Prefácio DECISÕES QUE TRANSFORMAM UMA HISTÓRIA Decisões tomadas a seu tempo não só marcam a nossa história, mas podem transformar numa história que Deus tem reservada para a nossa vida. Paulo, quando escreve à igreja de Éfeso, afirma: “Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou antes para nós as praticarmos” (Ef 2.10). Isso quer dizer que Deus tem propósitos para aqueles que são alcançados pela graça. E esses propósitos são conhecidos a partir do momento que o ouvimos, compreendemos e nos rendemos à sua vontade. No entanto, sabemos também que existe uma grande luta contra o pecado que insiste em nos separar da visão correta quanto às decisões assertivas que devemos tomar para que os propósitos e as boas obras de Deus aconteçam. Desta forma, após refletir e orar, precisamos confiar nas promessas de Deus que sempre sabe o que é o melhor para nós, mesmo não compreendendo, a princípio, o resultado final dessa decisão. Numa recente mensagem do Pr. Ricardo Agreste, ele compartilhou algo que ele ouviu de Craig Groeschel e que trouxe um grande impacto no seu interior, baseado na decisão de Abraão que teve de decidir “sair” de Ur de Caldeus e “ir” para uma terra que ele não conhecia. Uma frase também destacada de Groeschel foi: “As decisões que você tomar hoje determinarão as histórias que você contará no futuro” Nosso objetivo nessa série de estudos nos grupos é relembrar sobre algumas decisões de personagens bíblicos que promoveram histórias tremendas e que marcaram profundamente o seu tempo e a vida de outras pessoas. Cremos que são testemunhos que nos desafiam a grandes decisões que podem trazer transformações oportunas. Colaboradores nessa série: Pr. Cilas (estudo 1); Pr. Eduardo (estudos 3 e 5); Túlio (estudo 4); Sem. Wilson (estudo 2). A revisão do material foi do Noadir Marques. Que a graça do Senhor Jesus acompanhe mais essa jornada. Equipe Pastoral Comunidade Presbiteriana Chácara Primavera Setembro/2013 A Decisão de Abraão Introdução Ao menos uma vez na vida vivenciamos uma experiência que envolve tomar decisões de grande relevância. Decisões que afetam não só a nossa vida, mas a de nossos familiares, amigos, colegas de trabalhos e outros. Podemos até não tomar decisões, mas, certamente, não teremos histórias abençoadas a ser contadas. Uma das mais belas histórias do Antigo Testamento é a de Abraão. Ele teve que tomar uma decisão muito relevante quando ouviu a voz e o desafio de Deus. A história de todos nós está dentro de um contexto maior. Para entender a história de Abraão temos que entender o contexto que esse patriarca viveu. Sendo ele descendente de Noé, trazia em seu DNA uma vocação de homem de Deus. Mas, ao mesmo tempo, Abrão (pai exaltado), que depois terá o seu nome mudado por Deus para Abraão (pai de muitas nações), também era descendente bem próximo do grande evento “torre de Babel” (Gn 11). Ele morava com a sua parentela na terra de Ur dos Caldeus. Seu clã adorava outros deuses. Uma nota de rodapé da Bíblia de Genebra diz que “A família pode ter estado envolvida com a adoração à lua, já que Ur e Harã eram importantes centros de adoração dos deuses mesopotâmicos da lua, Nanna e Sin.” O fato é que Abraão era de uma época em que as pessoas nada conheciam sobre o Senhor Deus, o único Deus de verdade e criador de todo o universo. Isso torna mais complicado a decisão que Abraão teria que tomar. Decisão que mudaria e marcaria a história da humanidade até os dias de hoje. Deus assim fala com ele: “Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa de seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei” (Gênesis 12.1). Não deve ser fácil decidir num contexto assim, não é mesmo? A Reflexão Como já mencionamos na introdução, a figura bíblica que está em foco é o pai Abraão, que morava num país que adorava a lua e outros deuses. Não conhecia nada sobre o Senhor Deus. Ele vivia com sua família em Ur, na Mesopotâmia, próximo do Golfo Pérsico. Gênesis 11:32 diz que Terá, o pai de Abrão, viveu 205 anos e morreu em Harã. Em seguida, em 12:1, Deus fala com Abrão e, em 15:7, ficamos sabendo que, provavelmente, esse chamado veio quando seu pai ainda era vivo em Ur dos Caldeus. A partir dessa revelação de Deus, a vida de Abraão nunca mais seria a mesma. Era uma decisão difícil a ser tomada, afinal ele deveria deixar tudo para trás e caminhar para um lugar que Deus ainda não havia dito qual seria. No entanto, nós que temos acesso à revelação de Deus, sabemos que ele estava sendo chamado para ser um agente da Graça divina. Graça essa que o mundo ainda não conhecia. Aliás, nem mesmo Abrão conhecia. A relevância da decisão de Abraão está na obediência às promessas registradas em Gênesis 12:3: “Abençoarei os que o abençoarem e amaldiçoarei os que o amaldiçoarem; e por meio de você todos os povos da terra serão abençoados”. Deus prometeu fazer dele pai de uma grande nação. Prometeu abençoá-lo e engradecer o seu nome. Alguns detalhes seguem nesse contexto: Abrão tinha 75 anos e a sua esposa, Sara, era estéril. Mesmo sem ter ainda a noção da repercusão que haveria em sua decisão, ele obedeceu. Pense nisso. Saber que sua decisão pode trazer benefícios para muita gente é muito motivador para quem crê na providência amorosa de Deus, o Pai. Pensando nisso, será que este grupo pode enumerar algumas das bênçãos resultantes da decisão daquele que a Bíblia diz ser o “pai da fé”? A Ação O sim de Abraão (“sai e vai”) representa sair da zona de conforto e obedecer a Deus. Ele fez uma jornada de aproximadamente 2400 km. Ele ouviu, compreendeu e se rendeu ao chamado de Deus. Ele agiu. Ele confiou na promessa. Veja o que o Novo Testamento destaca: “Pela fé Abraão, quando chamado, obedeceu e dirigiu-se a um lugar que mais tarde receberia como herança, embora não soubesse para onde estava indo. Pela fé peregrinou na terra prometida como se estivesse em terra estranha; viveu em tendas, bem como Isaque e Jacó, co-herdeiros da mesma promessa. Pois ele esperava a cidade que tem alicerces, cujo arquiteto e edificador é Deus.” Hebreus 11:8-10 Por que temos tanta dificuldade em agir e confiar quando somos desafiados a mudar, nós que hoje temos a revelação completa da parte de Deus – as Escrituras Sagradas? Será que o desafio de Deus em Gênesis 12 daria a nós a confiança para agirmos como Abraão? Uma frase de John Hercus diz assim: “Confie em Deus mesmo quando as peças não se encaixam”. A decisão de Abraão foi relevante. Ele tinha histórias para contar. Ele abençoou muitas famílias da terra, inclusive a nossa (Romanos 4:11-12,16; Gálatas 3:1-14). Da sua decisão nasceu uma nação. Dessa nação nasceu o Salvador, cujo pai por descendência é Abraão. Da sua decisão nasceram as Boas Novas para todos os povos, o Evangelho. Portanto, temos também na decisão desse homem a encarnação de uma vida missional que espalha a glória de Deus. Compartilhamento e Oração: Reflita sobre o seu nível de obediência às palavras do Senhor. O quanto você tem deixado Deus mudar o rumo de sua vida. O que você tem que fazer para sair da sua zona de conforto para viver os propósitos divinos? D.L.Moody, o grande evangelista norte americano, não deixava passar um dia sem que falasse do Evangelho para uma pessoa. Como é o seu testemunho nesse sentido? A Decisão de Jacó Introdução Na nossa sociedade atual altamente individualista e hedonista, o princípio da reconciliação tem sido distorcido ao ponto de se distanciar quase que por completo do que é proposto pelas Escrituras. Ao olharmos para essa realidade presente, várias perguntas são feitas quando nos deparamos com difíceis situações. Por que eu deveria buscar a reconciliação com aquela pessoa? Ela merece meu perdão? O que eu fiz foi tão grave assim? Todas essas perguntas fazem sentido diante de situações complicadas. No entanto, a busca pela reconciliação é algo muito presente nas Escrituras. Hoje nós refletiremos sobre a história de dois irmãos em conflito e sobre como Deus trabalhou a reconciliação que aconteceu naquela situação. Reflexão Quando olhamos para o livro de Gênesis é interessante notar um aparente contraste feito entre uma personagem escolhida e outra rejeitada. Isso pode ser visto nos exemplos de Abel e Caim, Isaque e Ismael e, na nossa história de hoje, Jacó e Esaú. Quando lemos Gênesis 25:19-23 notamos Deus anunciando para Rebeca que dentro dela existem duas nações e que a mais velha servirá à mais nova. É através dessa nação nova que Deus continuará sua promessa feita a Abraão de um povo escolhido para abençoar as nações. No entanto, quando olhamos para Jacó (o representante da nação mais nova) percebemos que ele não possui um caráter correto diante de Deus. Deus já tinha anunciado como Jacó prosperaria antes mesmo de nascer. Porém, quando lemos Gn. 25:27-34 e Gn.27 Jacó busca, com suas próprias forças, conseguir aquilo que Deus tinha anunciado. Jacó engana seu irmão e seu pai para conseguir a primogenitura e a benção de seu pai. Com isso, o conflito é estabelecido entre Jacó e Esaú. Jacó acaba tendo que fugir de seu irmão que queria matá-lo. Diante dessa situação, você acha que a reconciliação seria algo fácil de ser feito? Como a reconciliação é possível de ser trabalhada nesta situação? A transformação do caráter de Jacó é fundamental para haver a reconciliação. Em Gn. 28:10-22 vemos Deus indo ao encontro de Jacó. É neste momento que se inicia a transformação do caráter de Jacó. É pela ação de Deus na vida de Jacó que o processo da reconciliação é iniciado. Quando Jacó se encontra com seu irmão Esaú em Gênesis 33, fica evidente a transformação que Deus fez em sua vida por sua atitude humilde em busca da reconciliação. É através da reconciliação que Jacó pode afirmar que o Deus de Israel é o Deus dele (Gn. 28.20-22 e Gn. 33.20). Ação Quando olhamos para a nossa vida, o processo da reconciliação é o mesmo de Jacó. Quando Deus vem ao nosso encontro, Ele transforma a nossa vida e nos guia na direção da reconciliação. Isso acontece primeiramente porque quando nós estávamos ainda desconectados de Deus por causa da queda (Gn.3), Ele se moveu em nossa direção mandando o seu filho para morrer em nosso lugar nos reconciliando com Ele. O fato é, no entanto, que quando Deus vem ao nosso encontro, certamente vai nos desafiar a “sair” dessa situação desconfortável e “ir” rumo ao caminho da reconciliação. No caso de Jacó, quando ele se ouviu a Deus, compreendeu a situação e se rendeu aos propósitos divinos, Deus promoveu um encontro maravilhoso com o seu irmão, Esaú. Quando entendemos a reconciliação feita por Deus, através de Jesus, conosco, somos transformados, encorajados e guiados para exercermos a reconciliação uns com os outros. Compartilhamento e oração Diante disso, podemos fazer algumas perguntas para nos ajudar no processo da reconciliação: Você entendeu a ação reconciliadora de Jesus na cruz com você? Essa ação reconciliadora tem direcionado a sua vida para uma transformação no seu entendimento e comportamento? Quais relacionamentos em sua vida precisam passar pelo processo da reconciliação? Quais atitudes podem ser tomadas para iniciar o processo da reconciliação nestes relacionamentos? A Decisão de Ezequias Introdução Ezequias foi um dos reis de Judá que promoveu uma grande reforma na nação. Um resumo das suas ações encontra-se em 2 Reis 18:1-7. Reformas são necessárias em todas as situações da vida. Porém, elas se tornam muito mais significativas quando a graça de Deus produz essas mudanças que acontecem em meio às nossas decisões. O texto diz bíblico acima dez que Ezequias começou a reinar em Jerusalém com 25 anos e reinou por 29 anos. As transformações na nação tinham o objetivo de desfazer as obras idólatras de seu pai, o rei Acaz, que figurava entre os piores reis de Judá. Ezequias, entretanto, foi um dos mais notáveis. Ele herdou do pai um reino todo desorganizado que pagava pesado tributo à Assíria. Mas a sua piedade, somada à coragem e determinação, promoveu grandes reformas na área política e espiritual daquele povo. Reflexão O tema geral dos nossos estudos nessa série é “Decisões que transformam uma história”. Ezequias teve uma série de decisões que marcaram a sua vida e a vida do seu povo. Vamos ver alguns exemplos. Transformação tem a ver com a busca de integridade – “Fez ele o que era reto perante o Senhor” (3). Havia algo que destacava a vida de Ezequias: a sua integridade. O ser humano é passivo de erros, de tentações e de tramas que tendem a minar e arruinar a sua integridade. A integridade na vida cristã é pautada na Palavra de Deus. (Sl 19.7,8; Sl 51.1,10) Transformação tem a ver com adoração – “Removeu os altos, quebrou as colunas e deitou abaixo o poste ídolo;; e fez em pedaços a serpente de bronze que Moisés fizera” (4a). Deus criou o homem para o louvor da sua glória. (Sl 117; Sl 150.6). Muitos, porém, adotam ao longo da vida muitos ídolos que, na nossa definição, é qualquer coisa que seja mais importante que Deus para você. Transformação tem a ver com compromisso – “Confiou no Senhor, Deus de Israel [...] Porque se apegou ao Senhor, não deixou de segui-lo e guardou os mandamentos que o Senhor ordenara a Moisés” (5,6). Antes de iniciar a reforma da nação, Ezequias decidiu por viver um compromisso de perseverança com Deus. Mudanças não acontecerão na vida se não confiarmos, nos apegarmos, seguirmos e guardarmos os mandamentos do Senhor. A ação Ezequias derrubou todos os ídolos levantados pelo seu pai. Reabriu o templo que estava trancado. Mandou purificar o templo de tudo quanto o tornava impróprio para o uso consagrado. Restaurou a celebração da Páscoa e despedaçou a serpente de bronze que fora fabricada no tempo de Moisés, porque se tornara um objeto de veneração idólatra (Cf. Nm 11). A idolatria está presente em muitas religiões, inclusive no meio do povo de Deus. E Deus tem ciúmes de seus filhos. J.I.Packer afirma: “... o ciúme de Deus não é um conjunto de frustração, inveja e despeito como geralmente é o ciúme humano; mas, pelo contrário, aparece como um zelo, digno de louvor para preservar alguma coisa muito preciosa”. Mas os resultados das decisões de Ezequias são tremendos. Primeiro, ele teve um testemunho marcante: “... depois dele não houve seu semelhante entre todos os reis de Judá” (5b). Segundo, uma vida profundamente abençoada: “Assim, foi o Senhor com ele;; para onde quer que saía, lograva bom êxito”. A título de uma decisão assertiva de transformação, Hans Hofmann nos desafia: “Se você quer que o necessário sobressaia, então tem que se livrar do desnecessário”. Compartilhamento e oração: Integridade, Adoração e Compromisso. Como você avalia essas áreas na sua vida? Pensando na frase de Hans Hoffmann, quais as coisas desnecessárias que poderiam ser deixadas, e que, infelizmente, têm impedido a tomada de decisões que certamente trariam transformações na minha vida? A Decisão de Neemias Introdução Já é setembro e o ano está correndo rápido demais. Muitos de nós começamos a sentir o cansaço dos meses. Os projetos de trabalho, as atividades intensas de estudo e a rotina vêm como um rolo compressor tentando nos esmagar. O calendário nos aponta que o Natal vem vindo. Que medo, que desespero, quanta canseira e ansiedade! Algumas pessoas costumam dizer em liturgias e reuniões de grupos pequenos: “Deixe seus problemas lá fora agora e foque somente nesse tempo de adoração e reflexão”. Que estranho esse tipo de ideia! Como deixar de fora algo que está dentro de nossos corações e mentes?! O convite a você nesse momento não é deixar lá fora todos os seus problemas e angústias, e sim colocá-los agora diante de Deus, porque nós vamos meditar na palavra d´Ele. E Ele é o único que pode tirar isso de dentro de nós e colocar fora. Vamos orar? A Reflexão Leia Neemias 1.1-11 Neemias era o copeiro do rei Artaxerxes e tinha uma vida muito boa, um cargo de confiança, mas seu coração foi abatido por uma notícia que chegou por meio de seu irmão Hanani: Os que ficaram em Jerusalém estavam em grande miséria e desprezo, os muros de Jerusalém haviam sido derrubados e as portas, queimadas. Após chorar e lamentar por alguns dias (só alguns dias), Neemias jejuou e orou confessando os pecados do povo dele, a falta de cumprimento dos mandamentos. Ele pede a Deus que lhe permita fazer algo pelo povo, que o ajude a solucionar o problema, a mudar aquela história. Podemos aprender com Neemias algumas lições transformadoras. A primeira lição é a que quando o caos se torna real e tenta roubar nossa esperança devemos orar. A oração coloca nossas vidas em conformidade com a vontade de Deus e também nos prepara para receber a resposta d’Ele. “Nossas orações diárias diminuem nossas preocupações diárias”. Cyril J. Barber O segredo do sucesso no projeto de Neemias estava em sua confiança em Deus. Ele começa depositando em Deus todos os seus anseios e expectativas, orando. Mas além de orar nós também devemos agir. E essa é a segunda lição que podemos aprender com Neemias. Ficar sentado chorando não o levaria a lugar algum. A oração não é substituta da ação nem a ação pode substituir a oração, elas caminham juntas como duas pernas de um mesmo corpo. Após 4 meses orando e agindo (planejando), surgiu uma oportunidade para que Neemias pudesse expor sua situação e seu projeto ao rei. (Neemias 2.1-3) Diante da crise, devemos orar para diagnosticar a crise corretamente e trabalhar para sairmos dela, como Neemias fez. O alicerce da vida dele era sua fé. No entanto ele elaborou um plano de ação, com a ajuda de Deus, buscando sabedoria e força em Deus. Neemias 2.8 diz: “E o rei me deu tudo o que pedi, porque Deus estava comigo.” Nova Tradução da Linguagem de Hoje. O sucesso aconteceu, não só porque as ações haviam sido planejadas, mas principalmente, porque Deus estava com ele. E ele estava ligado e submisso a Deus. Planejamento e ação sem oração só geram problemas, frustrações. Foi o que aconteceu na história da torre de Babel (Gênesis 11. 1-9). Esse projeto nasceu no coração de homens que estavam vivendo de forma autônoma e tinham como principais conselheiros eles mesmos. Não existia qualquer sensibilidade para com a voz e a orientação de Deus em suas vidas. Este é um cuidado que precisamos ter. Em meio às muitas pressões e projetos, acabamos por não atentar para aquilo que Deus está nos falando e o que sua voz está nos orientando. Como já vimos há algumas semanas, em Gênesis 12.1-3, Deus disse a Abrão: “Sai e vai!”. A ordem de Deus para Abrão era a mesma que ele tem dado a nós: sair e ir. Ele apenas obedeceu e confiou. O restante estava com Deus. E nosso Deus continua agindo com a gente da mesma maneira nos dias atuais. A Ação A decisão que você toma em relação a sua vida hoje determina o seu futuro para daqui a 10, 15 anos. Não vamos conseguir transformar uma história ou nossa própria história, a menos que obedeçamos à vontade de Deus. Neemias foi um homem de oração e de ação. Ele orava e agia. Ele confiava em Deus e trabalhava. Ele orou ao saber do problema de Jerusalém. Ele orou ao falar com o rei Artaxerxes. Ele orou diante dos ataques do inimigo. A oração era a atmosfera em que realizava sua obra. Ele entendia que a obra de Deus precisava ser feita na força de Deus, de acordo com a vontade de Deus e para a glória de Deus. Neemias acreditava que Deus é quem abre as portas, provê os recursos, desperta o povo, livra do inimigo e transforma o caos em esperança e vida abundante. A intensa agenda de oração de Neemias, entretanto, não fez dele um homem contemplativo, mas um homem dinâmico, finalizando a obra em 52 dias! Além de realizar também uma reforma política e uma revitalização espiritual. Neemias transformou a história de uma nação, do povo escolhido por Deus para ser luz para outras nações. Deus usou Neemias para realizar uma transformação completa em Jerusalém e seus habitantes e isso mudou o rumo da História. E tudo isso só foi possível porque Neemias ouviu a voz de Deus e decidiu obedecer! Compartilhamento e Oração Você tem orado antes de planejar e planejado depois de orar? Você já entendeu o que Deus quer fazer através de sua vida para transformar sua história? Já entendemos que como grupo pequeno, como família estendida, nós temos o papel de influenciar histórias, a fim que Deus as transforme para toda a eternidade? A Decisão de Jesus Introdução Decisões são tomadas a todo instante em nossas vidas. Qualquer ser humano, com capacidade de raciocínio, toma decisões. O mundo foi criado a partir de uma decisão. O pecado entrou no mundo depois de uma decisão. Jesus, como Deus e homem, tomou decisões. A maior delas foi a de ser o Redentor. Não sabemos em que momento essa decisão foi tomada. Só passamos a conhecer a história a partir da sua revelação. Nesse sentido, desde a indicação bíblica do “protoevangelho” em Gênesis 3:15, notamos que uma decisão aconteceu em Deus – o Pai, o Filho e o Espírito Santo, e Jesus veio ao mundo para salvar o seu povo dos seus pecados (Mateus 1.22). O anúncio da decisão por vezes é mostrado como uma notícia alvissareira. Isaías profetizou assim: “Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado... E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz” (Isaías 9.6). No entanto, apesar dos destaques que fazemos dos versos bíblicos de Natal, a Bíblia, desde o início, jamais escondeu o fato de que a decisão de Jesus incluía um sofrimento que o levaria à morte. A título do que vimos num outro estudo dessa série onde Abraão ouviu de Deus o “Sai” e “Vai”, o próprio Filho de Deus, “saiu” – humilhou-se de sua glória, e “veio” ao mundo – sendo obediente até a morte, e morte de cruz (cf. Filipenses 2:8). Jesus escolheu morrer para que pudéssemos hoje – e eternamente – viver. Reflexão Falamos muito sobre a necessidade de irmos a Cristo, mas pouco refletimos sobre a decisão de Cristo vir até nós. Parece que convivemos com um ritual de vida que não consegue avaliar que algo terrível aconteceu para que Deus tivesse de enviar o seu Filho ao mundo. Por vezes, esquecemos que cada ser humano na face dessa terra é incapaz de sair do seu lugar e ir a Cristo, se o Pai, que enviou a Cristo, não atrair essa pessoa para salvá-la e ressuscitá-la no último dia (cf. João 6.44). O ser humano, por si, é incapaz de se decidir por Cristo. E nada é capaz de levá-lo a uma mudança de vida, exceto o poder do Evangelho (Romanos 1.16). Os testemunhos sobre Jesus eram surpreendentes. Diziam que não havia ninguém que falava como ele (João 7.46). Ele se expressava com sabedoria, autoridade, amor, mansidão e com muita santidade. Mas tudo isso não atraía os seus ouvintes. “Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam” (João 1.11). Mesmo assim, Jesus foi além ao oferecer algo mais do que palavras: “... Não foi Moisés quem lhes deu pão do céu, mas é meu Pai quem lhes dá o verdadeiro pão do céu. [...] Eu sou o pão da vida. Aquele que vem a mim nunca terá fome, aquele que crê em mim nunca terá sede” (João 6.32,35). Sua mão lhes estava estendida, mas mesmo assim ninguém se movia em direção a ele. Jesus falou, amou e ofereceu-se a si mesmo, mas a cegueira e dureza de coração impede a decisão de muita gente. Cristo, com todos os seus benefícios, é colocado diante das pessoas. Milagres aconteceram e acontecem. Inovações para atrair as pessoas existem em quase todas as igrejas. Campanhas e campanhas de evangelização são realizadas. Todavia, a menos que o Espírito Santo seja derramado num coração, esta pessoa permanecerá um inimigo da cruz de Cristo e destruidor de sua própria alma. Isso é a paralisia espiritual completa. A ação Cristo decidiu “sair” e “vir”. E o Deus de toda a graça vem em direção ao pecador e sopra em seu coração, capacitando-o, assim, a ir até Jesus. E quais são os instrumentos de Deus para atrair essa gente que precisa da salvação? São as nossas palavras altissonantes? Os nossos testemunhos de milagres? As nossas estratégias de evangelização? A resposta é “sim” e “não”. A decisão por Cristo pode acontecer com a simples exposição do evangelho aplicado ao coração pelo Espírito Santo que vivifica, ilumina e salva. Portanto, o Evangelho só é uma boa notícia porque Cristo Jesus veio ao mundo. Nas palavras de Paulo a Timóteo, “Esta afirmação é fiel e digna de toda a aceitação: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o pior” (1Tm 1.15). Portanto, a nossa decisão por Cristo só é possível por causa da decisão dele em querer nos amar, apesar de nós. Compartilhamento e oração Craig Groeschel disse que “As decisões que você tomar hoje determinarão as histórias que você contará no futuro”. Você já tem a sua história de quando ouviu, compreendeu e se rendeu ao evangelho? Há um hino tradicional cujo coro diz assim: “Morri, morri na cruz por ti. Que fazes tu por mim?” Pensando nessa letra e baseado no exemplo de Jesus que veio e morreu para resgatar o pecador, qual tem sido o seu compromisso na transmissão das boas novas?