A cauda longa da propaganda na TV digital: análise dos efeitos do
direcionamento das mensagens publicitárias televisivas para agências e
emissoras 1
PEREIRA, Vinícius. (Prof. Dr.)2
HECKSHER, Andrea (Prof. Ms.ª) 3
POLIVANOV, Beatriz (Doutoranda) 4
ALBERONE, Maurílio (Prof. Bacharel) 5
CARVALHO, Rafael (Bacharel) 6
LOUREIRO, Bruno (Bacharel) 7
Resumo: Em trabalho anterior discutimos sobre as demandas de potenciais consumidores sobre uma
tecnologia chamada Targ.TV, capaz de entregar mensagens publicitárias direcionadas para diferentes
perfis de telespectadores usando o sistema brasileiro de TV digital aberta. Dando prosseguimento à
pesquisa, investigamos agora os possíveis impactos do novo modelo de anúncios televisivos — cauda
longa da publicidade — na cadeia de produção da publicidade nas TVs. Para tal, entrevistados
representantes das mais expressivas emissoras televisivas de canais abertos e agências de publicidade do
Rio de Janeiro. Concluímos que embora as dinâmicas de consumo de mídias, particularmente aquelas
relacionadas a um público mais jovem, apontem para uma profunda transformação em marcha, onde a
televisão perde o lugar central de fonte de entretenimento e de informação, a forma como o modelo
publicitário está estruturado nas televisões brasileiras ainda se mostra extremamente lucrativo, o que não
estimula mudanças. Neste sentido, uma ferramenta como a Targ.TV se mostra pouco interessante se
pensada dentro da sua proposta inicial – permitir a estruturação de um modelos de cauda longa para a
1 Trabalho apresentado no GT de História da Mídia Digital (Cristiano Max Pereira Pinheiro) integrante
do VIII Encontro Nacional de História da Mídia, 2010. O presente artigo apresenta resultados da
pesquisa “A Cauda Longa da Propaganda na TV Digital”, desenvolvida por Vinicius A Pereira, Andrea
Hecksher e Beatriz Polivanov, com financiamento do CAEPM, em parceria com a Peta5 e com auxílio
do CNPq.
2 Professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UERJ, doutor em Comunicação e
Cultura pela UFRJ, coordenador do ESPM MEDIA LAB, pesquisador do CAEPM desde 2006, email:
[email protected]
3
Professora da UFF e da ESPM-RJ, mestre na área de Computação de Alto Desempenho / Sistemas
Computacionais do Mestrado Interdisciplinar da COPPE/UFRJ/PEC, pesquisadora do ESPM MEDIA
LAB, email: [email protected].
4
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFF, mestre pelo mesmo programa,
pesquisadora e assistente de coordenação do ESPM MEDIA LAB da ESPM, bolsista do CNPq, email:
[email protected].
5
Professor da ESPM, bacharel em Engenharia de Telecomunicações pela UFF, sócio-fundador da Peta5
email: [email protected].
6
Bacharel em Engenharia de Telecomunicações pela UFF, sócio-fundador da Peta5. email:
[email protected]
7
Bacharel em Engenharia de Telecomunicações pela UFF, sócio-fundador da Peta5. email:
[email protected].
publicidade na TV -, mas, passível de utilização se pensada como um instrumento para a proposição de
novas linguagens publicitárias, como no exemplo dos grandes anunciantes querendo apresentar variações
nas suas mensagens para seus diferentes públicos.
Palavras-chave: TV digital; propaganda direcionada; emissoras; agências
1 – O contexto da pesquisa
A entrada em cena e a consolidação da TV digital no Brasil trazem consigo uma
série de potenciais mudanças para o cenário televisivo, dentre as quais destacamos: a
interatividade, a alta definição de áudio e vídeo, a mobilidade e a multiprogramação.
Para além dessas questões, há também algumas empresas que estão desenvolvendo
softwares para a TV digital brasileira, com finalidades diversas.
Uma dessas empresas, a Peta5, incubada na Universidade Federal Fluminense,
criou uma plataforma – por ora denominada Targ.TV – que permite o direcionamento
simultâneo de anúncios publicitários para públicos específicos, dentro no novo padrão
brasileiro de TV digital aberta (ISDB-T). Isto é, com o software desenvolvido pela
Peta5, passa a ser tecnicamente viável que as emissoras de televisão possam veicular
conteúdos e propagandas direcionados a diferentes perfis de telespectadores, ao mesmo
tempo, criando com isso a oportunidade de alterar seus negócios, diminuindo os custos
para os tradicionais anunciantes e atraindo um número maior de novos potenciais
anunciantes.
Com a Targ.TV é possível a veiculação de campanhas específicas para diferentes
telespectadores, de acordo com seus perfis. Dessa forma, certos anunciantes de produtos
de beleza, por exemplo, poderão optar por veicular seu anúncio somente para
telespectadores classificados como do sexo feminino e das classes A e B. Ou ainda
pequenos anunciantes poderão optar por veicular seu filme publicitário somente para os
televisores localizados na área geográfica na qual se encontra seu estabelecimento,
contribuindo, assim, para a emergência do que chamamos de “cauda longa da
propaganda na TV digital”, uma vez que, potencialmente, abre-se espaço para pequenos
nichos de mercado, antes impossibilitados de veicularem anúncios na TV, devido aos
seus altos custos.
Ou seja, esta tecnologia permitirá, em tese, que diferentes públicos (geográficos,
sociais, econômicos etc.) que estejam assistindo a um mesmo conteúdo da TV aberta —
uma novela, por exemplo — possam receber no horário do intervalo comercial
mensagens voltadas para o seu perfil específico, sendo que para isso é necessário apenas
possuir o aparelho de set-top box 8. Esta possibilidade parece-nos de suma importância
em um cenário inflacionado por novos arranjos midiáticos e mensagens em excesso,
como o que vivemos atualmente, marcado pela economia da atenção, que caracteriza o
que chamamos de cultura pan-midiática (PEREIRA & HECKSHER, 2008).
Em trabalho anterior9 realizamos, a partir de dados obtidos com a realização de
dois grupos focais com o total de quarenta jovens universitários, o mapeamento dos
usos dos meios televisão e computador e das possíveis demandas relacionados à
plataforma Targ.TV. Buscamos investigar as possíveis dinâmicas de recepção que o
conjunto de novidades trazidas pela cauda longa da propaganda pode promover,
focando, portanto, para o público. O quadro sinóptico abaixo resume os pontos
principais desta fase da pesquisa.
Tabela 1: Pontos principais dos grupos focais
Consumo de TV analógica (e uso do
computador como plataforma complementar
para o consumo de produtos de TV)
Aprox. 90% participantes: TV ocupando o lugar
(afetivo e de paisagem sonora) do rádio;
Principal provedor de conteúdo: Internet
Consumo de propaganda “padrão”
Consumo de propaganda direcionada
Consumo de um possível novo arranjo
midiático: TV e sites de redes sociais (Social
TV 10)
8
+ de 50% participantes: propagandas mais
interessantes do que programas em muitos casos
Aprox. 90% participantes: mensagens
direcionadas são interessantes para os
consumidores e anunciantes
Aprox. 50% participantes: a favor
Aprox. 50% participantes: contra
Os set-top boxes (STBs) externos ou power boxes são os aparelhos que permitem a conversão de um
sinal externo em conteúdo (vídeo, áudio, jogos, sites da Internet, etc.) formatado para a TV digital,
sendo, portanto, necessários para as transmissões de TV digital em televisores que ainda não possuem
um sintonizador específico para recepção digital.
9
Ver o artigo “Propaganda na TV Digital: Usos e Demandas” dos mesmos autores, apresentado no
XXXIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 2010.
10
O conceito de “Social TV” está relacionado à “crescente integração entre televisão e tecnologia de
computador para dar apoio a experiências sociais de consumo de TV em grupo” (tradução nossa),
como definido por OEHLBERG et alli (2006).
Finda esta parte da pesquisa, partimos neste momento para os dois outros atores
fundamentais da cadeia publicitária11: as emissoras de TV e as agências publicitárias.
Assim, nosso objetivo agora é estudar os possíveis impactos do novo modelo de
anúncios televisivos — cauda longa da publicidade — na cadeia de produção da
publicidade nas TVs. Neste ponto específico investigaremos de que modo a Targ.TV
poderia vir a afetar as diferentes etapas do processo de produção e de distribuição do
filme publicitário televisivo.
A hipótese inicial esboçada é a de que haveria uma série de profissionais e
circuitos que poderiam desaparecer, ou serem fortemente impactados, com a entrada da
tecnologia em questão como, por exemplo, o profissional de mídia, uma vez que o
anunciante poderá, em tese, contratar uma pequena produtora de filmes — ou constituir
a própria, considerando que a demanda de filmes poderá se transformar em uma
demanda quase que cotidiana — e enviar a peça publicitária diretamente para a
emissora.
2 – Metodologia
De modo a testar nossa hipótese, optamos por expor o que seria a Targ.TV,
como funcionaria e quais seriam os seus potenciais para os diferentes públicos
contemplados pelo escopo da pesquisa – neste momento focando nossa discussão sobre
as agências e emissoras – por meio de vídeos e de interfaces que simulavam o
funcionamento real da ferramenta Targ.TV. Para o público, realizamos a coleta dos
dados através de grupos focais, como dito acima. Para as emissoras e agências, os dados
foram obtidos através de uma pesquisa que procurou analisar qual seria a percepção
dessas empresas acerca de uma ferramenta como a Targ.TV, aliada a uma análise de
demanda por tecnologias semelhantes.
Buscamos assim, nesta segunda fase da pesquisa, averiguar a aceitação e a visão
tanto por parte das emissoras, quanto por parte do mercado publicitário (agências) em
11
Em verdade, há um terceiro e extremamente importante personagem em cena, que é o anunciante. No
entanto, ele se encontra, na grande maioria dos casos, em uma posição mediada pelas agências de
publicidade, que dialogam com e vendem as campanhas diretamente às emissoras. Dessa forma,
focou-se justamente nos players que estão nas pontas finais da cadeia: as emissoras e as agências.
relação ao potencial da ferramenta Targ.TV. De modo análogo à pesquisa de recepção
junto ao “público”, procuramos demonstrar o que é e como funcionaria a ferramenta
Targ.TV uma vez implementada dentro da realidade da HDTV, no Brasil. Depois disso
era passado um questionário que avaliava a percepção do profissional da emissora de
TV ou da agência publicitária em relação à ferramenta Targ.TV. O questionário trazia
uma lista de tópicos relacionados, basicamente, aos aspectos de funcionamento e de
valor que a ferramenta agregaria ao mercado publicitário. Cada entrevistado deveria dar
uma pontuação de 0 a 10 a cada um dos itens apresentados.
Foram entrevistados representantes das maiores emissoras de TV brasileiras, tais
como Globo, SBT (Sistema Brasileiro de Televisão) e Band (Rede de TV Bandeirantes)
e de importantes agências de publicidade do Brasil: Script, F/NAZCA, QUÊ
COMUNICAÇÃO, Staff Brasil, NBS e DMAZ/B. A escolha das agências foi definida
pelo conjunto daquelas que, dentro da região Sudeste, se mostraram disponíveis e
interessadas em participar do estudo em questão.
Focamos nossa análise em dois pontos que nos pareceram os mais interessantes
para pensar possíveis alterações das dinâmicas do mercado publicitário, a partir de uma
ferramenta como a Targ.TV, capaz de oferecer um maior número de anunciantes, dentro
de uma mesma grade de programação televisiva. Tais pontos se traduziam, basicamente,
através de duas questões: 1. Como era percebida e recebida a ferramenta Targ.TV, tal
como está desenvolvida atualmente? (O que se traduz, inclusive, na possibilidade de
aquisição da ferramenta pelas emissoras ou agências de publicidade); 2. O que seria a
solução ideal para o produto Targ.TV, ou seja, como a ferramenta deveria ser
idealmente? (O que se traduz como as funções mais apreciadas que a ferramenta deveria
ter.)
Apostamos que sondando as emissoras e as agências através dos dois pontos
acima conseguiríamos ter uma visão acerca dos possíveis impactos do novo modelo de
anúncios televisivos que a Targ.TV ou ferramentas similares poderiam engendrar — em
uma espécie de cauda longa da publicidade — na cadeia de produção da publicidade nas
TVs, que é um dos nossos objetivos específicos com esta pesquisa.
3 – Investigando emissoras de TV e agências publicitárias
Os dados iniciais que obtivemos indicaram uma certa resistência por parte das
agências em acolher a ferramenta Targ.TV ou similares, de imediato, uma vez que isso
soaria, de algum modo, como modificar parte do modelo de negócio no qual atuam. Por
outro lado, curiosamente, as agências ressaltaram se tratar de ferramenta original, com
maior apelo para veicular publicidade de grandes anunciantes de novos modos, tal como
desenvolveremos à frente.
As emissoras, por outro lado, se apresentaram claramente reticentes quanto à
ferramenta, supondo que a ideia de barateamento do valor da exibição do filme publicitário,
ainda que pensado dentro do modelo “cauda-longa”, no qual a escala do número de
anunciantes poderia ser muito maior, não parece, de imediato, um bom negócio.
3.1 – Como é percebida e recebida a ferramenta Targ.TV, tal como está
desenvolvida atualmente, pelas emissoras e agências publicitárias
A seguir apresentamos os dados que podem ser interpretados como as respostas
mais diretas sobre a recepção da ferramenta Targ.TV, tal como está desenvolvida até
agora, de acordo com as informações obtidas junto a cada representante das emissoras e
agências. Destaca-se que entre as emissoras parece ser consensual o fato de que o
direcionamento da propaganda, em seu início, irá atrair mais a atenção dos grandes
anunciantes do que dos pequenos, mas que esse processo talvez não ocorra rapidamente.
Já entre as agências, foi unânime a consideração de que a propaganda
direcionada de acordo com o perfil do telespectador é bastante interessante. Três das
seis agências entrevistadas afirmaram que comprariam tal tecnologia em menos de seis
meses e todas demonstraram grande interesse em conhecer melhor a ferramenta
Targ.TV.
3.1.1 – Emissoras
3.1.1.1 – TV Bandeirantes (Band)
Enxerga a necessidade de tecnologia que permita atrair novos anunciantes
(principalmente pequenos), mas não sabe responder se isso seria de interesse no
momento. Segundo o diretor de novos negócios da empresa "quando você começa a
pulverizar demais a audiência, a segmentar muito, aumenta o seu trabalho de venda. O
modelo comercial é diferente de um Google, por exemplo”. No entanto, ele acredita que
a empresa está disposta a testar novos formatos publicitários ainda inexistentes em um
futuro próximo.
Sobre o grau de importância da propaganda direcionada o entrevistado acredita
que com a segmentação talvez não seja possível obter o mesmo valor que conseguiria
antes (a soma do valor de todos os segmentos pode não compensar). Dessa forma, devese levar em conta também o custo de transação. Por isso acredita que, no início, o uso
mais plausível que a ferramenta Targ.TV ganharia no mercado publicitário seria
considerar a presença de anunciantes de peso personalizando seus anúncios, ao
contrário da ideia dos pequenos anunciantes entrando, efetivamente, neste mercado.
3.1.1.2 – Sistema Brasileiro de Televisão (SBT)
O entrevistado, diretor comercial da emissora, enxerga a necessidade de
tecnologias que permitam atrair novos anunciantes, principalmente os pequenos, para
veicularem campanhas na TV. Mas, de modo análogo ao profissional da TV
Bandeirantes, pondera que no início a tecnologia deve ser direcionada ao grande
anunciante em busca de maior segmentação.
Acredita que a empresa está disposta a testar novos formatos publicitários ainda
inexistentes e considera bastante relevante, para a sua empresa, a propaganda
direcionada de acordo com o perfil do telespectador.
3.1.1.3 – TV Globo
A emissora acredita que a Internet é um bom meio para os pequenos
anunciantes, mas que para TV isso necessitará de um prazo maior de amadurecimento.
Acredita que a empresa estará aberta para novos formatos publicitários ainda
inexistentes, mas não para TV, que é um formato ainda muito rentável e robusto, e sim
para outras plataformas na Internet.
Atualmente a importância atribuída à propaganda direcionada de acordo com o
perfil do telespectador é pequena. Mas acredita que isso cresça. O maior interesse ainda
é o anunciante de peso.
3.1.2 – Agências
Os dados obtidos junto às agências podem ser resumidos coforme mostra a
tabela abaixo.
Tabela 2: Agências e aprovação para comprar sistema como a Targ.TV
Agência
Script
Compraria um sistema que as ajudasse a OBS.:
gerenciar
informações
e
direcionar
propaganda? Se sim, em quanto tempo?
Sim. De 1 a 3 anos.
F/NAZCA
Sim. De 1 a 3 anos.
QUÊ COMUNICAÇÃO
Sim. De 6 meses a 1 ano
STAFF BRASIL
Sim. Em menos de 6 meses.
NBS
Sim. Em menos de 6 meses.
DMAZ/B
Sim. Em menos de 6 meses.
Ressaltou como atributo
importante para o
software:
fazer uma boa análise de
perfil segmentado.
3.2 – Solução ideal de produto (funções mais apreciadas que o produto deveria
apresentar)
3.2.1 – Emissoras
Buscou-se investigar junto aos representantes das emissoras quais características
seriam as mais relevantes na composição de uma solução ideal de produto,
considerando tanto os aspectos já oferecidos pela ferramenta Targ.TV, quanto outros,
que comparecem nas ferramentas abordadas com o estudo benchmarking, apresentado
no início desta pesquisa. Contudo, não obstante o interesse demonstrado por todas as
emissoras quando contatadas inicialmente, apenas o entrevistado do SBT respondeu a
todas as questões relacionadas a este aspecto da nossa investigação12.
Dentre as funções que obtiveram média máxima (10) para esta emissora estão:
segmentação da propaganda de acordo com o perfil do telespectador, segmentação da
propaganda de acordo com a localização geográfica do telespectador e ferramenta para
12
Ao observarmos junto à Peta5 que isso poderia comprometer a generalização dos dados fomos
informados que não seria possível retornar à empresa que fez a pesquisa, solicitando novas entrevistas
com as emissoras, em função dos custos e do tempo disponíveis então.
mensurar o retorno da campanha veiculada e auxiliá-lo no planejamento da seguinte,
conforme mostra a tabela abaixo.
Tabela 3: Avaliação das funções da Targ.TV segundo o SBT
FUNÇÕES
MÉDIA
Segmentação da propaganda de acordo com o perfil do telespectador
10
Segmentação da propaganda de acordo com a localização geográfica do
telespectador
Ferramenta para mensurar o retorno da campanha veiculada e auxiliá-lo no
planejamento da seguinte.
10
10
Sugestão de melhores horários para a veiculação
8
Utilização de aplicativos interativos para TV digital para enriquecer as
campanhas
8
Acesso on-line
8
Utilização de perfis do telespectador em redes sociais para auxílio na criação
de campanhas.
Auxílio na criação de campanhas (edição de vídeos, sugestão de
investimento e canais etc)
Auxílio na criação do vídeo
5
1
1
Como pode se ver, dentre as funções consideradas menos relevantes para o
produto estão o auxílio na criação de campanhas e o auxílio na criação do vídeo,
quesitos que obtiveram nota um.
3.2.2 – Agências
Para as agências a função de segmentar a propaganda de acordo com o perfil do
telespectador é considerada a mais relevante. Em seguida está a capacidade da
ferramenta de mensurar o retorno da campanha veiculada, auxiliando-as no
planejamento da seguinte (nota 10) e logo após a segmentação da propaganda de acordo
com a localização geográfica do telespectador, conforme pode ser visto na tabela
abaixo.
Tabela 4: Avaliação das funções da Targ.TV segundo as agências
FUNÇÕES
Segmentação da propaganda de acordo com o perfil do telespectador
MÉDIA
10
Ferramenta para mensurar o retorno da campanha veiculada e auxiliá-lo no
planejamento da seguinte.
10
Segmentação da propaganda de acordo com a localização geográfica do
telespectador
9,3
Sugestão de melhores horários para a veiculação
9,3
Utilização de perfis do telespectador em redes sociais para auxílio na criação de
campanhas.
9
Utilização de aplicativos interativos para TV digital para enriquecer as campanhas
9
Acesso on-line
9
Auxílio na criação do vídeo
7,6
Auxílio na criação de campanhas (edição de vídeos, sugestão de investimento e
canais etc.)
5,6
Novamente questões quanto à criação do vídeo e da campanha em si não são
vistas como relevantes, o que é óbvio no caso das agências. De modo geral, podemos
dizer que emissoras e agências, aparentemente, teriam basicamente os mesmos
interesses na ferramenta Targ.TV. Uma importante diferença, no entanto, se dá em
relação à função de utilizar perfis dos telespectadores em redes sociais para o auxílio na
criação de campanhas, isto é, de coletar dados dos usuários que permitiriam compor um
perfil detalhado de seus hábitos de consumo. Para as agências esta é uma função
importante (nota 9), mas para o SBT – e essa posição certamente pode ser estendida às
demais emissoras, considerando a mesma natureza do modelo de negócios todas elas não tenha sido considerada tão relevante (nota 5) pelo fato de que a preocupação em
atingir os targets certos com as campanhas não é uma preocupação central das
emissoras, mas sim das agências e dos anunciantes.
4 – Conclusões
Quando analisamos o mercado publicitário, tendo como foco as emissoras de TV
e as agências de publicidade frente a tecnologias de segmentação da publicidade
televisiva, como a Targ.TV e similares, observamos que, de maneira geral, ambos
segmentos do mercado se mostram interessados em conhecer melhor e mesmo, em um
futuro próximo, adquirir a tecnologia como modo de conquistar mais precisão em
relação aos produtos publicitários a oferecer aos seus públicos.
Considerando, contudo, as especificidades do modelo de negócio da publicidade
massiva televisiva, tal como está estruturado, mostra-se pouco atraente investir em
tecnologias que possam significar mudanças nos modos de exibição de linguagens
publicitárias, uma vez que o modelo ainda é muito lucrativo, tal como está estruturado.
Por outro lado, observamos como os hábitos de consumo de mídias se alteram,
com impactos diretos sobre os hábitos de consumo de televisão, o que poderá demandar,
em um futuro não muito distante, novas abordagens em termos de linguagens
publicitárias para que este público possa dedicar a atenção devida aos anunciantes. Será
dentro deste contexto que apostamos que tecnologias como a Targ.TV poderão obter
êxito.
Em relação à possibilidade de uma cauda longa aplicada à publicidade na TV, tal
como descrito acima, verificamos que isso é pouco factível nos próximos anos,
exatamente pelos mesmos motivos descritos acima. É clara a posição unânime que há
entre emissoras de TV e agências de publicidade afirmando que seria mais trabalhoso e,
ao menos em um primeiro momento, menos rentável do que o modelo atual, a adoção
de uma dinâmica de exibição de comerciais nas TVs, tal como possibilitado pela
tecnologia Targ.TV e similares.
Em contrapartida, particularmente as agências apostam que estes modelos de
tecnologias poderiam servir aos grandes anunciantes que quisesse realizar experimentos
quando aos seus diferentes públicos consumidores. Ou seja, a tecnologia Targ.TV
poderia entrar como um diferencial para grandes anunciantes, mas ainda dentro do
modelo broadcasting de exibição de anúncios na TV.
Ao final de nossas pesquisas, podemos dizer, em resumo, que embora as
dinâmicas de consumo de mídias, particularmente aquelas relacionadas a um público
mais jovem, apontem para uma profunda transformação em marcha, onde a televisão
perde o lugar central de fonte de entretenimento e de informação, a forma como o
modelo publicitário está estruturado nas televisões brasileiras ainda se mostra
extremamente lucrativo, o que não estimula mudanças. Neste sentido, uma ferramenta
como a Targ.TV se mostra pouco interessante se pensada dentro da sua proposta inicial
– permitir a estruturação de um modelos de cauda longa para a publicidade na TV -,
mas, passível de utilização se pensada como um instrumento para a proposição de novas
linguagens publicitárias, como no exemplo dos grandes anunciantes querendo
apresentar variações nas suas mensagens para seus diferentes públicos.
É possível, ainda, que outras dimensões da tecnologia, como aquelas que
apostam em aplicativos que colaboram para a social TV, dentre outras, se mostrem
compatíveis e mesmo interessantes para todo o conjunto de transformações nos hábitos
de consumo de mídias na contemporaneidade. Os próximos movimentos da cultura
mostrarão. Seja como for, apostamos na validade de acolher, dentro dos espaços
universitários e científicos, propostas de estudos como a que aqui realizamos com a
Peta5, em torno da Targ.TV, como de manter os espaços acadêmicos como aqueles
capazes de pensar o futuro, sem a obrigatoriedade de gerar lucros imediatos, mas,
antecipar mudanças, confirmar tendências, antecipar transformações. Esperamos ter
contribuído com os nossos estudos nessa direção.
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