Prezada Sra. Elizabeth,
Desacostumada que está a estes debates, eventualmente a senhora pode não conseguir
perceber e distinguir o que é avaliação técnica de uma explicação política. É o caso da
mensagem que gentilmente me encaminha como uma "explicação técnica".
O pressuposto político é o que norteia a avaliação que me enviou. E ele fica claro logo na
primeira frase: "O fundo previdencial está em 2,6 bilhões e o déficit em 10,5 bilhões
(PPSP, julho de 2015), de forma que não cabe afirmar que o déficit do PPSP é "quase
que totalmente" devido a apropriação desse valor mais efeitos conjunturais
supostamente reversíveis."
Esta afirmação desconsidera inclusive a própria premissa que este analista costuma
enfatizar, que temos levantado há mais de 10 anos, da grande exposição do nosso
patrimônio ao risco de mercado. Se analisasse de forma isenta a carteira da Petros,
poderia chegar a conclusões mais próximas da realidade. É só pegarmos o caso da
Previ, que podemos com calma verificar o que afirmamos. A Previ que tem mantido ao
longo de anos um superávit respeitável em função da rentabilidade da VALE, já em
setembro de 2015 apresenta déficit e estará amargando maior déficit técnico no
final deste ano. Qual a solução que o analista daria para uma reversão do quadro por lá?
A exposição ao mercado é um problema que se evidencia na Petros, como na Previ,
como na Funcef, como muitos dos demais fundos de pensão. Isto é uma parte
importante da realidade que, somado a investimentos que "deram ruim" - como diz a
mocidade - são parte da nossa equação. Negar um dos elementos para reafirmar outros
é querer tapar o sol com a peneira.
Como o analista deveria saber, e dizer, não há garantia nenhuma de rentabilidade
futura por desempenho passado. Esta carteira, que proveu rentabilidade para a Petros
até recentemente, poderá, muito provavelmente, não rentabilizar como o necessário,
daqui para diante. Qual a solução mágica que o analista propõe para a Petros? Nada
diferente do que estamos propondo. Há que se modificar a carteira de investimentos.
Mas isso não se faz da noite para o dia. Não há fórmulas mágicas. É preciso de tempo
para se fazer as mudanças necessárias e, para isto, a garantia de liquidez por 30 anos
nos dá tempo para realizar.
Somente uma análise política, é não técnica, baseada no fígado, e não no cérebro,
poderia considerar que nada será feito ao longo destes anos e que a situação será
mantida para as próximas gerações.
Respeito o analista, sua capacidade técnica. Inclusive já o procurei para que se
dispusesse a nos ajudar como membro indicado pelos Conselheiros Eleitos no Comitê
de Investimentos - COMIN - iríamos propor o nome dele para ajudar. Mas,
infelizmente, preferiu não responder. Talvez seja mais fácil comentar as obras prontas
do que ajudar a construir. Isto é decisão dele. Poderia ser parte da solução. Mas prefere
vaiar da arquibancada.
Por gentileza, Sra. Elizabeth, utilize seu senso crítico aguçado para perceber que, por
trás da análise técnica há sempre uma explicação política. Mas procure ser crítica em
tudo, e não parcialmente, pois, caso contrário, a sua boa fé será utilizada contra os
mesmos interesses que temos que defender.
Paulo Brandão
21-987640030
[email protected]
http://conselhopetros.blogspot.com.br
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