BRASÍLIA-DF, SEGUNDA-FEIRA, 19 DE OUTUBRO DE 2015 CÂMARA DOS DEPUTADOS Ano 17 | Nº 3497 Luis Macedo A CPI da Petrobras ouviu 128 depoimentos e fez duas acareações; a mais esperada foi entre os delatores da Lava Jato Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa Relatório de CPI deve ser apresentado hoje De acordo com o relator, texto vai apontar rumos para que a Petrobras não seja objeto de corrupção no futuro Após quase oito meses de funcionamento, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apurou irregularidades na Petrobras deve ter seu relatório final apresentado hoje pelo deputado Luiz Sérgio. Parlamentares descontentes com o fim dos trabalhos defendem uma prorrogação do Elza Fiuza / Agência Brasil Frente parlamentar quer aprimorar legislação contra a pirataria | 4 Disque - Câmara 0800 619 619 prazo da CPI, que termina na sexta-feira. O Plenário pode analisar requerimento nesse sentido apresentado pelo deputado Onyx Lorenzoni. A leitura foi marcada para hoje porque há prazos regimentais que devem ser obedecidos para votação do relatório até a data-limite. | 3 Manuella Brandolff / fotospublicas Debatedores apoiam Sistema S da Saúde para qualificação de pessoal | 2 www.camara.leg.br/camaranoticias 2 | JORNAL DA CÂMARA 19 de outubro de 2015 Debatedores avaliam atendimento socioeducativo Foram apontados problemas no Sinase, que visa implementar política pública de atendimento a menores infratores Mais de três anos após a instituição do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), debatedores que participaram de audiência pública na Comissão de Direitos Humanos afirmaram que o sistema ainda está longe de funcionar em sua plenitude, mas ressaltaram resultados positivos do projeto. O Sinase tem como objetivo a implementação de uma política pública destinada ao atendimento de adolescentes autores de ato infracional que busque dar ao processo de responsabilização do menor um caráter educativo e não apenas Alex Ferreira Paulo Pimenta considerou positivo debate sobre o Sinase punitivo. Em meio a discussões sobre a redução da maioridade penal, a executiva da Fundação Abrinq, Heloisa Hele- na de Oliveira, avaliou que a aplicação do Sinase seria suficiente para atender os atos infracionais dos menores. Ela lamentou, porém, que um dos pontos previstos em lei, o plano de acompanhamento individual, não esteja sendo cumprido na maioria dos casos. “Todas as análises e estudos feitos pelo Conselho Nacional de Justiça e pelo Conselho Nacional do Ministério Público apontam que o plano de acompanhamento individual não existe para a maioria”. Reformulação - Coordenador-geral do Sinase, Claudio Vieira afirmou que o momento é de reformulação da política pública oferecida pelo sistema. Segundo Vieira, o pensamento de que adolescentes devem ser internados em instituições e que eles são os principais causadores da violência no País ainda está bastante enraizado na administração pública. Em contrapartida, ele disse que em diversos locais já existem unidades agindo de acordo com o ordenamento do Sinase. O presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), avaliou positivamente a audiência dfa qual foi requerente. “O debate, quando é feito de maneira analítica, com dados e estatísticas, tem muito mais condição de apresentar propostas que efetivamente atendam determinado objetivo”. saúde Criação do Sistema S do setor é defendida em audiência Trabalhadores, empresários, governo federal e parlamentares com atuação na saúde concordaram com a necessidade da criação do Sistema S do setor durante audiência pública na Comissão de Seguridade Social e Família. O debate abrangeu o Projeto de Lei (PL) 559/15, que desvincula os estabelecimentos da saúde do Sistema S do Comércio. Autor do PL, o deputado Jorge Solla (PT-BA) salientou que, segundo o texto, o Sistema S da Saúde teria um orçamento de R$ 400 milhões para serem investidos prioritariamente em qualificação profissional. “Nós não faremos investimentos em in- Alex Ferreira Jorge Solla, autor do projeto que desvincula saúde do comércio fraestrutura de escolas, mas aproveitaremos as já existentes do SUS, universidades e instituições de ensino Mesa Diretora da Câmara dos Deputados - 55a Legislatura Presidente: Eduardo Cunha (PMDB-RJ) 1º Vice-Presidente Waldir Maranhão (PP-MA) 2º Vice-Presidente Giacobo (PR-PR) 1º Secretário Beto Mansur (PRB-SP) 2º Secretário Felipe Bornier (PSD-RJ) 3ª Secretária Mara Gabrilli (PSDB-SP) 4º Secretário Alex Canziani (PTB-PR) Suplentes: Mandetta (DEM-MS) Gilberto Nascimento (PSC-SP) Luiza Erundina (PSB-SP) Ricardo Izar (PSD-SP) Presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar José Carlos Araújo (PSD-BA) Presidente do Centro de Estudos e Debates Estratégicos Lúcio Vale (PR-PA) Corregedor Parlamentar Carlos Manato (SD-ES) Procurador Parlamentar Claudio Cajado (DEM-BA) privadas para parcerias, mas sempre com isenção total de taxas de matrícula e mensalidade”, destacou. Qualificação - O secretário Heider Aurélio Pinto, que representou o Ministério da Saúde, confirmou o apoio do governo à proposta. “O texto foi analisado em três secretarias e todas foram favoráveis, observando, principalmente, o benefício que trará para os trabalhadores da saúde”, disse. Presidente da Confederação Nacional de Saúde, Renato Merolli reiterou a importância de deslocar o processo decisório das mãos dos dirigentes do comércio para os da saúde. Ele disse que, apesar da arrecadação de cerca de 100 mil empresas privadas de saúde representar 6% do orçamento do Sesc/Senac, apenas 3,4% das vagas abertas pelo Sistema S do Comércio são para área da saúde. AGENDA SEGUNDA-FEIRA 19 de outubro de 2015 » Sessão solene Homenagem ao Dia do Professor. Plenário Ulysses Guimarães, 10h SECOM - Secretaria de Comunicação Social Secretário: Cleber Verde (PRB-MA) Diretor-Executivo: Claudio Lessa (61) 3216-1500 [email protected] Jornal da Câmara Editora-chefe Rosalva Nunes Editores Sandra Crespo Ralph Machado Diagramadores Gilberto Miranda Renato Palet Roselene Guedes [email protected] | Redação: (61) 3216-1660 | Distribuição e edições anteriores: (61) 3216-1626 Ouvidor Parlamentar Nelson Marquezelli (PTB-SP) Coordenadora dos Direitos da Mulher Dâmina Pereira (PMN-MG) Procuradora da Mulher Elcione Barbalho (PMDB-PA) Secretário de Relações Internacionais Átila Lins (PSD-AM) Diretor-Geral: Rômulo de Sousa Mesquita Secretário-Geral da Mesa: Sílvio Avelino Impresso na Câmara dos Deputados (DEAPA) Papel procedente de florestas plantadas Leia esta edição no celular JORNAL DA CÂMARA | 3 19 de outubro de 2015 Petrobras: parecer final da CPI pode ser lido hoje Nova prorrogação do prazo, pedida por deputado do DEM, precisa ser aprovada pelo Plenário da Câmara A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras se reúne hoje, às 18h, para apresentação do relatório final do deputado Luiz Sérgio (PT-RJ). O encerramento dos trabalhos está previsto para o próximo dia 23, poucos dias antes de a CPI completar oito meses de funcionamento. Segundo o relator, o texto final vai apontar rumos para que a Petrobras não seja objeto de corrupção no futuro. A leitura foi marcada para hoje porque existem prazos regimentais que devem ser obedecidos para que o relatório seja votado antes da data-limite, como explica o presidente da comissão, deputado Hugo Motta (PMDB-PB). “Nós temos esse prazo da leitura do relatório até a votação final, podendo haver pedido de vista, prazo de duas sessões do Plenário, sessões extraordinárias. Então, esse prazo, acredito eu, de leitura, o relator poderá cumprir até mais tardar terça pela manhã para que “Nós chegamos a um determinado momento em que temos muito mais luta política do que propriamente investigação”. Deputado Luiz Sérgio Deputados Hugo Motta e Luiz Sérgio, respectivamente presidente e relator da CPI da Petrobras haja tempo de apreciação do texto até quinta-feira” Prorrogação - Deputados do DEM, Psol e PPS queriam mais tempo para ouvir personagens que não tinham sido convocados. Mas a prorrogação depende do Plenário da Câmara, que precisa aprovar um requerimento apresentado pelo deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) O deputado Ivan Valente (Psol-RJ) insiste na votação do requerimento antes do fim do prazo da CPI. “Se há um acor- do para se terminar a CPI, ela passa pela votação em Plenário. Tem que votar em Plenário o requerimento de prorrogação, como foram votados os outros dois requerimentos de prorrogação” Disputas - O relator Luiz Sérgio defende o fim dos trabalhos. Segundo o deputado, a CPI virou palco de disputa política e não há motivos para ser prorrogada. “Vamos ser francos. Nós chegamos a um determinado momento em que temos muito mais luta política do que propriamente investigação. Então, eu entendo que o palco adequado à luta política é no Plenário da Câmara dos Deputados e não na Comissão Parlamentar de Inquérito” No período de funcionamento, a comissão se reuniu 55 vezes, ouviu 128 pessoas, fez duas acareações e recebeu milhares de documentos de diversos órgãos. CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA Comissão especial analisará permissão para que o Plenário retire urgência de projetos A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara arovou a admissibilidade da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 369/13, do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que permite aos Plenários da Câmara e do Senado retirar o regime de urgência constitucional de projetos de lei de iniciativa do presidente da República. Atualmente, se o Congresso não apreciar uma proposta classificada como urgente pela Presidência da República em até 45 dias, a pauta do Plenário da Casa onde o texto se encontra fica trancada. Além disso, somente a Presidência da República pode tirar a urgência de projeto de autoria do Executivo. A PEC acrescenta um parágrafo ao artigo 64 da Constituição Federal e permite que o regime de urgência seja retirado por maioria absoluta de qualquer uma das duas Casas – Câmara ou Projeto aprovado prêve nova modalidade de flagrante Lucio Bernardo Jr. Félix Mendonça Júnior: sistema de freios e contrapesos Senado. Desequilíbrio - O relator na CCJ, deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA), defendeu a aprovação da proposta. “Diante do desequilíbrio criado pelo Poder Executivo nos últimos anos, tomando quase inteiramente a pauta do Congresso Nacional, é impositivo criar mais esse mecanismo no sistema de freios e contrapesos”, ar- gumentou. Na reunião, apenas o deputado Luiz Couto (PT-PB) se manifestou contrariamente à PEC. Tramitação - A proposta será examinada agora por uma comissão especial a ser criada especificamente para essa finalidade. Em seguida, seguirá para o Plenário, onde terá de ser votada em dois turnos. Foi aprovada pela CCJ proposta que prevê uma nova modalidade de flagrante delito: o “flagrante provado”. A medida está prevista no Projeto de Lei 373/15, do deputado Delegado Éder Mauro (PSD-PA), que acrescenta essa figura jurídica no Código de Processo Penal para permitir a prisão em flagrante pelo reconhecimento do autor por testemunhas, fotos ou vídeos. A proposta vai ao Plenário. O texto original permitia que esse flagrante ocorresse a qualquer tempo, e incluia a confissão entre as condições que poderiam gerá-lo. Após discussões, o relator, deputado Índio da Costa (PSD-RJ), mudou os termos e limitou o tempo da nova modalidade de flagrante, que só pode ser feito “logo após” o crime. Divergências - Os deputados Rodrigo Pacheco (PMDB-MG) e Wadih Damous (PT-RJ), ex-conse- Zeca Ribeiro Índio da Costa: mudanças lheiros da OAB, apresentaram votos contrários à proposta que, segundo eles, pode gerar abusos de autoridade. “O que se pretende é criar uma modalidade de flagrante que não é flagrante, é considerar a prova do inquérito como se fosse um elemento de estado de flagrante”, disse Pacheco. O deputado Capitão Augusto (PR-SP) defendeu o texto, por ver condições de diminuir a criminalidade, “e colocar no bandido o receio de ser preso”. 4 | JORNAL DA CÂMARA 19 de outubro de 2015 Frente parlamentar apoia doação de órgãos Deputados prometem buscar recursos para o Sistema Nacional de Transplantes, que tem hoje apenas 20 funcionários Foi lançada na Câmara a Frente Parlamentar de Incentivo à Captação e à Doação de Órgãos. O grupo, formado por 250 deputados, iniciou suas atividades com o apoio do Ministério da Saúde, da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) e da Aliança Brasileira de Apoio à Saúde Renal (Abrasrenal), entre outras entidades. O coordenador da frente, deputado Roberto Sales (PRB-RJ), afirmou que os parlamentares vão trabalhar pelo aumento no número de transplantes e de doadores de órgãos no País e pela superação das dificuldades diárias enfrentadas pelos profissionais da área. Sales também prometeu incentivo a campanhas preventivas de saúde e às chamadas terapias substitutivas, como diálise e hemodiálise, no caso dos rins, por exemplo. “Receberemos propostas, sugestões, denúncias e reclamações e tentaremos, junto ao Ministério da Saúde e outros órgãos, chegar a um consenso”, ressaltou. Estatística - Em números Luis Macedo Roberto Sales, coordenador da frente, que recebeu um rim do pai, defende apoio aos pacientes 3.770 transplantes foram feitos no Brasil de janeiro a junho absolutos, o Brasil só fica atrás dos Estados Unidos na realização de transplantes no mundo. A relação entre transplantes e número de habitantes, entretanto, faz o desempenho do País desabar. De janeiro a junho deste ano, foram realizados 3.770 transplantes, porém cerca de 32 mil pacientes ainda aguardavam a vez na lista de espera. As maiores filas são relativas a rim (19.249), córnea (10.386), fígado (1.448), pân- creas (461), coração (235) e pulmão (201), segundo o Registro Brasileiro de Transplantes. Além desses órgãos, o País também realiza transplantes de medula óssea e cartilagem. O próprio deputado Roberto Sales é um transplantado e afirma conhecer bem o drama diário de quem aguarda uma doação de órgão. “Recebi um rim do meu pai. Durante três anos e meio, fiz o tratamento de hemodiálise e fui privilegiado por meu pai, com 74 anos na época, estar disponível para doar. Mas e aqueles que estão na fila?” Dificuldades - O presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, Luís Pacheco, elogiou o fato de o Sistema Único de Saúde custear a maior parte das cirurgias, mas ressaltou que há gargalos. “O Brasil tem um programa de transplantes que dá orgulho, mas, se olhar o tamanho do País e as necessidades da população, ainda há muito a fazer.” A frente parlamentar prometeu empenho também na luta também contra o corte de recursos orçamentários, o atraso no repasse de verbas, o subfinanciamento e outros problemas do setor. Hoje, o Sistema Nacional de Transplantes tem apenas 20 funcionários. Também compõem a direção da frente os deputados Vinicius Carvalho (PRB-SP), Christiane de Souza Yared (PTN-PR) e Rubens Otoni (PT-GO). Deputados defendem ações de combate à pirataria A Frente Parlamentar Mista em Defesa da Propriedade Intelectual e do Combate à Pirataria elaborou o plano de ações que vai orientar os 214 parlamentares e as mais de 40 entidades. Também foi apresentado o mapa legislativo que indica os principais projetos em tramitação sobre o tema. O presidente da frente parlamentar, deputado Nelson Marchezan Junior (PSDB-RS), afirmou que a ideia é preservar os patrimônios intelectuais e dar maior segurança aos investidores dos mais diversos portes, para que possam gerar mais empregos e ampliar os negócios. O deputado ressaltou que o Brasil consta em algumas listas negativas por não preservar a propriedade intelectual como deveria. Ele afirmou que, por esse motivo, o País deixa de receber investimentos. Pirataria - Além de apoiar projetos que aprimorem a legislação, a frente acompanhará os trabalhos do Ministério da Justiça, do Ministério Público e do Judiciário no combate à pirataria; e do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), autarquia responsável por gerir o sistema brasileiro de concessão e garantia de direitos de propriedade intelectual para a indústria. Marchezan Junior lembrou que, no Brasil, é preciso esperar cerca de 10 anos para adquirir o registro de uma patente, prazo que sobe para 14 anos no setor de telefonia. “Dificilmente alguém vai aguardar esse tempo todo aqui no País para ter esse reconhecimento”, alertou. O deputado Raimundo Zeca Ribeiro Proteção ao patrimônio intelectual gera segurança, diz Marchezan Gomes de Matos (PSDB-CE), que também integra a frente, disse que o aprimoramento da legislação é fundamental para o desenvolvimento e crescimento do País. Burocracia - Diversos representantes de entidades e associações destacaram, em reunião, o impacto negativo da ilegalidade e da pirataria e a necessidade de facilitar o caminho dos que precisam enfrentar a burocracia. O advogado do Sindicato Interestadual da Indústria No Brasil, as empresas precisam esperar cerca de dez anos para adquirir o registro de uma patente Audiovisual, Claudio Lins de Vasconcelos, reforçou a necessidade de reformulação da Lei dos Direitos Autorais. Já o representante da Associação Brasileira de TV por Assinatura, Antonio Sales Neto, disse que é preciso criar uma legislação que tipifique o furto de sinal. Também participaram da reunião representantes do Fórum Nacional contra a Pirataria, da Associação Brasileira da Indústria do Fumo, da Associação Brasileira da Propriedade Intelectual, da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa e da Confederação Nacional da Indústria, entre outros.