim Não Cálculo da Janela, Janela = T(=1/fc)*a x(t) = |x(t)| Desmodulação AM e FM Análise tempofrequência usando a Desmodulação AR (FM, Janela) Guarda sinal num vector Não Última IMF ? Sim Gráficos tempofrequência FIGURA 3.14 ‐ FLUXOGRAMA DO PROCESSAMENTO DOS SINAIS PELO MÉTODO DA DESMODULAÇÃO AR E QUE RECORRE AO EMD 50 CAPÍTULO 3 ANÁLISE DE RESULTADOS PACIENTE COM ALZHEIMER: ¾ Eis alguns exemplos para os registos do paciente com Alzheimer para os diferentes grupos de IMF (sete, oito e nove IMF): FIGURA 3.15 ‐TABELA DA ESQUERDA: AS VÁRIAS IMF’S; TABELA DA DIREITA: ANÁLISE TEMPO‐FREQUÊNCIA CORRESPONDENTE A CADA UMA DAS IMF’S. A AZUL ENCONTRA‐SE A VARIAÇÃO DA FREQUÊNCIA AO LONGO DO TEMPO E A VERMELHO A AMPLITUDE. 51 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 FIGURA 3.16 ‐ TABELA DA ESQUERDA: AS VÁRIAS IMF’S; TABELA DA DIREITA: ANÁLISE TEMPO‐FREQUÊNCIA CORRESPONDENTE A CADA UMA DAS IMF. A AZUL ENCONTRA‐SE A VARIAÇÃO DA FREQUÊNCIA AO LONGO DO TEMPO E A VERMELHO A AMPLITUDE. FIGURA 3.17 ‐ TABELA DA ESQUERDA: AS VÁRIAS IMF’S; TABELA DA DIREITA: ANÁLISE TEMPO‐FREQUÊNCIA CORRESPONDENTE A CADA UMA DAS IMF. A AZUL ENCONTRA‐SE A VARIAÇÃO DA FREQUÊNCIA AO LONGO DO TEMPO E A VERMELHO A AMPLITUDE. 52 CAPÍTULO 3 ANÁLISE DE RESULTADOS CONCLUSÕES (Paciente com Alzheimer) Alzheimer - Quando a frequência aumenta a amplitude diminui (Normalmente num intervalo entre os ]600;1000[) - Quando a frequência diminui a amplitude aumenta (Normalmente num intervalo entre os ]600;1000[) - Estas alterações são mais notáveis na antepenúlitma Indicadores e penúltima IMF's - A última IMF quase não sofre alterações - Na penúltima IMF, a haver alguma alteração é a amplitude a aumentar e a frequência a diminuir commaior incidência no intervalo ]700;900[ TABELA 3.6 ‐ ALZHEIMER: INDICADORES RESULTANTES DA ANÁLISE DOS FIGURAS ANTERIORES DESTE PACIENTE COM ALZHEIMER SUJEITO SAUDÁVEL ¾ Eis alguns exemplos para os registos do sujeito saudável para os diferentes grupos de IMF (sete, oito e nove IMF): FIGURA 3.18 ‐ TABELA DA ESQUERDA: AS VÁRIAS IMF; TABELA DA DIREITA: ANÁLISE TEMPO‐FREQUÊNCIA CORRESPONDENTE A CADA UMA DAS IMF. A AZUL ENCONTRA‐SE A VARIAÇÃO DA FREQUÊNCIA AO LONGO DO TEMPO E A VERMELHO A AMPLITUDE 53 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 FIGURA 3.19 ‐ TABELA DA ESQUERDA: AS VÁRIAS IMF; TABELA DA DIREITA: ANÁLISE TEMPO‐FREQUÊNCIA CORRESPONDENTE A CADA UMA DAS IMF. A AZUL ENCONTRA‐SE A VARIAÇÃO DA FREQUÊNCIA AO LONGO DO TEMPO E A VERMELHO A AMPLITUDE. FIGURA 3.20 ‐ TABELA DA ESQUERDA: AS VÁRIAS IMF; TABELA DA DIREITA: ANÁLISE TEMPO‐FREQUÊNCIA CORRESPONDENTE A CADA UMA DAS IMF. A AZUL ENCONTRA‐SE A VARIAÇÃO DA FREQUÊNCIA AO LONGO DO TEMPO E A VERMELHO A AMPLITUDE. 54 CAPÍTULO 3 ANÁLISE DE RESULTADOS CONCLUSÕES (Sujeito saudável) Healthy‐7 IMF's - A frequência varia de maneira mais "suave". - A frequência apresenta maiores valores. Indicadores - O trajecto da amplitude ao longo do tempo não cresce tantas vezes como no paciente de Alzheimer. - A última IMF quase não sofre alterações TABELA 3.7 ‐ HEALTHY: INDICADORES RESULTANTES DA ANÁLISE DOS GRÁFICOS ANTERIORES 3.6 ANÁLISE TEMPO-FREQUÊNCIA: MÉTODO DESENVOLVIDO Para o estudo destes sinais foi ainda realizada outra abordagem. Utilizou-se um método que consiste em calcular, através de um algoritmo desenvolvido (procedimento que pode ser visto na figura 3.21 abaixo), a média da frequência e da amplitude antes e depois do estímulo, os 600 ms, de cada uma das IMF e para cada um dos sinais. O objectivo é encontrar diferenças visíveis entre o que acontece antes e depois do estímulo. Novamente, tal é feito nos vários grupos de registos; os que contêm um número total de seis IMF, sete IMF, oito IMF ou nove IMF. Tal pode ser visto nas duas tabelas que se seguem. Este procedimento é feito para o paciente com Alzheimer e para o sujeito saudável e para cada um dos conjuntos acima descritos. Como exemplo é apresentada a tabela referente ao paciente com Alzheimer para um número total de sete IMF para a frequência e amplitude: 55 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 x(t) Aplicação do método Decomposição em modos empíricos (vector com IMF’s) Retirar a média do sinal x(t) Para cada IMF: x(t) = |x(t)| Desmodulação AM e FM Determinação dos máximos (mk = m1, m2...mk=n) do sinal FM Cálculo do período: Tk = mk-mk-1 É o primeiro cálculo do período? Sim Não TK muito diferente de TK-1? Não Sim Juntar a um novo vector e não juntar mais ao vector anterior. Este novo torna-se o vector actual. Não Juntar a um vector (vector actual) Último máximo? Sim Análise espectral e determinação da frequência central geral de cada um dos vectores criados: fc Determinação do sinal tempofrequência usando os dados, por secções, de tempo e frequência. Y(t) 3.21 ‐ FLUXOGRAMA DO MÉTODO DESENVOLVIDO QUE RECORRE AO EMD E À DESMODULAÇÃO AM/FM. 56 CAPÍTULO 3 ANÁLISE DE RESULTADOS Frequência: TABELA 3.8 ‐ ALZHEIMER: INDICADORES RESULTANTES DA ANÁLISE DOS GRÁFICOS (ex:FIGURA 3.19 –DIREITA) DESTE PACIENTE Com esta tabela é possível perceber de forma mais clara como se procedeu à análise dos dados encontrados. Na parte esquerda da tabela, que corresponde ao pré-estímulo, temos para a linha correspondente à primeira IMF uma sequência de valores. Cada um desses valores corresponde à média da frequência antes do estímulo para um determinado ensaio. Na mesma tabela encontra-se uma entrada denominada “Média”, que corresponde ao valor médio da coluna de valores da primeira IMF. Assim se procedeu para as restantes colunas da tabela. Este procedimento provoca a perda de alguma exactidão, pois consiste numa média sobre outra média. No entanto, tenta-se com isto uniformizar o que acontece antes e depois do estímulo. Os valores das tabelas são obtidos a partir do tipo de gráficos da figura 3.19, tabela da direita. A entrada da tabela “Status” traduz a diferença absoluta entre o valor médio “Média” antes do estímulo e depois do estímulo, registando o seu comportamento. Por outro lado, a entrada 57 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 “Diferença” apresenta o valor exacto da diferença de “Status”. Por fim, surge o campo “Em %” que denota os valores de “Diferença”, em percentagem, para que seja mais perceptivel a ordem de grandeza dos mesmos. TABELA 3.9 ‐ ALZHEIMER: INDICADORES RESULTANTES DA ANÁLISE DOS GRÁFICOS (ex:FIGURA 3.19 –DIREITA) DESTE PACIENTE Apesar de o número total de IMF destes registos ser 7 (sete), a última IMF não foi guardada, pois a sua informação não é muito relevante. O mesmo sucede com a tabela 3.9 acima, que corresponde ao estudo da amplitude. Este procedimento é efectuado para o conjunto de oito IMF e de nove IMF. Após obtidas estas tabelas, efectuou-se a sua observação e posterior análise para retirar possíveis indicadores do comportamentos da frequência e da amplitude. O resultado de tais dados possibilitou a construção dos seguintes gráficos: 58 CAPÍTULO 3 ANÁLISE DE RESULTADOS FIGURA 3.22 ‐ ALZHEIMER: GRÁFICOS DOS VÁRIOS REGISTOS PARA AS VÁRIAS IMF’S ANTES E DEPOIS DO ESTÍMULO (EIXO HORIZONTAL REPRESENTA O NÚMERO DE ENSAIOS) Estes gráficos, pertencentes ao paciente com Alzheimer, mostram-nos os registos da tabela acima apresentada antes e depois do estímulo. Os diferentes troços em cada um dos gráficos, os trajectos, correspondem aos valores da entrada “Média” da tabela 3.8. No entanto, os trajectos das IMF de maior frequência foram retirados, pois a gama de frequências de interesse não correspondem a esses registos. Os gráficos correspondentes à amplitude antes e depois do estímulo são também apresentados: FIGURA 3.23 ‐ ALZHEIMER: GRÁFICOS DOS VÁRIOS REGISTOS PARA AS VÁRIAS IMF’S ANTES E DEPOIS DO ESTÍMULO (EIXO HORIZONTAL REPRESENTA O NÚMERO DE ENSAIOS) Obtiveram-se, do mesmo modo, outros gráficos que também ajudam na procura de indicadores relevantes. No caso da frequência: 59 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 FIGURA 3.24 ‐ ALZHEIMER: GRÁFICOS QUE COMPARAM O VALOR DA FREQUÊNCIA ANTES E DEPOIS DO ESTÍMULO E A DIFERENÇA DESSES MESMOS VALORES INDICANDO SE ESTA DIFERENÇA É POSITIVA OU NEGATIVA (SUBIU;DESCEU) Estes gráficos pertencentes ao paciente com Alzheimer apresentam os valores da entrada “Média” antes e depois do estímulo. Apresenta também o valor da “Diferença” apresentado na tabela 3.8, acompanhado da linha “Status”. Desta forma, torna-se possível e mais fácil observar quais as diferenças significativas da frequência. Da mesma maneira e para o sujeito saudável: FIGURA 3.25 ‐ HEALTHY: GRÁFICOS QUE COMPARAM O VALOR DA FREQUÊNCIA ANTES E DEPOIS DO ESTÍMULO E A DIFERENÇA DESSES MESMOS VALORES INDICANDO SE ESTA DIFERENÇA É POSITIVA OU NEGATIVA (SUBIU;DESCEU) 60 CAPÍTULO 3 ANÁLISE DE RESULTADOS Os gráficos até aqui apresentados, correspondentes ao paciente com Alzheimer – tabela 3.8 e 3.9, figuras 3.22, 3.23 e 3.24 - à excepção deste último (figura 3.25) dizem respeito apenas ao conjunto com número total de sete IMF. Todavia, foram também obtidos para os outros conjuntos, de oito e nove IMF, e igualmente para todos os conjuntos do sujeito saudável. Após a obtenção de todos estes gráficos, procedeu-se à construção de outras tabelas e gráficos onde se analisam a frequência e a amplitude de forma independente. Reúnem-se todos os gráficos de cada um destes parâmetros para retirar alguns indicadores, sempre com o objectivo de verificar se o comportamento é igual, antes e depois do estímulo. Por fim, cruzaram-se os vários dados também para fazer emergir que tipo de comportamento e tendências têm esses parâmetros. Obtiveram-se, então, as seguintes tabelas: TABELA 3.10 ‐ RESULTADO DOS GRÁFICOS DAS DIFERENÇAS ENTRE OS VALORES, NA FREQUÊNCIA E AMPLITUDE, ANTES E DEPOIS DO ESTÍMULO Esta tabela apresenta diferenças, em termos de frequência e amplitude, entre o paciente com Alzheimer e o sujeito saudável. As colunas a verde correspondem às IMF que apresentam diferenças e/ou que sugerem diferenças de comportamento. O campo “resultado” mostra o comportamento tendencial dos registos. Com esta tabela pretende-se encontrar diferenças entre os dois pacientes e em que IMF essas diferenças ocorrem. Também se construiu outra tabela que reflecte as diferenças entre os vários conjuntos de IMF (seis, sete e oito IMF; por vezes, nove), tanto do paciente de Alzheimer como do sujeito saudável. 61 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 TABELA 3.11 ‐ RESULTADO DOS GRÁFICOS DAS DIFERENÇAS ENTRE OS VALORES, NA FREQUÊNCIA E AMPLITUDE, PARA VERIFICAR O TIPO DE COMPORTAMENTO DOS VÁRIOS REGISTOS Esta tabela permite-nos identificar as semelhanças entre os vários conjuntos de IMF e observar que tipo de comportamento é idêntico ou diferente. O gráfico apresentado abaixo retrata o número total de entradas cujo valor “Subiu” e cujo valor “Desceu”: TABELA 3.12 ‐ RESUMO DO GRÁFICO ANTERIOR Por último, obteve-se um gráfico que reflecte a diferença de comportamento entre a frequência e a amplitude, novamente, para os vários conjuntos de IMF dos dois pacientes: 62 CAPÍTULO 3 ANÁLISE DE RESULTADOS TABELA 3.13 ‐ RESULTADO DOS GRÁFICOS DAS DIFERENÇAS ENTRE OS VALORES, NA FREQUÊNCIA E AMPLITUDE, ANTES E DEPOIS DO ESTÍMULO 63 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 Amplitude: Nesta parte, mostrar-se-á uma análise cujo procedimento é semelhante. Serão também apresentados alguns exemplos, tal como para as referências à frequência. PACIENTE COM ALZHEIMER: FIGURA 3.26 ‐ ALZHEIMER: GRÁFICOS DOS VÁRIOS REGISTOS PARA AS VÁRIAS IMF’S ANTES E DEPOIS DO ESTÍMULO (EIXO HORIZONTAL REPRESENTA O NÚMERO DE ENSAIOS) FIGURA 3.27 ‐ ALZHEIMER: GRÁFICOS QUE COMPARAM O VALOR DA AMPLITUDE ANTES E DEPOIS DO ESTÍMULO E A DIFERENÇA DESSES MESMOS VALORES INDICANDO SE ESTA DIFERENÇA É POSITIVA OU NEGATIVA (SUBIU;DESCEU) 64 CAPÍTULO 3 ANÁLISE DE RESULTADOS SUJEITO SAUDÁVEL: FIGURA 3.28 ‐ HEALTHY: GRÁFICOS DOS VÁRIOS REGISTOS PARA AS VÁRIAS IMF’S ANTES E DEPOIS DO ESTÍMULO (EIXO HORIZONTAL REPRESENTA O NÚMERO DE ENSAIOS) FIGURA 3.29 ‐ ALZHEIMER: GRÁFICOS QUE COMPARAM O VALOR DA AMPLITUDE ANTES E DEPOIS DO ESTÍMULO E A DIFERENÇA DESSES MESMOS VALORES INDICANDO SE ESTA DIFERENÇA É POSITIVA OU NEGATIVA (SUBIU;DESCEU) Como se pode verificar, as diferenças em termos de amplitude entre o paciente com Alzheimer e o saudável são nítidas. À medida que o número da IMF aumenta no paciente com Alzheimer, a amplitude aumenta mas o mesmo não se passa com o saudável. Este apresenta, 65 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 em geral, um crescimento da amplitude até à terceira IMF mas de seguida decresce retornando a crescer após alcançar a penúltima IMF. Depois de serem apresentados exemplos dos gráficos obtidos serão descritos cada um deles para cada um dos pacientes e para cada um dos grupos de IMF. A partir deste ponto, proceder-se-á ao estudo detalhado para cada um dos sujeitos descrevendo o comportamento dos trajectos (entendendo por trajecto o conjunto dos valores médios de cada IMF, de cada registo) representados nos diversos gráficos obtidos PACIENTE COM ALZHEIMER FREQUÊNCIA: 6 IMF Alzheimer: o comportamento descrito pelo trajecto das várias IMF é muito inconstante, com picos e recuos sucessivos antes e depois do estímulo. No entanto, após os 600 ms este comportamento é ligeiramente atenuado. Healthy: apresenta um comportamento mais estável/constante, antes e depois do estímulo. É possível observar que o trajecto da terceira IMF apresenta antes e depois um pico. 7 IMF Alzheimer: os trajectos das várias IMF apresentam valores muito diferentes. Os seus trajectos estão afastados entre si e o mesmo acontece depois do estímulo, os seiscentos milissegundos (600 ms). Healthy: os valores de cada um dos trajectos das várias IMF aparecem mais semelhantes entre si e também as rectas umas com as outras. GRÁFICOS DE BARRAS: 6 IMF Alzheimer: a terceira (3ª) IMF difere ligeiramente do sujeito saudável (Healthy). Healthy: A diferença da primeira (1ª) IMF (Antes Vs. Depois) é de seis unidades, ou seja, o dobro da diferença do paciente com Alzheimer. 66 CAPÍTULO 3 ANÁLISE DE RESULTADOS 7 IMF Alzheimer/Healthy: Os gráficos são semelhantes. As diferenças de valores (gráfico Antes Vs. Depois) são menos acentuadas para o sujeito saudável, com valores mais próximos entre si. As diferenças no paciente de Alzheimer são mais acentuadas embora as IMF de interesse não apresentem também grandes alterações. De notar que a quinta (5ª) IMF, neste caso, decresce e no outro paciente cresce. Os valores são pequenos e quase idênticos. AMPLITUDE: 6 IMF Alzheimer: a amplitude a partir do trajecto da terceira (3ª) IMF é superior depois dos seiscentos milissegundos (600 ms) embora ligeiramente. O resto dos trajectos de amplitude mantém-se quase inalterado. Healthy: neste caso não existem grandes alterações antes e depois do estímulo. • Alzheimer/Healthy: As diferenças entre os valores do trajecto da terceira (3ª) IMF e sexta (6ª) IMF são notórias. Em ambos os trajectos, a amplitude no sujeito saudável é maior quando comparados com os valores do outro indivíduo. 7 IMF Alzheimer: Os vários trajectos de registos relativos à amplitude comportam-se de maneira igual antes e depois do estímulo excepto o da quinta (5ª) IMF. Depois do estímulo este trajecto (da quinta IMF) apresenta valores de amplitude superiores. Healthy: antes e depois do estímulo os vários trajectos apresentam comportamentos semelhantes. • Alzheimer/Healthy: o sujeito saudável apresenta valores superiores de amplitude nos trajectos da quarta (4ª) IMF, antes e depois do estímulo, e quinta (5ª) IMF apenas antes do estímulo. 67 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 No entanto, o paciente com Alzheimer apresenta valores ligeiramente superiores no trajecto da sétima (7ª) IMF. GRÁFICOS DE BARRAS: 6 IMF Alzheimer: a partir da terceira (3ª) IMF a valor da média da amplitude depois do estímulo é sempre superior, ainda que essas diferenças sejam muito reduzidas. Em ambos os trajectos dos resultados obtidos, antes e depois do estímulo, a amplitude cresce à medida que o número da IMF aumenta e esse comportamento descreve o género de um “subir de escadas”, uma recta linear. Healthy: neste caso, o comportamento é ascendente até à terceira (3ª) IMF e a partir daí decresce até à penúltima, voltando a subir. Ao contrário do indivíduo com Alzheimer, as diferenças de amplitude são menos acentuadas existindo menos discrepâncias. 7 IMF Alzheimer: o comportamento volta a ser um crescimento progressivo da amplitude à medida que o número da IMF aumenta. A partir da segunda (2ª) IMF, todos os valores de amplitude depois do estímulo são superiores aos mesmos antes dos 600 ms. Os valores das diferenças de amplitude são muito pequenos e irrelevantes. Apenas a quinta (5ª) e sexta (6ª) IMF apresentam valores um pouco maiores. Healthy: O comportamento é novamente o de uma espécie de sinusóide cujos valores aumentam até à terceira (3ª) IMF, sendo que, a partir daí, decrescem até à sexta (6ª) IMF, começando de novo a crescer na sétima (7ª) IMF. 8 IMF Alzheimer: o comportamento é o mesmo descrito nos casos anteriores. As diferenças de amplitude são mais acentuadas na quinta (5ª), sexta (6ª) e sétima (7ª) IMF. Healthy: apresenta o mesmo comportamento anteriormente descrito. Em termos gerais, a amplitude antes dos 600 milissegundos é superior na maioria dos casos. 68 CAPÍTULO 3 ANÁLISE DE RESULTADOS TABELAS TABELA 3.14 ‐ RESULTADO DOS GRÁFICOS DAS DIFERENÇAS ENTRE OS VALORES, NA FREQUÊNCIA E AMPLITUDE, ANTES E DEPOIS DO ESTÍMULO Esta tabela tenta realçar as diferenças, em termos de frequência e amplitude, entre o paciente com Alzheimer e o sujeito saudável, antes e depois do estímulo auditivo. Em termos de frequência, as diferenças incidem mais na primeira (1ª), terceira (3ª) e quinta (5ª) IMF. Na primeira (1ª) e quinta (5ª) IMF, o valor da frequência do paciente com Alzheimer decresce e o contrário acontece com o sujeito saudável, que aumenta de valor. Na terceira (3ª) IMF acontece o contrário: o valor do paciente com Alzheimer aumenta e o do saudável diminui. Daqui pode concluir-se que existe um maior número de diferenças entre os dois pacientes na terceira (3ª) e quinta (5ª) IMF. Existe um maior número de diferenças entre os dois pacientes no que respeita à amplitude. Pelas colunas a verde, é possível verificar que, em quase todos os casos, a amplitude cresce para o paciente com Alzheimer e decresce para o saudável. Tais dados apontam para um tipo de comportamento distinto para cada um dos pacientes face ao mesmo estímulo. TABELA 3.15 ‐ RESULTADO DOS GRÁFICOS DAS DIFERENÇAS ENTRE OS VALORES, NA FREQUÊNCIA E AMPLITUDE, PARA VERIFICAR O TIPO DE COMPORTAMENTO DOS VÁRIOS REGISTOS 69 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 O objectivo desta tabela é verificar a coerência dos valores da entrada “Resultado”, entre os vários conjuntos de IMF, tanto para o paciente com Alzheimer como para o saudável, diferenças de frequência e amplitude. O valor da entrada “Resultado” resulta da escolha do valor, “Subiu” ou “Desceu”, que se encontra em maior quantidade no seio dos três grupos de IMF. É possível verificar que, na grande maioria das vezes, o valor resultante é “Subiu” nos dois pacientes. No entanto, também se pode comprovar e completar o que se retirou da última tabela: o valor resultante da quinta (5ª) e sexta (6ª) IMF é totalmente oposto entre os dois pacientes. Para o primeiro paciente (Alzheimer) este valor de frequência “Desceu” e para o indivíduo saudável “Subiu”. No caso da amplitude, verificam-se, também, diferenças entre os dois indivíduos. Observando o primeiro paciente, pode-se concluir que continua a predominar o número de ocorrências do valor “Subiu”. No entanto, para o sujeito saudável o número de ocorrências do valor “Subiu” e “Desceu” é idêntico (quatro entradas para cada um). Contudo, é de notar as diferenças do valor de amplitude na quarta (4ª) e quinta (5ª) IMF entre os dois pacientes. Ao passo que no primeiro este sobe, no outro desce. É também possível verificar que para o paciente com Alzheimer os valores da quinta (5ª) e sexta (6ª) IMF de frequência e amplitude diferem. Em frequência, os valores destas IMF descem e as IMF correspondentes na amplitude crescem. O mesmo acontece para o indivíduo saudável, cujas valores da quarta (4ª) e quinta (5ª) IMF sobem e os correspondentes em amplitude diminuem. TABELA 3.16 ‐ RESUMO DO GRÁFICO ANTERIOR 70 CAPÍTULO 3 ANÁLISE DE RESULTADOS Estas tabelas resumem o número de vezes em que o valor “Subiu” e “Desceu” ocorreram na última tabela. Facilmente se verifica que o número de vezes em que as subidas ocorrem, na frequência, para o sujeito saudável é superior. TABELA 3.17 ‐ RESULTADO DOS GRÁFICOS DAS DIFERENÇAS ENTRE OS VALORES, NA FREQUÊNCIA E AMPLITUDE, ANTES E DEPOIS DO ESTÍMULO Com esta tabela pretende-se observar as diferenças entre frequência/amplitude para cada um dos grupos de IMF e para cada um dos pacientes, verificar se existe um relacionamento entre os dois parâmetros. A mesma coisa acontece com a sexta (6ª) IMF. Pode-se verificar que para a quinta (5ª) IMF do paciente com Alzheimer, em todos os grupos de IMF o valor da frequência é “Desceu” e para a amplitude é “Subiu”. Retira-se, então, que um tem o comportamento oposto do outro. Para o outro paciente, a quarta (4ª) IMF mostra que o comportamento predominante é o oposto ao do paciente com Alzheimer: quando a frequência aumenta a amplitude, em geral, diminui. 71 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 3.7 ANÁLISE TEMPO-FREQUÊNCIA: DESMODULAÇÃO AR PACIENTE COM ALZHEIMER: Frequência 6 IMF Alzheimer: a variação do trajecto da terceira (3ª) IMF ao longo do número de IMF é muito inconstante o que reflecte valores muitos diferentes entre os vários registos. O trajecto desenhado pelos registos das IMF inferiores é mais regular. Depois do estímulo o valor da frequência dilata-se substancialmente e os vários trajectos de IMF ficam mais separados entre si. No entanto, o trajecto da quarta (4ª) IMF é o qual apresenta a maior diferença em termos de valor da frequência. Healthy: os trajectos apresentam-se algo regulares à excepção do quinto (5º) trajecto. Após os 600 milissegundos o trajecto de todas as IMF há excepção da última aumentam o valor da frequência nos vários registos. Verifica-se uma certa dispersão dos vários trajectos entre si. 7 IMF Alzheimer: o trajecto de todas as IMF, excepto o primeiro, apresenta-se mais ou menos regular. Os registos que constituem estes trajectos apresentam muitas variações, altos e baixos, nos seus valores. Depois do estímulo, este comportamento tende a atenuar e o ritmo com que variam diminui. Os trajectos, entre si, dilatam mais ligeiramente e o ritmo identificado atrás de variações diminui. Healthy: após os 600 ms o comportamento tende a atenuar ligeiramente e a terceira (3ª) IMF apresenta valores mais reduzidos nos registos. . 72 CAPÍTULO 3 ANÁLISE DE RESULTADOS Gráficos de Barras 6 IMF Alzheimer: a maioria dos registos das IMF desce a partir da terceira (3ª) IMF. As maiores diferenças encontram-se na primeira (1ª) e segunda (2ª) IMF. Healthy: o comportamento é o mesmo do gráfico do paciente com Alzheimer. De novo as maiores diferenças encontram-se na 1ª e 2ª IMF. 7 IMF Alzheimer: Novamente as maiores diferenças registam-se na primeira (1ª) e segunda (2ª) IMF e a partir da terceira (3ª), inclusivamente, todas descem. Healthy: o gráfico é muito semelhante. Resumindo: o comportamento antes e depois do estímulo é muito idêntico, não existindo grandes diferenças. TABELAS TABELA 3.18 ‐ RESULTADO DOS GRÁFICOS DAS DIFERENÇAS ENTRE OS VALORES, NA FREQUÊNCIA E AMPLITUDE, ANTES E DEPOIS DO ESTÍMULO Esta tabela tenta realçar as diferenças, em termos de frequência e amplitude, entre o paciente com Alzheimer e saudável, antes e depois do estímulo auditivo . Analisando a tabela anterior, é possível verificar que as maiores diferenças em termos de amplitude se manifestam 73 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 nas IMF de frequência mais baixa, nomeadamente a quinta (5ª), sexta (6ª) e sétima (7ª) IMF. Observando especificamente a quinta (5ª) IMF do grupo de seis IMF e do grupo de sete IMF é possível verificar que quando a frequência diminui no registo do paciente de Alzheimer aumenta por sua vez no sujeito saudável. Em relação à amplitude, pode-se observar que todos os registos, excepto um, apresentam uma subida da amplitude por parte das entradas do paciente com Alzheimer e uma descida por parte do sujeito saudável. TABELA 3.19 ‐ RESULTADO DOS GRÁFICOS DAS DIFERENÇAS ENTRE OS VALORES, NA FREQUÊNCIA E AMPLITUDE, PARA VERIFICAR O TIPO DE COMPORTAMENTO DOS VÁRIOS REGISTOS O objectivo desta tabela é verificar a coerência dos valores, da entrada “Resultado”, entre os vários conjuntos de IMF, tanto para o paciente com Alzheimer como para o saudável, diferenças de frequência e amplitude. Pode-se verificar que na quarta (4ª), quinta (5ª) e sexta (6ª) IMF em ambos os pacientes a frequência diminui, excepto na quinta (5ª) IMF do sujeito saudável. No caso da amplitude, e para o paciente com Alzheimer, da segunda (2ª) à sétima (7ª) IMF a amplitude aumenta. No caso do outro paciente, existem mais registos cujo valor de amplitude diminui. TABELA 3.20 ‐ RESUMO DO GRÁFICO ANTERIOR 74 CAPÍTULO 3 ANÁLISE DE RESULTADOS Em termos de frequência os resultados obtidos para os dois pacientes são muito semelhantes. No entanto, no caso da amplitude, existe uma discrepância considerável no paciente doente. TABELA 3.21 ‐ RESULTADO DOS GRÁFICOS DAS DIFERENÇAS ENTRE OS VALORES, NA FREQUÊNCIA E AMPLITUDE, ANTES E DEPOIS DO ESTÍMULO Com esta tabela pretende-se observar as diferenças entre frequência/amplitude, para cada um dos grupos de IMF e para cada um dos pacientes, e verificar se existe um relacionamento entre os dois parâmetros. A mesma coisa acontece com a sexta (6ª) IMF. Tal como no caso anteior, pode-se verificar que para a quinta (5ª) IMF do paciente com Alzheimer, em todos os grupos de IMF o valor da frequência é “Desceu” e para a amplitude é “Subiu”. Conclui-se o mesmo que anteriormente. Para o grupo de oito IMF do sujeito saudável, o comportamento da frequência é oposto ao da amplitude; a frequência aumenta e a amplitude diminui. 75 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 Observando a tabela pode-se verificar que o maior número de diferenças se faz notar na quarta (4ª), quinta (5ª) e sexta (6ª) IMF. Por fim, pegando nas várias tabelas de amplitude semelhantes à tabela 3.9, e especificamente no campo “Em %”, calculou-se para os dois métodos apresentados anteriormente Desmodulação AR e o Desenvolido o seguinte: 6 IMF 7 IMF Valores 8 IMF Alzheimer "Diferença" em% Média (1º Método) 0,094 46,22 89,75 45,35 28,61 13,64 71,96 38,07 5,366 8,769 15,00 9,711 6,977 11,48 35,19 17,88 1,259 5,205 2,950 3,138 0,696 19,74 27,44 15,96 0,806 5,754 3,280 2,922 2,922 Média (2º Método) 47,45 37,8 9,700 18,20 2,900 15,85 3,280 2,922 TABELA 3.22 – ALZHEIMER: VALORES DE AMPLITUDE, DO CAMPO “DIFERENÇA”, EM PERCENTAGEM. COMPARAÇÃO ENTRE OS DOIS MÉTODOS APRESENTADOS: MÉTODO DESENVOLVIDO E DESMODULAÇÃO AR. Esta tabela apresenta os valores do campo “Diferença”, para a amplitude, (ver tabela 3.9) em percentagem para que seja mais perceptível a sua ordem de grandeza. Este cálculo foi feito para os vários grupos de IMF, grupo com 6 IMF, 7IMF e 8 IMF. Os campos Média (1º Método e 2º Método) apresentam os valores médios, em percentagem, dos dados dos três diferentes grupos de IMF. No caso acima, apenas se encontram apresentados os dados relativos ao primeiro método, apenas mostrando o resultado do campo média do 2º Método. É possível, no entanto, observar que os valores médios obtidos através dos dois métodos são semelhantes dando coerência aos mesmos. O mesmo estudo foi feito para o sujeito saudável obtendo a tabela que se segue: Healthy 6 IMF 10,607 27,54 7IMF 15,95 8,914 Valores "Diferença" 8IMF 63,20 8,858 em% Média(1º Método) 29,92 15,10 Média(2º Método) 23,55 14,74 13,41 5,556 3,948 7,639 9,495 26,46 3,51 22,17 17,38 24,74 17,39 72,05 52,38 47,27 46,34 8,503 21,95 88,42 39,62 38,57 1,230 0,002 0,616 6,541 TABELA 3.23 – ALZHEIMER: VALORES DE AMPLITUDE, DO CAMPO “DIFERENÇA”, EM PERCENTAGEM. COMPARAÇÃO ENTRE OS DOIS MÉTODOS APRESENTADOS: MÉTODO DESENVOLVIDO E DESMODULAÇÃO AR. 76 CAPÍTULO 3 ANÁLISE DE RESULTADOS 1ª IMF 2ª IMF 3ª IMF 4ª IMF 5ª IMF 6ª IMF 7ª IMF 8ª IMF Healthy (H) Média(2º Método) 23,55 14,74 9,495 24,74 46,34 38,57 6,541 Alzheimer (A) Média(2º Método) 47,45 Diferença |H‐A|(%) 23,89 37,8 23,05 9,7 0,204 18,2 6,548 2,9 43,44 15,85 22,72 3,28 3,261 2,92 2,92 TABELA 3.24 – DIFERENÇA, EM PERCENTANGEM, ENTRE O PACIENTE COM ALZHEIMER E SAUDÁVEL PARA O 2º MÉTODO A tabela 3.24, acima, apresentra os valores médios encontrados nas tabelas 3.22 e 3.23 para o 2º método e para os dois pacientes. Observando os valores dos dois pacientes é possível concluir que existe uma clara diferença de valores no que respeita à 5ª IMF e à 6ª IMF. Dado que, a identificação do potencial evocado P300 se evidencia nas IMF de baixa frequência, nomeadamente a 5ª, 6ª, 7ª e 8ª, o valor encontrado da 1ª IMF e que aprensenta um valor significativo, não terá grande utilidade prática. 3.8 ANÁLISE TEMPO-FREQUÊNCIA: ESPECTROGRAMA Este método de análise tempo-frequência recorre ao algoritmo da biblioteca do Matlab Spectrogram. Com a utilização desta função pretende-se estudar a variação da frequência , das várias IMF de um registo, ao longo do tempo (1300 ms) do sinal e também completar o estudo feito através dos métodos anteriores, indicando-nos alguns parâmetros que possam apresentar um comportamento semelhante ou, evidenciar algo diferente e que não era detectável pelas outras análises como por exemplo o comportamento da frequência ao longo do tempo. No uso do método Espectrograma, os parâmetros usados foram os seguintes: (1) o sinal FM resultante da desmodulação AM/FM, (2) o tamanho da janela de Hamming, (3) o número noverlap [o sinal é dividido em K segmentos. O noverlap é o número (N) de pontos de cada segmento que irá constituir o segmento seguinte], (4) o número de pontos para calcular a transformada de Fourier e (5) a frequência de amostragem. De seguida, irão ser apresentados gráficos relativos à aplicação deste método aos sinais originais que não foram sujeitos ao algoritmo de EMD, e, sendo assim, sem separação do sinal em IMF. 77 DETEECÇÃO E ANÁ ÁLISE DO POTENCIAL EVO OCADO AUD DITIVO P300 SUJEITO SAUDÁVE EL: FIG GURA 3.30 ‐ SPEECTROGRAM: A ANÁLISE TEMPO O‐FREQUÊNCIA A (MAGNITUDEE) DO SUJEITO SSAUDÁVEL PACIENT TE COM ALZHEIME A ER: FIGURA A 3.31 ‐ SPECTR ROGRAM: ANÁLISE TEMPO‐FR REQUÊNCIA (M MAGNITUDE) DO O PACIENTE CO OM ALZHEIMER R 78 CAPÍTTULO 3 ANÁLISEE DE RESULTTADOS Todos os gráficos obtidos resultaram nesste tipo de figuras. Poode-se obseervar que o gráfico do inddivíduo sauudável apreesenta um comportam mento diferrente do su ujeito com m Alzhheimer no quue respeita à magnitudde da frequêência nas freequências ssuperiores a 20 Hz. Noo prim meiro, a maggnitude da frrequência appresenta-se com altos níveis n até aoos 40 Hz seendo que noo segunndo indivídduo esta se parece acum mular e con ndensar num m intervalo [0;20 Hz] suprimindoo as restantes. Por outrro lado, poddem-se anallisar os sin nais resultanntes da apliicação destee método a MF (métodoo EMD - figgura 3.3). cada uma das IM SUJE EITO SAUD DÁVEL Tendo em m conta quee o que inteeressa obserrvar são os ritmos Deltta e Teta, [0 0 4 Hz] e [44 8 Hz] H respectivamente, ritmos norrmalmente associadoss ao potenncial evoccado P300,, apressentam-se os o seguintes gráficos: 79 DETEECÇÃO E ANÁ ÁLISE DO POTENCIAL EVO OCADO AUD DITIVO P300 FIGURA 3.32 2 ‐ SPECTROGRA AM: ANÁLISE TTEMPO‐FREQUÊÊNCIA PARA VÁ ÁRIAS IMF’S DEE UM SINAL (8 HZ, 6 HZ, 4.5 HZ, 3.5 HZ, 2 HZ E 1 HZ) Podde-se observvar que nãoo existem diferenças d detectáveis d entre o pré-estímulo e pósestímulo. A magnitudde da frequêência compoorta-se de maneira m sem melhante em todo o sinaal. No entanto, suurgem algunns casos quee nos permittem tirar ou utras conclusões: 80 CAPÍTTULO 3 ANÁLISEE DE RESULTTADOS FIGUR RA 3.33 ‐ SPECTTROGRAM: ANÁ ÁLISE TEMPO‐FFREQUÊNCIA P PARA VÁRIAS IM MF’S DE UM SIN NAL (6.5 HZ, 4.5 5 HZ, 3 HZ, e 1 H) Nestes casos, c a sittuação é diiferente poiis parece existir e a paartir dos 60 00 ms umaa mudaança acentuuada na magnitude m d intervallo de frequuências [0 10 Hz], no do n qual see comppreendem os o ritmos deelta e teta. Após A observ vação, facilm mente se veerifica tal occorrência: a verm melho escurro estão ass zonas cuuja frequên ncia tem maior m energgia. Apesarr de serem m detecctadas estas ocorrênciaas, tal não accontece com m muita freqquência. O mais comum c é occorrerem grááficos e com mportamenttos tal comoo apresentad do na figuraa 3.32.. O facto de d esse ser o comporttamento paadrão vem ao encontro do que conclui c nass anterriores análisses tempo-fr frequência, em e cuja freq quência quaase não se aaltera. Podem mos, então,, iguallmente conccluir que não n existem m diferençass significatiivas em terrmos de maagnitude dee frequuência, entree o pré e póós-estímulo. PAC CIENTE CO OM ALZHE EIMER 81 DETEECÇÃO E ANÁ ÁLISE DO POTENCIAL EVO OCADO AUD DITIVO P300 FIGURA 3.34 4 ‐ SPECTROGRA AM: ANÁLISE TTEMPO‐FREQUÊÊNCIA PARA VÁ ÁRIAS IMF’S DEE UM SINAL (7.5 HZ, 6,5 HZ, 5.5 HZ, 3.0 HZ,, 2.5 HZ E 2 HZ)) Podde-se obserrvar novam mente que não n existem m diferençaas detectáveeis entre o préestímulo e pós-estímuulo. A magnnitude da frrequência comporta-se de maneiraa semelhantte em todo o sinaal. Surgem, igualmentee, alguns cassos que nos permitem tirar t outras cconclusões:: 82 CAPÍTTULO 3 ANÁLISEE DE RESULTTADOS FIGUR RA 3.35 ‐ SPECTTROGRAM: ANÁ ÁLISE TEMPO‐FFREQUÊNCIA PARA VÁRIAS IM MF’S DE UM SIN NAL (9.5 HZ, 8 H HZ, 6.5 HZ, 5.5 HZ, 5.5 HZ E 2 2.5 HZ) Tal com mo para o suujeito saudáável, a situaação é diferrente pois pparece que a partir doss 600 ms m existe uma u mudançça acentuadda na magn nitude do inttervalo de ffrequências [0-10 Hz],, no qual q se com mpreendem m os ritmoss delta e teeta. Tal coomo anterioormente, veerificam-se,, facilm mente, zonaas de um veermelho maais denso, caarregado, coorrespondenndo às zonaas de maiorr energgia. Contuddo, este fenóómeno não se s repete mu uito frequenntemente. O mais comum c é occorrerem grááficos e com mportamenttos tal comoo apresentad do na figuraa 3.34.. O facto de d esse ser o comporttamento paadrão vem ao encontro do que conclui c nass anterriores análisses tempo-fr frequência, em e cuja freq quência quaase não se aaltera. Podem mos, então,, iguallmente conccluir que não n existem m diferençass significatiivas em terrmos de maagnitude dee frequuência, entree o pré e póós-estímulo. 83 CAPÍTULO 4– CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO Neste capítulo, apresentam-se as conclusões finais deste trabalho, bem como as avaliações a algumas questões apresentadas no início deste documento. Resumem-se as ideias e contribuições principais do trabalho, e consideram-se igualmente temas de investigação complementares ao trabalho aqui realizado. CONCLUSÕES No estudo deste trabalho três tópicos foram abordados: I. De que maneira se poderá detectar de forma mais efectiva o potencial evocado auditivo P300? II. De que forma varia a sua latência e de que maneira a latência e amplitude estão relacionados (para os dois indivíduos independentes um do outro e entre um e outro)? III. De que forma a frequência e a amplitude variam ao longo do tempo nos sinais dos dois sujeitos? Relativamente à primeira questão, conclui-se que quer o uso do método EMD quer o de ôndulas ajudam numa melhor identificação do potencial evocado P300. No entanto, o método EMD mostrou ser mais preciso e não sujeito a percas de componentes do sinal no domínio da frequência como as ôndulas. Quanto ao estudo da latência e sua relação com a amplitude, conclui-se que o doente com Alzheimer responde (sincronismo de um grupo de neurónios de forma a gerar uma diferença de potencial sufucientemente forte que possa ser medida pelos eléctrodos posicionados no escalpe) mais tarde ao estímulo auditivo e que intensidade da sua actividade cerebral, manifestada pela amplitude , é menor. O contrário aplica-se ao sujeito saudável que responde e processa de forma mais rápida os estímulos auditivos e que apresenta maior actividade cerebral. Este estudo realizou-se para os dois sujeitos e para duas gamas de frequências diferentes, de forma a controlar que tipo de informação se poderia estar a perder aquando da rejeição das frequências que se encontram fora desse intervalo. No entanto, os 84 CAPÍTULO 4 resultados obtidos foram CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO praticamente idênticos. Os valores encontrados reflectem os resultados encontrados noutros estudos da latência do potencial evocado auditivo P300. Quanto à análise Tempo-Frequência, foram efectuados quatro estudos distintos que permitiram a extracção de alguns indicadores: Aplicando a Decomposição em Modos Empíricos (EMD) e após análise dos serus dados resultantes, foram extraídos alguns indicadores que sugerem que para o doente com Alzheimer, quando a frequência aumenta, num intervalo ]600;1000[ ms, a amplitude diminui, sendo que, o contrário também acontece: a frequência diminui e a amplitude aumenta. Este comportamento está, no entanto, mais presente na antepenúltima e penúltima IMF. Contudo, a haver alguma alteração na penúltima IMF, esta corresponderá ao aumento da amplitude e um decréscimo do valor da frequência, para um intervalo entre os ]700;900[ ms. No caso do sujeito saudável, a frequência varia de forma mais “suave”, apresentando maiores valores. Por outro lado, conclui-se que não existem muitas diferenças no domínio da frequência entre os dois pacientes mas que no caso da amplitude as diferenças são evidentes e isto para os diferentes métodos de análise tempo-frequência utilizados. Relativamente ao método de análise tempo-frequência Espectrograma, este foi primeiro aplicado aos vários sinais dos dois pacientes sem qualquer tipo de optimização do sinal e os resultados mostram que existe uma grande diferença no que respeita às altas frequências, nomeadamente no intervalo [20 - 40 Hz]. Analisando os ritmos Delta e Teta, conclui-se que não existem diferenças consideráveis relativamente à frequência antes e depois do estímulo. Existem, no entanto, alguns casos em que é visível uma diferença após o estímulo. Também no estudo da frequência, a partir dos resultados de 3.2, conclui-se que o paciente Healthy tem mais actividade na gama de frequências do ritmo Delta e Teta sendo que o seu ritmo Teta apresenta maior energia que o indivíduo com Alzheimer. Resumindo: O doente com Alzheimer apresenta maior latência no processar do estímulo auditivo, menor amplitude do pico P300, não existem diferenças consideráveis no domínio da frequência antes e depois do estímulo e a amplitude, resultante do sinal AM, aumenta à medida que o número da IMF aumenta, o que significa que à medida que a frequência diminui a amplitude aumenta. 85 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 PERSPECTIVAS DE TRABALHO FUTURO No presente trabalho foram identificados vários aspectos complementares que permitem traçar linhas de investigação futuras, abrangendo: O estudo dos vários sinais, usando os vários métodos descritos, mas para número alargado de sujeitos com Alzheimer e outros saudáveis. Aumentando o número de amostras os resultados seriam mais fiéis em relação aos indicadores extraídos. Estudar os mesmos sinais usando diferentes métodos de remoção de ruído e análise tempo-frequência comparando com os métodos usados neste trabalho. Também seria de interesse correlacionar os dados relativos à amplitude, frequência e latência de diferentes formas procurando assim novas diferenças significativas na forma como estes parâmetros se relacionam. Por último, seria interessante efectuar o mesmo estudo para outros eléctrodos de interesse do sistema de medida do EEG. 86 CAPÍTULO 4 CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO 87 DETECÇÃO E ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO P300 BIBLIOGRAFIA [1]. Mainardi, L. T., Cerutti, S. & Bianchi, A. M., Medical Devices and Systems, Third Edition, editado por Joseph D. Bronzino, 2006. [2]. Glaucio M. Franco, O Potencial Evocado Cognitivo em Adultos Normais, Arq Neuropsiquiatr ;59(2-A):198-200, 2001 [3]. Alexander V. Kramarenko, Uner Tan, Validity of the Spectral analysis of Evoked Potentials in Brain Research, 2007. [4]. Martin Schurmann, Canan Basar-Eroglu, Vasil Kolev, Erol Basar, A new metric for analysing single-trial event-related potentials (ERPS): application to human visual P300 delta response. [5]. Kevin M. Spencer & John Polich, Postimulus EEG spectral analysis and P300: Attention, task, and Probability, department of Neuropharmacology, The Scripps Research Instituite, La Jolla, 92037, USA, 1999. [6]. Huang, N. E., Shen, Z., Long, S. R., Wu, M. C., Shih, H. H., Zheng, Q., Yen, N., Tung, C. C. & Liu, H. H., The Empirical Mode Decomposition and the Hilbert Spectrum for Nonlinear and Non-stationary time series analysis, The Royal Society, 1996. [7]. Ben H. Jansen, Senior Member, IEEE, Anand Allam, Prashant Kota, Kathleen Lachance, Ayokunle Osho, and Karthik Sundaresan, An Exploratory Study of Factors Affecting Single Trial P300 Detection, IEEE transactions on Biomedical Engineering, Vol. 51, No. 6, June 2004. [8]. J. Polish, On the relationship between EEG and P300: Individual differences, aging, and ultradian rhythms, department of Neuropharmacology, The Scripps Research Instituite, 10550 N. Torrey Pines Road, La Jolla, CA 92037, USA. 88 [9]. Bronzino, J. d. “Principles of Electroencephalography”, The Biomedical Engineering HandBook: Second Edition. Ed. Joseph D. Bronzino, Boca Raton: CRC Press LLC, 2000. [10]. Mark T. Agrama, River Region Health System, Vicksburg, Missippi USA, Robert T. Sataloff, Drexel University College of Medicine, Thomas O. Willcox, Thomas Jefferson University, Occupational Hearing Loss, Chapter 8 Auditory-Evoked Phenomena: Theory and Clinical Applications, 2006. [11]. Rato, R. T., Ortigueira, M. D. & Batista, A. G., “On the HHT, its problems, and some solutions”, aceite para publicação na revista Mechanical Systems and Signal Processing [12]. Martin Vetterli and Cormac Herley, Wavelets and Filter Banks: Theory and Design, IEEE transactions on signal processing , vol. 40, no 9, September 1992. [13]. Maria Joana Soares, Ôndulas e Análise de Resolução Múltipla, departamento de Matemática, Universidade do Minho, 1998. [14]. C.S. Gargour and V. Ramachandran, École de technologie supérieure, University of Québec, Montréal, Canada H3C 1K3; Concordia University, Montréal, Canada, H3G 1M8 A Scheme for teaching Wavelets at the Introductory level. [15]. D. J. Thomson, Proc. IEEE, 70, (1055) 1982. [16]. Ortigueira, M.D. e Tribolet, J.M., “Global versus local minimization in least-squares AR spectral Estimation”, Signal Processing, Vol.7, Nº 3, December, 1984, pp 267-281. Endereços na Internet: [17]. http://www.apagina.pt/arquivo/Artigo.asp?ID=2388 - Janelas da Mente: Os potenciais evocados (P300) [18]. http://telecom.inescn.pt/research/audio/cienciaviva/principio_aaudicao.html Audição: Princípio de funcionamento (sistema auditivo humano)] -