Congresso Nacional dos Farmscêuticos’2015 “Mais Saúde: O Nosso Compromisso de Sempre” = Sessão Solene de Encerramento= Centro de Congressos de Lisboa, 31 de Outubro de 2015 Discurso do Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos Carlos Maurício Barbosa [Protocolo] Senhoras e Senhores Convidados Gostaria de começar por agradecer a presença de V.Exas nesta Sessão Solene. Apresento a V.Exas os meus cumprimentos de muito apreço e da mais elevada consideração. I Caras e Caros Colegas Farmacêuticos Procedemos agora ao encerramento desta nossa grande jornada de trabalho. Permitam-me que as minhas primeiras palavras sejam para os farmacêuticos portugueses e para os estudantes de Ciências Farmacêuticas. Para, em nome da Ordem, os saudar e lhes agradecer a participação activa neste que foi o nosso Congresso – o Congresso da Profissão Farmacêutica Portuguesa. 1 A presença e a participação activa de cerca de 1500 participantes muito enriqueceu o congresso e valorizou a reflexão que realizamos durante estes 3 dias. Também gostaria de me referir, de modo especial, à presença do Senhor Ministro da Saúde na Abertura do Congresso, presidindo à Sessão Solene, o que muito honrou e sensibilizou a Ordem dos Farmacêuticos e os farmacêuticos portugueses. Simboliza, como referi na altura, um espírito de abertura e cooperação da parte do Ministério da Saúde para com a Ordem dos Farmacêuticos, igualmente de consideração, que muito me apraz registar. Cumprimento os Senhores Deputados aqui presentes e realço a elevada importância do Poder Legislativo para a prossecução dos fins e missão da Ordem dos Farmacêuticos, em prol da saúde dos portugueses. Cumprimento os Representantes dos partidos políticos, que nos honram com a sua presença. Cumprimento, com especial estima, os Senhores Bastonários que me precederam, a quem a Ordem muito deve e a quem presto a minha mais viva homenagem. Cumprimento os Senhores Bastonários e Representantes das outras Ordens, os senhores representantes das Autoridades, das Universidades, das Faculdades de Farmácia, das associações sectoriais farmacêuticas, do Sindicato Nacional dos Farmacêuticos e de outras organizações aqui presentes. 2 Cumprimento os Colegas farmacêuticos a quem a Direcção Nacional da Ordem dos Farmacêuticos decidiu atribuir a M edalha de Ouro da Ordem dos Farm acêuticos , que é o mais elevado grau de reconhecimento e distinção concedido pela Ordem dos Farmacêuticos. Senhor Prof. Doutor José Guimarães Morais, a acção extraordinária de V.Exa, com particular destaque e reconhecido mérito na valorização e progresso das Ciências Farmacêuticas e na defesa da Saúde Pública, a grande dedicação de V.Exa ao ensino da Farmácia e à investigação científica na FFUL, a grande dedicação de V.Exa à profissão farmacêutica, o elevado mérito amplamente reconhecido e o extraordinário contributo para a valorização da actividade farmacêutica em Portugal e para o prestígio da Ordem dos Farmacêuticos constituem referências e exemplos para todos nós e, em particular, para os mais jovens. Em nome dos farmacêuticos portugueses, presto a V.Exª a minha respeitosa homenagem por tudo o que fez e continua a fazer pela profissão. Senhor Dr. João Cordeiro, Em nome dos farmacêuticos portugueses, presto a V.Exa a minha respeitosa homenagem e manifesto o meu enorme apreço pela obra de V.Exª enquanto fundador da Associação Nacional das Farmácias e seu presidente durante mais de três décadas, em que muito prestigiou a profissão farmacêutica. Indubitavelmente, V.Exª muito contribuiu para a modernização e desenvolvimento da farmácia comunitária portuguesa, o que muito prestigia o 3 País e a profissão, contribuindo, de modo decisivo, para que hoje a farmácia portuguesa seja hoje um verdadeiro exemplo, a nível europeu e mundial. A grande dedicação de V.Exa à profissão farmacêutica, o elevado mérito amplamente reconhecido e o extraordinário contributo para a valorização da actividade farmacêutica constituem referências e exemplos para todos nós e, em particular, para os mais jovens. Em nome dos farmacêuticos portugueses, presto a V.Exa a minha respeitosa homenagem por tudo o que fez e continua a fazer pela profissão. Senhor Professor José Morais, Senhor Dr. João Cordeira, Para V.Exas, esta é mais uma de muitas homenagens, que, muito justamente, têm recebido. Para nós, é uma enorme honra poder homenagear V.Exas. Cumprimento também as mui nobres Instituições a quem a Direcção Nacional da Ordem dos Farmacêuticos decidiu atribuir a M edalha de Honra da Ordem dos Farm acêuticos , que será igualmente entregue amanhã na Sessão Solene de Encerramento do Congresso. Senhor Coronel Farmacêutico Pet Mazarello, distinto Director do Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos, na pessoa de V.Exª presto a homenagem dos farmacêuticos portugueses à nobre instituição que V.Exª dirige e que tanto tem feito por Portugal e pelos portugueses e muito tem prestigiado a profissão farmacêutica. Faço votos para, também no futuro, o País possa continuar a contar com os farmacêuticos militares portugueses e muito especialmente com o importante papel que o Laboratório Militar pode e deve desempenhar. 4 Senhora Drª Carmen Peña, distinta Presidente da Federação Internacional Farmacêutica, em nome dos farmacêuticos portugueses presto, na pessoa de V.Exª, a minha respeitosa homenagem à nobre instituição presidida que V.Exª superiormente preside e que, há mais de 100 anos, promove e potencia a profissão farmacêutica em todo o Mundo, integrando no seu seio mais de 130 países. Senhora Presidente, V.Exª e a FIP poderão sempre contar comigo e com a Ordem dos Farmacêuticos de Portugal. Identificamo-nos plenamente com as ideias que tem para a profissão farmacêutica e com as novas ideias que trouxe para a FIP e que ontem trouxe ao nosso Congresso. II Encerramos agora o Congresso Nacional dos Farmacêuticos’2015. Seguramente, foi um acontecimento de elevado valor institucional e profissional. “Mais Saúde: O Nosso Compromisso de Sempre” – foi a temática central do nosso Congresso. Quisemos debater questões que consideramos essenciais, como referi na Sessão de Abertura, a responsabilidade dos farmacêuticos nos campos da saúde dos portugueses, os méritos da intervenção do farmacêutico no sistema de saúde, a capacidade e a efectividade da intervenção farmacêutica, os decorrentes ganhos em saúde, os custos e os benefícios sociais da intervenção do farmacêutico ou, em certos casos, os custos da omissão da intervenção farmacêutica por força de regimes a nosso ver inadequados. Neste domínio, importa ter em atenção um estudo muito recente de Pita Barros e colaboradores, realizado a pedido do Ministério da Saúde, que demonstrou que 5 os portugueses recorrem cada vez mais aos farmacêuticos em situação de doença. Reconhecidamente, o Congresso constituiu um momento de especial importância para os farmacêuticos das diferentes áreas profissionais e igualmente, estou certo, para a sociedade e a economia. A presença e participação activa de cerca de 1500 participantes muito enriqueceu o Congresso da profissão farmacêutica portuguesa e muito valorizou a reflexão sobre o sistema de saúde português e a relevância da intervenção profissional dos mais de 14 mil farmacêuticos portugueses, ao serviço dos doentes e dos cidadãos em geral. Gostaria de realçar a participação de colegas de Angola, Brasil, Espanha, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe, que muito nos honraram com a sua presença. E gostaria também de me referir, de modo especial, à participação de centenas de estudantes de Ciências Farmacêuticas vindos de todo o País, que, de forma verdadeiramente extraordinária, aderiram às iniciativas da Ordem. O interesse e a motivação com que participaram nas diferentes sessões e o inestimável apoio que muitos deram à organização contribuíram marcadamente para o sucesso do Congresso. Estou certo de que este também constituiu para os estudantes, futuros farmacêuticos, um momento inesquecível de contacto com a profissão, com as grandes interpelações que hoje se nos colocam e com os grandes desafios que temos pela frente. 6 Pelo tema do Congresso que é, em si mesmo, fecundíssimo e foi larga e profundamente tratado, pelo grau de participação dos congressistas, pelas distintas personalidades que nos honraram com a sua presença e pelos brilhantes conferencistas e moderadores que muito enriqueceram as sessões, não tenho dúvidas em dizer que o Congresso foi um momento da vida da Ordem muito bem conseguido – agradeço a todos quantos trabalharam para que este assinalável desempenho tivesse sido possível. Na pessoa de Sua Excelência o Senhor Presidente da República, cuja Casa Civil é aqui representada pela Senhora Drª Clara Carneiro, gostaria de agradecer a todas as distintíssimas Autoridades que aceitaram integrar a Comissão de Honra que muito prestigiou o Congresso dos Farmacêuticos Portugueses. Na pessoa do Senhor Presidente da Comissão Científica, Prof. Doutor Carvalho Guerra, agradeço a todos os Colegas que aceitaram integrar as diferentes Comissões e Grupos de Trabalho. Na pessoa do Secretário Geral da OF, Dr Bruno Macedo, agradeço, em nome da Ordem, dos farmacêuticos portugueses e também em meu nome pessoal, a toda a Equipa a dedicação e o profissionalismo, e o seu decisivo contributo para o sucesso deste grande evento da profissão. Dúvidas não tenho em dizer que resultaram do Congresso ideias e contributos que poderão revestir-se de particular significado para um debate essencial que a profissão farmacêutica precisa de fazer, deve renovadamente fazer, sobretudo nas actuais circunstâncias. O Congresso permitiu abrir pistas para perspectivarmos novas soluções e novos caminhos para a profissão farmacêutica, o sector farmacêutico e o sistema de saúde português. 7 Durante dois dias tivemos excelentes sessões plenárias dedicadas às questões éticas relacionadas com o medicamento; ao acto farmacêutico na sociedade e ao compromisso dos farmacêuticos com a saúde dos portugueses; ao papel do farmacêutico face aos desafios da sociedade, em particular na promoção da saúde e prevenção da doença e no contexto do envelhecimento da população; ao modelo de competências farmacêuticas a implementar pela Ordem dos Farmacêuticos e ainda à política de saúde em geral e do medicamento em particular. Tivemos também dez sessões paralelas, específicas de cada área profissional, que espelham realidades de diversidade e multivalência e decorreram com grande sucesso. E tivemos ainda sessões de posters correspondentes a trabalhos notáveis apresentados pelos congressistas. Antecedendo o Congresso, realizamos o Simpósio “Presente e Futuro da Profissão Farmacêutica na Europa“. Foi, sem dúvida, uma muito útil e profícua reflexão sobre os desafios e tendências futuras da profissão, quer no sector da Farmácia e do Medicamento, quer no sector das Análises Clínicas, em Portugal e na Europa. E constituiu um importantíssimo espaço de partilha de experiências profissionais entre portugueses e outros europeus, especialistas em cada uma das áreas. À margem do Congresso, no dia 28, tivemos o grato prazer de acolher em Portugal a Assembleia Geral da Associação dos Farmacêuticos dos Países de Língua Portuguesa, presidida pelo nosso Colega do Brasil Valmir de Santi, na qual participaram as Delegações de Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Portugal. Este foi também um grande momento de partilha e de reflexão conjunta sobre o associativismo e a actividade farmacêutica em cada um dos nossos países que estão unidos pelo grande património que é a Língua Portuguesa, tendo permitido perspectivar novos projectos e novas acções para o curto prazo. 8 Gostaria ainda de registar a magnífica exposição fotográfica, patente durante os 3 dias em que decorreram os eventos, alusiva ao Projecto de Promoção e Educação para a Saúde nas Escolas, que intitulamos “Geração Saudável”. Desde o seu planeamento em 2010, pela Direcção da então denominada Secção Regional de Lisboa da Ordem dos Farmacêuticos (actualmente Secção Regional do Sul e Regiões Autónomas), até aos dias de hoje, o Projecto “Geração Saudável” da Ordem dos Farmacêuticos já esteve em 176 escolas do 2º e do 3º ciclo do ensino básico (escolas estas que são maioritariamente identificadas pela Direcção Geral de Educação e, em muitos casos, são as próprias escolas que solicitam directamente á OF a presença da Geração Saudável). E já envolveu mais de 35 000 alunos do 2º e 3º ciclo do ensino básico e mais de 1500 professores. Gostaria de salientar o relevante facto de, em 2014, o Projecto “Geração Saudável” ter recebido o Alto Patrocínio de Sua Excelência o Senhor Presidente da República, o que muitos nos honra. E gostaria, por fim, de me referir à Feira do Farmacêuticos, que se realizou em simultâneo com o Congresso Nacional dos Farmacêuticos’2015 e foi uma demonstração de vitalidade dos operadores do sector farmacêutico, os quais, apesar das adversidades, se mantêm activos e comprometidos em colaborar no processo de reconstrução da economia nacional. III Realizámos o Congresso Nacional dos Farmacêuticos’2015 num clima de alguma incerteza política. Todos nós desejamos que esta fase seja rapidamente superada. Como disse na Sessão de Abertura, a estabilidade política constitui um valor supremo, em especial nas actuais circunstâncias. 9 Neste momento, de início de legislatura, importa olhar em frente e, desde já, perspectivar o futuro. Não esquecendo, porém, a experiência passada. Mas o início da legislatura deverá suscitar a todos nós (e aos políticos também) uma abordagem estrutural do Sistema de Saúde. Na verdadeira acepção reformista e equilibrada do conceito “estrutural”. Como ouvimos da parte do distinto conferencista, Dr. Luis Filipe Pereira, que nos honrou com uma magnífica conferência, o País necessita de uma profunda reforma ao nível do modelo de organização e funcionamento do Sistema de Saúde, em que, de forma mais efectiva, seja promovida a saúde e prevenida a doença e em que a integração na prestação dos cuidados seja uma realidade. Revemo-nos, em pleno, nesta visão do Senhor Dr. Luís Filipe Pereira. As palavras proferidas ontem, nesta sala, pelo Senhor Ministro da Saúde deixamnos optimistas e justificam que os farmacêuticos portugueses e a sua Ordem saiam deste Congresso com as mais elevadas expectativas. Temos pois razões para sairmos do nosso Congresso mais motivados e confiantes. IV Como foi reiteradamente afirmado durante o Congresso, não obstante a qualificação e a capacidade técnica e científica dos farmacêuticos e não obstante a intervenção dos farmacêuticos junto da sociedade aportar significativo valor, quer social, quer económico, e muito contribuir para o progresso do País e para o bem-estar dos cidadãos, não obstante tudo isso, dizia, o facto é que todo esse valioso e intangível capital profissional dos farmacêuticos é muito superior à utilização efectiva que a sociedade dele faz. 10 E muito especialmente, à utilização efectiva de que o sistema de saúde necessita. É uma subutilização que deriva de diversas ordens de razões, como o enquadramento legal e a vontade política, que se impõe rever e alterar. De outro modo, o País persistirá num desperdício social, que assume especial importância precisamente se tivermos em conta o actual contexto económico e social. Importa, pois, continuar a apostar e investir no reforço das competências legais do farmacêutico e no alargamento da sua intervenção no sistema de saúde, em benefício dos cidadãos. A Ordem prosseguirá nessa senda, sempre com a devida salvaguarda dos deveres deontológicos dos farmacêuticos. V Outro assunto sobre o qual gostaria de me pronunciar refere-se à nova Carteira Profissional dos farmacêuticos, que muitos já receberam durante o Congresso e os outros receberão nas suas casas muito em breve. A modernização da Ordem dos Farmacêuticos constitui um desafio permanente da Direcção Nacional. Temos procurado acompanhar e incorporar a evolução tecnológica, implementando soluções que permitam aproveitar todo o potencial das novas tecnologias de informação e comunicação, de modo a colocá-las ao serviço da Ordem e dos seus membros. A nova Carteira Profissional traduz o esforço da Ordem para acompanhar as mais recentes tendências em termos organizacionais, facilitando procedimentos e automatizando processos. 11 Mantendo as principais características da anterior, a nova Carteira Profissional passa a incorporar outras valências, que se revestem de grande importância para os farmacêuticos portugueses poderem corresponder cada vez mais e melhor aos desafios futuros. Pela primeira vez, a Carteira Profissional dos farmacêuticos passa a integrar um chip – o que a torna um “cartão inteligente”. Passa assim a ser susceptível armazenar dados na Carteira Profissional e a permitir o seu acesso em segurança. A Carteira Profissional passa também a ser susceptível de ser usada como mecanismo seguro de criação de assinatura electrónica qualificada e de autenticação em múltiplos canais de interacção, entre outras funcionalidades. Saliento, em particular, o facto de o novo cartão poder acolher a assinatura digital do seu titular, devidamente qualificada através de um certificado digital qualificado. Trata-se, sem dúvida, de uma importante ferramenta num sector cada vez mais tecnológico, em que a segurança é fundamental. Reconhecidamente, há uma tendência cada vez mais generalizada para a utilização das tecnologias de informação e comunicação no sector da saúde, sendo já um facto a prescrição electrónica de medicamentos e meios complementares de diagnóstico e terapêutica, em que a desmaterialização começa a ser uma realidade. No futuro, este ambiente electrónico, baseado na plena desmaterialização dos processos, tenderá, como aliás já vem pontualmente acontecendo, a alargar-se à dispensa de medicamentos na Farmácia Comunitária, à recepção de requisições nas Análises Clínicas e à respectiva transmissão dos resultados laboratoriais, à validação da prescrição e à dispensa de medicamentos na Farmácia Hospitalar, etc. É um caminho imparável, que, nos últimos tempos, tem vindo a ser percorrido a grande velocidade, sendo por isso expectável que, muito em breve, também os 12 farmacêuticos, no exercício da sua actividade, sejam chamados a autenticar-se, através da sua Carteira Profissional, perante os sistemas informáticos da saúde. Importa referir que, fruto do acordo que assinámos em 2014 com os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde e do muito profícuo trabalho conjunto que desde aí temos vindo a desenvolver, os farmacêuticos vão poder registar-se, usando a sua Carteira Profissional, no Portal dos Profissionais da Saúde, que integra a Plataforma de Dados da Saúde. Deste modo, entre outras funcionalidades, os farmacêuticos que interagem directamente com os cidadãos poderão, mediante autorização destes, aceder ao Resumo Clínico do Utente e assim, no pleno cumprimento da lei e da deontologia farmacêutica, acrescentar mais valor ao serviço diferenciado que disponibilizam aos seus doentes. Fruto desta importante colaboração, que continuaremos a aprofundar, os farmacêuticos passarão a beneficiar de todas as vantagens decorrentes da comunicação e acesso aos sistemas de informação do Ministério da Saúde. E, por conseguinte, passarão a poder exercer a profissão de forma mais centrada nos seus utentes, promovendo maiores ganhos em saúde e contribuindo cada vez mais e melhor para a eficiência do sistema de saúde. No futuro, outras áreas da profissão poderão beneficiar da nova Carteira Profissional com assinatura digital qualificada. Refiro, a título de exemplo, actos como a libertação electrónica de lotes de medicamentos e outras acções relevantes na indústria farmacêutica, a submissão de pedidos de AIM e das suas alterações às autoridades regulamentares, a submissão de propostas em concursos hospitalares e, de um modo geral, todos os actos que impliquem a assunção de responsabilidades técnicas por parte do farmacêutico, quer no sector do medicamento, quer no sector analítico. Estou convicto de que, através da nova Carteira Profissional, estamos a dotar a profissão de uma importante ferramenta voltada para o futuro e aberta à evolução. 13 Veria pois com muito apreço se todos os membros da Ordem passassem a ser, tão cedo quanto possível, titulares da respectiva Carteira Profissional provida de assinatura digital qualificada. VI Não gostaria de deixar de me referir ao novo Estatuto da Ordem dos Farmacêuticos, recentemente aprovado pela Assembleia da República, já publicado em Diário da Republica e plenamente em vigor. Culmina assim o processo iniciado com a publicação, em 2013, da lei-quadro das Associações Públicas Profissionais, em decorrência do Memorando de Entendimento entre o Estado português e a troika. A profissão farmacêutica é, por imperativo de tutela do interesse público prosseguido, reconhecida pelo Estado como uma profissão sujeita a autoregulação. E a Ordem dos Farmacêuticos é a instituição que, nesse âmbito e à luz da Lei, representa os farmacêuticos portugueses e regula o seu exercício profissional nas diversas valências, dispondo para tal de poderes delegados pelo Estado. O novo Estatuto não renega a matriz essencial do anterior, evolui e está em conformidade com o regime jurídico actual das Associações Públicas Profissionais. Importa realçar que a lei-quadro veio implicar, objectivamente, em certa medida, uma nova partilha de autonomia institucional por parte das Ordens Profissionais, tendo instituído uma forma especial de enquadramento pelo Governo, já que passou a existir uma tutela de legalidade por parte de um membro do Governo – o Ministro da Saúde, no caso das Ordens da Saúde –, que comporta poderes de homologação de alguns regulamentos. 14 Trata-se de um modelo de convivência institucional, digamos, espaçado e intermitente, a que, estou certo, as Ordens saberão adaptar-se. E, visto de um outro ângulo, vindo acarretar, como vem, uma outra qualidade de co-responsabilização do Governo, o novo modelo poderá vir a revelar-se uma mudança de contornos construtivos, se todas as partes tiverem dele o entendimento positivo que pode e deve ser assumido. A natureza e as funções públicas da Ordem dos Farmacêuticos, enquanto Associação Pública em quem o Estado confia e a quem transfere poderes públicos, constituem a principal razão de ser da nossa instituição. A Ordem dos Farmacêuticos é um importante garante da qualidade da assistência farmacêutica prestada à população portuguesa, esteja o farmacêutico em contacto directo ou indirecto com as pessoas. Conscientes da missão estatutária da Ordem dos Farmacêuticos e da indispensabilidade das suas relações com o Estado, continuaremos a defender as posições da Ordem relativamente às linhas gerais e concretas da política de saúde e às medidas mais específicas do sector farmacêutico, sempre com o objectivo de salvaguardar, de forma efectiva, a saúde pública e os superiores interesses da população, bem como os valores profissionais dos farmacêuticos. Este, e não qualquer outro, é, seguramente, o papel que o País espera de todos nós. E este é, também, o nosso entendimento da missão e dos fins a prosseguir pela Ordem dos Farmacêuticos, com o objectivo primordial de valorizar e prestigiar os farmacêuticos portugueses e promover a excelência da intervenção farmacêutica ao serviço do País e dos cidadãos. VIII Perdoar-me-ão se vou entrar em algo mais pessoal. 15 Não sei se deveria ser eu a dizê-lo, talvez não devesse, talvez possa soar a imodéstia, talvez pareça juízo em causa própria, talvez pudesse ficar simplesmente por dizer. Talvez. Mas preferi dizê-lo. E o momento é este. Julgo que tenho consciência suficientemente clara do que pensava fazer e do que realmente fiz ao longo dos seis anos que levo de bastonário, no sentido de iniciar e consolidar uma nova etapa na vida da Ordem. Uma nova fase com força e expressão bastantes para se fazer sentir no seio da classe farmacêutica e para a Ordem se fazer ouvir e respeitar a nível das relações institucionais, em particular com os poderes políticos e titulares de órgãos de soberania. Em dado momento, tive necessidade de assumir e declarar o firme desígnio de retomar e fazer valer uma história de prestígio e de repor, em plenitude, o cumprimento da missão estatutária da Ordem, em prol dos farmacêuticos e da saúde. Estas são palavras que usei há anos e, se as cito, é porque penso que elas não foram palavras vãs. Das palavras, a Ordem passou aos actos e factos. Suponho que posso afirmá-lo, a Ordem dos Farmacêuticos é hoje, mais do que há seis anos, uma organização forte, coesa e representativa. E virada para o futuro e o progresso da nossa profissão. Virada para as grandes questões nacionais da saúde e da profissão e para o desenvolvimento económico e social do País. Uma instituição em que, cada vez mais, os seus membros se revêem. 16 O trabalho realizado nestes dois mandatos não é só obra, claro que não é, do bastonário da Ordem dos Farmacêuticos. Sempre estive acompanhado pela Direcção Nacional e pelos demais órgãos da Ordem e sempre pude contar com a dedicação de uma excelente equipa de colaboradores permanentes da Ordem. E, ponto essencial, sei que os Farmacêuticos portugueses acreditaram no que estávamos a fazer. Gostaria de terminar agradecendo a todos a confiança que em mim depositaram e a colaboração que sempre me dispensaram. Um grande muito obrigado! Foi para mim, uma enorme honra poder servir a profissão. Desejo a todos um bom regresso a casa. Muito obrigado. 17