Notícia anterior
Próxima notícia
Classificação do artigo 10 abr 2015 O Globo
ALEXANDRE RODRIGUES [email protected]
Dilma diz que estatal está de pé e
‘limpou o que tinha de limpar’
Segundo presidente, os que se aproveitaram para enriquecer já saíram
Em discurso durante entrega de moradias populares “(A empresa) Tirou aqueles que se aproveitaram dela
para enriquecer” Dilma Rousseff
Em inauguração de unidades do Minha Casa Minha Vida no Rio, a presidente Dilma disse ontem que a
Petrobras passou por uma depuração interna, depois dos escândalos, e “limpou o que tinha que limpar”.
Segundo ela, a estatal deu a volta por cima e representa “a pátria de macacão”. Mesmo sem a conclusão
das investigações da Operação LavaJato, a presidente Dilma Rousseff afirmou ontem que a Petrobras está
refeita da crise desencadeada pelo escândalo de corrupção que levou à cadeia três ex­diretores da estatal.
Em discurso na entrega de casas em Duque de Caxias, ela disse que a empresa já passou por uma
depuração interna e “limpou o que tinha de limpar”.
MARCELO CARNAVAL
Ufanismo. Dilma afirmou que a Petrobras deu a volta por cima e“é a pátria de macacão e as
mãos sujas de óleo”
Embora a empresa siga sob desconfiança do mercado, sem conseguir fechar o balanço auditado de
2014 por causa das perdas com a corrupção, estimadas em mais de R$ 2 bilhões pelo Ministério Público,
Dilma tentou tranquilizar os moradores da cidade onde está instalada a maior refinaria da estatal, a
Reduc.
— Quero dizer a quem tem sua vida ligada à Petrobras que a empresa está de pé. Limpou o que tinha
de limpar. Tirou aqueles que se aproveitaram dela para enriquecer seus próprios bolsos. Vocês podem ter
certeza de uma coisa: a Petrobras não só já deu a volta por cima como hoje mostrou a que veio —
afirmou Dilma, referindo­se ao recorde de produção diária de 700 mil barris na produção das reservas do
pré­sal, atingido pela Petrobras em dezembro de 2014, seis meses após ter rompido a marca dos 500 mil
barris diários.
Dilma também afirmou que a Petrobras é reconhecida no exterior e que uma prova disso é o prêmio
da Offshore Technology Conference (OTC) que a estatal receberá em Houston, nos Estados Unidos, o
maior da indústria do petróleo mundial. Segundo Dilma, a companhia “dará muito mais orgulho ao país do
que já deu”. Ela pediu à plateia que “não se deixe enganar”. E arrematou:
— Se a seleção é a pátria de chuteiras, a Petrobras é a pátria de macacão e as mãos sujas de óleo.
A presidente foi aplaudida por um grupo de sindicalistas da Frente Única dos Petroleiros (FUP), ligada à
Central Única dos Trabalhadores (CUT), braço sindical do PT, que estava na plateia usando jalecos laranjas
e crachás da estatal. Dilma disse não ter notado o grupo na plateia, apesar de os cerca de 20 integrantes
ocuparem uma área reservada entre os beneficiários do programa Minha Casa Minha Vida convidados para
a cerimônia. Mesmo com os desvios de recursos da Petrobras identificados pela Lava­Jato, a FUP tem
apoiado o governo como forma de defender a estatal do que identifica como um plano para privatizá­la ou
alterar o regime de partilha na exploração do pré­sal.
— A Petrobras superou essa fase. Ela agora vai tomar o rumo. E vocês podem ter certeza, e eu
concordo, que defender a Petrobras é defender o Brasil — disse Dilma, repetindo a frase estampada numa
faixa da FUP que faz parte do slogan lançado mês passado pela entidade, em ato que teve a presença do
expresidente Lula.
Ao lado dos sindicalistas da FUP, ouviram o discurso da presidente seis ex­trabalhadores das obras do
Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro ( Comperj), em Itaboraí, um dos alvos dos superfaturamentos
descobertos na Petrobras. Eles ensaiaram um protesto na entrada do conjunto habitacional do Minha Casa
Minha Vida, no bairro Nossa Senhora do Carmo, em Caxias, depois de serem barrados.
Numa longa negociação, os operários foram convencidos por Wagner Caetano, representante da
Secretaria Geral da Presidência, a deixar os cartazes do lado de fora em troca de um lugar ao lado dos
sindicalistas da FUP e a promessa de uma reunião em Brasília, semana que vem. A pauta do encontro
será o pagamento de indenizações e encargos trabalhistas dos funcionários da construtora Alumni,
investigada na Lava­Jato e que demitiu três mil operários, após pedir recuperação judicial.
— Resolvemos dar um voto de confiança porque queremos solução — disse Alexandre Lopes, ex­
soldador da Alumni.
Impresso e distribuído por NewpaperDirect | www.newspaperdirect.com, EUA/Can: 1.877.980.4040, Intern: 800.6364.6364 | Copyright protegido
pelas leis vigentes.
Notícia anterior
Próxima notícia
Download

limpou o que tinha de limpar