BRICS
Monitor
Brasil pressionado por EUA para
fazer lobby para apreciação da
moeda chinesa
Fevereiro de 2011
Núcleo de Análises de Economia e Política dos Países BRICS
BRICS Policy Center / Centro de Estudos e Pesquisa BRICS
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Brasil pressionado por EUA para fazer lobby para apreciação da moeda
chinesa
Fevereiro de 2011
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Brasil pressionado por EUA para fazer lobby para apreciação da moeda chinesa
Autor: Thaís Vieira Segall
Brasil pressionado por EUA para fazer lobby para
apreciação da moeda chinesa
O secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner, visitou o Brasil recentemente, antecedendo a visita de Barack
Obama, planejada para março de 2011. Geithner reuniu-se na segunda feira, dia 7 de
fevereiro, com a presidente Dilma Rouseff,
conforme informação extraída do jornal The
Guardian. Segundo a BBC News, o secretário do tesouro encontrou também o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, com quem
conversou sobre a taxa de câmbio da moeda chinesa, o yuan. Em palestra na Business
School, em São Paulo, Geithner disse que o
Brasil está arcando com o ônus pela desvalorização de moedas de outros países. De
acordo com o The Guardian, Geithner teria,
apesar de não falar diretamente sobre a China, se referido à moeda chinesa, visto que o
tesouro norte-americano se referiu anteriormente a esta como substancialmente subvalorizada.
O Canal Brasil News expôs ainda
que uma fonte anônima informou que Geithner pediu ajuda ao governo brasileiro para
pressionar os chineses a apreciar sua moeda. Essa informação apareceu também em
outros jornais como o americano Wall Street
Journal e o chinês People´s Daily, que publicou que o secretário pediu, em particular,
um maior lobby para pressionar a China a
apreciar sua moeda.
A visita de Timothy Geithner trouxe
fortes discussões a respeito da postura que
se deve esperar do Brasil em acordos polí-
ticos e econômicos daqui para frente. Este
debate é ainda mais relevante uma vez que
o governo brasileiro vem tomando posturas
políticas e econômicas alinhadas com a política externa chinesa. Um exemplo são as
reuniões do Grupo dos 20 (G-20), em que
estes países tem se unido para fazer frente aos países desenvolvidos. Neste cenário, uma postura de enfrentamento à China
caracterizaria uma mudança em termos de
política externa, cujas implicações têm suscitado debates.
A fundamentação daqueles que acreditam em uma mudança de posição brasileira está, primeiramente, na pressão exercida
pelos Estados Unidos nesta direção (exemplificada pela visita de Timothy Geithner) e,
em segundo lugar, nos prejuízos que a subvalorização da moeda chinesa traz ao Brasil,
“erodindo a balança comercial e transferindo
empregos para o exterior”, como colocado
pelo Canal Brasil News.
Segundo este veículo, o secretário do
Tesouro norte-americano, Timothy Geithner,
disse com relação a Brasil e Estados Unidos:
“Nossos interesses estão fundamentalmente
alinhados”. A BBC News registrou que Geithner disse que estes países trabalhariam juntos na construção de uma economia global
mais estável e equilibrada, de forte caráter
multilateral. O mesmo aparece no jornal chinês People´s Daily: “Geithner disse que Washington e Brasília estão alinhados e devem
agir juntos para alcançar um sistema econô-
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mico global melhor”.
Conforme exposto pela BBC News,
a “China é acusada de manter sua moeda fraca para impulsionar seu comércio”, o
que torna seus produtos mais competitivos
no mercado internacional. Como as importações chinesas fragilizam a economia brasileira, os EUA esperam encontrar no Brasil
um parceiro para combater tal subvalorização. Conforme registrado pelo jornal The
Guardian, Geithner disse que seria bom para
o Brasil se outras grandes economias tivessem câmbio flexível. The Guardian coloca
ainda que, segundo o secretário do tesouro,
a flexibilização está a caminho, em estado
inicial, e que é preciso encorajá-la. Entretanto, Paulo Prada, do Jornal Wall Street Journal, informou que Guido Mantega declarou
que Brasil e Estados Unidos não têm planos
de conjuntamente pressionar a China a permitir uma maior valorização do yuan.
De acordo com o People´s Daily, o
pesquisador chinês Zhang Sen’gen, disse
que é improvável que o Brasil assuma posturas que visem pressionar a China nessa
questão. Segundo ele, não seria interessante para o Brasil entrar em mais conflitos com
a China. Isso porque a China é o maior comprador de suas exportações em um momento difícil, em que o real está bastante valorizado e as exportações precisam ser grandes
para aliviar a pressão dos fabricantes e das
indústrias.
O People´s Daily colocou ainda que
Zhang Yansheng, diretor do Instituto de Comércio Exterior na Comissão de Reforma e
Desenvolvimento Nacional, disse que foi irresponsabilidade dos EUA culpar a moeda
chinesa pelo desequilíbrio entre os mercados chinês e americano. Comentou ainda
que quanto antes os EUA perceberem que
a apreciação da moeda chinesa não é a solução para todos os seus problemas domésticos, mais rápido se recuperarão da atual
recessão.
Por um lado, o Brasil tem objetivos
em comum com a China, como fazer frente aos países desenvolvidos no âmbito dos
BRICS e manter suas elevadas taxas de
exportação, bem como manter uma aliança
com o país que tem a segunda maior economia do planeta. Por outro lado está sendo
pressionado pelo Estado que é visto como
o mais poderoso no cenário internacional:
os EUA. Observa-se que enquanto China e
EUA têm posturas muito definidas com relação às suas futuras políticas, a postura do
Brasil ainda é incerta. Será necessário esperar para saber se o peso da parceria com
a China nos últimos tempos será mais forte
que a pressão dos EUA e da valorização do
real frente ao yuan.
Sites consultados
- BBC NEWS
http://www.bbc.co.uk/news/
- The Guardian
http://www.guardian.co.uk/
- Canal Brasil News
www.canalbrasilnewsusa.com/
- Wall Street Journal
online.wsj.com/
- People´s Daily
english.peopledaily.com.cn/
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