Doenças Renais Prof. Marlon Santos. Alterações da Micção Freqüência urinária: ocorre mais freqüentemente que o padrão usual. Ex.: infecção, doenças das vias urinárias, hipertensão e uso de diuréticos. Urgência: forte desejo de urinar. Ex.: lesão inflamatória na bexiga, próstata ou uretra, prostatite crônica nos homens, Sensação de queimação no ato da micção: uretrite e cistite Pneumatúria: eliminação de gás na urina durante a micção. Ex.: diverticulite sigmóidea ou conexão fistulosa entre intestino e bexiga, câncer da unção retossigmoidiana, enterite regional, infecção das vias urinárias por organismos produtores de gás. Alterações da Micção Disúria: micção dolorosa ou difícil Estrangúria: micção lenta e dolorosa. Ex.: cistite grave. Hesitação: demora inoportuna e dificuldade para iniciar a micção. Ex.: uretra ou bexiga neurogênica, obstrução da saída. Nictúria: micção excessiva à noite. Ex.: ICC, Diabetes mellitus ou esvaziamento vesical precário. Incontinência urinária: lesão do esfíncter urinário externa, doença neurogênica adquirida e da urgência intensa causada por infecção. Alterações da Micção Incontinência de esforço: vazamento intermitente devido à súbita tensão Enurese: micção involuntária durante o sono. É funcional ou sintomático até os três anos de idade. Poliúria: grande volume de urina. Ex.: Diabetes mellitus e insipidus, doença renal crônica, diuréticos e ingestão excessiva de líquidos. Oligúria: pequeno volume de urina, menor que 100 a 500 ml / 24 horas. Anúria: ausência de urina na bexiga, menor que 50 ml / 24 horas Ex.: choque, traumatismo, transfusão de sangue incompatível, envenenamento por drogas, etc. Alterações da Micção Hematúria: presença de hemácias na urina. Ex.: discrasias sanguíneas, terapia com anticoagulantes e neoplasias, traumatismo e exercício extenuante. Urina ácida: escura, enegrecida Urina alcalina: vermelha Proteinúria (albuminúria) quantidade anormal de proteínas na urina. Ex.: nefropatia aguda e crônica. Síndrome Nefrítica Grupo de patologias onde a glomerulonefrite é predominante. - Sinais e Sintomas Hematúria Proteinúria Retenção de sódio e água Hipertensão Oligúria (ocasional) - Causas Infecções estreptocócicas, principalmente em crianças Doenças auto-imunes: Lúpus eritematoso Síndrome Nefrótica Grupo de patologias glomerulares associadas ao aumento da permeabilidade dos glomérulos às proteínas. Albumina Pressão Oncótica Edema Generalizado Volume Sanguíneo Circulante Ativação do Sistema Reninaangiotensina Maior Retenção de Sódio Maior o Edema - Sinais e Sintomas Perda de proteínas plasmáticas (albumina na urina) Lipemia (aumento de lipídios no sangue) Insuficiência Renal Está presente quando a excreção de água, eletrólitos e escórias é insuficiente devido a lesão renal. - Diagnóstico Azotemia: aumento de escórias no sangue Uremia: casos graves – sinais e sintomas pelo acúmulo dessas escórias - Patogenia Pré-renal: diminui o fluxo sangüíneo para o rim (desidratação, ICC) Pós-renal: obstrução do fluxo sangüíneo para o rim (cálculos, tumores) Intra-renal: lesão do próprio rim (glomerulonefrite) Insuficiência Renal - Evolução /Fases da Doença Renal Oligúrica: súbita lesão renal = formação de menos urina = oligúria. Complicações fatais: relacionadas à retenção hidroeletrolítica (hipercalemia e acidose) Poliúrica (Diurética): lesão removida TFG crescente células tubulares incapazes de absorver água e eletrólitos poliúria. Complicações fatais: desidratação e depleção eletrolítica. Insuficiência Renal Aguda A insuficiência renal aguda é uma perda súbita e quase completa da função renal causada por insuficiência de circulação renal ou por disfunção glomerular ou tubular. Manifesta-se por súbita oligúria (menos de 500 ml de urina por dia), elevado débito urinário, ou anúria (menos de 50 ml de urina por dia). Independentemente do volume de urina excretado, o paciente com insuficiência renal aguda apresenta elevação dos níveis séricos de creatinina e uréia e retenção de produtos metabólicos normalmente excretados pêlos rins. Qualquer condição que cause redução do fluxo sangüíneo renal, como depleção do volume, hipotensão ou choque causa uma redução da filtração glomerular, isquemia renal e lesão tubular. A insuficiência renal também pode resultar de queimaduras, lesões por esmagamento e infecção, assim como de agentes nefrotóxicos que causem lesão tubular aguda e cessação temporária da função renal. Causas Causas tóxicas: Aminoglicosídios (ex.: gentamicina), Tetracloreto de carbono, Polimixina, Etilenoglicol, Metais pesados, Mioglobina e hemoglobina Causas não tóxicas : Podem ser classificadas pela origem: pré-renal, renal e pós-renal. - Pré-renais: Hipovolemia, Hemorragia, Desidratação, Isquemia, Clampeamento transversal da aorta, Cirurgia da aorta ou de vasos renais, Cirurgia extensa no idoso, Septicemia, Choque séptico. - Intra-renais: isquemia renal prolongada, nefropatia pigmentar, hemoglobinúria (reações à transfusão, anemia hemolítica), mioglobinúria (lesão por esmagamento, queimaduras, lesão tecidual maciça), meios de contraste radiopacos, glomerulonefrite aguda e pielonefrite aguda. - Pós-renais: obstrução do trato urinário, cálculo, tumores, hipertrofia prostática, estenoses. Manifestações Clínicas Quase todos os sistema do corpo são afetados quando há insuficiência renal. O paciente apresenta-se letárgico, com náuseas persistentes, vômitos e diarréia. A pele e mucosa apresentam-se secas por desidratação e a respiração pode ter o mesmo odor da urina. As manifestações do sistema nervoso central incluem cefaléia, sonolência, abalos musculares e convulsões. O débito urinário é pequeno, pode apresentar sangue, e possui baixa densidade. O paciente é incapaz de excretar potássio; o catabolismo protéico resulta na liberação de potássio celular para os líquidos do corpo, causando hipercalemia grave, que pode levar à arritmias e à parada cardíaca. A anemia acompanha a insuficiência renal aguda por perda de sangue devido a lesões gastrintestinais urêmicas, redução de vida das hemácias, e redução da produção de eritropoietina. Diagnóstico Além das alterações clínicas, é importante a avaliação Bioquímica. A insuficiência renal aguda é caracterizada pela elevação da concentração da uréia sangüínea e pelo aumento da concentração da creatinina sérica. Potássio sérico aumentado. Gasometria arterial indica acidose metabólica. O ECG pode ser útil para avaliar a hipercalemia. Tratamento O rim possui uma significativa capacidade de recuperar-se de lesões. Portanto, o objetivo do tratamento da insuficiência renal aguda é restabelecer o equilíbrio químico normal e evitar complicações, de forma que possa ocorrer reparo do tecido renal e restabelecimento da função renal. A diálise pode ser iniciada para evitar complicações graves da uremia, como a hipercalemia (intoxicação por potássio), pericardite e convulsões. Monitorização clínica cuidadosa, de preferência em uma unidade especializada. Controle do balanço hidroeletrolítico, especialmente hipercalemia e hiponatremia. Corrigir fatores contribuintes, como hipovolemia e hipertensão. Tratamento Interromper a exposição ao(s) agente(s) desencadeante(s). Monitorização cuidadosa das doses de drogas potencialmente nefrotóxicas, se forem absolutamente necessárias. Administrar furosemida endovenosa nas doses de 250 mg (até 1 g/dia); em crianças 2 a 5 mg/kg (até 15 mg/kg/dia). Iniciar dopamina em infusão endovenosa contínua (até 3 µg/kg/minuto) Controlar oferta hídrica Controlar oferta calórica Hemodiálise ou diálise peritoneal deve ser instituída com urgência nas seguintes situações : a. Hipercalemia com arritmias cardíacas b. Hiper-hidratação em paciente anúrico c. Acidose metabólica refratária. Cuidados de Enfermagem Controlar rigorosamente líquidos ingeridos e eliminados e fazer o balanço hídrico nas 24 horas. Controlar peso rigorosamente. Proporcionar repouso, higiene e conforto, tendo cuidados especiais com a pele. Fazer uso rigoroso de técnicas assépticas nos cuidados com os pacientes. Orientar paciente e familiares quanto à dieta e observá-lo durante as refeições. Controlar sinais vitais, registrar qualquer anormalidade. Preparar e atender o paciente em diálise (ver cuidados com diálise peritoneal e hemodiálise). Observar o estado neurológico do paciente e estar atento para crises de delírios, convulsões e coma. Insuficiência Renal Crônica A insuficiência renal crônica ou doença renal terminal é uma deterioração progressiva e irreversível da função renal, na qual a capacidade do organismo em manter o equilíbrio metabólico e hidroeletrolítico falha, resultando em uremia (uma síndrome decorrente de um excesso de uréia e de outros produtos nitrogenados no sangue). Pode ser causada por glomerulonefrite crônica; pielonefrite; hipertensão não controlada; lesões hereditárias, como doença renal policística; distúrbios vasculares; obstrução no trato urinário; doença renal secundária à doença sistêmica (diabetes); infecções; medicamentos ou agentes tóxicos. Normalmente, torna-se necessária a diálise ou transplante renal para manutenção da vida. Fisiopatologia À medida que a função renal diminui, os produtos finais do metabolismo protéico, que normalmente são excretados pelo rim, acumulam-se no sangue. Há desequilíbrio da bioquímica sangüínea e dos sistemas circulatório, hematológico, gastrointestinal, neurológico e esquelético. Também são observadas alterações cutâneas e reprodutivas. O paciente tende a reter sódio e água, aumentando o risco de edema, insuficiência cardíaca congestiva, hipertensão, e, ocasionalmente, ascite. Há desenvolvimento de anemia, em virtude da redução de vida das hemácias; deficiências nutricionais e produção inadequada de eritropoietina. Complicações As complicações neurológicas da insuficiência renal podem resultar da própria insuficiência renal, da hipertensão grave, de um desequilíbrio hidroeletrolítico, intoxicação hídrica e de efeitos farmacológicos. Estas manifestações incluem alteração da função mental, alterações do comportamento, convulsões e coma. Anasarca Anemia Alterações ósseas Alterações da acuidade mental e ritmo do sono Alterações da pressão intra-ocular Alterações cardíacas Hipertensão Manifestações Clínicas Embora algumas vezes o início da insuficiência renal crônica seja súbito, na maioria dos pacientes começa com um ou mais sintomas - fadiga e letargia, cefaléia, fraqueza geral, sintomas gastrintestinais (anorexia, náuseas, vômitos, diarréia), tendências hemorrágicas e confusão mental. Se for iniciado tratamento ativo logo, os sintomas podem desaparecer. De outra forma, estes sintomas tornam-se mais acentuados e outros surgem à medida que as anormalidades metabólicas da uremia afetam praticamente todos os sistemas orgânicos. Tratamento O objetivo do tratamento é manter a função renal existente e a homeostasia pelo maior tempo possível. Todos os fatores que contribuem para o problema e aqueles que são reversíveis (Ex.: obstrução) são identificados e tratados. Com a deterioração da função renal, é necessária intervenção dietética com regulação cuidadosa da ingestão protéica, de líquidos, de potássio e de sódio. Cuidados de Enfermagem Oferecer apoio emocional. Encorajar e motivar o paciente é fundamental. Controlar líquidos ingeridos e eliminados. Controlar peso diário. Proporcionar repouso, conforto e higiene, mantendo os cuidados com a pele. Orientar pacientes e familiares sobre a importância da dieta. Estar atento para sinais de complicações. Preparar o paciente para diálise e prestar cuidados específicos Administrar medicação sob prescrição.