3 Sistemas de Referências para a Produção de Leite na Agricultura Familiar da Região Noroeste do Paraná Luciene Nogueira Edson Luiz Diogo de Almeida Jair de Araújo Marques José Antônio Cogo Lançanova José Jorge dos Santos Abrahão Marcos Henrique da Silva Simony Marta Bernardo Lugão Valter Martins Pessoa Apresentação Com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento da agricultura familiar através de um processo de pesquisa e difusão melhor adaptado às características deste estrato de produtores, a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento do Paraná, por intermédio da Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER - Paraná) e do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), vem executando, desde junho de 1998, o projeto “Redes de Referências para a Agricultura Familiar” (REDES), trabalho inserido no Programa de Estado “Paraná 12 Meses”, em seu componente Manejo e Conservação dos Recursos Naturais - Fase II. As REDES constituem-se em uma metodologia de pesquisa adaptativa e extensão rural, apoiada em propriedades analisadas e acompanhadas sob o enfoque sistêmico, no qual contemplam-se análises dos recursos naturais, produção vegetal e animal, recursos humanos e econômicos. Em suas diferentes etapas, a implantação das REDES compreende a realização de um estudo prévio com a caracterização da região de trabalho e a tipologia de agricultores que tem por objetivo apoiar a escolha dos sistemas de produção a serem estudados; a escolha dos sistemas de produção prioritários, feita a partir das informações da etapa precedente segundo critérios que os responsáveis pelo trabalho julgam mais pertinentes para cada situação e a seleção de propriedades que comporão as redes, efetuada a partir da reflexão da equipe responsável pelo projeto considerando os objetivos propostos. Escolhidas as propriedades, tem início o acompanhamento de seu sistema produtivo e o seu diagnóstico, realizado com o intuito de conhecer o funcionamento daquele sistema, seus pontos de estrangulamento, suas potencialidades e os objetivos do agricultor, informações que por sua vez embasarão as etapas de planejamento e intervenções na propriedade. A partir do acompanhamento das propriedades e das intervenções realizadas visando o aperfeiçoamento de seus sistemas de produção, são obtidas referências técnicas e econômicas úteis também para outros agricultores de características semelhantes. As informações colhidas são analisadas de forma interdisciplinar, levando-se em conta os diferentes componentes que interagem na propriedade. Deste modo as REDES permitem ajustar os sistemas de produção existentes para se adaptarem às potencialidades e dificuldades locais, quer sejam elas de natureza técnica ou econômica, visando assim atingir a maior rentabilidade possível, obedecidas as premissas de sustentabilidade e estabilidade. O presente trabalho, apresenta três sistemas de referências para produção de leite na agricultura familiar na região do Arenito Caiuá, no noroeste paranaense, os quais distinguem-se pelo grau de intensificação no manejo da pastagem. Tais sistemas foram elaborados com base no trabalho desenvolvido junto a 38 agricultores participantes do Projeto, no período de setembro de 1998 a setembro de 2003. Os agricultores participantes distribuem-se por 23 municípios das regiões de Paranavaí e Umuarama. Ao apresentar este documento queremos nos somar a equipe da mesorregião noroeste das REDES no agradecimento aos agricultores colaboradores do Projeto, sem os quais este não seria possível de ser realizado. Paranavaí, novembro de 2004 Diniz Dias Doliveira Márcio Miranda Coordenação Estadual das Redes de Referências para a Agricultura Familiar SISTEMAS DE REFERÊNCIAS O que são Para que servem Como são elaborados Como estão apresentados Características gerais dos sistemas descritos 1. O que são Sistemas de Referências ? São modelagens elaboradas com base nos dados observados a campo por meio do acompanhamento técnico e econômico das propriedades participantes do projeto, considerando os progressos técnicos e gerenciais possíveis de serem obtidos, alguns dos quais já constatados em propriedades integrantes das REDES. O trabalho é executado pela equipe responsável pelo desenvolvimento do projeto na região, permitindo que se incorpore na modelagem a experiência dos técnicos e outras fontes de dados consideradas relevantes para o contexto regional. Sistemas de referências não correspondem, portanto, a apresentação de médias dos resultados das propriedades estudadas, nem sequer a simulações que considerem exclusivamente resultados obtidos em condições experimentais sob condições controladas. Descrevem um sistema de produção com seus diferentes componentes, considerando a combinação de atividades existente nos sistemas acompanhados e os itinerários técnicos de produção, os quais são coerentes com os níveis de produtividade indicados e a disponibilidade de recursos humanos, físicos e econômicos, levando em conta ainda restrições de solo e clima presentes na microrregião de ocorrência do sistema analisado. Deste modo, os sistemas de referências devem ser tomados como o conjunto de resultados técnicos e econômicos globais, relativos assim ao sistema de produção analisado como um todo, possíveis de serem esperados com o bom funcionamento do sistema descrito. 2. Para que servem ? Em sua operacionalização cotidiana, as REDES abrangem na mesorregião noroeste um total de 63 agricultores responsáveis por sistemas de produção relevantes para suas regiões, seja sob o ponto de vista do número expressivo de outras propriedades com condições similares de solo, clima, infra-estrutura e recursos humanos conduzindo atividades similares, seja sob a perspectiva futura das novas alternativas que apresentam. A massificação das informações obtidas neste processo de acompanhamento e intervenções é portanto fundamental para que os avanços alcançados no Projeto sejam disponibilizados para todo o conjunto de produtores identificados com os tipos estudados. Para alcançar os objetivos de disseminação da informação são utilizados diferentes tipos de estratégias e instrumentos de comunicação cada qual com um objetivo específico. No caso dos Sistemas de Referências estes se prestam fundamentalmente para: • • • • • Oferecer aos agentes de assistência técnica e extensão rural informações consolidadas acerca do desempenho técnico e econômico possível de ser alcançado em sistemas de produção de relevância regional; Orientar agricultores em processos de conversão de seus sistemas produtivos, reunindo informações que permitam uma análise preliminar na qual diferentes alternativas estejam sendo cotejadas; Disponibilizar informações que possibilitem orientar agricultores na gestão da propriedade agrícola, oferecendo uma base de referências para análise comparativa; Permitir a realização de simulações e análises prospectivas que possam orientar iniciativas de políticas públicas; Oferecer aos responsáveis pela formação profissional de agricultores e estudantes de ciências agrárias um conjunto de simulações potencialmente úteis para suas práticas pedagógicas. 3. Como são elaborados ? A construção dos sistemas de referências inicia-se conjuntamente com o acompanhamento das propriedades integrantes das REDES, obedecendo procedimentos cronologicamente muitas vezes simultâneos os quais, para fins didáticos, podem ser agrupados em quatro etapas: 1ª Obtenção das referências intermediárias: São as informações coletadas diretamente nas propriedades, as quais são utilizadas como insumos para a elaboração (depois de analisadas e consolidadas) das referências modulares. São parâmetros técnicos e econômicos concretos (reais) relativos as diferentes atividades presentes no sistema de produção, sendo específicas de cada propriedade acompanhada. Podem ser obtidas em duas situações: nos diagnósticos técnicos e nos registros durante o acompanhamento. 2ª Obtenção das referências modulares: Após o processamento, análise e consolidação das referências intermediárias por sistemas de produção, obtém-se as referências modulares, que são informações obtidas no médio e longo prazos, compostas por parâmetros e indicadores técnicos e econômicos relativos as atividades acompanhadas, os quais incorporam às referências intermediárias as margens de progresso possíveis, ou seja incrementos no desempenho do sistema de cultivo possíveis de serem alcançados por agricultores que estejam dentro do domínio de recomendação dos sistemas de produção que deram origem a essas referências. Para definição destas margens de progresso consideram-se além das intervenções nas propriedades acompanhadas, os conhecimentos das equipes de especialistas, as referências de REDES de outras regiões e os resultados do trabalho de pesquisa e de validação de tecnologias. 3ª Construção do Quadro de Coerência Aqui as informações obtidas em cada uma das propriedades acompanhadas são agregadas considerando o sistema de produção ao qual pertence o agricultor. Idealmente os sistemas de referências são descritos a partir da agregação de dados de ao menos cinco propriedades. Na elaboração do quadro de coerência procede-se um exame criterioso da estrutura interna de cada sistema trabalhado, considerando a superfície agrícola útil, a mão-de-obra familiar e o capital disponíveis, bem como a renda bruta obtida e sua composição. Para garantir a maior coerência interna ao sistema a ser descrito, os casos extremos são desconsiderados na análise. 4ª Simulações e Descrição dos Sistemas de Referências Com os quadros de coerências elaborados, procede-se então a última etapa do trabalho. Primeiramente simulam-se os resultados do sistema de referência analisado considerando os ajustes necessários e possíveis em sua estrutura interna e em seu funcionamento, quando tomam-se em conta as referências modulares disponíveis para as atividades presentes e a necessidade de manutenção de sua coerência no que diz respeito a disponibilidade e utilização dos recursos. A seguir tal sistema é descrito, considerando os resultados obtidos na simulação. Observa-se deste modo que muito embora o sistema de referência diga respeito a um modelo, ele garante sua consistência e aplicabilidade pelo fato de que o trabalho de modelagem é efetuado a partir de dados concretos. Neste sentido a simulação e descrição orientam-se a partir de uma propriedade pivô, a qual possui estrutura e desempenho próximo daquele apresentado como referencial ao sistema acompanhado. 4. Como estão apresentados ? Visando primeiramente inserir o leitor no contexto da produção leiteira, principal atividade dos sistemas descritos, este documento inicia-se com uma breve discussão das recentes transformações estruturais ocorridas no agronegócio do leite no Brasil e seus impactos nos planos estadual e regional. Em seqüência, discutem-se algumas das funções econômicas e sociais cumpridas pela atividade leiteira na região do Arenito Caiuá, introduzindo-se então os sistemas de referências descritos, suas características gerais, técnicas e econômicas. Tem-se então a apresentação detalhada dos sistemas acompanhados, a qual é realizada seguindo uma estrutura padrão descrita à seguir: 1a A 1ª página apresenta um box no qual indicase o sistema de produção descrito (categoria social e atividade predominante), indicandose a seguir a produtividade e o perfil da produção leiteira, a superfície agrícola útil e a mão-de-obra familiar disponível. A composição do rebanho e as principais estratégias de manejo alimentar são trazidas aqui. Apresentam-se também algumas características gerais do sistema e o esquema de ocupação de sua superfície agrícola útil. PS M 1 LE IT E – 15 L/VA C A /D IA B A IX A IN T E N S IF ICA Ç Ã O D A PA S T A G EM no A renito, P R Produçã o d e 7 .4 6 6 litros d e leite/ha/a no, em 11 ha com 1 ,5 E q.H , com baixa intensifica ção d a pa stagem . 1A • • • • • R E BA N H O 2 0 V acas (15 em lactação e 5 secas) 9 N ovilh as + B ezerras • • • S istem a com 100 % da S uperfície de Á rea A g rícola (S A U ) destinada à produção anim al (11 ha);. PS M 1 L eite N o verão os anim ais são mantidos em sistem a de pastejo com lotação rotacionada, utilizando-se com o p a sta g e m tropica l p e rene (PT P) espécies com potencial de m édia produtividade (e strela rox a , m om b a ç a , ta nzâ nia ). T axa de lotação das pastagens no peródo das águas é de 3 a 4 U A /ha . A nim ais oriundos d e vacas m estiças, predom inando o g rau d e sangue 7 /8 h olandês, com produção m édia de 15 litros/vaca/dia. U nid ad e d e E xplo ração A gríco la – 1 3,5 h a A Pa stag em T ropical P erene (P T P ) é a base da alim entação no verão, com suplem entação energ ética ou energética/protéica, de acordo com a produção e curva de lactação. N o inverno a b ase da alim entação é a cana-dea ç úca r, corrig ida com a m istura de uréia + sulfato de am ônio, com suplem enta ção energ ética/ proteíca. Partindo de situações com um ente observa das no m eio real, este sistem a dem anda 4 a 6 anos para ser ajustado. PTP 9 ,6 h a C A N A - D E -A ÇÚ C A R 1,4 h a R E S E R V A LE GA L 2,0 ha S E DE /C A R RE A D O R 0 ,5 ha 2a e 3a Informações relativas ao manejo alimentar do rebanho são trazidas nas 2ª e 3ª páginas. Pastagem e Suplementações O manejo das pastagens também é discutido, incluindo-se esquemas de adubação das pastagens tropicais perenes, do sorgo e da cana-de-açúcar, além de dados relativos a adubação nitrogenada e rendimentos das pastagens em toneladas de matéria seca. SISTEMA FORRAGEIRO VERÃO: PASTAGEM + SUPLEMENTAÇÃO (185 dias) INVERNO: CANA-DE-AÇÚCAR + URÉIA e SULFATO DE AMÔNIO + SUPLEMENTAÇÃO (180 dias) Manejo da Pastagem Para um menor nível de intensificação (100 kg de N/ha/verão) as espécies forrageiras mais indicadas são: estrela roxa, tanzânia e mombaça. As PTP são conduzidas em sistema de pastejo com lotação rotacionada, com 1 a 3 dias de pastejo. O período de descanso é determinado pela altura da pastagem, variando com a espécie forrageira conforme tabela abaixo. Tabela xx: Altura de entrada (pastejo) e de saída (resíduo pós-pastejo) dos animais na pastagem, de acordo com a espécie forrageira. • • forrageira altura de entrada (cm) altura de saída (resíduo pós-pastejo) (cm) Período médio de descanso, em dias (estimativa) Estrela roxa Tanzânia 40 70 10 25 30 a 40 30 a 45 Mombaça 90 30 30 a 45 Adubação da Pastagem A página 3 concentra-se na discussão do sistema de suplementação, apresentando também a curva de lactação. As recomendações de calagem e adubação devem ser realizadas de acordo com a análise de solo. Esquema de adubação das PTP: • A saturação por base deve ser elevada para 50%; • O fósforo deve ser elevado para 8 ppm; • O potássio deve ser corrigido para 3% da CTC do solo; • A adubação nitrogenada recomendada para alcançar a taxa de lotação de 3UA/ha no período de 185 dias (período das águas) deve ser de 100kg de N/ha, parcelado em 3 a 4 aplicações, junto com a adubação potássica; • No sistema de pastejo com lotação rotacionada, as adubações nitrogenadas devem ser realizadas após o pastejo, utilizando com fonte de nitrogênio a uréia (em condição que não ocorra perda por volatilização) ou o nitrato de potássio (em condição que ocorra perda por volatilização, se usar uréia). Esquema de adubação da Cana-de-açúcar: • A saturação por base deve ser elevada para 70%; • O fósforo deve ser elevado para 12 ppm; • O potássio deve ser corrigido para 5% da CTC do solo; • A adubação nitrogenada deve ser de 100kg de N/ha/ano; • As adubações, nitrogenada e potássica, devem ser realizadas em 02 parcelas: a primeira com a brotação à 0,40 cm e a segunda à 0, 70 cm de altura. As produtividades das pastagens tropicais perenes (PTP) e da cana-de-açúcar são apresentadas na Tabela abaixo. Tabela Produtividade das pastagens tropicais perenes (PTP) e da cana-de-açúcar, com 100 Kg N/ha/período águas. Espécie forrageira Kg N/ha/ Ton MV/ha/ano Ton MS/ha/ano PTP 100 60-70 12-14 cana-de-açúcar 100 100 27-30 4a A 4ª página ilustra o plano forrageiro, apresentando o esquema de alimentação necessária por unidade animal. São considerados distintamente os períodos de inverno e verão, sendo as informações apresentadas para as diferentes categorias animais. Plano Forrageiro Categoria animal Alimentação necessária (15L/vaca/dia) 15 Vacas em Lactação (18 UA) PTP 5,5 ha Supl. Energético ou Protéico O N D J F M Cana-de-açúcar 0,6 ha Supl. Energ/Prot A M J J A Supl. Energético ou Protéico N D J F M Cana-de-açúcar 0,4 ha Supl. Energ/Prot A M J J A Cana-de-açúcar 0,4 ha Supl. Energ/Prot N D J F M A M J J A No. UA 18,0 5,35 2,0 2.000 5,35 16,0 15.500 Inverno Rebanho (Kg/MS/ano) 27.500 Verão Inverno 3,00 5,90 Período Verão UA (kg MS/dia) 9,75 18,0 18,0 Inverno 8,75 6 9.500 Verão Inverno 1,50 2,50 6 6 1.650 2.750 Período Verão UA (kg MS/dia) 11,25 No. UA 5,00 Rebanho (Kg MS/ano) 7.000 9.000 No. UA 10.000 20.000 6 Rebanho (Kg MS/ano) 10.900 S 6 Novilhas (5 UA) PTP 1,8 ha O UA (kg MS/dia) 8,25 Inverno S 5 Vacas Secas (6 UA) PTP 2,0 ha O Período Verão 9,90 5,00 Inverno Inverno 1,35 5,00 1.250 Idade (dias) 0-60 Bezerra Consumo/dia 4,0 L No. Bez. 7 Bezerra Consumo/ano 1.700 L S 7 bezerras de 0-6 meses e 4 de 6-12 meses Leite Suplemento energético/protéico PTP 0,3 ha 0-60 60-180 180-360 60-180 0,4 1,3 1,0 2,0 kg kg kg kg 7 3 3 3 170 500 600 800 kg kg kg kg 180-360 6,0 kg 3 3.300 kg Até 3 a 6 meses 7 a 12 meses 60 dias (1,2 UA) Obs . A ingestão diária de matéria seca (MS) está ao redor de 2,5% do PV ou 11,25 Kg MS/UA (1UA=450 kg). O peso médio das vacas é de aproximadamente 530 kg. As bezerras são aleitadas artificialmente e desmamadas aos 60-70 dias, apresentando consumo de 0,8 a 1,0 kg de suplemento. Dos 60 dias até 180 dias serão suplementadas com concentrado limitado a 1,5 kg dia. Dos 180 dias até 360 dias receberam 1,0 kg dia. 5a A 5ª página é dedicada à apresentação da composição do rebanho, considerando a dinâmica desejável para a evolução do rebanho, com a obtenção dos índices técnicos que são também aqui apresentados. Composição do Rebanho – 30 UA Rebanho estabilizado 15 Vacas em lactação + 5 vacas secas 3 Nov 2 – 3 anos Produção anual 82.125 litros de leite 2 Vacas de Descarte 1 Novilha (baixa produção) 3 Nov 1 – 2 anos 3 Bez – 6 a 12 meses 7 Bez – 0 a 6 meses 4 Bezerras desmamada 7 Bezerros ao nascer INDICES TÉCNICOS • • • • • • • • • • • Rebanho cruzado 7/8 (raça predominantemente européia): o 15 Vacas em Lactação; o 5 Vacas Secas; o Vacas em lactação/ vaca total > 75%; CONTROLE LEITEIRO, SANITÁRIO E Idade a cobertura – 18 meses (350 kg PV); REPRODUTIVO É FUNDAMENTAL, BEM COM A Idade ao 1º. Parto – 27 meses; GESTÃO DA PROPRIEDADE. Intervalo entre partos – 13 meses; Uso de inseminação artificial ; Venda anual de animais: o 10 % Taxa de descarte (2 vacas); o 4 bezerras desmamadas com 60 dias e vendidos; o 7 bezerros ser comercializados, doados ou eliminados ao nascer; o Descarte de duas novilhas de 2 – 3 anos. Produção de leite/ha/ano – 7.466 L; Produção de leite/vaca rebanho/ano - 4.106 L; Consumo de suplemento do rebanho/ano = 37.100 kg; Para cada 1L de leite produzido foram gasto 0,45 kg de suplemento consumido pelo rebanho; Produção de leite/vaca/dia de intervalo entre partos – 11,5 L. 6a Os equipamentos e instalações necessárias para o funcionamento adequado do sistema são relacionados na 6ª página. EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES UTILIZADOS Nesta página discute-se ainda a ocupação da mão-de-obra no sistema, com o gráfico da demanda de trabalho ao longo do ano para as diferentes atividades, seguido de comentários acerca das características gerais de ocupação deste fator produtivo. INSTALAÇÕES • • VACAS o Sala de ordenha 70 m2 o Esterqueira 3 m3 o Paiol 20 m2 NOVILHAS E BEZERRAS o Bezerreiro ou piquete até desmame EQUIPAMENTOS o o o o o Resfriador 750 litros Ordenhadeira com 2 conjuntos Pulverizador costal manual Aparelho de cerca elétrica Forrageira DISTRIBUIÇÃO DO TRABALHO NO ANO DH Uso da Mão de Obra (DH) 40 Disponível 35 Manejo 30 Ordenha 25 20 15 10 5 0 Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA DE TRABALHO • • A análise econômica do sistema de produção trabalhado, apresentada na 7ª página, compreende uma figura na qual são apresentados a renda bruta, os custos variáveis e a margem bruta total do sistema, indicando-se também a participação absoluta e relativa de cada atividade nestes três indicadores. Outros indicadores de perfomance do sistema como a renda da operação agrícola e a remuneração da mão-de-obra familiar são também apresentados. A descrição dos sistemas de referências conta ainda com as 8ª e 9ª páginas, nas quais apresentam-se respectivamente os indicadores 5a econômicos utilizados no trabalho e pontos a salientar no sistema descrito. A mão de obra familiar disponível, de 1,5 Eq.H (39 dH/Mês), é suficiente para a condução do sistema ao longo de todo ano. O trabalho se mantém constante durante todo o ano, entretanto nos meses de inverno (Abr-out) ocorre um ligeiro aumento, decorrente das operações de corte e trituração da cana-de-açúcar, colocação no cocho e mistura da uréia. 7a RESULTADOS ECONÔMICOS (Valores em R$ safra 2002/2003) CUSTOS VARIÁVEIS LEITE - R$ 23.845,00 RENDA BRUTA VERÃO INVERNO – LEITE - R$ 32.816,00 VERÃO R$ 15.401,00 INVERNO – R$ 17.415,00 DESCARTE R$ 10.362,00 R$ 13.483,00 DESCARTE R$ ATIVIDADE R$ 23.845,00 0,00 MARGEM BRUTA R$ 3.800,00 LEITE - R$ 8.971,00 ATIVIDADE R$ 36.616,00 VERÃO INVERNO – R$ 5.039,00 R$ 3.932,00 DESCARTE R$ 3.800,00 ATIVIDADE R$ 12.771,00 DEPRECIAÇÕES R$ 4.521,00 DESPESAS OPERACIONAIS TOTAIS R$ 28 366 00 Juros capital próprio R$ 7 606 00 CUSTO TOTAL R$ 35 972 00 LUCRO OU MARGEM LÍQUIDA/ANO R$ 644,00 REREMUNERAÇÃO DA MÃO-DEOBRA FAMILIAR (Eq. H/Mês) R$ 36,00 RENDA DA OPERAÇÃO AGRÍCOLA/ANO R$ 8.250,00 REREMUNERAÇÃO DA MÃO-DEOBRA FAMILIAR (Eq. H/Mês) R$ 458,00 GLOSSARIO: Renda Bruta: produção obtida x preço de venda; Depreciação: cursos necessários para repor o investimento; Custos Variáveis: despesas para um ciclo de cultivo; Margem Bruta – renda bruta: custos variáveis; Despesas Operacionais Totais: Custos variáveis + Depreciações e manutenção; Renda da Operação Agrícola : Renda Bruta – Despesas Operacionais Totais Remuneração da Mão-de-obra: Renda da Operação Agrícola/ 12 meses /No de Eq. H. 5. Características gerais dos sistemas descritos 5.1. Introdução A pecuária de leite está presente em todos os estados, empregando mão-de-obra, gerando excedente comercializáveis e renda para boa parte da população brasileira. Segundo informativo da Embrapa (Relatório,2001), são perto de 1.800 mil propriedades com atividades em pecuária, das quais aproximadamente 450 mil fornecem leite à cerca de 1.000 empresas de laticínios. A estrutura produtiva do leite brasileira caracteriza-se pela grande heterogeneidade, observando-se uma grande diversidade de sistemas de produção, com diferentes níveis tecnológicos, adaptados às diferentes condições encontradas nas grandes regiões, coexistindo produtores de subsistência e produtores especializados. Especialistas mostram que desde o inicio da década de 90, a cadeia produtiva do leite no Brasil vem passando por significativas mudanças estruturais, tais como: liberação dos preços, plano Real, abertura do comércio internacional, Mercosul, novas estruturas de produção e de comercialização, maior competição no setor industrial e também o crescente poder de discernimento do consumidor. No contexto das grandes transformações ocorridas, o mercado de leite fluído refletiu alterações nos hábitos dos consumidores. No período de 1990 a 1999, o consumo de leite UHT passou de 184 milhões de litros por ano para 3,5 bilhões, enquanto o leite C comercializado em sacos plásticos caiu de 4,0 bilhões de litros/ano para 2,0 bilhões de litros/ano. Essas mudanças atraíram a atenção das grandes redes de supermercados que rapidamente estão substituindo as padarias como principal canal de distribuição no varejo. Tais fatos contribuíram para alterar a dinâmica do agronegócio do leite, saindo de uma situação estagnada por longos anos para o dinamismo produtivo e alterando a distribuição geográfica da produção. Observa-se um crescimento mais acelerado na Região Centro-Oeste onde segundo dados do IBGE a produção aumentou 105% em 10 anos, com custos de produção mais baixos em comparação com as demais regiões do País, como exemplo o estado do Paraná, no qual no mesmo período o aumento da produção foi de 55%. A despeito do bom desempenho no crescimento da produção (6,0% ao ano, na de década de 90 e 3,3% ao ano, na de 80) e dos consideráveis avanços já alcançados em relação à produtividade, a pecuária leiteira brasileira ainda está longe de ser classificada como de elevado nível tecnológico. Embasado nas poucas perspectivas de aumento do poder aquisitivo da população interna - mesmo que no médio prazo - e na grande potencialidade da produção nacional, o setor industrial passou a se preocupar com o mercado externo, pressionando para que haja as mudanças preparatórias nos diferentes elos da cadeia produtiva. Em conseqüência, na última década, o setor primário de leite, está sendo pressionado a absorver mudanças importantes e simultâneas, quais sejam: a) Melhoria da qualidade; b) Aumento da demanda por produtos de maior valor agregado; c) Racionalização da coleta por meio da granelização; d) Concentração da indústria; e) Ampliação da escala de produção e profissionalização dos produtores. Estas mudanças, embora desejáveis, não se processam sem um alto custo social, pois números levantados pela Leite Brasil, Confederação Nacional de Agricultura e Embrapa, revelam que 10,3 mil produtores deixaram de ser fornecedores dos 16 maiores laticínios do País em 2001. No ano de 2000, 16 mil fornecedores já haviam deixado a atividade. Os produtores sem condições de incorporar as novas tecnologias são por conseqüência, alijados do processo. Os laticínios reduzindo seus fornecedores ficam apenas com os de maior qualidade e escala, semelhante ao que já ocorreu em outras atividades (suínos e aves). Para isto, as empresas chegam a pagar um diferencial de preço, que pode chegar a 50 % do preço básico. Os produtores que possuem escala e recebem melhores remunerações por litro continuam na atividade. Com isto, além de outras vantagens associadas à administração do negócio, as empresas economizam ao coletar leite em menos propriedades, aumentando sua competitividade. No estado do Paraná, de forma semelhante ao verificado no Brasil, o mercado passou a atuar no sentido de selecionar os produtores de leite por escala de produção e qualidade da matéria-prima. Isso exige que a atividade seja conduzida com o máximo profissionalismo devido as baixas margens de lucro. Na região Noroeste as industrias de laticínios ainda não aderiram aos programas de pagamento de leite pela qualidade, permanecendo ainda os sistemas tradicionais de remuneração com base, muitas vezes, apenas em volume, mesmo nas grandes empresas. Nessa região, muito embora empresas de maior porte já tenham implantado o processo sistematizado de coleta à granel, pequenos laticínios ainda continuam no sistema de latão. Constata-se ali que o processo de exclusão de produtores está em andamento, e hoje só não é completamente percebido porque os agricultores, ao perderem espaço nos grandes laticínios e cooperativas, migram para laticínios menores, mas com a pressões das cooperativas e grandes laticínios esta sobre - vida dos pequenos laticínios poderá ser pequena. Em amostragem realizado pela Redes de Referências, observa-se atualmente que as empresas de laticínios que captam leite dentro nos 29 municípios da região de Paranavaí trabalham com ociosidade de 56% de sua capacidade instalada, sendo que o recebimento atual de leite é de 175.000 litros/dia, entregue por aproximadamente 2.950 produtores, perfazendo uma média de aproximadamente 60 litros de leite/dia/produtor. Como não poderia ser diferente, o Paraná vive plenamente a desejada modernização do setor leiteiro. Existem, no entanto particularidades que se não forem devidamente tratadas terão impactos negativos ao potencializar os aspectos perversos do desenvolvimento do setor. Pelas suas peculiaridades, no território paranaense, a modernização do setor leiteiro terá impactos regionais diferenciados. Verifica-se na Tabela 1, a distribuição regional dos produtores de leite no estado do Paraná. Tabela 1. Produtores de leite por região do Estado. Região Sudoeste Oeste Noroeste Norte Centro- Oeste Sul Total Número de produtores 9.294 10.419 5.039 4.770 4.565 1.789 35.876 % produtores do Estado 26 29 14 13 13 5 100,0 Fonte: Seab/Deral, 1999. Estudos mostram que no sistema industrial tradicional, para cada propriedade de leite, são gerados quatro empregos diretos/indiretos. Deste modo acredita-se que 40% dos produtores (mais de 2.000) não estão aptos para permanecer na atividade. Na região Noroeste, estima-se que serão excluídos aproximadamente 10.000 pessoas. Independentemente da concentração de terras e renda que ocorreria em benefício de alguns, em pouco tempo, teriam de gerar novos empregos para os excluídos do leite e na seqüência, da própria agricultura. É importante observar que esta geração de empregos teria que se dar em uma conjuntura econômica que hoje é incapaz de atender a demanda de trabalho resultante apenas do próprio crescimento vegetativo da população. Além disto, o aumento de oferta de maquinário usado e animais de produção direcionaria os preços em geral para baixo, empobrecendo ainda mais o conjunto de agricultores pela desvalorização de parte de seu capital. Tentando definir uma escala de produção segura, dados dispersos apontam para um volume diário mínimo de 200-250 litros/dia/produtor. Observa-se no Gráfico 1 abaixo, que 60% dos agricultores da região de Paranavaí ainda entregam até 60 litros /dia, quantidade ainda distante desta escala segura. Por falta de organização, capital, informações e conhecimento, os produtores mais pobres, detentores de menores áreas, são aqueles que correm o maior risco de exclusão do setor leiteiro e do próprio meio rural. O tradicionalismo mostra-se impeditivo na incorporação de novos procedimentos técnicos, aliados à política extrativista das industrias, pouco preocupados em auxiliar os produtores. Em estudos realizados pelo Projeto Redes de Referências no primeiro semestre de 2003, dos nove laticínios visitados na região de Paranavaí, 20% mantêm um departamento técnico com assistência técnica ao produtor, outros 20% mantêm algum convênio com médicos veterinários ou casas agropecuárias tercerizados para atendimento clínico ou aquisição de produtos, o restante dos laticínios (60%) não tem nenhum apoio técnico, preocupando-se exclusivamente na compra de matéria-prima. Gráfico 1. Percentagem de produtores por litro de leite entregue por dia % de produtores da região de Paranavaí 60.44% 36.59% 2.90% Até 60 61-200 201-400 0.07% Mais 400 litros leite/dia Fonte: Projeto Rede de Referências, 2003. Para as indústrias, a sazonalidade da produção aumenta os custos do processamento de leite, uma vez que a capacidade instalada é determinada pelos meses de maior produção. Este ciclo de safra e entressafra apresentado pela produção pecuária está diretamente associado a estacionalidade da produção forrageira, um dos graves obstáculos da pecuária leiteira, ocasionando aguda flutuação na alimentação dos bovinos, assentada sobre a produção das pastagens. Com o intuito de auxiliar os técnicos, as Redes de Refências para a Agricultura Familiar descrevem neste trabalho, três Sistemas de Referências comumente encontrado na região de arenito no Noroeste do Paraná. 5.2. Sistemas de Produção que envolvem a atividade leiteira no Arenito O acompanhamento realizado pelas Redes de Referência permite observar que nos sistemas de produção que envolvem a atividade leiteira na região Noroeste, o leite exerce importante papel no tocante à: Mão-de-obra: a mão-de-obra utilizada para manejo e ordenha dos animais fica ao encargos da família. Os serviços pesados exigidos pela atividade são realizados pelo agricultor e filhos mais velhos. Assim toda a família trabalha na propriedade; Necessidades domésticas: Geração de recursos para atender as necessidades mensais da família, como aquisição de alimentos, roupas, calçados, material escolar, etc. Capital de giro: Oferta de recursos para outras atividades, como o pagamento do aluguel de máquinas agrícolas, mão-de-obra, administração (despesas de deslocamentos). Para estes agricultores, apesar dos pequenos montantes às vezes envolvidos, o leite funciona como a base da economia familiar. Ao afetar profundamente a lógica dos sistemas, a exclusão de agricultores da atividade leiteira provocaria instabilidade econômica e social para o sistema, para as famílias, regiões e Estado. 5.3. Sistemas de Referências descritos Os três Sistemas de Referências descritos à seguir tem o leite como a única atividade remuneradora, mantêm 1,5 Equivalentes Homem (Eq.H.) de mão-de-obra (o agricultor e na maioria das vezes a esposa) durante todo o ano. A superfície agrícola útil (SAU) de 11 ha é um fator de limitação destes sistemas. A diferença entre os três sistemas é o grau de intensificação das pastagens. São eles: 1- Sistema de referência 1A (SR 1A) - Produção de leite com baixa intensificação da pastagem; 2- Sistema de referência 1B (SR 1B) - Produção de leite com média intensificação da pastagem; 3- Sistema de referência 1C (SR 1C) – Produção de leite com alta intensificação da pastagem. Na Tabela 2 estão descritas as principais características dos sistemas descritos. Tabela 2. Características gerais dos Sistemas de Referências descritos. Características SR 1A SR 1B SR 1C Atividade leite leite leite Mão de obra (Eq.H) 1,5 1,5 1,5 Área total (ha) 13,5 13,5 13,5 SAU (ha) 11,0 11,0 11,0 Pastagem tropical perene Cana-de açúcar 9,6 1,4 8,4 2,6 8,2 2,8 Reserva legal (ha) Mata ciliar (ha) 2,0 0,5 2,0 0,5 2,0 0,5 Características técnicas e econômicas dos sistemas descritos Padrão genético, produção e produtividade Na Tabela 3 estão descritos o padrão genético, produção e produtividade da atividade leiteira dos três sistemas descritos: Tabela 3. Padrão genético, produção e produtividade da atividade leiteira nos três sistemas descritos. Características SR 1A SR 1B SR 1C Grau sanguíneo 7/8 7/8 7/8 Sistema de Cobertura Inseminação artificial Inseminação artificial Inseminação artificial Cobertura 18 meses 18 meses 18 meses Primeiro parto 27 meses 27 meses 27 meses Intervalo partos 13 meses 13 meses 13 meses aleitadas artificialmente com desmame em 60 dias aleitadas artificialmente com desmame em 60 dias aleitadas artificialmente com desmame em 60 dias Fêmeas excedente vendida pósdesmame e recomendado o descarte dos machos ao nascer Fêmeas excedente vendida pós-desmame e recomendado o descarte dos machos ao nascer Fêmeas excedente vendida pós-desmame e recomendado o descarte dos machos ao nascer Total de vacas 20 38 45 Vacas lactação 15 29 34 Vacas secas 5 9 11 3-4 UA/ha 6-7 UA/ha 8-9 UA/ha 100 kg N/ha 200 kg N/ha 300 kg N/ha 15 litros/dia/vaca 4.106 litros/vaca/ano 7.466 litros/ha/ano 82.125 litros/SAL 15 litros/dia/vaca 4.178 litros/vaca/ano 14.434 litros/ha/ano 158.775/SAL 15 litros/dia/vaca 4.137 litros/vaca/ano 16.923 litros/ha/ano 186.150/SAL 0,45 0,43 0,43 entre Aleitamento Venda de bezerros Taxa de lotação Intensificação da adubação nitrogenada Produção vaca/dia vaca/ano ha/ano SAU Kg ração/L leite Alimentação do rebanho Considerando os problemas de alimentação observados durante todo o ano, especialmente na quantidade e qualidade de volumoso, sugere-se o seguinte plano forrageiro para os três sistemas descritos: Alimentação das vacas: Período das águas: pastagem em sistema rotativo + suplemento energético ou energético/protéico Período seco: cana-de-açúcar + uréia + suplemento energético/protéico. • Alimentação das novilhas: Período das águas: pastagem em sistema rotativo Período seco: cana-de-açúcar + uréia + suplemento energético/protéico. • Resultados econômicos Na Tabela 4 estão descritas as características dos sistemas em relação aos resultados econômicos: Tabela 4. Resultados econômicos da atividade leiteira. Safra 2002/2003. Características SR 1A SR 1B SR 1C Preço do L de leite Período das águas R$ 0,37 Período das secas R$ 0,43 R$ 0,37 R$ 0,43 R$ 0,37 R$ 0,43 Renda Bruta/ano R$ 71.100,00 R$ 83.384,00 R$ 0,27 R$ 0,28 R$ 0,156 R$ 1.161,00 R$ 12.771,00 R$ 0,17 R$ 2.525,00 R$ 27.780,00 R$ 0,17 R$ 2.835,00 R$ 31.185,00 por litro por ha/ano por SAU/ano R$ 0,10 R$ 750,00 R$ 8.250,00 R$ 0,14 R$ 2.114,00 R$ 23.259,00 R$ 0,14 R$ 2.424,00 R$ 26.664,00 Lucro por litro por ha/ano por SAU/ano R$ 0,0078 R$ 59,00 R$ 644,00 R$ 0,099 R$ 1.423,00 R$ 15.653,00 R$ 0,10 R$ 1.723,00 R$ 18.952,00 R$ 36,00 R$ 870,00 R$ 1.052,00 R$ 36.616,00 Custo variável do R$ 0,29 litro de leite Margens Brutas por litro por ha/ano por SAU/ano Renda Operacional Agrícola Remuneração da mão-de-obra (Eq.H./mês) Pelos resultados apresentados observa-se que o sistema de baixa intensificação da pastagem tem uma remuneração da mão-de-obra muito pequena. Os produtores deste sistema são obrigados a intensificar a produção das pastagens, para ter uma condição de vida satisfatória. As propriedades com área pequena são obrigadas a trabalhar em sistemas mais intensivos para viabilizar uma renda familiar mínima e remuneração razoável da mão-de-obra. Conseqüentemente, sistemas com menor grau de intensificação se prestam a propriedades com maior área e com terras de menor valor unitário. PSM1 LEITE – 15L/VACA/DIA BAIXA INTENSIFICAÇÃO DA PASTAGEM no Arenito, PR 1A Produção de 7.466 litros de leite/ha/ano, em 11ha com 1,5 Eq.H, com baixa intensificação da pastagem. • • • • • REBANHO 20 Vacas (15 em lactação e 5 secas) 9 Novilhas + Bezerras • • • A Pastagem Tropical Perene (PTP) é a base da alimentação no verão, com suplementação energética ou energética/protéica, de acordo com a produção e curva de lactação. No inverno a base da alimentação é a cana-deaçúcar, corrigida com a mistura de uréia + sulfato de amônio, com suplementação energética/ proteíca. Partindo de situações comumente observadas no meio real, este sistema demanda 4 a 6 anos para ser ajustado. Sistema com 100% da Superfície de Área Agrícola (SAU) destinada à produção animal (11 ha);. PSM1 Leite No verão os animais são mantidos em sistema de pastejo com lotação rotacionada, utilizando-se como pastagem tropical perene (PTP) espécies com potencial de média produtividade (estrela roxa, mombaça, tanzânia ). Taxa de lotação das pastagens no peródo das águas é de 3 a 4 UA/ha . Animais oriundos de vacas mestiças, predominando o grau de sangue 7/8 holandês, com produção média de 15 litros/vaca/dia. Unidade de Exploração Agrícola – 13,5 ha PTP 9,6 ha CANA-DE-AÇÚCAR 1,4 ha RESERVA LEGAL 2,0 ha SEDE/CARREADOR 0,5 ha Pastagem e Suplementações SISTEMA FORRAGEIRO VERÃO: PASTAGEM + SUPLEMENTAÇÃO (185 dias) INVERNO: CANA-DE-AÇÚCAR + URÉIA e SULFATO DE AMÔNIO + SUPLEMENTAÇÃO (180 dias) Manejo da Pastagem Para um menor nível de intensificação (100 kg de N/ha/verão) as espécies forrageiras mais indicadas são: estrela roxa, tanzânia e mombaça. • As PTP são conduzidas em sistema de pastejo com lotação rotacionada, com 1 a 3 dias de pastejo. O período de descanso é determinado pela altura da pastagem, variando com a espécie forrageira conforme tabela abaixo. Tabela 1. Altura de entrada (pastejo) e de saída (resíduo pós-pastejo) dos animais na pastagem, de acordo com a espécie forrageira. • forrageira altura de entrada (cm) altura de saída (resíduo pós-pastejo) (cm) Período médio de descanso, em dias (estimativa) Estrela roxa Tanzânia 40 70 10 25 30 a 40 30 a 45 Mombaça 90 30 30 a 45 Adubação da Pastagem As recomendações de calagem e adubação devem ser realizadas de acordo com a análise de solo. Esquema de adubação das PTP: • A saturação por base deve ser elevada para 50%; • O fósforo deve ser elevado para 8 ppm; • O potássio deve ser corrigido para 3% da CTC do solo; • A adubação nitrogenada recomendada para alcançar a taxa de lotação de 3UA/ha no período de 185 dias (período das águas) deve ser de 100kg de N/ha, parcelado em 3 a 4 aplicações, junto com a adubação potássica; • No sistema de pastejo com lotação rotacionada, as adubações nitrogenadas devem ser realizadas após o pastejo, utilizando com fonte de nitrogênio a uréia (em condição que não ocorra perda por volatilização) ou o nitrato de potássio (em condição que ocorra perda por volatilização, se usar uréia). Esquema de adubação da Cana-de-açúcar: • A saturação por base deve ser elevada para 70%; • O fósforo deve ser elevado para 12 ppm; • O potássio deve ser corrigido para 5% da CTC do solo; • A adubação nitrogenada deve ser de 100kg de N/ha/ano; • As adubações, nitrogenada e potássica, devem ser realizadas em 02 parcelas: a primeira com a brotação à 0,40 cm e a segunda à 0, 70 cm de altura. As produtividades das pastagens tropicais perenes (PTP) e da cana-de-açúcar são apresentadas na Tabela abaixo. Tabela 2. Produtividade das pastagens tropicais perenes (PTP) e da cana-de-açúcar, com 100 Kg N/ha/período águas. Espécie forrageira Kg N/ha/ Ton MV/ha/ano Ton MS/ha/ano PTP 100 60-70 12-14 cana-de-açúcar 100 100 27-30 Suplementação • • • • No período das águas (185 dias), a base da alimentação das vacas (e demais categorias) é o pasto, com boa disponibilidade e qualidade. Nessa condição se produz, em média, 9L de leite exclusivamente em pasto. As vacas com produções acima de 9L recebem 1kg de suplemento energético ou energético/protéico (de acordo com a produção e estádio de lactação) para cada 2L de leite produzido acima de 9L. No período seco (180 dias), as vacas em lactação recebem como volumoso a cana-de-açúcar corrigida com NNP e 1kg de suplemento energético/protéico para cada 2,5 L de leite produzido (de acordo com a produção e estádio de lactação). A suplementação das novilhas no período seco é feita com cana-de-açúcar corrigida com NNP e suplemento energético /protéico. Como usar cana-de-açúcar corrigida com NNP: 1- Preparar u ma mi stu ra de 850 g de uréia + 150 g de sulfato de a mônio; 2- Diluir 1 kg da mi stura uréia-sulfato de a mônio co m 4 L de água ( em u m regador de jardi m); 3- Adicionar, com o regador, a solução obtida em 100 kg de cana madura picada integ ral men te (co mo e folhas), mi sturar b em e forn ecer i mediata men te aos ani mais; 4- Na 1 ª semana usar 50% da quan tidade reco mendada, ou seja, 500g da mi stura (cana + sulfato de a mônio) nos mesmos 4 L de água em 10 0 kg de cana picada; 5- Fornecer a cana tra tada dessa forma so men te a ru minan tes. Curva de lactação de vacas com produções médias de 15L/dia Cur v a d e la ct a çã o - M é d ia 15 l/d ia M êses o. 10 . 10,5 9,5 9o . 8o . 7o . 16 14,5 13,212 6o . 5o . 18 4o . 19 20 3o . 2o . 1o 0 14 16,5 Plano Forrageiro Categoria animal Alimentação necessária (15L/vaca/dia) 15 Vacas em Lactação (18 UA) PTP 5,5 ha Supl. Energético ou Protéico O N D J F M Cana-de-açúcar 0,6 ha Supl. Energ/Prot A M J J A Cana-de-açúcar 0,4 ha Supl. Energ/Prot A M J J A Cana-de-açúcar 0,4 ha Supl. Energ/Prot N D J F M A M J J A PTP 0,3 ha Rebanho (Kg/MS/ano) 27.500 Inverno 5,35 2,0 2.000 5,35 16,0 15.500 Verão Inverno 3,00 5,90 18,0 18,0 10.000 20.000 Período Verão UA (kg MS/dia) 9,75 Inverno Inverno No. UA 6 Rebanho (Kg MS/ano) 10.900 8,75 6 9.500 Verão Inverno 1,50 2,50 6 6 1.650 2.750 Período Verão UA (kg MS/dia) 11,25 No. UA 5,00 Rebanho (Kg MS/ano) 7.000 9,90 5,00 9.000 Inverno 1,35 5,00 1.250 Idade (dias) 0-60 Bezerra Consumo/dia 4,0 L No. Bez. 7 Bezerra Consumo/ano 1.700 L Inverno S 7 bezerras de 0-6 meses e 4 de 6-12 meses Leite Suplemento energético/protéico No. UA 18,0 S 6 Novilhas (5 UA) PTP 1,8 ha O UA (kg MS/dia) 8,25 S 5 Vacas Secas (6 UA) PTP 2,0 ha Supl. Energético ou Protéico O N D J F M Período Verão 0-60 60-180 180-360 60-180 0,4 1,3 1,0 2,0 kg kg kg kg 7 3 3 3 170 500 600 800 kg kg kg kg 180-360 6,0 kg 3 3.300 kg Até 3 a 6 meses 7 a 12 meses 60 dias (1,2 UA) Obs . A ingestão diária de matéria seca (MS) está ao redor de 2,5% do PV ou 11,25 Kg MS/UA (1UA=450 kg). O peso médio das vacas é de aproximadamente 530 kg. As bezerras são aleitadas artificialmente e desmamadas aos 60-70 dias, apresentando consumo de 0,8 a 1,0 kg de suplemento. Dos 60 dias até 180 dias serão suplementadas com concentrado limitado a 1,5 kg dia. Dos 180 dias até 360 dias receberam 1,0 kg dia. Composição do Rebanho – 30 UA Rebanho estabilizado 15 Vacas em lactação + 5 vacas secas 3 Nov 2 – 3 anos Produção anual 82.125 litros de leite 2 Vacas de Descarte 1 Novilha (baixa produção) 3 Nov 1 – 2 anos 3 Bez – 6 a 12 meses 7 Bez – 0 a 6 meses 4 Bezerras desmamada 7 Bezerros ao nascer INDICES TÉCNICOS • • • • • • • • • • • Rebanho cruzado 7/8 (raça predominantemente européia): o 15 Vacas em Lactação; o 5 Vacas Secas; o Vacas em lactação/ vaca total > 75%; CONTROLE LEITEIRO, SANITÁRIO E Idade a cobertura – 18 meses (350 kg PV); REPRODUTIVO É FUNDAMENTAL, BEM COM A Idade ao 1º. Parto – 27 meses; GESTÃO DA PROPRIEDADE. Intervalo entre partos – 13 meses; Uso de inseminação artificial ; Venda anual de animais: o 10 % Taxa de descarte (2 vacas); o 4 bezerras desmamadas com 60 dias e vendidos; o 7 bezerros ser comercializados, doados ou eliminados ao nascer; o Descarte de duas novilhas de 2 – 3 anos. Produção de leite/ha/ano – 7.466 L; Produção de leite/vaca rebanho/ano - 4.106 L; Consumo de suplemento do rebanho/ano = 37.100 kg; Para cada 1L de leite produzido foram gasto 0,45 kg de suplemento consumido pelo rebanho; Produção de leite/vaca/dia de intervalo entre partos – 11,5 l. EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES UTILIZADOS INSTALAÇÕES • • VACAS o Sala de ordenha 70 m2 o Esterqueira 3 m3 o Paiol 20 m2 NOVILHAS E BEZERRAS o Bezerreiro ou piquete até desmame EQUIPAMENTOS o o o o o Resfriador 750 litros Ordenhadeira com 2 conjuntos Pulverizador costal manual Aparelho de cerca elétrica Forrageira DISTRIBUIÇÃO DO TRABALHO NO ANO DH Uso da Mão de Obra (DH) 40 Disponível 35 Manejo 30 Ordenha 25 20 15 10 5 0 Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA DE TRABALHO • • A mão de obra familiar disponível, de 1,5 Eq.H (39 dH/Mês), é suficiente para a condução do sistema ao longo de todo ano. O trabalho se mantém constante durante todo o ano, entretanto nos meses de inverno (Abr-out) ocorre um ligeiro aumento, decorrente das operações de corte e trituração da cana-de-açúcar, colocação no cocho e mistura da uréia. RESULTADOS ECONÔMICOS (Valores em R$ safra 2002/2003) CUSTOS VARIÁVEIS LEITE - R$ 23.845,00 RENDA BRUTA VERÃO INVERNO – LEITE - R$ 32.816,00 VERÃO R$ 15.401,00 INVERNO – R$ 17.415,00 DESCARTE R$ 10.362,00 R$ 13.483,00 DESCARTE R$ 0,00 ATIVIDADE R$ 23.845,00 MARGEM BRUTA R$ 3.800,00 LEITE - R$ 8.971,00 ATIVIDADE R$ 36.616,00 VERÃO INVERNO – R$ 5.039,00 R$ 3.932,00 DESCARTE R$ 3.800,00 ATIVIDADE R$ 12.771,00 DEPRECIAÇÕES R$ 4.521,00 DESPESAS OPERACIONAIS TOTAIS R$ 28 366 00 Juros capital próprio R$ 7 606 00 CUSTO TOTAL R$ 35 972 00 LUCRO OU MARGEM LÍQUIDA/ANO R$ 644,00 REMUNERAÇÃO DA MÃO-DEOBRA FAMILIAR (Eq. H/Mês) R$ 36,00 RENDA DA OPERAÇÃO AGRÍCOLA/ANO R$ 8.250,00 REMUNERAÇÃO DA MÃO-DE-OBRA FAMILIAR (Eq. H/Mês) R$ 458,00 GLOSSÁRIO: Renda Bruta: produção obtida x preço de venda; Depreciação: cursos necessários para repor o investimento; Custos Variáveis: despesas para um ciclo de cultivo; Margem Bruta – renda bruta: custos variáveis; Despesas Operacionais Totais: Custos variáveis + Depreciações e manutenção; Renda da Operação Agrícola : Renda Bruta – Despesas Operacionais Totais Remuneração da Mão-de-obra: Renda da Operação Agrícola/ 12 meses /No de Eq. H. INDICADORES ECONÔMICOS: • • • • • • Período das águas (185 dias): o Produção de leite/dia = 225 L; o Produção de leite/185 dias = 41.625 L; o Receita Bruta da atividade leiteira/185 dias = R$ 17.301,00; o Custo Variável do litro de Leite = R$ 0,25; o Margem Bruta do litro de leite = R$ 0,166; o Preço médio do litro de leite = R$ 0,37 (11/2002 a 04/2003). Período da seca: o Produção de leite/dia = 225 L; o Produção de leite/180 dias = 40.500 L; o Receita Bruta da da atividade leiteira/180 dias = R$ 19.315,00; o Custo Variável do litro de leite de Leite = R$ 0,33; o Margem Bruta do litro de leite de leite = R$ 0,14; o Preço médio do litro de leite = R$ 0,43 (05/2003 a 10/2003); Durante o ano: o Produção de leite/ano = 82.125 L; o Receita Bruta da atividade leiteira/ano = R$ 36.616,00; o Custo Variável do litro de Leite = R$ 0,29; o Margem Bruta do litro de Leite = R$ 0,156; o Margem Bruta do leite /ha /ano = R$ 1.161,00; o Margem Bruta do leite /ano = R$ 112.771,00; o Renda da operação agrícola do litro de leite = R$ 0,10; o Renda da operação agrícola/ha/ano = R$ 750,00; o Renda da operação agrícola/ano = R$ 8.250,00; o Lucro do litro de leite = R$ 0,0078; o Lucro/ha/ano = R$ 59,00; o Lucro/ano = R$ 644,00; o Remuneração da mão-de-obra familiar (Eq. H/mês) = R$ 36,00 Observa-se que a Margem Bruta no período das águas foi maior do que no período da seca, isso ocorre devido ao maior custo da alimentação durante o período de inverno. Apesar do custo do kg da MS da cana-de-açúcar corrigida com NNP ser semelhante ao custo do kg da MS da pastagem (ao redor de R$ 0,04/kg de MS), o balanceamento da dieta com cana-deaçúcar demanda maior fornecimento de suplemento as vacas (para a mesma produção de leite) e demais categorias. Para que este sistema tenha uma renda constante durante o ano, o preço recebido pelo litro de leite teria que ser R$ 0,026 a mais. O custo da MS cana-de-açucar corrigida foi parecida com o custo da MS da pastagem, isso ocorre porque não foi considerado o gasto com a mão-de-obra para corte, transporte e fornecimento, por se tratar de agricultura familiar. Para a análise econômica utilizou-se os dados do Deral. o Preço do concentrado = R$ 0,40 (julho 2003). PONTOS A SALIENTAR NO SISTEMA: • • • • • • • • E fundamental que produtor faca uso da assistência técnica. É necessário que o produtor tenha conhecimento sobre manejo de pastagens e alimentação das deferentes categorias, bem como manejo geral do rebanho. As bezerras excedentes devem ser vendidas pós-desmame, devido a limitação de área. Os bezerros devem ser comercializados, doados ou eliminados ao nascer, caso contrario haverá competição por alimento. Sabe-se que estes bezerros não são bem aceitos no mercado regional, pela alimentação deficiente e suscetibilidade a parasitas e doenças, isto reverte a implementação de pesquisa de viabilidade econômica de vitelos leiteiros para a região no arenito. As limitações fisicas do solo do Arenito inviabilizam plantios suscessivos de sorgo para silagem. Portanto, deve-se optar pela utilização da cana-de-açúcar. Nesse sistema forrageiro os animais são mantidos com cana-de-açúcar durante o periodo seco, com a devida suplementação. Nesse sentido, e necessário ter animais com potencial médio de producao (15 a 18L de leite/vaca/dia). Os produtores deste sistema são obrigados a intensificar a produção das pastagens, para viabilizar renda familiar mínima. : PSM1 LEITE – 15L/VACA/DIA MEDIA INTENSIFICAÇÃO DA PASTAGEM no Arenito, PR 1B Produção de 14.434 litros de leite/ha/ano, em 11ha com 1,5 Eq.H, com média intensificação da pastagem. • • • • • REBANHO 38 Vacas (29 em lactação e 9 secas) 12 Novilhas + Bezerras • • • A Pastagem Tropical Perene (PTP) é a base da alimentação no verão, com suplementação energética ou energética/protéica, de acordo com a produção e curva de lactação. No inverno a base da alimentação é a cana-deaçúcar, corrigida com a mistura de uréia + sulfato de amônio, com suplementação energética/ proteíca. Partindo de situações comumente observadas no meio real, este sistema demanda 4 a 6 anos para ser ajustado. Sistema com 100% da Superfície de Área Agrícola (SAU) destinada à produção animal (11 ha);. PSM1 Leite No verão os animais são mantidos em sistema de pastejo com lotação rotacionada, utilizando-se como pastagem tropical perene (PTP) espécies com potencial alto de produtividade (tifton-85, mombaça, tanzânia, pioneiro e napier ). Taxa de lotação das pastagens no período das águas é de 6 a 7 UA/ha. Animais oriundos de vacas mestiças, predominando o grau de sangue 7/8 holandês, com produção média de 15 litros/vaca/dia. Unidade de Exploração Agrícola – 13,5 ha PTP 8,4 ha CANA-DE-AÇÚCAR 2,6 ha RESERVA LEGAL 2,0 ha SEDE/CARREADOR 0,5 ha Pastagem e Suplementações SISTEMA FORRAGEIRO VERÃO: PASTAGEM + SUPLEMENTAÇÃO (185 dias) INVERNO: CANA-DE-AÇÚCAR + URÉIA e SULFATO DE AMÔNIO + SUPLEMENTAÇÃO (180 dias) Manejo da Pastagem Para um nível édio de intensificação (200 kg de N/ha/período das águas) as espécies forrageiras mais indicadas são: tifton-85, estrela roxa, Tanzânia, mombaça, capim-pioneiro, capim-napier. • As PTP são conduzidas em sistema de pastejo com lotação rotacionada, com 1 dia de pastejo. O período de descanso é determinado pela altura da pastagem, variando com a espécie forrageira conforme tabela abaixo. Tabela xx: Altura de entrada (pastejo) e de saída (resíduo pós-pastejo) dos animais na pastagem, de acordo com a espécie forrageira. • forrageira Estrela roxa titon 85 Tanzânia Mombaça e altura de entrada (cm) altura de saída (resíduo pós-pastejo) (cm) Período médio de descanso, em dias (estimativa) 35 7-10 25-30 70 25 25-30 90 30 25-30 Adubação da Pastagem As recomendações de calagem e adubação devem ser realizadas de acordo com a análise de solo. Esquema de adubação das PTP: • A saturação por base deve ser elevada para 60%; • O fósforo deve ser elevado para 12 ppm; • O potássio deve ser corrigido para 4% da CTC do solo; • A adubação nitrogenada recomendada para alcançar a taxa de lotação de 6UA/ha no período de 185 dias (período das águas) deve ser de 200kg de N/ha, parcelado em 6 a 8 aplicações, junto com a adubação potássica; • No sistema de pastejo com lotação rotacionada, as adubações nitrogenadas devem ser realizadas após o pastejo, utilizando com fonte de nitrogênio a uréia (em condição que não ocorra perda por volatilização) ou o nitrato de potássio (em condição que ocorra perda por volatilização, se usar uréia). Esquema de adubação da Cana-de-açúcar: • A saturação por base deve ser elevada para 70%; • O fósforo deve ser elevado para 15 ppm; • O potássio deve ser corrigido para 5% da CTC do solo; • A adubação nitrogenada deve ser de 100kg de N/ha/ano; • As adubações nitrogenadaa e potássicas devem ser realizadas em 02 parcelas: a primeira com a brotação à 0,40 cm e a segunda à 0, 70 cm de altura. As produtividades das pastagens tropicais perenes (PTP) e da cana-de-açúcar são apresentadas na Tabela abaixo. Tabela Produtividade das pastagens tropicais perenes (PTP) e da cana-de-açúcar, com 100 Kg N/ha/período águas. Espécie forrageira Kg N/ha/ Ton MV/ha/ano Ton MS/ha/ano PTP 100 90 a 100 18-20 cana-de-açúcar 100 100 27-30 Suplementação • • • • No período das águas (185 dias), a base da alimentação das vacas (e demais categorias) é o pasto, com boa disponibilidade e qualidade. Nessa condição se produz, em média, 9L de leite exclusivamente em pasto As vacas com produções acima de 9L recebem 1kg de suplemento energético ou energético/protéico (de acordo com a produção e estádio de lactação) para cada 2L de leite produzido acima de 9L. No período seco (180 dias), as vacas em lactação recebem como volumoso a cana-de-açúcar corrigida com NNP e 1kg de suplemento energético/protéico para cada 2,5 L de leite produzido (de acordo com a produção e estádio de lactação). A suplementação das novilhas no período seco é feita com cana-de-açúcar corrigida com NNP e suplemento energético /protéico. Como usar cana-de-açúcar corrigida com NNP: 1- Preparar u ma mi stu ra de 850 g de uréia + 150 g de sulfato de a mônio; 2- Diluir 1 kg da mi stura uréia-sulfato de a mônio co m 4 L de água ( em u m regador de jardi m); 3- Adicionar, com o regador, a solução obtida em 100 kg de cana madura picada integ ral men te (co mo e folhas), mi sturar b em e forn ecer i mediata men te aos ani mais; 4- Na 1 ª semana usar 50% da quan tidade reco mendada, ou seja, 500g da mi stura (cana + sulfato de a mônio) nos mesmos 4 L de água em 10 0 kg de cana picada; 5- Fornecer a cana tra tada dessa forma so men te a ru minan tes. Curva de lactação de vacas com produções médias de 15L/dia Curva de lactação - Média 15 l/dia 14 0 16,5 1o. 19 2o. 20 3o. 18 4o. 16 5o. Mêses 14,5 6o. 13,2 12 7o. 8o. 10,5 9o. 9,5 10o. Plano Forrageiro Categoria animal Alimentação necessária (15L/vaca/dia) 29 Vacas em Lactação (34 UA) PTP 4,5 ha Supl. Energético ou Protéico O N D J F M Cana-de-açúcar 1,2 ha Supl. Energ/Prot A M J J A Cana-de-açúcar 0,7 ha Supl. Energ/Prot A M J J A Cana-de-açúcar 0,7 ha Supl. Energ/Prot N D J F M A M J J 14 bezerras de 0-6 meses e 6 de 6-12 meses Leite Suplemento energético/protéico PTP 0,4ha A No. UA 34,0 Rebanho (Kg/MS/ano) 51.900 Inverno 5,35 3,0 2.900 5,35 31,0 29.900 Verão Inverno 3,00 5,90 34,0 34,0 18.900 36.150 Período Verão UA (kg MS/dia) 9,75 No. UA 11 Rebanho (Kg MS/ano) 19.900 Inverno 8,75 11 17.400 Verão Inverno 1,50 2,50 11 11 3.100 5.000 Período Verão UA (kg MS/dia) 11,25 No. UA 10 Rebanho (Kg MS/ano) 20.850 9,90 10 17.850 1,35 10 2.450 Inverno S 12 Novilhas (10 UA) PTP 1,8 ha O UA (kg MS/dia) 8,25 S 9 Vacas Secas (11 UA) PTP 1,7 ha Supl. Energético ou Protéico O N D J F M Período Verão Inverno Inverno S Idade (dias) 0-60 Bezerra Consumo/dia 4,0 L No. Bez. Bezerra Consumo/ano 14 3.400 L 0-60 60-180 180-360 60-180 0,4 1,3 1,0 2,0 kg kg kg kg 14 6 6 6 350 kg 950 kg 1100 kg 1.500 kg 180-360 6,0 kg 6 6.500 kg Até 3 a 6 meses 7 a 12 meses 60 dias (2,4 UA) Obs . A ingestão diária de matéria seca (MS) está ao redor de 2,5% do PV ou 11,25 Kg MS/UA (1UA=450 kg). O peso médio das vacas é de aproximadamente 530 kg. As bezerras são aleitadas artificialmente e desmamadas aos 60-70 dias, apresentando consumo de 0,8 a 1,0 kg de suplemento. Dos 60 dias até 180 dias serão suplementadas com concentrado limitado a 1,5 kg dia. Dos 180 dias até 360 dias receberam 1,0 kg dia. Composição do Rebanho – 58 UA Rebanho estabilizado 29 Vacas em lactação + 9 vacas secas 6 Nov 2 – 3 anos Produção anual 158.775 litros de leite 4 Vacas de Descarte 2 Novilha (baixa produção) 6 Nov 1 – 2 anos 8 Bezerras desmamada 14 Bez – 6 a 12 meses 6 Bez – 0 a 6 meses 14 Bezerros ao nascer INDICES TÉCNICOS • • • • • • • • • • • Rebanho cruzado 7/8 (raça predominantemente européia): o 29 Vacas em Lactação; o 9 Vacas Secas; o Vacas em lactação/ vaca total > 75%; CONTROLE LEITEIRO, SANITÁRIO E Idade a cobertura – 18 meses (350 kg PV); REPRODUTIVO É FUNDAMENTAL, BEM COM A Idade ao 1º. Parto – 27 meses; GESTÃO DA PROPRIEDADE. Intervalo entre partos – 13 meses; Uso de inseminação artificial; Venda anual de animais: o 10 % Taxa de descarte (4 vacas); o 8 bezerras desmamadas com 60 dias e vendidos; o 14 bezerros ser comercializados, doados ou eliminados ao nascer; o Descarte de duas novilhas de 2 – 3 anos. Produção de leite/ha/ano – 14.434 L; Produção de leite/vaca rebanho/ano - 4.178 L; Consumo de suplemento do rebanho/ano = 68.000 kg; Para cada 1L de leite produzido foram gasto 0,43 kg de suplemento consumido pelo rebanho; Produção de leite/vaca/dia de intervalo entre partos – 11,5 l. EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES UTILIZADOS INSTALAÇÕES • • VACAS o Sala de ordenha 70 m2 o Esterqueira 3 m3 o Paiol 20 m2 NOVILHAS E BEZERRAS o Bezerreiro ou piquete até desmame EQUIPAMENTOS o o o o o Resfriador 1500 litros Ordenhadeira com 2 conjuntos Pulverizador costal manual Aparelho de cerca elétrica Forrageira DISTRIBUIÇÃO DO TRABALHO NO ANO DH Uso da Mão de Obra (DH) 40 Disponível 35 Manejo 30 Ordenha 25 20 15 10 5 0 Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA DE TRABALHO • • A mão de obra familiar disponível, de 1,5 Eq.H (39 dH/Mês), é suficiente para a condução do sistema ao longo de todo ano. O trabalho se mantém constante durante todo o ano, entretanto nos meses de inverno (Abr-out) ocorre um ligeiro aumento, decorrente das operações de corte e trituração da cana-de-açúcar, colocação no cocho e mistura da uréia. RESULTADOS ECONÔMICOS (Valores em R$ safra 2002/2003) CUSTOS VARIÁVEIS LEITE - R$ 43.320,00 RENDA BRUTA VERÃO INVERNO – LEITE - R$ 63.445,00 VERÃO R$ 29.776,00 INVERNO – R$ 33.669,00 DESCARTE R$ 18.689,00 R$ 24.631,00 DESCARTE R$ 0,00 ATIVIDADE R$ 43.320,00 MARGEM BRUTA R$ 7.655,00 LEITE - R$ 20.125,00 ATIVIDADE R$ 71.100,00 VERÃO INVERNO – R$ 11.087,00 R$ 9.038,00 DESCARTE R$ 7.655,00 ATIVIDADE R$ 27.780,00 Depreciações R$ 4 521 00 DESPESAS OPERACIONAIS TOTAIS R$ 47 841 00 Juros capital próprio R$ 7 606 00 CUSTO TOTAL R$ 55 447 00 LUCRO OU MARGEM LÍQUIDA/ANO R$ 15.653,00 REMUNERAÇÃO DA MÃO-DEOBRA FAMILIAR (Eq. H/Mês) R$ 870,00 RENDA DA OPERAÇÃO AGRÍCOLA/ANO R$ 23.259,00 REMUNERAÇÃO DA MÃO-DE-OBRA FAMILIAR (Eq. H/Mês) R$ 1.292,00 GLOSSÁRIO: Renda Bruta: produção obtida x preço de venda; Depreciação: cursos necessários para repor o investimento; Custos Variáveis: despesas para um ciclo de cultivo; Margem Bruta – renda bruta: custos variáveis; Despesas Operacionais Totais: Custos variáveis + Depreciações e manutenção; Renda da Operação Agrícola : Renda Bruta – Despesas Operacionais Totais Remuneração da Mão-de-obra: Renda da Operação Agrícola/ 12 meses /No de Eq. H. INDICADORES ECONÔMICOS: • Período das águas: o Produção de leite/dia = 435 L; o Produção de leite/185 dias = 80.475 L; o Receita da atividade leiteira/185 dias = R$ 33.604,00; o Custo Variável do litro de Leite = R$ 0,23; o Margem Bruta do litro de leite = R$ 0,185; o Preço médio do litro de leite = R$ 0,37 (11/2002 a 04/2003). • Período da seca: o Produção de leite/dia = 436 L; o Produção de leite/185 dias = 78.300 L; o Receita/185 dias = R$ 37.497,00; o Custo Variável do litro de Leite = R$ 0,31; o Margem Bruta do litro de leite = R$ 0,16; o Preço médio do litro de leite = R$0,43 (05/2003 a 10/2003). • Durante o ano: o Produção de leite/ano = 158.775 L; o Receita da atividade leiteira/ano = R$ 71.100; o Custo Variável do litro de Leite = R$ 0,27; o Margem Bruta do litro de Leite = R$ 0,17; o Margem Bruta da atividade leiteira /ha /ano = R$ 2.525,00; o Margem Bruta da atividade leiteira/ano = 27.780,00; o Renda da operação agrícola do litro de leite = R$ 0,14; o Renda da operação agrícola/ha/ano = R$ 2.114,00; o Renda da operação agrícola/ano = R$ 23.259,00; o Lucro do litro de leite = R$ 0,099; o Lucro da atividade leiteira/ha/ano = R$ 1.423,00; o Lucro da atividade leiteira/ano = R$ 15.653,00. o Remuneração da Mão-de-obra (Eq. H./Mês) = R$ 870,00. • Observa-se que a Margem Bruta no período das águas foi maior do que no período da seca, isso ocorre devido ao maior custo da alimentação durante o período de inverno. Apesar do custo do kg da MS da cana-de-açúcar corrigida com NNP ser semelhante ao custo do kg da MS da pastagem (de 0,04 a 0,05/kg de MS), o balanceamento da dieta com cana-de-açúcar demanda maior fornecimento de suplemento as vacas (para a mesma produção de leite) e demais categorias. Para que este sistema tenha uma renda constante durante o ano, o preço recebido pelo litro de leite teria que ser R$ 0,025 a mais. O custo da MS cana-de-açucar corrigida foi parecida com o custo da MS da pastagem, isso ocorre porque não foi considerado o gasto com a mão-de-obra para corte, transporte e fornecimento, por se tratar de agricultura familiar. Para a análise econômica utilizou-se os dados do Deral. o Preço do concentrado = R$ 0,40 (julho 2003). • • PONTOS A SALIENTAR NO SISTEMA: • • • • • • • • E fundamental que produtor faca uso da assistência técnica. É necessário que o produtor tenha conhecimento sobre manejo de pastagens e alimentação das deferentes categorias, bem como manejo geral do rebanho. As bezerras excedentes devem ser vendidas pós-desmame, devido a limitação de área. Os bezerros devem ser comercializados, doados ou eliminados ao nascer, caso contrario haverá competição por alimento. Sabe-se que estes bezerros não são bem aceitos no mercado regional, pela alimentação deficiente e suscetibilidade a parasitas e doenças, isto reverte a implementação de pesquisa de viabilidade econômica de vitelos leiteiros para a região no arenito. As limitações fisicas do solo do Arenito inviabilizam plantios suscessivos de sorgo para silagem. Portanto, deve-se optar pela utilização da cana-de-açúcar. Nesse sistema forrageiro os animais são mantidos com cana-de-açúcar durante o periodo seco, com a devida suplementação. Nesse sentido, e necessário ter animais com potencial médio de producao (15 a 18L de leite/vaca/dia). Os produtores deste sistema devem procurar associar-se, principalmente para aquisição de insumos. PSM1 LEITE – 15L/VACA/DIA ALTA INTENSIFICAÇÃO DA PASTAGEM no Arenito, PR 1C Produção de 16.923 litros de leite/ha/ano, em 11ha com 1,5 Eq.H, com alta intensificação da pastagem. • • • • • REBANHO 45 Vacas (34 em lactação e 11 secas) 14 Novilhas + Bezerras • • • A Pastagem Tropical Perene (PTP) é a base da alimentação no verão, com suplementação energética ou energética/protéica, de acordo com a produção e curva de lactação. No inverno a base da alimentação é a cana-deaçúcar, corrigida com a mistura de uréia + sulfato de amônio, com suplementação energética/ proteíca. Partindo de situações comumente observadas no meio real, este sistema demanda 5 a 7 anos para ser ajustado. Sistema com 100% da Superfície de Área Agrícola (SAU) destinada à produção animal (11 ha);. PSM1 Leite No verão os animais são mantidos em sistema de pastejo com lotação rotacionada, utilizando-se como pastagem tropical perene (PTP) espécies com potencial alto de produtividade (tifton-85, mombaça, tanzânia, pioneiro e napier ). Taxa de lotação das pastagens no período das águas é de 8 a 9 UA/ha. Animais oriundos de vacas mestiças, predominando o grau de sangue 7/8 holandês, com produção média de 15 litros/vaca/dia. Unidade de Exploração Agrícola – 13,5 ha PTP 8,2 ha CANA-DE-AÇÚCAR 2,8 ha RESERVA LEGAL 2,0 ha SEDE/CARREADOR 0,5 ha Pastagem e Suplementações SISTEMA FORRAGEIRO VERÃO: PASTAGEM + SUPLEMENTAÇÃO (185 dias) INVERNO: CANA-DE-AÇÚCAR + URÉIA e SULFATO DE AMÔNIO + SUPLEMENTAÇÃO (180 dias) Manejo da Pastagem Para um nível alto de intensificação (300 kg de N/ha/período das águas) as espécies forrageiras mais indicadas são: tifton-85, estrela roxa, tanzânia , mombaça, capim-pioneiro e capim-napier. • As PTP são conduzidas em sistema de pastejo com lotação rotacionada, com 1 dia de pastejo. O período de descanso é determinado pela altura da pastagem, variando com a espécie forrageira conforme tabela abaixo. Tabela xx: Altura de entrada (pastejo) e de saída (resíduo pós-pastejo) dos animais na pastagem, de acordo com a espécie forrageira. • forrageira Estrela roxa titon 85 Tanzânia Mombaça e altura de entrada (cm) altura de saída (resíduo pós-pastejo) (cm) Período médio de descanso, em dias (estimativa) 35 7-10 20-25 70 25 20-30 90 30 25-30 Adubação da Pastagem As recomendações de calagem e adubação devem ser realizadas de acordo com a análise de solo. Esquema de adubação das PTP: • A saturação por base deve ser elevada para 60%; • O fósforo deve ser elevado para 15 ppm; • O potássio deve ser corrigido para 5% da CTC do solo; • A adubação nitrogenada recomendada para alcançar a taxa de lotação de 8UA/ha no período de 185 dias (período das águas) deve ser de 300kg de N/ha, parcelado em 7 a 9 aplicações, junto com a adubação potássica; • No sistema de pastejo com lotação rotacionada, as adubações nitrogenadas devem ser realizadas após o pastejo, utilizando com fonte de nitrogênio a uréia (em condição que não ocorra perda por volatilização) ou o nitrato de potássio (em condição que ocorra perda por volatilização, se usar uréia). Esquema de adubação da Cana-de-açúcar: • A saturação por base deve ser elevada para 70%; • O fósforo deve ser elevado para 15 ppm; • O potássio deve ser corrigido para 5% da CTC do solo; • A adubação nitrogenada deve ser de 100kg de N/ha/ano; • As adubações nitrogenadaa e potássicas devem ser realizadas em 02 parcelas: a primeira com a brotação à 0,40 cm e a segunda à 0, 70 cm de altura. As produtividades das pastagens tropicais perenes (PTP) e da cana-de-açúcar são apresentadas na Tabela abaixo. Tabela Produtividade das pastagens tropicais perenes (PTP) e da cana-de-açúcar, com 100 Kg N/ha/período águas. Espécie forrageira Kg N/ha/ Ton MV/ha/ano Ton MS/ha/ano PTP 100 120 a 140 25-28 cana-de-açúcar 100 100 27-30 Suplementação • • • • No período das águas (185 dias), a base da alimentação das vacas (e demais categorias) é o pasto, com boa disponibilidade e qualidade. Nessa condição se produz, em média, 9L de leite exclusivamente em pasto As vacas com produções acima de 9L recebem 1kg de suplemento energético ou energético/protéico (de acordo com a produção e estádio de lactação) para cada 2L de leite produzido acima de 9L. No período seco (180 dias), as vacas em lactação recebem como volumoso a cana-de-açúcar corrigida com NNP e 1kg de suplemento energético/protéico para cada 2,5 L de leite produzido (de acordo com a produção e estádio de lactação). A suplementação das novilhas no período seco é feita com cana-de-açúcar corrigida com NNP e suplemento energético /protéico. Como usar cana-de-açúcar corrigida com NNP: 1- Preparar u ma mi stu ra de 850 g de uréia + 150 g de sulfato de a mônio; 2- Diluir 1 kg da mi stura uréia-sulfato de a mônio co m 4 L de água ( em u m regador de jardi m); 3- Adicionar, com o regador, a solução obtida em 100 kg de cana madura picada integ ral men te (co mo e folhas), mi sturar b em e forn ecer i mediata men te aos ani mais; 4- Na 1 ª semana usar 50% da quan tidade reco mendada, ou seja, 500g da mi stura (cana + sulfato de a mônio) nos mesmos 4 L de água em 10 0 kg de cana picada; 5- Fornecer a cana tra tada dessa forma so men te a ru minan tes. Curva de lactação de vacas com produções médias de 15L/dia Curva de lactação - Média 15 l/dia 14 0 16,5 1o. 19 2o. 20 3o. 18 4o. 16 5o. Mêses 14,5 6o. 13,2 12 7o. 8o. 10,5 9o. 9,5 10o. Plano Forrageiro Categoria animal Alimentação necessária (15L/vaca/dia) 34 Vacas em Lactação (40 UA) PTP 4,5 ha Supl. Energético ou Protéico O N D J F M Cana-de-açúcar 1,4 ha Supl. Energ/Prot A M J J A Cana-de-açúcar 0,7 ha Supl. Energ/Prot A M J J A Cana-de-açúcar 0,7 ha Supl. Energ/Prot N D J F M A M J J 16 bezerras de 0-6 meses e 7 de 6-12 meses Leite Suplemento energético/protéico PTP 0,3 ha A No. UA 40,0 Rebanho (Kg/MS/ano) 61.100 Inverno 5,35 4,0 4.000 5,35 36,0 34.700 Verão Inverno 3,00 5,90 40,0 40,0 22.500 42.500 Período Verão UA (kg MS/dia) 9,75 No. UA 13 Rebanho (Kg MS/ano) 23.500 Inverno 8,75 13 20.500 Verão Inverno 1,50 2,50 13 13 3.650 5.900 Período Verão UA (kg MS/dia) 11,25 No. UA 12 Rebanho (Kg MS/ano) 25.000 9,90 12 21.500 1,35 12 2.950 Inverno S 14 Novilhas (12 UA) PTP 1,7 ha O UA (kg MS/dia) 8,25 S 11 Vacas Secas (13 UA) PTP 1,7 ha Supl. Energético ou Protéico O N D J F M Período Verão Inverno Inverno S Idade (dias) 0-60 Bezerra Consumo/dia 4,0 L No. Bez. 16 0-60 60-180 180-360 60-180 0,4 1,3 1,0 2,0 kg kg kg kg 16 7 7 7 180-360 6,0 kg 7 Bezerra Consumo/ano 3.900 L 390 1.100 1300 1.700 kg kg kg kg 7.600 kg Até 3 a 6 meses 7 a 12 meses 60 dias (2,8 UA) Obs . A ingestão diária de matéria seca (MS) está ao redor de 2,5% do PV ou 11,25 Kg MS/UA (1UA=450 kg). O peso médio das vacas é de aproximadamente 530 kg. As bezerras são aleitadas artificialmente e desmamadas aos 60-70 dias, apresentando consumo de 0,8 a 1,0 kg de suplemento. Dos 60 dias até 180 dias serão suplementadas com concentrado limitado a 1,5 kg dia. Dos 180 dias até 360 dias receberam 1,0 kg dia. Composição do Rebanho – 68 UA Rebanho estabilizado 34 Vacas em lactação + 11 vacas secas 7 Nov 2 – 3 anos Produção anual 186.150 litros de leite 5 Vacas de Descarte 2 Novilha (baixa produção) 7 Nov 1 – 2 anos 9 Bezerras desmamada 16 Bez – 6 a 12 meses 7 Bez – 0 a 6 meses 16 Bezerros ao nascer INDICES TÉCNICOS • • • • • • • • • • • Rebanho cruzado 7/8 (raça predominantemente européia); o 34 Vacas em Lactação o 11 Vacas Secas o Vacas em lactação/ vaca total > 75% CONTROLE LEITEIRO, SANITÁRIO E Idade a cobertura – 18 meses (350 kg PV); REPRODUTIVO É FUNDAMENTAL, BEM COM A Idade ao 1º. Parto – 27 meses; GESTÃO DA PROPRIEDADE. Intervalo entre partos – 13 meses; Uso de inseminação artificial; Venda anual de animais: o 10 % Taxa de descarte (5 vacas); o 9 bezerras desmamadas com 60 dias e vendidos; o 16 bezerros ser comercializados, doados ou eliminados ao nascer; o Descarte de duas novilhas de 2 – 3 anos. Produção de leite/ha/ano – 16.923 L; Produção de leite/vaca rebanho/ano - 4.137 L; Consumo de suplemento do rebanho/ano = 80.300 kg; Para cada 1L de leite produzido foram gasto 0,43 kg de suplemento consumido pelo rebanho; Produção de leite/vaca/dia de intervalo entre partos – 11,5 l. EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES UTILIZADOS INSTALAÇÕES • • VACAS o Sala de ordenha 70 m2 o Esterqueira 3 m3 o Paiol 20 m2 NOVILHAS E BEZERRAS o Bezerreiro ou piquete até desmame EQUIPAMENTOS o o o o o Resfriador 1500 litros Ordenhadeira com 2 conjuntos Pulverizador costal manual Aparelho de cerca elétrica Forrageira DISTRIBUIÇÃO DO TRABALHO NO ANO DH Uso da Mão de Obra (DH) 40 Disponível 35 Manejo 30 Ordenha 25 20 15 10 5 0 Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA DE TRABALHO • • A mão de obra familiar disponível, de 1,5 Eq.H (39 dH/Mês), é suficiente para a condução do sistema ao longo de todo ano. O trabalho se mantém constante durante todo o ano, entretanto nos meses de inverno (Abr-out) ocorre um ligeiro aumento, decorrente das operações de corte e trituração da cana-de-açúcar, colocação no cocho e mistura da uréia. RESULTADOS ECONÔMICOS (Valores em R$ safra 2002/2003) CUSTOS VARIÁVEIS LEITE - R$ 52.199,00 RENDA BRUTA VERÃO INVERNO – LEITE - R$ 74.384,00 VERÃO R$ 34.910,00 INVERNO – R$ 39.474,00 DESCARTE R$ 23.484,00 R$ 28.715,00 DESCARTE R$ 0,00 ATIVIDADE R$ 52.199,00 MARGEM BRUTA R$ 9.000,00 LEITE - R$ 22.185,00 ATIVIDADE R$ 83.384,00 VERÃO INVERNO – R$ 11.426,00 R$ 10.759,00 DESCARTE R$ 9.000,00 ATIVIDADE R$ 31.185,00 Depreciações R$ 4 521 00 DESPESAS OPERACIONAIS TOTAIS R$ 56 720 00 Juros capital próprio R$ 7 606 00 CUSTO TOTAL R$ 64 432 00 LUCRO OU MARGEM LÍQUIDA/ANO R$ 18.952,00 REMUNERAÇÃO DA MÃO-DEOBRA FAMILIAR (Eq. H/Mês) R$ 1053,00 RENDA DA OPERAÇÃO AGRÍCOLA/ANO R$ 26.664,00 REMUNERAÇÃO DA MÃO-DE-OBRA FAMILIAR (Eq. H/Mês) R$ 1.481,00 GLOSSARIO: Renda Bruta: produção obtida x preço de venda; Depreciação: cursos necessários para repor o investimento; Custos Variáveis: despesas para um ciclo de cultivo; Margem Bruta – renda bruta: custos variáveis; Despesas Operacionais Totais: Custos variáveis + Depreciações e manutenção; Renda da Operação Agrícola : Renda Bruta – Despesas Operacionais Totais Remuneração da Mão-de-obra: Renda da Operação Agrícola/ 12 meses /No de Eq. H. INDICADORES ECONÔMICOS: • Período das águas: o Produção de leite/dia = 510 L; o Produção de leite/185 dias = 94.350 L; o Receita da atividade leiteira/185 dias = R$39.410,00; o Custo Variável do litro de Leite = R$ 0,25; o Margem Bruta do litro de leite = R$ 0,17; o Preço médio do litro de leite = R$ 0,37 (11/2002 a 04/2003). • Período da seca: o Produção de leite/dia = 510 L; o Produção de leite/185 dias = 94.350 L; o Receita/185 dias = R$ 43.974,00; o Custo Variável do litro de Leite = R$ 0,31; o Margem Bruta do litro de leite = R$ 0,166; o Preço médio do litro de leite = R$0,43 (05/2003 a 10/2003). • Durante o ano: o Produção de leite/ano = 186.150 L; o Receita da atividade leiteira/ano = R$ 83.384; o Custo Variável do litro de Leite = R$ 0,28; o Margem Bruta do litro de Leite = R$ 0,17; o Margem Bruta da atividade leiteira /ha /ano = R$ 2.835,00; o Margem Bruta da atividade leiteira/ano = 31.185,00; o Renda da operação agrícola do litro de leite = R$ 0,14; o Renda da operação agrícola/ha/ano = R$ 2.424,00; o Renda da operação agrícola/ano = R$ 26.664,00; o Lucro do litro de leite = R$ 0,10; o Lucro da atividade leiteira/ha/ano = R$ 1.723,00; o Lucro da atividade leiteira/ano = R$ 18.952,00. o Remuneração da Mão-de-obra (Eq. H./Mês) = R$ 1.052,00. • Para a análise econômica utilizou-se os dados do Deral. o Preço do concentrado = R$ 0,40 (julho 2003). PONTOS A SALIENTAR NO SISTEMA: • • • • • • • • E fundamental que produtor faca uso da assistência técnica. É necessário que o produtor tenha conhecimento sobre manejo de pastagens e alimentação das deferentes categorias, bem como manejo geral do rebanho. As bezerras excedentes devem ser vendidas pós-desmame, devido a limitação de área. Os bezerros devem ser comercializados, doados ou eliminados ao nascer, caso contrario haverá competição por alimento. Sabe-se que estes bezerros não são bem aceitos no mercado regional, pela alimentação deficiente e suscetibilidade a parasitas e doenças, isto reverte a implementação de pesquisa de viabilidade econômica de vitelos leiteiros para a região no arenito. As limitações fisicas do solo do Arenito inviabilizam plantios suscessivos de sorgo para silagem. Portanto, deve-se optar pela utilização da cana-de-açúcar. Nesse sistema forrageiro os animais são mantidos com cana-de-açúcar durante o periodo seco, com a devida suplementação. Nesse sentido, e necessário ter animais com potencial médio de producao (15 a 18L de leite/vaca/dia). Os produtores deste sistema devem procurar associar-se, principalmente para aquisição de insumos.