Revista trimestral • nacional Certificação de empresas 1ª Conferência aborda o tema Petróleo Pré-sal Página dourada no sector Nacional 36º Aniversário Sonangol balanceia actividade Destaque Conselho de Administração tomA posse Francisco de Lemos José Maria é o novo Presidente Informação Geral • Distribuição gratuita • abril 2012 • Nº26 notícias revista disponivel nos voos da: 14 Nacional Pré-Sal Novo capítulo começou a escrever-se no sector petrolífero nacional. 06 Notícias Breves da Actualidade As últimas novidades no sector do petróleo e no Universo Sonangol. 11 Nacional Certificação de empresas 18 A Sonangol organizou, em parceria com o Ministério dos Petróleos, a 1ª Conferência sobre Certificação de Empresas. 34 Entrevista Tomás Faria Conheça o vice-presidente do Atlético Petróleos de Luanda. DESTAQUE 36º Aniversário Na última conferência de imprensa foram apresentados os resultados da empresa pelo novo PCA da Sonangol, Francisco de Lemos. 42 Cultura Marcela costa A mentora da Galeria Celamar organizou o evento Mostra de Arte Mulher, a propósito da celebração do Dia Internacional da Mulher. Colabore com a Revista Sonangol Notícias, mande os seus textos para [email protected] Conselho de Administração • Presidente – Francisco de Lemos José Maria • Administradores Executivos – Anabela Fonseca, Fernando Roberto, Mateus de Brito, Baptista Muhongo Sumbe, Sebastião Gaspar Martins e Raquel Vunge. • Administradores Não Executivos – Albina Assis Africano, José Guime, André Lelo e José Paiva Propriedade Sonangol, E.P. • Sede Rua Rainha Ginga, 29/31 Caixa Postal 1316 Luanda Tel.: 226 643 342 / 226 643 343 Fax: 226 643 996 www.sonangol.co.ao Edição • Gabinete de Comunicação e Imagem – [email protected] • Director – João Rosa Santos • Redacção – Hélder Sirgado (Coordenador), Paula Almeida, José Augusto, Kimesso Kissoca e Edvaldo Nelumba • Colaboradores Permanentes – José Mota, Beatriz Silva, Sandra Teixeira, Nadiejda Santos, Carlos Guerreiro, Lúcio Santos e Sarissari Diniz • Interlocutores nas Subsidiárias – Andresa Silva, Ângela Feijó, Ariel Escórcio, Estêvão Félix, Gil Miguens, José Oliveira, Lúcia Anapaz, Luís Alexandre, Marta Sousa, Miguel Mendonça, Mondlane Boa Morte, Nelson Silva, Pedro Lima, Rosa Menezes e Sónia Santos • Fotografia – José Quarenta e Henrique Artur • Secretariado – Helena Tavares e Yolanda Carvalho • Distribuição – Mateus Tavares, Carvalho Neto, Diogo Lino e Ana Victor • Impressão – Damer Gráficas, S. A. • Tiragem – 5000 exemplares • Design Gráfico, Apoio Editorial e Produção – Nota: Os textos assinados não vinculam necessariamente a Sonangol ou a revista, sendo de inteira responsabilidade dos seus autores. Opinião Sonangol 36 anos a Produzir para Transformar palavra dO director João Rosa Santos* A Sonangol assinalou a 25 de Fevereiro último o seu 36º Aniversário. Um dia especial para os angolanos em geral e para os trabalhadores da Sonangol em particular. Um percurso prenhe de realizações cujo valor e potencial não podem ser ignorados. Um excelente exemplo do saber e do bem-fazer. O mais e o melhor fazem parte do quotidiano da Sonangol que tem como prática comum a virtude de incentivar e motivar os colaboradores da empresa, não importa a distância, tão pouco a geografia. Criada em 1976, a petrolífera estatal angolana tem sabido dar cartas e estar à altura das suas responsabilidades e desafios. Embora tenha apenas 36 anos de existência, a Sonangol tem um percurso de vida notável, integrando já a incondicional legião de empreendedores de sucesso, colhendo, dentro e fora do país, os mais rasgados elogios e reconhecimento, tal é a dimensão dos resultados positivos que ano após ano crescem e se multiplicam. Esta onda de bons resultados assenta fundamentalmente na implementação 4 • Abril 2012 - Nº26 de políticas e acções capazes de promover a sustentabilidade e o crescimento da indústria petrolífera nacional, cujo objectivo principal é assegurar um maior retorno para o Estado e garantir a participação efectiva das empresas e dos quadros angolanos nas actividades da indústria, bem como o benefício da sociedade nos resultados gerados. Ao longo dos tempos, a Sonangol tem se destacado pela competência e talento na gestão dos mais complexos dossiers ligados à indústria petrolífera e não só, assumindo-se como uma verdadeira empresa social e ambientalmente responsável. A comprová-lo está a consolidação de uma filosofia de crescimento sustentada e geoestratégicamente bem delineada que encontra esteio em valores de importância capital como é o caso da orientação ao cliente, o desempenho, o trabalho em equipa, a qualidade, saúde, segurança e ambiente, a conduta ética e a comunicação efectiva. No país e no estrangeiro, hoje em dia a Sonangol é uma referência obrigatória. Os seus valores são nacional e internacionalmente reconhecidos, quer pela excepcionalidade do seu trabalho, quer pela capacidade de inovação e crescimento. Simples, discreta e extraordinariamente talentosa, a petrolífera estatal angolana conseguiu impor-se no exigente e concorrido universo do petróleo com algum à vontade, devido à competência, seriedade e profissionalismo que sempre imprime a cada novo desafio. Essencialmente voltada para o Upstream (Pesquisa e Produção e Gás Natural), Midstream (Refinação), Downstream (Distribuição, Logística, Shipping) e Non-Core (Formação, Saúde, Habitação, Aviação, Indústria, Telecomunicações), a Sonangol faz morada nos quatro cantos do planeta terra, sendo de destacar a presença nos Estados Unidos da América, na Inglaterra, em Singapura, no Brasil, em Cabo Verde, em S.Tomé e Príncipe, em Portugal, em Cuba, no Iraque, entre outros países. Enquanto empresa cidadã, está presente nas 18 províncias do país, desenvolvendo acções pontuais que permitem gradualmente a oferta de serviços e produtos de qualidade com o sempre modesto propósito de melhorar continuamente 5 a satisfação dos seus clientes. Com ideias singulares e projectos cada vez mais modernos, a Sonangol nestes seus 36 anos de existência conseguiu crescer de tal forma que passou a ser presença obrigatória nos principais eventos da indústria petrolífera mundial. Não por mera casualidade, até 2015 a petrolífera estatal angolana tem em carteira a intenção de se tornar uma empresa de energia integrada, competitiva e de projecção internacional, com alto nível de desempenho na base das melhores práticas de governação das sociedades. Mas, os desafios não ficam por aqui. No seu quadro de prioridades consta a necessidade de estar permanentemente à altura dos seus compromissos com o Estado, a sociedade, parceiros e empregados, perspectivando sempre a criação de valor. Com uma força de trabalho estimada em cerca de oito mil e qui- nhentos trabalhadores, a Sonangol está consciente de que cada processo tem o seu tempo de maturação e desenvolvimento. Imbuída deste princípio e analisando o quotidiano com propriedade e em profundidade procura introduzir com talento e originalidade soluções de incomparável valia que criam forte empatia e contribuem para a elevação dos níveis motivacionais do pessoal. A história da Sonangol é rica em realizações. É uma empresa digna de nota que orgulha todos os angolanos. No ar, no mar e na terra, escreve páginas de glória com suor e trabalho, conseguindo criar uma marca singular e inconfundível. No fundo, é uma empresa que bem sabe ser e estar, que busca energias no meio que a rodeia, enfim, um ente que evolui a cada ciclo da vida com princípio, meio e fim. O 36º aniversário comemora-se num momento de viragem já que acontecem mudanças significativas na cadeia de mando. Depois de 12 anos a frente da empresa, Manuel Vicente, agora promovido à Ministro de Estado e da Coordenação Económica, dá lugar à Francisco de Lemos José Maria, até então Administrador Executivo da Sonangol E.P. À partida esta alteração tem a virtude de assentar na renovação na continuidade, facto que por si só dá maior alento e crença na prossecução da estratégia da empresa constante da Visão 2015. Por este e outros factos significativos, a Sonangol está cada vez mais certa do seu destino e, de mangas arregaçadas, passo a passo, sem cerimónias, contribui decididamente para a construção da nova Angola. (* Jornalista) Rússia na Feira de Petróleo de Cape Town A Rússia enviou, pela primeira vez, uma delegação comercial à exposição de Petróleo e Gás que decorreu no centro de convenções da Cidade do Cabo, África do Sul. A organização do certame declarou que a presença daquele país europeu é impulsionada pelo interesse que passou a nutrir pelas recentes descobertas que ocorreram no continente africano no domínio energético. A delegação russa integrou executivos de empresa, directores do domínio das tecnologias, assim como decisores que a organização afirma que vão tentar explorar as oportunidades proporcionadas pela África Subsaariana. De acordo com a organização, a missão representa um largo espectro de ramos industriais relacionados com o sector do petróleo e do gás, incluindo a engenharia petroquímica, desenho industrial, construção, segurança, engenharia submarina, bem como gestão de eventos e diplomacia. O Conselho Russo do Comércio, a embaixada e o Ministério do Desenvolvimento Económico do país europeu fazem parte da missão empresarial que veio a Angola. Recorde-se que esta exposição é dedicada a fornecedores e provedores de serviços da indústria do petróleo e do gás, organizada em associação entre a Aliança Sul-Africana do Petróleo e do Gás e a Agência Sul-Africana para a Promoção da Pesquisa e Produção de Petróleo. Sonangol assina acordo de financiamento com bancos angolanos A Sonangol E.P. celebrou, no passado dia 26 de Março do corrente ano, na sua Sede, em Luanda, um acordo de financiamento no valor de sessenta mil milhões de Kwanzas concedido por um sindicato constituído pelos dez principais bancos angolanos liderados pelos Bancos Angolano de Investimentos (BAI) e de Fomento Angola (BFA). O referido financiamento será reembolsável num período de 36 meses, sendo os juros calculados na base do LUIBOR (Luanda Interbank Offered Rate), a taxa de juros de referência do mercado interbancário angolano. Foi signatário do acordo, em nome e representação da Sonangol E.P., o Presidente do Conselho de Administração da referida empresa petrolífera angolana, Francisco de Lemos José Maria. Assistiram a cerimónia de assinatura os Administradores da Sonangol E.P. e altos funcionários das duas instituições bancárias acima mencionadas. 6 • Abril 2012 - Nº26 7 Angola reconduzida à presidência da ARA Angola foi reconduzida à presidência não executiva da Associação de Refinadores Africanos (ARA), no decorrer da mais recente conferência dessa organização, realizada de 19 a 23 de Março, em Marraquexe, Marrocos, responsabilidade que o país assume desde Março de 2011. O mandato de Angola está a ser exercido pela Administradora da Sonangol E.P., Anabela Fonseca, que assim ficará até 2013 na presidência não executiva da ARA, cuja reunião este ano teve como tema central “o Desenvolvimento do Downstream Africano”. Refira-se que a Sonangol apresentou o tema sobre o Downstream em Angola. A Associação de Refinadores Africanos é integrada por Angola, Argélia, Egipto, Sudão, Líbia, Zâmbia, Quénia, África do Sul, Nigéria, Marrocos, Senegal, Costa do Marfim, Gana, Camarões e República Democrática do Congo. Entidade apoiada pela Sonangol distinguida na Suíça O Centro de Apoio Empresarial (CAE), um órgão da Câmara de Comércio e Indústria de Angola, cuja actividade tem beneficiado do apoio da Sonangol, foi recentemente distinguido pela organização internacional Business Initiative Directions, com o prestigiado Prémio de Qualidade, na Categoria Ouro. No decorrer da cerimónia de entrega do referido Prémio, realizada em Genebra (Suíça), o Centro de Apoio Empresarial viu reconhecido o seu esforço na divulgação de oportunidades de negócio para as empresas angolanas e na implementação de acções que visam capacitá-las a participarem, de forma mais representativa e competitiva, na indústria petrolífera e assim contribuírem para o crescimento económico do país. Entre os vários objectivos da criação, em 2005, do Centro de Apoio Empresarial, destaca-se a prestação de acções de formação e assistência técnica e empresarial para as Pequenas e Médias Empresas nacionais, nas mais diversas áreas, sendo que as PME’s constituem os principais clientes do CAE. O referido órgão da Câmara de Comércio e Indústria de Angola também tem trabalhado com bancos comerciais angolanos na procura de soluções para as necessidades de financiamento das empresas por si certificadas. De realçar, nesse âmbito, que o CAE possui um processo de certificação amplamente aceite pelas operadoras petrolíferas que exercem actividade no país. Petrobras tem segunda maior produção de petróleo no Brasil A produção de petróleo da Petrobras no Brasil em Janeiro subiu 2% em relação ao mesmo mês do ano passado e atingiu o segundo maior volume mensal da história da companhia no país, de acordo com dados divulgados pela empresa. A produção de petróleo no Brasil, em Janeiro passado, atingiu 2,110 milhões de barris diários em média, contra 2,084 milhões de barris/dia em Dezembro, alta de 1,2%. “Contribuíram para esses resultados a entrada em produção de novos poços nas plataformas P-57, no campo de Jubarte, na P-56, no campo de Marlim Sul, e do Teste de Longa Duração (TLD) de Aruanã, no pós-sal da porção sul da Bacia de Campos, operado pelo navio plataforma FPSO Cidade do Rio das Ostras", explicou a Petrobras. Mas o volume de Janeiro ainda fica abaixo do recorde mensal, de 2,121 milhões de barris diários obtidos em Dezembro de 2010. O volume de Janeiro ficou acima da média registada no ano passado, de 2,021 milhões de barris, quando a estatal ficou 3,7 % abaixo da meta, sofrendo com pausas não programadas nas plataformas, problemas técnicos e atrasos na entrega de plataformas. EM LUANDA DELEGAÇÕES GOVERNAMENTAIS DE PORTUGAL E SUDÃO DO SUL MANTÊM CONTACTOS COM SONANGOL O ministro de Estado e das Finanças de Portugal, Victor Gaspar, manteve em finais de Março de 2012, no Edifício Sede da Sonangol E.P., um encontro de trabalho com o Presidente do Conselho de Administração da petrolífera estatal angolana, Francisco de Lemos José Maria. Acompanharam o ministro português, neste seu contacto com a Administração da Sonangol E.P., os secretários de Estado do Tesouro e Finanças e dos Assuntos Fiscais de Portugal, Maria Luís Albuquerque e Paulo Núncio, respectivamente. Refira-se que a delegação lusa esteve em Angola para uma curta visita oficial ao país, no decorrer da qual se reuniu com vários membros do governo angolano. Sensivelmente na mesma data, uma outra delegação governamental, desta feita do Sudão do Sudão, que também esteve 8 • Abril 2012 - Nº26 de visita à Angola, manteve igualmente um encontro com Francisco de Lemos José Maria. Na ocasião, o ministro dos Assuntos do Gabinete do Presidente da República do Sudão do Sul, Deng Alor Kuol, que chefiou a referida delegação, falou do interesse do seu país em cooperar com a Sonangol no domínio da exploração e produção de petróleo. Por seu lado, Francisco de Lemos, que se fazia acompanhar do Administrador da Sonangol E.P. Gaspar Martins, manifestou a disposição da estatal angolana em prestar apoio técnico ao sector petrolífero daquele estado do continente africano. Acompanharam Deng Alor Kuol outros membros do governo do Sudão do Sul, entre os quais os ministros dos Petróleos e Minas e das Finanças. 9 Fórum de Energia no Kuwait O titular da pasta dos Petróleos, Botelho de Vasconcelos, participou no mês de Março, na cidade do Kuwait, no XIII Fórum Internacional de Energia. Mais de 1.500 pessoas participam na reunião em que são discutidos, entre outros assuntos, a satisfação futura da procura energética, o processo de planeamento e os investimentos no sector a longo prazo. O encontro também se debruçou sobre mercados energéticos, sobretudo os relacionados com a redução da volatilidade, alcance da sustentabilidade ambiental e social e com as baixas emissões. O acesso de todos às energias e a necessidade de um diálogo internacional sobre o assunto, fundamentalmente as perspectivas quanto à cooperação neste domínio, foram aspectos igualmente em análise. Presente no V Fórum Internacional das Empresas de Energia esteve a delegação angolana para debater o reforço dos investimentos nas energias e o delineamento de directrizes para parcerias bem sucedidas. A Sonangol esteve representada pelo administrador Gaspar Martins. À margem do XII Fórum Internacional, Botelho de Vasconcelos teve ainda um encontro com a ministra sul-africana dos Recursos Minerais e Energia, Dipuo Peters, com quem abordou questões relacionadas com o reforço da cooperação bilateral no domínio dos petróleos. A ministra sul-africana foi uma das convidadas ao XIII Fórum Internacional de Energia. Petróleo, produtos petroquímicos, fertilizantes e serviços financeiros são os principais produtos de exportação do Kuwait, que importa desde alimentares e têxteis a máquinas. O seu mais importante parceiro comercial é o Japão e a seguir os Estados Unidos, Índia, Coreia do Sul, Singapura, China, União Europeia e Arábia Saudita. Nacional Delegação da Comunicação Social moçambicana visita Sonangol E.P. U ma delegação de responsáveis da Comunicação Social de Moçambique esteve recentemente na Sonangol E.P, onde foi recebida pelo Director de Comunicação e Imagem da petrolífera estatal angolana, João Rosa Santos, em representação do Administrador supervisor da referida área funcional, Mateus de Brito. Durante a sua permanência no Edifício Sede da Sonangol E.P., a delegação moçambicana, chefiada pelo Director do Gabinete de Informação daquele país, Ricardo Dimande, visitou a Sala de Expo- 10 • Abril 2012 - Nº26 sições, localizada no hall de entrada, bem como o Gabinete de Comunicação e Imagem cujo Gestor prestou, aos visitantes, informações detalhadas sobre o processo de comunicação institucional e comercial da Sonangol. Acompanharam Ricardo Dimande, nesta sua deslocação à Sonangol E.P., os Presidentes dos Conselhos de Administração da Rádio, da Televisão e da Agência de Informação de Moçambique, o Director Geral do Jornal Notícias e assessores do Gabinete do 1º ministro moçambicano. Refira-se que compete ao Gabinete de Informação de Moçambique, entre outras responsabilidades, assessorar o governo em questões específicas da área de informação e o 1º ministro em matéria de comunicação social, facilitar a articulação entre o governo e os meios de comunicação social, bem como facilitar o acesso dos órgãos de comunicação social e do público em geral à informação sobre as actividades governamentais. Primeira conferência sobre certificação de empresas em Angola Ângela Correia (Texto) Malocha (Fotos) L uanda acolheu a primeira conferência internacional sobre certificação de empresas em Angola. A abertura teve lugar no Centro de Convenções de Talatona e teve como orador principal Gaspar Martins, Administrador da Sonangol E.P.. O Administrador defendeu que Angola é um país que tem possibilidade de criar estruturas básicas para a certificação de empresas e a sustentabilidade como estratégia de negócios e benefícios da integração dos sistemas de gestão. Para o Administrador, a certificação é actualmente, para qualquer empresa, uma vantagem competitiva e, para Angola, em particular, um factor de desenvolvimento, visto que faz transparecer para o mercado a imagem de uma organização que procura obter altos padrões de qualidade. O Administrador acrescentou que a certificação dá também garantias da aptidão de determinada instituição ou organização oferecer, aos seus clientes, os melhores serviços e produtos. “Somente com um sistema de gestão da qualidade, devidamente estruturado e credível, será possível garantirmos ao mercado a consistência da prestação dos nossos serviços e produtos” enfatizou o responsável, considerando a certificação uma homologação do saber, conhecimento e da competência das empresas perante o mercado. Neste contexto, disse ser objectivo da Sonangol E.P. e restantes parceiros na organização do referido evento, que o mesmo ajude a promover a partilha de conhecimentos e o debate de perspectivas entre o sector empresarial, órgãos reguladores, especialistas nacionais e internacionais, no âmbito da certificação das empresas. “Tendo em mente esta realidade, é com grande prazer que a Sonangol E.P. se associa ao Ministério dos Petróleos, ao Instituto Angolano de Normalização e Qualidade (IANORQ) e à Total Angola na promoção deste evento”, disse Gaspar Martins. “Cada vez mais, os clientes exigem a qualificação dos seus parceiros de negócios e essa (certificação) é uma garantia que a empresa atenderá os requisitos exi- gidos para maior qualidade da oferta”, prosseguiu o interlocutor. De acordo com o Administrador da Sonangol E.P., que se pronunciava em representação do Presidente do Conselho de Administração (PCA) da empresa, Francisco de Lemos, com a realização do certame deu-se um importante passo para a competitividade e sustentabilidade dos negócios realizados pelas empresas em Angola. “Pretendemos contribuir para a divulgação das boas práticas e sensibilizar o empresariado nacional para o uso das normas internacionais de qualidade no mercado ” frisou. A “1ª Conferência sobre Certificação de Empresas em Angola” iniciou efectivamente os trabalhos no dia 28, com a abordagem de dez temas na sua primeira sessão técnica, e terminou no dia 29, após discussão de outros nove assuntos, por especialistas angolanos e estrangeiros. Paralelamente a este encontro, esteve patente uma exposição tecnológica sobre a qualidade, com a participação de mais de dez empresas, que expuseram maioritariamente equipamentos de calibração, medição e variados produtos de qualidade comprovada por entidades de direito. A Primeira Conferência sobre Certificação de Empresas decorreu sob o lema Criando Competitividade e Sustentabilidade nos Negócios. nacional 11 nacional MANUEL VICENTE nomeado Ministro de Estado e da Coordenação Económica O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, nomeou e empossou Manuel Vicente para o cargo de ministro de Estado e da Coordenação Económica. Dentro das novas competências de Manuel Vicente está a coadjuvação do Presidente da República na Comissão Económica e auxílio na formulação, coordenação, execução e controlo da política do Governo no domínio económico. Francisco Graça (Texto) Arquivo & JA (Fotos) F ormado em Engenharia Electrotécnica desde 1983, pela Universidade Agostinho Neto, Manuel Domingos Vicente, 55 anos, junta-se aos ministros de Estado Carlos Maria Feijó e Hélder Vieira Dias, respectivamente, chefe da Casa Civil e da Casa Militar do Presidente da República. Manuel Vicente irá agora coadjuvar o Presidente da República na Comissão Económica e auxiliá-lo na formulação, coordenação, execução e controlo da política do Executivo no domínio económico. Outro decreto presidencial, apreciado recentemente pelo Conselho de Ministros, determina que o novo ministro de Estado passa a coordenar as comissões bilaterais Angola-Brasil, Angola-China, Angola-Cuba e Angola-França. Deixando as funções de Presidente do Conselho de Administração da Sonan- 12 • Abril 2012 - Nº26 gol E.P., Manuel Vicente despediu-se da Sonangol durante uma cerimónia na qual foi homenageado pelo Conselho de Direcção e trabalhadores do Grupo Sonangol e que contou com a presença do Presidente do Conselho de Administração, Francisco de Lemos José Maria. Ao intervir durante o acto, que teve lugar no Edifício Sede da Sonangol E.P., o Administrador Fernando Roberto destacou o brio e o profissionalismo de Manuel Vicente enquanto PCA da concessionária angolana, bem como os seus feitos que contribuíram significativamente para os bons resultados que a empresa vem registando ao longo dos anos. Fernando Roberto considerou que a promoção de Manuel Vicente para ministro de Estado e da Coordenação Económica constitui um orgulho para a Sonangol e manifestou o desejo de a empresa poder continuar a contar com o aconselhamento do actual ministro de Estado. O Administrador garantiu também que todos os trabalhadores da Sonangol vão manter o seu engajamento, visando o crescimento contínuo da petrolífera estatal angolana e a consequente dignificação do país. Em resposta, Manuel Vicente agradeceu o carinho e a amizade que lhe foram dedicados ao longo de tantos anos e reiterou a importância do trabalho em equipa. “Ninguém trabalha sozinho”, enfatizou, a propósito. Ao referir-se ao papel das lideranças, o ex-PCA da Sonangol E.P. considerou que o sucesso das organizações assenta, fundamentalmente, na maneira como se conduzem as pessoas. Em nome dos trabalhadores, o Conselho de Administração da Sonangol E.P. fez a entrega de lembranças ao actual ministro de Estado e da Coordenação Económica. Nacional 14 Assinatura dos Contratos de Partilha de Produção dos Blocos do Pré-Sal Uma página dourada do sector petrolífero angolano • Abril 2012 - Nº26 15 Helder Sirgado (Texto) José Quarenta & Arquivo (Fotos) A Sonangol E.P., na qualidade de concessionária, e as companhias petrolíferas que integram os diversos Grupos Empreiteiros dos Blocos do Pré Sal angolano, nomeadamente a Sonangol Pesquisa e Produção, BP, China Sonangol, TOTAL, Cobalt, Statoil, Repsol, ENI e ConocoPhillips, assinaram no dia 20 de Dezembro de 2011, em Luanda, os respectivos Contratos de Partilha de Produção. No decorrer da cerimónia, que contou com a presença do Ministro angolano dos Petróleos, Botelho de Vasconcelos, e na qual a Sonangol E.P. esteve representada pelo então Presidente do Conselho de Administração, Manuel Vicente, foram assinados os Contratos de Partilha de Produção referentes às concessões petrolíferas dos Blocos 19/11, 20/11, 22/11, 24/11, 25/11, 35/11, 36/11, 37/11, 38/11, 39/11 e 40/11. Pela Sonangol Pesquisa e Produção foram signatários o Presidente e o Vogal da Comissão Executiva da referida Subsidiária da Sonangol E.P., Bento Lourenço e Fernando dos Santos, respectivamente, enquanto as demais petrolíferas estiveram representadas por altos funcionários da sua administração. Presentes ao acto estiveram igualmente os membros do Conselho de Administração e Gestores da Sonangol E.P., o Director Nacional dos Petróleos, representantes dos Ministérios da Justiça e das Finanças, convidados, bem como um grande número de jornalistas nacionais e estrangeiros. Ao proferir um breve discurso no final da ceri- mónia, Manuel Vicente realçou que o acto realizado teve um significado bastante particular para a petrolífera estatal angolana. “Ele realiza-se não só numa época festiva, mas vem, em termos de datas, de um bom resultado a nível de exploração petrolífera que tivemos na semana passada”, disse, a propósito, referindo-se à recente confirmação da existência de hidrocarbonetos na Bacia do Kwanza. “Diria que aquilo que andávamos a procura foi alcançado e temos agora resultados que nos encorajam a prosseguir”, acrescentou o antigo PCA da Sonangol E.P. que terminou a sua intervenção dando os parabéns à equipa envolvida em todo o processo que culminou com a assinatura dos Contratos referentes aos Blocos do Nacional Pré-Sal. Refira-se que Manuel Vicente foi muito recentemente nomeado pelo Presidente da República para desempenhar o cargo de ministro de Estado e da Coordenação Económica. Por seu lado, os representantes das companhias petrolíferas integrantes dos Grupos Empreiteiros manifestaram-se, de uma forma geral, bastante satisfeitos e encorajados com a assinatura dos Contratos de Partilha de Produção dos Blocos do Pré Sal angolano. Regozijaram-se também com o facto de terem a Sonangol como parceiro e com a boa nova da Bacia do Kwanza referida por Manuel Vicente, no decorrer da sua intervenção. Recorde-se que em Janeiro de 2011 a Sonangol apresentou os resultados dos concursos públicos limitados sobre o Pré Sal realizados pela petrolífera estatal angolana ao abrigo do Decreto Presidencial nº 297/10, de 2 de Dezembro. As particularidades dos concursos Um dos aspectos singulares dos concursos acima referidos tem a ver com o facto de os mesmos integrarem Blocos Petrolíferos nos quais se tem em vista a pesquisa e produção de hidrocarbonetos primariamente no objectivo geológico do Pré Sal situado a profundidades que, se conside- 16 • Abril 2012 - Nº26 DESCOBERTA DO PRIMEIRO POÇO DO PRÉ-SAL EM ANGOLA A Sonangol E.P., a Maersk Oil (Angola) e os demais parceiros, anunciaram a descoberta petrolífera do poço de exploração Azul-1 localizado em águas profundas do Bloco 23 da Bacia do Kwanza. O referido poço – o primeiro a penetrar objectivos no pré-Sal em águas profundas – foi perfurado numa lâmina de água de 923 metros e atingiu a profundidade final de 5.334 metros. As condições do poço não permitiram aferir a sua capacidade de fluxo através do teste de formação convencional, tendo sido realizado um mini teste que possibilitou a recuperação de duas amostras de petróleo de boa qualidade. Entretanto, a interpretação preliminar dos dados adquiridos indicaram uma capacidade de fluxo potencial superior a 3.000 barris de petróleo dia. Com base nestes resultados que se afiguram bastante encorajadores, a Maersk Oil Angola irá proceder a avaliação da referida descoberta e prosseguir com os trabalhos de exploração no referido poço. A Sonangol E.P. é a Concessionária do Bloco. A Maersk Oil & Gas (Angola) como operador do Bloco 23 detém (50%) de participação, a Svenska (30%) e a Sonangol P&P (20%). 17 rada a lâmina de água, podem ir até aos 10 mil metros, embora este não constitua o único objectivo geológico. Outra particularidade é a entrada no mercado petrolífero nacional de novas empresas investidoras, o que permitiu o aumento de entidades operadoras. São os casos, por exemplo, da espanhola Repsol (operadora do Bloco 22/11), da norte americana ConocoPhillips (operadora dos Blocos 36/11 e 37/11) e da Statoil, da Noruega, operadora dos Blocos 38/11 e 39/11. Quanto à Sonangol Pesquisa e Produção, esta Subsidiária da Sonangol E.P. aumentou o seu interesse participativo nos Grupos Empreiteiros de alguns dos Blocos do Pré Sal, o que, para além de lhe permitir um interesse participativo financiado médio de 30%, também a coloca em pé de igualdade com as empresas estrangeiras, no que diz respeito a investimentos. A Sonangol Pesquisa e Produção fica assim exposta aos mesmos riscos que as empresas estrangeiras, situação que, entretanto, lhe possibilita, por um lado, aumentar as reservas petrolíferas do Estado e, por outro, tornar-se técnica e financeiramente mais robusta. Outrossim, a pesquisa e produção de hidrocarbonetos ao nível do Pré Sal coloca à Sonangol, entre outros, o desafio da disponibilidade do capital humano nacional à altura das exigências impostas por esse tipo de projectos. Assim, como forma de contribuir para os esforços do país no que concerne à formação de quadros angolanos para o sector petrolífero, os Termos de Referência do concurso para os Blocos do Pré Sal incluíram as seguintes matérias: a) Transferência da operação para a Sonangol Pesquisa e Produção, mecanismo através do qual se convencionou que a empresa operadora vai liderar a operação de alguns Blocos pré-seleccionados até ao 5º ano do período de produção (caso haja uma única descoberta comercial), ou até ao 8º ano do referido período, isto para o caso de existirem várias descobertas. Daí para diante, a operação será transferida para a Sonangol Pesquisa e Produção, passando o antigo operador à posição de assistente, tendo em vista a transferência de know-how à empresa angolana. Esse processo vai ocorrer nos Blocos 19/11, 20/11, 22/11, 24/11 e 25/11. b) Incremento do Recrutamento, Integração, Formação e Desenvolvimento de Pessoal Angolano – Trata-se de um processo que visa aumentar o Recrutamento e Qualificação da força de trabalho nacional e que será implementado nos Blocos 35/11, 36/11, 37/11, 38/11, 39/11 e 40/11. A implementação dos dois conceitos atrás mencionados, cujos custos ficarão sob responsabilidade dos Grupos Empreiteiros, será regulada por acordos pontuais a concluir em prazos determinados e as suas linhas gerais constituem um novo Anexo aos Contratos de Partilha de Produção dos referidos Blocos. c) Centro de Investigação e Tecnologia da Sonangol – Tem igualmente por objectivo a transferência de know-how para o país, assim como a promoção da investigação ligada às actividades do sector. O conceito será implementado através de contribuições pecuniárias e materiais a cargo das empresas investidoras estrangeiras. ESPECIAL 36º Aniversário da Sonangol “2011 foi um ano positivo para a Sonangol” Por ocasião do aniversário da Sonangol, e seguindo a tradição dos anos anteriores, realizou-se no dia 24 de Fevereiro, no Edifício Sede da Sonangol E.P., a conferência de imprensa que tem como objectivo dar a conhecer à sociedade angolana o estado actual e o futuro da petrolífera nacional. Francisco Graça (Texto) Malocha (Fotos) 18 • Novembro Abril 20122011 - Nº26- Nº25 19 A conferência de imprensa começou com a apresentação, pelo recém-nomeado Presidente do Conselho de Administração da Sonangol E.P., Francisco de Lemos José Maria, do balanço do desempenho da Sonangol em 2011, nas mais distintas vertentes, bem como das perspectivas da empresa. Nesta sua primeira intervenção, no decurso da actividade, Francisco Maria congratulou todos os trabalhadores da companhia face aos resultados positivos alcançados pela Sonangol no ano em referência. “O ano passado foi positivo para a Sonangol”, assumiu o responsável. Apesar da produção nacional de petróleo ter decrescido em 2011, - a queda das multinacionais que operam no país foi de 18,2% e a produção directa da 20 • Abril 2012 - Nº26 Sonangol caiu 6,9%, - os resultados tiveram um aumento devido à subida do preço do petróleo. Desta forma, a maior empresa angolana terminou o ano com um lucro de 3,3 mil milhões de dólares (4,9 mil milhões antes de impostos) o que representa um aumento de 32% face ao ano anterior. Durante a apresentação dos resultados à imprensa, o novo Presidente do Conselho de Administração indicou ainda que as vendas de petróleo se cifraram em 33,78 mil milhões de dólares no ano passado e a de derivados de crude atingiram 2,88 mil milhões. Nesse período, a empresa recebeu do Estado angolano, como subvenção aos preços dos combustíveis, cerca de 7,1 mil milhões de dólares. As perguntas dos inúmeros jornalistas nacionais e estrangeiros presentes centraram-se, de um modo geral, não só nas actividades internas da Sonangol, mas também na internacionalização da estatal angolana. No seguimento das perguntas dos muitos jornalistas presentes, abordou-se a questão da participação da Sonangol no banco português BCP do qual é a maior accionista e da possibilidade de entrar directamente na petrolífera portuguesa Galp comprando a posição de 33,4% do capital detido pela italiana ENI. O Projecto ALNG, a Refinaria do Lobito, os investimentos na banca, a presença da Sonangol no Iraque, a exportação de petróleo para os Estados Unidos da América e para a China foram algumas das questões abordadas pelos profissionais da comunicação social e cujas 21 respostas foram dadas, de forma alternada, pelo PCA e pelos Administradores da Sonangol E.P. Relativamente à internacionalização dos negócios da empresa, Francisco de Lemos fez o anúncio da interrupção das operações no projecto de gás natural no Irão, avaliado em 7,5 mil milhões de dólares, devido às sanções económicas impostas contra àquele país pela comunidade internacional. No entanto, Francisco de Lemos acrescentou que os investimentos subiram 20% no ano passado. Além de Angola, a empresa investiu no Brasil, Cuba, Iraque e Venezuela. A conferência de imprensa contou também com a participação dos Presidentes e Vogais das Comissões Executivas das Subsidiárias da Sonangol E.P. e de Gestores de topo do Grupo Sonangol. Lucro de 3,3 mil milhões de dólares + 32% do que no ano anterior Vendas de petróleo 33,78 mil milhões de dólares Vendas de derivados de crude 2,88 mil milhões. Francisco de Lemos José Maria: O novo presidente DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO da Sonangol E.P. Francisco de Lemos José Maria é quadro da Sonangol desde Abril de 1989. Natural do Lobito, província de Benguela, e licenciado em Economia, desempenhou vários cargos de gestão na Sonangol. Antes de integrar o Conselho de Administração da Sonangol E.P., foi Director de Finanças. 22 • Abril 2012 - Nº26 CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA SONANGOL E.P. TOMOU POSSE O Conselho de Administração da Sonangol E.P. tomou posse no dia 17 de Fevereiro, em Luanda, em cerimónia presidida pelo Ministro da Economia, Abraão Gourgel, ante a presença do Ministro de Estado e da Coordenação Económica, Manuel Vicente, e do Ministro dos Petróleos, Botelho de Vasconcelos. No decurso do acto foram empossados Francisco de Lemos José Maria, Presidente do Conselho de Administração, Anabela de Brito Fonseca, Baptista Sumbe, Fernando Roberto, Sebastião Gaspar Martins, Mateus Morais de Brito e Raquel David Vunge, todos Administradores Executivos. O Ministro da Economia conferiu igualmente posse aos Administradores Não Executivos, nomeadamente, Albina Assis Africano, André Lelo, José Gime e José Paiva. Ao intervir, na ocasião, Manuel Vicente congratulou-se com a recondução do Conselho de Administração e apelou aos seus membros para se empenharem para que possam levar avante este novo desafio. Referiu igualmente que com a realização da cerimónia de tomada de posse o Conselho de Administração tem legitimidade para prosseguir os progra- mas de transformação e de desenvolvimento da empresa. O Ministro de Estado e da Coordenação Económica reiterou que a mudança deve ser a única constante nas organizações, desde que agreguem valor acrescentado, tendo manifestado, a esse propósito, a sua plena confiança na equipa reconduzida. Assistiram a cerimónia de tomada de posse representantes das companhias petrolíferas a operar em Angola, os Presidentes das Comissões Executivas das Subsidiárias da Sonangol E.P., bem como convidados. Nacional 23 Nacional Incentivos às empresas nacionais do sector petrolífero O Executivo pretende que cada vez mais empresários angolanos operem nas actividades directamente ligadas ao ramo dos petróleos. Um decreto recentemente promulgado expressa esta directiva nacional O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, promulgou um Decreto que estabelece um regime de incentivos às empresas angolanas que actuam no sector petrolífero, conferindo-lhes um estatuto especial no acesso a apoios e direitos e obrigações especiais, à luz da Lei nº 10/04 de 12 de Novembro das Actividades Petrolíferas. Um comunicado da Casa Civil do Presidente da República informa que o diploma tem como objectivo garantir, promover e incentivar a participação no sector petrolífero de empresas tituladas por cidadãos angolanos e estabelecer as condições necessárias. O decreto estipula que as empresas associadas à Sonangol, em contratos de partilha de produção, passam a beneficiar da redução da taxa do Imposto sobre o Rendimento do Petróleo em 50 por cento para uma taxa equivalente à taxa em vigor do Imposto Industrial. As empresas que estejam associadas à concessionária nacional sob outras modalidades de contratos petrolíferos beneficiam da redução da taxa do imposto sobre o rendimento de petróleo de 65,75 por cento para uma taxa equivalente à taxa em vigor do Imposto Industrial. O decreto define ainda que as empresas petrolíferas angolanas ficam isentas do pagamento de bónus na assinatura de novos contratos petrolíferos e também da obrigação de comparticipação no financiamento das empresas de pesquisa da Sonangol - Pesquisa & Pro- 24 • Abril 2012 - Nº26 dução, S.A. e do pagamento das contribuições para projectos sociais previstos nos contratos petrolíferos entre a Sonangol e as suas associadas. O Decreto Presidencial estabelece ainda que o regime de incentivos do fomento das empresas petrolíferas angolanas é aplicável àquelas que sejam detentoras de interesses participativos em contratos petrolíferos em vigor, a partir do ano fiscal após a sua publicação. As empresas abrangidas no diploma, que podem ser privadas ou de capitais públicos, ficam impedidas de ceder a totalidade ou parte do seu capital a pessoas singulares ou colectivas estrangeiras. O diploma legal define as empresas de capitais públicos como aquelas “organizadas sob a forma de empresa pública ou sob a forma de sociedade comercial com capitais inteiramente públicos”. As privadas são as “constituídas por sócios que sejam pessoas singulares de nacionalidade angolana e detenham 100 por cento do capital”. ENERGIA RENOVAVÉL DESAFIO ALCANçÁVEL Afonso Chipepe (Economista) (Texto) Arquivo (Fotos) N a minha mais recente viagem aos E.U.A pude constatar que a alta do petróleo e da gasolina voltou a esvaziar os bolsos da população. Nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama anunciou planos para diminuir a dependência dos países do petróleo importado com o aumento da produção de etanol. Fiz referência no meu anterior artigo que o momento parece favorecer a ascensão da energia renovável derivada de fontes como a solar, eólica ou de biomassa. Essas fontes têm crescido nos últimos anos, atraindo investidores de peso e alimentando cadeias de suprimento. A Alemanha e a China foram os países que mais investiram no sector (entre US$ 25 bilhões e US$ 30 bilhões cada, em 2009), através de empresas que fabricam ou compram equipamen- tos de energia renovável e de financiamentos governamentais para a pesquisa e aplicação de tecnologias de energia limpa e de redução do consumo energético. Os EUA ficaram em terceiro lugar com um total de US $15 bilhões investidos em 2009, segundo a Ren 21, um centro de divulgação de políticas para o sector, sedeado em Paris. Entretanto, a energia renovável ainda não conseguiu superar críticas que a perseguem. Ela continua cara para concorrer directamente com os combustíveis fósseis e depende demais de subsídios governamentais. Convém referir que a maioria das fontes de energia renovável enfrenta um grande desafio: boa parte delas é intermitente e ainda não surgiram os avanços tecnológicos que podem torná-la uma provedora de energia confiável em tempo integral. Mesmo assim, julgo que para o caso de Angola ela pode ser aplicável nos lugares mais recônditos onde a energia eléctrica para lá chegar é um sonho de vários anos. O custo da energia solar desabou nos últimos anos mas ela só consegue concorrer com o carvão e o gás natural em poucos mercados onde o preço da electricidade é alto demais. Através da energia eólica ou solar, a electricidade só flui quando o vento está a soprar ou o sol está brilhando e isso é o que mais temos em Angola e a custo zero em quase toda a extensão do país, pelo que, para nós, essas fontes de energia são bem-vindas. Os defensores como eu da energia renovável dizem que os governos devem continuar a apoiar o seu crescimento, que pode servir obviamente para criar uma fonte de empregos e produção económica para as próximas gerações. Porém, convém também destacar que Angola poderia dar aproveitamento à reciclagem de lixo para energia renovável, reduzindo as emissões de dióxido de carbono, beneficiando com isso o meio ambiente, a saúde e a qualidade do ar local. Estamos certos de que a busca por um combustível que substitua o petróleo levará ainda alguns anos, mas o certo é que as empresas não desistem, continuando a pesquisa não obstante as reclamações de haver um preço a ser pago pela dependência excessiva da energia renovável e que se pode tornar um grande fardo económico. Embora as fontes renováveis ainda sejam caras, o preço pode melhorar daqui a vinte anos. E até lá, quando olharmos para trás, diremos que valeu a pena a persistência de lutar, de buscar, até encontrar. opinião 25 curiosidades HISTÓRIA DO PETRÓLEO Do ouro ao petróleo Aqui damos a conhecer alguns factos curiosos sobre aquela que é a mais rentável indústria do planeta: a indústria do Petróleo. Francisco Graça (Texto) DR (Fotos) D urante os séculos XVI e XIX o verdadeiro motor das expansões marítimas e das actividades económicas era a procura do ouro. Reis, marinheiros, soldados e mercadores uniram-se para localizá-lo e explorá-lo em qualquer parte do mundo. Os portugueses tentaram no litoral da África Ocidental e depois no Brasil, onde os grandes filões só foram encontrados no século XVIII, na região de Minas Gerais, os espanhóis lançaram-se sobre o México e esvaziaram o ouro e a prata dos astecas, o mesmo fizeram com os incas no Peru. Os americanos só o encontraram depois de 1848, na Califórnia, que 1853 George Bissel, responsável pela criação da indústria do petróleo, visita minas de petróleo na Pensilvânia. 1859 Coronel Drake perfura o primeiro poço de petróleo em Titusville – Pensilvânia. 26 • Abril 2012 - Nº26 recentemente haviam conquistado do México. Os ingleses descobriram os primeiros veios na Austrália no século XVIII e depois na África do Sul, na região dos Transvaal, na década de 1880. Mas a partir de 1859 um novo produto começou a atiçar a cobiça humana. Visitando a Pensilvânia, George Bissel encon- 1873 1885 Mina de petróleo de Baku (Rússia) aberta para desenvolvimento. A Royal Dutch encontra petróleo em Sumatra. A família Rotschild associa-se ao segmento russo de petróleo. A família Nobel entra no ramo de petróleo. 1870 John D. Rockfeller cria a Standard Oil Company. 1882 A Standard Oil torna-se monopolista. 27 tra petróleo. A partir de então começa a grande corrida atrás do ouro negro. No ínicio, extrai-se apenas o querosene para a iluminação, mas com o advento da indústria automobilística (a Ford fabrica o primeiro modelo em 1896) e do avião (os irmãos Wright voam em 1903), somado à sua utilização nas guer- ras, tornou-se o principal produto estratégico do mundo moderno. As maiores 100 empresas do século XX estão ligadas ao automóvel ou ao petróleo. E os nomes de John Rockeffeler (fundou a Standar Oil em 1870), Paul Getty, Leopold Hammer, Alfred Nobel, Nubar Gulbenkian e Henry Ford torna- ram-se mundialmente conhecidos por estarem associados ao petróleo ou ao automóvel. Livro "The Prize", escrito por Daniel Yergin, em 1991 e que lhe rendeu prémio Pulitzer. (Fonte) 1908 1892 Marcus Samuel envia o navio Murex pelo Canal de Suez. É o começo da Shell. 1905 Em função das revoltas na Rússia, os campos de Bako são incendiados. Descoberto petróleo na Pérsia, induzindo a criação da Anglo-Persian Oil Company, que mais tarde será a BP. 1901 1896 Henry Ford constrói o seu primeiro carro. O petróleo jorra em Spindletop – Texas – assinalando o início da Sun, Texaco e Gulf. William Knox D’Arcy adquire uma concessão na Pérsia. 1907 Fusão da Royal Dutch e Shell, colocando Henri Deterding no comando. ACTUALIDADE Evento SAP-Madrid A troca de experiências e a partilha de conhecimentos sobre novas funcionalidades são os objectivos dos encontros organizados pela SAP. Joaquim Vicente (Fonte) Arquivo (Fotos) T odos os anos a SAP AG organiza eventos espectaculares, como por exemplo o SAPPHIRE +SAPTeched, Road Shows de novas funcionalidades, visando interagir e até mesmo receber inputs dos seus principais parceiros estratégicos e também dos não estratégicos. Nos países ao sul do Sahara, incluindo a África do Sul e Angola, a SAP já realizou eventos de grande e de pequena dimensão, que tiveram como objectivo principal a troca de experiências e a partilha de conhecimentos com os parceiros sobre novas funcionalidades, agregando valor para os clientes. O Conselho de Administração da Sonangol E.P. tem assento, com direito a opinião, nas reuniões estratégicas desta multinacional em software do sistema SAP, reconhecimento feito por carta enviada em 2009. Os factos por si só o demonstram. Hoje a empresa Sonangol EP é membro do grupo restrito do EMEA IAC “Europa, Médio Oriente e África”, do qual fazem parte as principais indústrias de OIL & GAS do mundo. A história de implementações SAP no grupo Sonangol merece seguramente referência pelos esforços que a administração da petrolífera angolana tem feito para que a multinacional SAP se 28 • Abril 2012 - Nº26 instale em Angola e para que a Sonangol E.P. seja o seu maior e mais conceituado cliente. Há pouco menos de dez anos o Conselho de Administração da Sonangol E.P. deliberou, em reunião do Conselho de Gestão, a combinação da gestão por processos com a melhoria contínua, implicando, consequentemente, a necessidade da fixação de objectivos e a medição de resultados. Os processos de negócios submetidos à melhoria contínua necessitam do SAP como ferramenta de gestão adequada para efectuar essa avaliação dos indicadores Actualmente, as empresas buscam a integração da sua gestão por processos, aplicam princípios coordenados e recorrem à normas internacionais de Gestão da Qualidade, nomeadamente, ISO 9000, 14000, 18000, meio ambiente, segurança e saúde no trabalho. O certame que serviu de base para este artigo teve lugar na Península Ibérica, concretamente em Madrid, numa das maiores Feiras da Europa, com cerca de 4.000m2, sendo que os outros grandes eventos já mencionados foram realizados nos EUA e China, respectivamente. Desde as infra-estruturas aos meios de apoio, a feira SAP de Madrid foi um excelente recital de organização. The Best Run Businesses Run SAP foi o slogan do evento SAP Madrid+ SAP Teched, esta última com uma forte componente de passagem de know-how. A adesão às secções foram livres e a participação aos Key Notes e aos stands tiveram resultados surpreendentes. Houve testemunhos como o da multinacional Red Bull sobre a performance do sistema SAP. Alias, como já foi enfatizado, tudo esteve à medida e pessoalmente fiquei com a impressão de que a organização do evento tinha sido traçada com régua e esquadro. Sobre a actual crise que assola a Europa, a cidade de Madrid viveu alguns dias de boom económico. O desempenho das empresas foi excelente, a começar pelos transportes públicos e privados, hotéis, cadeias de restaurantes, cafés, incluindo salas de teatros e outros entretenimentos O governo Espanhol abriu as mãos de contente, facturou dos conferencistas elevados impostos e taxas, incluindo um IVA (Imposto S/Valor Acrescentado) sobre todos os produtos sem excepção. À margem das secções, os participantes da Sonangol ao certame tiveram uma agenda intensa preenchida de encontros. É o caso da reunião anual do EMEA AIC, presidida pelo seu Director Industrial para o Oil & Gás, John Timson, onde se passou em revista o passado, o presente 29 e o interessante futuro do SAP enquanto ferramenta para alavancar os processos de negócios. Outro importante encontro foi com uma proeminente personalidade da referida multinacional. Trata-se do Presidente da SAP Europa, Médio Oriente e África, que nos garantiu um tratamento mais equilibrado no desagravamento das taxas em 50% sobre as consultorias e a retirada, definitivamente, do país da zona de riscos para a realização de investimentos. O êxito maior foi a proposta de fazer parte do currículo de cursos SAP para serem ministrados na Universidade Corporativa, e potenciar a Subsidiária ESSA como um centro de excelência no ensino do SAP. O certame SAPPHIRE não ficou só pela apresentação dos produtos. Também foi associada a parte da boémia à moda dos angolanos. Realizaram-se jantares de confraternização entre comunidades de países africanos que utilizam o SAP para gerenciar os processos de negócios, incluindo um inédito e deslumbrante show que juntou todos os participantes num recinto para mais de cinco mil pessoas. Os angolanos também rejubilaram à parte. Pena é que tenhamos ido desprevenidos e não tenhamos levado sequer uma música de Paulo Flores nem de um outro cantor mwangolê para brindarmos o aniversário de um colega que na véspera completara mais uma risonha primavera. Mas, como dizem os mais velhos, o que é de Deus o Diabo não come e a boda de arromba ficou adiada para o dia D. História Atlético petróleos de Luanda Ângela Correia (Texto) JA Imagens e Arquivo (Fotografia) O Atlético Petróleos de Luanda, vulgo Petro de Luanda, é uma agremiação de carácter desportivo, associativo e administrativo, gerida juridicamente e de forma autónoma. Foi fundado em 14 de Janeiro de 1980, da fusão de três clubes da época: Grupo Sonangol; Clube Atlético de Luanda e o Benfica de Luanda. O nascimento do clube é fruto do cooperativismo empresarial e o relançamento do desporto numa Angola Independente. Por isso, tem como objectivo social principal, promover a prática e a expansão dessas actividades no seio da juventude e dos seus associados, proporcionando igualmente aí, um serviço em prol da cultura e recreação. O surgimento do Atlético Petróleo de Luanda teve diferentes motivos: 1°- Responder a estratégia da companhia petrolífera nacional no que tange a sua integração com a comunidade, contribuindo para o engrandecimento do desporto nacional, pondo ao seu serviço a sua capacidade organizativa e financeira. 2°- Responder à superior directriz emanada pela Secretaria de Estado da Educação Física e Desportos (SEEFD), que preconiza que seriam as empresas o motor de arranque e elemento dinamizador das actividades desportivas no seio das massas tralhadoras do país. Nesta conformidade, homenagem deve ser rendida ao camarada Hermínio Escórcio, a António Couto Cabral Júnior e ao então Ministro dos Petróleos, Jorge Morais. A instituição Atlé- No início do ano, em Janeiro, Mateus de Brito foi empossado como novo presidente do Petro de Luanda e prometeu aos adeptos um clube ganhador a lutar pelo título angolano e para, em dois anos, tentar conquistar a Liga dos Campeões Africanos, prova nunca antes conquistada por um emblema de Angola. “Queremos ser campeões, vencer a Taça de Angola e lutar pela Liga dos Campeões. Precisamos reforçar o estatuto do Petro como instituição promotora do desporto nacional”, referiu o presidente durante a tomada de posse. Mateus de Brito garantiu que vai manter a aposta nos escalões de formação. “Esse é o caminho. A formação tem de ser aposta regular. Esperamos colocar em prática algumas ideias que possam colocar o Petro no lugar que merece”, assumiu Mateus de Brito, actual presidente do emblema com mais títulos no futebol angolano. No ano de transição, também a claque merece atenções dos novos corpos sociais. Com efeito, Mateus de Brito prometeu dialogar mais com o grupo de adeptos e vai muni-los de instrumentos de apoio que ajudem a equipa a resgatar a mística vencedora. 30 • Abril 2012 - Nº26 31 O nascimento do clube é fruto do cooperativismo empresarial e o relançamento do desporto numa Angola Independente História tico de Luanda, em associação com o então Sport Luanda e Benfica, deu origem ao Atlético Petróleo de Luanda, o que lhe permitiu ter instalações desportivas compatíveis com as aspirações preconizadas pelo novo clube formado. Após consumar-se a sua criação, os responsáveis pelo clube viram-se obrigados a indigitar elementos que passariam a dirigir os destinos do clube. Foi assim que se realizou a primeira Assembleia-geral que criou dois Órgãos Directivos da nova equipa, nomeadamente a Mesa da Assembleia-geral, constituída por um Presidente (Hermínio Escórcio), um Vice-Presidente (António do Couto Cabral), e dois Secretários (Sérgio F. dos Santos e Luís F. Rita), respectivamente, Direcção composta por um Presidente (António Barroso Mangueira), um Vice-Presidente (José Luís de Melo Brigham), e dois Vogais (Telmo Guerreiro e Miguel Bernardo). Com esta direcção, o Petro deu os seus primeiros passos, começando com a integração dos atletas dos clubes que fizeram parte da sua constituição, o ajuste do staff administrativo bem como a gestão das novas infra-estruturas (que pertenciam ao extinto Benfica de Luanda e ao Atlético de Luanda). 32 • Abril 2012 - Nº26 Modalidades Desportivas A primeira modalidade a ser inscrita a nível oficial foi o Futebol. Participou no Campeonato da 2ª Divisão, em 1980, sagrando-se campeão. Com essa conquista teve acesso ao Campeonato da 1ª Divisão, no qual se consagrou campeão pela primeira vez em 1982. A seguir, depois do Futebol, foram inscritos o Hóquei em Patins, a Ginástica, o Basquetebol, o Andebol e outras. Com o Futebol o nome do Petro de Luanda subiu muito cedo aos quatro ventos, seguindo-se as modalidades de Hóquei em Patins, de Basquetebol e Andebol (esta última é uma das mais importantes no continente africano). Com o crescimento e desenvolvimento desportivo, e porque se tornava necessário, foi criado mais um Órgão Directivo, o Conselho Fiscal e de Disciplina, que era constituído por um Presidente (Júlio Sampaio), um Vice-Presidente (Domingos de S. Lima Viegas), um Secretário (Raul de Couto Cabral) e um Relator (José F. Lima). Nesta altura aumentou-se o número de Vice-Presidentes de Direcção e, foi-lhes atribuída uma função específica bem como se criou o posto de Secretário-Geral (encabe- çado por Armando Machado, uma figura conhecida nas hostes do desporto). No ano de 1987 foi criado mais um Órgão, o Conselho Geral, que comportava um Presidente (António de Couto Cabral Júnior), um Vice-Presidente (Júlio Sampaio) e dois Secretários (Sérgio F. dos Santos e Francisco José Gonçalves). Daí para frente o clube tem sido gerido por elementos nomeados nas Assembleias-gerais e Extraordinárias, que são realizadas, há algum tempo, a cada quatro anos. O novo Presidente do clube é Mateus Morais de Brito. Foi eleito no dia 14 de Janeiro do ano em curso por 56 votos a favor e oito abstenções. A Mesa da Assembleia-Geral é presidida por Sebastião Gaspar Martins. O antigo Vice-Presidente para o futebol, Tomás Faria, mantém-se no cargo. Uma das novidades é a presença do antigo Director Nacional do Desporto (DND), Victor Geovety Barros, como Vogal de Direcção. O Petro tem actualmente as modalidades de atletismo, andebol, basquetebol, futebol, ginástica, hóquei em patins, karaté-dó, vela e voleibol. 33 Curiosidades: Osvaldo Saturnino de Oliveira (Jesus) fora o artilheiro dos dois primeiros campeonatos conquistados pelo Petro Atlético: em 1982 (21 golos) e 1984 (19 golos). Ele ainda seria o artilheiro do campeonato angolano em 1985, com 19 golos. José Lourenço, fundador do Petro, foi o 2° classificado na Corrida de São Silvestre, em 2005. O seu primeiro título continental viria em 1993, no Benin, só que não foi no futebol e sim no Andebol. Competições Nacionais Campeonato Angolano: 1982, 1984, 1986, 1987, 1988, 1989, 1990, 1993, 1994, 1995, 1997, 2000, 2001, 2008 e 2009. Campeonato Angolano da Segunda Divisão: 1980 Taça de Angola: 1987, 1992, 1993, 1994, 1997, 1998, 2000 e 2002. Super copa de Angola: 1988, 1993, 1994 e 2002 Desporto “O desporto é a minha vida” Tomás Faria, vice-presidente do Atlético Petróleo de Luanda, vive dividido entre o escritório na Sonangol e o clube que tem como paixão. Ângela Correia (Entrevista) Malocha (Fotos) Fale-nos um pouco da sua rotina diária, escritório, clube e casa... É uma actividade bastante delicada, mas eu faço desporto porque gosto. Quanto ao Petro, no dia a dia, recebo documentos aqui no escritório e os despacho normalmente, para as actividades desportivas normais faço sempre que posso, é uma rotina minha e gosto muito de fazer, a grande diferença é que os meus fins de semana não são muito iguais aos outros. Gosto de ficar em casa, mas normalmente os dias de semana estou no escritório e aos fins-de-semana estou no Petro e aproveito e faço os meus exercícios normais, amo muito o desporto porque é muito bom. Qual é a área que lhe está destinada no Petro? No Petro eu sou o Vice-Presidente para a área do futebol, por isso nos últimos quatros anos ocupei-me de todo o futebol do clube, desde a camada de formação até ao futebol sénior. Recentemente, fui reconduzido para mais quatro anos para me dedicar ao futebol do Petro. Desde quando pratica desporto? Na verdade eu pratico desporto desde sempre, mas desporto federado a primeira vez fiz no futebol na camada juvenil do Ferroviário da Huila. Infelizmente não fui para os juniores porque, nesta mesma altura, as aulas não permitiam acumular. Por essa razão, entrei para o 34 • Abril 2012 - Nº26 andebol porque na época treinava-se de noite e fiquei lá duas épocas como federado. Mas essa não era a sua paixão... Não era mesmo e por isso fui para a área de treinamento, na qual fui treinador de futebol infantil. Depois fui treinando as equipas dos juvenis e juniores do Ferroviário da Huila por duas épocas. Mais tarde passei para sócio do Petro e fiz futebol de salão. Entretanto, tive algumas lesões e deixei. Passei para o atletismo como amador nos anos 90 e pratico até hoje. Gosto do atletismo porque não tem os problemas que as modalidades colectivas têm. Como é que a família vê essa sua devoção ao desporto? Não é fácil. Na verdade eu sou a referência da minha esposa no desporto. Ela hoje já faz também as suas caminhadas. Relativamente ao Petro já é mais complicado porque eu saio de casa cedo e não consigo voltar à hora do almoço, por isso até já tinha anunciado à imprensa que já não queria esse cargo novamente. Realmente gosto do que faço mas a minha família fica sempre prejudicada com esse cargo que ocupo, muitas vezes 35 Desporto vou ao Petro às oito da manha e fico lá quase todo o dia...Mas a minha família apoia-me muito e sabe aquilo que o Petro exige de mim. Curiosamente a minha família sofre mais do que eu quando o Petro sofre uma derrota. A minha esposa, por exemplo, envolveu-se muito com o clube. O Petro é uma das equipas com mais títulos nacionais e o ano passado saiu em 3º lugar. Quais são os desafios para este ano? O Petro, como tenho dito, é candidato natural nas competições que participa. Agora sabemos que, às vezes, estamos bem para conseguir e outras vezes não. Tal como previsto para o mandato até 2015, projectamos construir uma equipa que não é para um jogo apenas, mas sim que seja forte durante muito tempo. Queremos ser campeões Africanos, chega de ter apenas títulos internos. Temos consciência de que isso não é fácil porque para se formar uma boa 36 • Abril 2012 - Nº26 equipa são precisos bons elementos. E isso é que é muito difícil. Quando vamos ao mercado muitas das vezes não encontramos bons atletas para vestirem a camisola do Petro. Por isso estamos a investir na nossa escola de formação para que de lá saiam pessoas capacitadas para responder às nossas necessidades. O nosso projecto é que a nossa equipa tenha 80% da base da equipa formada em casa. Quais são os ganhos disso? Um dos ganhos é o alinhamento porque um indivíduo que foi formado por nós recebe todas as regras de como as coisas funcionam. O balneário fica seguro porque ele já sabe como funciona e como se comportar. Normalmente onde gosta de ver os jogos do Petro? Relativamente aos jogos do Petro gosto de vê-los em casa a descansar e depois saber dos resultados, mas tenho obrigações e tenho que par- ticipar dos jogos directamente. Não posso fugir, mas se pudesse gostaria de ver em casa. Quando há uma derrota do Petro como reage? É verdade que derrota é derrota e dói-nos muito perder um jogo. Eu, particularmente, sofro muito quando sofremos uma derrota mas faz parte do jogo, o futebol é mesmo assim e isso tranquiliza-nos. Deixe uma mensagem para os adeptos do Petro... Aos adeptos, tal como sempre, agradeço por esse carinho, principalmente, nos últimos dois anos que não ganhamos. Gostaria de dizer que continuem a apoiar-nos porque eles são a razão da nossa existência. Também pedimos que todos os adeptos se comportem na hora dos jogos sem muita euforia e que não arremessem objectos à relva porque isso mancha o nome que o Petro lutou muito para erguer. Cultura Carnaval e o Grupo União Mundo da Ilha Ao nosso Carnaval havemos de voltar! Kapembawe (Texto) Malocha (Fotos) A lgures em Luanda, num dia de 1967, no komba da dona Minga Diajina, viu-se o fim do antagonismo entre os filhos da ilha divididos entre os grupos Cidrália e Senguessa. Em simultâneo deslumbrava-se o nascimento daquele que seria um dos maiores grupos carnavalescos do nosso país. União Mundo da Ilha, que escolhe por unanimidade o dia 8 de Dezembro de 1968 como a data oficial para a sua fundação, ostenta na sua galeria 12 títulos das 36 participações neste evento de tamanha manifestação cultural. Com mais de 400 integrantes dançantes, desde a sua fundação, vem dando o ar da sua graça brincando o carnaval com harmonia, paz, e amor trilhando deste modo a trajectória traçada pela primeira geração do mesmo. Sua fundação Valéria António Fernandes de Almeida, Maria Manuel Cosmo, Maria Paixão, Maria da Conceição, Valéria Afonso, Maria Pascoal, António Miranda, tio Elias, e tantos outros. Movidos pelo desejo de verem seus filhos longe das posições antagónicas, brincando o Carnaval como uma grande manifestação cultural, uniu-se o grupo Senguessa e o Cidrália, ambos oriundos da ilha, para então o União Mundo da Ilha. Foi no 38 • Abril 2012 - Nº26 komba da dona Minga Diajina no bairro Rangel que os dois grupos oriundos da ilha que se encontraram e decidiram a união. Desde então o grupo obedece a uma hierarquia sustentada por um estatuto devidamente definido. O xinguilamento em forma de dança, ao som do batuque, na perspectiva de espantar os males, a vontade de divulgar a cultura daquela região e a unificação da grande família ilhoa, são as grandes aspirações que inerentes à supra citada fizeram nascer este brilhante grupo. A trajectória António Miranda como primeiro presidente do grupo, estigmatizava o início de uma trajectória coroada de êxitos onde como primeira rainha e rei estavam respectivamente, o tio Elias e a tia Esperança Fernandes, e como primeira princesa do grupo União Mundo da Ilha estava Maria da Conceição. Desde a sua fundação, o grupo não deixou de participar em nenhum desfile carnavalesco, completando um total de 36 participações. Das 36 participações, o grupo conseguiu granjear 12 títulos exibindo os hábitos e costumes levados aos espectadores por meio de coreografias que os deixam maravilhados ao ver tanto sincronismo nos passos, na dança e na euforia demonstrada nos desfiles. Hoje o grupo vai a caminho da quarta geração, com uma participação internacional, isto é em Espanha há 20 anos atrás. O União Mundo da Ilha é um dos melhores grupos carnavalescos do país. Desde a sua fundação, o grupo acompanha a dinâmica da sociedade e do mundo. Sem esquecer os ideais que o originaram, o grupo realiza algumas mudanças com a finalidade de torná-lo cada vez mais moderno e interactivo. Tem uma corte, 48 peixeiras, 50 marinheiros, 12 no xinguilamento, 14 tocadores. Mais ou menos 400 integrantes dançantes, dão hoje o ar da sua graça nos desfiles carnavalescos realizados no país ostentando a marca União Mundo da Ilha. Da marginal ao farol, “se não na Ingombota toda”, encontramos membros do grupo que tem como seus principais adversários o grupo União Kiela e o 54, respectivamente dos municípios do Sambizanga e da Samba. Ambos 39 40 • Abril 2012 - Nº26 41 com características similares, uma vez que “ boa parte dos habitantes do Sambizanga são oriundos da Ilha e da Samba, e por sua vez, a Ilha e a Samba fazem parte do mesmo corredor. Depois de 41 anos da sua existência, o União Mundo da Ilha é presidido pelo Senhor António Custódio, que também brinca o Carnaval ocupando a posição de chefe de alas. Como rei e rainha encontramos, respectivamente, Mário Fernandes e Beatriz Domingos, e Beatriz de Almeida como princesa. Características peculiares do grupo A pesca, a dança, a harmonia, a valorização cultural, são as grandes características peculiares do grupo, uma vez que toda a cultura desta região é adaptada nas coreografias exibidas pelo União Mundo da Ilha. Momentos mais marcantes Como não podia deixar de ser, a participação numa festa carnavalesca em Espanha é um momento que durante muito tempo estará na memória do União Mundo da Ilha, concomitantemente,” terão sempre nas suas lembranças a participação no ano 2003 em que justamente na hora em que devia entrar o grupo União Mundo da Ilha, bateram sobre a marginal de Luanda ventos fortes, ao ponto de descompassar a coreografia, ficando o grupo sem classificação”. Do mesmo modo, mas com um final feliz, foi a participação do grupo no ano 2007. Quando levantada a bandeira para a entrada do grupo União Mundo da Ilha, começou uma forte chuva que fez parar o desfile, sendo que foi escolhido um outro dia para o grupo desfilar. O grupo apareceu, desfilou e ganhou. Entre altos e baixos, estes são os momentos marcantes do União Mundo da Ilha. Perspectivas Continuar a brincar o Carnaval na base da unidade, harmonia, paz e amor, levando aos quatro cantos de Angola e pelo continente afora um trecho da cultura de uma grande sociedade multicultural, seguindo deste modo as recomendações daqueles que o fundaram. Este é o objectivo do União Mundo da Ilha: ganhar hoje, amanhã e sempre. CULTURA “Queremos mostrar a arte às gerações mais novas” A revista Sonangol Notícias bateu à porta de Marcela Costa, onde a artista que nos falou sobre os inúmeros projectos que tem desenvolvido no campo das artes. Ângela Correia (Texto) Malocha (Fotos) T ecelã e pintora, Marcela Martins Costa tem mostrado ao público aquilo que melhor sabe fazer. Natural do Kwanza Norte, Marcela Costa é uma das melhores pintoras do país. Depois de concluir o curso de Artes Visuais na Escola Industrial de Luanda, foi convidada por um dos seus professores para integrar um projecto de desenvolvimento cultural, que se encontrava a cargo do Conselho Nacional da Cultura. Posteriormente, trabalhou como desenhadora no Departamento Nacional de Museus e Monumentos e, em seguida, fez diversos cursos de tecelagem artística e de serigrafia na Suécia e no Brasil. Em 1995, criou o Atelier de Artes Marcela Costa, onde tem desenvolvido vários trabalhos com outras mulheres e não só. Para Marcela, a arte de criar é algo que a artista carrega desde o ventre de sua mãe e não pretende deixar de trabalhar com a arte tão cedo. “A arte é como todo e qualquer emprego, eu tenho este emprego e gosto muito do 42 • Abril 2012 - Nº26 meu trabalho. Para o que faço não há hora nem lugar, basta estar em harmonia com a natureza”. Marcela Costa mostrou vontade em levar as suas obras para a sua terra natal. “Já realizei várias exposições, a nível individual e colectivo, em países como o Reino Unido, Brasil, França, Zimbabwe, Estados Unidos, Zâmbia, África do Sul, entre outros. Em 2002, inaugurei uma exposição, cujo tema foi 'Arte Mulher-Angola 25 anos'. Nesse mesmo ano, recebi o Prémio Nacional de Cultura e Artes, na categoria de Artes Plásticas. Já estive em outras províncias, mas gostaria mesmo de um dia levar o meu trabalho à terra que me viu nascer”, confessou a artista. Para Marcela Costa, arte significa vida e o objectivo é chamar a atenção para a sociedade e a juventude terem mais gosto pela arte e fazer com que as mulheres se sintam mais valorizadas no mundo da arte. “Hoje vimos poucas mulheres neste ra- mo e o que nós queremos é continuar a despertar a nova geração para o lindo mundo da arte. Sabemos que querer é poder. O que devemos fazer é continuar a lutar para conseguirmos o nosso espaço”. Durante a nossa conversa e visita à galeria, a artista afirmou ainda que, em Angola, as artes plásticas começam já a ganhar mais espaços e a abertura de mais galerias ajudaria as pessoas a interessarem-se mais pela arte. Esperamos que os desejos da artista se concretizem num futuro próximo. 43 Marcela Costa nasceu em Setembro de 1957, no Golungo Alto, província d o K wa n z a N o r t e , Angola, e utiliza, nas suas criações, materiais como tecido, areia, estampas aplicadas, texturas naturais, em formas preferencialmente curvas que tra duzem uma ex p r e s s ã o n o feminino e uma prox imidade à terra. CULTURA 9ª Edição da mostra de arte mulher 2012 A galeria de artes e eventos Celamar realizou no dia dedicado a todas as mulheres, a nona edição da Mostra de Arte Mulher. O destaque do evento foi ainda o lançamento do primeiro disco das raparigas de percussão intitulado “Por Uma Causa”. O espaço foi pequeno para os apreciadores da arte. Segundo a organizadora do evento, Marcela Costa, este é mais um incentivo para todas as mulheres angolanas que devem "continuar a mostrar o seu valor, não importa a idade ou classe social, pois o mais importante é ocupar o espaço que é nosso por direito". Vários expositores fizeram notar os seus trabalhos numa noite bastante colorida. Para a Vice Ministra da Família e Promoção da Mulher, Ana Paula Silva Sacramento Neto, esse é um dos muitos trabalhos que as mulheres devem desenvolver não só a nível de Luanda mas em todo o país. “Nós mulheres temos que mostrar o nosso potencial não só no dia dedicado a nós mas no dia a dia porque somos a força motriz da nação e devemos desenvolver as nossas actividades em qualquer área da sociedade” disse a Vice-Ministra. Ana Paula Silva acrescentou ainda que o trabalho que as mulheres da galeria Celamar têm desenvolvido serve principalmente para ajudar mulheres com todo o tipo de dificuldades. “ É de louvar a iniciativa desta galeria que tem ajudado muito o nosso Ministério, temos essa galeria que é uma das principais parcerias do Ministério”. 44 • Abril 2012 - Nº26 Divalda Zua Erika Vassara Gracia Ferreira Margarida Nkai Clara Monteiro Teresa e Joanete Soares 45 Sonja Alvaen Zizi Ferreira Maria João Padrão CULTURA Ana Paula Sanches Filomena Coquenão “Aprecio muito o trabalho que a Marcela tem feito pela oportunidade que nos dá de mostrar os nossos trabalhos, porque muitas das vezes ficamos sem saber aonde levar e apresentar os nossos trabalhos e hoje posso apresentar aqui o meu trabalho e estou bastante feliz por cá estar”, disse a pintora Lwana de Almeida. Para Patrícia Cardoso, o que falta são lugares onde as pessoas podem apreciar os trabalhos dos artistas. “Luanda praticamente não tem espaços onde possamos apreciar a arte. Espero que se criem espaços públicos para as pessoas irem ver os trabalhos que desenvolvemos”. Lwiaba Almeida Na gala também foram expostas roupas, calçado e objectos da autoria de vários grupos de mulheres que aderiram ao projecto. A noite terminou com o show das raparigas de percussão Celamar, durante o qual visitantes, expositores e o público em geral dançaram ao som do ritmo dos instrumentos das meninas. 46 • Abril 2012 - Nº26 HISTÓRIA História do 8 de março Dia internacionaL da mulher N o dia 8 de Março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ao ocupar a fábrica o seu objectivo era reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho. A manifestação foi reprimida com uma violência brutal e as mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num acto totalmente desumano. Porém, somente no ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de Março passaria a ser o "Dia Internacional da Mulher", em homenagem às mulheres que morreram na fábrica em 1857. Mas somente no ano de 1975, através de um decreto, a data foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas). Ao criar-se esta data não se pretendia apenas comemorar mas marcar uma posição. Na maioria dos países realizam-se conferências, debates e reuniões com o objectivo de discutir o papel da 48 • Abril 2012 - Nº26 Em vários países realizamse conferências, debates e reuniões com o objectivo de discutir o papel da mulher na sociedade actual. 49 Marcos das Conquistas das Mulheres na História • 1788 - O político e filósofo francês Condorcet reivindica direitos de participação política, emprego e educação para as mulheres. • 1840 - Lucrécia Mott luta pela igualdade de direitos para mulheres e negros dos Estados Unidos. • 1859 - Surge na Rússia, na cidade de São Petersburgo, um movimento de luta pelos direitos das mulheres. • 1862 - Durante as eleições municipais, as mulheres podem votar pela primeira vez na Suécia. • 1865 - Na Alemanha, Louise Otto, cria a Associação Geral das Mulheres Alemãs. • 1866 - No Reino Unido, o economista John S. Mill escreve exigindo o direito de voto para as mulheres inglesas • 1869 - É criada nos Estados Unidos a Associação Nacional para o Sufrágio das Mulheres • 1870 - Na França, as mulheres passam a ter acesso aos cursos de Medicina. • 1874 - Criada no Japão a primeira escola normal para moças. • 1878 - Criada na Rússia uma Universidade Feminina. • 1901 - O deputado francês René Viviani defende o direito de voto das mulheres. Sonangol no dia da mulher Na Sonangol, o Dia Internacional da Mulher também foi assinalado com a entrega de uma flor às funcionárias da empresa. Uma forma singela de celebrar um marco tão importante na História. mulher na sociedade actual e, dessa forma, tentar diminuir e, quem sabe um dia terminar com o preconceito e a desvalorização da mulher na sociedade. Mesmo com todos os avanços, as mulheres ainda sofrem, em muitos locais, salários mais baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional. Sem dúvida que muito foi conquistado, mas ainda há muito para ser modificado na História. opinião RESPONSABILIDADE SOCIAL Carlos Guerreiro R esponsabilidade social empresarial é uma forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais. Hoje, nós vivemos uma crise de percepção de valores, e é necessário que as empresas se antecipem, investindo para que os possíveis desastres naturais ou não possam ser minimizados ou evitados. Para que a responsabilidade social possa ser um facto nas empresas é necessário sensibilizar as lideranças para se dar a percepção de que já existe um campo de valores, que há vontade de agir. Ainda nesse âmbito, também devemos identificar e explorar os valores internos nas empresas, a cultura, os rituais, os símbolos, aproveitando desta forma os 50 • Abril 2012 - Nº26 valores que já existem, para se implementar um processo de responsabilidade social nas empresas. O levantamento da visão dos stakeholders (governo, accionistas, igrejas, associações, etc.) e a elaboração de um mapeamento complemento para saber das expectativas de todos os interessados em relação a responsabilidade social empresarial são pontos bastante importantes para que os accionistas, e não só, possam ser parte desta cadeia de valores. O mapeamento do sistema de gestão existente nas empresas, a definição dos indicadores de resultados e a sensibilização dos líderes e dos gestores são igualmente factores fundamentais para essa implementação. Os negócios estão a ser chamados para assumir responsabilidades amplas para com a sociedade como nunca o foram antes, melhorando os valores humanos (qualidade de vida, além da quantidade de produtos e serviços). Os negócios existem para servir a sociedade e o seu futuro dependerá da qualidade da gestão em responder às mudanças das expectativas do público. Finalmente, podemos afirmar que em Angola a petrolífera nacional, Sonangol, tem sido o baluarte e o exemplo de empresa que se tem preocupado com a responsabilidade social empresarial, conciliando desta forma os seus lucros com o atendimento às áreas mais vulneráveis da sociedade e dedicando especial atenção ao meio ambiente. Vivemos uma crise de percepção de valores, e é necessário que as empresas se antecipem.