JORNAL DO SINTÁXI - Abril de 2012 - www.sintaxi.com.br 12 - ESPECIAL Taxistas foram ao TCE relatar o problema social que será criado com os cancelamentos das permissões U m grupo de taxistas, liderados pelo presidente e pelo diretor Administrativo do Sindicato dos Taxistas de Porto Alegre (Sintáxi), Luiz Nozari e Adão Ferreira de Campos, foram recebidos pela assessoria de Gabinete do Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Iradir Pietroski. O encontro aconteceu no dia 10 deste mês e na oportunidade os profissionais do volante expuseram suas preocupações com o futuro do sistema de táxi e a possibilidade da perda das permissões. Pietroski é o relator do processo que tramita no TCE sobre a validade das transferências de permissões dos táxis da capital gaúcha. Os taxistas relataram ao chefe de Gabinete, Antônio Juarez Hampel Schlichting, os problemas de saúde adquiridos ao longo de anos de trabalho dirigindo pelas ruas de Porto Alegre. Muitos precisam tomar medicamentos por conta das longas jornadas de trabalho, é o caso do taxista Vilson Raul Guerin. Ele é diabético e tem úlcera nervosa e gastrite. Doenças adquiridas por conta do excesso de trabalho. Ele dirigia cerca de 18 horas por dia, percorrendo em torno de 650 km a cada período de atividade. Guerin iniciou na atividade como condutor auxiliar, juntou dinheiro e vendeu uma casa. Com o que arrecadou adquiriu uma permissão e passou a trabalhar mais para comprar uma nova residência. Hoje, com mais de 60 anos de idade e doente, ele precisa do rendimento do táxi para se manter. Encontro foi realizado no gabinete do Conselheiro do TCE, Iradir Pietroski Tomás Sá Pereira/SP Comunicação Situação semelhante que vive o taxista Pedro Sirângelo, com muito tempo de trabalho. Há 15 anos atrás ele ficou viúvo e comprou uma permissão para sustentar os três filhos. Hoje com obesidade mórbida, artrite e reumatismo não pode trabalhar e depende do resultado obtido pelo colaborador, já que ele não consegue mais dirigir. Patrícia Régio perdeu o marido há mais de dois anos. Viúva e com um filho pequeno não tem condições de trabalhar em turno integral no táxi, pois precisa cuidar da criança. Por outro lado até o momento não conseguiu concluir o processo de inventário. A permissão está em nome do marido e por conta do congelamento das transferências, ela não pode transferir o prefixo para o seu nome ou até mesmo adquirir um carro novo para substituir o atual que circula pelas ruas de Porto Alegre. Luiz Nozari citou que a espera por uma definição por conta das autoridades públicas gera apreensão entre os taxistas que não sabem o que acontecerá no futuro. Muitos taxistas compraram carros financiados e correm o risco de perder tudo e ficar somente com as contas para pagar. Tributos O assessor jurídico do Sintáxi, Alexandre Luís Camargo, lembrou que o próprio poder judiciário entende que o táxi é um bem patrimonial e estipula valores nos casos de inventários ou separações conjugais, inclusive tributando-o. Atualmente a secretaria estadual da Fazenda considera que uma permissão de táxi em Porto Alegre equivale a R$ 280 mil. Até mesmo a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) cobrava 1500 UFM’s (cerca de R$ 4.155,00 valor atualizado) pelas transferências de permissões. Camargo citou o caso de um inventário em que a permissão foi avaliada em mais de R$ 280 mil. Tentou-se impugnar a avaliação por conta do congelamento das transferências pedida pelo TCE, mas a secretaria estadual da Fazenda não acatou o argumento e os tributos tiveram que ser recolhidos para a conclusão do processo. Juarez Schlichting se comprometeu relatar ao Conselheiro Iradir Pietroski o teor do encontro e, caso seja necessário, outra audiência será marcada entre os taxistas e o Conselheiro do TCE. Também participaram do encontro no TCE, o supervisor do Ponto da Estação Rodoviária de Porto Alegre, Celso Rovani da Silva Rodrigues e a diretora da Cooperativa dos Motoristas Autônomos do Aeroporto Salgado Filho (Cootaero), Sandra Maria Pinto.