“A Irracionalidade Dogmática” Esta prancha versará sobre a dificuldade que a Humanidade, ao longo do tempo, tem mantido com a aceitação e relacionamento com os dogmas das mais diversas origens. Produto de um processo de socialização, desde a nascença, a Humanidade tem sido vítima de tendências de pensamento, religiosas e culturais, que a têm restringido nas suas reflexões, no exercício do seu livre-arbítrio e na sua liberdade. Partirei para este trabalho com a seguinte definição de Dogma: “ Um dogma, no campo filosófico, é uma crença/doutrina imposta, que não admite contestação. No campo religioso, é uma verdade divina revelada, acatada pelos fiéis. Por exemplo, no Catolicismo, os dogmas surgem das Escrituras e da autoridade da Igreja Católica. O termo DOGMA está ligado à ideologia, ou a um conjunto de Princípios que servem de base a um sistema religioso, político, filosófico, científico, entre outros. São verdades absolutas, que não permitem a discussão. São um conjunto lógico, sistemático de representações (ideias e valores), e de normas ou regras de conduta. Indicam ou prescrevem aos Membros da sociedade, o que devem pensar e como devem pensar, o que devem valorizar e como devem valorizar, o que devem sentir, fazer e como. Possui caráter prescritivo, normativo, regulador, cuja função é dar aos Membros de uma sociedade dividida em classes, uma explicação racional para as diferenças sociais, políticas e culturais.“ (in: Marilena Chaui “O que é a Ideologia“) Nesta definição, encontra-se a explicação e a solução para a necessidade humana primordial, que serve de campo a que tal conceito floresça e seja mantido. A Humanidade necessita de acreditar, para que possa fazer desaparecer da sua diária convivência a ideia de fim, ou para que exista um sentido para tudo, inclusive para o que não encontra resposta. O Fundamentalismo Religioso está mais ou menos presente em todas as religiões, durante todas as épocas da história da Humanidade. Os Fundamentalistas são os mais conservadores e literais seguidores de uma religião, chegando por vezes, a desenvolverem-se militarmente. Existem várias correntes fundamentalistas religiosas, entre os adeptos do Judaísmo, do Cristianismo e do Islamismo, além de noutras crenças. O Judaísmo, afirma uma série de Princípios de Fé básicos, que se espera que sejam cumpridos por uma pessoa que deseje estar em consonância com a fé judaica. No entanto, ao contrário da maioria das comunidades cristãs, a comunidade judaica nunca desenvolveu um catecismo obrigatório. No Catolicismo, o Dogma é uma Verdade revelada por Deus. Com isto o Dogma é imutável e definitivo, ou seja, não pode ser revogado, discutido ou posto em causa. Para que um Ensinamento da Igreja seja considerado um Dogma, são necessárias duas condições: 1. O sentido deve estar suficientemente manifestado; 2. Esta doutrina deve ser definida pela Igreja, como revelada. A Igreja Católica proclama a existência de quarenta e três Dogmas. Sendo o Homem, pela sua natureza um Ser de Sentimento e Pensamento, o apelo de um dogma entra em contradição com a sua condição dual. Logo, para cada dogma apresenta-se-lhe uma doutrina, normalmente em ambiente canónico, que lhe trará explicações para aquilo em que não for capaz de acreditar. E a Doutrina nascerá, em defesa de cada dogma, questionado na sua validade, enquanto Verdade em si mesma. A superficialidade na leitura, e a interpretação integral dos diversos Textos Sagrados, gerarão igualmente comportamentos desprovidos do pensamento que os deveria enformar. A realidade precede o pensamento, mas é também verdade que o pensamento ou a sua ausência, determina a realidade. O Fundamentalismo Islâmico é um termo de origem ocidental, utilizado para definir a ideologia política e religiosa fundamentalista, que sustenta que o Islão não é apenas uma religião, mas um sistema que também governa os imperativos políticos, económicos, culturais e sociais do Estado, quebrando o paradigma de Estados laicos. Um objetivo crucial do Fundamentalismo Islâmico, definido pelo Ocidente, é a tomada do controlo do Estado, por forma a implementar o Sistema Islamita, ou seja, o Sistema que coordene todos os aspetos sociais de uma sociedade, através da sharia islâmica. O Fundamentalismo, foi igualmente uma realidade presente quer nas cruzadas, quer na inquisição ou na evangelização do mundo, levada a cabo pelas conquistas europeias. Peter Duff escreveu no International Journal: “De acordo com Antoun, os fundamentalistas no Judaísmo, Cristianismo e Islamismo, a despeito das suas diferenças de doutrina e prática religiosas, estão unidos por uma visão comum do mundo, que fundamenta toda a vida na autoridade do Sagrado e num “ethos “ compartilhado, que se expressa através da afronta, ao compasso e extensão da Secularização.” No estudo comparativo das Etnias, o Fundamentalismo refere-se a Movimentos Anti modernistas, nas várias Etnias e Raças, com ideologias separatistas, destinadas a voltar às características fundamentais do Grupo que originou o Grupo maior e que se impôs pela diversidade cultural, social e económica Enquanto o Grupo se “globaliza”, as minorias revoltadas com a ampla diversidade cultural gerada por esse fenómeno, destinam-se a formar grupos que compartilham as mesmas ideias separatistas, tendendo a imporem-se das mais variadas formas. Esta é uma lógica de domínio, que difunde formas de estar e perceber o mundo, dando simultaneamente explicações que evitem profundas avaliações individuais de comportamento. Ideologia, é um termo usado no senso comum, contendo o sentido de conjunto de ideias, pensamentos, doutrinas e visões do mundo de um indivíduo ou de um grupo, orientado para as suas ações sociais e, principalmente, políticas. A ideologia, segundo Karl Marx, pode ser considerada um instrumento de dominação, que age através do convencimento, de forma prescritiva, alienando a consciência humana e mascarando a realidade. Aqui se retoma a necessidade de alienação do Homem, para que determinadas ideias vinguem. Ficam exemplos de teorias organizadas, tendo em vista o desaparecimento da individualidade, em função de um todo que se pretendia mais forte. O Comunismo, é uma ideologia e um sistema económico, que tem por objetivo a criação de uma sociedade dita sem classes, baseada na propriedade comum dos meios de produção, com a consequente abolição da propriedade privada e cujas origens foram teorizadas por Karl Marx. Sob tal sistema o Estado, enquanto respeitando a individualidade de cada cidadão, não tinha necessidade de existir. O nacional-socialismo, o Nazismo, diz que uma nação é a máxima criação de uma raça. Consequentemente e literalmente, as nações grandes seriam a criação de grandes raças. A teoria, diz que alcançam tal nível, devido ao seu poderio militar e que este, resulta de culturas racionais e civilizadas, que são criadas por raças com boa saúde natural, ou seja, considera a teoria, a quase totalidade de indivíduos de origem germânica, pertencentes à raça ariana. Tendo o Homem vivido e sobrevivido através de tais algemas e espartilhos, é quase inacreditável que, de facto, ainda se mantenha como um Ser Racional. Mas é um grande exemplo de Esperança. As Dúvidas são libertadoras. Mas por outro lado, exigem Esforço. A razão é que estando livres de Dogmas que simplificam e estruturam a realidade, o Ser Humano tem de avaliar todas as situações, para depois decidir como agir de forma ética, política, social e religiosamente. Porque a Dúvida, ao contrário da Certeza, exige… PENSAMENTO e exige… RACIOCÍNIO! Lua, M∴ M∴