Credo símbolo dos apóstolos 1. O ano da fé Na Porta da fé há uma expressão que somos convidados a ter sempre presente, pois a sua verdade não se circunscreve a este ano da fé, mas tem uma perene validade. Diz Bento XVI que «só acreditando é que a fé cresce e se revigora» (Porta da Fé, 7). Perceberemos o alcance espiritual desta frase, verdadeiramente axiomática, se pensarmos, por exemplo, que só aprendemos a falar e evoluímos no conhecimento de uma língua, com aqueles que a falam e a falam bem; a esperar com quem tem esperança; e a amar com quem é verdadeiramente animado por um espírito de abertura e de disponibilidade. Quer dizer que a experiência da fé, sendo pessoal, é ao mesmo tempo uma relação com os outros, tal como a vida, que cresce e é partilhada não com os mortos, mas com os vivos. 2. Oitavo artigo do Credo: Creio no Espírito Santo O oitavo artigo, na realidade o terceiro, segundo a estrutura trinitária do Credo que temos vindo a observar desde o princípio deste ano da fé, trata do Espírito Santo, a terceira Pessoa da santíssima Trindade. No Símbolo dos Apóstolos diz-se simplesmente Creio no Espírito Santo, ao passo que no símbolo de Niceia e Constantinopla este artigo se encontra mais desenvolvido. Por um lado, refere-se ao Espírito Santo na Trindade, como Pessoa divina que com o Pai e o Filho é adorado e glorificado; por outro, mostra o Espírito Santo na sua acção na história da salvação, na longa preparação até à vinda de Cristo e depois na sua acção na Igreja, a recordar tudo o que o Senhor ensinou e a conduzir para a Verdade total, ou seja, para Cristo, caminho, verdade e vida. Tal como no seio da Virgem Maria, na Incarnação do Verbo, é também pela acção do mesmo Espírito Santo que, no seio da Igreja (nas águas do baptismo), são regenerados os filhos de Deus. De facto, ninguém nasce cristão, mas torna-se cristão, isto é, filho de Deus pelo baptismo. Deste artigo tem então particular importância a afirmação de que foi Ele que falou pelos profetas. Quer dizer que tanto na história como no mistério da Santíssima Trindade, é o Espírito Santo quem garante a unidade, e por isso foi designado pelo Magistério como a alma da Igreja (Leão XIII), como comunidade santa e sacramental. Para meditar: 1. Já pensaste seriamente e em profundidade que foi pelo Espírito Santo que foste regenerado filho de Deus no baptismo? 2. S. Paulo convida-nos a não ofendermos o Espírito Santo que habita em nós. Já pensaste ou tens pensado o suficiente que pelo baptismo e vivendo em graça, és verdadeiramente o sacrário vivo da Santíssima Trindade? 3. A acção do Espírito Santo caracteriza-se por ser fonte de unidade. Já pensaste que toda a divisão, tanto na Igreja como na sociedade, não tem origem no Espírito Santo da unidade? Para ler: CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, nn. 687-747. J. RATZINGER, Introdução ao cristianismo (S. João do Estoril: Principia 2005) 241245. Paróquias da Baixa-Chiado, Lisboa, com a colaboração do Prof. Doutor P. José Jacinto Ferreira de Farias, scj Maio de 2013