Congresso Nacional dos Farmscêuticos’2015
“Mais Saúde: O Nosso Compromisso de Sempre”
= Sessão Solene de Encerramento=
Centro de Congressos de Lisboa, 31 de Outubro de 2015
Discurso do Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos Carlos Maurício Barbosa
[Protocolo]
Senhoras e Senhores Convidados
Gostaria de começar por agradecer a presença de V.Exas nesta Sessão Solene.
Apresento a V.Exas os meus cumprimentos de muito apreço e da mais elevada
consideração.
I
Caras e Caros Colegas Farmacêuticos
Procedemos agora ao encerramento desta nossa grande jornada de trabalho.
Permitam-me que as minhas primeiras palavras sejam para os farmacêuticos
portugueses e para os estudantes de Ciências Farmacêuticas.
Para, em nome da Ordem, os saudar e lhes agradecer a participação activa neste
que foi o nosso Congresso – o Congresso da Profissão Farmacêutica Portuguesa.
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A presença e a participação activa de cerca de 1500 participantes muito
enriqueceu o congresso e valorizou a reflexão que realizamos durante estes 3
dias.
Também gostaria de me referir, de modo especial, à presença do Senhor Ministro
da Saúde na Abertura do Congresso, presidindo à Sessão Solene, o que muito
honrou e sensibilizou a Ordem dos Farmacêuticos e os farmacêuticos
portugueses.
Simboliza, como referi na altura, um espírito de abertura e cooperação da parte
do Ministério da Saúde para com a Ordem dos Farmacêuticos, igualmente de
consideração, que muito me apraz registar.
Cumprimento os Senhores Deputados aqui presentes e realço a elevada
importância do Poder Legislativo para a prossecução dos fins e missão da Ordem
dos Farmacêuticos, em prol da saúde dos portugueses.
Cumprimento os Representantes dos partidos políticos, que nos honram
com a sua presença.
Cumprimento, com especial estima, os Senhores Bastonários que me
precederam, a quem a Ordem muito deve e a quem presto a minha mais viva
homenagem.
Cumprimento os Senhores Bastonários e Representantes das outras
Ordens, os senhores representantes das Autoridades, das Universidades, das
Faculdades de Farmácia, das associações sectoriais farmacêuticas, do Sindicato
Nacional dos Farmacêuticos e de outras organizações aqui presentes.
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Cumprimento os Colegas farmacêuticos a quem a Direcção Nacional da Ordem
dos Farmacêuticos decidiu atribuir a M edalha de Ouro da Ordem dos
Farm acêuticos , que é o mais elevado grau de reconhecimento e distinção
concedido pela Ordem dos Farmacêuticos.
Senhor Prof. Doutor José Guimarães Morais,
a acção extraordinária de V.Exa, com particular destaque e reconhecido mérito
na valorização e progresso das Ciências Farmacêuticas e na defesa da Saúde
Pública,
a grande dedicação de V.Exa ao ensino da Farmácia e à investigação científica
na FFUL,
a grande dedicação de V.Exa à profissão farmacêutica,
o elevado mérito amplamente reconhecido e o extraordinário contributo para a
valorização da actividade farmacêutica em Portugal e para o prestígio da Ordem
dos Farmacêuticos constituem referências e exemplos para todos nós e, em
particular, para os mais jovens.
Em nome dos farmacêuticos portugueses, presto a V.Exª a minha respeitosa
homenagem por tudo o que fez e continua a fazer pela profissão.
Senhor Dr. João Cordeiro,
Em nome dos farmacêuticos portugueses, presto a V.Exa a minha respeitosa
homenagem e manifesto o meu enorme apreço pela obra de V.Exª enquanto
fundador da Associação Nacional das Farmácias e seu presidente durante mais
de três décadas, em que muito prestigiou a profissão farmacêutica.
Indubitavelmente,
V.Exª
muito
contribuiu
para
a
modernização
e
desenvolvimento da farmácia comunitária portuguesa, o que muito prestigia o
3
País e a profissão, contribuindo, de modo decisivo, para que hoje a farmácia
portuguesa seja hoje um verdadeiro exemplo, a nível europeu e mundial.
A grande dedicação de V.Exa à profissão farmacêutica, o elevado mérito
amplamente reconhecido e o extraordinário contributo para a valorização da
actividade farmacêutica constituem referências e exemplos para todos nós e, em
particular, para os mais jovens.
Em nome dos farmacêuticos portugueses, presto a V.Exa a minha respeitosa
homenagem por tudo o que fez e continua a fazer pela profissão.
Senhor Professor José Morais,
Senhor Dr. João Cordeira,
Para V.Exas, esta é mais uma de muitas homenagens, que, muito justamente,
têm recebido.
Para nós, é uma enorme honra poder homenagear V.Exas.
Cumprimento também as mui nobres Instituições a quem a Direcção Nacional da
Ordem dos Farmacêuticos decidiu atribuir a M edalha de Honra da Ordem dos
Farm acêuticos , que será igualmente entregue amanhã na Sessão Solene de
Encerramento do Congresso.
Senhor Coronel Farmacêutico Pet Mazarello, distinto Director do Laboratório
Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos, na pessoa de V.Exª presto a
homenagem dos farmacêuticos portugueses à nobre instituição que V.Exª dirige
e que tanto tem feito por Portugal e pelos portugueses e muito tem prestigiado
a profissão farmacêutica.
Faço votos para, também no futuro, o País possa continuar a contar com os
farmacêuticos militares portugueses e muito especialmente com o importante
papel que o Laboratório Militar pode e deve desempenhar.
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Senhora Drª Carmen Peña, distinta Presidente da Federação Internacional
Farmacêutica, em nome dos farmacêuticos portugueses presto, na pessoa de
V.Exª, a minha respeitosa homenagem à nobre instituição presidida que V.Exª
superiormente preside e que, há mais de 100 anos, promove e potencia a
profissão farmacêutica em todo o Mundo, integrando no seu seio mais de 130
países.
Senhora Presidente, V.Exª e a FIP poderão sempre contar comigo e com a Ordem
dos Farmacêuticos de Portugal.
Identificamo-nos plenamente com as ideias que tem para a profissão
farmacêutica e com as novas ideias que trouxe para a FIP e que ontem trouxe
ao nosso Congresso.
II
Encerramos agora o Congresso Nacional dos Farmacêuticos’2015.
Seguramente, foi um acontecimento de elevado valor institucional e profissional.
“Mais Saúde: O Nosso Compromisso de Sempre” – foi a temática central do
nosso Congresso.
Quisemos debater questões que consideramos essenciais, como referi na Sessão
de Abertura, a responsabilidade dos farmacêuticos nos campos da saúde dos
portugueses, os méritos da intervenção do farmacêutico no sistema de saúde, a
capacidade e a efectividade da intervenção farmacêutica, os decorrentes ganhos
em saúde, os custos e os benefícios sociais da intervenção do farmacêutico ou,
em certos casos, os custos da omissão da intervenção farmacêutica por força de
regimes a nosso ver inadequados.
Neste domínio, importa ter em atenção um estudo muito recente de Pita Barros
e colaboradores, realizado a pedido do Ministério da Saúde, que demonstrou que
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os portugueses recorrem cada vez mais aos farmacêuticos em situação de
doença.
Reconhecidamente, o Congresso constituiu um momento de especial importância
para os farmacêuticos das diferentes áreas profissionais e igualmente, estou
certo, para a sociedade e a economia.
A presença e participação activa de cerca de 1500 participantes muito enriqueceu
o Congresso da profissão farmacêutica portuguesa e muito valorizou a reflexão
sobre o sistema de saúde português e a relevância da intervenção profissional
dos mais de 14 mil farmacêuticos portugueses, ao serviço dos doentes e dos
cidadãos em geral.
Gostaria de realçar a participação de colegas de Angola, Brasil, Espanha, Cabo
Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe, que muito nos honraram com a sua
presença.
E gostaria também de me referir, de modo especial, à participação de centenas
de estudantes de Ciências Farmacêuticas vindos de todo o País, que, de forma
verdadeiramente extraordinária, aderiram às iniciativas da Ordem.
O interesse e a motivação com que participaram nas diferentes sessões e o
inestimável apoio que muitos deram à organização contribuíram marcadamente
para o sucesso do Congresso.
Estou certo de que este também constituiu para os estudantes, futuros
farmacêuticos, um momento inesquecível de contacto com a profissão, com as
grandes interpelações que hoje se nos colocam e com os grandes desafios que
temos pela frente.
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Pelo tema do Congresso que é, em si mesmo, fecundíssimo e foi larga e
profundamente tratado, pelo grau de participação dos congressistas, pelas
distintas personalidades que nos honraram com a sua presença e pelos brilhantes
conferencistas e moderadores que muito enriqueceram as sessões, não tenho
dúvidas em dizer que o Congresso foi um momento da vida da Ordem muito bem
conseguido – agradeço a todos quantos trabalharam para que este assinalável
desempenho tivesse sido possível.
Na pessoa de Sua Excelência o Senhor Presidente da República, cuja Casa Civil é
aqui representada pela Senhora Drª Clara Carneiro, gostaria de agradecer a todas
as distintíssimas Autoridades que aceitaram integrar a Comissão de Honra que
muito prestigiou o Congresso dos Farmacêuticos Portugueses.
Na pessoa do Senhor Presidente da Comissão Científica, Prof. Doutor Carvalho
Guerra, agradeço a todos os Colegas que aceitaram integrar as diferentes
Comissões e Grupos de Trabalho.
Na pessoa do Secretário Geral da OF, Dr Bruno Macedo, agradeço, em nome da
Ordem, dos farmacêuticos portugueses e também em meu nome pessoal, a toda
a Equipa a dedicação e o profissionalismo, e o seu decisivo contributo para o
sucesso deste grande evento da profissão.
Dúvidas não tenho em dizer que resultaram do Congresso ideias e contributos
que poderão revestir-se de particular significado para um debate essencial que a
profissão farmacêutica precisa de fazer, deve renovadamente fazer, sobretudo
nas actuais circunstâncias.
O Congresso permitiu abrir pistas para perspectivarmos novas soluções e novos
caminhos para a profissão farmacêutica, o sector farmacêutico e o sistema de
saúde português.
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Durante dois dias tivemos excelentes sessões plenárias dedicadas às questões
éticas relacionadas com o medicamento; ao acto farmacêutico na sociedade e ao
compromisso dos farmacêuticos com a saúde dos portugueses; ao papel do
farmacêutico face aos desafios da sociedade, em particular na promoção da
saúde e prevenção da doença e no contexto do envelhecimento da população;
ao modelo de competências farmacêuticas a implementar pela Ordem dos
Farmacêuticos e ainda à política de saúde em geral e do medicamento em
particular.
Tivemos também dez sessões paralelas, específicas de cada área profissional,
que espelham realidades de diversidade e multivalência e decorreram com
grande sucesso.
E tivemos ainda sessões de posters correspondentes a trabalhos notáveis
apresentados pelos congressistas.
Antecedendo o Congresso, realizamos o Simpósio “Presente e Futuro da Profissão
Farmacêutica na Europa“.
Foi, sem dúvida, uma muito útil e profícua reflexão sobre os desafios e tendências
futuras da profissão, quer no sector da Farmácia e do Medicamento, quer no
sector das Análises Clínicas, em Portugal e na Europa.
E constituiu um importantíssimo espaço de partilha de experiências profissionais
entre portugueses e outros europeus, especialistas em cada uma das áreas.
À margem do Congresso, no dia 28, tivemos o grato prazer de acolher em
Portugal a Assembleia Geral da Associação dos Farmacêuticos dos Países de
Língua Portuguesa, presidida pelo nosso Colega do Brasil Valmir de Santi, na qual
participaram as Delegações de Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique e
Portugal.
Este foi também um grande momento de partilha e de reflexão conjunta sobre o
associativismo e a actividade farmacêutica em cada um dos nossos países que
estão unidos pelo grande património que é a Língua Portuguesa, tendo permitido
perspectivar novos projectos e novas acções para o curto prazo.
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Gostaria ainda de registar a magnífica exposição fotográfica, patente durante os
3 dias em que decorreram os eventos, alusiva ao Projecto de Promoção e
Educação para a Saúde nas Escolas, que intitulamos “Geração Saudável”.
Desde o seu planeamento em 2010, pela Direcção da então denominada Secção
Regional de Lisboa da Ordem dos Farmacêuticos (actualmente Secção Regional
do Sul e Regiões Autónomas), até aos dias de hoje, o Projecto “Geração
Saudável” da Ordem dos Farmacêuticos já esteve em 176 escolas do 2º e do 3º
ciclo do ensino básico (escolas estas que são maioritariamente identificadas pela
Direcção Geral de Educação e, em muitos casos, são as próprias escolas que
solicitam directamente á OF a presença da Geração Saudável).
E já envolveu mais de 35 000 alunos do 2º e 3º ciclo do ensino básico e mais de
1500 professores.
Gostaria de salientar o relevante facto de, em 2014, o Projecto “Geração
Saudável” ter recebido o Alto Patrocínio de Sua Excelência o Senhor Presidente
da República, o que muitos nos honra.
E gostaria, por fim, de me referir à Feira do Farmacêuticos, que se realizou em
simultâneo com o Congresso Nacional dos Farmacêuticos’2015 e foi uma
demonstração de vitalidade dos operadores do sector farmacêutico, os quais,
apesar das adversidades, se mantêm activos e comprometidos em colaborar no
processo de reconstrução da economia nacional.
III
Realizámos o Congresso Nacional dos Farmacêuticos’2015 num clima de alguma
incerteza política.
Todos nós desejamos que esta fase seja rapidamente superada.
Como disse na Sessão de Abertura, a estabilidade política constitui um valor
supremo, em especial nas actuais circunstâncias.
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Neste momento, de início de legislatura, importa olhar em frente e, desde já,
perspectivar o futuro.
Não esquecendo, porém, a experiência passada.
Mas o início da legislatura deverá suscitar a todos nós (e aos políticos também)
uma abordagem estrutural do Sistema de Saúde.
Na verdadeira acepção reformista e equilibrada do conceito “estrutural”.
Como ouvimos da parte do distinto conferencista, Dr. Luis Filipe Pereira, que nos
honrou com uma magnífica conferência, o País necessita de uma profunda
reforma ao nível do modelo de organização e funcionamento do Sistema de
Saúde, em que, de forma mais efectiva, seja promovida a saúde e prevenida a
doença e em que a integração na prestação dos cuidados seja uma realidade.
Revemo-nos, em pleno, nesta visão do Senhor Dr. Luís Filipe Pereira.
As palavras proferidas ontem, nesta sala, pelo Senhor Ministro da Saúde deixamnos optimistas e justificam que os farmacêuticos portugueses e a sua Ordem
saiam deste Congresso com as mais elevadas expectativas.
Temos pois razões para sairmos do nosso Congresso mais motivados e
confiantes.
IV
Como foi reiteradamente afirmado durante o Congresso, não obstante a
qualificação e a capacidade técnica e científica dos farmacêuticos e não obstante
a intervenção dos farmacêuticos junto da sociedade aportar significativo valor,
quer social, quer económico, e muito contribuir para o progresso do País e para
o bem-estar dos cidadãos,
não obstante tudo isso, dizia, o facto é que todo esse valioso e intangível capital
profissional dos farmacêuticos é muito superior à utilização efectiva que a
sociedade dele faz.
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E muito especialmente, à utilização efectiva de que o sistema de saúde necessita.
É uma subutilização que deriva de diversas ordens de razões, como o
enquadramento legal e a vontade política, que se impõe rever e alterar.
De outro modo, o País persistirá num desperdício social, que assume especial
importância precisamente se tivermos em conta o actual contexto económico e
social.
Importa, pois, continuar a apostar e investir no reforço das competências legais
do farmacêutico e no alargamento da sua intervenção no sistema de saúde, em
benefício dos cidadãos.
A Ordem prosseguirá nessa senda, sempre com a devida salvaguarda dos
deveres deontológicos dos farmacêuticos.
V
Outro assunto sobre o qual gostaria de me pronunciar refere-se à nova Carteira
Profissional dos farmacêuticos, que muitos já receberam durante o Congresso e
os outros receberão nas suas casas muito em breve.
A modernização da Ordem dos Farmacêuticos constitui um desafio permanente
da Direcção Nacional.
Temos
procurado
acompanhar
e
incorporar
a
evolução
tecnológica,
implementando soluções que permitam aproveitar todo o potencial das novas
tecnologias de informação e comunicação, de modo a colocá-las ao serviço da
Ordem e dos seus membros.
A nova Carteira Profissional traduz o esforço da Ordem para acompanhar as mais
recentes tendências em termos organizacionais, facilitando procedimentos e
automatizando processos.
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Mantendo as principais características da anterior, a nova Carteira Profissional
passa a incorporar outras valências, que se revestem de grande importância para
os farmacêuticos portugueses poderem corresponder cada vez mais e melhor aos
desafios futuros.
Pela primeira vez, a Carteira Profissional dos farmacêuticos passa a integrar um
chip – o que a torna um “cartão inteligente”.
Passa assim a ser susceptível armazenar dados na Carteira Profissional e a
permitir o seu acesso em segurança.
A Carteira Profissional passa também a ser susceptível de ser usada como
mecanismo seguro de criação de assinatura electrónica qualificada e de
autenticação em múltiplos canais de interacção, entre outras funcionalidades.
Saliento, em particular, o facto de o novo cartão poder acolher a assinatura digital
do seu titular, devidamente qualificada através de um certificado digital
qualificado.
Trata-se, sem dúvida, de uma importante ferramenta num sector cada vez mais
tecnológico, em que a segurança é fundamental.
Reconhecidamente, há uma tendência cada vez mais generalizada para a
utilização das tecnologias de informação e comunicação no sector da saúde,
sendo já um facto a prescrição electrónica de medicamentos e meios
complementares de diagnóstico e terapêutica, em que a desmaterialização
começa a ser uma realidade.
No futuro, este ambiente electrónico, baseado na plena desmaterialização dos
processos, tenderá, como aliás já vem pontualmente acontecendo, a alargar-se
à dispensa de medicamentos na Farmácia Comunitária, à recepção de requisições
nas Análises Clínicas e à respectiva transmissão dos resultados laboratoriais, à
validação da prescrição e à dispensa de medicamentos na Farmácia Hospitalar,
etc.
É um caminho imparável, que, nos últimos tempos, tem vindo a ser percorrido a
grande velocidade, sendo por isso expectável que, muito em breve, também os
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farmacêuticos, no exercício da sua actividade, sejam chamados a autenticar-se,
através da sua Carteira Profissional, perante os sistemas informáticos da saúde.
Importa referir que, fruto do acordo que assinámos em 2014 com os Serviços
Partilhados do Ministério da Saúde e do muito profícuo trabalho conjunto que
desde aí temos vindo a desenvolver, os farmacêuticos vão poder registar-se,
usando a sua Carteira Profissional, no Portal dos Profissionais da Saúde, que
integra a Plataforma de Dados da Saúde.
Deste modo, entre outras funcionalidades, os farmacêuticos que interagem
directamente com os cidadãos poderão, mediante autorização destes, aceder ao
Resumo Clínico do Utente e assim, no pleno cumprimento da lei e da deontologia
farmacêutica, acrescentar mais valor ao serviço diferenciado que disponibilizam
aos seus doentes.
Fruto desta importante colaboração, que continuaremos a aprofundar, os
farmacêuticos passarão a beneficiar de todas as vantagens decorrentes da
comunicação e acesso aos sistemas de informação do Ministério da Saúde.
E, por conseguinte, passarão a poder exercer a profissão de forma mais centrada
nos seus utentes, promovendo maiores ganhos em saúde e contribuindo cada
vez mais e melhor para a eficiência do sistema de saúde.
No futuro, outras áreas da profissão poderão beneficiar da nova Carteira
Profissional com assinatura digital qualificada.
Refiro, a título de exemplo, actos como a libertação electrónica de lotes de
medicamentos e outras acções relevantes na indústria farmacêutica, a submissão
de pedidos de AIM e das suas alterações às autoridades regulamentares, a
submissão de propostas em concursos hospitalares e, de um modo geral, todos
os actos que impliquem a assunção de responsabilidades técnicas por parte do
farmacêutico, quer no sector do medicamento, quer no sector analítico.
Estou convicto de que, através da nova Carteira Profissional, estamos a dotar a
profissão de uma importante ferramenta voltada para o futuro e aberta à
evolução.
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Veria pois com muito apreço se todos os membros da Ordem passassem a ser,
tão cedo quanto possível, titulares da respectiva Carteira Profissional provida de
assinatura digital qualificada.
VI
Não gostaria de deixar de me referir ao novo Estatuto da Ordem dos
Farmacêuticos, recentemente aprovado pela Assembleia da República, já
publicado em Diário da Republica e plenamente em vigor.
Culmina assim o processo iniciado com a publicação, em 2013, da lei-quadro das
Associações
Públicas
Profissionais,
em
decorrência
do
Memorando
de
Entendimento entre o Estado português e a troika.
A profissão farmacêutica é, por imperativo de tutela do interesse público
prosseguido, reconhecida pelo Estado como uma profissão sujeita a autoregulação.
E a Ordem dos Farmacêuticos é a instituição que, nesse âmbito e à luz da Lei,
representa os farmacêuticos portugueses e regula o seu exercício profissional nas
diversas valências, dispondo para tal de poderes delegados pelo Estado.
O novo Estatuto não renega a matriz essencial do anterior, evolui e está em
conformidade com o regime jurídico actual das Associações Públicas Profissionais.
Importa realçar que a lei-quadro veio implicar, objectivamente, em certa medida,
uma nova partilha de autonomia institucional por parte das Ordens Profissionais,
tendo instituído uma forma especial de enquadramento pelo Governo, já que
passou a existir uma tutela de legalidade por parte de um membro do Governo
– o Ministro da Saúde, no caso das Ordens da Saúde –, que comporta poderes
de homologação de alguns regulamentos.
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Trata-se de um modelo de convivência institucional, digamos, espaçado e
intermitente, a que, estou certo, as Ordens saberão adaptar-se.
E, visto de um outro ângulo, vindo acarretar, como vem, uma outra qualidade de
co-responsabilização do Governo, o novo modelo poderá vir a revelar-se uma
mudança de contornos construtivos, se todas as partes tiverem dele o
entendimento positivo que pode e deve ser assumido.
A natureza e as funções públicas da Ordem dos Farmacêuticos, enquanto
Associação Pública em quem o Estado confia e a quem transfere poderes
públicos, constituem a principal razão de ser da nossa instituição.
A Ordem dos Farmacêuticos é um importante garante da qualidade da assistência
farmacêutica prestada à população portuguesa, esteja o farmacêutico em
contacto directo ou indirecto com as pessoas.
Conscientes da missão estatutária da Ordem dos Farmacêuticos e da
indispensabilidade das suas relações com o Estado, continuaremos a defender as
posições da Ordem relativamente às linhas gerais e concretas da política de saúde
e às medidas mais específicas do sector farmacêutico, sempre com o objectivo
de salvaguardar, de forma efectiva, a saúde pública e os superiores interesses
da população, bem como os valores profissionais dos farmacêuticos.
Este, e não qualquer outro, é, seguramente, o papel que o País espera de todos
nós.
E este é, também, o nosso entendimento da missão e dos fins a prosseguir pela
Ordem dos Farmacêuticos, com o objectivo primordial de valorizar e prestigiar os
farmacêuticos portugueses e promover a excelência da intervenção farmacêutica
ao serviço do País e dos cidadãos.
VIII
Perdoar-me-ão se vou entrar em algo mais pessoal.
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Não sei se deveria ser eu a dizê-lo, talvez não devesse, talvez possa soar a
imodéstia, talvez pareça juízo em causa própria, talvez pudesse ficar
simplesmente por dizer.
Talvez.
Mas preferi dizê-lo.
E o momento é este.
Julgo que tenho consciência suficientemente clara do que pensava fazer e do que
realmente fiz ao longo dos seis anos que levo de bastonário, no sentido de iniciar
e consolidar uma nova etapa na vida da Ordem.
Uma nova fase com força e expressão bastantes para se fazer sentir no seio da
classe farmacêutica e para a Ordem se fazer ouvir e respeitar a nível das relações
institucionais, em particular com os poderes políticos e titulares de órgãos de
soberania.
Em dado momento, tive necessidade de assumir e declarar o firme desígnio de
retomar e fazer valer uma história de prestígio e de repor, em plenitude, o
cumprimento da missão estatutária da Ordem, em prol dos farmacêuticos e da
saúde.
Estas são palavras que usei há anos e, se as cito, é porque penso que elas não
foram palavras vãs.
Das palavras, a Ordem passou aos actos e factos.
Suponho que posso afirmá-lo, a Ordem dos Farmacêuticos é hoje, mais do que
há seis anos, uma organização forte, coesa e representativa.
E virada para o futuro e o progresso da nossa profissão.
Virada para as grandes questões nacionais da saúde e da profissão e para o
desenvolvimento económico e social do País.
Uma instituição em que, cada vez mais, os seus membros se revêem.
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O trabalho realizado nestes dois mandatos não é só obra, claro que não é, do
bastonário da Ordem dos Farmacêuticos.
Sempre estive acompanhado pela Direcção Nacional e pelos demais órgãos da
Ordem e sempre pude contar com a dedicação de uma excelente equipa de
colaboradores permanentes da Ordem.
E, ponto essencial, sei que os Farmacêuticos portugueses acreditaram no que
estávamos a fazer.
Gostaria de terminar agradecendo a todos a confiança que em mim depositaram
e a colaboração que sempre me dispensaram.
Um grande muito obrigado!
Foi para mim, uma enorme honra poder servir a profissão.
Desejo a todos um bom regresso a casa.
Muito obrigado.
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Discurso do Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos na Sessão