POLITICAS ACTIVAS DE EMPREGO
PROPOSTAS DE ALTERAÇÃO DA UGT AO DOCUMENTO APRESENTADO
PELO GOVERNO “BASES PARA ACORDO SOBRE A REFORMA DAS
POLÍTICAS ACTIVAS DE EMPREGO – 13 OUTUBRO 2006”
I. INTRODUÇÃO
No âmbito da discussão sobre a Reforma das Políticas Activas de Emprego em sede
de CPCS, em Outubro de 2006 e após algumas reuniões de trabalho, o Governo
apresentou aos Parceiros Sociais um documento para discussão, visando obter um
consenso quanto à reforma daquelas políticas.
Esse documento “Bases para Acordo sobre a Reforma das Políticas Activas de
Emprego” seria discutido, numa primeira fase, em reuniões bilaterais entre o
Governo e os Parceiros Sociais, procurando alcançar-se um potencial entendimento
e acordo sobre aquela matéria.
II. REUNIÃO UGT/ GOVERNO
Na reunião entre o Governo e a UGT, reiteramos a importância que atribuímos à
revisão das políticas activas de emprego. Face ao actual conjunto demasiado
alargado, diversificado e disperso de medidas activas de emprego, que dificilmente
é apreendido pelos destinatários finais, sejam eles empresas, trabalhadores ou
desempregados e que tem criado obstáculos a uma mais
eficiente divulgação,
gestão e mesmo acompanhamento por parte dos serviços públicos. Nesse contexto,
a revisão das políticas é não só necessária como urgente, especialmente tendo em
conta a actual situação do mercado de emprego.
As
políticas
activas
desempenham
um
papel
fundamental
no
combate
ao
desemprego, na promoção da criação de mais e melhores empregos, destinando-se
a amortecer as crises e flutuações da economia, sendo particularmente importantes
em contextos de desemprego elevado e de fenómenos estruturais. Devem, por
conseguinte, apoiar um regresso mais rápido e sustentável dos desempregados ao
trabalho, gerir os problemas de populações desfavorecidas perante o mercado de
trabalho, promover um maior equilíbrio entre a oferta e procura e facilitar as
diferentes “transições”, não só do desemprego para o emprego, mas também da
inactividade para o emprego e do emprego para o emprego (prevenindo perdas de
emprego e reforçando a adaptabilidade dos trabalhadores).
No que se refere concretamente à análise do documento proposto pelo Governo,
este é, em nosso entender, um documento muito genérico, principalmente tendo
em conta a discussão já havida em sede de CPCS.
Com efeito, para além da não incorporação de alguns princípios e matérias
aparentemente
consensualizados
no
decorrer
das
discussões
em
CPCS,
o
documento nada refere quanto às medidas a manter/ eliminar/ reformular.
Nomeadamente, no que a esta última questão se refere, a UGT entende que essa
informação deveria constar, por exemplo, em documento anexo ao Acordo.
Na referida reunião, a UGT levantou ainda outras questões, como a necessidade do
texto de Acordo integrar matérias como:
•
O princípio de apoio à contratação sem termo, como regra, devendo as políticas
activas ser um instrumento de promoção da qualidade do emprego. Admite-se a
possibilidade de apoios à contratação a termo, mas dirigidos apenas a
trabalhadores mais idosos (idade acima dos 50 anos), devendo a contratação
definitiva ser sempre mais valorizada. Também defendemos a existência de
apoios à transformação dos contratos a termo em contratos sem termo;
•
As dotações financeiras, as metas e os objectivos nos vários domínios de
intervenção das políticas activas;
•
A definição da metodologia de acompanhamento do potencial Acordo, prevendose, desde logo, a reavaliação anual das medidas e a possibilidade da sua revisão
em função da execução. Necessidade de uma avaliação anual dos custos
devidamente discriminados pelas várias rubricas.
Apresentámos ainda um conjunto de propostas concretas, com alterações1 ao
próprio documento do Governo, documento que seguidamente se apresenta.
1
As propostas de alteração apresentadas pela UGT encontram-se sublinhadas e, normalmente, associadas
a um comentário específico.
Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social
BASES PARA ACORDO SOBRE A REFORMA
DAS POLÍTICAS ACTIVAS DE EMPREGO
Outubro de 2007
Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social
Considerando os Parceiros Sociais e o Governo que:
1.
As políticas activas de
emprego
desempenham
um
papel essencial
nos
processos de ajustamento do mercado de trabalho, razão pela qual têm vindo a
ser alvo de crescente prioridade politica, quer a nível orçamental quer a nível
do
desenvolvimento
de
instrumentos,
na
generalidade
dos
países
europeus, designadamente no quadro da Estratégia Europeia para o Emprego.
2. As medidas de política activa de emprego não podem, contudo, por si só,
solucionar os problemas do mercado de trabalho, nem são suficientes para
uma plena exploração das suas virtualidades, razão pela qual é fundamental a
sua articulação e coerência com outras áreas de política, em particular com
as áreas da economia e finanças, da inovação, da educação, da protecção
social e das relações laborais, no quadro nomeadamente do Plano Nacional de
Emprego.
3. Portugal apresenta hoje um nível significativo de despesa em políticas
activas, próximo da média europeia e dispõe de um leque alargado de
instrumentos, mas que é visível que existe uma significativa margem para
aumentar a sua eficácia e eficiência, quer devido ao desajustamento de
algumas medidas face à realidade actual do mercado de emprego, quer
devido à proliferação de instrumentos, por vezes de sentido contraditório,
quer ainda devido à carga burocrática excessiva, o que limita o acesso a
potenciais beneficiários e coloca dificuldades pesadas à execução das
medidas. Portugal apresenta ainda uma concentração acima da média
comunitária das despesas com formação profissional no conjunto das despesas
de política activa.
4. A evolução previsível ao nível dos recursos nacionais, bem como das opções
políticas já definidas em sede de QREN para o período 2007-2013, associadas
por sua vez aos objectivos e metas definidas no PNACE e em particular no
PNE, no quadro da implementação da Estratégia de Lisboa, permite antecipar
um crescimento com significado do esforço nacional nesta área, atendendo à
2
Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social
situação conjuntural e estrutural do sistema de emprego português, pelo que
se impõe assegurar uma melhor utilização desses recursos.
5. A execução das medidas de política activa de emprego tem sido objecto de
um
acompanhamento
e
avaliação
insuficientes
para
assegurar
atempadamente e de forma devidamente fundamentada a introdução de
ajustamentos nas mesmas.
6. Os potenciais beneficiários das medidas desconhecem ainda muitas vezes o
leque de instrumentos a que podem recorrer para estimular a criação de
empregos por conta de outrem ou por conta própria e para facilitar o
ajustamento entre a oferta e a procura de emprego.
7. O processo de reforma das políticas activas de emprego articula-se de forma
directa, e
completando
o
conjunto
de
alterações
no
sistema
de
medidas destinadas à qualificação e ao apoio à integração profissional de
jovens e activos,
iniciado
com
a
Iniciativa
Novas
Oportunidades,
a
reforma da formação profissional, acordada com a generalidade dos parceiros
sociais com assento na CPCS e a definição dos instrumentos de financiamento
no quadro do QREN.
Assumindo os Parceiros Sociais e o Governo os seguintes objectivos estratégicos:
1. Aumentar o investimento e o universo de beneficiários das medidas activas de
emprego, visando em primeiro lugar reforçar uma actuação preventiva em
relação aos riscos de desemprego e, nos casos em que este se torne
inevitável, promover uma maior capacidade de intervenção precoce e
reparadora do serviço público de emprego, visando uma rápida (re)inserção
profissional das pessoas em situação de desemprego
2. Adequar, em permanência, a cobertura das políticas activas de emprego aos
3
problemas
Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social
estruturais
nomeadamente
ao
e
conjunturais
fenómeno
das
do
mercado
reestruturações
de
emprego
empresariais,
ao
desemprego de longa duração e baixas qualificações e ao desemprego
qualificado – reforçando o seu contributo para o estímulo a criação de
emprego e à melhoria da sua qualidade, promovendo o desenvolvimento das
condições de empregabilidade da nossa população activa.
3. Promover as políticas mais eficazes e eficientes na resposta proactiva ao
desemprego, evitando duplicações e os efeitos “nulos” ou de mera
substituição sobre a criação de mais e melhores oportunidades de emprego e
de qualificação de recursos humanos.
4. Concentrar as medidas de emprego num conjunto reduzido de programas
dotados de coerência interna e clareza face aos destinatários e operadores,
tornando-as mais transparentes e conhecidas.
5. Desburocratizar o acesso e a gestão das medidas de política activa de
emprego, aproveitando, para o efeito, quer as possibilidades decorrentes da
evolução tecnológica, quer o novo espírito de colaboração institucional entre
os vários organismos do Estado, decorrentes do SIMPLEX.
6. Assegurar a flexibilidade
necessária
à adequação dessas medidas às
especificidades dos diferentes público-alvo e territórios.
7. Promover o acompanhamento e avaliação sistemática dos instrumentos de
política activa de emprego, com vista a assegurar uma maior capacidade de
ajustamento das políticas à dinâmica do mercado de trabalho e à capacidade
de execução e apropriação dos mesmos pelos respectivos destinatários.
8 . Reforçar a divulgação das medidas em vigor junto dos seus potenciais
beneficiários, enquanto instrumento de promoção da sua eficácia.
9. Promover
uma
discussão
urgente
sobre
a
revisão
das
medidas
e
instrumentos na área da Reabilitação e Deficiência, matérias excluídas
do âmbito deste processo.
4
Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social
Os Parceiros Sociais e o Governo acordam nos seguintes objectivos e medidas:
1. Atingir em 2010 um peso da despesa em medidas activas de emprego no PIB
de cerca de 0,72%, acima da média europeia, com um valor médio no período
entre 2007 e 2010 de 0,65%, aumentando assim cerca de 0,2 pontos
percentuais face à media do período entre 1999 e 2004.
2. Alargar o número total de abrangidos por políticas activas de emprego em
cerca de 45% até 2010, envolvendo cerca de 1 Milhão e 500 mil activos entre
2007 e 2010, atendendo ao reforço previsto nos recursos financeiros e
também aos ganhos decorrentes da implementação da reforma da formação
profissional e das medidas que integram o presente acordo.
3. Garantir que as medidas activas de emprego dão uma adequada cobertura às
dificuldades conjunturais e estruturais do nosso mercado de trabalho, tendo
em conta as seguintes linhas de resposta que estas medidas devem prosseguir:
i) aumentar o emprego jovem e combater o desemprego juvenil; ii) prevenir e
combater o desemprego de longa duração; iii) aumentar o emprego e
combater o desemprego dos trabalhadores idosos; iv) promover a igualdade
de género; v) promover o emprego qualificado e reduzir o desemprego de
quadros
qualificados;
vi)
aumentar
a
qualificação
e
promover
a
adaptabilidade dos desempregados ou empregados em risco de desemprego;
vii) promover o próprio emprego e o empreendedorismo; viii) promover a
inserção de públicos desfavorecidos; ix) combater a precariedade do
emprego.
4. Concentrar os recursos e as medidas activas de emprego num conjunto
reduzido de programas gerais de emprego, transversais ao país e à
generalidade dos sectores e grupos da população activa.
5
Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social
5. Prever a possibilidade de criação de Programas Específicos de Emprego,
destinados a segmentos particulares da população desempregada, e de
Programas Integrados de Base Territorial, destinados a regiões ou áreas
geográficas próprias. Estes tipos de Programas podem ser compostos por i)
uma metodologia de actuação própria; ii) ajustamentos ou especificações das
medidas dos Programas Gerais; iii) por medidas próprias e inovadoras face às
medidas que integrem os Programas gerais (exclusivas do IEFP, de outros
organismos do MTSS ou outras entidades), especialmente desenhadas para o
público-alvo ou área de intervenção do Programa; iii) objectivos e metas a
atingir em termos de acção e cobertura.
6. Não permitir o acesso aos apoios à criação líquida de postos de trabalho a
jovens com menos de 23 anos sem o nível secundário de qualificação
completo, excepto se os mesmos estiverem em formação.
6A Clarificar o conceito de “criação líquida de emprego” para efeitos de acesso a
determinados benefícios.
6B. Assumir como princípio geral o da atribuição de apoios à contratação nas
situações de contratação sem termo, admitindo-se o apoio a contratação a termo
na inserção de trabalhadores mais idosos. Manter ainda o apoio à transformação de
contratos a termo em contratos sem termo.
7. Reforçar a metodologia INSERJOVEM e REAGE, lançada no âmbito da
abordagem preventiva e precoce dos desempregados prevista no Plano
Nacional de Emprego, visando assegurar que cada jovem ou
adulto
desempregado inscrito beneficie de uma nova oportunidade antes de
completar, respectivamente, 6 ou 12 meses de desemprego, sobre a forma de
uma colocação, formação, reconversão, experiência profissional ou outra
medida que promova a sua empregabilidade. Neste âmbito será assegurada a
realização de Planos Pessoais de Emprego à generalidade dos jovens e dos
adultos inscritos para emprego, onde fique contratualizado entre as partes o
percurso previsível a desenvolver com vista a promover a sua (re)inserção
6
profissional,
Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social
no
menor
prazo
de
tempo
possível
e
iniciar-se-á
a
implementação da decisão do Conselho Europeu de Março de 2006 no sentido
de reduzir o prazo de resposta do INSERJOVEM para 4 meses.
8. Desburocratizar o acesso e a gestão das medidas activas de emprego,
racionalizando
os
processos
de
candidatura,
análise,
decisão
e
acompanhamento da execução, mobilizando em particular as tecnologias da
informação e comunicação e reforçando a articulação entre serviços.
9. Acelerar os esforços de modernização do serviço público de emprego,
articulando-o de forma mais intensa com outras entidades públicas e privadas
nos esforços de promoção da empregabilidade dos seus utentes e da sua
colocação no mercado de emprego, dando especial atenção à formação dos
técnicos afectos às medidas activas de emprego e reforçando a capacidade
de resposta local dos serviços.
10. Reestruturar as UNIVAS e os Clubes de Emprego no sentido da criação de
Unidades de Apoio ao Emprego e à Qualificação, privilegiando-se a sua ligação
com os Centros Novas Oportunidades e os Centros de Emprego, na perspectiva
de inserir essas unidades num sistema mais integrado de informação e
orientação profissional, em desenvolvimento no quadro da implementação da
Iniciativa Novas Oportunidades.
11. Desenvolver um sistema de acompanhamento e avaliação das medidas até ao
final do primeiro semestre de 2008, que disponibilizará trimestralmente um
conjunto de indicadores que permitam aferir sobre a sua execução, no
sentido de controlar eventuais desvios, sobre os níveis de eficácia interna,
eficácia externa
e
sobre
a
eficiência
das
medidas,
para
que
em
consequência se possam introduzir os ajustamentos no sentido de melhorar
esses níveis. Os trabalhos
acompanhamento
Gabinete
de
técnicos
necessários
ao
sistema
de
serão assegurados pelo serviço competente do MTSS, o
Estratégia
e Planeamento, com a colaboração dos serviços
responsáveis pela execução das políticas, tendo em vista a apreciação por parte
do Governo e dos Parceiros sociais, nomeadamente em sede de Comissão
7
Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social
Permanente de Concertação Social.
12. Promover a avaliação externa de todas as medidas, com especial ênfase na
análise dos impactes ao nível da criação de emprego, promoção da
empregabilidade, combate do desemprego e à exclusão social. Este processo
de avaliação decorrerá de dois em dois anos, devendo conhecer-se os
resultados da primeira fase em 2009. A avaliação irá, também, permitir
eleger os indicadores relevantes para um cabal acompanhamento, resultado
que será utilizado na melhoria do sistema de acompanhamento.
13. Desenvolver, ao longo de 2008, campanhas de divulgação das medidas activas
de emprego, ajustadas ao perfil dos destinatários, cidadãos e entidades
empregadoras, com especial destaque para as pequenas e médias empresas e
para os desempregados ou em risco de desemprego.
14. Rever, no espaço de um ano, os dispositivos de informação sobre as medidas
activas de emprego prestada pelo IEFP e outros organismos executores dessas
medidas aos empregadores e cidadãos.
(Novas matérias – a desenvolver)
15. Princípio da reavaliação anual das políticas activas e da possibilidade de serem
alteradas em função da execução e eficácia das mesmas, no âmbito do
acompanhamento da execução do Acordo.
16. Modalidade de acompanhamento da implementação deste Acordo.
17. Anexo:
a) Quadro com as dotações financeiras e estimação de indicadores físicos
por domínios de intervenção e principais instrumentos
b) Listagem de medidas a manter/alterar.
Lisboa,
de Janeiro de 2008
8
Download

Propostas de Alteração da UGT ao Documento apresentado pelo