Antropologia e Saúde Claudia Medeiros A Antropologia da Saúde e seus objetivos sua preocupação em fundamentar a necessidade da reflexão antropológica no contexto das ciências da saúde, nomeadamente da Medicina; a valorização da centralidade da Pessoa, enquanto sujeito cultural e social; o discurso nos processos relativos à prevenção e promoção da saúde e à prestação de cuidados; a transmissão e contribuição que a Antropologia Médica, nas suas duas correntes, filosófica e cultural, oferece à Saúde Pública. Competências da Antropologia da Saúde Reconhecimento do caráter antropológico da Medicina, como ciência e como Práxis; Aprofundamento da consciência, do significado e das implicações do ser humano – que é sujeito – constituir o seu objeto; Compreender o ser humano, como realidade plural, íntegra e una, destacando a importância das dimensões cultural e social no âmbito da Saúde Pública; Aprender a reconhecer a diversidade de olhares sobre o Homem na sua relação com a saúde e a doença, em contexto de multi-culturalidade, como horizonte de compreensão e instrumento de intervenção em Saúde Pública; A Antropologia da Saúde e Graus de estudos No que se refere aos graus de estudos podemos observar três: a) Grau Epistemológico da Antropologia b) Grau Filosófico c) Grau metodológico a) Grau Epistemológico da Antropologia Introdução à Antropologia – Conceitos e Métodos. Interdisciplinaridade. Antropologia e Antropologias – a especificidade da Antropologia da Saúde. Antropologia Física, Antropologia Cultural e Antropologia Médica. Análise crítica dos reducionismos antropológicos. Grandes paradigmas antropológicos da Cultura Ocidental. b) Grau Filosófico Algumas contribuições fundamentais da Antropologia Filosófica contemporânea. Pluridimensionalidade estrutural constitutiva da Pessoa Humana: relação, corporeidade, interioridade, comunicação, ética, historicidade, indigência, vulnerabilidade, mistério. A Pessoa Humana sujeito de cultura e à cultura (cultura e culturas) – vivências e representações de saúde e doença, do sofrimento e morte. O Homem entre a evidência e o mistério. O processo de medicalização da vida e da condição humana. Aplicação Bioética no tratamento de questões primordiais. c) Grau metodológico Antropologia Médica: elementos conceituais e metodológicos para uma abordagem da saúde e da doença, no âmbito da Saúde Pública Importância dos fatores culturais e sociais na consideração do binômio saúde-doença. Aspectos culturais determinantes da interação médico-doente no processo terapêutico. Incidência dos fatores culturais na Epidemiologia. Definições culturais de anatomia e de fisiologia Antropologia: cultura, religião e doença Na sociedade moderna, o papel da cultura popular, seus significantes e significados, somatizam os elementos de crenças e costumes de vários grupos, acompanhados da mídia e de uma variedade de informações responsáveis por interpretações discursivas dos médicos dedicados à causa. O significado de estar doente é entendido como a percepção de sensações e sintomas desagradáveis: cansaço; dor de cabeça; dor no corpo; sono; fraqueza; falta de apetite; febre, e etc. Identificados pelo médico ou pelo paciente, representam a doença como uma construção social, traduzida e culturalmente assumida pelos simpatizantes. Antropologia: cultura, religião e doença Doenças como a Aids, câncer, hanseníase (lepra), tuberculose, são encaradas diferentemente por homens e mulheres de um mesmo grupo, com ou sem diagnóstico biomédico. Para entender a sexualidade, a compreensão do processo histórico e seu desenvolvimento no Brasil, é condição, sine qua non, bem como, a ética, a ciência e a política, componentes responsáveis pela apropriação dos valores e significados dos modelos masculino e feminino de nossa ambiência. Novamente, a antropologia da saúde interfere nas interpretações empíricas, factuais, prontas e acabadas da construção de sujeito e objeto, norteando os estudos por meio de reflexões, apresentando as incertezas inerentes ao homem, à sociedade e a espécie. Antropologia: cultura, religião e doença Da mesma forma, para acompanhar a evolução de determinado distúrbio da saúde, seguindo rigorosamente o tratamento indicado por especialista ou não (principalmente os alcoólatras e portadores de Aids; distúrbios psicológicos e abandono de parentes), o paciente nutre-se também do apoio religioso. As religiões de tradição conservadora condenam em sua maioria os doentes, reforçando a idéia de culpa, afirmando, ser a doença, um castigo das ordens superiores pela ausência de compromisso de fé do enfermo para com a crença. A enfermidade mental é estudada por meio de narrativas, depoimentos, estudos de casos de famílias ou histórias de vida contadas por familiares ou terceiros. Antropologia da saúde A antropologia da saúde institui e viabiliza práticas entre pensamentos e ações, teorias e experiências de vida dos doentes. Organiza os símbolos e as categorias das doenças, por meio de fontes produtoras de sentido, sejam, biológicas, políticas, sociais, econômicas e culturais. Utilizando-se do bom senso entre os paradoxos: coletivo/indivíduo;vida/morte; ciências médicas/ciências sociais; objetividade/subjetividade. Assim, a antropologia da saúde, procura desvendar caminhos menos convergentes e construtivismos mais eficientes, num futuro próximo. RESUMINDO A antropologia da saúde coletiva/pública articula a linguagem simbólica da doença, buscando: revelação das identidades sociais nas relações de gênero; condições sócio-relacionais da gerontologia; estudos sobre a juventude; temáticas preocupantes com a saúde e o bem estar do indivíduo na sociedade. RESUMINDO A antropologia da saúde institui e viabiliza práticas entre pensamentos e ações, teorias e experiências de vida dos doentes. Organiza os símbolos e as categorias das doenças, por meio de fontes produtoras de sentido, sejam, biológicas, políticas, sociais, econômicas e culturais. Utilizando-se do bom senso entre os paradoxos: coletivo/indivíduo; vida/morte; ciências médicas/ciências sociais; objetividade/subjetividade. A antropologia da saúde/doença, procura desvendar caminhos menos convergentes e construtivismos mais eficientes, num futuro próximo. Referências Bibliográficas ALVES. PC & Rabelo MCM (Org.) Antropologia e saúde. Traçando identidade e explorando fronteira. Rio de Janeiro: Fio-Cruz, Relume Dumará, 1998. ALVES. PC & Rabelo MCM (Org.) Repensando os estudos sobre representações e práticas, In: PC Alves & MCM Rabelo (Org.) 1998. p. 107-121. HOUAISS, Antônio (1915-1999) e Villar, Mauro de Salles (1939-). Minidicionário Houaiss da Língua Portuguesa/Antônio Houaiss e Mauro de Salles Villar, elaborado no Instituto Antônio Houaiss de Lexicografia e Banco de Dados da Língua Portuguesa S/C Ltda. – Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. LUCAS, Juan de Sahagun (Dir.), Nuevas Antropologías del siglo XX, Salamanca: Sigueme 1994 MINAYO, Maria Cecília de Sousa, COIMBRA Jr., Carlos E. A. (Org.), Críticas e Actuantes – Ciências Sociais e Humanas em Saúde na América Latina. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2005. MORRIS, David B., Doença e cultura na era pós-moderna, Lisboa: Piaget 2000. RIVIÈRE, Claude, Introdução à Antropologia. Lisboa: Edições 70, 2007. ROLOSANA, Carmelo Lisón (Ed.), Introducción a la antropología social e cultural – Teoría, método y prática, Madrid: Ediciones Akal, 2007. ROSELLÓ, Francesc Torralba i, Antropología del cuidar. Barcelona: Institut Borja de Bioética, 1998. SPISANTI, Sandro, Antropología Médica in LEONE, Salvino, PRIIVITERA, Salvatore, CUNHA, Jorge Teixeira da (Dir.) Dicionário de Bioética. Vila Nova de Gaia: Editorial Perpétuo Socorro 2001. UCHÔA, Elizabeth, VIDAL, Jean Michel, Antropologia Médica: elementos conceituais e metodológicos para uma abordagem da saúde e da doença, Cadernos de Saúde Pública 10 (4): 497 – 504, Rio de Janeiro, Out/Dez 1994. * Sociólogo e Pesquisador. Mestre em Teologia/PUCRS, Graduado em Sociologia/UFPEL e em Teologia/UCPEL. Professor convidado no Complexo de Ensino Superior de Santa Catarina nos cursos de Pós-Graduação em Educação e Bioética na cidade de Pelotas/RS.