Cada qual deve ter um jeito de deflagrar sua luz aprisionada Vamos considerar a afirmação que tudo está certo na natureza humana. Carregamos no nosso interior um código secreto que contém os segredos da nossa existência. Porém precisamos percorrer muitos caminhos dentro e fora de nós mesmos para encontramos o nosso real desejo de ser feliz. Enquanto isso, somos seduzidos pelas ilusões que nossa própria mente cria como álibis para justificar nossa postura de vítimas indefesas em um mundo demasiado perigoso para se viver. Encolhemos movidos pelo medo do fracasso, do abandono, da solidão e da rejeição. Não toleramos as frustrações. Na busca inconsciente de auto-afirmação magoamos as pessoas que mais amamos e também a nós mesmos. Durante a trajetória entre loucura e a sanidade atravessamos picos e vales. Subimos muitos degraus na escalada para enfim percebermos que encostamos nossa escada em um objetivo que não nos satisfaz. A partir desse momento corremos o risco de consumir tempo e dinheiro para preencher o vazio existencial que só pode ser preenchido pela nossa própria substância. Ansiar o silêncio que habita nossa alma é desejar ser um com o todo. Na realidade só existe um desejo que não nos frustra. O desafio de encontrarmos a nossa essência e ouvir a sua voz que nos leva para a alegria. Essa voz nos tira do auto-engano e apenas ela poderá ser nosso guia verdadeiro. Tirar o manto da inconsciência e enfim acordarmos para o que viemos fazer aqui é o remédio para a cura do vício do sofrimento. A vítima precisa ser transformada no ser poderoso que está destinada a ser. Vencer consciente de que o medo é o mensageiro, mas a mensagem é a fé que brilha e rompe a barreira de todos os temores. Temos uma missão a ser cumprida. Nossa missão é acendermos a luz nas trevas. Curar nosso vício de sofrer. Esta luz nos conecta com nossos genuínos talentos que fazem vibrar nossa alma e oferecer nossos dons ao mundo. Cada um de nós é uma chama em repouso, uma chama esquecida. Acendamos nossa própria luz e estaremos fazendo tudo que precisa ser feito. Cuidemos de nós. Transformemos nossos pensamentos e emoções negativos em luz, e assim já estaremos contribuindo para toda a humanidade. Assim como a lagarta aguarda a hora certa para sua transformação, nós também precisamos de um tempo para nos prepararmos para a mudança. Cabe a cada um eleger o momento propício para acionar suas asas de segurança e coragem. Isso é o que importa: o incêndio interior de cada um, um incêndio que é capaz de transmutar todos os obstáculos internos e externos, de transmutar uma lagarta que rasteja em uma borboleta ou num beija-flor que toca as flores. Maria do Carmo Nacif de Carvalho . Dezembro de 2008