24 Terça-feira 14 de outubro de 2014 Jornal do Comércio - Porto Alegre Geral SEGURANÇA NOVA PONTE DO GUAÍBA Prova pericial elucida casos obscuros aos olhos da polícia Ministro dos Transportes assina hoje ordem de início das obras O ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, assina hoje a ordem de início das obras da nova ponte do Guaíba. A travessia tem orçamento de R$ 649,6 milhões e foi licitada na modalidade de Regime Diferenciado de Contratações (RDC). O prazo contratual de conclusão da obra é outubro de 2017. Neste primeiro momento de trabalho, estão previstas a implantação do canteiro industrial para a fabricação das peças pré-moldadas (vigas e estacas); a preparação das áreas para a construção; e a implementação de caminhos de acesso. Operários iniciaram ontem a cravação de duas estacas no canteiro de obras, localizado no bairro Humaitá, na Capital. A nova estrutura terá uma extensão de 2,9 quilô- Laudo de investigação é usado durante todo o processo judicial Suzy Scarton Na boate Kiss, profissionais criaram uma nova metodologia de análise (Acrigs) e pela Escola Superior da Magistratura da Associação dos Juízes do Estado (Ajuris). Para o presidente da Acrigs, Eduardo Lima Silva, é importante que uma aproximação entre o âmbito da perícia criminal e o Judiciário seja estimulada. “O laudo pericial permanece desde o começo até o julgamento de uma ação. É o único documento que vale por todo o processo, por isso, um estreitamento entre os profissionais é bem-vindo.” O juiz da Vara de Execuções Criminais da Capital, Sidinei Brzuska, reiterou a importância do trabalho do perito criminal e trouxe o exemplo para o caso do Presídio Central de Porto Alegre (PCPA). Desde 2008, Brzuska acompanha a situação das casas penitenciárias do município. A lei exige que sejam realizados relatórios mensais de inspetores para evitar que casos de desrespeito aos direitos humanos e crimes ocorram dentro dos presídios. Nestes seis anos, Brzuska registrou mais de 300 mortes de prisioneiros do PCPA ou de detentos oriundos de lá que foram transferidos ou encaminhados a outras penitenciárias. De acordo com o juiz, somente um dentre tantos casos que ele acompanhou resultou em processo criminal. “Eu chegava às terças-feiras para fazer a inspeção e ficava sabendo de crimes que aconteciam em outros presídios. No foro, ninguém ficava sabendo disso. Quando descobríamos, geralmente, era muito tempo depois. Assim, eu passei a acompanhar por conta. Pedia que me ligassem quando corpos fossem encontrados para que pudesse, pelo menos, fotografá-los. No primeiro dia após o combinado, recebi quatro ligações de casas diferentes”, relatou. A partir daí, Brzuska passou a insistir na realização de perícias criminais. Várias das mortes registradas por ele foram arquivadas como “morte natural”. As fotos feitas por ele, embora não sejam perícias propriamente ditas, servem para que pelo menos ele, que fiscaliza o presídio no mínimo uma vez por mês, não seja enganado. “É muito difícil conseguir prova testemunhal deste tipo de crime. A única prova acaba sendo a pericial”, elucidou. Com a ausência de perícias, era fácil encobrir os delitos ocorridos no Central. Sem uma perícia detalhada na Casa de Detenção de São Paulo, talvez os 73 policiais militares condenados, em 2014, por 73 homicídios estivessem, hoje, em liberdade. Trabalho foi fundamental na elucidação do incêndio na Kiss A perícia acaba sendo fundamental, também, para desvendar e explicar tragédias. Quando houve o incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, nenhuma explicação lógica parecia fazer sentido. Não havia precedentes de um incêndio ter matado 242 pessoas. O trabalho dos peritos, portanto, foi de extrema importância para identificar as causas do que provocou o fogo. O perito criminal Rodrigo Harsteln, responsável pela perícia da boate, explicou que nem mesmo os especialistas sabiam como proceder naquela ocasião. “Isso nunca tinha acontecido. Tivemos que criar uma metodologia nova, diferenciada das demais”, narrou. “A perícia de incêndio está acostumada a identificar a causa, como, onde e quem começou as chamas. No caso Kiss, fizemos um levantamento aprofundado. Quando há poucas mortes, é mais fácil determinar o que houve.” Na época, foram denunciadas diversas anormalidades encontradas na casa noturna, inclusive a própria planta do local. Portas irregulares, ausência de duas saídas de emergência, barras no meio do caminho de saída. O perito confirmou o que foi divulgado pela mídia e relatado pelos sobreviventes da tragédia: a Kiss era um labirinto. ASCOM-RS/DNIT/DIVULGAÇÃO/JC “A história estava escrita nas paredes.” Foi assim que o perito criminal Osvaldo Negrini Neto, hoje aposentado, descreveu a atuação da perícia no massacre do Carandiru. Em uma sexta-feira, 2 de outubro de 1992, na casa de detenção de São Paulo, a Polícia Militar de São Paulo conteve uma rebelião de presidiários. A intervenção militar resultou na morte de 111 detentos. A inspeção da perícia criminal, logo que a cena do crime é descoberta, é fundamental. Tão importante quanto é a preservação do cenário. No massacre do Carandiru, quando Negrini foi chamado para comparecer ao local, a primeira dificuldade que encontrou foi a resistência dos policiais que lá estavam, que não queriam que o perito tivesse acesso ao local do crime. “Eles diziam que o local estava contaminado, destruído demais e que não havia condições de realizar a perícia. Lembro-me de pensar que, se não fizéssemos naquela hora, nunca descobriríamos o que de fato aconteceu naquele pavilhão”, contou Negrini. “Tivemos, depois de muita insistência, acesso ao corredor. Não havia luz elétrica, então não conseguimos ver muita coisa. Mas conseguimos ver as marcas de balas. Estava tudo lá. Buracos nas paredes, próximo ao chão, evidenciavam que os tiros eram disparados contra pessoas acuadas, em situação indefesa.” A perícia encontrou mais de 580 balas alojadas nas paredes, no chão do presídio e dentro dos corpos das vítimas. Somente 280 delas estavam no interior dos cadáveres. O relato de Negrini deu abertura ao seminário Perícia Criminal e Justiça, promovido pelo Sindicato dos Peritos Oficiais da Área Criminal do Estado do Rio Grande do Sul ANTONIO SCORZA/AFP/JC [email protected] metros, com um total de 7,3 quilômetros em obras de artes especiais (alargamento da ponte Saco da Alemoa, elevada e viadutos). Com 28 metros de largura nos vãos principais, a pista contará com duas faixas de rolamento com acostamento e refúgio central. O empreendimento ainda prevê melhorias no sistema viário existente em Porto Alegre. Entre elas, adaptações do acesso à avenida Dona Teodora e dos acessos às BRs 116 e 290, junto à ponte do Saco da Alemoa, além de melhoramentos na avenida João Moreira Maciel. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) calcula que cerca de 50 mil veículos devam passar diariamente pela nova ponte. Primeiras estacas começaram a ser cravadas ontem CÃES DE ALUGUEL TJRS derruba liminar que permitia uso de animais em vigilância O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) julgou, ontem, o agravo regimental proposto pela Assembleia Legislativa contra a decisão liminar que negou vigência à Lei 14.229/2013, que proíbe a utilização de cães para a guarda patrimonial em solo gaúcho. Com 13 votos favoráveis ao agravo e 11 contrários, foi derrubada a medida que possibilitava que as empresas de vigilância mantivessem o uso dos animais para a função. A questão foi julgada no dia 8 de setembro, mas não havia sido conclusiva. A Secretaria Especial dos Direitos Animais (Seda) encaminhou subsídios para contribuir com a avaliação dos 25 desembargadores. O material reuniu denúncias apresentadas à Seda referentes a maus-tratos a animais pertencentes a empresas de vigilância patrimonial, que demandaram ações por parte das equipes de fiscalização e de médicos veterinários na averiguação dos casos. Foi constatada, nas vistorias, a gravidade da situação e que tal atividade é prejudicial aos animais envolvidos.