BAPTISMO Diz-nos o Catecismo que o Baptismo é o Sacramento que Jesus nos deixou para nos restituir a vida divina perdida pelo pecado original e nos tornar filhos de Deus, membros da Igreja e herdeiros da vida eterna. Adão e Eva, porque pecaram, perderam a Amizade de Deus, que nos deviam deixar como Herança. Essa Herança, é-nos restituída pelo Baptismo, que nos torna de novo possuidores da Amizade de Deus, fazendo-nos Seus filhos com o direito de possuir o Céu. O Pecado Original, em nós, não representa uma ofensa nossa mas apenas um prejuízo, a falta de alguma coisa a que tínhamos direito, que nos deveria ser dada como Herança : A Amizade de Deus. Com o Pecado Original não poderíamos herdar a riqueza espiritual que Deus a todos tinha reservada e a que a todos quer dar : A Vida Eterna. Pelo Baptismo, tornamo-nos de novo agradáveis aos olhos de Deus, de quem ficamos a ser filhos adoptivos e predilectos com todos os direitos e deveres de filhos. Direitos a receber e deveres a cumprir. Na medida em que formos bons filhos, tornar-nos-emos participantes de uma Herança que nos será dada na Vida Eterna A partir do nosso Baptismo ficamos a dar glória a Deus com todos os nossos actos e a receber em troca infinitos merecimentos. Cristo instituiu o Sacramento do Baptismo quando mandou os Apóstolos dizendo: - "Ide, pois, e ensinai a todas as gentes, baptizando -as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a observar todas as coisas que vos tenho mandado". (Mt.28/19) O Baptismo, o primeiro dos Sacramentos, chamado o Sacramento da Regeneração pela água e pelo Espírito Santo, é administrado presentemente, derramando, por três vezes, a água sobre a cabeça do baptizando, e dizendo ao mesmo tempo as palavras da Forma deste Sacramento: "F. Eu te baptizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo". No N. Testamento o Baptismo é mencionado várias vezes. Por duas vezes S. João se refere ao Baptismo : - Depois disto, foi Jesus com os Seus discípulos para a terra da Judeia, permaneceu ali com eles a baptizar. João estava também a baptizar em Enon, perto de Salim, porque havia ali muita água e acorria gente para ser baptizada. (Jo. 3/22-24). - Tendo o Senhor sabido que os fariseus ouviram dizer que Ele fazia e baptizava mais discípulos do que João - se bem que Jesus não baptizava, mas sim os Seus discípulos - deixou a Judeia e partiu de novo para a Galileia. (Jo.4/1). Todavia não parece tratar-se do Baptismo cristão, pois o Espírito que este dá, só foi dado depois de Jesus ser glorificado : - Jesus falava do Espírito, que deviam receber os que n'Ele acreditassem; pois o Espírito ainda não viera, por Jesus não ter sido ainda glorificado. (Jo. 7/39). Devia, pois, tratar-se dum Baptismo como o de João. A palavra Baptismo é usada metaforicamente, em relação com a Paixão de Cristo : - Não sabeis o que pedis ; podeis beber o Cálice que Eu vou beber e receber o Baptismo que Eu vou receber ? (Mc. 10/38). - Vim lançar fogo sobre a terra; e que quero Eu senão que ele já se tenha ateado? Tenho de receber um Baptismo, e que angústias as minhas até que ele se realize. (Lc. 12/4950). A metáfora parece ser num Baptismo como princípio de uma nova vida, de um novo estado de vida, como uma transformação. Ele é condição indispensável para que alguém possa ser cristão : - Convertei-vos e peça cada um o Baptismo, em nome de Jesus Cristo, para a remissão dos seus pecados; recebereis então o Dom do Espírito Santo. (Act.2/38). E este Baptismo tem que ser conferido em nome de Jesus, porque dele se recebem os méritos através da Sua Paixão, Morte e Ressurreição : - Tinham apenas recebido o Baptismo em nome do Senhor, Jesus... (Act.8/16). - E ordenou que fossem baptizados em nome de Jesus Cristo. (Act. 10/48). - Quando isto ouviram, baptizaram-se.- (Act.19/5). Mas o Baptismo é também conferido em nome do Espírito Santo : - Eu vos baptizarei em água, mas Ele baptizar-vos-á no Espírito Santo. (Mc.1/8). - João baptizava em água, mas, dentro de pouco tempo, vós sereis baptizados no Espírito Santo. (Act. 1/5). Para S. Paulo, o Baptismo é a experiência cristã da Paixão, Morte e Ressurreição do próprio Jesus : - Ignorais porventura, que todos nós, que fomos baptizados em Jesus Cristo, fomos baptizados na Sua morte ? (Act.6/3). O Baptismo simboliza e torna efectiva, não só a incorporação do cristão em Cristo, mas também a sua união com todos os outros membros de um só corpo : - Porque todos vós sois filhos de Deus, mediante a fé em Jesus Cristo; pois todos os que fostes baptizados em Cristo, vos revestistes de Cristo .(Gal.3/26-27). - Foi num só Espírito que todos nós fomos baptizados, a fim de formarmos um só corpo (... ) e todos temos bebido de um só Espírito.(1Cor.12/13). É este o nosso esquema sobre o Baptismo : Ordenado por : Cristo : - Foi-Me dado todo o poder no céu e na terra; ide, pois, ensinai todas as nações, baptizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espirito Santo... (Mt.28/19). - Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda a criatura. Quem acreditar e for baptizado, será salvo, mas quem não acreditar... (Mc.16/15). Pedro : - Poderá alguém recusar a água do Baptismo aos que receberam o Espírito Santo como nós? E ordenou que fossem baptizados em nome de Jesus. (Act.10/47). Ministros cristãos : - E agora, por que esperas ? Levanta-te, recebe o Baptismo e purifica-te... (Act.22/16). Administrado por : Os Apóstolos : - Os que aceitaram a sua palavra receberam o Baptismo e naquele dia juntaram-se aos crentes cerca de três mil almas.. (Act.2/41). Ananias : - Nesse instante , caíram-lhe dos olhos uma espécie de escamas e (Saulo) recuperou a vista; Depois levantou-se e recebeu o Baptismo (Act.9/18). - Filipe : - Mas quando acreditaram em Filipe, que lhes anunciava a Boa Nova do Reino de Deus e do nome de Jesus, homens e mulheres começaram a receber o Baptismo. (Act.8/12). Pelo caminho fora encontraram uma nascente de água, e o eunuco disse: Está ali água! “Que me impede de ser baptizado ?” (Act.8/36). - Paulo : - ...e muitos dos coríntios, que ouviam Paulo pregar abraçavam também a fé e recebiam o Baptismo. (Act. 18/8). - baptizei também a família de Estéfanes, mas fora destes, não sei se baptizei mais alguém. (1 Cor. 1/16). Onde? - No Jordão : -...Jesus, da Galileia, ter com João, ao Jordão, para ser baptizado por ele. (Mt.3/13). - Jesus veio de Nazaré da Galileia e foi baptizado por João ... (Mc.1/9) - Em Jerusalém depois do discurso de Pedro : - Convertei-vos e peça cada um o Baptismo em nome de Jesus... (Act.2/37). - Na Samaria : - Estes desceram até lá e rezaram pelos Samaritanos para eles receberem o Espírito Santo que, na verdade, não descera ainda sobre nenhum deles. Tinham apenas recebido o Baptismo em nome de Jesus. (Act.8/15). - Em casa de Cornélio : - E ordenou que fossem baptizados em nome de Jesus. (Act.10/47). - No cárcere : - O carcereiro, tomando-os consigo, àquela hora da noite, lavou-lhes as feridas e imediatamente se baptizou, ele e todos os seus... (Act. 16/33). A Quem Baptizar ? - Os Judeus que acreditaram : - Os que aceitaram a sua palavra receberam o Baptismo... (Act.2/41). - Os pagãos (gentios) que acreditaram : - Pedro estava ainda a falar, quando o Espírito Santo desceu sobre quantos ouviam a palavra( ... ) E ordenou que fossem baptizados em nome de Jesus. (Act.10/44-48). - Algumas famílias em suas casas : - Depois de ter sido baptizada (Lídia) bem como os de sua casa, fez este pedido : Se me considerais fiel ao Senhor, vinde ficar a minha casa. E obrigou-nos a isto. (Act.16/15). - …baptizei também a família de Estéfanes... (1 Co.1/16). Qual Baptismo ? - Baptismo de água : - Poderá alguém recusar a água do Baptismo aos que receberam o Espírito Santo como nós ? (Act.10/47). - Está ali água. Que me impede de ser baptizado ? (Act.8/36). - Baptismo único : - Há um único Senhor, uma única fé, um único Baptismo. (Ef.4/5)- Baptismo necessário : - Convertei-vos e peça cada um o Baptismo em nome de Jesus Cristo, para a remissão dos seus pecados. (Act.2/38). - Eficaz : - João baptizava em água, mas, depois de pouco tempo, vós sereis baptizados no Espírito Santo. (Act.1/5). - Para todos os fiéis : - Crispo, o chefe da Sinagoga acreditou no Senhor, ele e todos da sua casa; e muitos dos coríntios, que ouviam Paulo pregar, abraçaram também a fé e recebiam o Baptismo. (Act.18/8). Simbolismo do Baptismo : - Cumprimento das profecias : - Mas tudo isto é a realização do que disse o profeta Joel : Nos últimos dias, diz o Senhor, derramarei o Meu Espírito sobre toda a criatura. Os vossos filhos e as vossas filhas hão-de profetizar. (Act.2/16). - Prefigurado no A.T. : - Todos foram baptizados em Moisés, na nuvem e no mar... (1 Co.10/2). - Esta água (Dilúvio) era uma figura do Baptismo, que agora vos salva.(1Pe.3/21). - Descida do E. Santo : - E João testemunhou, dizendo ;Vi o Espírito Santo descer do Céu como uma pomba e permanecer sobre Ele... (Jo.1/32). - Aquele sobre Quem vires o Espírito descer e permanecer é que baptiza no Espírito Santo... (Jo.7/33) - Viram então aparecer umas línguas à maneira de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo.. (Act.2/3). - Pedro estava ainda a falar, quando o Espírito Santo desceu sobre quantos ouviam a palavra. (Act.10/44). - Expressão da unidade do Espírito : - Foi num só Espírito que todos nós fomos baptizados, a fim de formarmos um só corpo, quer judeus, quer gregos ... (1 Cor.12/13). - Porque todos vós sois filhos de Deus, mediante a fé em Jesus Cristo; pois todos os que fostes baptizados em Cristo, vos revestistes de Cristo. (Gal.3/26). - Renascimento e regeneração : - Quem não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus . (Jo.3/3). - Pelo Baptismo sepultámo-nos juntamente com Ele, para que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos, mediante a glória do Pai, assim caminhemos nós também numa vida nova. (Rom.6/4). - Meio de Purificação : - E agora, por que esperas ? Levanta-te, recebe o Baptismo e purifica-te dos teus pecados. (Act.22/16). - Ele salvou-nos: Não por causa das obras de justiça que tivéssemos feito, mas por misericórdia, mediante o Baptismo de regeneração e renovação... (Tit-3/5). No N. Testamento há ainda muitas mais referências ao Baptismo, além das já apresentadas, das quais apresentamos as mais significativas: - Eu baptizo-vos em água para vos mover ao arrependimento; mas Aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu e eu não sou digno de lhe levar as sandálias. Ele baptizar-vos-á com o fogo do Espirito Santo. (Mt.311). - Bebereis o cálice que Eu vou beber e sereis baptizados com o Baptismo com que Eu serei baptizado. (Mc. 70/39). - Retirou-se novamente para além do Jordão, para o lugar onde João tinha primeiramente baptizado. (Jo.1 0/40). - Simão também acreditou e, depois de baptizado, andava sempre com Filipe. (Act.8/13). Baptismo de João : Antes de Jesus começar a Sua vida pública, João Baptista baptizava no rio Jordão. O seu baptismo era simbólico exprimindo o arrependimento do pecador e não era ainda o Sacramento. É isto o que dizem os evangelhos : - Eu baptizo-vos em água, para vos mover ao arrependimento... (Mt.3/11). - Eu baptizo-vos em água, mas Ele baptizar-vos-á no Espírito Santo. (Mc.1/8). - Eu baptizo-vos em água, mas no meio de vós encontra-se Alguém que não conheceis. Aquele que vem depois de mim. (Jo.1/26). O baptismo de João estava em contraste com o baptismo que Jesus depois instituiu, porque este produzia o seu efeito pelo poder da água e do Espírito Santo : - João baptizou em água, mas vós, porém, sereis baptizados no E. Santo. (Act. 11/16). Os Rolos de Qumran, recentemente encontrados, revelam que o baptismo já era administrado pela seita de Qumran, antes de João Baptista; e a conexão entre João e esta seita, não está excluída. No Manual da Disciplina está estabelecido que a mera ablução não pode realmente purificar o homem; apenas pela submissão da sua alma aos preceitos de Deus, ele pode ficar purificado e assim ser aspergido pelas águas da ablução e santificado pelas águas da purificação. O próprio Deus, por fim, purificará os actos do homem e aperfeiçoará a substância humana, destruindo todo o espírito de perversidade do seu corpo e santificando-o pelo Espírito Santo, o espírito de verdade como águas de purificação. O mesmo Manual, todavia, proíbe que alguém entre nas águas para obter a pureza dos homens santificados, o que indica que a seita não considera o rito efectivo por si mesmo. Ele não tem valor, a não ser que haja uma sincera disposição interior de arrependimento. O baptismo de João é chamado pelos evangelistas, o Baptismo de arrependimento: - João Baptista apareceu no deserto a pregar um baptismo de arrependimento para a remissão dos pecados. (Mc. 1/4). Submetendo-se ao baptismo de João, Jesus não quer dizer que Ele próprio seja pecador, mas claramente significa que Ele se uniu realmente à humanidade pecadora, que Ele assumiu para a remir dos seus pecados. A teofania da voz do Pai e da pomba do Espírito Santo fez do baptismo de Cristo o protótipo do baptismo cristão, no Espírito Santo, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, Outras referências do N. Testamento ao Baptismo de João Baptista, ou simplesmente a João Baptista : - João Baptista, a pregar no deserto da Judeia. Arrependei-vos... (Mt.3/1). - … não apareceu ninguém maior que João Baptista... (Mt.11/11). - Desde os dias de João Baptista até agora, o reino dos céus... (Mt.11/12) - Esse homem é João Baptista! (Mt.14/2). - Dá-me aqui num prato a cabeça de João Baptista. (Mt.14/8). - Então compreenderam os discípulos que se referia a João Baptista... (Mt.17/13). - Este é João Baptista que ressuscitou dentre os mortos… (Mc.6/14). - Que hei-de pedir? Esta respondeu : A cabeça de João Baptista (Mc.6/24). - Quero que me dês imediatamente num prato a cabeça de João Baptista. (Mc.6/25). - João Baptista mandou-nos ter Contigo... (Lc.7/20). - Veio João Baptista que não come... (Lc.7/33). - Betânia, do outro lado do Jordão, onde João estava a baptizar... (Jo.1/28). - … a começar pela Galileia depois do baptismo que João pregou... (Act.10/37). O Baptismo de Cristo João Baptista pregava no deserto da Judeia, clamando : "Preparai os caminhos do Senhor". Então Vinham a ele, de Jerusalém, de toda a Judeia, e de toda a terra da região do Jordão; e, arrependendo-se dos seus pecados, eram por ele baptizados no Jordão. E João dizia : - Eu baptizo-vos em água para vos mover ao arrependimento; mas Aquele que vem depois de mim é mais poderoso que eu e eu não sou digno de Lhe levar as sandálias . Ele baptizar-vos-á com o fogo do Espírito Santo. (Mt.3/11). E S. Mateus continua : - Então veio Jesus da Galileia ter com João, ao Jordão, para ser baptizado por ele.. João opunha-se, dizendo :"Eu é que tenho necessidade de ser baptizado por Ti. E Tu vens a mim"? Jesus, porém, respondeu-lhe : -"Deixa isso por agora; convém que cumpramos assim toda a justiça". João, então, permitiu-o. Uma vez baptizado, Jesus saiu da água e eis que os céus se Lhe abriram e viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e vir sobre Ele. E uma voz vinda do Céu, dizia : "Este é o Meu Filho muito amado, no Qual pus toda a minha complacência". (Mt.3/13-17). Jesus Cristo quis receber o Baptismo, não por se considerar pecador, mas para nos mostrar que tinha assumido a nossa natureza humana para assim nos poder remir, e para dar autoridade à pregação de João Baptista. Sendo impecável, não tinha necessidade nem obrigação de ser baptizado. Cristo é o nosso Modelo. Antes de nós, mesmo estando isento de todo o pecado, quis ser também baptizado para que o Seu baptismo nos servisse de exemplo. Nele, toda a SS. Trindade estava presente : - O Pai estava presente, pois se ouviu a Sua voz a dizer : - Este é o meu Filho muito amado - O Filho estava presente, pois estava a ser baptizado… - O Espírito Santo estava presente, figurado na pomba que desceu e pairou sobre a cabeça de Jesus... Baptismo da Nova Lei. O Baptismo de Cristo foi o protótipo do baptismo cristão e, com ele se deu início ao Baptismo da Nova lei. O Baptismo foi profetizado na Antiga Lei. Foi solenemente anunciado pelo profeta Ezequiel: - Eu vos aspergirei com águas puras, que vos purificarão de todas as manchas e de todos os pecados. (Ez.36/25). O Sacramento do Baptismo, também chamado o sacramento da regeneração, sendo o princípio e a base da vida cristã, ocupa um lugar capital na nossa santa religião, a Religião Cristã, fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo. Este Sacramento está prefigurado, desde os mais remotos tempos, na Antiga Lei: - Na circuncisão, rito de purificação que Moisés impunha a todos os varões israelitas, no oitavo dia do seu nascimento. Era figura do Baptismo pelo que o homem havia de ser espiritualmente purificado, pela extirpação dos vícios, e julgado digno do olhar do Senhor. - Na Arca de Noé, onde só foram salvos da morte os que se encontravam dentro dela. Era figura do baptismo porque só os que forem baptizados se podem salvar. - Na passagem do mar vermelho, por onde passou ileso, o povo de Israel, e onde foram engolidas os tropas do Faraó. É figura do Baptismo, porque só pelo Baptismo se pode chegar, ileso do pecado que herdámos de Adão e Evo, à pátria prometida que é o Céu. - Na cura de Naaman, que se lavou nas águas do Jordão e ficou curado da lepra. É figura do Baptismo, porque só o Baptismo nos pode lavar da lepra do pecado original. Mais tarde, Cristo havia de estabelecer a Nova Lei do Seu Reino, de maneira categórica, instituindo o primeiro Sacramento da Nova Lei - O Baptismo - por estas palavras : - Ide, pois, ensinai todas as nações, baptizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E Eu estarei convosco, até ao fim do mundo.(Mt.38/19-20). Diz-nos o Catecismo da Igreja Católica : 1223. - Todas as prefigurações da Antiga Aliança encontram a sua realização em Jesus Cristo. Ele começa a sua vida pública depois de Se ter feito baptizar por S. João Baptista no Jordão. E, depois da sua Ressurreição, confere esta missão aos Apóstolos : "Ide, fazei discípulos de todas as nações; baptizai-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo e ensinai-lhes a cumprir tudo quanto vos mandei" (Mt. 28/19-20). 1224. - Nosso Senhor sujeitou-se voluntariamente ao Baptismo de S. João, destinado aos pecadores, para "cumprir toda a justiça" (Mt. 3/15). Este gesto de Jesus é uma manifestação do seu "aniquilamento" (Filip.2/7). O Espírito que pairava sobre as águas da primeira criação, desce então sobre Cristo como prelúdio da nova criação e o Pai manifesta Jesus como seu "Filho muito amado" (Mt.3/16-17). 701. - A pomba. No final do dilúvio (cujo simbolismo tem a ver com o Baptismo), a pomba solta per Noé regressa com um ramo verde de oliveira no bico, sinal de que a terra é outra vez habitável. Quando Cristo sobe das águas do seu baptismo, o Espírito Santo, sob a forma duma pomba, desce e paira sobre Ele. O Espírito desce e repousa no coração purificado dos baptizados. Em certas Igrejas, a sagrada Reserva Eucarística é conservada num relicário metálico em forma de pomba (columbarium) suspenso sobre o altar. O símbolo da pomba para significar o Espírito Santo, é tradicional na iconografia cristã. No Baptismo de Jesus o Espírito Santo desceu e o Pai, solenemente, elegeu Jesus para o Seu trabalho messiânico: - Este é o Meu Filho muito amado no Qual pus toda a Minha complacência. (Mt.3/17). Mais tarde, Jesus deu a entender que o significado do Baptismo era muito mais do que uma lavagem ou purificação. Referindo-Se à proximidade da Sua morte, Jesus declarou : - Tenho de receber um baptismo, e que angústias as Minhas até que ele se realize. (Lc. 12/50). Com estas palavras Jesus lançou a semente que havia de germinar e florir nos ensinamentos de S. Paulo, segundo os quais o baptismo cristão é um acto que nos assemelha à morte e ressurreição de Jesus : - Peto Baptismo sepultámo-nos juntamente com Ele, para que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos, mediante a glória do Pai, assim caminhemos nós também numa vida nova.(Rom.6/4). Baptismo - Sacramento Diz-nos o Catecismo que os Sacramentos são sinais sensíveis, instituídos por Jesus Cristo, para nos comunicarem as graças do Espírito Santo. Cada um dos Sacramentos é, portanto : * Um sinal sensível, isto é, que se pode sentir com algum dos nossos cinco sentidos... * Instituído por Jesus Cristo... * Para dar a graça que lhe é própria... Assim como: * O fumo indica que há lume, que às vezes não se pode ainda ver... * A bandeira verde-rubra indica e representa a Nação Portuguesa que nela se não vê... * A luz vermelha na passagem de nível, indica um possível perigo que ainda se não vê... * O toque das sereias, indica e significa um perigo que ainda se não vê. .. ...Assim também o Baptismo significa que Deus concede uma graça especial, graça sacramental, a quem o recebe, que é o perdão do pecado original e dos actuais se os houver, e a sua adopção na família cristã, como filho de Deus e membro da Igreja. O que é que há no Baptismo que se possa sentir com algum dos nossos sentidos. - Vê-se a água que se derrama sobre a cabeça, ouvem-se as palavras do ministro que o confere e, sobretudo, sente-se a água que é derramada sobre a cabeça. Se alguém recebeu o Baptismo, já adulto, lembrar-se-á de um conjunto de coisas : - Onde foi baptizado, quem o baptizou, como foi baptizado e talvez se lembrará ainda de algumas palavras a que teve que responder. Foram todas essas coisas sensíveis, sinais sensíveis, pelos quais nós podemos garantir que foi administrado um Sacramento e que por ele foi conferida uma graça espiritual, a graça própria desse Sacramento. Assim, no Sacramento, a Fé diz-nos que aquilo que nós sentimos significa a graça que não pudemos ver. Quebrada sacrilegamente a harmonia da criação pela desobediência e pelo orgulho do primeiro par humano, Deus, pela Sua infinita misericórdia, quis restabelecer a ordem na Sua obra criadora. Resolveu, pois, transpor a barreira do pecado e chegar até nós para nos comunicar a Sua Verdade e a Sua Vida por Jesus Cristo Nosso Senhor. Cristo encarnado, veio realizar a obra da Redenção para que o homem, restituído ao estado de graça, pudesse prestar a Deus a honra e a glória que lhe são devidas. Jesus Cristo morreu, não só para que pudesse provar com toda a eloquência da Sua Ressurreição que era o Filho de Deus, mas também para fundar na terra uma obra de salvação para o homem, e de glorificação para Deus. Deus fundou assim a sua Igreja, a Comunidade do Povo de Deus. Mas para a glória de Deus, o homem tem que pertencer à Igreja, sociedade humanodivina, que o mesmo é dizer, pertencer a Cristo, ao seu Corpo Místico. E para pertencer à Igreja precisa de receber o Baptismo. Como membro da Igreja, o homem deve-lhe respeito, amor filial e submissão perfeita. Deve viver activamente dentro desta sociedade religiosa, venerando os seus representantes, aceitando docilmente os seus ensinamentos, defendendo-a sem respeito humano, concorrendo para a vida do culto com as suas oferendas materiais, fazendo acção católica, que não é mais do que colaborar na missão da Igreja no mundo. Como membro da Igreja, o homem baptizado fica a ser membro de um Corpo Místico cuja cabeça é Cristo ressuscitado. Como tal, deve conservar viva a luz da Fé, recebida no Baptismo, para que seja permanentemente um Membro vivo de um Corpo Místico Vivo. Eis o que nos diz o Catecismo da Igreja Católica : 628. - O Baptismo, cujo sinal originário e pleno é a imersão, significa eficazmente a descida ao túmulo, por parte do cristão que morre para o pecado com Cristo, com vista a uma vida nova. "Fomos sepultados com Ele, pelo Baptismo, na sua morte, para que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos, pela glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova". (Rm. 6/4 ). O Baptismo de Clovis Quando o Império Romano começou a expandir-se, Deus não deixou o Ocidente, a parte mais nobre da Cristandade, sob a dependência de príncipes idólatras. Nas Gálias chamou à fé Clovis rei dos francos. Embora pagão, este príncipe casou com Clotitde, que era cristã fervorosa. Nos momentos de intimidade, a virtuosa rainha falava a Clovis do cristianismo, procurando mostrar-lhe a falsidade dos ídolos. Mas Clovis, dificilmente atendia os conselhos de Clotilde. Os guerreiros germanos atravessaram o Reno e encaminhavam-se para a Gália. Clóvis foi ao seu encontro, alcançando-os na planície de Tolbiac. Travou-se uma dura bat alha e, ao primeiro choque, as tropas gaulesas, começaram a vacilar, perante o furor dos germanos, que se julgavam já perante a vitória. Clóvis, na perspectiva da derrota e suas tremendas consequências, lembrou-se dos conselhos de Clotilde e recorreu ao Deus dela, para assegurar a vitória, dizendo em alta voz : - Deus que Clotilde adora, socorrei-me; se me derdes a vitória, não adorarei a outro Deus senão a Vós. Era a hora que a Providência tinha escolhido para fazer conhecer à Nação e ao seu chefe, a sua vocação para a Fé Cristã. Mal acabara Clóvis a sua oração, e a vitória passava para o lado dos francos. Os germanos, inteiramente dominados, começaram a fugir espavoridos, mas a maior parte do exército ficou no campo de batalha. Clóvis entrou na Gália e dispôs-se a cumprir com todo o seu exército, o voto solene que lhe tinha merecido, de maneira tão extraordinária, o triunfo. Depois de se ter instruído nas verdades da Fé, o rei recebeu o Baptismo, na noite de Natal de 496, das mãos de S. Remi (Remígio), bispo de Reims. Durante a cerimónia do Baptismo S. Remi teve a oportunidade de ver perante si, a humildade de um pagão orgulhoso e feroz a quem disse : - Feroz Sicambro, curva a cabeça sob a autoridade de Cristo; adora o que queimaste e queima os ídolos que tens adorado. Com seu chefe, três mil soldados que o acompanhavam, foram igualmente baptizados, no mesmo dia, pelo bispo e pelos sacerdotes reunidos em Reims, especialmente para esta cerimónia, e para a celebração do Natal. S. Luís, rei de França, foi baptizado no Castelo de Poissy. Entre muitos títulos de nobreza que podia usar, preferiu chamar-se apenas Luís de Poissy, e com este nome assinava todos os documentos. A partir desse dia a Nação Francesa tornou-se a Filha mais velha da Igreja Católica. Diz o Catecismo da Igreja Católica : 1268. - Os baptizados tornaram-se "pedras vivas" para "a edificação dum edifício espiritual, um sacerdócio santo" (l Pé 2/ 5). Pelo Baptismo, participam no sacerdócio de Cristo, na sua missão profética e real, são "raça eleita, sacerdócio de reis, nação santa, povo que Deus tornou seu", para anunciar os louvores d'Aquele que os "chamou das trevas à sua luz admirável" (l Pé 2/ 9). O Baptismo confere a participação no sacerdócio comum dos fiéis. Nos nossos dias o Baptismo é, na maioria dos casos, administrado a uma só criança de cada vez, exactamente porque há a facilidade e conveniência de o fazer logo que for possível, após o nascimento de cada criança, em cada Paróquia ao longo do ano. Todavia, nas Paróquias com maior número de fiéis, e porque se escolhe quase sempre o sábado ou o domingo, há por vezes várias crianças para baptizar ao mesmo tempo. Assim, são baptizadas simultaneamente, pelas seguintes razões : * Recordam a cerimónia do Baptismo, que antigamente era administrado apenas em Sábado Santo, e, portanto, era um Baptismo colectivo, comunitário. * Manifesta-se melhor o aspecto comunitário deste Sacramento. * Facilita as explicações feitas para todos ao mesmo tempo com maior proveito. * Torna a cerimónia, no conjunto, menos demorada do que se se tivesse que baptizar uma criança de cada vez. * Os pais, padrinhos e convidados de todas aquelas crianças, até ali, talvez desconhecidos entre si, sentem-se envolvidos num acto comum a todos, com as suas responsabilidades comuns, na medida em que, por serem todos membros da mesma Igreja, já se não pertencem a si mesmos, mas à Igreja, com muitos direitos e graves deveres, como nos diz outra vez o Catecismo da Igreja Católica : 1269. - Feito membro da Igreja, o baptizado já não se pertence a si próprio (l Co 6/19), mas Àquele que morreu e ressuscitou por nós. A partir daí, é chamado a submeter-se aos outros, a servi-los na comunhão da Igreja e a ser "obediente e dócil" aos chefes da Igreja (He. 13/17) e a considerá-los com respeito e afeição. Assim como o Baptismo é fonte de responsabilidade e deveres, assim também o baptizado goza de direitos no seio da Igreja : direito a receber os sacramentos, a ser alimentado com a Palavra de Deus e a ser confortado pelas outras ajudas espirituais da Igreja. Membros da Igreja pelo Baptismo e como elementos activos de uma sociedade com exigências de ordem material e espiritual, todos nos devemos empenhar no trabalho de evangelização, trabalho litúrgico, e em toda a actividade apostólica que estiver ao nosso alcance. Diz-nos ainda o Catecismo da Igreja Católica : 1270. - "Regenerados [pelo Baptismo] para filhos de Deus, (os baptizados) devem confessar diante dos homens a fé que de Deus receberam por meio da Igreja" (LG 11) e a tomar parte na actividade apostólica e missionária do povo de Deus. Pelo menos até ao Concílio Vaticano II, todas as Igrejas tinham ao fundo, um pequeno compartimento que se chamava o Baptistério, exactamente porque era reservado para administrar o Baptismo num recipiente fixo, chamado Pia Baptismal. Tinha o sentido de que para se entrar na Igreja, primeiro era preciso receber o Baptismo. E assim se ia administrando este Sacramento, longe das vistas da Comunidade, alheia a toda a riqueza da Liturgia do Baptismo. Com a renovação litúrgica do Concílio do Vaticano II, as Igrejas modernas já não têm Baptistério ao fundo da Igreja e a Pia Baptismal, que normalmente é móvel, está sempre perto do altar-mor, porque o Baptismo muitas vezes é administrado dentro da celebração da Missa para convidar todos os fiéis a tomarem parte na celebração e se mentalizarem no sentido de que o Baptismo deve ser um Sacramento comunitário em que todos podem simultaneamente fazer a renovação das promessas do seu Baptismo. (Ver: Baptistério). Junto à Pia Baptismal está sempre o Círio Pascal que foi benzido nas cerimónias do Sábado Santo, que está aceso porque representa Cristo Ressuscitado e é nele que se acende a vela para a transmissão da fé que a criança vai professar através de seus pais e padrinhos, os responsáveis. Assim tudo se vai processando dentro da Igreja e através da liturgia, para nos mentalizarmos cada vez mais de que somos realmente Membros da Igreja, pelo Baptismo. Foi o próprio Jesus que disse : - Quem não nascer de novo não pode ver o reino de Deus.(Jo.3/3). Perante a afirmação de Jesus, Nicodemos disse-Lhe : - Como pode nascer um homem sendo velho? Poderá entrar segunda vez no seio de sua mãe e voltar a nascer ?(Jo.3/5). E Jesus completou a sua explicação : - Quem não nascer da água e do Espírito Santo não pode entrar no Reino de Deus. O que nasceu da carne é carne e o que nasceu do Espírito é espírito. (Jo. 3/6) . Está bem de ver que se trata de renascer de uma maneira diferente e especial, pois que, se fosse possível voltar atrás para renascer, segundo a carne, nada mudaria. Seria sempre um ser humano filho de um homem e de uma mulher. Para podermos chamar-nos Filhos de Deus é preciso que renasçamos de Deus e do Espírito. Depois de termos recebido a vida do corpo, o Baptismo oferece-nos a vida de Deus de tal modo que sejamos Seus filhos e Ele nosso Pai ; que pertençamos à casa e Família de Deus. Pelo primeiro nascimento ficámos a ser cidadãos da terra e fomos inscritos nos Registos das Conservatórias Civis. Pelo segundo nascimento tomamo-nos concidadãos dos santos e ficamos a pertencer a um povo novo, ao Povo dos Filhos de Deus inscritos nos livros da Paróquia, ou da Igreja. Pela Água e pelo Espírito Santo O meio que Jesus nos deixou para operar esta grande maravilha do renascimento é o Baptismo. O sinal sensível escolhido por Jesus para nos tornar Filhos de Deus, foi a Água. A Água é um elemento tão importante como indispensável à vida do corpo. Os sábios da antiguidade pensavam - e os modernos ainda são da mesma opinião - que toda a vida vem da água. Dizia Tertuliano : - Porque é que a água que produz a vida sobre a terra, não háde dar a vida do Céu ? Na Vigília Pascal, o Sacerdote, ao benzer a Agua Baptismal, diz estas palavras: - Que esta fonte seja santificada e fecundada, para dar a vida eterna àqueles que hãode renascer.. Fecundar, dar a vida (vida eterna), renascer, é sempre o mesmo mistério, o mistério do nascimento. Quando Jesus entrou no Jordão para ser baptizado por João Baptista, conferiu à Água o poder de perdoar o pecado, sob a invocação, do Espírito Santo, sob a invocação da SS. Trindade... Eu te baptizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Sacerdócio Eterno de Cristo A Igreja não é uma sociedade vulgar; ela é mãe verdadeira, carinhosa e fecunda que dá a própria vida de Cristo; dá ao mundo, cristãos, isto é, outros Cristos. Portanto, todos os que se tornam membros da Igreja pelo Baptismo, tornam-se simultaneamente Reis e Sacerdotes com Cristo. Este grande mistério é muito especialmente representado pela unção com o óleo santo do Crisma. O nome de cristão significa : O que recebeu a unção (Crisma). Os cristãos são, portanto, os que foram consagrados pela unção do Crisma. Esta unção manifesta o carácter que imprime na alma do baptizado uma semelhança indelével com o sacerdócio eterno de Cristo Diz S. Jerónimo que o sacerdócio do leigo é o Baptismo. Em que consiste, pois, o sacerdócio do leigo ? - Claro que ele não é Sacerdote no sentido estrito, isto é, consagrado pelo Sacramento da Ordem. Não pode consagrar o Pão e o Vinho ou perdoar os pecados, mas foi consagrado para celebrar, em conjunto com todos os outros cristãos, o culto divino, sob a presidência do sacerdote. Porque os baptizados receberam um sacerdócio subordinado e colectivo é que eles podem e devem, não só assistir à Santa Missa, como participar nela. Por essa razão, outrora, (e ainda hoje na preparação de adultos para o baptismo), antes de começar o Ofertório, os não baptizados (Os Catecúmenos), eram convidados a sair. Além de indignos, eram também incapazes de oferecer o Sacrifício, incapazes de participar nele. A consagração baptismal permite aos fiéis, estarem em sua casa quando estão na Igreja, responder Amen, ratificar as orações do Sacerdote. É absolutamente necessária a consagração baptismal para participar no culto e para receber os outros Sacramentos. S. Luís, rei de França, quando seus filhos acabavam de ser baptizados, tomava-os nos braços com santa alegria e beijava-os ternamente, dizendo: - Meu filho querido! A todo o momento tu és meu filho, mas agora, tornaste-te filho de Deus. Deus seja louvado para sempre ! Apóstatas não são apenas aqueles que negam a sua religião. São-no também os que esquecem e calcam aos pés as promessas do seu Baptismo, os que, pela sua incredulidade e vida desregrada, se esforçam sem o poderem conseguir, por apagar a sua Filiação Divina que, em vez de ser uma garantia da sua salvação, se torno motivo da sua condenação. Diz-nos o Catecismo da Igreja Católica : 784. - Ao entrar no povo de Deus pela fé e pelo Baptismo, toma-se parte na vocação única deste povo : na sua vocação sacerdotal - "Cristo Senhor, sumo-sacerdote escolhido de entre os homens, fez do povo novo «um reino de sacerdotes para o seu Deus e Pai». - Na verdade, pela regeneração e a unção do Espírito Santo, os baptizados são consagrados para serem uma casa espiritual, sacerdócio santo (LG 10)" Pelo Baptismo tornamo-nos Filhos de Deus !... O Baptismo, e só ele, dá-nos o direito de nos dirigirmos a Deus e chamar-Lhe Pai Nosso.. É pelo Sacramento do Baptismo que entramos na Comunidade do Povo de Deus, ficando a fazer parte do Corpo Místico de Cristo. O Baptismo incorpora-nos na Igreja porque somos baptizados num só Espírito e formamos um só corpo, como nos diz o Catecismo da Igreja Católica : 1267. - O Baptismo faz de nós membros do Corpo de Cristo. "Desde então…, acaso não somos nós membros uns dos outros?(Ef.4/25). O Baptismo incorpora na Igreja. Das fontes baptismais nasce o único povo de Deus da Nova Aliança, que ultrapassa todos os limites naturais ou humanos das nações, das culturas, das raças e dos sexos : Por isso é que todos nós fomos baptizados num só Espírito, para formarmos um só corpo. (1 Cor. 12 /13). Assim feitos Povo de Deus pelo Baptismo, ficamos também a fazer parte da Orgânica Pastoral e Litúrgica, e da burocracia de uma sociedade perfeita, como é a Igreja local onde ficamos inscritos, Portanto, a Igreja, isto é a Sociedade dos cristãos unidos a Cristo, recebe um pequeno pagão, através do Pároco, dentro da liturgia baptismal. A criança é apresentada pelos Pais e pelos Padrinhos que se comprometem por ela, para o seu futuro. É como se dissessem : - Podeis recebê-la. Nós prometemos que ela será fiel ao seu Baptismo, como nós; quando for necessário, vigiaremos... E tudo decorre num ambiente de fé e alegria porque é mais um irmão que entra na Família... É mais um filho de Deus. Depois do Baptismo, tocam os sinos festivamente, para anunciar a todos os outros cristãos da Paróquia que já têm mais um irmão, regenerado pelas águas do Baptismo e a convidá-los a dar graças a Deus por o ter recebido como filho. A partir do Baptismo cada cristão é uma pedra viva para a edificação de um edifício espiritual e fica a fazer parte do sacerdócio comum dos fiéis, como nos diz ainda o Catecismo da Igreja Católica : 1268. Os baptizados tornam-se "pedras vivas" para a "edificação dum edifício espiritual, um sacerdócio santo"... Assim como os filhos receberam a vida natural de seus pais, sem nada fazerem para isso, sem serem consultados... ... Também pelo Baptismo nós recebemos a vida Sobrenatural, sem nada fazermos para a merecermos e sem sermos consultados... Os pais comunicam a vida natural aos seus filhos por um acto de amor mútuo... Deus comunica-nos a Vida Sobrenatural no Baptismo, também por amor, mas um amor infinitamente maior. O Baptismo é, pois, um Dom gratuito do amor de Deus. A criança acabada de nascer, ainda não cometeu qualquer pecado; todavia, ela, que recebeu de seus pais a vida natural, não pode receber deles a Vida Sobrenatural. Sem o Baptismo não podemos receber a Amizade de Deus, e sem ela não nos poderemos salvar. Como não há Dom de Deus tão necessário para a nossa salvação como o Dom da Sua Amizade, e como a nossa vida, pode extinguir-se, bem contra a nossa vontade, de um momento para o outro, a Igreja manda que o Baptismo seja administrado o mais brevemente possível, após o nascimento. É Deus a querer dar-nos a Sua Amizade e a Igreja a tentar impedir a nossa condenação eterna. O Baptismo é, pois, um Dom necessário para nossa salvação eterna. Eis o que nos diz o Catecismo da Igreja Católica : 1257. - O próprio Senhor afirma que o Baptismo é necessário para a salvação. Por isso, ordenou aos Seus discípulos que anunciassem o Evangelho e baptizassem todas as nações. O Baptismo é necessário para a salvação de todos aqueles a quem o Evangelho foi anunciado e que tiveram a possibilidade de pedir este sacramento. A Igreja não conhece outro meio senão o Baptismo para garantir a entrada na bem-aventurança eterna. Por isso, tem cuidado em não negligenciar a missão que recebeu do Senhor : de fazer "renascer da água e do Espírito" todos os que podem ser baptizados. Deus ligou a salvação ao sacramento do Baptismo; mas Ele mesmo não está ligado aos seus sacramentos. O Baptismo é tão necessário à salvação que as crianças, mesmo sem terem feito qualquer pecado, não podem entrar no Céu sem ele. "O que não renascer da água e do Espírito Santo, não pode entrar no reino dos céus". (Jo.3/5). O Baptismo faz-nos filhos de Deus e membros da Igreja. Diz-nos o Catecismo que o Baptismo nos faz filhos de Deus. É esta a expressão mais bela do Evangelho. Somos Filhos de Deus mas não é apenas porque Deus nos criou. Também Deus criou a aves, os animais e as plantas e não dizemos que são filhos de Deus, mas apenas Suas Criaturas. Há uma grande diferença entre o homem e as outras criaturas, porque só o homem tem uma alma imortal. - Será por isto que somos Filhos de Deus ? Também não. S. João diz : - Aos que receberam Cristo, Ele deu o poder de se tornarem Filhos de Deus.(Jo.1/11). É aqui que está toda a explicação. Dizemos de alguém que, pelo seu trabalho e pelo seu estudo se tomou médico, engenheiro, pintor célebre, etc. Ora isto significa que antes não o era... Também nós, se nos tomamos Filhos de Deus pelo Baptismo é porque antes o não éramos, embora tivéssemos uma alma imortal e tivéssemos sido criados por Deus e à semelhança de Deus. Podemos chamar a Deus Senhor, Mestre, Criador; mas não lhe podemos chamar Pai antes de sermos baptizados, pois que é pelo baptismo que nos tomamos Filhos de Deus. - Aos que nasceram de Deus, Ele deu o poder de se tomarem Filhos de Deus.(Jo.1/11). Renascer... Nascemos de nossos pais pela vida natural, mas é necessário Renascer para ficarmos a fazer parte da Família de Deus. O Baptismo (e a vida eterna) Enquanto estamos na terra, ainda que a fé nos faça conhecer a Deus, não O vemos ; ainda que pertençamos à Igreja, não estamos ainda no Céu. Para se ir para o Céu, além do Baptismo que nos dá o direito de o possuir, é necessária uma nova passagem, uma nova travessia, uma nova Páscoa que nos conduzirá, da vida da terra à vida do Céu. Só então será a nossa entrada na Terra Prometida, a passagem do exílio para a Pátria, da terra da escravidão para a libertação; só então estaremos definitivamente no Reino de Deus. Há menos diferença entre um baptizado e um eleito do Céu, do que entre um baptizado e um não baptizado. (Pagão) . É que entre um eleito do Céu e um baptizado, há um parentesco profundo, uma continuidade, uma só e mesma vida. Ora este parentesco, esta continuidade e esta vida, não existem entre um baptizado e um não baptizado. O que não é baptizado, não tem vida. Uma criança recém-nascida, embora inconsciente, incapaz de viver por si própria, deformada mesmo, tem mais semelhança com um homem do que o mais perfeito dos macacos, dos cães ou dos gatos. É que essa criança, inconsciente e deformada tem a mesma vida e é da mesma espécie do homem. Qualquer irracional, ainda que bem domesticado, de modo a imitar qualquer actividade humana, será sempre de outra espécie, terá uma vida toda diferente. Há, pois, menos diferença entre o homem e a criança recém-nascida do que entre ela e um irracional. O não baptizado é de outra espécie diferente da do baptizado. As águas baptismais tornam o pagão da mesma espécie do eleito do céu, dá-lhe uma vida igual à sua, com a qual lhe será permitido entrar no céu, se a souber viver. A Igreja, mãe carinhosa e solícita, inquieta-se com o futuro de seus filhos, porque a vida é cheia de perigos. Na administração do Baptismo ela pede para que aquele que vai receber a vida eterna, a guarde fielmente, ao longo de toda a sua existência. Um dia virá em que Cristo triunfará; não apenas só, como no dia de Páscoa, mas na pessoa de todos os que O tiverem seguido, e então, será uma Páscoa mais radiosa que a primeira, porque será extensiva às dimensões da Igreja triunfante... estas: As últimas palavras que o Sacerdote diz, depois da administração do Baptismo, são - F. vai em paz e o Senhor esteja contigo ... A mãe verdadeiramente cristã, ao ouvir estas palavras, deixando-as penetrar até ao mais fundo do seu coração, poderia fazer suas estas aspirações: - Meu querido filho, eis-te outra vez nos meus braços, bem perto do meu coração. Sinto-me comovida e cheia de uma alegria tão grande, que a não sei exprimir como tudo o que vem de Deus. Segui o cerimonial do teu Baptismo com toda a minha fé... Meu filho, sei que tu agora és um cristão, e dou graças ao Senhor que te quis receber na Sua grande Família. A Igreja toda abriu o seu seio e rejubilou com o teu nascimento espiritual. Deus está na tua alma; eu posso agora amá-Lo através de ti. Tu não és apenas o nosso filho, mas o filho do Pai Celeste, um irmão de Jesus. Tu és da nossa raça e da Sua raça ; todo o amor do Espírito Santo está em ti. Nós vivemos hoje um dia de grande alegria. Aleluia! Eu gostaria que um dia pudesses compreender a grandeza do Sacramento que acabas de receber, que pudesses sentir-te feliz, quando vieres a descobrir as maravilhas e a grandeza desta vida cristã que acabas de receber. Eu quereria que a tua vida inteira fosse uma generosa oferta ao Pai, unida a Cristo; uma contínua acção de graças, um grande arrebatamento de amor, um Testemunho da Verdade. Eu quereria, meu filho, que tu permanecesses sempre na posse de Deus, como neste dia do teu Baptismo. É o mais ardente desejo deste meu coração de mãe !... Pai, fazei-nos participar da vossa Paternidade, para conduzir o nosso filho, que é Vosso também, ao Vosso santo e eterno Templo de glória !... O Baptismo (e a santificação dos nossos sentidos) Em qualquer país que não seja o nosso, somos estrangeiros... Se a língua, os costumes e a religião são diferentes dos nossos, não nos sentimos muito à vontade ; notamos que ser estrangeiro é uma coisa desagradável. Sentimos saudades da nossa Pátria e desejamos voltar. Mas se a língua é a mesma, se os costumes são idênticos, ou se já fizemos a nossa adaptação, sentimo-nos, então, como se estivéssemos na nossa Pátria. O Baptismo introduziu-nos num Reino que não era o nosso, aquele em que vivíamos antes, e que se chama o Reino de Deus. Para nós, outrora, era um País estrangeiro, inacessível ; mas agora, pelo nosso Baptismo, ultrapassámos a fronteira, passando assim do exílio à Pátria a que chamamos nossa. ... Nesta terra nova, o Reino de Deus, nós estamos em nossa casa, porque somos da Família de Deus... E S Paulo diz-nos : - Vós não sois estrangeiros ou hóspedes de passagem, mas membros da Família, de Deus, concidadãos dos Santos. (Ef.2/19). Depois do nosso Baptismo Deus não é para nós um estranho afastado de nós, mas um amigo muito íntimo, tão íntimo que vive dentro da nossa alma. O Baptismo é a realização ou cumprimento da mensagem que Jesus confiou aos Apóstolos e seus sucessores, quando lhes disse : Ide, pois, ensinai todas as nações, baptizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a cumprir tudo quanto vos tenho mandado.(Mt.28/19). O Baptismo deve, pois, supor alguns conhecimentos ... ensinai e baptizai ... Ora os conhecimentos adquirem-se através dos sentidos e é na medida em que eles estiverem aptos para transmitirem à alma o conhecimento de Deus, que eles serão santificados e purificados pelo Baptismo. O primeiro gesto de santificação dos nossos sentidos na administração do Baptismo é o Sinal da Cruz. O Sinal da Cruz O Sacerdote faz, com o dedo polegar, uma cruz sobre a fronte da criança, dizendo: • É com muita alegria que a Comunidade te recebe. Em seu nome eu te assinalo com o Sinal da Crus ... É a primeira vez que, sobre aquela criatura, é traçado o Sinal da Cruz, e é logo no início das cerimónias, depois do primeiro interrogatório aos pais. A Cruz é o emblema da Sociedade a que ela vai pertencer, e significa a vitória de Cristo pela Sua ressurreição, ali simbolizada no Círio Pascal, com a expulsão do demónio pela graça do Baptismo. A partir de agora, todas as faculdades da alma, exercidas pelos sentidos, pelo sinal da cruz na fronte, ficarão a dar testemunho de Cristo. E logo depois da Oração dos Fiéis, o Sacerdote diz esta oração : - Deus eterno e omnipotente, que enviaste ao inundo o Vosso Filho, para expulsar de nós o poder de Satanás , espírito do mal, e para transferir o homem liberto das trevas para o Reino admirável da Vossa Luz; humildemente Vos pedimos que purifiqueis do pecado original esta criança e a torneis morada do Espírito Santo e templo da Vossa glória. Há mais de três mil anos, o Povo de Deus vivia na escravidão no Egipto. Um dia, Deus, servindo-se de Moisés, libertou o Seu Povo; fê-lo atravessar a fronteira, abrindo as águas do Mar Vermelho, e levou-o a caminho da Terra Prometida. Há cerca de dois mil anos, Cristo ressuscitou, vencedor da morte e do pecado. Hoje, o Povo escolhido, depois de fazer a sua travessia, entrando no seio da Igreja, vai ser purificado e santificado nos seus sentidos e na sua alma. A água baptismal de que os sentidos dão conta, limpa, purifica a alma, e confere aos sentidos uma pureza mais alta e mais profunda que a água natural. Diz-nos o Catecismo da Igreja Católica : 1235. - O Sinal da Cruz, no princípio da celebração, pertencer-Lhe, e significa a graça redentora que Cristo nos adquiriu pela Sua Cruz. O Baptismo (e o perdão dos pecados) O Baptismo perdoa todos os pecados : - Perdoa o pecado original, transmitido pelos nossos primeiros pais, Adão e Eva. - Perdoa todos os pecados pessoais ou actuais, por mais graves e monstruosos que pareçam e que o tenham sido de facto. Já o Profeta Ezequiel o tinha anunciado : - Eu vos aspergirei com águas puras, que vos purificarão de todas as manchas e de todos os pecados. (Ez.36/25). Deus não aceita o pecado nem está comprometido com ele, conforme nos anunciou o profeta Isaías : - Foram os vossos pecados que cavaram um abismo entre vós e o vosso Deus. Os vossos pecados fizeram-n'O esconder a Sua face para não vos ouvir. (Is.59/2). E S. Paulo, escrevendo aos cristãos de Corinto, depois de apontar uma larga série de pecados, diz : - Mas fostes lavados, mas fostes santificados, mas fostes justificados pelo nome de Nosso Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito do nosso Deus. (1Cor.6/11). Foi sempre esta a doutrina certa e constante da Igreja. Santo Agostinho escreveu : - Pela geração carnal unicamente se contrai o pecado da origem, mas pela regeneração espiritual se perdoam, não só o pecado de origem, mas também os pessoais. E escrevendo aos Romanos, S. Paulo tinha dito : - Se, de facto, sendo nós inimigos, fomos reconciliados com Deus, com muito mais razão, depois de reconciliados, seremos salvos pela Sua vida. (Rom.5/10). E para que não restassem dúvidas o Concílio de Trento declarou : - Em nada Deus odeia os renascidos (baptizados), pois que nada há digno de condenação naqueles que, pelo Baptismo, ficaram sepultados com Cristo, que morreram para o pecado; naqueles que não vivem segundo a carne, mas que, despojando-se do homem velho se revestem do homem novo - o que é criado segundo a Imagem de Deus - passam a ser inocentes, sem mancha, puros, sem culpa e amados por Deus. - Perdoa as penas devidas ao pecado. Diz o Concílio de Trento : - No Baptismo não só se perdoa o castigo eterno do pecado, mas também toda a pena temporal, de modo que todo o que morre imediatamente depois do Baptismo, entrará logo no Céu. Ainda que todos os Sacramentos sejam meios pelos quais nos é comunicada a eficácia da Paixão de Cristo, é só a respeito do Baptismo que S. Paulo nos diz : - Ignorais, porventura, que todos nós, que fomos baptizados em Jesus Cristo, fomos baptizados na Sua morte ? Pelo Baptismo sepultámo-nos juntamente com Ele, para que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos, mediante a glória do Pai, assim caminhemos nós também numa vida nova.(Rom. 6/3-4). Finalmente o Catecismo da Igreja Católica declara : 1263. - Pelo Baptismo todos os pecados são perdoados : o pecado original e todos os pecados pessoais, bem como todas as penas devidas ao pecado. Com efeito, naqueles que foram regenerados, nada resta que os possa impedir de entrar no Reino de Deus ; nem o pecado de Adão, nem o pecado pessoal nem as consequências do pecado, das quais a mais grave é a separação de Deus. Naturalmente, o perdão de todos os pecados supõe : * A expulsão do demónio. Até ao Concílio Vaticano II, no cerimonial do Baptismo, eram feitos Exorcismes para expulsar o demónio. Todavia, depois da revisão feita pelo Vaticano II, chegou-se a esta conclusão : o Baptismo, perdoando todos os pecados, automaticamente expulsava o demónio; portanto o reforço dos Exorcismos era desnecessário e absoleto. Todavia permaneceu a imposição da veste branca para significar que pelo Baptismo a alma fica perfeitamente pura. * Infusão do Espírito Santo. Compreendemos perfeitamente que onde está o pecado não pode estar o Espírito Santo, e vice-versa. E também compreendemos que na nossa alma não há uma situação de vazio, isto é, um estado em que nela não esteja nem o pecado nem o Espírito Santo. Portanto, quando o Baptismo confere a graça, que é a presença do Espírito Santo, automaticamente deixa de haver pecado. Quando em nós entra o pecado grave, automaticamente deixa de estar presente o Espírito Santo. Em conclusão temos que dizer que após o Baptismo a alma fica num estado de perfeita santidade aos olhos de Deus pela ausência de pecado e pela presença do Espírito Santo : - Convertei-vos e peça cada um o Baptismo em nome de Jesus Cristo, para a remissão dos seus pecados ; recebereis, então, o dom do Espírito Santo. Porque Aquele que foi prometido é para vós, para os vossos filhos e para quantos, de longe, ouvirem o apelo do Senhor nosso Deus. (Act.2/38). Nós precisamos do Espírito Santo porque sem Ele não pode haver salvação e Deus precisa de viver em nós porque nos criou para O louvarmos eternamente, vivendo com Ele na Sua glória. Não tem sentido uma vida sem a presença do Espírito Santo, o esposo da nossa alma. O Baptismo (imprime carácter) Pelo Baptismo todos os homens se tornam irmãos de Jesus Cristo; todos, ricos e pobres, são elevados à mesma categoria. Dauphin, pai de Luís XVI, rei de França, dizia a seus filhos : - A Religião não faz distinção entre o rico e o pobre. Regenerados pelo mesmo sacramento, um e outro, são igualmente filhos adoptivos de Deus, e é maior aos olhos de Deus aquele que melhor cumprir a vontade do Pai celeste. Dois dos seus filhos foram baptizados em casa, particularmente, de emergência, após o seu nascimento. Quando atingiram o uso da razão, foram levados à Igreja para se completarem as cerimónias, como é costume. Dauphin, pedindo que lhe trouxessem o livro dos assentos de Baptismo, os livros do Registo Paroquial, mostrou aos seus filhos os nomes dos que foram registados imediatamente antes. Eram exactamente crianças, filhas de gente pobre. E Dauphin disse aos seus filhos : Vós sabeis que, aos olhos de Deus, não valem títulos humanos. Vós sereis um dia, aos olhos do mundo, maiores que estes seres humanos. Vós sereis um dia, aos olhos do mundo, maiores que estas crianças, mas elas serão maiores que vós se forem mais virtuosas. A nossa alma, regenerada pelas águas baptismais, pode de novo ser manchada pelo pecado mortal, que destrói nela a vida da graça, a amizade de Deus, mas uma coisa há que nunca desaparece e que se chama o Carácter Baptismal. Eis o que nos diz o Catecismo da Igreja Católica : 1272. - Incorporado em Cristo pelo Baptismo, o baptizado é configurado a Cristo. O Baptismo marca o cristão com o selo espiritual indelével ("character") da sua pertença a Cristo. Esta marca não é apagada por qualquer pecado, mesmo que o pecado impeça o Baptismo de produzir frutos de salvação. Ministrado uma vez por todas, o Baptismo não pode ser repetido. Nos documentos oficiais usam-se, sobre as assinaturas e sobre os selos, um carimbo ou um selo em branco. Tanto um como o outro, dificilmente se apagam e servem de garantia e autenticidade dos ditos documentos. Embora mal comparado, também o Baptismo confere a autenticidade da união do novo cristão a Deus, e marca-o ou consagra-o para o serviço de Deus através do seu sacerdócio baptismal. Assim nos diz o Catecismo da Igreja Católica : 1273. - Incorporados na Igreja pelo Baptismo, os fiéis recebem o carácter sacramental que os consagra para o culto religioso cristão. O selo baptismal capacita os cristãos e obriga-os a servir a Deus na participação viva na santa Liturgia da Igreja, e a exercer o seu sacerdócio baptismal pelo testemunho duma vida santa e duma caridade eficaz. Por causa deste carácter sacramental, o Baptismo, portanto, não pode ser recebido outra vez. O Baptismo é um banho Os Israelitas sempre usaram muitas abluções, com um sentido de lavagem ou purificação em ordem ao culto. Mas o mais importante para o cristão para que entenda o Baptismo, é o papel da água nos grandes acontecimentos da história da salvação. * Logo no princípio Deus subjugava as águas do caos pelo Seu Espírito : - A terra era informe e vazia. As trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus moviase sobre a superfície das águas. (Gn. 1/2). * Pelo Dilúvio, apenas Noé e um pequeno grupo da sua família foi salvo das águas que engoliram todos os outros : - Entra na arca tu e toda a tua casa porque só a ti reconheci como justo a meus olhos, nesta geração. (Gen-7/1). * Para a libertação dos Israelitas do Egipto, eles atravessaram as águas do Mar Vermelho a pé enxuto, e mais tarde voltaram a atravessar as águas do Jordão : - Os filhos de Israel desceram a pé enxuto para o meio do mar, e as águas formavam como que uma muralha à direita e à esquerda deles.(Ex.14/22). - Os sacerdotes, que transportavam a arca da aliança do Senhor, conservavam-se de pé sobre o leito do Jordão, e todo o Israel o atravessou, sem se molhar, (Jo.3/17). Assim a água esteve sempre associada com as origens de Israel e da sua aliança com Deus. * Quando João Baptista apareceu como arauto a anunciar o Reino de Deus que estava próximo convidou os homens para a conversão através de um baptismo de água : - Eu baptizo-vos em água para vos mover ao arrependimento. (Mt.3/1 7). Depois que Jesus desceu ao Jordão para ser baptizado, a água deixou de ser um simples elemento da natureza, uma simples criatura de Deus, para se tornar um elemento capaz de dar aos homens, com a invocação da SS. Trindade, a vida eterna. A palavra Baptismo etimologicamente significava no grego Mergulho, Imersão. Por medida prática e por comodidade, a primitiva Imersão foi depois substituída por uma ablução, depois por infusão e até simples aspersão com algumas gotas de água. Presentemente, o uso em vigor na Igreja Católica Ocidental, é a tripla Infusão. Por três vezes o Ministro infunde água sobre a cabeça da criança, enquanto diz : F. Eu te baptizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Diz o Catecismo da Igreja Católica : 1239. - O baptismo propriamente dito, significa e realiza a morte para o pecado e a entrada na vida da Santíssima Trindade, através da configuração com o mistério pascal de Cristo. O baptismo culmina, do modo mais significativo, pela tríplice imersão na água baptismal; mas, desde tempos antigos, pode também ser conferido derramando por três vezes água sobre a cabeça do candidato. Na Igreja Oriental permanece a Imersão, como podemos observar pelo que nos diz o Catecismo da Igreja Católica : 1240. - Na Igreja Latina, esta tríplice infusão é acompanhada pelas palavras do ministro : "N. Eu te baptizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo". Nas Liturgias orientais, estando o catecúmeno voltado para o Oriente, o sacerdote diz : "O servo de Deus N. é baptizado em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo"; e à invocação de cada pessoa da Santíssima Trindade, mergulha-o e retira-o da água. A maneira como presentemente é administrado o Baptismo na Igreja Ocidental é mais cómoda e mais fácil. Algumas gotas de água são suficientes, nada incomodam, e o Baptismo fica válido desde que a água toque sensivelmente a cabeça. Mas como se faz na Igreja Oriental e como se fazia na primitiva Igreja, sendo uma maneira menos cómoda e menos fácil, é todavia mais expressiva. O mergulho na água, o banho mais integral, assemelha-se mais à sepultura de Cristo. - Sepultados com Ele no Baptismo, foi também com Ele que ressuscitastes pela fé no poder de Deus. (Col.2/12). Sobre o significado ou simbolismo do Baptismo como um banho, diz-nos o Catecismo da Igreja Católica : 1227. - Os baptizados revestem-se de Cristo. (Gaf.3/27). Pelo Espírito Santo, o Baptismo é um banho que purifica, santifica e justifica. 1228. - O Baptismo é, pois, um banho de água, no qual "a semente incorruptível" da Palavra de Deus produz o seu efeito vivificador. Santo Agostinho dirá do Baptismo : Junta-se a palavra ao elemento e torna-se sacramento. O Baptismo é um Combate O Baptismo perdoa todos os pecados e até as penas devidas ao pecado, mas não tira a Concupiscência. Ora a Concupiscência, segundo o conceito teológico, é a inclinação natural do homem para os bens sensíveis, mas de modo contrário à razão e à Lei de Deus. Este apetite desordenado para os bens sensíveis permanece no homem, mesmo depois do Baptismo. Por isso, depois do Baptismo, continuamos em permanente regime de combate. Disse Santo Agostinho : - Nas crianças baptizadas desaparece a culpa da concupiscência, mas permanece a mesma concupiscência para exercitá-las na luta moral. E ainda : - A culpa da concupiscência desaparece no Baptismo, mas fica a enfermidade. O apetite segue o conhecimento e, no homem, os sentidos actuam antes da razão. Por este motivo, é muito natural, que o homem deseje o que lhe agrada antes de saber o que é lícito ou o que é proibido. Assim, muitas vezes, atraído fortemente pelos prazeres do mundo, o homem procede contra a razão, fazendo coisas contra a Lei de Deus e contra a lei natural ... Na medida em que o homem souber conhecer os seus maus instintos, poderá, com o auxílio da graça de Deus, dominá-los, ou deixar-se arrastar voluntariamente por eles, e nisso é que consiste propriamente o pecado. Dizemos o pecado da concupiscência mas a concupiscência ainda não é o pecado. Dela pode vir o pecado : * Cada um é tentado pela sua própria Concupiscência, que o atrai e seduz. E a Concupiscência, depois de ter concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte. (Tiago-1/14). A Concupiscência permanece em nós : * Para nossa humilhação e cautela. * Para nosso exercício espiritual. * Para sentirmos a necessidade de recorrer ao auxílio de Deus. * Para que resplandeça mais a eficácia da graça. O Baptismo é um Combate : 1)- A vida cristã deve ser uma constante renovação das promessas do Baptismo. 2)- Mesmo quando estamos vigilantes, sentimos as nossas inclinações para o mal. 3)- Os maiores santos se declaram pecadores e S. Paulo queixava-se de que fazia o que não queria e não era capaz de fazer o que queria. 4)- Os santos foram santos porque lutaram contra o pecado e venceram. Diz-nos o Catecismo da Igreja Católica : 409. - Esta dramática situação do mundo, que "está sob o poder do Maligno" (l Jo.5/19; cf.l Pe.5/8), transforma a vida do homem num combate : Um duro combate contra os poderes das trevas atravessa toda a história dos homens. Tendo começado nas origens, há-de durar (o Senhor no-lo disse) até ao último dia. Empenhado nesta batalha, o homem vê-se na necessidade de lutar sem descanso para aderir ao bem. Só através de grandes esforços é que, com a graça de Deus consegue realizar a sua unidade interior. O Baptismo é um remédio Naaman, general do exército do Rei da Síria, era um homem poderoso e de grande consideração junto de seu amo; era um homem valente e rico, mas leproso. Ora uns guerrilheiros que tinham saído da Síria, levaram cativa do País de Israel uma menina, que ficou ao serviço da mulher de Naaman, a qual disse à ama : Prouvera a Deus que o meu senhor tivesse ido ter com o profeta que vive em Samaria; sem dúvida ele o teria curado da lepra de que padece. Tendo ouvido isto, Naaman foi e contou ao seu soberano o que dissera a jovem Israelita. O rei da Síria respondeu-lhe : * Vai, que eu escreverei uma carta ao rei de Israel. Naaman partiu com dez talentos de prata, seis mil siclos de oiro e dez vestes de festa. Levou ao rei de Israel uma carta escrita nestes termos: - "Ao receberes esta carta saberás que te mando Naaman, meu servo, para que o cures da lepra". Ao terminar de ler a carta, o rei de Israel rasgou as suas vestes e exclamou : - "Sou eu, porventura, um deus que possa dar a morte ou a vida, para que este me mande dizer que cure um homem da lepra ? Reparai e vede como ele busca pretexto contra mim". Mas Eliseu, o homem de Deus, soube que o rei rasgara as suas vestes, e mandou-lhe dizer : - "Porque rasgaste as tuas vestes? Que ele venha ter comigo, e saberá que há um profeta em Israel". Chegou, pois, Naaman com o seu carro e os seus cavalos e parou à porta de Eliseu. Este mandou-lhe dizer por um mensageiro : - "Vai, lava-te sete vezes no Jordão e a tua carne ficará limpa." Naaman, despeitado, retirou-se, dizendo : - "Pensava que ele viria receber-me e, diante de mim, invocaria o Senhor, seu Deus, colocaria a sua mão no lugar infectado pela lepra e curar-me-ia. Porventura os rios de Damasco, o Abana e o Farfar, não são melhores que todas as águas de Israel ? Não me poderia lavar nelas e ficar limpo ? E, virando costas, retirou-se encolerizado. Mas os seus servos aproximaram-se dele, e disseram-lhe : - "Meu pai, mesmo que o profeta te tivesse mandado fazer uma coisa difícil, não a deverias fazer ? Quanto mais agora, ao dizer- te : Lava-te e serás curado". Naaman desceu ao Jordão e lavou-se sete vezes, como lhe ordenara o homem de Deus, e a sua carne tornou-se tenra como a de uma criança. Voltou então ao homem de Deus com toda a sua comitiva, entrou, apresentou-se diante dele e disse : - "Reconheço que não há outro Deus em toda a terra, senão o de Israel. (2 Reis 5/715). Naaman estava doente. Tinha um mal tão grave e horrível, que remédio nenhum o podia curar. O que se apresenta para o Baptismo é também um doente. Tem um mal tão grave e de tão graves consequências, que remédio nenhum humano o pode curar. Jesus, que sempre mostrou especial predilecção pelos doentes e pecadores, e veio ao mundo para salvar os homens, escolheu a água como providencial remédio. A cura cristã do pecado começa pela água do Baptismo. Naaman era um estrangeiro que teve necessidade de fazer uma longa viagem até ao país de Israel para receber a cura do seu mal. Todo o homem que se vai baptizar é um estrangeiro que necessita de empreender uma longa viagem até à Igreja de Deus para ficar curado do seu mal e entrar no reino da verdade. A Água Santa, e só ela, como elemento escolhido por Deus, apagará as suas inquietações, acalmará as suas paixões e torná-lo-á puro como uma criança. Naaman foi procurar a saúde do corpo e Deus, que jamais deixa de multiplicar os Seus dons, deu-lhe também a Fé. Ele voltou a Eliseu e, mostrando o seu reconhecimento e a sua fé, acreditou no Deus de Israel. No Baptismo não encontramos apenas o remédio para o pecado. Por ele encontramos o verdadeiro Deus e tornamo-nos seus filhos adoptivos. Dissemos que o Baptismo é, pois, um Remédio ... Para sermos mais exactos deveríamos dizer que ele acima de tudo, é uma Ressurreição. Nós estávamos mortos em consequência do pecado, mas Deus, que é rico em misericórdia, restituiu-nos a vida. Ele salvou-nos, não pêlos nossos méritos, mas pela Sua Misericórdia, no dia do nosso Baptismo. (Ef. 2/1-4). O Baptismo é uma Travessia Três grandes etapas marcam a caminhada do Povo de Deus do Egipto até à Terra Prometida : 1)- Passaram a pé enxuto o Mar Vermelho, graças a uma especial protecção de Deus. A partir desse dia ficaram livres da escravidão, a caminho da Terra Prometida. 2)- Embora livres, não estavam ainda no fim da sua caminhada. Faltava-lhes atravessar o deserto, o que levaria quarenta anos. 3)- Só ao fim desse tempo avistaram a Terra que os havia de receber. Ela ficava para lá das águas do Rio Jordão, que também se abriram para o Povo de Deus passar a pé enxuto por especial graça de Deus. Outras três etapas marcam também a vida do cristão, na sua caminhada para o Reino de Deus, a terra que lhe foi prometida pelos merecimentos de Cristo : l ) - O Baptismo é para nós o que foi para os hebreus a passagem do Mar Vermelho. Tira-nos da escravatura do demónio, restituindo-nos a liberdade. Somos salvos através das águas do Baptismo.(1ª Travessia). 2 - Depois do Baptismo temos ainda um longo caminho a percorrer, antes de chegarmos à Terra Prometida, que é o Reino de Deus. É toda a nossa vida uma caminhada lenta e difícil, onde podem surgir os perigos e os desânimos, tal como aconteceu no deserto ao Povo de Israel. É difícil viver a verdadeira disciplina de Cristo, mas é necessário caminhar para chegar ao Reino que nos espera.(2ªTravessia). 3) - A morte será para nós, cristãos, o que foi para os hebreus a passagem das águas do Jordão. O cristão que vai morrer, vê já próxima a terra prometida, para a qual sempre procurou caminhar. Logo que a alma deixa o corpo passará as portas da eternidade, para entrar na posse de Deus. Foi o Baptismo que depôs em nós o gérmen da ressurreição gloriosa. (3 a Travessia) Um Povo Novo Como na passagem do Mar Vermelho foi criado um Povo Novo, que seria o Povo de Deus, também pelo Baptismo se cria outro Povo Novo, a Igreja. Todo este Povo Novo, que é a Igreja, fez uma travessia, como diz S. Paulo : - Deus arrancou-o ao poder das trevas e transferiu-o para o Reino de seu Filho bem amado. Este Povo Novo saiu santificado das águas, tal como o povo de Israel saiu ileso do Mar Vermelho. Na Vigília Pascal, o Sacerdote, ao benzer a água baptismal, diz : • Enviai o Vosso Espírito para que ele regenere os Povos Novos que esta fonte vai criar. A fonte baptismal é, pois, o seio fecundo da Igreja. No dia do Baptismo todo o que se vai tornar cristão, celebra pela primeira vez uma Páscoa ou Passagem-Travessia. Passa da vida da terra para uma outra muito superior. Torna-se membro do Povo de Deus e herdeiro da Vida Eterna, porque ficou a fazer parte da Assembleia dos que crêem em Jesus e foram salvos por Ele. Diz-nos o Catecismo da Igreja Católica : 1221. - É sobretudo a Travessia do Mar Vermelho, verdadeira libertação de Israel da escravidão do Egipto, que anuncia a libertação operada pelo Baptismo : Aos filhos de Abraão fizestes atravessar a pé. enxuto o Mar Vermelho, para que esse povo, liberto da escravidão, fosse a imagem do povo santo dos baptizados. Baptismo (Ministro do) Entende-se por ministro ordinário de um Sacramento aquela pessoa que normalmente o pode administrar. Como ministro extraordinário, aquela pessoa que só o pode administrar em circunstâncias especiais. Para o Sacramento do Baptismo, diz-nos o Catecismo da Igreja Católica : 1256. - São ministros ordinários do Baptismo, o bispo e o presbítero, e, na Igreja Latina, também o diácono. Em caso de necessidade, qualquer pessoa, mesmo não baptizada, desde que tenha a intenção requerida, pode baptizar. A intenção requerida é a de querer fazer o que faz a Igreja quando baptiza e aplicar a fórmula baptismal trinitária. A Igreja vê a razão desta possibilidade na vontade salvífica universal de Deus e na necessidade do Baptismo para a salvação. Portanto é sempre necessário para o Baptismo, que ele seja administrado como a Igreja o requer, dizendo : N. Eu te baptizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Portanto é sempre necessário para o Baptismo, que ele seja administrado como a Igreja o requer, dizendo : N. Eu te baptizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. O Baptismo (das crianças) Embora na primitiva Igreja o Baptismo começasse por ser administrado só aos adultos convertidos, há todavia uma certa evidencia no N. Testamento de que também as crianças eram baptizadas : - Porque Aquele que foi prometido, é para vós, para os vossos filhos e para quantos, de longe, ouvirem o apelo do Senhor, nosso Deus..(Act.2/39). O N. Testamento fala ainda do Baptismo de "todos os de sua casa"... - Depois de ter sido baptizada, com todos os de sua casa, (Lídia), fez este pedido ... (Act. 16/15). - O carcereiro, tomando-os consigo, àquela hora da noite, lavou-lhes as feridas e imediatamente se baptizou, ele e todos os seus. (Act. 16/33). - Baptizei também a família de Estéfanas. (1 Cor. 1/16). O próprio Jesus sentia pelas crianças um especial afecto e dizia que era delas o Reino de Deus : - Deixai vir a mim as criancinhas, não as afasteis, pois a elas pertence o reino de Deus (Mc. 10/14.). Embora a Bíblia não mande explicitamente que o Baptismo seja administrado às crianças, também o não proíbe. A primitiva Igreja decidiu que o Baptismo das crianças era legítimo. Esta evidência tornou-se considerável a partir do século III e, no século V o Baptismo das crianças era já uma prática universal da Igreja. Santo Agostinho explicava a importância do Baptismo das crianças em virtude da Remissão do pecado Original. Os pais cristãos desejavam que seus filhos fossem baptizados porque queriam que a sua salvação, a qual se operava pela sua participação na vida de Cristo conferida por este Sacramento, ficasse garantida. A pergunta que normalmente se faz ainda hoje é a de como é que uma criança pode ser baptizada, ou salva, sem uma pessoal e esclarecida Fé em Deus. Não será a Fé ainda o fundamento de uma genuína relação com Deus ? A primeira coisa a considerar na resposta a esta interrogação é o desejo que Deus tem de salvar e partilhar a Sua vida com os seres humanos de todas as idades. Jesus nunca se recusou a abençoar ou curar, por razões de idades. Até recomendou que para nos salvarmos temos que ser puros como as crianças. Entendemos assim que a salvação é um dom gratuito de Deus . Quando alguém baptiza, é Cristo que baptiza (SC, 7). Ele é o único que salva, pela Sua misericórdia e pelo Seu amor. O Baptismo das crianças lembra-nos que nós não podemos Ganhar ou Merecer a salvação, mesmo com a nossa Fé. A Fé torna-nos capazes de receber e aceitar o dom gratuito de Deus na vida com Jesus Cristo. A segunda coisa a considerar é que , no Baptismo das crianças, há alguém capaz de acreditar em Deus, portanto, capaz de poder aceitar o dom da vida divina. Os pais, os padrinhos e as testemunhas da comunidade da Igreja, acreditam em Deus e aceitam o Seu dom de uma nova vida em nome da criança quando ela é baptizada. Esta Fé da Igreja está presente e é suficiente quando uma criança é baptizada. Segundo os Evangelhos, Jesus curou algumas crianças e até as ressuscitou, a pedido de seus pais. Foi pela Fé de seus pais que Jesus fez estes milagres, como o filho da viúva de Naim. (Lc. 7/11-17) O mesmo se diga do servo do Centurião que o senhor curou pela Fé do Centurião. (Mt.8/5-13). Pela mesma razão, isto é, pela Fé dos pais, dos padrinhos e de toda a Igreja ali presente, no baptismo de uma criança, Deus lhe concede o dom de uma vida nova e a torna seu filho adoptivo, membro da Igreja e herdeiro da vida eterna. Assim, o importante é que, ao apresentar uma criança para o Baptismo, os pais e os padrinhos tenham fé, e se comprometam a ajudar aquela criança a guardar depois essa mesma fé, pela vida fora, pelo testemunho da sua vida. Este compromisso dos pais e dos padrinhos é uma realidade que deve dar muito que pensar. O Catecismo da Igreja Católica diz : 1250. - Filhas duma natureza humana decaída e manchada pelo pecado original, as crianças também têm necessidade do novo nascimento pelo Baptismo, para serem livres do poder das trevas e, transferidas para o domínio da liberdade dos filhos de Deus, a que todos os homens são chamados. O dom puramente gratuito da graça da salvação é particularmente manifesto no Baptismo das crianças. A Igreja e os pais privariam, desde logo, a criança da graça inestimável de se tornar filho de Deus, se não lhe conferissem o Baptismo pouco depois do seu nascimento. O D. Canónico Cânon 867 diz que os pais devem mandar baptizar os filhos, dentro de poucas semanas após o seu nascimento e que, se houver perigo, que sejam baptizados quanto antes. Isto é um assunto dogmático e não apenas uma simples legislação. Está em jogo a salvação de um ser humano. Jesus disse a Nicodemus : - Quem não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus .(Jo.3/3). Os teólogos baseiam-se nestas palavras para concluírem que os não baptizados são excluídos do Reino de Deus. A lei que manda baptizar as crianças pouco tempo depois do seu nascimento, além de chamar a atenção para um assunto dogmático muito importante, tem também a finalidade de ensinar aos fiéis que o dom ordinário do amor de Deus que todos os dias nos oferece a salvação, não deve ser desprezado. Uma Veste branca Depois da unção com o óleo do Crisma, o Sacerdote impõe sobre a cabeça da criança, uma veste branca dizendo : - N. Agora és nova criatura e estás revestido de Cristo. Esta veste branca seja para ti símbolo de graça; ajudado pela palavra e pelo exemplo de todos, conserva-a sempre imaculada até à vida eterna. O simbolismo desta veste branca é muito importante. É com ela que se deve entrar na vida eterna. Simboliza a pureza e revela o carácter de libertação do pecado original que o Baptismo apaga. É a túnica do banquete celeste, o sinal da glória : * Os Anjos aparecem sempre no N. Testamento, vestidos de branco. * Cristo transfigurado, mostrou-Se aos Apóstolos com vestes resplandecentes como a neve. * Nas suas visões do Céu, S. João descreve os eleitos vestidos de branco. Esta veste branca é um vestígio da túnica que usavam os novos cristãos desde o dia do seu Baptismo (Vigília Pascal), até ao domingo depois da Páscoa, que se chamava domingo (in albis-em branco), por ser o dia em que os novos cristãos despiam as suas túnicas brancas. Há apenas dois caminhos para chegar aos céus, o da Inocência e o da Penitência. * Pelo caminho da Inocência chegam ao Céu aqueles que, durante a sua vida, nunca mancharam a veste branca do seu Baptismo, isto é, os que nunca cometeram nenhum pecado mortal. - Pelo caminho da Penitência, chegam ao céu os que, tendo manchado a veste branca do seu Baptismo, isto é, tendo cometido algum pecado mortal, dele fazem penitência e recebem a absolvição sacramental pelo Sacramento da Reconciliação (Confissão), vindo a morrer em estado de graça. O Baptismo (dos adultos) A Igreja não requer das crianças que ainda não chegaram ao uso da razão, nenhuma disposição para receberam o Baptismo. São baptizadas na fé dos Pais, dos Padrinhos e de toda a Igreja ali representada pela Comunidade dos fiéis. Diz Santo Agostinho que, como foram manchadas pelo pecado de outrem, também são purificadas pelas palavras de outrem. Aos adultos, a Igreja exige certas disposições : 1) - Consentimento. 2) - Fé. 3) - Instrução, isto é, o conhecimento das coisas necessárias por necessidade de meio e por necessidade de preceito. 4)- Dor sincera dos seus pecados. Para que alguém possa ser baptizado em idade adulta, é preciso que ele o queira. O Baptismo deve ser um dom que se deseja e não um título que se impõe. Como Sacramento que é, possui uma dignidade tão elevada que não deve prodigalizar-se, senão na medida em que for possível produzir os seus efeitos. O adulto deve, pois, consentir, o que significa, implicitamente, a fé e o conhecimento do indispensável. O pecado original não é uma falta cometida pelos que o têm, mas a ausência de uma riqueza que cada um de nós deveria herdar. Por essa razão o Baptismo perdoa-o, ao adulto ou à criança, mesmo sem arrependimento. Mas, para os adultos, porque são responsáveis pelos pecados que tenham já cometido, é-lhes exigida a dor sincera desses pecados, para que eles lhes sejam perdoados pelo Baptismo. Assim se compreende também a necessidade da fé e da instrução religiosa, em função do perdão dos pecados actuais, isto é, daqueles que cada um faz e de que é responsável, para que o Baptismo desperte naqueles que se vão baptizar, o desejo de viverem de harmonia com o que prometem. A Igreja, no seu alvorecer, começou por baptizar os adultos que se convertiam, pois que ninguém estava ainda baptizado. Para que pudessem ser baptizados, os adultos deveriam sujeitar-se a uma longa e cuidada preparação, a que chamavam Catecumenato. (Catecúmeno é o que ouve a palavra, o que se instrui). Era preciso que renunciassem às trevas do paganismo, que abandonassem as práticas idólatras, aprendessem a doutrina do Mestre e abraçassem conscientemente a Fé. Não bastava a simples veleidade de aderir a uma religião nova e ainda mal conhecida, exactamente porque era nova, e estava na ordem do dia. Era necessário um gesto lúcido e corajoso. O Catecumenato era, pois, uma aprendizagem, em que os cristãos mais adiantados, especialmente os ordenados para este fim, davam aos candidatos o conhecimento da doutrina, do culto e da vida da religião cristã que iam abraçar. Esta aprendizagem, feita sobretudo nas semanas da Quaresma, para que os Catecúmenos pudessem receber o Baptismo na Vigília Pascal, era feita por fases : 1)- Na primeira semana era feito um exame ao passado do candidato. Parentes, amigos e vizinhos já convertidos (baptizados), eram os responsáveis (Padrinhos), e davam todas as informações necessárias por onde se pudesse julgar da sua vida, costumes e pureza de intenções para abraçar a Fé cristã. 2)- Na segunda semana era instruído nos rudimentos da Fé. Explicavam-lhe a Oração do Senhor, a fórmula da Profissão de Fé e a vida cristã em geral. 3)- Na terceira semana já era admitido à primeira parte da Santa Missa. Assistia até ao Ofertório e depois era convidado pelos Ostiários (Porteiros) a sair, porque não era ainda digno de assistir aos Sagrados Mistérios. 4)- Nas três semanas finais, eram feitos os exorcismes, especialmente ordenados para esse fim. O candidato deveria sentir-se verdadeiramente disposto a renunciar aos seus erros e defender o templo sagrado da sua alma que, depois do Baptismo, ficaria a ser o Templo de Deus. 5)- Finalmente, na Vigília da Páscoa, recebia o Baptismo das mãos do Pontífice. Em tempos mais remotos era num rio, à imitação de Cristo, e depois passou a fazerse em Piscinas que havia à entrada dos templos. Os candidatos eram mergulhados por três vezes pelo diácono, com a invocação das três Pessoas da Santíssima Trindade. Depois da terceira vez, vestiam-lhe uma túnica branca, que deveria usar durante toda a semana que vai da Páscoa à Pascoela (1Domingo depois da Páscoa). Era a semana in albis isto é, emana em branco. E, por isso, ao primeiro domingo depois da Páscoa também se chamava o Dominica in albis porque era nesse domingo que os novos cristãos despiam a sua túnica branca. Em ordem ao Baptismo dos adultos e preparação dos catecúmenos, diz o Catecismo da Igreja Católica : 1248. - O Catecumenado, ou formação dos catecúmenos, tem por finalidade permitir a estes, em resposta à iniciativa divina e em união dom uma comunidade eclesial, conduzir à maturidade a sua conversão e a sua Fé. Trata-se duma "formação e uma aprendizagem de toda a vida cristã ( ... ) por cujo meio os discípulos se unem com Cristo seu Mestre. Por conseguinte, sejam os catecúmenos convenientemente iniciados no mistério da salvação, na prática dos costumes evangélicos, e, com ritos sagrados, a celebrar em tempos sucessivos, sejam introduzidos na devida fé, da Liturgia e da caridade do povo de Deus"(AG 14) O Baptismo (e os Pais) É pelo Baptismo que nasce a Igreja, porque sem baptizados não há Igreja. O Baptismo é o seio fecundo da Igreja que gera o Povo de Deus, a família de Deus, isto é, a Igreja. Diz-nos S. Pedro: - Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido, a fim de anunciardes as virtudes d'Aquele que vos chamou das trevas para a Sua luz. Vós, que outrora não éreis Seu povo mas que agora sois o povo de Deus ... (1 Ped.2/9-10). Nesta ordem de ideias, uma vez que o Baptismo gera a Igreja, há toda a conveniência em que ele seja administrado o mais cedo possível. Assim o homem integrado na Família de Deus, começa a dar honra e glória a Deus e a receber d'Ele um número infindo de graças. Como se não deve privar uma criança de dar glória a Deus e de receber d'Ele as Suas graças, e porque ela não pode conscientemente pedir o Baptismo e responsabilizar-se por ele, alguém o fará por ela. São em primeiro lugar os Pais que vão tomar as responsabilidades das promessas do Baptismo de seus filhos, e em segundo lugar os Padrinhos. Vão tomar um compromisso sério e solene perante Deus; vão ser os responsáveis pela fidelidade de seus filhos e afilhados, numa primeira fase até ao seu uso da razão, e numa segunda fase mais melindrosa, depois do uso da razão, quando começam o seu contacto com as paixões do mundo. Quando a Igreja admite ao Baptismo uma criança, faz um acto de confiança nos pais e nos Padrinhos. Aceita-a com a certeza de que mais tarde essa criança será instruída na Fé, pelo exemplo dos Pais e Padrinhos, e pelos seus cuidados de as levarem a frequentar a Igreja e a fazerem a aprendizagem da catequese. Proceder de modo diferente, isto é, não dar ao Baptismo e às promessas feitas pelos seus responsáveis a importância que têm, será tentar a Deus, querendo ludibriar a Igreja na santidade dos seus Sacramentos e na dignidade dos seus Ministros.. Os Pais e os Padrinhos, juntamente com os convidados e toda a assembleia ali presente, representam a Igreja e respondem por ela, porque a criança é baptizada na Fé da Igreja, como nos lembra o Catecismo da Igreja Católica : 168. - É primeiro a Igreja que crê, e assim arrasta, nutre e sustenta a minha fé. É primeiro a Igreja que, por toda a parte, confessa o Senhor ("A Sua Igreja anuncia por toda Terra a glória do vosso nome", como cantamos no «Te Deum» ). Com ela e nela, também nós somos atraídos e levados a confessar : "Eu creio", "Nós cremos". É pela Igreja que recebemos a fé e a vida nova em Cristo, pelo Baptismo . No Rituale Romanum o ministro do Baptismo pergunta ao catecúmeno : "Que vens pedir à Igreja de Deus?" E ele responde: - "A Fé". "Para que te serve a Fé ?" - "Para alcançar a vida eterna". A nova liturgia do Baptismo das crianças (desde 1969), dá uma força considerável ao compromisso dos Pais para uma boa nutrição de seus filhos na vida da fé. Antes de ser derramada a água baptismal sobre a cabeça de seus filhos, os pais são convidados a renunciar ao pecado e a professar a sua fé no Pai, no Filho e no Espírito Santo. Depois a criança é baptizada na Fé da Igreja, aquela mesma fé que eles professaram antes. Baptizando assim uma criança, há uma garantia por parte dos Pais e de toda a comunidade eclesial, de que a vida da criança ficará envolvida no amor de Deus. Em virtude da importância deste compromisso por parte dos pais, algumas perguntas podem surgir : * Que garantias dão os pais que habitualmente não vão à Igreja nem frequentam os sacramentos ? * Que compromisso podem tomar os pais se um deles é de outra religião e estão casados com religião mista ? * Que compromisso podem tomar os pais se eles próprios não estão casados religiosamente ? * Como fazer para os filhos ilegítimos, isto é, cujo pai é oficialmente desconhecido ? * Poderemos aceitar apenas o compromisso dos Padrinhos? * Podem os filhos ser baptizados sem consentimento dos Pais ? Toda uma série de perguntas em desabono da importância de um compromisso para o Baptismo das crianças. E todavia, as crianças devem ser baptizadas, logo que seja possível, para que dêem glória a Deus, d'Ele recebam as Suas graças, e não haja o perigo de perderem a vida eterna... O Baptismo (e os Padrinhos) Os Padrinhos do Baptismo, vão ao mesmo tempo representar toda a comunidade da Igreja e comprometer-se juntamente com os pais, no cumprimento das promessas do Baptismo de seus afilhados. Portanto, a sua tarefa específica é a de ajudarem os pais na educação cristã de seus filhos e afilhados, lembrando-lhes os seus deveres se eles os não estão a cumprir, e substitui-los na medida do possível, nesse mesmo trabalho e compromisso, se eles faltarem. Como Padrinhos, portanto, têm muita responsabilidade e, por isso, será de ter em conta que os Padrinhos não sejam muito mais velhos que os pais. Como só é exigido um Padrinho ou Madrinha, se houver outra pessoa que não qualifique para Padrinho ou Madrinha, pode ser aceite como simples testemunha, embora de futuro lhe venham a chamar Padrinho ou Madrinha. Padrinho significa propriamente na nossa língua popular Paizinho; e tem por missão o cuidar da vida sobrenatural de seus afilhados, ajudando-os a conservar e aumentar a graça do seu Baptismo. Na Igreja primitiva era o Padrinho que apresentava o candidato ao Baptismo, garantindo, não apenas a sua conduta na vida, mas também a sua firmeza na adesão à Religião de Cristo. Segundo as leis da Igreja e de acordo com o Rito do Baptismo, o Padrinho, ou Madrinha deve satisfazer aos seguintes requisitos : l)- Deve ser suficientemente maturo para que possa tomar a responsabilidade de testemunhar a fé de um adulto convertido, ou de professar, juntamente com os pais, a Fé da Igreja em que a criança vai ser baptizada. 2)- Deve estar em condições de poder ajudar os pais, na medida do necessário e possível, a dar à criança uma boa educação cristã. 3)- Deve ter já recebido o Baptismo, a Confirmação e a Eucaristia. ( Os Sacramentos da Iniciação cristã). 4)- Deve ser membro da Igreja Católica com uma prática da vida cristã de harmonia com os compromissos que vai tomar. 5)- Deve ter, pelo menos 16 anos, a não ser que uma razão de valor aconselhe que seja mais novo. 6)- Não pode ser o Pai nem a Mãe da criança. (CCL 874). Só é obrigatório um Padrinho ou Madrinha e, neste caso deve ser do mesmo sexo do afilhado. Mas podem admitir-se dois Padrinhos e, então pode ser um de cada sexo. Até 1983 fazia-se menção de Padrinhos por Procuração; mas daí para cá, pouco se fala nisso, porque não é exigido que o Padrinho esteja presente, uma vez que as perguntas rituais são feitas especialmente aos Pais, e eles podem responder. Todavia, como Padrinhos devem satisfazer aos requisitos exigidos, e devem cumprir as suas obrigações de Padrinhos na linha dos seus compromissos de ordem espiritual. Diz o Catecismo da Igreja Católica : 1255. - Para que a graça baptismal possa desenvolver-se, é importante a ajuda dos pais. Esse é também o papel do padrinho e da madrinha, que devem ser pessoas de fé sólida, capazes e preparados para ajudar o novo baptizado, criança ou adulto, no seu caminho da vida cristã. Toda a comunidade eclesial tem uma parte de responsabilidade no desenvolvimento e defesa da graça recebida no Baptismo. Porque o Baptismo é um Sacramento e a Igreja o quer administrar dentro de toda a sua santidade, nunca serão de mais os esforços empregados para que, por parte dos Padrinhos, haja também toda a seriedade . Os Padrinhos contraem com seus afilhados e os pais deles, um Parentesco espiritual. Com efeito, o Baptismo é um renascimento (para a vida da graça). Ora, pelo Baptismo a Igreja torna-se mãe espiritual do baptizado e os Padrinhos, pela sua ajuda aos pais e pelo seu compromisso espiritual, tornam-se os pais espirituais de seus afilhados. Por esta razão, Pais e Padrinhos ficam a tratar-se por Compadres e Comadres. Nos meios cristãos em que é uso os filhos beijarem a mão aos seus pais, também depois o fazem aos seus Padrinhos como gesto de cumprimento. Este Parentesco Espiritual é impedimento para o casamento pelo que o Padrinho não pode casar com sua afilhada, nem a Madrinha com seu afilhado sem correr um Processo de dispensa desse impedimento. O BAPTISMO (Cerimónias) Normalmente, onde isso é possível, há um tempo de preparação para os Pais, em referência ao Baptismo de seus filhos, a que chamamos um Curso de preparação préBaptismal e a que o Catecismo da Igreja Católica se refere, tratando da Iniciação cristã : 1229. - Desde os tempos Apostólicos que tonar-se cristão é programa que se processa através dum itinerário e duma iniciação em diversas fases ... 1230. - Esta iniciação tem variado multo no decurso dos séculos e segundo as circunstâncias. Nos primeiros séculos da Igreja, a iniciação cristã conheceu grande desenvolvimento, com um longo período de Catecumenato e uma série de ritos preparatórios que escalonava liturgicamente o caminho da preparação catecumenal, terminando com a celebração dos sacramentos da iniciação cristã. Isto era para os adultos. Como hoje se baptizam as crianças é aos pais que se deve fazer a iniciação, para garantirem a fé e a vivência cristã que emanam do cumprimento das promessas do Baptismo de seus filhos. Portanto o curso preparatório destina-se a explicar aos pais o sentido e a riqueza de cada palavra e de cada gesto da celebração do Baptismo . Ficam assim explicados o significado e a função de cada palavra, conforme vem descrito no Catecismo da Igreja Católica : 1235. - O Sinal da Cruz, no princípio da celebração, manifesta a marca de Cristo impressa naquele que vai passar a pertencer-Lhe, e significa a graça da redenção que Cristo nos adquiriu pela sua Cruz. 1236. - O Anúncio da Palavra de Deus ilumina, com a verdade revelada, os candidatos e a assembleia, levando à resposta da fé, inseparável do Baptismo. Na verdade, o Baptismo é, de modo particular, o "Sacramento da fé", uma vez que é a entrada sacramental na vida da fé. 1238. - A Água Baptismal é consagrada (ou no próprio momento, ou na Vigília Pascal), por uma oração epiclese. A Igreja pede a Deus que, por seu Filho, o poder do Espírito Santo desça a esta água, para que os que nela forem baptizados, nasçam da água e do Espírito. (Jo. 3/5). 1241. - A unção com o santo crisma, óleo perfumado que foi consagrado pelo bispo, significa o dom do Espírito Santo ao novo baptizado. Ele tornou-se cristão, que quer dizer ungido, pelo Espírito Santo, incorporado em Cristo, que foi ungido sacerdote, profeta e rei. 1243.- A veste branca simboliza que o baptizado se revestiu de Cristo (Gal. 3/27): ressuscitou com Cristo. A vela acesa no Círio, significa que Cristo iluminou o neófito. Em Cristo, os baptizados são a luz do mundo. (Mat. 5/14). O recém-baptizado é agora filho de Deus em seu Filho Único e pode dizer a oração dos filhos de Deus : O Pai Nosso. E assim, no dia da Cerimónia os pais e Padrinhos, agora devidamente instruídos, melhor podem compreender aquilo a que estão a assistir e em que devem participar. 1234. - O sentido e a graça do sacramento do Baptismo aparecem claramente nos ritos da sua celebração. Seguindo com a participação atenta, os gestos e as palavras desta celebração, os fiéis são iniciados nas riquezas que o sacramento significa e realiza em cada novo baptizado. Se os pais não frequentam a Igreja, e não se dispõem a fazer a sua preparação, levantam graves problemas à Igreja e aos seus ministros que se vêem obrigados a adiar o dia do Baptismo, porque, desde 1970 a Sagrada Congregação da Doutrina da Fé estabeleceu o seguinte : - Se nenhum dos pais é um membro praticante da Igreja, e não há razões suficientes para o sacerdote administrar o Baptismo, terá que se optar pelo seguinte : O sacerdote poderá marcar o baptismo de uma criança (que se presume que é membro da paróquia e candidata ao futura baptismo), na intenção de ser baptizada mais tarde; depois deverá encontrar-se com os pais várias vezes para os preparar para as responsabilidades que vão assumir no Baptismo de seu filho. (Notícia 1971,69) Com os progressos do tempo presente, aparecem sempre muitos convidados a tirar fotografias ou a fazer Vídeos, que podem dar a impressão de que as fotografias são mais importantes do que o cerimonial. Pensamos que ambas as coisas têm a sua importância. Evitando tudo o que é excesso ou abuso, e uma vez que os pais foram devidamente instruídos sobre o valor e significado dos ritos da administração do Baptismo, e ali não vão aprender muito mais, ficar com uma recordação boa do dia do Baptismo, pode ser motivo para mais tarde os filhos se lembrarem dele e o poderem celebrar. Constatamos com certa tristeza que uma grande maioria das pessoas que hoje são adultas, não sabem em que dia foram baptizadas e ainda não entrou na nossa vida cristã o hábito de celebrar o dia do Baptismo como se celebra o dia dos anos e do casamento. Deixemos pois que alguém assinale o dia do Baptismo para feliz recordação. E para terminar, ainda uma última recomendação do Catecismo da Igreja Católica: 1245. A Celebração do Baptismo conclui-se com a Bênção solene. Quando do Baptismo de recém-nascidos, a bênção da mãe ocupa um lugar especial. O BAPTISMO (de emergência) Chama-se Baptismo de Emergência àquele que se não pode adiar por razões graves, como é especialmente o perigo iminente de morte. Neste caso, qualquer pessoa pode baptizar se o fizer como a Igreja quer. (Ver : Ministro do Baptismo). Quando uma criança está tão mal que é difícil saber se ainda vive, terá que se administrar o Baptismo sob condição com esta forma : N. Se vives, eu te baptizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Para as crianças que já nascem mortas, já não há Baptismo possível. Todavia, quanto ao seu destino Deus o sabe, o Catecismo da Igreja Católica ensina : 1261. - Quanto às crianças mortas sem Baptismo, a Igreja não pode senão confiá-las à misericórdia de Deus, como faz no rito do respectivo funeral. De facto, a grande misericórdia de Deus, que quer a salvação de todos os homens, e a ternura de Jesus para com as crianças que O levou a dizer : "Deixai vir a mim as criancinhas, não as estorveis" (Mc. 10/14), permitem-nos esperar que haja um caminho de salvação para as crianças mortas sem Baptismo. Por isso, é mais premente ainda o apelo da Igreja a que não se impeçam as criancinhas de virem a Cristo, pelo dom do santo Baptismo. Sobre este assunto das crianças mortas antes de nascer os teólogos deixaram-nos ensinamentos tão diversos como animadores. Mas o princípio mais vulgar que nos vem pela tradição cristã, assenta nisto: * Considerando a intenção obviamente universal de Deus para a salvação da raça humana, o dom do Seu amor redentor é oferecido de uma maneira genuína a todo aquele que não pôs um obstáculo pessoal a esse dom de salvação. Isto aplica-se, especialmente às crianças que já nasceram mortas. Como Deus o faz, só Ele o sabe e está sem dúvida incluído no Seu plano de salvação. O Desejo do Baptismo e o Martírio, podem valer pelo Baptismo a que se dá o nome de Baptismo de Desejo e Baptismo de Sangue, como nos ensina o Catecismo da Igreja Católica : 1259. - Para os catecúmenos que morram antes do seu Baptismo, o desejo explícito de o receber, unido ao arrependimento dos seus pecados e à caridade, garante-lhes a salvação, que não puderam receber pelo sacramento. Para que o Baptismo de Desejo justifique a alma, requere-se necessariamente a caridade perfeita, ainda que não seja em sumo grau. Para o Baptismo de Sangue, basta a atrição, mas requere-se : * Tormento capaz de causar a morte, ainda que ela se não siga por especial privilégio de Deus; * Infligido ao paciente, por ódio à fé, ou a outras virtudes cristãs; * Pacientemente suportado por ele. Nem o Baptismo de Desejo nem o de Sangue produzem os mesmos efeitos do Baptismo de água. Ambos têm em comum com o Baptismo de água estes três efeitos : * Perdoam os pecados mortais ; * Infundem a graça ; * Tornam a alma filha de Deus com direito à Vida eterna. Todavia, o Baptismo de Desejo e o de Sangue : * Não imprimem carácter ; * Não tornam, os que o recebem, membros completos da Igreja. Por esta razão, se mais tarde houver possibilidade, deve ser administrado o Baptismo de água e, sem ele, não se pode receber mais nenhum Sacramento. Sobre o Baptismo de Desejo e de Sangue, diz-nos ainda o Catecismo da Igreja Católica : 1258. - Desde sempre a Igreja tem a firme convicção de que aqueles que sofrem a morte por motivo da fé, sem terem recebido o Baptismo, são baptizados pela sua morte por Cristo e com Cristo. Este baptismo de sangue, tal como o desejo do Baptismo ou baptismo de desejo, produz os frutos do Baptismo sem ser sacramento. Para o Baptismo sob condição, uma vez que foi o verdadeiro Baptismo de água, no caso de a criança recuperar a saúde, devem levá-la à Igreja, apenas para completar os ritos baptismais e para ser inscrita nos livros de registo. A Igreja, Mãe carinhosa, num gesto de extrema generosidade, prevê todas as circunstâncias em que pode correr perigo a alma de seus filhos, concedendo-lhes todas as possibilidades para se salvarem. Baptismo sob condição aplica-se ainda quando está em dúvida a validade do Baptismo já administrado. Em algumas seitas religiosas, as pessoas são baptizadas validamente porque o Baptismo é feito como a Igreja Católica o faz. Todavia, podem surgir dúvidas fundamentadas quando alguém dessas outras religiões, se converta à fé católica. Neste caso, portanto, se é preciso administrar o Baptismo, isso deve fazer-se sob condição, para se não correr o risco de administrar um Sacramento em vão. O P. Guilherme, dos Padres Brancos, escrevia de Niassa, África equatorial, dizendo : - Os nossos numerosos catecúmenos, têm, geralmente, um grande ardor em aprender as verdades da nossa Santa Religião. Ultimamente, um deles baptizou a sua própria irmã à hora da morte, depois de a ter instruído e excitado à contrição. Contando-me o que tinha feito e como o tinha feito, dizia com alegria : Ao baptizar a minha irmã eu estava emocionado. Tinha medo... Custava-me a crer que eu, um pobre preto, podia fazer esta coisa tão extraordinária, produzida pelo Baptismo... Mas eu vi com os meus olhos que, tudo quanto eu tinha aprendido, é a pura verdade. Minha pobre irmã, tão irascível, colérica e impaciente durante a doença, tornou-se, imediatamente depois do Baptismo, doce e amável, e morreu com um sorriso nos lábios, dizendo-me que nunca tinha sido tão feliz, e que falaria de mim a Deus. O BAPTISMO (e o Registo) O Baptismo não é uma simples formalidade de conveniência ou burocracia social. A criança que nasce deve ser registada nos respectivos departamentos do Governo Registo Civil - para que possa ser contada oficialmente entre os cidadãos da sua Pátria, tanto para efeito dos direitos que tem, bem como para os encargos a que virá a estar sujeita em toda a sua vida. O Registo é, portanto, uma formalidade necessária e imposta por lei com prazo limitado. O não cumprimento da formalidade da lei, além das consequências desagradáveis que teria pela vida fora, implica também uma penalidade ou multa que, em geral, todos procuram evitar. Mas o Baptismo é qualquer coisa mais, muito mais, do que uma simples formalidade de lei. Embora sem penalidades ou multas de valor material, é todavia regulamentado pela Igreja. As crianças devem ser baptizadas, o mais breve possível, não devendo nunca ir além dos trinta dias, em casos normais. E isto pode significar que, a seu tempo, os pais se devem preparar para o Baptismo de seus filhos, de modo que essa preparação os não obrigue a retardar o dia do seu baptismo. O Baptismo não é apenas um conjunto de ritos e cerimónias que se não percebem, mesmo quando feitos em linguagem que todos entendem. Não é um rito mágico, feito de fórmulas misteriosas com algo de fanatismo... O Baptismo é uma escolha, escolha de um partido melhor, um laço de união entre o homem e Deus, cujas repercussões se farão sentir ao longo de toda a vida, até ao Céu. Foi instituído por Cristo para dar a Vida da graça ao homem inteligente, para que ele o compreenda, e aprecie devidamente toda a sua riqueza. A Igreja, como Sociedade humana, tem também a sua orgânica, a sua burocracia necessária, guardando em livros próprios todos os dados de identificação que lhe permitam comprovar a veracidade dos seus actos, especialmente referentes aos Sacramentos, no que eles têm de disciplinar. Assim é para o Baptismo, a Confirmação e a Ordem que só se podem receber uma vez. E ainda para o Matrimónio, porque se não pode repetir em vida dos dois casados. E como o Baptismo é necessário e indispensável para se receber qualquer outro Sacramento, tem que haver a prova do Baptismo, feita com um certificado, extraído do respectivo Registo. Ao lado do Registo há um lugar, ou uma margem, para averbamentos, os quais servem para atestar qualquer alteração na vida civil ou religiosa da pessoa que foi baptizada. Assim a Igreja mostra que está organizada em relação aos seus membros. Organização esta que começou muito antes da organização civil, do Estado. Em Portugal, em 1910, com a implantação da República e a separação da Igreja do Estado, foram confiscados à Igreja, entre outras coisas, todos os seus livros dos Registos, feitos até essa data, e só depois as Conservatórias começaram então a fazer os seus Registos próprios. O Registo de Baptismo não tem nada a ver com a Validade ou a liceidade do Sacramento, mas é uma prova de que esse Sacramento foi administrado e está assinado pelos Padrinhos e pelo Pároco. Mais recentemente também os Pais são convidados a assinar este Registo e, para memória, é costume entregar um diploma ou uma Cédula particular do Baptismo à maneira da Cédula do Registo Civil. O BAPTISMO (e a Profissão de Fé) A criança que recebeu o Baptismo, fez, pela boca de seus país e padrinhos, a sua primeira Profissão de Pé e ficou a ser filha de Deus. Antes de atingir o uso da razão, não há perigos para a sua alma, mas, logo que começa a ter conhecimento do bem e do mal, logo que despertam as suas paixões, tem necessidade de uma salvaguarda contra os perigos que ameaçam a sua dignidade de filha de Deus e tem também necessidade de um estímulo para a prática do bem como resposta às responsabilidades do seu Baptismo. O pecado mortal é uma recusa de Deus, é uma traição às promessas do Baptismo, é um ultraje à presença de Deus na alma, é um desprezo de todas as riquezas espirituais, recebidas no Baptismo. No sentido de proteger e fortalecer a alma da criança que atingiu o uso da razão, a Igreja tem para ela os Sacramentos da Confirmação, a Confissão e a Eucaristia. * A Confirmação faz da criança um soldado de Cristo, comunicando-lhe a riqueza dos dons do Espírito Santo, de modo contínuo e permanente, pelo que, este Sacramento se recebe uma só vez. * A Confissão (ou Sacramento da Reconciliação), porque perdoa os pecados, que dia a dia se vão cometendo, e porque dá força para resistir às tentações, deve proporcionar-se à criança com a frequência necessária, com o exemplo de seus pais e padrinhos, para que possa viver habitualmente na graça de Deus e aumentar os seus merecimentos sobrenaturais. * A Eucaristia que é o próprio Cristo feito alimento das almas, deve constituir o alimento espiritual mais importante para a vida cristã da criança. Quanto mais frequente e fervorosa for, apoiada sobretudo no exemplo da mãe, mais força dará à alma, na luta contra as tentações, e mais merecimentos sobrenaturais lhe concede, para honra e glória de Deus e garantia da Vida Eterna. Pois quando a criança atinge os seus doze anos, mais ou menos, é costume entre nós, levá-la a fazer a sua Comunhão Solene de Profissão de Fé. Esta cerimónia, devidamente preparada através de uma catequese especializada, tem por fim solenizar um acto em que a criança, devidamente instruída e mentalizada, vai tomar consciência do que por ela prometeram os seus pais e padrinhos no dia do seu baptismo e, por sua livre vontade, vai conscientemente fazer a sua segunda Profissão de Pé, mas desta vez, pela sua responsabilidade. Este acto é solenizado para marcar no espírito da criança a convicção de que uma nova etapa na sua vida vai começar, e para a qual é preciso ser fiel ao que se vai prometer. Nem sempre esta solenidade é bem preparada e, por essa razão, algumas vezes tem sido mais um fim de Catequese do que um princípio de nova vida. Quando, a partir daqui, as crianças começam a perder o hábito de vir à Igreja, à Missa dominical e aos sacramentos, é sinal de que a sua Profissão de Fé não foi sincera e de que lá em casa também não há os bons exemplos de seus pais. Na idade da Profissão de Fé, as crianças já têm uma noção muito clara do que é bom e do que é mau e, naturalmente, nesta idade que começa a ser a da Adolescência, a ânsia de tudo saber e de tudo querer experimentar, é muito mais forte do que o desejo de praticar o bem, que o mesmo é dizer o desejo de cumprir deveres e obrigações. Começam por faltar em casa os bons exemplos em contrapartida com todas as liberdades que são consentidas e incentivadas. Depois, nos nossos dias, as escolas, normalmente mistas em que não há, nem as possibilidades necessárias de vigilância, nem o interesse que isso deveria exigir, favorece mais a libertinagem. Por fim, a falta de confiança nos adultos que, não sabem ou não querem ajudar, e a própria exploração das situações duvidosas em que se vive, completa a tragédia. A Profissão de Fé, afinal é um acto consciente de Fé nas verdades contidas no Credo dos Apóstolos, tal como nos lembra o Catecismo da Igreja Católica ao tratar dos Símbolos da nossa fé : 197. - Como no dia do nosso Baptismo, quando toda a nossa vida foi confiada à "regra da doutrina" (Rom.6/17), acolhamos o símbolo desta nossa fé que dá a vida. Reatar, com fé o Credo é entoar em comunhão com Deus Pai, Filho e Espirito Santo. E é também entrar em comunhão com toda a Igreja a qual nos transmite a fé e em cujo seio nós a professamos. Segundo o conselho do Catecismo da Igreja Católica, a partir do dia da chamada Comunhão Solene de Profissão de Fé, as crianças, então na encantadora fase da sua Adolescência tão prometedora, deviam entrar numa fase de aprendizagem e vivência das verdades contidas no Credo dos Apóstolos, o que, realmente, parece que se não tem feito. Dá a impressão de que a Igreja já não tem nada para ensinar aos Adolescentes, já não tem estruturas adequadas e capazes de os receber, para continuarem a sua vivência e formação cristã. Desde que se pôs de parte toda uma actividade da tão importante e meritória, como foi a Acção Católica, especialmente para os jovens, ainda não apareceram outras actividades que a substituíssem, deixando assim fracassar por completo, na maior parte dos casos, o valor e a generosidade das crianças que atingiram a Adolescência. De harmonia com os meios urbanos, operários e campesinos, pode sugerir-se que sejam organizadas actividades para a Adolescência, tais como por exemplo : * Preparação de novas Catequistas. * Associações de piedade e formação, como as Filhas de Maria, Conferências Vicentinas, e outros movimentos deste mesmo género, especialmente para meninas. * Organizações desportivas, culturais e de entretenimento, a nível paroquial ou interparoquial. * Grupos folclóricos, como já há bastantes, mas com o cunho específico de formação moral e religiosa. * Escutismo para ambos os sexos. * Organizações para visitas de estudo ou simplesmente excursões de recreio e convívio. * Festivais de jovens, a nível nacional, com uma finalidade de formação e de sublimação dos valores dos jovens. * Concursos literários ou musicais ao nível de cada grupo, segundo as suas idades. ...E quantas coisas mais se não poderiam organizar ?...