Abrafrutas
Maior exportação de frutas naturais
A
Associação Brasileira
dos Produtores e Exportadores de Frutas
e Derivados (Abrafrutas) atua em
defesa dos interesses da fruticultura brasileira, que representa um
segmento relevante da produção
agrícola do país, com exportações anuais em torno de US$ 650
milhões.
A Abrafrutas foi lançada em
março de 2014 e já nasceu forte,
com participantes expressivos do
setor e com o apoio da Confederação da Agricultura e Pecuária
do Brasil (CNA) e da Agencia de
Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).
O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas, superado
apenas por China e Índia, mas exporta menos de 2% desta produção. Mudar esse quadro, através
de um salto nas exportações brasileiras de frutas naturais, é uma das
prioridades da Abrafrutas.
O presidente da Associação
é o empresário Luiz Roberto
Barcelos, da Agrícola Famosa,
uma das maiores exportadoras de
frutas do Brasil. Luiz Roberto concedeu à Revista BRAZIL EXPORT
(BE) a entrevista, que se segue,
abordando temas importantes, no
que diz respeito à Abrafrutas e ao
mercado em que ela atua:
BE – Quantos associados a
12 - BRAZIL EXPORT
Luiz Roberto Barcelos
Abrafrutas possui? Os associados estão localizados em todas
as regiões brasileiras? Há uma
diversificação entre as frutas
produzidas pelos associados?
Luiz Roberto – A Abrafrutas
possui 28 empresas e associações como membros em todas as
regiões do Brasil. São mais de 10
frutas representadas, o que nos dá
uma grande diversificação.
BE – O Brasil é o terceiro
maior produtor mundial de
frutas, mas exporta menos de
2% dessa produção? Quais
os planos da Abrafrutas para
melhorar esse quadro?
Luiz Roberto – A Abrafrutas
foi fundada justamente para mudar esse quadro e estimular as
exportações de frutas naturais. O
convênio assinado com a Apex-Brasil foi o primeiro passo para
a promoção das nossas frutas
no exterior e a criação de um
branding que represente nosso
produto.
A receita para termos uma
maior participação no mercado
internacional é a abertura de
novos mercados com a remoção
das barreiras tarifárias e fitossanitárias que enfrentamos. Além
disso, temos que ampliar a capacidade dos produtores para que
produzam frutas com qualidade
para exportação e dentro das
exigências de sustentabilidade,
tais como, o cuidado com o meio
ambiente, a segurança alimentar
e a responsabilidade social. E,
por fim, temos que implantar
uma desburocratização, para que
possamos ter mais agilidade nos
processos de exportação, já que
trabalhamos com produtos altamente perecíveis.
BE – Na sua opinião, o Plano Nacional de Exportações,
recentemente lançado pelo Governo, pode realmente ampliar
as exportações brasileiras de
frutas ou é apenas um conjunto
de boas intenções?
Luiz Roberto – É um conjunto
de boas intenções, mas que sem
dúvidas pode levar ao incremento
das exportações. A nova visão do
Governo de que as exportações
são importantes para o reaquecimento da economia brasileira
nos anima.
O Governo pode agir em duas
frentes prioritárias. Promover financiamentos especiais para as
GUSTAVO FRÖNER
“A nova visão do
Governo de que
as exportações são
importantes para
o reaquecimento
da economia
brasileira nos
anima”.
empresas que são preponderantemente exportadoras e buscar
parcerias comerciais com países
de relevância econômica.
BE – A forte desvalorização
da moeda brasileira neste ano
tornou as nossas frutas mais
competitivas no mercado externo. Já é possível constatar
algum reflexo positivo nas
nossas exportações desse
produto?
Luiz Roberto – Essas recentes desvalorizações do real nos
BRAZIL EXPORT - 13
tornam, sem dúvida, mais competitivos. Temos que lembrar que
uma grande parte das exportações de frutas brasileiras destina-se à Europa e, portanto, tem o
euro como moeda de venda. Esta
moeda não se valorizou no mesmo nível do dólar, mas, mesmo
assim, houve uma significativa
valorização.
Nem tudo, entretanto, é positivo. Parte dos custos é dolarizada,
tais como: embalagens, adubos,
defensivos e frete marítimo. Além
disso, tivemos aumento nos salários e, principalmente, uma grande
elevação no custo da energia
elétrica, insumo muito usado na
irrigação.
A pior hipótese, para nós, é
quando há uma valorização da
nossa moeda, pois perdemos
rentabilidade e competitividade.
BE – Na sua última entrevista à Revista BRAZIL EXPORT,
o Sr. apontou o Oriente Médio
como um mercado muito promissor para as frutas brasileiras. Quais as vantagens desse
mercado e como estão evoluindo as nossas exportações
de frutas para esta região?
Alguma ação a ser desenvolvida pela Abrafrutas para este
mercado?
Luiz Roberto – No início de
outubro deste ano, realizaremos
a primeira missão internacional
da Abrafrutas, que será destinada
a Dubai, utilizando os recursos
do convênio com a Apex-Brasil.
Faremos um seminário chamado
“Conhecendo o Mercado Árabe”,
no dia 4 de outubro próximo. No
14 - BRAZIL EXPORT
dia seguinte, teremos rodadas de
negócios com a presença confirmada de mais de 35 empresas
especializadas em frutas em todo
o Oriente Médio. Nessa mesma
noite, faremos um jantar para mais
de 100 convidados. E, nos dias 6
e 7 de outubro, participaremos da
WOP Dubai, que é a feira mais importante da região sobre alimentos
perecíveis.
BE –O bloqueio da Rússia
às importações de frutas europeias aumentou a demanda
deste país pelas frutas brasileiras?
Luiz Roberto – Diretamente
ainda não. Importadores holandeses continuaram a enviar nossos
produtos para a Rússia da mesma forma que faziam antes. E,
para não estar sob os efeitos do
embargo, utilizam os certificados
de origem, demonstrando que
as frutas não são produzidas na
Europa, mas sim no Brasil.
A grande oportunidade que se
abre é para nossa maçã, já que
a Polônia, grande fornecedora de
maçã para a Rússia, está sujeita
às regras do embargo comercial.
A Secretaria de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e de Abastecimento
(Mapa) está organizando uma
missão para Moscou, em outubro
deste ano, que deverá ter a presença de exportadores de maçã.
BE – Como estão evoluindo
as negociações com as autori-
dades dos Estados Unidos em
relação à retirada da barreira
tarifária imposta aos melões
brasileiros?
Luiz Roberto – Esse tema
foi objeto das tratativas da última
visita que a Presidente Dilma
Rousseff fez aos Estados Unidos. Mas o tema está nas mãos
do Congresso americano. Com o
apoio da Apex-Brasil e da Confederação Nacional da Indústria
(CNI), já contratamos um escritório em Washington para defender
esse tema. Recentemente, esse
Congresso renovou o Sistema
Geral de Preferências (SGP), o
que ajudará a removermos essa
barreira.
BE – A falta de acordos bilaterais do Brasil com os Estados
Unidos e com a União Europeia
tem prejudicado muito as exportações brasileiras de frutas
para estes mercados. Por que
esses acordos não evoluem,
uma vez que os nossos principais concorrentes já os têm?
O Mercosul é um obstáculo a
esses acordos?
Luiz Roberto – Realmente,
a falta desses acordos bilaterais
com a Europa e os Estados Unidos está prejudicando demais as
exportações brasileiras, principalmente as de frutas, já que nossos
países concorrentes possuem
esses benefícios.
Só para se ter uma ideia, o
Brasil tem que pagar um imposto
médio de 10%, enquanto o imposto dos concorrentes é zero.
Isso reduz muito a nossa competitividade.
Esses acordos não têm evoluído porque o Brasil está preso
às regras de negociação do Mercosul, que o obriga a fazê-lo em
conjunto, com todos os demais
membros do bloco. E, mesmo
dentro do Brasil, há setores contrários à evolução das negociações.
Felizmente, estamos sentindo
que esse cenário está mudando.
O Governo brasileiro começa a se
movimentar com mais agilidade
na direção desses acordos. Nós
da fruticultura estamos torcendo
muito para que, em breve, possamos estar livre desses impostos.
BE – Qual a expectativa em
relação à participação da Abrafrutas na Fruit Attraction 2015
em Madri (outubro)?
Trata-se de um evento muito
importante para a Abrafrutas. Será
nosso primeiro evento internacional como expositores e faremos
o lançamento oficial da nossa
marca. Teremos todo o apoio
institucional da Confederação da
Agricultura e Pecuária do Brasil
(CNA). Contaremos, inclusive,
com a honrosa presença de seu
presidente João Martins, que
liderará uma comitiva de mais de
10 presidentes de Federações,
que têm um papel importante
na fruticultura e no agronegócio
brasileiro. EXPORT
Presidente da Abrafrutas recebe título de
Comendador da Ordem do Rio Branco
Em nome da Abrafrutas, a
homenagem foi estendida a
todos os associados pelos
méritos em favor da fruticultura
brasileira.
A cerimônia ocorreu no
saguão do Palácio do Itamaraty, onde Luiz Roberto­
Maldonado­ Barcelos foi
condecorado pela presidente
Dilma Rousseff. Na oportunidade, a Ministra da Agricultura,
Pecuária e de Abastecimento, Kátia Abreu, também foi
agraciada.
A Ordem de Rio Branco é
concedida em reconhecimento
a serviços meritórios e virtudes
cívicas dos agraciados.
A escolha dos homenageados é feita pelo conselho
da ordem, constituído pela
presidente da República, pelo
ministro das Relações Exteriores, pelos chefes das Casas
Civil e Militar da Presidência
da República e pelo secretário-geral do Itamaraty.
A solenidade fez parte das
comemorações do Dia do Diplomata (20 de abril) realizada
pelo Ministério das Relações
Exteriores (MRE).
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