1 A regulação econômica e a Indústria Farmacêutica no Brasil Ciro Mortella Presidente Executivo 2 Duas visões das funções do Estado • A concorrência no mercado maximiza o bem-estar da sociedade: Cabe ao Estado melhorar a concorrência, alterar a distribuição de renda, manter a ordem e fazer valer os contratos. • O mercado apresenta “falhas” que justificam a atuação regulatória do Estado: Externalidades Bens públicos Erros de decisão 3 Um problema conhecido dos agentes reguladores O envolvimento do agente regulador com o regulado ou com um interesse isolado é um dos problemas mais analisados na literatura sobre regulação. 4 A regulação econômica e a Indústria Farmacêutica no Brasil • Política de Saúde: - intervenções para aumentar o bem-estar dos pacientes - reflexos nas finanças públicas (restrições fiscais) • Política Industrial: - medidas voltadas para aperfeiçoar a eficiência econômica e a competitividade 5 A regulação econômica e a Indústria Farmacêutica no Brasil • Como ? - múltiplos objetivos podem ser perseguidos, considerando que a intervenção pública opera com instrumentos limitados ? - fazer com que oferta e consumo sejam otimizados, preservando os interesses público e privado ? - conciliar assistência farmacêutica, preço dos medicamentos e restrição fiscal ? - fazer tudo isso sem desestimular o investimento e a inovação ? 6 Os efeitos da regulação econômica sobre a Indústria farmacêutica no Brasil As perspectivas existentes em 1997, com regras estáveis para a produção e para a comercialização de medicamentos no Brasil, foram revertidas a partir de 1999. 7 Os efeitos da regulação econômica no Brasil • As condições do acesso aos medicamentos no Brasil se modificaram substancialmente com a implantação da regulação econômica ? • Quais parâmetros podem medir essas modificações ? 8 O que se observou no setor a partir da implantação da regulação em 1999 ? • Compressão do preço relativo dos medicamentos. • Redução do nível de emprego do setor. • Redução da produtividade. • Queda na oferta de medicamentos. • Queda na produção doméstica. • Aumento da capacidade ociosa. • Substituição da produção local por importações. • Queda do Brasil no ranking mundial. 9 Os efeitos da regulação econômica sobre a Indústria Farmacêutica no Brasil Comportamento dos Preços Relativos dos Medicamentos Período IPA-OG Índice geral (ago 1994 = 100) (a) IPA-OG Índice prod. farmacêuticos (ago 1994 = 100) (b) Preço Relativo Dos Medicamentos (b/a) 126,39 130,87 128,60 215,17 151,1 167,46 159,28 229,13 1,19 1,28 1,23 1,06 Média 1997 Média 1998 Média 1997 – 1998 Média ago 01- jul 02 Fonte: Fundação Getúlio Vargas 10 Os efeitos da regulação econômica sobre a Indústria Farmacêutica no Brasil Indústria Farmacêutica: Crescimento do Emprego em 12 meses Var. % 0,02 0,01 ago/02 jun/02 abr/02 fev/02 dez/01 out/01 ago/01 jun/01 abr/01 fev/01 -0,01 dez/00 0 -0,02 -0,03 -0,04 Meses 11 Os efeitos da regulação econômica sobre a Indústria Farmacêutica no Brasil Estimativa da produtividade da mão de obra na Indústria Farmacêutica 1997 1998 1999 2000 2001 Unidades Produzidas Domesticamente 1000 Un. 1705827 1640304 1499760 1465965 1370331 Empregos Diret os 1000 48,1 49,1 50,0 49,6 48,1 Produtividade da Mão de Obra 35464,2 33407,4 29995,2 29555,7 28489,2 Variação (%) --5,8% -10,2% -1,5% -3,6% Fontes: M. do Trabalho e FEBRAFARMA 12 Os efeitos da regulação econômica sobre a Indústria Farmacêutica no Brasil Utilização de Capacidade na Ind. Transformação (%) Utilização de Capacidade na Ind. Farmacêutica (%) Diferença (pontos de percentagem) Importação de medicamentos - posiç ão 30 da NCM (ton) Var. % importação sobre ano anterior 83,5 81,8 85,8 83,5 + 2,3 +1,7 13 730,8 15 650,3 -14% 82,6 84,6 +2,0 14 690,5 -- 80,5 82,8 81,7 73,3 75,4 69,6 -7,2 -7,4 -12,1 11 675,3 12 777,3 17 078,4 -25,4% 9,4% 33.7% B) Média 1999 - 2001 81,7 72,8 -8,9 13 843,7 -- Comparação entre médias dos períodos (B/A) -1,1% -13,9% -- -5,8% -- Anos 1997 1998 A) Média 1997-1998 1999 2000 2001 13 Os efeitos da regulação econômica sobre a Indústria Farmacêutica no Brasil Participação das Importações nas Vendas do Mercado Interno US$ FOB (x 000) 1997 1998 1999 ImportaçãoTotal 1.013. 759 1.212. 256 1.511. 739 1.419. 295 1.521. 953 Vendas * 8.537. 436 8.660. 434 6.537. 763 6.705. 678 5.758. 437 11,87% 14,00% 23,12% 21,17% 26,43% Import/Vendas 2000 2001 * sem impostos Fonte: Grupemef e FEBRAFARMA 14 Balança comercial do setor farmacêutico US$ [milhões] FOB 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 Exportações 83 111 131 154 195 232 219 Importações 414 529 833 1.014 1.213 1.512 1.419 15 Fonte: MDIC / Secex / FEBRAFARMA 2001 1997 Mercado farmacêutico ranking US$ 1º 1º 2º 2º 3º 3º 4º 4º 5º 5º 6º 6º 7º 7º 8º 8º 9º 10º Fonte: IMS - World Drug Purchases / World Review 9º 10º 16 Mercado farmacêutico mundial Junho 2002/01 País Vendas US$ bilhões Evol. % América do Norte Estados Unidos Canadá 146,9 140,3 6,6 14 14 12 Europa (top 5) Alemanha França Itália Reino Unido Espanha 55,6 15,9 14,0 9,7 9,9 5,9 8 9 5 6 11 10 Japão 46,4 -6 América Latina (top 3) Brasil México Argentina 12,1 4,1 5,9 2,1 -9 -13 12 - 36 Austrália / Nova Zelândia 3,0 6 Fonte: IMS Drug Monitor / Scrip Magazine 17 Medicamentos e preços • Os medicamentos são mais caros do que poderiam ser ? • A regulação através do controle de preços baseado em custos não responde a essa pergunta porque as planilhas não conseguem mostrar o valor do estímulo ao investimento, do aperfeiçoamento tecnológico e das incertezas das pesquisas. 18 Pesquisa e desenvolvimento de medicamentos • Tempo de desenvolvimento: 12–15 anos. • Somente 1 em cada 5.000 remédios chega até os pacientes. • Investimento de 300 a 500 US$ mi por medicamento. • 7 entre 10 drogas não cobrem os custos de P&D. 19 Diminuição do tempo de exclusividade (em anos) Inderal - 1966 12 1978 - Lopressor Tagamet - 1977 6 Capoten - 1980 5 1983 - Antak 1985 - Vasotec Seldane - 1985 4 1989 - Hismanal AZT - 1987 4 1991 - Videx (dll) Mevacor - 1987 4 1991 - Pravacol Prozac - 1987 4 1991 - Zoloft Diflucan - 1990 2 Recombinate - 1992 1 Invirase - Dez/95 0.25 1992 - Sporanox 1993 - Kogenate Mar 96 - Norvir 20 Fonte: The Wilkerson Group, 1995 Mercado Farmacêutico no Brasil 2001 TPM => US$ 4,94 bi 31.3 % % moléculas protegidas por Patentes (US$ 1,54 bi) Fonte: IMS - PMB 21 Preço médio unitário em 2001 (US$) 12 10 9,82 8 7,01 5,77 6 4,76 3,41 4 5,28 3,77 3,67 2,92 2 0 Argentina Brasil Fonte: Febrafarma Chile Colômbia Equador México Paraguai Uruguai Venezuela 22 Decomposição do PMC a partir da Lei 10.147 (NÃO INCLUI IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO E ALOCAÇÃO DO IR/CSLL DOS ELOS DA CADEIA) 21,8% 47,3% 8,0% VAREJO DISTRIBUIDOR GOVERNO INDÚSTRIA 22,9% Obs.: Média: Lista Negativa / Positiva 23 O perfil da regulação econômica sobre a Indústria farmacêutica no Brasil A política regulatória afastou-se de seu papel técnico, para contemplar os interesses de uma das pontas da equação (apresentado como bem-estar dos pacientes) em detrimento, este é o equívoco, dos interesses da outra ponta (o desenvolvimento da produção de medicamentos). 24 A regulação no mercado de farmacêutico no Brasil no passado O CIP e os planos heterodoxos • Levaram à concentração do setor, diminuição da concorrência, hoje interpretada como “falha” do mercado. • Levaram ao enfraquecimento da indústria de capital nacional. • Levaram à recuperação de preços, negociada com o governo mas posteriormente denunciada como prática abusiva. 25 A regulação econômica e a Indústria farmacêutica no Brasil A tentativa de segmentar interesses, sociais e produtivos, é um equívoco caro para a sociedade no longo prazo. 26 O desafio dos países em desenvolvimento: atrair investimentos • Condições macroeconômicas favoráveis e estáveis • Mercado em expansão • Estabilidade de regras • Perspectiva de retorno do investimento. 27 Obrigado 28 29