PEF2503 ESTRUTURAS DANIFICADAS: SEGURANÇA E AÇÕES CORRETIVAS Carlos E.N. Mazzilli Francisco Graziano Introdução: reavaliação, reparo e reabilitação R&R (reparo e reabilitação) R&R&R (reavaliação, reparo e reabilitação) Reavaliação: “diagnóstico” Reparo: “terapia” Reabilitação: “alta” Reavaliação Inspeção visual Ensaios para caracterização de propriedades mecânicas Ensaios de vibrações livres ou forçadas para caracterização de modos de vibração e rigidez Provas de carga Reavaliação Monitoração (extensometria, acelerometria, GPS, piezometria, …) Calibração de modelos computacionais: retroanálise identificação de dano Reparo Renovação: restituição à situação de “inauguração” Reforço: melhoria das condições de rigidez e resistência Reprojeto Execução Reabilitação Certificação de bom desempenho Provas de carga Ensaios em geral Profilaxia Restrições de uso Controle passivo & ativo Provas de carga Segurança: RdSd Rd= Rk/m S d= f S k m pouco maior que 1 (envelhecimento) f 1,10 Estruturas acidentadas ou sinistradas Choque mecânico Explosões Incêndios Terremotos Trombas d’água Ciclones Choque mecânico Choque mecânico Choque mecânico Incêndio Incêndio Incêndio Incêndio Terremoto Terremoto Terremoto Sintomas e patologias Sintomas flechas exageradas fissuração generalizada fissuração localizada, mas de grande abertura esmagamento do concreto vibrações excessivas recalques de fundações, etc Sintomas e patologias Patologias concepção estrutural concepção e modelagem de ligações modelagem do comportamento reológico modelagem das ações modelagem de não-linearidades Sintomas e patologias Patologias erros de dimensionamento vícios de detalhamento de elementos estruturais vícios de construção mau uso da estrutura ausência de manutenção Patologias estruturais Quanto maior a “anterioridade”da patologia considerando as etapas seqüenciais de concepção, modelagem, dimensionamento, detalhamento, execução, operação e manutenção maiores as dificuldades e maiores os custos da terapia. Patologias de projeto em obras de concreto estrutural Freqüentemente decorrem de: Competição predatória levando à compressão de custos Falácia do projeto “executado por computador” Mão de obra “especializada” inexperiente: gap de gerações Coordenação e controle deficiente da qualidade de projetos “retalhados” e “terceirizados” Patologias de concepção Partidos estruturais deficientes Contraventamento deficiente em edifícios altos & baixa rigidez torcional em edifícios altos (estudo de caso) Baixa redundância, favorecendo colapso progressivo (estudo de caso) Transições deficientes de cargas elevadas de pilares Sistemas estruturais apoiados em fundações com comportamentos muito distintos Patologias de concepção e modelagem falta de rigidez local ou global em estruturas préfabricadas, levando a sistemas com baixa redundância estática ou com concentrações de tensão Patologias de modelagem Subestimação da deformação lenta e contra-llechas insuficientes Subestimação de adensamento do solo (ex: edifícios em Santos, com fundação sobre camadas de argila orgânica) Patologias de modelagem inadequada consideração de ações decorrentes de vento e tráfego de veículos em pontes inadequada consideração da excitação dinâmica causada por torcedores em estádios Patologias de modelagem Patologias de modelagem Estruturas laminares esbeltas Sensibilidade a imperfeições Acoplamentos entre modos de “flambagem” ou de “vibração” Não-linearidade física, especialmente em presença de concentração de tensões Patologias de detalhamento de elementos estruturais detalhamento inadequado das armaduras, com ancoragens deficientes, emendas insuficientes, armaduras de pele ausentes, etc, causando fissuração excessiva Patologias de construção inobservância de especificações do método construtivo (estudo de caso: galeria enterrada) técnicas construtivas inadequadas “simplificações” e adaptações do projeto efetuadas na obra, sem consulta ao projetista mão de obra não qualificada materiais que não atendem aos requisitos de resistência e durabilidade especificados no projeto falta de proteção de materiais estruturais em meios quimicamente agressivos Patologias de construção Dosagem inadequada (fator água-cimento…): resistência e impermeabilidade vs trabalhabilidade; aditivos vs aderência concreto-armadura Transporte inadequado do concreto Lançamento inadequado Juntas de concretagem não previstas (concentração de tensões e perda de aderência) Deslocamento da armadura Vibração mal executada, exsudação, segregação (pontos frágeis) Patologias de construção Cura sem impedimento de evaporação da água necessária para reações (exotérmicas!) de endurecimento do concreto e sem controle de sua retração: estabelecimento de quadro de fissuração Reações expansivas (álcali-agregado, MgO e cal livre em presença de água) dão origem a fissuração em “mosaico”, na superfície Defeitos de forma (embarrigamentos, desalinhamentos, falta de estanqueidade) Escoramento mal executado Retirada de cimbramento mal executada Patologias de construção Inversão de armaduras positivas e negativas Troca das armaduras entre elementos estruturais distintos Mau posicionamento da armadura Cobrimento insuficiente Patologias de construção Dobramentos de barras em desobediência às normas técnicas (ganchos “mordem” o concreto) Deficiências de ancoragem Deficiências de emendas Deficiência na execução das fundações e arrimos (rebaixamento de lençol, carreamento de finos) Patologias de utilização Mau uso da estrutura: a modificação do uso e reformas mutiladoras de estruturas freqüentemente introduzem patologias estruturais (“doença ocupacional”) Em estruturas hidráulicas: erosão e abrasão do concreto, causadas por cavitação ou arraste de sólidos Patologias de falta de manutenção Patologias de falta de manutenção em obras de concreto estrutural Ataque biológico ao concreto: fungos, cupim, bactérias anaeróbias presentes em esgoto Íons Cl- (água do mar, ácido muriático) aceleram corrosão da armadura Estudo de caso: Corrosão de tirantes de aço de cobertura de estádio de futebol Patologias de falta de manutenção em obras de concreto estrutural Carbonatação do concreto pelo ataque de CO2 (ou H2CO3): redução do pH do concreto, com perigo de corrosão da armadura Desagregação do concreto e corrosão das armaduras causadas pela chuva ácida (H2SO3 e H2SO4) Lixiviação do concreto: dissolução do Ca(OH)2 pela água, formando estalactites e estalagmites Patologias estruturais fonte de pesquisa Matousek & Schneider (1976) Edward Grunau (apud Paulo Helene, 1992) D.E. Allen (Canadá, 1979) C.S.T.C. (Bélgica, apud Verçoza, 1991) C.E.B. Bulletin 157 (1982) F.A.A.P. (apud Verçoza, 1991) B.R.E.A.S. (Reino Unido, 1972) Bureau Securitas (Suíça, 1972) E.N.R. (U.S.A., 1968-1978) S.I.A. (Suíça, 1979) Dov Kaminetzky (U.S.A., 1991) Jean Blévot (França, 1974) L.E.M.I.T. (Venezuela, 19651975) causas dos problemas patológicos em estruturas de concreto projeto materiais execução utilização 37 35 10 +18 44 18 10 22 17 49 55 46 28 15 49 50 10 18 6 52 24 58 12 35 11 88 9 12 6 75 10 46 44 10 51 40 16 35 65 19 5 57 Distribuição % de causas das patologias 19 Atitude do engenheiro perante a recuperação estrutural O reprojeto de recuperação estrutural é distinto do projeto de uma estrutura nova Condicionantes geométricas Condicionantes mecânicas Condicionantes tecnológicas Atitude do engenheiro perante a recuperação estrutural Normalização específica para recuperação estrutural ainda inexistente Tendência de adotar normas para projeto de estruturas (novas) pode conduzir a soluções antieconômicas (usualmente) ou inseguras (excepcionalmente) Atitude do engenheiro perante a recuperação estrutural Análise de risco e segurança Critérios semi-probabilísticos para garantir margem de segurança em relação a ELU e ELS Coeficientes de minoração de resistência ou majoração de ações não devem ser necessariamente os “cheios”, propostos para o projeto de estruturas novas, pois a variabilidade de fatores de influência em grande parte já se manifestou na obra construída, em vias de recuperação Atitude do engenheiro perante a recuperação estrutural Numa estrutura já existente, diversos destes fatores são ou conhecidos ou factíveis de serem estimados, mudando, desta forma, a relação de variáveis com incertezas e portanto alterando a relação de segurança! Atitude do engenheiro perante a recuperação estrutural S R Cond. limite de projeto Sd = Rd mS 0 Ação Característica Condição típica de segurança : Sk mR S R S · Sk <= Rk/R r, s Resistência Característica Rk Atitude do engenheiro perante a recuperação estrutural Estado anterior de tensões na estrutura a ser recuperada: Em sua grande maioria as estruturas a serem reforçadas encontram-se sob carga O dimensionamento do reforço deve considerar as deformações iniciais dos materiais existentes, a fim de que estes materiais não entrem em colapso por excesso de deformação, quando o material aplicado como reforço tiver atingido níveis adequados de desempenho Atitude do engenheiro perante a recuperação estrutural Estado anterior de tensões na estrutura a ser recuperada: Efeitos de deformação lenta e retração em reforços de concreto estrutural podem vir a aumentar as solicitações sobre elementos estruturais com resistência deficiente ou insuficiente! Não basta “reforçar” a estrutura, mas é necessário colocar o reforço em carga! A recuperação estrutural muitas vezes exige atitude radical e conservadora!